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CRISTALINO E
CATARATA
A P O S T I L A 2 0 2 3
Licensed to Amanda Chinellato de Lima Pereira - amandapereira612@hotmail.com
Co-founder Co-founder
Fundadores do OFT-REVIEW
Licensed to Amanda Chinellato de Lima Pereira - amandapereira612@hotmail.com
SUMÁRIO
CRISTALINO
CRISTALINO
ANATOMIA,
ANATOMIA,
EMBRIOLOGIA
EMBRIOLOG0505
E • CATARATA CAUSADA POR TOXICIDADE
DOENÇAS CONGÊNITASDOENÇAS CONGÊNITAS
• FATORES DE RISCO PARA O DENSENVOLVIMENTO DE CATARATA
SEÇÃO 1: EMBRIOLOGIA 06
SEÇÃO 2: PRÉ-OPERATÓRIO 34
SEÇÃO 2: ANATOMIA 08
• ANAMNESE
• CÁPSULA DO CRISTALINO
• EXAME OFTÁLMOLÓGICO
• EPITÉLIO DO CRISTALINO
SEÇÃO 3: SEÇÃO
BIOMETRIA E CÁLCULO
3: BIOMETRIA DA LENTEDA LEN38
E CÁLCULO
• SUBSTÂNCIA DO CRISTALINO INTRA-OCULAR (LIO) INTRA-OCULAR (LIO)
CAUSAS DE CATARATA
CAUSAS PRÉ-OPERATÓRIO,
DE CATARATA PRÉ-OPERATÓRI27 • MATERIAIS
LENTES INTRA-OCULARES E • DESENHO
VISCOELÁSTICOS VISCOELÁSTICOS
• NUMERO DE PEÇAS
SEÇÃO 1: ANOMALIAS
SEÇÃOCONGÊNITAS
1: ANOMALIASDO
CONGÊNITAS 28
CRISTALINO CRISTALINO • OPACIFICAÇÃO DA CÁPSULA POSTERIOR (OCP)
SUMÁRIO
TÉCNICA CIRÚRGICA
TÉCNICA
FLUÍDICA,
CIRÚRGICA FLUÍDI60 • COMPLICAÇÕES RELACIONADAS À INCISÃO
COMPLICAÇÕES INTRA-OPERATÓRIAS E
• COMPLICAÇÕES NA CAPSULORREXE
PÓS-OPERATÓRIAS PÓS-OPERATÓRIAS
• COMPLICAÇÕES NA HIDRODISSECÇÃO
SEÇÃO SEÇÃO
1: INCISÕES
1: INCISÕES
EM CIRURGIA
EM CIRURGIA
DE CATARATA
DE CATARA61
• CÂMARA ANTERIOR RASA NO INTRA-OPERATÓRIO
SEÇÃO
SEÇÃO
2: CIRURGIA
2: CIRURGIA
DE CATARATA
DE CATARATA
ASSISTIDA
ASSIST63 P63
POR LASER DE FEMTOSEGUNDO
LASER DE FEMTOSEGUNDO • COMPLICAÇÕES RELACIONADAS À ÍRIS
SEÇÃO 3: PRINCÍPIOS DA FACOEMULSIFICAÇÃO 64 • RUPTURA DE CÁPSULA POSTERIOR
• PODER DO ULTRASSOM • DESINSERÇÃO ZONULAR
• ASPIRAÇÃO • NÚCLEO NO VÍTREO
• INFUSÃO • HEMORRAGIA SUPRACOROIDAL
SEÇÃO 4: TÉCNICAS DE FRATURA 71 • DESLOCAMENTO DE LIO, IMPLANTE SECUNDÁRIO, FIXAÇÃO IRIANA E
ESCLERAL
• DIVIDIR E CONQUISTAR
• ENDOFTALMITE
• PHACO-CHOP
• EDEMA MACULAR CISTOIDE
• STOP AND CHOP
• FALÊNCIA DE FÍSTULA DE TRABECULECTOMIA APÓ SFACOSEMULSIFICAÇÃO
• QUICK-CHOP
• SÍNDROME UVEÍTE-GLAUCOMA-HIFEMA (UGH)
• PRÉ-CHOP
• BLOQUEIO CAPSULAR PÓSOPERATÓRIO
• PRÉ-SLICE
CRISTALINO
ANATOMIA, EMBRIOLOGIA E DOENÇAS
CONGÊNITAS
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SEÇÃO 1
EMBRIOLOGIA
DIMENSÕES DO CRISTALINO NA
CRIANÇA Obs: com o avançar da idade, o poder de acomodação
se reduz. Em um indivíduo de 45 anos, o raio de
à Diâmetro equatorial: 6,5mm. curvatura anterior atinge 7,6 mm com a acomodação;
à Diâmetro anteroposterior: 3 mm. aos 70 anos, a capacidade de alterar essa curvatura é
próxima de 0.
à Raio de curvatura anterior: 16 mm.
ÍNDICE DE REFRAÇÃO/PODER
DIÓPTRICO
OS COMPONENTES DO CRISTALINO
CÁPSULA DO CRISTALINO
B) No adulto, a região central posterior é a mais fina. O epitélio do cristalino tem características diferentes
em cada uma das suas porções.
C) A laminina é o principal constituinte das faces
anterior e posterior.
D) É rica em colágeno tipo II.
Gabarito - B
Comentário
Vamos discutir as alternativas:
A - Incorreta. A cápsula do cristalino é acelular.
B - Correta. A cápsula posterior do adulto é
extremamente fina, com cerca de 4 μm.
C - Incorreta. O principal componente é o colágeno tipo
IV. Figura 3. As zonas do epitélio do cristalino, os núcleos e a cápsula.
Ilustração feita pela Dra. Marina Ciongoli (USP-SP).
D - Incorreta. O colágeno é do tipo IV.
Questão tranquila sobre os raios de curvatura do As células são menores e têm morfologia cilíndrica com
cristalino. Vamos analisar as alternativas: núcleo central. Mitoses podem ocorrer ocasionalmente
nesta região.
A - Incorreta. O raio de curvatura do cristalino reduz
com a acomodação, o que torna o cristalino mais curvo
e com maior poder de convergência. ZONA GERMINATIVA (porção pré-
equatorial)
B - Incorreta. O raio de curvatura anterior é de 16 mm na
criança e 10 mm no adulto. Principal sítio das mitoses do cristalino, com células de
mor fologia cuboide. São estas que migram
C - Correta. O raio de curvatura anterior é 10 mm e o posteriormente e se alongam para se transformar nas
posterior 6 mm. Conclui-se que a superfície posterior fibras secundárias do cristalino.
do cristalino é mais curva.
C) As fibras maduras possuem forma hexagonal à seção B - Incorreta. O alongamento das fibras ocorre através
transversa. As fibras mais novas são dispostas mais da síntese de proteínas cristalinas e proteína MIP, e não
internamente quando comparadas às fibras antigas. por proteólise.
D) O arco da lente é formado pelos núcleos das células C - Correta. Durante o processo de diferenciação da
epiteliais que se alongam e se diferenciam em fibras célula do epitélio do cristalino em fibra, há intensa
maduras no equador. síntese proteica.
Ÿ A alfa-cristalina é a proteína solúvel de maior peso Seus níveis encontram-se reduzidos em cristalinos
molecular. A região do córtex é mais rica em alfa- com catarata.
cristalina e proteína albuminoide do que o núcleo.
Ÿ A beta-cristalina é a proteína presente em maior METABOLISMO ENERGÉTICO
concentração. Sua distribuição entre córtex e núcleo
não foi estabelecida. A produção de ATP pelo cristalino é necessária para o
funcionamento do epitélio, o principal sítio de
Ÿ A gama-cristalina é a proteína cristaliniana de menor transporte ativo e mitoses (maior gasto energético). O
peso molecular. Ela é mais abundante no núcleo do transporte ativo consome cerca de 90% do ATP,
que no córtex. enquanto os outros 10% são consumidos na síntese de
Íons inorgânicos, fosfatos orgânicos, ácidos nucleicos proteínas.
e metabólitos (1%) A principal fonte energética é a glicólise anaeróbica.
Ÿ Potássio - 114 a 130 mEq/L. A concentração de Isto ocorre porque o cristalino é avascular e totalmente
potássio no cristalino é muito elevada em relação ao dependente do humor aquoso, que tem baixa tensão de
humor aquoso. oxigênio. Cerca de 80% da glicose é convertida, durante
o processo, em ácido lático, este se difunde para o
Ÿ Sódio 14 a 26 mEq/L. A concentração de sódio no humor aquoso. O ciclo de Krebs também ocorre, mas
cristalino é baixa em relação ao humor aquoso. Na em menor proporção e apenas no epitélio, sendo
maior parte das cataratas, o nível de sódio aumenta responsável por cerca de 20% da produção de ATP.
e o de potássio diminui.
Existe outra via de produção energética no cristalino: a
Ÿ Cloreto - 16,3 mE/L. A concentração de cloreto no via do sorbitol. Consiste na conversão de glicose em
cristalino é baixa em relação ao humor aquoso. sorbitol e a seguir em frutose, através da enzima aldose
Ÿ Cálcio - 0,14 μg/mg de peso seco. A concentração redutase e polioldesidrogenase, respectivamente. Esta
de cálcio é extremamente baixa no cristalino. via é importante no desenvolvimento da catarata
causada pelo excesso de glicose, não sendo
Aminoácidos significativa quando os níveis glicêmicos se mantém
A concentração de aminoácidos no cristalino é maior normais.
que no humor aquoso, vítreo ou plasma.
Carboidratos APRENDENDO COM QUESTÕES
CBO 2018
O principal carboidrato do cristalino é a glicose. A
concentração é de 7,2 mg/100 ml. Esta concentração é Sobre o metabolismo energético no cristalino, é correto
inferior à concentração de 100 mg/100 ml do humor afirmar que:
aquoso.
A) Ocorre, essencialmente, no epitélio cristaliniano.
Lipídios
B) O metabolismo da glicose por glicólise anaeróbica
Os principais lipídios do cristalino são os lipídios está ausente.
neutros, os gangliosídeos e a esfingomielina. O
C) A via do sorbitol é a principal via de metabolismo da
colesterol corresponde a 10% dos lipídios do cristalino
glicose.
e provavelmente esta concentração é maior em
pacientes com catarata. D) Não há atividade energética no cristalino.
Ácido ascórbico Gabarito - A
A concentração de ácido ascórbico no cristalino é Comentário
várias vezes maior que a concentração do plasma.
Questão sobre metabolismo do cristalino. Vejamos as
Glutationa alternativas:
A glutationa, um anti-oxidante, encontra-se em níveis
elevados no cristalino, sobretudo no córtex superficial.
A - Correta. O epitélio é o principal sítio de transporte Além destas, são citadas as mudanças nas proprie-
ativo e mitoses do cristalino, o grande responsável pelo dades elásticas da cápsula e o enfraquecimento do
seu metabolismo energético. músculo ciliar.
B - Incorreta. A principal fonte energética é a glicólise
SEÇÃO 4
anaeróbica.
ZÔNULA CILIAR
C - Incorreta. A via do sorbitol não é uma via importante
quando os níveis de glicose estão normais.
A zônula ciliar, ou simplesmente zônula, compreende
D - Incorreta. Há metabolismo energético no cristalino,
um conjunto de fibras que conectam o corpo ciliar e o
principalmente através de glicólise anaeróbica.
cristalino, mantendo-o em posição e permitindo que o
músculo ciliar atue sobre ele durante a acomodação.
TRANSPORTE E PERMEABILIDADE
TRANSPARÊNCIA
Garantido pela organização regular das fibras e pela Figura 1. Relação entre o cristalino, as zônulas e o corpo ciliar. Ilustração
distribuição uniforme de suas proteínas. Têm papel de Antoine Micheau, MD. Disponível em: https://www.imaios.com/en/e-
importante o equilíbrio de água e íons no interior das Anatomy/Head-andNeck/Eye-Illustrations?structureID=7754&frame=21
mesmas.
