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Direito Constitucional Prático

Casos práticos de 2ºsemestre:

1. Segundo o artigo 284º, a A.R. é que tem a competência de revisão da constituição (nem
pode ser objeto de referedo-art.155º). Segundo o art.285º nº1, vemos que a iniciativa de
revisão, ou seja, a apresentação de um projeto de revisão apenas compete aos deputados
assim como também previsto no art.161º a) e 156º a), ou seja, temos um processo de revisão
diferente de um processo ordinário que se reflete na diferença entre este artigo e o 167º (outros
artigos são exceção a este: daí a nossa constituição ser rígida). Logo, não existe qualquer tipo
de problema formal neste caso de competência. Também convém mencionar que este projeto
pode ser apresentado por apenas um deputado ou vários deles, caso se trate de uma lei de
revisão ordinária (processo desencadeado naturalmente por deputados caso já tenha passado
5 anos), ou seja, caso já tenha passado os 5 anos desde a última revisão, que se encontra
previsto no art.284º nº1 ou por maioria de quatro quintos dos deputados em efetividade de
funções, caso se trate de uma lei de revisão extraordinária, previsto no nº2 deste mesmo artigo.
No caso apresentado, caso estivéssemos a falar agora, em 2020, estávamos a referir-nos a
uma revisão ordinária já que a ultima revisão data de 2004. O problema reside em termos
formais de aprovação desta lei de revisão. Segundo o art.286º nº1 as modificações da
constituição teriam de ser aprovadas, não por maioria absoluta dos deputados (116) presentes
numa sessão, mas sim por maioria de dois terços dos deputados (maiorias qualificadas) em
efetividade de funções, tanto em revisões ordinárias como extraordinárias.

[ NOTA: revisões ordinárias só podem acontecer 1 vez por cada A.R.: pois é só de 5 em 5
anos e já temos nova legislatura. Ex: ultima revisão ordinária: 2017/ 2020- revisão
extraordinária- apos esta revisão os 5 anos continuam desde 2017, não são interrompidos só
pela lei de revisão extraordinária- no caso próxima revisão ordinária seria em 2022.]

Convém agora analisar o conteúdo desta revisão constitucional. No art.288º temos certos
limites materiais de revisão constitucional. Segundo a alínea h), as leis de revisão
constitucional têm de respeitar o sistema eleitoral de representação proporcional. Podemos
também referir o art.113º nº5 que afirma que toda a conversão de votos em mandatos far-se-á
de harmonia com o principio da representação proporcional. Logo, não poderíamos proceder à
alteração para um sistema eleitoral maioritário. Não podemos eliminar este sistema
proporcional mas podemos utilizar outro sistema de método eleitoral em sede de revisão desde
que se mantenha proporcional (art.149º).

Nota: discussão entre se é limite de 1º ou 2º grau: se for de 1º grau a alínea pode ser
eliminada do artigo 288º mas as outras normas de eleição dos deputados não se altera; se
fosse de 2ºgrau já se poderia eliminar e, mais tarde, modificar: Jorge Miranda considera que se
aproxima mais de um limite de 1ºgrau

Segundo o artigo 128º, o mandato do P.R. é de 5 anos. Nada no art.288º proíbe a mudança
do mandato diretamente. É apenas uma questão periódica e não interfere com alínea h) que
diz que o sufrágio tem de ser periódico. [Mas podemos problematizar a situação caso fosse,
por exemplo, 20 anos]

Convém realçar que este artigo 288º pode ser encarado de 3 formas: limites materiais
ilegítimos, ou seja, temos uma certa geração a dizer que a geração seguinte não pode alterar
os pontos previstos nem em revisão constitucional, o que pode ser visto de certa forma como
uma injustiça; limites legítimos e absolutamente necessários para manter a identidade da
constituição, temos assim de os respeitar; e a posição intermedia defendida, por exemplo, por
Jorge Miranda, que afirma que é importante ter estes limites e respeitá-los mas é possível
alterá-los: distingue-se limites de 1ºgrau e de 2º grau (poderes constituídos) para aplicar ao
designado duplo processo de revisão- os de 1ºgrau nunca se podem alterar e as de 2ºgrau
podem: um limite teria um duplo processo de revisão em que seria eliminado numa primeira
fase e numa segunda fase já não temos aquele entrave na revisão logo podemos modificar o
texto constitucional. No caso, a alínea b) nunca poderia constituir um limite de 2ºgrau logo não
se poderia, numa segunda fase, alterar a forma republicana. No entanto, a eliminação desta
alínea b) é possível pois não significa que deixamos de ter uma república, significa sim que
deixamos de ter a forma republicana como limite material de revisão. Nunca é que numa
segunda revisão se pode alterar essa forma: ela tem de ser respeitada [era diferente caso se
tratasse de um limite de 2ºgrau]