O conjunto de fibras zonulares tem formato triangular,
com origem na lâmina basal do epitélio não pigmentado
ACOMODAÇÃO da pars plana e da pars plicata, se inserindo na cápsula
A contração do músculo ciliar relaxa as zônulas, o que do cristalino, tanto anterior quanto posterior ao
alivia a tensão sobre a cápsula e, portanto, torna o equador. Podem ser classificadas de acordo com a
cristalino mais esférico, sobretudo pelo aumento da origem e inserção em:
curvatura da superfície anterior. O resultado é um à Orbiculocapsulares posteriores: originam-se na
aumento no poder dióptrico do olho, permitindo que um porção orbicular do corpo ciliar (pars plana),
objeto localizado próximo seja focalizado na retina. próximo à ora serrata. Inserem-se na face posterior
Além do aumento da curvatura anterior, outras da cápsula.
mudanças ocorrem durante a acomodação: aumento à Orbiculocapsulares anteriores: são mais nume-
da curvatura posterior, aumento do diâmetro rosas, originam-se na porção orbicular do corpo
anteroposterior, redução do diâmetro laterolateral. ciliar (pars plana) e dirigem-se entre os vales
Existem várias teorias para explicar a presbiopia, a ciliares, se inserindo na cápsula anterior.
principal sendo o enrijecimento ou perda da
plasticidade do cristalino, que ocorre por uma alteração
em suas proteínas estruturais.
AFACIA SECUNDÁRIA
ora
serrata
É a forma mais comum. O cristalino é reabsorvido após
se desenvolver. Uma causa conhecida de afacia
sclera
secundária é a infecção congênita por rubéola.
choroid
DUPLICAÇÃO DO CRISTALINO
retina
Esta entidade é extremamente rara e tem associação
Cloquet’s canal
com metaplasia de córnea e coloboma de íris e coroide.
Ocorre por alterações metaplásicas no ectoderma
secodary durante a invaginação do placoide do cristalino.
area of Martegiani vitreous
COMPOSIÇÃO
Obs: Pacientes com síndrome de Marfan possuem Figura 3. Coloboma de cristalino. Fotografia gentilmente cedida pelo Dr.
mutação no gene da fibrilina, e é por isso que possuem Marcus Vinícius Takatsu (USP-SP).
fragilidade zonular e maior risco para subluxação do
cristalino.
LENTICONE
LENTICONE ANTERIOR
MICROESFEROFACIA
Assinale a alternativa correta em relação ao lenticone: Condição com herança autossômica recessiva. Ocorre
deslocamento do cristalino e a pupila assume formato
A) O lenticone anterior é o mais frequente, ocorrendo
de fenda/oval. A pupila costuma ser deslocada para o
mais no sexo masculino.
lado oposto do cristalino, além de miótica e com pouca
B) O lenticone posterior é o mais frequentemente resposta aos colírios midriáticos. Também é uma
associado à síndrome de Alport. condição bilateral. Pode haver associação com
catarata, glaucoma e microesferofacia.
C) O lenticone anterior ocorre mais frequentemente em
apenas um dos olhos.
D) A ruptura espontânea da cápsula do cristalino é
descrita no lenticone posterior.
Gabarito - D
Comentário
O lenticone anterior é mais raro, mais comum no sexo
masculino, geralmente bilateral e tem associação com
síndrome de Alport. O lenticone posterior é mais
frequente, mais comum no sexo feminino, geralmente
unilateral e sem associação sistêmica. O lenticone
posterior pode evoluir com ruptura espontânea da
cápsula posterior e catarata total.
Figura 6. Ectopia lentis e pupillae. Fonte: https://disorders.eyes.
arizona.edu/disorders/ ectopia-lentis-et-pupillae
D) Tem herança autossômica recessiva. C - Incorreta. A catarata em gota de óleo pode estar
relacionada à galactosemia, mas não se trata de um
Gabarito - A achado patognomônico. No lenticone anterior, por
Comentário exemplo, também podemos observar este reflexo em
gota de óleo.
Questões sobre ectopia lentis e síndrome de Marfan são
muito frequentes na prova do CBO. Precisamos D - Incorreta. Na homocistinúria, o deslocamento do
conhecer cada detalhe deste tema: cristalino ocorre em até 90% dos casos, é geralmente
inferior e nasal, bilateral e simétrico, desenvolvendo-se
A - Correta. com o passar dos anos. Logo, não é congênito.
B - Incorreta. A subluxação do cristalino na síndrome de
Marfan é causada por uma mutação no gene da fibrilina.
Figura 10. Catarata sutural. Fotografia gentilmente cedida pelo Dr. Marcus
VInícius Takatsu (USP-SP).
Chamamos de catarata congênita aquela presente ao
nascimento ou até 03 meses de vida. Por sua vez, as Catarata capsular
cataratas infantis surgem após os primeiros 03 meses.
São também conhecidas como cataratas do Opacificação do epitélio do cristalino e da cápsula
desenvolvimento. As cataratas congênitas/infantis são anterior, estendendo-se até o córtex. Geralmente não
morfologicamente classificadas em zonular, polar, causa baixa visual.
total, membranosa e persistência do vítreo primário
hiperplásico.
CATARATA POLAR
Podem ser unilaterais ou bilaterais. São pequenas e Pode ser esporádica ou ter herança autossômica
geralmente não causam baixa visual; é comum que dominante, sendo os casos hereditários geralmente
sejam identificadas pela mãe ou pelo pediatria em bilaterais. Os casos esporádicos são mais frequen-
exames rotineiros. Os pacientes devem ser acom- temente unilaterais e podem ter associação com
panhados para avaliação de possível baixa visual, remanescentes da túnica vasculosa lentis ou lenticone.
ambliopia e progressão, que não são comuns; por isso,
Os pacientes com catarata polar posterior têm risco
a maioria dos casos dispensa tratamento. Entretanto,
aumentado de ruptura de cápsula posterior durante a
anisometropia não é infrequente.
cirurgia de catarata, pois não há plano de clivagem
Geralmente são congênitas e esporádicas, mas pode entre a cápsula posterior e o cristalino.
haver herança autossômica dominante. Podem ser
O passo cirúrgico que deve ser evitado nos pacientes
isoladas ou associadas a microfalmo, persistência da
com este tipo de catarata é a hidrodissecção (questão
membrana pupilar e lenticone anterior.
frequente em prova!).
CATARATA MEMBRANOSA
Catarata polar posterior
Caracteriza-se por uma reabsorção parcial do córtex e
do núcleo, com presença de material opacificado entre
as cápsulas anterior e posterior. Causa grande baixa
visual.
Figura 12. Catarata polar posterior. Fotografia gentilmente cedida pelo Dr.
Rodolpho Matsumoto (USP-SP). PERSISTÊNCIA DO VÍTREO PRIMÁRIO
HIPERPLÁSICO
Este tipo de catarata é difícil de ser diagnosticada sem Ocorre devido à persistência de uma membrana
exame de biomicroscopia, o que faz o diagnóstico ser fibrovascular retrocristaliniana, por conta da não
mais tardio em geral. A opacidade é maior e mais reabsorção completa da túnica vasculosa lentis. É
próxima do ponto nodal do olho, havendo maior risco de geralmente unilateral e pode haver associação com
baixa visual. Este tipo de catarata pode progredir e os microftalmia.
pacientes possuem fragilidade capsular.
Opacidades unilaterais causam mais ambliopia do que Ÿ Um dado interessante é que um estudo chamado
as bilaterais. A indicação cirúrgica em casos IATS avaliou se o implante de LIO em crianças com
diagnosticados tardiamente depende da idade da catarata congênita unilateral estava associado a um
criança ao diagnóstico e época de aparecimento da melhor resultado visual comparado com crianças
catarata, com o prognóstico sendo melhor com cirurgia submetidas à cirurgia sem implante de LIO, mas com
precoce, correção de afacia e tratamento agressivo da tratamento adequado da ambliopia no pós-
ambliopia. operatório. O resultado foi que a acuidade visual não
foi estatisticamente diferente entre os dois grupos,
A cirurgia pode ser realizada por via anterior ou por via
nas crianças após 4,5 anos de idade.
pars plana. É necessário realizar capsulotomia
posterior e vitrectomia anterior durante a cirurgia, uma Os corticoides devem ser usados no pós-operatório,
vez que opacidades de cápsula ocorrem virtualmente pois as crianças geralmente desenvolvem maior
em 100% dos casos, podendo formar membranas inflamação intraocular do que os adultos. Nos casos em
grosseiras. A capsulorrexe é mais difícil, pois a cápsula que não se implanta lente intraocular, a correção da
é elástica e a pressão positiva é aumentada nestes afacia deve ser imediata.
olhos, estando indicado o uso rotineiro de azul trypan.
As lentes de óculos com alto grau de hipermetropia
As lentes intraoculares devem ser implantadas na podem causar aberrações e escotoma anelar periférico,
cirurgia de catarata côngenita/ infantil nas crianças sendo geralmente preferível a utilização de lentes de
maiores de 1 ano de idade. contato. Entretanto, o uso de lente de contato em
crianças demanda cuidado dos pais e a adaptação pode
Ÿ Devemos evitar o implante em crianças menores que
ser difícil.
1 ano, na catarata por Rubéola congênita, em casos
associados a uveíte, microftalmo ou microcórnea.
APRENDENDO COM QUESTÕES
Ÿ As lentes de peça única ou 3 peças dobráveis de
acrílico hidrofóbico são as mais populares CBO 2020
atualmente nas cirurgias pediátricas, porém, lentes Quanto às cataratas congênitas, podemos afirmar:
de peça única de PMMA, de 12mm de comprimento
total, continuam sendo utilizadas. As alças destas A) O implante de lente intra-ocular é obrigatório em
lentes tem memória e suportam as tensões geradas crianças com menos de 1 ano de idade, especialmente
pelas membranas e fibroses pós-operatórias, quando existe outras malformações oculares como
mantendo a lente centrada. As lentes devem ser microcórnea e microftalmo.
implantadas no saco capsular para evitar o risco de B) A capsulotomia posterior faz parte da técnica
inflamação aumentada no pós-operatório. cirúrgica.
Ÿ A seleção da lente intraocular nas cataratas C) Deve-se realizar a cirurgia o mais precocemente
pediátricas é extremamente desafiadora, porque o possível, já que a inflamação é menor, quanto mais nova
crescimento dos olhos ao longo da vida pode variar, a criança.
a obtenção de medidas de comprimento axial e
ceratometria confiáveis é difícil e as fórmulas padrão D) Deve-se evitar a todo custo a realização de
não contemplam a população pediátrica. Estudos vitrectomia anterior nestes pacientes.
sugerem que entre 1-10 anos de idade ocorre um Gabarito - B
shift miópico de aproximadamente 7-8 D em olhos
deixados afácicos. Dessa forma, se a lente for Comentário
calculada para emetropia no momento da cirurgia, A técnica cirúrgica nas cirurgias de catarata congênita
espera-se que o paciente desenvolva uma alta envolvem a realização de capsulotomia posterior e
miopia até os 10 anos. Alguns cirurgiões preferem vitrectomia anterior de rotina, caso contrário, ocorre
deixar o alvo biométrico hipermetrópico após a opacificação da cápsula posterior em 100% dos casos,
cirurgia, para compensar parcialmente esse shift podendo haver formação de membranas grosseiras.
miópico que ocorrerá posteriormente, enquanto
outros optam por um alvo mais próximo da
emetropia, para facilitar o tratamento a ambliopia.
O implante de lente intraocular deve ser evitado em pela imagem da direita, que mostra o corte óptico, que a
crianças menores que 1 ano, nas cataratas por Rubéola catarata encontra-se junto à cápsula anterior, sendo,
congênita, em casos associados a uveíte, microftalmo portanto, uma catarata polar anterior.
ou microcórnea. Quanto ao tempo para a realização da
A - Incorreta. A catarata polar anterior geralmente não é
cirurgia, devemos indicá-la precocemente, pelo risco de
progressiva e pode ser observada na maioria dos casos.
ambliopia profunda, mas a inflamação pós-operatória
não é menor em crianças mais novas. B - Correta. A catarata polar anterior envolve o córtex
subcapsular anterior, pode induzir anisometropias e o
paciente deve ser monitorado quanto à evolução para
CBO 2021 ambliopia, embora usualmente não curse com baixa
Sobre a alteração demonstrada nas figuras, é correto visual.
afirmar: C - Incorreta. A catarata polar posterior é que se
encontra próximo ao ponto nodal do olho.