Normalmente, quando o P.R. recebe um diploma da A.R. ou do Governo ele tem 3 hipótese:
promulgar, vetar politicamente ou enviar para o tribunal constitucional. No entanto, segundo o
art.286º nº3, no caso de lei de revisão, o P.R. não pode recusar a promulgação, ou seja, é
obrigado a promulgar não tendo, assim, outra escolha neste caso (art.136º não esquecer-
lacuna temporal nesta promulgação). No entanto, convém realçar que se tem assistido a
discussão entre por exemplo, algo que chega ao P.R. que não cumpra limites formais ou
materiais, ou seja, algo inconstitucional- JM abre a hipótese do P.R. devolver o decreto à A.R.-
em casos extensivos de violação das normas constitucionais: não se pode mandar para o
Tribunal mas o P.R. pode enviar de novo para a A.R. com uma mensagem]

Segundo o artigo 289º, em termos de limites circunstanciais da revisão, nenhum ato de


revisão constitucional pode ser praticado na vigência de estado de sitio ou de emergência, ou
seja, em casos de exceção constitucional pois não são situações de tranquilidade para se
proceder a uma revisão (remetemos para o art.19º). No entanto, numa situação em que a única
coisa que falta é a publicação da revisão (art.119º nº1 a)- neste caso não é referenciado pelo
1ºministro- previsto no art.140º: governo não tem competência, não faria sentido), quando são
declarados estes estados de exceção, a doutrina diz-nos que se pode publicar pois é já um ato
formal que não vai ser reprovado pela instabilidade do estado de sítio ou emergência. Logo, no
caso apresentado, como só faltava a sua publicação, poderia proceder-se a ela (Jorge Miranda
e Gomes Canotilho abrem essa hipótese).

2. Primeiramente, segundo o art.174º nº2 o período normal de funcionamento da A.R.


decorre de 15 de setembro a 15 de junho. Ou seja, à partida a A.R. não estaria em
funcionamento a 1 de agosto. Segundo o nº3 desse mesmo artigo, estaria em funcionamento a
Comissão Permanente que vem prevista no artigo 179º. No caso, a Comissão permanente não
tem competência para levar para a frente uma lei de revisão, isso é da exclusiva competência
da A.R. como previsto no art.284º e 285º nº1. No caso, o artigo 179º nº3 c) permite a esta
comissão convocar a A.R. caso se torne necessário. Realçar também que em 1976 estaríamos
a lidar com um revisão ordinária prevista no art.284º nº1.

Caso a A.R. tivesse no normal funcionamento, convém analisar a situação ao nível das
aprovações. O artigo 286º nº1 refere que as modificações da constituição tem de ser aprovadas
por maioria de dois terços dos deputados em efetividade de funções e não pela maioria dos
deputados (116). No caso, 160 votos em favor cumprem o estipulado. Ao nível de conteúdo,
seria algo impensável prescindir a incapacidade eleitoral passiva dos cidadãos com menos de
25 anos ou com mais de 70 pois isso seria ir contra o direito de sufrágio universal previsto no
artigo 49º como DLG que não pode ser objeto de revisão segundo o art.288º d), algo que não
pode ser objeto de revisão constitucional segundo o art.288º alínea h). Poderia pôr também em
risco o regime democrático em si previsto no artigo 2º e o exercício do poder politico pelo povo
previsto no art.10º nº1. Estaríamos, assim, a desrespeitar o principio da constitucionalidade
previsto no art.3º nº2, dizendo que o estado se deve subordinar à constituição. Também
poderíamos discutir o caso da violação do principio da igualdade previsto no art.13º.