D - Incorreta. A fragilidade capsular encontra-se
presente nas cataratas polares posteriores e o passo
cirúrgico que deve ser evitado é a hidrodissecção.
CBO 2022
I - Verdadeira. Opacidades bilaterais graves devem ser B) Prescrição de oclusão no olho contralateral à
operadas imediatamente, com intervalo mínimo entre a catarata e reavaliação em um mês.
cirurgia do olho contralateral, não ultrapassando 1
C) Retorno após três meses de vida para aferir a
semana. Cirurgia bilateral simultânea só é indicado em
acuidade visual por cartões de Teller.
pacientes com doenças sistêmicas graves e com risco
cirúrgico/ anestésico elevado. D) Orientar os pais e programar a cirurgia para após um
ano de vida, para melhor cálculo da lente intraocular.
II - Falsa. As cataratas totais são muito ambliopizantes,
sendo indicada a cirurgia precoce, não havendo Gabarito - A
necessidade de se aguardar 3-4 meses.
Comentário
III - Verdadeira. O teste do reflexo vermelho ou teste do
A catarata congênita é a causa mais comum de
olhinho é importante teste de triagem neonatal. É
a l t e r a ç ã o d o t e s t e d o re fl e xo ve r m e l h o e m
utilizado com o objetivo de rastrear doenças como
maternidades. Por existir um período crítico para
catarata congênita, retinoblastoma e glaucoma
tratamento das cataratas congênitas, o diagnóstico
congênito. Dentre essas, a mais frequente é a catarata
precoce é de suma importância, e o teste do reflexo
congênita.
vermelho é a forma mais adequada para essa detecção.
IV - Falsa. Apenas o teste do olhinho não é suficiente no
Em casos de opacidades totais unilaterais, o ideal é que
acompanhamento de uma criança até os 2 anos de
a cirurgia seja realizada até a 6ª semana de vida, porém
idade, sendo apenas de uma triagem. Estes pacientes
não se recomenda cirurgia muito precoce (antes de 4
devem ser submetidos à avaliação oftalmológica
semanas de vida) pelo maior risco associado de
completa, incluindo exame de refração, acuidade visual
inflamação e glaucoma secundário. Se a opacidade for
e fundoscopia.
bilateral, deve ser operada até 10 semanas de vida, com
intervalo entre os olhos preferencialmente de até 7 dias.
CBO 2023 O tratamento oclusivo e a aferição da acuidade visual
Um recém-nascido apresentou alteração do reflexo farão parte do seguimento do paciente no pós
vermelho detectada na maternidade. Na avaliação no operatório para evitar ao máximo a ambliopia do olho
vigésimo quinto dia de vida, apresenta catarata operado.
unilateral, com opacidade total e ultrassonografia
ocular sem alterações no segmento posterior. Qual,
dentre as alternativas abaixo, apresenta a conduta
mais adequada neste momento?
A) Realizar a remoção da catarata dentro das próximas
duas semanas.
CATARATA NUCLEAR
Além disso, pode estar relacionada a traumas, Assim como a subcapsular posterior, por ter localização
alcoolismo, Diabetes e radiações ionizantes, entre central, causa baixa visual precocemente e pior em
outras causas. situações de alta luminosidade e na visão de perto
(miose).
Ocorre devido à migração de células do epitélio do
cristalino para a face interna da cápsula posterior (que
normalmente é desprovida de camada epitelial), CATARATA PONTEADA
causando opacidades granulares que podem ser
observadas por iluminação direta ou retroiluminação. Catarata cerúlea ou catarata de pontos azuis.
Caracteriza-se pela presença de pontos branco-
As cataratas subcapsulares posteriores ficam próximas azulados de variados tamanhos, localizados no córtex
ao ponto nodal do olho, e por isso causam baixa visual do cristalino. Geralmente não são progressivas e não
importante. A opacidade ocorre entre o córtex e a causam baixa visual.
cápsula.
Esse tipo de catarata tende a ser central já no início da
evolução, de modo que a baixa visual é maior em
situações de miose; o paciente queixa de baixa visual
maior em ambientes iluminados e na visão de perto (em
ambas as situações ocorre constrição pupilar). Glare
também é um sintoma comum. Pode ser unilateral,
sobretudo em casos secundários ao uso de corticoides,
ou bilateral assimétrica.
Outros tipos de catarata:
CATARATA SUTURAL
O trauma contuso pode provocar catarata precoce ou Figura 11. Catarata em gota de óleo em paciente com galactosemia.
Fonte: Edward S. Harkness Eye Institute, Columbia University. Disponível
tardiamente. Pode haver associação com um anel em: https:// www.columbiaeye.org/education/digital-referenceof-
pigmentado na face anterior do cristalino chamado anel ophthalmology/lens-cataract/ cataract/oil-droplet
de Vossius, pelo depósito de pigmentos da íris. A
manifestação inicial da catarata por trauma contuso METABÓLICAS
pode ser uma opacidade em roseta, localizada na
cápsula posterior. Ÿ Diabetes Mellitus.
Ÿ Doença de Fabry. a l t e r a ç õ e s p o l i c ro m á t i c a s n o c r i s t a l i n o .
Caracteriza-se por contrações excessivas dos
Ÿ Doença de Refsum.
músculos esqueléticos, alterações endócrinas e
cardíacas.
Ÿ Displasias ósseas.
DERMATOLÓGICAS
Ÿ Dermatite atópica - Catarata subcapsular anterior Figura 13. Catarata em árvore de natal. Percebam a presença de cristais
policromáticos. Distrofia miotônica. Fotografia gentilmente cedida pelo
em escudo. Dr. Rodolpho Matsumoto
Ÿ Displasia ectodérmica congênita.
Comentário
TABAGISMO
Típica questão sobre os sintomas específicos de cada
tipo de catarata. Está associado principalmente à catarata nuclear e
subcapsular posterior. O mecanismo é o aumento do
A - Incorreta. A catarata que induz aumento da miopia é
estresse oxidativo causado pelo tabagismo. A
a nuclear.
interrupção do tabagismo reduz o risco de catarata.
B - Correta. A catarata subcapsular posterior é central,
causando baixa visual precoce e mais intensa em
ambientes iluminados, pois neste situação ocorre LUZ ULTRAVIOLETA
miose. Associação com catarata cortical e subcapsular
C - Incorreta. A catarata nuclear induz miopização, posterior.
piora da visão de longe e melhora da visão de perto.
D - Incorreta. A catarata subcapsular posterior causa ÁLCOOL
baixa visual pior em ambientes iluminados e na visão de O consumo moderado de álcool está associado à
perto, mas não por aumento da hipermetropia e sim por catarata nucelar e subcapsular posterior. O consumo
conta destas situações provocarem miose. abusivo de álcool, por outro lado, pode ter efeito anti-
oxidante e proteger contra o desenvolvimento de
CBO 2020
catarata.
REFLEXOS PUPILARES
Pupila pequena mesmo após midríase farmacológica Ÿ Verificar a presença de sinéquias posteriores,
traz um risco aumentado de complicações iridodonese e outras alterações irianas.
perioperatórias. A cirurgia torna-se mais difícil e o
Ÿ Material em "cinza de cigarro" na margem pupilar
cirurgião pode precisar lançar mão de recursos para
pode indicar pseudoesfoliação.
ampliação da abertura pupilar, como adrenalina
intracameral, viscoelástico de alto peso molecular, Ÿ Câmaras anteriores muito rasas ou muito profundas
retratores irianos (ganchos de íris) ou expansores podem dificultar a cirurgia.
irianos (anel de Malyugin, por exemplo). O laser de
femtossegundo não é apropriado no caso de pupilas <
4,0mm. CATARATA
FUNDOSCOPIA / MAPEAMENTO DE
RETINA
Ÿ Biometria óptica
Utiliza interferometria a laser ou reflectometria de baixa
coerência. Diferente da biometria ultrassônica, não é
examinador dependente. É mais acurada que a
ultrassônica no caso de alta miopia, alta hipermetropia
e olhos com óleo de silicone.
Em casos de opacidade significativa, como em
cicatrizes corneanas densas, cataratas muito maduras
ou hemorragia vítrea, a biometria óptica enfrenta
dificuldade em fazer leituras acuradas, pois a luz não
consegue atravessar corretamente os meios ópticos.
Figura 3. Biometria ultrassônica (A-Scan) pela técnica de contato. Ocorre
Nestes casos, pode ser preciso lançar mão da biometria indentação da córnea, o que pode ser uma fonte de erro. Fonte:
ultrassônica. https://www.cehjournal.org/article/ how
A biometria ultrassônica é examinador dependente, Obs: sempre devemos realizar a biometria em ambos os
mas não sofre influência importante de opacidades de olhos, mesmo que estejamos planejando operar apenas
meio, sendo indicadas nos casos de catarata total, um deles. A medida do comprimento axial dos dois
cicatrizes corneanas e hemorragia vítrea. sempre deve ser comparada, uma vez que diferenças
maiores que 0,3 mm devem acender um sinal de alerta
O biômetro realiza o cálculo do comprimento axial a
para possível erro biométrico.
partir da velocidade com que o ultrassom atravessa os
meios oculares. Isso deve ser levado em conta, por Caso ocorra tal diferença, sempre devemos avaliar se há
exemplo, em cavidades vítreas preenchidas por óleo de uma anisometropia compatível no paciente, ou alguma
silicone, que tem um índice de refração diferente do alteração estrutural ocular, como um estafiloma, por
vítreo; portanto, a onda do ultrassom demora um tempo exemplo. No caso da biometria ultrassônica, é
maior para atravessá-las. Nestes casos, o aparelho necessário obter um mínimo de 5 medidas e a diferença
deve ser calibrado para a presença de óleo de silicone. entre elas deve ser de no máximo 0,2mm.
A
CERATOMETRIA
As fórmulas devem levar em conta a ceratometria pré- D) A interferometria de coerência parcial é preferível à
refrativa (para o ELP) e a ceratometria pós-refrativa ultrassonografia nesses casos.
(para o cálculo da vergência corneana). As mais
Gabarito - D
utilizadas em pacientes pós cirurgia refrativa são a
Barret true K e a Haigis-L. Outras fórmulas possíveis Comentário
são a Double K de Aramberri ou a Holladay-2.
Questão bem específica sobre biometria em olhos
preenchidos por óleo de silicone. Por sorte, quem é OFT-
OLHOS COM ÓLEO DE SILICONE Reviewer tinha essa informação na apostila. Vamos lá:
A velocidade de propagação do som é mais lenta e por A - Incorreta. A velocidade de propagação do som é
isso o comprimento axial é superestimado. Se mais lenta e por isso o comprimento axial é
utilizarmos biometria ultrassônica, precisamos ajustar superestimado
a velocidade de propagação antes de obter o resultado. B - Incorreta. A biometria óptica, seja por interfero-
A biometria óptica é confiável em olhos preenchidos por metria a laser ou reflectometria de baixa coerência, é
óleo de silicone e deve ser preferida sempre que acurada em pacientes com óleo de silicone.
possível; ainda assim, também é necessário fazer C - Incorreta. A profundidade de câmara anterior é
ajuste no aparelho para constar a informação. medida com o paciente sentado.
D - Correta. Como já dissemos, a biometria óptica é
BIOMETRIA PARA LENTES TÓRICAS preferível quando comparada à biometria ultrassônica.
Atenção especial deve ser dada ao poder e ao eixo do
astigmatismo corneano, sendo necessária uma CBO 2022
topografia ou tomografia de córnea. Devemos avaliar se
o astigmatismo é regular ou irregular, a ceratometria (K) O instrumento abaixo é utilizado para:
e o meridiano mais curvo.