[Nota: sempre referir as teses de revisão constitucional- 1º grau e 2º grau]

No caso de lei de revisão, segundo o art.286º nº3, o P.R. não pode recusar a sua
promulgação. Ou seja, em casos normais ao receber um diploma da A.R. ou governo o P.R.
teria 3 opções: promulgar, vetar politicamente ou enviar para o T.C.. No caso de revisão não
tem opção de escolha: é obrigado a promulgar pois a A.R. é um órgão representativo e o P.R.
não: neste caso o P.R. cede à A.R.. O P.R. não pode pedir a fiscalização do diploma antes de
ele ser publicado. Após isso já se poderá proceder a uma fiscalização.
Como este artigo nada nos diz sobre o tempo de promulgação temos de admitir que existe
uma lacuna constitucional. No caso da existência de uma norma com lacuna, segundo o artigo
10º do Código Civil, ela tem de ser resolvida por função que o interprete faria como legislador
dentro de uma coerência sistemática ou com um caso análogo. Neste caso, temos um caso
análogo no art.136º nº2, que nos diz que o P.R. deve promulgar o diploma em oito dias. Ou
seja, não poderia levar semanas para o fazer. Como já referido anteriormente, o P.R. não pode
alterar a lei de revisão já que não tem competência para tal e apenas tem de a promulgar.

[NOTA: No entanto, tem sido desenvolvido doutrinas em que se defende o que o P.R. pode
fazer caso, por exemplo, algo que lhe chegue não cumpra limites formais: JM abre a hipótese
do P.R. devolver o decreto à A.R. em casos extensivos de violação das normas constitucionais:
não se pode mandar para o Tribunal mas o P.R. pode enviar de novo para a A.R. com uma
mensagem. Ou seja, em caso de formalidade- teses em que o P.R. pode enviar mensagem à
A.R. a devolver o projeto de revisão: mas em termos de conteúdo não se põe esta hipótese
porque isso seria dar o poder de fiscalizar ao P.R. algo que é da competência da A.R..]

Em 15 de outubro, a A.R. já estaria em normal funcionamento logo poderia já exercer as suas


normais competências. No entanto, a A.R. não tem competência de decidir em relação a algo
que está expresso pela constituição. A constituição expressa que as alterações constitucionais
têm de ser promulgadas pelo Presidente da republica e não pelo presidente da assembleia.
Isso seria retirar poderes ao P.R. e afetar o núcleo de separação de poderes. Nenhum órgão
pode retirar certos poderes a outros arbitrariamente. Isso seria ir contra o art.111º nº2.

Relembrar novamente que em agosto a A.R. não se encontra em período de funcionamento


normal, ou seja, estas modificações não poderiam ter sido aprovadas já que, segundo o
art.286º nº1 é necessário a aprovação por maioria de 2 terços dos deputados em fetividade de
funções.

O Tribunal Constitucional não tem competência de fiscalização antes desta ser publicada.
Após a sua publicação, já se poderia proceder a uma análise da constitucionalidade daquela
lei, uma fiscalização abstrata prevista no art.281º nº2 a).

4. a) Teremos de nos pronunciar acerca do procedimento legislativo parlamentar nas suas 5


fases para analisar todo o caso. Em termos de iniciativa e de apreciação, sabemos que
existiram mas não temos nenhuma informação da sua decorrência no caso apresentado.

Passamos, assim, para a 3ªfase de discussão e votação. Primeiramente, temos de analisar a


competência da AR analisando o art.164º e art.165º. Neste caso, adequa-se o art.165º nº1 s)
(lembrar que estas associações são: ordem dos médicos; advogados, etc..). Ou seja, a AR
tinha competência de aprovação deste regime, podia votar este novo regime sendo que,
eventualmente, poderia ser o governo a votar caso existisse uma lei de autorização.

Temos agora de analisar os quóruns para ver se a AR poderia aprovar a lei com o número de
votos apresentado. Começando pelo quórum de funcionamento da AR, esta pode abrir já que
tem mais de 46 deputados presentes. Ao nível do quórum deliberativo em sentido amplo não
está cumprido pois no caso diz que estavam presentes 100 e é necessário para funcionamento
de deliberações pelos menos 116 deputados, ou seja, maioria absoluta dos deputados em
efetividade de funções como previsto no art.116º nº2. Logo concluímos que não poderia haver
uma votação de diplomas.

No entanto, a pesar da inconstitucionalidade, este diploma foi enviado para o PR. Entramos
assim na 4ªfase: a de controlo. Nesta fase, o PR fiscaliza o diploma e tem 3 hipóteses segundo
o art.136º: promulgar; vetar politicamente ou enviar para o TC.

No caso apresentado decidiu enviar para o TC. Esta fiscalização pelo TC é uma fiscalização
preventiva sendo que o PR tem de obedecer ao princípio do pedido e dizer os artigos do
diploma que são institucionais por violação de que artigos da constituição. No entanto, segundo
o art.278º nº3, o PR teria de enviar o diploma em oito dias e não em quinze. Ou seja, excedeu
o prazo de envio para o TC.
Supondo que o diploma teria sido enviado no prazo certo, o TC proferiu um acórdão de
pronúncia declarando que o diploma era inconstitucional. Deste modo o PR não o pode
promulgar e tem obrigatoriamente de enviar novamente o decreto à AR.

Quando o decreto é devolvido à AR, esta pode confirmar o diploma, o que acabou por se
verificar. Deste modo, é necessária uma maioria qualificada para esta confirmação como
previsto no art.279º: maioria de 2/3 dos deputados presentes, desde que superior à maioria
absoluta dos deputados em efetividade de funções (superior a 116 deputados, ou seja, pelo
menos 117 votos). Neste caso, na confirmação, verificaram-se 116 votos, o que se revela
insuficiente já que não é superior à maioria absoluta dos deputados presentes.

O PR não se deveria sentir obrigado a promulgar já que o diploma não cumpriu os requisitos
previsto no art.279º. Para além disso, o PR ainda pode recorrer ao veto político já que
inicialmente enviou para o TC ( NOTA: Se o PR, numa primeira fase, vetar politicamente, numa
segunda fase não poderia enviar para o TC.).

A seguir à promulgação ainda temos a referenda ministerial deste ato de promulgação. Só


com a promulgação e referenda é que podemos dizer que temos uma Lei da AR. Numa 5ªfase,
de integração de eficácia, tem de haver a publicação em Diário da República desta Lei. Só com
esta publicação é que o diploma pode entrar em vigor (não podendo entrar em vigor no mesmo
dia da publicação).

b) Quando o diploma é considerando inconstitucional pelo PR , a doutrina discute se o PR


deve promulgar. Por exemplo, Gomes Canotilho prevê uma hipótese de não promulgação,
desde que seja enviada uma mensagem à AR (não previsto na CRP).

Admitindo que a promulgação é obrigatória, não está previsto nenhum prazo no art.136º, no
entanto aplica-se por analogia o art.136 nº1 (apenas fala do veto político e da promulgação;
mas não se fala da promulgação após envio para o TC)

c) Também com o veto politico, a AR pode confirmar o diploma: art.136º nº2 e nº3

5. No caso apresentado, teremos de analisar o procedimento legislativo parlamentar


composto por 5ºfases. Este processo tem como 1ªfase a iniciativa que é o que desencadeia
todo o processo. É um impulso inicial para um diploma. Podemos ver quem tem esta iniciativa
no art.167º: podemos distinguir a interna da externa. A interna é dentro da AR, ou seja, são os
diplomas apresentados pelos grupos parlamentares ou deputados designados projetos de lei. A
externa refere-se a órgãos externas da AR, diplomas apresentados pelo Governo ou ALR
designados de propostas de lei. No caso apresentado, fala-nos de proposta de lei logo
podemos concluir que foi um diploma apresentado por um destes órgãos. À partido concluímos
que a proposta terá sido apresentada pelo governo já que é uma matéria de interesse nacional.

Em termos da 2ªfase, a de apreciação, podemos retira-la quando diz “depois de uma longa
discussão em comissão” já que, nesta fase, existe uma apreciação interna da proposta
apresentada por uma Comissão especifica da AR. Após essa discussão, passa-se à terceira
fase.