As LIOs tóricas, de um modo geral, são indicadas para
correção dos astigmatismos corneanos regulares. O
astigmatismo posterior não pode ser medido pela
topografia convencional de córnea, mas deve ser levado
em conta no cálculo da LIO tórica. Ele geralmente é de
0,3-0,5D contra-a-regra.
Algumas fórmulas, como a de Barrett, já incorporaram
uma média do astigmatismo posterior em seu cálculo. É
possível medir efetivamente o astigmatismo posterior
através da tomografia de córnea.
A)Aferir a pressão intraocular.
APRENDENDO COM QUESTÕES B)Avaliar o corpo ciliar.
CBO 2022
C)Comprimir o globo após anestesia retrobulbar.
Sobre a biometria em olhos tamponados por óleo de
D)Evitar a compressão corneana durante a biometria.
silicone é correto afirmar:
Gabarito - D
A) O comprimento axial medido pelo ultrassom é
falsamente reduzido em relação ao valor real. Comentário
B) A reflectometria de baixa coerência não pode ser O procedimento ilustrado é a biometria de imersão, que
utilizada nessa situação. utiliza uma concha preenchida por líquido, com a sonda
submersa no líquido, para realizar a medida do
C) A medida da profundidade de câmara anterior deve
comprimento axial do olho sem precisar comprimir a
ser realizada em posição supina.
córnea.
Em desuso pelos riscos de perfuração ocular, lesão do Técnica preferencial em pacientes utilizando
nervo óptico, injeção intravenosa (associada a arritmia anticoagulantes, mas a quemose é uma complicação
cardíaca) e de injeção inadvertida do anestésico frequente.
intradural/subaracnóide (associado a convulsões,
parada respiratória e anestesia de tronco cerebral).
COMPLICAÇÕES DOS BLOQUEIOS
REGIONAIS
BLOQUEIO EXTRACONAL PERIBULBAR à Perfuração de globo ocular.
Mais seguro que o retrobulbar. O anestésico é injetado à Hemorragia retrobulbar.
ao redor do cone muscular, com difusão e anestesia dos
nervos contidos no interior do cone. É necessária maior à Reflexo vagal intenso.
injeção de volume que no retrobulbar e a latência é à Oclusão de artéria central da retina/ciliorretiniana.
maior.
à Injeção inadvertida de anestésico no espaço
subaracnóideo.
ANESTESIA GERAL
Figura 2. Bloqueio extraconal peribulbar. Fonte: Mcgoldrick, KE & Gayer, SI Muito utilizada em crianças ou em adultos que não
2013, Anesthesia for ophthalmologic surgery. in Clinical Anesthesia: conseguem cooperar durante a cirurgia. Condições
Seventh Edition. Wolters Kluwer Health.
como demência, tremores na cabeça, surdez,
alterações ortopédicas nas costas e pescoço, síndrome
Geralmente são realizadas duas punções, uma na borda
do pânico ou claustrofobia podem ser indicações de
inferior externa da órbita, onde são injetados 4 ml, com
anestesia geral.
18 mm de penetração da agulha, e outra junto à borda
superior interna onde se injeta a mesma quantidade de Em cirurgias vitreorretinianas com a utilização de gás
anestésico, com a mesma progressão da agulha. (C3F8 ou SF6), o óxido nitroso (N2O) é contraindicado,
porque tem alta difusibilidade e pode causar expansão
do gás.
BLOQUEIO EXTRACONAL PERICONAL
Succinilcolina e anestésicos infamatórios halogenados
Mais eficiente que o peribulbar. Utiliza uma agulha mais podem causar hipertermia maligna e seu tratamento é
longa (20-25 mm) e o anestésico é injetado realizado com dantrolene. Especial atenção a este fato
posteriormente ao globo ocular. A única diferença em deve ser dado nas cirurgias de estrabismo.
relação ao peribulbar é a profundidade da injeção.
ANESTESIA TÓPICA
BLOQUEIO PERICONAL MEDIAL
Atualmente é a técnica mais realizada nas cirurgias de
A inserção da agulha ocorre na região da prega catarata por facoemulsificação e lente dobrável.
semilunar e a agulha progride entre o reto medial e a
parede orbitária. Vantagens:
Ÿ Sem risco de perfuração ocular, lesão muscular ou
depressão do SNC.
SUBTENONIANO OU EPISCLERAL
Pode ser utilizada como técnica isolada ou como Ÿ Recuperação visual imediata e ausência de bloqueio
complementação a outro bloqueio que apresentou do movimento palpebral, permitindo que o paciente
falha parcial. deixe o centro cirúrgico sem oclusor.
Lidocaína intracameral é utilizada como complemento Ÿ Bloqueio de Atkinson: intermediário entre os dois
da anestesia tópica em cirurgia de catarata. Apenas anteriores.
formulações sem conservantes, na concentração de 1-
2% devem ser utilizadas, devido ao risco de toxicidade APRENDENDO COM QUESTÕES
intraocular de alguns preservativos, sobretudo para o
CBO 2016
endotélio. Anestesia tópica/intracameral deve ser
reservada para cirurgias de curta duração, geralmente Assinale a alternativa correta quanto à anestesia para
até 30 minutos, em pacientes colaborativos. cirurgia de catarata:
A) A anestesia tópica interfere na motricidade ocular
BLOQUEIO DO NERVO FACIAL intrínseca.
B) O bloqueio peribulbar apresenta menor risco de
perfuração que o retrobulbar.
C) O bloqueio retrobulbar apresenta menor risco de
injeção subaracnóidea que o bloqueio peribulbar.
D) A lidocaína tem início de ação mais lento que a
bupivacaína.
Gabarito - B
Comentário
Questão sobre anestesia em cirurgia de catarata,
Vamos às alternativas:
A - Incorreta. A anestesia tópica não causa acinesia, os
movimentos oculares são preservados.
B - Correta. O bloqueio peribulbar é mais seguro que o
retrobulbar, havendo menor risco de perfuração do
globo ocular.
C - Incorreta. O bloqueio retrobulbar apresenta maior
risco de perfuração de globo e injeção no espaço
Figura 3. Bloqueios do nervo facial, para acinesia do orbicular. A - Van Lint.
B - O'Brien. C - Atkinson. Fonte: Jaffe NS, Jaffe MS, Jaffe GF. Cataract subaracnóideo.
Surgery and its complications. 5ª edição.
D - Incorreta. A lidocaína tem início de ação mais rápido
(4-6 min) do que a bupivacaína (5-11 min).
CBO 2023
Os mais utilizados são a hidroxipropilmetilcelulose, o Capacidade do material retornar ao seu estado original
hialuronato de sódio e o sulfato de condroitina. após deformado. Refere-se à capacidade de
preenchimento de espaços pelo viscoelástico.
COESIVOS
Sua aspiração é mais demorada e trabalhosa, pois Ÿ Manter o vítreo afastado em caso de rotura de
fragmentam-se e não são aspirados em bloco. cápsula posterior. Nas roturas de cápsula posterior,
Entretanto, se permanecerem no olho, como sua cadeia inicialmente emprega-se um viscoelástico coesivo
é menor, obstruem menos o trabeculado e causam de alto peso molecular, para tamponar a rotura e
menor aumento de PIO (o que ocorre geralmente nas contrapor-se à pressão vítrea, que tende a ampliar a
primeiras 12 horas de pós-operatório). rotura. Em um segundo momento, emprega-se
viscoelástico dispersivo para prosseguir com a
Podem dificultar a visualização cirúrgica, uma vez que remoção dos fragmentos restantes e manter o vítreo
fragmentam-se, podendo criar uma superfície refrativa afastado com a rotura selada.
irregular. Além disso, podem aprisionar bolhas e
fragmentos de núcleo próximo ao endotélio. Ÿ Isolar porções da íris que venham de encontro a
ponteira. Ex: Hidroxipropilmetilceluose, Hialuronato
de sódio de baixo peso molecular (Vitrax),
Hialuronato de sódio + sulfato de condroitina
(Viscoat).
O DiscoVisc (Alcon) combina Hialuronato de Sódio 1,6%
e Sulfato de Condroitina 4% sendo considerado
dispersivo viscoso. Isto é, oferece bom preenchimento
de espaço, mas também é um bom protetor tecidual.
O Healon 5 (Hialuronato 2,3% - J&J) é viscoadaptativo.
Isto é, em situações de repouso apresenta alta
viscosidade, mas durante a facoemulsificação sofre
quebra de suas moléculas, tornando-se dispersivo.
BORDA REDONDA
NUMERO DE PEÇAS
SILICONE
SÍNDROME DE FIMOSE OU
OPACIFICAÇÃO DA CÁPSULA CONSTRIÇÃO CAPSULAR
POSTERIOR (OCP)
A síndrome de fimose ou constrição capsular cursa com
constrição progressiva da cápsula anterior após
cirurgia de catarata, sendo mais comum nas lentes de
silicone. O principal fator de risco para esta
complicação é a realização de capsulorrexe pequena (<
5,0mm).
Pode causar deslocamento/subluxação da LIO,
principalmente em pacientes com fragilidade zonular
p rév i a ( p s e u d o e s f o l i a ç ã o , M a r f a n , c a t a r a t a
traumática). O tratamento é realizado com incisões
relaxantes radiais com Nd:YAG laser.
OPACIFICAÇÃO DA LENTE
ASFERICIDADE x ESFERICIDADE
As LIOs tóricas estão indicadas para correção do Ÿ Trauma ou atividade física vigorosa no pós-
astigmatismo corneano regular, sendo necessária operatório recente.
avaliação pré-operatória com topografia/tomografia de
Em pacientes com astigmatismo baixo, uma alternativa
córnea. Astigmatismo irregular leve a moderado, desde
ao implante de uma LIO tórica é a realização da incisão
que o paciente tenha acuidade visual satisfatória com
no meridiano mais curvo da córnea, pois ocorre
óculos, também pode ser corrigido. Pacientes com alto
aplanamento do mesmo e redução do astigmatismo
astigmatismo irregular não têm indicação de LIO tórica.
corneano.
O cálculo da LIO é realizado através de calculadoras
específicas fornecidas pelos fabricantes ou através de
fórmulas como a de Barrett. Os dados utilizados para o
cálculo são: ceratometrias e seus meridianos,
profundidade de câmara anterior, comprimento axial,
posição da incisão principal e astigmatismo induzido. Figura 13. Marcador de LIO tórica com pêndulo.
Gabarito - C
Comentário
As LIOS tóricas são lentes intraoculares que
apresentam toricidade em uma de suas superfícies, na
forma de cilindro positivo. As LIOS tóricas estão
indicadas para correção do astigmatismo corneano
regular, sendo necessária avaliação pré operatória com
topografia/ tomografia de córnea. Pacientes com
astigmatismo irregular alto não tem indicação de LIO
tórica. (A e D incorretas)
Como o cilindro da lente é positivo, ele deve coincidir
com o eixo mais curvo da córnea. No caso em questão a
marcação da LIO está posicionada às 12h e 6h, no eixo a
90°, portanto o paciente apresenta astigmatismo a
favor da regra, com o meridiano mais curvo nesse
mesmo eixo.
Figura 16. Lente de câmara anterior de suporte angular. Esta lente também
exige a realização de iridectomia para seu implante. Associada a
incidência aumentada de irite e perda endotelial.
OFT-REVIEWERS, nesta apostila estudaremos aspectos As incisões na cirurgia de catarata devem ser
cirúrgicos importantes, assim como complicações confeccionadas cuidadosamente, visando minimizar o
intra-operatórias e pós-operatórias. Esses temas são astigmatismo pós-operatório e fornecer proteção
muito frequentes em sua prova. contra infecções.
A técnica de facectomia extracapsular utiliza uma
incisão grande para remover o cristalino inteiro. Foi
SEÇÃO 1
muito utilizada nos anos 80 e 90, quando passou a ser
INCISÕES EM CIRURGIA DE substituída pela facoemulsificação. Entretanto, ainda é
CATARATA muito utilizada em alguns países menos desenvolvidos.
A incisão para a facoemulsificação pode ser realizada
com lâminas de diferentes materiais (aço, diamante,
safira) e, mais recentemente, através do laser de
femtosegundo.
INCISÕES ESCLERAIS
A incisão mais utilizada é a incisão "clear cornea", A) A incisão 2 é a mais comumente utilizada na
realizada em córnea clara (após os vasos limbares), facoemulsificação e induz maior astigmatismo do que a
cujas dimensões variam geralmente entre 2,2 e incisão 1.
2,75mm.
B) A incisão 3 é mais utilizada para facectomia
extracapsular e tem como vantagem ser
frequentemente autoselante.
C) A incisão 4 induz maior astigmatismo que a incisão 5,
porém menos do que a incisão 2.
D) A incisão 5 necessita menor número de suturas do
que a incisão 4, porém a dissecção por maior extensão
pode dificultar a extração do núcleo.
Gabarito - D
Figura 2. Incisões em córnea clara biplanar e triplanar. Fonte: Lisa Park e Comentário
Christine Gralapp. Lens and Cataract. American Academy of
Ophthalmology. Página 131. As incisões corneanas são as mais utilizadas
atualmente nas cirurgias de facoemulsificação. A
Com o objetivo de tornar a incisão mais autosselante, indução de astigmatismo pelas incisões corneanas
podemos optar por realizar múltiplos planos de corte relaciona-se ao seu tamanho (quanto menor a incisão,
(biplanar ou triplanar). Vale ressaltar, entretanto, que a menor o astigmatismo induzido), posição (incisões
incisão monoplanar bem executada também pode selar temporais induzem menos astigmatismo que as
sem necessidade de sutura. superiores) e localização (quanto mais próximas ao
limbo, menor o astigmatismo induzido; quanto mais
Quanto menores as incisões e mais próximas do limbo
próximo ao eixo visual, maior a indução de
corneano, menor o astigmatismo induzido; além disso,
astigmatismo). (A incorreta) Quanto as incisões
as temporais induzem menos astigmatismo do que as
esclerais:
superiores. Incisões "quadradas" são mais resistentes
que incisões "retangulares" e, portanto, devem ser 3- Incisão escleral paralela ao limbo: mais utilizada em
preferidas. Possíveis complicações associadas às casos de facectomia extracapsular. Necessita de maior
incisões corneanas são vazamento, descolamento da quantidade de suturas para seu adequado fechamento.
Descemet, indução de astigmatismo irregular e perda Pela sua extensão e necessidade de suturas, é a que
endotelial. comumente induz maior astigmatismo. (B incorreta)
4- Incisão horizontal para confecção de túnel escleral: o
APRENDENDO COM QUESTÕES túnel pode ser dissecado para ambos os lados, com a
CBO 2023 criação de maior "espaço interno" sem necessidade de
maior tamanho da incisão. Comumente necessita de
Com relação aos tipos de incisões em facectomia, algumas suturas (C incorreta)
assinale a alternativa correta:
5-"Frown incision": a maior parte da "abertura" se dá
longe da córnea - o que induz menor astigmatismo. A
dissecção de maior extensão se dá no interior da
esclera. Necessita comumente de poucas suturas,
porém a dissecção por maior extensão pode dificultar a
extração do núcleo. (D correta)
SEÇÃO 2
CIRURGIA DE CATARATA
ASSISTIDA POR LASER DE incompleta, principalmente no caso de opacidades,
FEMTOSEGUNDO cicatrizes ou bolhas na córnea; nestes casos, pode
ser necessário completar com a pinça.
O laser de femtosegundo foi uma inovação em cirurgia
Ÿ Diminuição do tempo de uso do ultrassom, visto que
de catarata, que permite confeccionar as incisões, a
o núcleo já encontra-se fragmentado. Em teoria,
capsulotomia e a fratura do núcleo de forma
poderia reduzir os danos às células endoteliais.
automatizada. Sua aplicação é guiada por imagens de
OCT de segmento anterior e o processo de atuação nos Ÿ Possibilidade de realização de incisões arqueadas
tecidos é chamado de fotodisrupção. para manejo do astigmatismo, com maior precisão e
reprodutibilidade que as confeccionadas manu-
Na ordem habitual, o primeiro passo é a capsulotomia,
almente.
seguido da fragmentação do núcleo. Por fim, realizam-
se as incisões corneanas. As incisões corneanas são Ÿ Oferece maior segurança e menor risco de sinal da
abertas com uma espátula, enquanto uma pinça utrata bandeira Argentina no caso de cataratas brancas/
é utilizada para remover a cápsula anterior. intumescentes.
Ÿ Oferece maior facilidade na realização de
VANTAGENS capsulorrexe em cristalinos subluxados.
Figura 3. Cirurgia de catarata assistida por laser de femtosegundo. O laser realiza as incisões corneanas, a capsulorrexe e a
fratura do núcleo. É possível ainda realizar incisões arqueadas na córnea para modulação do astigmatismo. Fonte: Sun H.,
Fritz A., Dröge G., Neuhann T., Bille J.F. (2019) Femtosecond-Laser-Assisted Cataract Surgery (FLACS). In: Bille J. (eds) High
Resolution Imaging in Microscopy and Ophthalmology. Springer, Cham
DESVANTAGENS / COMPLICAÇÕES Ÿ O tempo cirúrgico total pode ser maior, uma vez que
Ÿ Pacientes com órbitas profundas, alterações na a cirurgia é realizada em 2 tempos e muitas vezes é
coluna e no pescoço podem dificultar o acoplamento necessário trocar o paciente de sala.
do anel de sucção (essencial para a correta Ÿ Síndrome de bloqueio capsular, complicação rara e
aplicação do laser). grave, ocorre quando bolhas de ar são aprisionadas
Ÿ Não é um método adequado para confecção de entre o cristalino e sua cápsula posterior, podendo
capsulorrexe em pupilas pequenas, menores que ocorrer ruptura da cápsula e luxação do núcleo
5,5mm. durante a hidrodissecção.
Ÿ Custo elevado.
O APARELHO DE FACOEMULSIFICAÇÃO
Poder de ultrassom 50% = 60 μm de excursão da
ponteira.
O aparelho de facoemulsificação apresenta 3 estágios,
atingidos por pressão cada vez maior sobre o pedal de Essa conversão de energia elétrica em energia
controle: mecânica acaba dissipando energia na forma de calor,
aquecendo a caneta.
CONTÍNUO
O resfriamento ocorre através dos líquidos infundidos e
aspirados pela mesma. Neste modo, quando acionamos o estágio 3 do pedal, o
Baixas taxas de fluxo e oclusões frequentes da ponteira ultrassom é liberado de forma contínua, sem intervalos
podem causar um aquecimento elevado, levando à de ultrassom desligado. O modo contínuo pode ser
queimadura da incisão ou dano térmico às estruturas linear ou painel (como explicado acima).
intraoculares. No modo painel, definimos no aparelho o poder do
Além do movimento longitudinal da ponteira, algumas ultrassom (excursão da ponteira), que pode variar de 0 a
canetas apresentam movimento torsional em 100%, e este poder predeterminado é liberado quando
frequência ultrassônica, que pode ser utilizado em acionamos o estágio 3 do pedal.
conjunto. Corresponde ao movimento da ponteira em No modo linear, o cirurgião pode controlar o poder do
torno do seu próprio eixo. A vantagem do movimento ultrassom (excursão da ponteira) conforme pisa mais
torcional é a menor geração de calor e menor repulsão profundo no estágio 3 do pedal (maior pressão no pedal
aos fragmentos. = mais ultrassom).
A ação da ponteira do facoemulsificador sobre o Ultrassom no modo contínuo pode ser utilizado para
cristalino ocorre de quatro formas: esculpir o sulco nas técnicas de dividir e conquistar e
Ÿ Impacto mecânico sobre o cristalino durante sua stop and chop. Entretanto, a quantidade de energia
oscilação para frente. ultrassônica utilizada é muito alta, não sendo
recomendável durante a conquista do núcleo, havendo
Ÿ Transmissão de ondas acústicas pela ponteira que maior risco de queimadura da incisão e perda
atingem o cristalino. endotelial.
Ÿ Impacto de partículas e fluidos sobre o cristalino, Os modos pulsado (Pulse) e Burst surgiram com o
produzidos pela oscilação da ponteira. intuito de entregar a energia ultrassônica de modo mais
Ÿ Cavitação produzida pelo movimento de retorno eficiente. A cavitação intermitente é mais eficaz do que
da ponteira após sua oscilação para frente. a cavitação contínua, de modo que estes modos de
ultrassom não contínuo são mais eficazes, reduzem a
Essa vibração também tem efeitos indesejáveis: gera repulsão dos fragmentos (chattering), melhoram a
calor e turbulência de fluidos e fragmentos do atração e captura dos fragmentos nucleares
cristalino. (followability) e diminuem a perda endotelial e a
queimadura da incisão.
FORMAS DE ENTREGA DO PODER DO
ULTRASSOM PULSADO
liberado, maior conforme a maior pressão exercida. D) Melhora da captura e atração do fragmento nuclear
Repetindo para facilitar a compreensão: no modo (followability), maior dano térmico, maior repulsão do
pulsado, a partir do estágio 3, quanto mais se aperta o fragmento (chattering).
pedal, mais poder ultrassônico é aplicado, enquanto a
Gabarito - A
quantidade de pulsos e o "time on" são fixos, de acordo
com a pré-programação. 3 Comentário
A vantagem aqui está no fato de o ultrassom desligado As formas não contínuas de entrega do ultrassom
em alguns períodos do ciclo diminuir a repulsão dos (Pulse e Burst) cursam com melhor followability (maior
fragmentos, fenômeno comum no modo contínuo. facilidade para atrair e apreender os pedaços), menor
chattering (menor repulsão aos fragmentos) e menor
dano térmico às estruturas intraoculares.
BURST
CBO 2017
O bisel da ponteira pode ser reto ou inclinado. Os biséis cuja excursão longitudinal e torcional fornecem o poder
inclinados apresentam maior capacidade de corte, o ultrassônico. O bisel da ponteira pode ser reto ou
que facilita a confecção do sulco nas técnicas de dividir inclinado. Quanto maior a inclinação do bisél, maior
e conquistar e stop and chop. Além disso, os biséis capacidade de corte, o que facilita a confecção do sulco
inclinados possuem maior área de contato, o que nas técnicas de dividir e conquistar e stop and chop.
aumenta sua capacidade de aspiração e sua Além disso, os biséis inclinados possuem maior área de
capacidade de gerar força de apreeensão. Entretanto, contato, o que aumenta sua capacidade de aspiração e
sua oclusão completa é mais difícil de atingir, para sua força de apreensão.
geração do vácuo.
Por outro lado, quanto menor a angulação do bisel,
Os biséis de menor angulação têm menor área de menor a área de contato, o que torna mais fácil a
contato, o que torna mais fácil a oclusão da ponteira e a oclusão da ponteira e a geração de vácuo, porém mais
geração de vácuo. Entretanto, essas ponteiras são mais difícil a passagem da mesma pela incisão.
difíceis de passar pela incisão, necessitando incisões
maiores.
ASPIRAÇÃO
BOMBA DIAFRAGMÁTICA
BOMBA VENTURI
Obs: Nas bombas venturi e diafragmática, o vácuo é A pressão na câmara anterior é diretamente
produzido muito rapidamente na linha de aspiração, proporcional à altura da coluna de líquido (altura da
mesmo quando a via não está ocluída, e a taxa de fluxo garrafa de BSS), e inversamente proporcional à perda
aumenta proporcionalmente ao aumento do vácuo. Isso líquida e a pressão na cavidade vítrea. A perda líquida é
é diferente nas bombas peristálticas, na qual a a soma da perda promovida pela aspiração do aparelho,
formação do vácuo ocorre de maneira mais gradual e pelo vácuo produzido na ponteira e pelas perdas de BSS
depende da oclusão da via de aspiração. Dessa forma, a nas incisões principal e acessória.
velocidade com que os fragmentos se apresentam na
ponteira é maior nas bombas venturi e diafragmática,
APRENDENDO COM QUESTÕES
exigindo maior controle do pedal por parte do cirurgião.
CBO 2020
CHATTERING E SURGE
CHATTERING
Menor área de contato do bisel da ponteira com o fragmento Figura 12. Sequência de imagens evidenciando fenômeno Surge ou
do cristalino. colabamento da câmara anterior na emulsificação do último pedaço.
Percebam como a cápsula posterior é aspirada de encontro à ponteira da
caneta após a desoclusão da mesma. Fotografias gentilmente cedidas
FATORES QUE DIMINUEM O CHATTERING pelo Dr. Fillipe Borges (USP-SP).
Perdas incisionais.
TÉCNICAS DE NÚCLEO-FRATURA
TÉCNICAS DE PRÉ-FRATURA
Com a caneta do facoemulsificador, apreende-se a
porção central anterior do cristalino, utilizando-se altos
Ÿ Pré-chop níveis de vácuo para que a catarata permaneça firme. A
Ÿ Pré-slice partir daí, o chopper horizontal (estilo Nagahara, longo
e de borda cortante) é passado deitado por baixo da
capsulorrexe até o equador do cristalino, entre o
DIVIDIR E CONQUISTAR epinúcleo e a cápsula.
Consiste na criação de um sulco central, na direção da Após a verticalização do instrumento, é feito novo
incisão principal, e com profundidade suficiente para movimento no plano horizontal, ao encontro da caneta
observação de reflexo vermelho através do que restar do facoemulsificador, dividindo a catarata em 2
de núcleo cristaliniano. hemisférios. Por conta deste segundo movimento, a
técnica também é chamada de Chop horizontal. O
Nesta etapa, utiliza-se ultrassom contínuo ou com alta
cristalino é rodado em 90º e o movimento é repetido
frequência de pulsos e poder elevado, de cerca de 60%.
para fragmentar o núcleo em fragmentos menores.
O vácuo e a taxa de aspiração devem estar baixos, pois
Depois disso, os pedaços são conquistados de forma
não queremos apreender o núcleo, e sim confeccionar
segura e eficaz.
um sulco.
Esta técnica utiliza menos ultrassom do que a técnica
Parâmetros recomendados para confecção do sulco:
de "dividir e conquistar", pois não há confecção de
ultrassom contínuo linear, vácuo baixo entre 40-80
sulco. Os parâmetros de vácuo e aspiração são altos
mmHg e taxa de aspiração baixa entre 20-25 cc/min.
para garantir firme apreensão da catarata.
O cristalino é girado em 90º e um segundo sulco central
Parâmetros recomendados para phaco-chop:
é criado, perpendicular ao primeiro, criando um formato
ultrassom pulsado ou Burst, com menor poder (cerca
de cruz. A largura de cada um deve ser de cerca de 2
de 20%), Vácuo alto ≥ 300 mmHg e taxa de aspiração
vezes a largura da ponteira da caneta de faco. Após a
alta ≥ 35 cc/min.
confecção dos dois sulcos, afastamos horizontalmente
as paredes opostas, com uma técnica bimanual, para
separá-las, promovendo a fratura do núcleo em dois VANTAGEM
heminúcleos. O cristalino é novamente girado em 90º
Menor uso de ultrassom, o que gera menor dano ao
para repetir este passo, conseguindo então 4
endotélio e às incisões.
quadrantes isolados.
Com os quatro quadrantes separados, procede-se à
DESVANTAGEM
conquista dos fragmentos. Parâmetros recomendados
para conquista do núcleo: Ultrassom pulsado ou Burst, Tecnicamente mais difícil. Como o chopper passa por
vácuo alto, geralmente entre 250-450 mmHg e taxa de baixo da borda da capsulorrexe, o maior risco é de lesão
aspiração entre 25 a 35 cc/min. da cápsula anterior durante os movimentos de chop
horizontal.
VANTAGEM
VANTAGEM
DESVANTAGENS
Posiciona-se o chopper (outro modelo: o quick- Ÿ Não ocorre a confecção de sulcos, o que gera
chopper, um chopper pontiagudo) adjacente à ponteira, economia de energia ultrassônica.
fincando sua ponta no cristalino. Realiza-se um
movimento vertical, em que a ponteira do facoemul- Ÿ O chopper não é passado por baixo da capsulorrexe,
sificador é elevada e o chopper deprimido, ao mesmo havendo menos risco de lesão da cápsula anterior
tempo em que ambos os instrumentos são separados durante os movimentos de chop.
lateralmente, fragmentando o núcleo em dois Ÿ Como os movimentos de chop ocorrem no centro da
heminúcleos. Como ocorre um movimento vertical, esta catarata, é uma técnica muito interessante em casos
técnica também é conhecida como chop vertical. de pupila pequena.
DESVANTAGENS
PRÉ-CHOP
DESVANTAGEM
PRÉ-SLICE
VANTAGEM
CBO 2012
SEÇÃO 5
COMPLICAÇÃOES CIRÚRGICAS
PERIOPERATÓRIAS
COMPLICAÇÕES RELACIONADAS À
INCISÃO
INCISÃO LARGA
Figura 5. Sequência de fotografias ilustrando a técnica de Pré-Slice. As incisões largas associam-se a perdas de BSS pela
Utilizam-se dois choppers de 2,0 mm e ponta romba, os quais são incisão e maior risco de surge/ ruptura da cápsula
posicionados próximo ao equador do cristalino. A seguir os choppers são
deslocados horizontalmente em direção centrípeta um contra o outro,
posterior. Também pode ocorrer hérnia de íris e, caso a
promovendo a fratura do núcleo. Fotografias gentilmente cedidas pelo Dr. incisão não fique corretamente selada, há maior risco
Mansur Saab (USP-SP). de endoftalmite.
VANTAGEM
INCISÃO ESTREITA
Não utiliza ultrassom na fratura, portanto, ocorre menor
dano endotelial e à incisão principal. Incisões estreitas dificultam a entrada e a manipulação
da caneta de faco. Implica em maior risco de
descolamento da Descemet e de queimadura da
DESVANTAGENS incisão.
Ÿ Pode haver desinserção zonular em cristalinos
densos durante o primeiro movimento de quebra,
INCISÃO COM TÚNEL CURTO
pois pode ocorrer rotação brusca do cristalino no
final do movimento. Neste caso, a entrada na câmara anterior é precoce. Há
maior risco de hérnia de íris e de a incisão não ser
Ÿ Há o risco de lesão da cápsula anterior do cristalino, autosselante.
uma vez que os choppers avançam até o equador do
cristalino, abaixo da cápsula anterior.
Figura 7. Incisão com túnel longo. Este tipo de incisão está associada à
dificuldade na manipulação dos instrumentos e maior risco de
queimadura da incisão. Fonte: Thomas Oetting, MD. Disponível em:
https://www.eyeworld.org/article-tackling-wound-construction-issues
INCISÃO SUPERFICIAL
INCISÃO COM TÚNEL LONGO Ocorre por um aquecimento excessivo gerado pela
energia ultrassônica da ponteira, não contraba-
O cirurgião progride muito a lâmina na córnea antes de
lanceado pelo resfriamento decorrente dos fluidos
completar a incisão. Ocorre deformação desta durante
infundidos e aspirados pela caneta. As bordas da
a manipulação cirúrgica e o manuseio dos instrumentos
incisão ficam retraídas e há dificuldade em selar a
é mais difícil, levando à dificuldade para realização da
mesma.
capsulorrexe. Há maior risco de queimadura da incisão.
Fatores associados a maior risco de queimadura da
incisão:
Ÿ Uso excessivo de ultrassom, especialmente no
modo contínuo.
Ÿ Túnel estreito ou longo.
Ÿ Oclusão das vias de aspiração e infusão por
viscoelástico - síndrome da oclusão viscoelástica.
Ÿ Baixos fluxos de irrigação/aspiração.
Medidas para reduzir risco de queimadura da incisão: Complicação potencialmente grave causada pela
manipulação inapropriada dos instrumentos cirúrgicos,
Ÿ Remover excesso de viscoelástico antes de começar
instrumental inadequado, ou por técnica equivocada no
a facoemulsificação, deixar apenas o viscoelástico
implante da LIO. O risco é maior em incisões pequenas e
protegendo o endotélio.
com túnel curto. Descolamentos pequenos e
Ÿ Ponteiras que geram menos atrito com a incisão periféricos, restritos à região próxima à incisão, não
(Kelman ou micro-tip), que tenham refrigeração causam baixa visual e podem ser apenas acom-
lateral e diâmetro menor na área de contato com a panhados.
incisão.
Se optarmos por tratamento, a melhor conduta nos
Ÿ Utilização dos modos Burst e Pulse. descolamentos pequenos é a aplicação de ar na câmara
anterior ao fim da cirurgia. O paciente deve permanecer
em decúbito dorsal nos primeiros dias de pós-
operatório para que o ar mantenha a Descemet
corretamente posicionada.
Descolamentos grandes e que atinjam ou ameacem o
eixo visual necessitam de tratamento; caso contrário
podem evoluir pra descompensação corneana e
necessidade de transplante. As principais opções de
tratamento nestes casos são:
Ÿ Aplicação de gás (C3F8 ou SF6) na câmara anterior.
O paciente deve permanecer em decúbito dorsal nos
Figura 8. Queimadura da incisão. Fonte: Orkun Muftuoglu, MD. Disponível
em: https://crstodayeurope.com/ articles/2017-sep/creating-the- primeiros dias de pós-operatório.
perfect-wound/
Ÿ Sutura transfixando toda a córnea para reposicionar
a Descemet.
HIDRATAÇÃO CONJUNTIVAL
Ÿ Viscoelástico associado a bolha de ar.
Ocorre nos casos de incisões limbares ou
esclerocorneanas em que não se realiza corretamente a
peritomia. Ocorre escape de líquido e acúmulo no ASTIGMATISMO
e s p a ç o s u b c o n j u n t i va l . C o n d u t a : a m p l i a r a
As incisões de 2,75 mm ou menores induzem
peritomia/realizar incisões na conjuntiva para drenar o
geralmente 0,25D ou menos de astigmatismo. Para
líquido.
minimizar o efeito astigmático no pós-operatório, a
incisão pode ser posicionada no meridiano mais curvo
DESCOLAMENTO DA DESCEMET da córnea, para aplaná-lo. As incisões triplanares,
embora geralmente mais autosselantes, induzem mais
astigmatismo que as biplanares e monoplanares.
CBO 2019
Se a capsulorrexe correu, mas ainda é possível enxergar Para evitar essa complicação, devemos lançar mão de
sua borda mais periférica, devemos preencher a câmara algumas estratégias:
com viscoelástico, para aplanar a cápsula anterior e Ÿ Preferir anestesia tópica, pois o anestésico retro ou
eliminar a força vetorial que tende a fazer o rasgo correr peribulbar pode aumentar o desequilíbrio da pressão
ainda mais. Após, o movimento de resgate deve ser intracristaliniana.
realizado, puxando o flap de cápsula em direção ao
centro. Ÿ Aliviar a pressão do blefarostato e utilizar a posição
de Trendelemburg reversa.
Ÿ Utilizar viscoelástico coesivo.
Ÿ Punção com agulha de insulina e aspiração do
córtex liquefeito antes de iniciar a capsulorrexe.
Ÿ Realizar capsulorrexe em espiral, começando por
uma capsulorrexe pequena, que vai sendo ampliada
ao longo da volta até seu diâmetro final.
Ÿ Utilizar laser de femtosegundo para confecção da
capsulorrexe.
CBO 2023
COMPLICAÇÕES NA HIDRODISSECÇÃO
B) Aumentar a pressão na câmara anterior com o uso de Ocorre quando o BSS, que deveria hidrodissecar o
viscoelástico dispersivo, aliviar o blefarostato e mudar espaço entre a cápsula e o córtex do cristalino, é
a posição do decúbito para Trendelemburg. direcionado pro espaço acima da cápsula anterior,
atingindo a zônula e por fim a cavidade vítrea. Ocorre
C) Diminuir a pressão na câmara anterior, imedia- hidratação vítrea, aumento da pressão no segmento
tamente, para impedir piora da complicação. posterior e a câmara anterior fica mais rasa.
D) Fazer uso de metilcelulose, mas evitar o uso de Embora o principal fator de risco para esta síndrome
hialuronato de sódio. seja a hidrodissecção inadequada, o misdirection
Gabarito - A também pode ocorrer durante a facoemulsificação
propriamente dita.
Comentário
Opções de tratamento:
A Capsulorrexe descontínua ocorre quando a abertura
da cápsula anterior se direciona a periferia, podendo se Ÿ Manitol intravenoso para reduzir a pressão vítrea.
estender até o equador ou até a cápsula posterior. O Ÿ Punção via pars plana com aspiração de fluido.
principal fator de risco para esta complicação é o
aumento da pressão intracapsular devido à liquefação Ÿ Vitrectomia via pars plana.
do córtex, principalmente nas cataratas brancas
intumescentes e em cataratas em pacientes jovens. Ao
SÍNDROME DO BLOQUEIO CAPSULAR
perceber no pré ou intra operatório que uma catarata INTRA-OPERATÓRIO
apresenta risco aumentado para a "capsulorrexe correr"
devemos realizar medidas que visam reduzir a pressão Ocorre pelo acúmulo de BSS entre a catarata e a cápsula
intracapsular em comparação a pressão na câmara posterior, que não consegue escapar por haver um
anterior. bloqueio no contato entre o núcleo e a cápsula anterior.
Entre elas: utilizar viscoelástico coesivo (hialuronato de A contínua infusão de fluido em um caso de bloqueio
alto peso molecular); preferir anestesia tópica, pois o capsular pode levar à ruptura da cápsula posterior e
anestésico retro ou peribulbar pode aumentar a pressão luxação do núcleo inteiro para a cavidade vítrea.
intra-cristaliniana; manitol no pré-operatório imediato; Fatores de risco para essa complicação são capsu-
punção com agulha de insulina e aspiração do córtex lorrexe pequena, núcleo muito denso e grande volume
antes de iniciar a capsulorrexe; aliviar a pressão do de líquido injetado.
blefarostato; elevar a cabeceira do paciente (trende-
lemburg reverso) e realizar capsulorrexe em caracol.
Figura 11. Sequência de imagens evidenciando a síndrome do bloqueio capsular intra-operatório. O líquido injetado na
hidrodissecção não consegue escapar por um bloqueio que ocorre pelo contato entre o núcleo e a cápsula anterior do
cristalino. A consequência pode ser a ruptura da cápsula posterior e a luxação do núcleo. Fonte: Luis Escaf MD et al.
Disponível em: https://crstodayeurope.com/wp-content/themes/crste/ assets/downloads/1114CRSTEuro_cs_escaf.pdf
B - Incorreta. O preenchimento com viscoelástico não utilização do cistítimo ainda é bastante comum, e
impede que o BSS se acumule posteriormente e cause a permite fazer capsulorrexes circulares e contínuas.
ruptura da cápsula.
B - Incorreta. A capsulorrexe pode ser realizada em
C - Incorreta. Capsulorrexe pequena e alto volume de sentido horário ou anti-horário, desde que seja circular
líquido são fatores de risco. e continua.
D - Incorreta. A catarata polar posterior está associada C - Correta.
à fragilidade da cápsula e risco elevado de ruptura na
D - Incorreta. A capsulorrexe deve ter entre 5,0 e 5,5
hidrodissecção. Logo, este passo deve ser evitado
mm. Quando ocorre a luxação do núcleo para a câmara
neste tipo de catarata.
anterior, geralmente preconiza-se o reposicionamento
no saco capsular, onde a emulsificação causa menos
CBO 2022 danos ao endotélio. Se o núcleo for mole e o endotélio
saudável, é possível a emulsificação acima do plano da
Sobre o passo cirúrgico ilustrado abaixo, é correto cápsula.
afirmar que:
Ÿ Realizar o estiramento (stretching) da íris com dois circular, diferente dos retratores, com os quais a
instrumentos que empurram a íris em direções pupila fica de formato quadrado ou losango no intra-
opostas. operatório; não causam o efeito de tenda na íris que
os retratores causam em algumas situações. A
Ÿ Dilatadores de pupila (Beehler).
principal desvantagem dos anéis expansores é o alto
custo, visto que a maioria deles é descartável.
Ÿ Esfincterotomias radiais múltiplas com tesoura
vannas.
Ÿ Iridotomia setorial.
Figura 12. Stretching pupilar com o dilatador Beehler (A). Aspecto após a
manobra de dilatação (B). Fonte: http:// www.ijo.in/ viewimage.asp?
img=IndianJOphthalmo l_2017_65_12_1329_21 9865_f7.jpg
Figura 13. A figura (A) mostra ganchos de íris. As figuras de B-D mostram
anéis expansores irianos. (B) Anel de Malyugin. (C) Anel I-Ring. (D) Anel B- Outras medicações podem ter associação com IFIS
Hex ring. Fonte: Soosan Jacob, MD. Disponível em: https://
www.eurotimes.org/small-pupils/
como a Clorpromazina, porém com menor relevância.
Também parecer ser mais comum em hipertensos.
Tríade de sinais:
PROLAPSO DE ÍRIS
Ÿ Flacidez e abaulamento da íris.
Causas:
Ÿ Prolapso da íris pelas incisões.
Ÿ Pupila pequena.
Ÿ Miose progressiva.
Ÿ Manipulação da íris.
Estes pacientes apresentam maior risco de compli-
Ÿ Atrofia iriana pós-uveíte. cações, como ruptura de cápsula posterior, perda vítrea,
Ÿ Olhos com diâmetro axial pequeno (alto hipermé- hifema e perda endotelial.
tropes, nanoftalmos). A intensidade dos sinais não apresenta relação com
Ÿ Câmara anterior rasa. tempo de uso ou dosagem do bloqueador alfa-1-
adrenérgico (reação idiossincrática). A suspensão da
Ÿ Incisão com túnel curto. Esta é a principal causa. A medicação reduz a intensidade da flacidez iriana, mas
melhor solução é suturar a primeira incisão e realizar esta pode nunca desaparecer por completo.
uma nova.
Ÿ Síndrome da íris flácida intraoperatória.
Para minimizar os efeitos da síndrome, algumas A conduta diante deste quadro é separar a íris da
intervenções são possíveis: cápsula com o chopper, igualando as pressões nas
câmaras anterior e posterior, e assim desfazendo o
Ÿ Uso de atropina no pré-operatório.
bloqueio pupilar reverso.
Ÿ Uso intracameral de adrenalina.
Ÿ Incisões com túnel longo. APRENDENDO COM QUESTÕES
Ÿ Usar baixas taxas de fluxo e irrigação para minimizar A) A miose diminui o risco de prolapso da íris.
o prolapso iriano. B) Estiramento da pupila ou esfincterotomias parciais
Ÿ Interromper a irrigação (deixar o pedal no estágio 0) são as técnicas de escolha para o tratamento da miose.
durante a remoção da caneta para evitar o prolapso C) O músculo esfíncter da pupila está hipertônico.
da íris.
D) O tratamento medicamentoso da hiperplasia
prostática é uma das causas possíveis.
SÍNDROME DA RETROPULSÃO DO
DIAFRAGMA IRIDOCRISTALINIANO
Gabarito - D
CBO 2023
A) O bloqueio retrobulbar é preconizado, por apresentar A) A incisão principal ficou com túnel muito longo,
menor risco de complicações. facilitando o prolapso iriano.
B) Deve-se utilizar menor pressão de irrigação na B) Implante de anel expansor de íris (Malyugin) evita o
câmara anterior, para evitar o deslocamento posterior prolapso iriano.
do diafragma irido-cristaliniano.
C) Uso de doxazosina previamente à cirurgia reduziria a
C) A hidrodissecção e hidrodelineação devem ser incidência dessa síndrome.
realizadas de maneira mais rápida e com maior infusão
D) Aumento da pressão na câmara posterior com
de líquido.
viscoelástico dispersivo facilita a resolução do quadro.
D) Deve-se realizar a rotação do núcleo de maneira mais
Gabarito - B
intensa, devido a existência de maior aderência do
córtex à cápsula posterior. Comentário
Gabarito - B Estamos diante de um prolapso iriano, provavelmente
decorrente de um caso de síndrome da íris flácida (IFIS).
Comentário
Vamos analisar as alternativas:
O livro de Cristalino e Catarata da coleção do CBO
A - Incorreta. Incisão com túnel mais longo é um fator
dedica um capítulo inteiro às particularidades da
protetor contra o prolapso iriano.
cirurgia de catarata em pacientes vitrectomizados.
B - Correta. O anel expansor de Malyugin é um dos
A anestesia injetável, por aumentar o volume da órbita,
dispositivos mais utilizados para manter a midríase e
pode reduzir o comprimento da câmara anterior,
evitar o prolapso da íris em casos de íris flácida.
dificultando a cirurgia. Além disso, por tratar-se de
paciente alto míope, o bloqueio retrobulbar está C - Incorreta. A Doxazosina, bloqueador alfa-1-
associado a uma maior chance de perfuração do globo. adrenérgico, é uma medicação sabidamente associada
(A incorreta) à IFIS.
Como o paciente não possui hialóide, há perda do D - Incorreta. A utilização de viscoelástico COESIVO na
suporte vítreo e fragilidade do diafragma iridocris- câmara anterior é um dos recursos para manejar essa
taliniano. A técnica da emulsificação do núcleo menos complicação.
traumática para a região zonular deve ser realizada.
Aumento da flutuação da profundidade da câmara
anterior pode ocorrer, devido à fragilidade do diafragma RUPTURA DE CÁPSULA POSTERIOR
iridocristaliano e pode ser evitada mantendo a garrafa Esta é uma complicação grave e que ocorre em uma
de infusão baixa (B correta). Lembre-se que a síndrome incidência de 0,45 a 14,5% dependendo da experiência
da retropulsão do diafragma iridocris-taliniano é mais do cirurgião e da gravidade do caso. Essa complicação
frequente nesses pacientes. está associada a uma maior incidência de
A hidrodissecção e a rotação do núcleo devem ser descolamento de retina, endoftalmite e edema macular
len ta s e d elica d a s, sem p re co n sid era n d o a cistoide, portanto, muito relevante em termos
possibilidade do toque cristaliano prévio. (C e D prognósticos.
incorretas) Fatores de risco:
Ÿ Pseudoexfoliação.
CBO 2023
Ÿ Catarata polar posterior.
Durante a cirurgia de catarata, observa-se constante
Ÿ Lenticone posterior.
exteriorização da íris pela incisão principal e redução
da midríase. Sobre possíveis fatores de risco e Ÿ Cataratas traumáticas.
condutas nesse caso, assinale a correta dentre as
Ÿ Catarata pós-vitrectomia.
alternativas abaixo:
Gabarito - A
Comentário
Ruptura de cápsula posterior, seus sinais, manejo e
complicações são temas recorrentes na prova do CBO.
A - Correta. A ruptura da cápsula posterior acarreta
risco aumentado de endoftalmite, descolamento de
retina e edema macular cistoide.
B - Incorreta. A caneta de faco só deve ser retirada após
tamponamento da rotura e pressurização da câmara
com viscoelástico.
C - Incorreta. O implante no saco capsular é possível em
roturas pequenas, regulares e centrais. Figura 17. Anel endocapsular Morcher. Fonte:https://www.eyeworld.org/
article-should-ctrs-be-implanted-in-everypxf-patient
D - Incorreta. Os sinais indiretos são: midríase súbita,
aprofundamento da câmara anterior, aumento da
mobilidade do núcleo e dificuldade em emulsificar os Desinserções menores que 90º
fragmentos.
Seguir a facoemulsificação com parâmetros mais
baixos, protegendo a região de diálise com
DESINSERÇÃO ZONULAR viscoelástico. Implantar a LIO no saco para estabilizá-
lo. Pode ser necessário implantar o anel endocapsular.
A desinserção zonular é mais uma complicação
frequentemente cobrada em prova. Pode ser causada Desinserções entre 90 e 120º
por tração excessiva das zônulas durante a Nestes casos é necessário o implante do anel
facoemulsificação ou aspiração do córtex (iatrogênica) endocapsular, mas o momento ideal é controverso,
ou por condições que cursam com fragilidade zonular geralmente seguindo a máxima: "as late as possible but
prévia, como: as soon as necessary", ou seja, devemos implantar o
Ÿ Pseudoexfoliação. mais tardiamente possível, desde que haja segurança
para continuar a cirurgia sem maiores riscos. Isso
Ÿ Trauma porque a introdução precoce estabiliza o saco capsular
Ÿ Alta miopia. durante a facoemulsificação, mas dificulta a remoção
do córtex.
Ÿ Catarata hipermadura.
Ÿ Uveíte.
Ÿ Aniridia.
Ÿ Síndromes de Mar fan, Weil-Marchesani e
Homocistinúria.
As principais consequências/riscos da desinserção
zonular são:
Ÿ Risco de perda vítrea.
Ÿ Risco de ruptura de cápsula posterior.
Ÿ Risco de descentração da LIO no pós-operatório. A
conduta diante de uma desinserção zonular depende Figura 18. Anel endocapsular de Cionni. Este tipo de anel pode ser
da extensão da mesma: suturado na esclera para correção de diálises zonulares maiores. Fonte:
https:// www.aao.org/current-insight/ utilization-of-cionni-mctr
Desta forma, o implante após esta etapa, antes do casos de pupila pequena e de diálise zonular. Na
implante da LIO, é o mais indicado (se houver imagem, observamos um paciente com subluxação
segurança). Existe a alternativa de estabilizar o saco significativa do cristalino, justificando o gabarito letra
capsular com ganchos de cápsula, durante a C, onde está apresentado um anel endocapsular de
facoemulsificação, e implantar o anel endocapsular Cionni, que pode ser suturado na esclera. As
após a remoção do córtex. alternativas A, B e D trazem recursos utilizados no
manejo da pupila pequena.
Desinserções maiores que 120º
A - Anel I-Ring.
Nestes casos, para seguir a facoemulsificação é
necessário suturar o anel endocapsular na esclera (anel B - Anel de Malyugin (o mais popular).
de Cionni). No implante da LIO, o cirurgião deve avaliar a
D - Dilatador Beehler.
necessidade de fixação escleral ou iriana da mesma,
conforme a sua experiência pessoal.
CBO 2023
Obs: rupturas de cápsula anterior ou posterior são Ao final da cirurgia de catarata, foi observada
contraindicações para o implante de anel endocapsular. deiscência zonular localizada entre 5 e 12 horas com
instabilidade do saco capsular. Sobre o implante da
lente intraocular nesse caso, assinale dentre as
APRENDENDO COM QUESTÕES alternativas abaixo a que representa o tratamento mais
CBO 2021 adequado.
Na cirurgia de catarata do paciente cujo exame pé- A) Implante de lente intraocular de PMMA no saco
operatório está demonstrado na figura, qual dos capsular, com as alças posicionadas entre 8 e 9 horas.
dispositivos teria maior chance de ser utilizado?
B) Implante de lente peça única dobrável no saco
capsular.
C) Posicionar uma lente de peça única no sulco com
captura da zona óptica no saco capsular.
D) Utilizar uma lente com garras de fixação iriana na
câmara posterior.
Gabarito - D
Comentário
A conduta frente a uma desinserção zonular irá
A) B) depender majoritariamente da extensão da desin-
serção:
- Se <90°: pode-se prosseguir com o implante de LIO de
3 peças no saco, posicionada com uma das alças no
local da desinserção. EM alguns casos pode ser
necessário o implante de segmento de tensão capsular.
C) D)
anel de tensao capsular
- Se 90-120°: implante de anel endocapsulares e
implante de LIO no saco capsular >120°: em casos de
desinserções mais extensas, como é o caso da questão
Gabarito - C
(210°), não há suporte para implante de LIO no saco
Comentário capsular ou no sulco ciliar. A melhor opão nesses
cenários é a realização de fixação escleral ou iriana da
Questão muito interessante da prova de 2021, que nos
LIO. (D correta)
permitirá relembrar os dispositivos utilizados nos
Estes fatores de risco, associados à hipotonia súbita C) A hemorragia expulsiva se apresenta inicialmente
intra-operatória (desencadeada por uma perda vítrea, com quadro agudo de dor, hipotonia e prolapso de íris e
por exemplo) podem causar a hemorragia, devido à do conteúdo intraocular.
diferença de pressão nos vasos da coróide em relação à
D) Fatores de risco incluem hipertensão arterial
pressão intraocular. Quando a hemorragia se instala,
sistêmica, obesidade e hemangioma de coroide
ocorre aumento súbito da PIO.
associado à síndrome de Sturge Weber.
Sinais:
Gabarito - D
Ÿ Aumento súbito da PIO.
Comentário
Ÿ Hérnia de íris.
Questão interessante sobre hemorragia supracoroidal
Ÿ Câmara subitamente rasa. da prova de 2021.
Ÿ Prolapso vítreo. A - Incorreta. Os casos tardios ocorrem em pacientes
submetidos a hipotonia prolongada.
Ÿ Mudança do reflexo vermelho.
B - Incorreta. É mais comum nas facectomias intra e
Ÿ Dor ocular intensa (sugere hemorragia. Na ausência
extracapsular.
de dor, pode ser um quadro de efusão coroidal).
C - Incorreta. O quadro é precipitado por hipotonia
súbita (ruptura de cápsula e perda vítrea, por exemplo),
Obs: o termo hemorragia expulsiva refere-se à mas quando se instala, o olho torna-se extremamente
hemorragia supracoroidal grave na qual ocorre grande hipertônico.
perda de conteúdo intraocular pela incisão.
D - Correta. Releia mais uma vez os fatores de risco
oculares e sistêmicos da hemorragia supracoroidal.
A conduta diante de um quadro de hemorragia
supracoroidal é preencher rapidamente a câmara DESLOCAMENTO DE LIO, IMPLANTE
anterior com viscoelástico e suturar imediatamente a SECUNDÁRIO, FIXAÇÃO IRIANA E
córnea com fio forte (8-0 ou 7-0). A seguir, o paciente ESCLERAL
deve ser encaminhado ao cirurgião de retina para A subluxação ou luxação completa da LIO para a
avaliar drenagem de coróide no pós-operatório. cavidade vítrea pode ocorrer no intra-operatório ou no
O sangue no espaço supracoroidal coagula rapida- pós-operatório. Geralmente decorre do implante no
mente e pode ser necessário aguardar até 14 dias para saco capsular em caso de ruptura da cápsula posterior
realizar a drenagem. O paciente deve ser acompanhado não percebida ou no caso de implante no sulco ciliar
com ultrassom para avaliar se o coágulo se liquefez e se com suporte capsular insuficiente.
há complicações associadas, como descolamento de Quando ocorre a luxação da LIO para a cavidade vítrea,
retina. devemos evitar manobras intempestivas de resgate,
pois estão associadas a risco aumentado de tração
APRENDENDO COM QUESTÕES vítrea, descolamento de retina regmatogênico,
CBO 2021
hemorragia supracoroidal ou perda do suporte capsular
remanescente.
Assinale a alternativa correta em relação à hemorragia
supracoroidal. Deixar a lente na cavidade vítrea e implantar uma outra
lente não é uma opção segura, estando associada a
A) É uma complicação intraoperatória, porém pode risco de descolamento de retina, edema macular
ocorrer de forma tardia nos casos de hipertensão ocular cistoide e hemorragia vítrea.
prolongada pós-operatória.
B) Ocorre mais frequentemente durante a facoemul-
sificação quando comparado à facectomia
extracapsular.
As lentes mais utilizadas para fixação escleral ou iriana O fio de prolene é puxado para fora do olho, pela incisão
são as lentes dobráveis de 3 peças. Entretanto, existem principal, usando um gancho; a alça trazida para fora é
lentes de PMMA rígidas com alças específicas para cortada e cada metade é suturada em um dos hápticos
passagem do prolene na fixação escleral. da LIO.
A LIO é implantada na câmara posterior e as
extremidades do prolene são suturadas no leito do flap
à Fixação escleral com prolene e flaps esclerais
escleral, fixando a mesma na posição. Em seguida, os
Esta foi uma das primeiras técnicas de fixação escleral flaps e a conjuntiva são suturados, e os nós dos fios
descritas. Consiste na realização de peritomia límbica ficam sob o tecido escleral.
em duas porções diametralmente opostas da
conjuntiva, seguida de cauterização escleral e
confecção de dois flaps esclerais.
à Hoffman pocket
Uma variação da técnica anterior foi descrita por
Hoffman e consiste na criação de "scleral pockets" que
preservam a conjuntiva.
ENDOFTALMITE
Figura 25. Fixação iriana de Lio de câmara posterior. Chang, David. Siepser
slipknot for McCannel iris-suture fixation of subluxated intraocular lenses
J Cataract Refract Surg 2004; 30:1170–1176 © 2004 ASCRS and ESCRS.
D i s p o n í v e l e m : h t t p s : / / w w w. c h a n g c a t a r a c t . c o m / w p -
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TASS Endoftalmite
Primeiras 24h 3 a 7 dias (mais comum)
O prognóstico, em geral, é ruim. Quanto mais precoce o Figura 29. Angiofluoresceinografia evidenciando extravasamento de
diagnóstico e tratamento, maiores as chances de líquido na região foveal com o típico padrão petalóide, associada à
presença de espessamento e acúmulo de cistos na região foveal. Fonte:
evolução favorável. Mais de 50% dos pacientes Jeffrey S. Heier. Disponível em: https://www.reviewofophthalmology.
evoluem com acuidade visual inferior a 20/40 e 20% com/article/ pseudophakic-cystoid-macular-edema
evoluem com acuidade visual de 20/200 ou pior.
A incidência é maior na extração intracapsular, seguida A - Incorreta. A maioria dos casos é subclínico, com
pela extração extracapsular e menor ainda na alterações na angio e no OCT mas sem redução da
facoemulsificação. O edema macular cistoide acuidade visual.
angiográfico/ tomográfico pode ocorrer em 40-70%
B - Incorreta. A incidência é maior na facectomia
dos casos de facectomia intracapsular e em 1-19% das
intracapsular, seguido pela extracapsular. A incidência
extrações extracapsulares. Entretanto, a incidência de
é menor na facoemulsificação.
edema macular cistoide clínico (isto é, com baixa
visual), é de cerca de 2-10% após as intracapsulares, de C - Correta.
1-2% após extracapsulares e ainda menor após
D - Incorreta. Ruptura de cápsula posterior é um
facoemulsificação.
clássico fator de risco para edema macular cistóide.
O risco de EMC pode ser reduzido com o uso pré-
operatório, mas principalmente pós-operatório, de
AINEs tópicos como o cetorolaco ou nepafenaco. Esta CBO 2022
profilaxia é realizada de rotina por muitos cirurgiões, Sobre a prevenção de endoftalmite em cirurgia de
principalmente porque as lentes tóricas e multifocais catarata, assinale a alternativa correta:
(as chamadas LIOs premium) estão associadas a
redução visual significativa mesmo com pequenos A) Em casos de contraindicação à iodopovidona, deve-
edemas. A profilaxia é essencial nos pacientes se utilizar colírio de antibiótico tópico por cinco dias
diabéticos, que possuem risco aumentado de edema antes do procedimento.
macular pós-operatório. B) Os principais fatores de risco incluem
imunossupressão, diabetes, blefarite, conjuntivite,
rotura da cápsula posterior e perda vítrea.
TRATAMENTO
C) O uso intracameral de gentamicina deve ser adotado,
Ÿ AINEs tópicos de 6/6h + Prednisolona 1% tópica de
principalmente nos casos associados a vitrectomia
6/6h.
anterior.
Ÿ Em casos refratários ao tratamento tópico, está
D) Os agentes etiológicos mais frequentes são
indicado o uso de triancinolona intravítrea ou
bactérias provenientes da esterilização inadequada dos
subtenoniana.
materiais cirúrgicos e lentes intraoculares.
Gabarito - B
APRENDENDO COM QUESTÕES
Com relação à ocorrência de edema macular cistóide Questão interessante sobre endoftalmite, complicação
após facoemulsificação, assinale a alternativa correta: mais temida após cirurgia de catarata.