O que mais nos interessa no caso é a 3ªfase: Discussão e votação prevista no art.168º. As
iniciativas são sempre discutidas em AR. A competência de aprovação da AR está prevista nos
artigos 164º e 165º. Nesta fase podemos distinguir 3 momentos como podemos ver no nº1 e
nº2: uma votação e discussão na generalidade onde se discute em termos gerais a solução
politica do que virá a ser uma lei; votação e discussão na especialidade onde se discute alínea
a alínea, artigo a artigo; votação global final onde já não há momento de discussão: é onde se
vota na resolução final para ver se esta será aprovada ou não. No caso apresentado refere-se
ao primeiro momento: votação e discussão na generalidade. Este primeiro momento em
principio é feito em Plenário. Apenas o segundo momento é apreciado em Comissões
Particulares da AR que por vezes também pode ser apreciado em Plenário se debruçar numa
dada matéria especifica do art.168º nº4. Se este procedimento não for aprovado na
generalidade extingue-se.
Em termos de conteúdo desta proposta, vemos que a AR tem competência de aprovação
desta matéria no art.164º a). Esta alínea reveste-se de lei orgânica como previsto no art.166º.
No caso de ser uma lei orgânica, a segunda fase terá de ser feita em Plenário como consta do
art.168º nº4: constitui-se como uma exceção.

Em termos de maiorias, podemos distinguir maioria simples onde basta 1 voto a mais num
sentido do que o outro de uma maioria qualificada que pode ser absoluta (50% +1); 2/3, 4/5…
Como regra geral, temos o art.116º onde está previsto o quórum deliberativo. Devemos referir
primeiramente o quórum de funcionamento da AR, previsto no Regimento da AR no art.58º nº1,
em que têm de estar presentes 1/5 dos deputados, ou seja, 46 deputados para abrir a AR.
Voltando ao art.116º, no nº2 temos o quórum deliberativo em sentido amplo em que só se
procede a votação caso estejam presentes maioria absoluta dos deputados em efetividade de
funções, ou seja, 116 deputados têm de estar presentes. No nº3 temos previsto o quórum
deliberativo em sentido estrito em que precisamos de saber, na prática, quantos votos a favor
temos de ter. A regra geral é o art.116º nº3 que prevê uma maioria simples: basta 1 voto a mais
num sentido do que noutro. No entanto, existem exceções. Para além disso, em termos de
ultimo momento, como se reveste de uma lei orgânica, na votação final global teria de ser
aprovada por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções, como previsto no
art.168º nº5. Caso se mostrasse cumprido teríamos um decreto da AR e não uma lei pois ainda
faltam passos a seguir.

Importa agora analisar a 4ªfase: de controlo. O decreto é enviado pelo PAR para o PR para
este proceder à sua fiscalização. Como previsto no art.136º nº1, o PR pode: promulgar; vetar
politicamente ou enviar para o TC. No caso apresentado, o PR anunciou a recusa de
promulgação devido à inconstitucionalidade do decreto que violava limites da revisão
constitucional. No caso, o PR poderia escolher o veto politico já que não concorda com o
decreto enviado. Segundo o art.136º nº1, se vetar politicamente este tem de enviar de novo o
diploma para a AR com uma mensagem a explicar o veto no prazo de 20 dias.

Perante o veto do PR, a AR pode confirmar ou não. Segundo o art.136º nº2, caso a AR
confirme o voto por maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções, o PR deverá
promulgar o diploma no prazo de oito dias. No entanto, o nº3 desse mesmo artigo dá-nos
exceções a esta regra. No caso, o decreto é sobre a eleição dos deputados à AR, uma lei que
se reveste orgânica. Logo seria necessário a maioria de 2 terços dos deputados presentes,
desde que superior à maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções para a
confirmação deste decreto. No caso, não temos números em concreto, só podemos supor.

A AR confirmou após o PR vetar politicamente. Caso ele vete politicamente primeiro nõa
pode, posteriormente, enviar para o TC. Apenas o poderia fazer de inicio. Ou seja, só poderia
enviar para o TC numa primeira fase e, numa segunda fase, já poderia vetar politicamente.
Mesmo que pudesse, estariam excedidos os dias para o seu envio, segundo o art.279º nº3. Daí
que o PR só poderia promulgar obrigatoriamente o decreto.

No caso de fiscalização preventiva, o TC profere um “acórdão de pronuncia”: pronuncia-se


sobre a inconstitucionalidade ou não dos diplomas. No caso do diploma ser inconstitucional, a
AR tem 4 opções: nada faz; expurga; reformula todo o diploma ou confirma. Isto é muito
discutido pela doutrina. Por exemplo, Jorge Miranda afirma que se a AR pode confirmar um
diploma que é inconstitucional também o pode reformular. No caso, esta decide reformular
todo o diploma. Caso não o tivesse feito, o PR só poderia promulgar nos termos de art.279º
nº2: se a AR decidisse confirmar teria de obter a confirmação por maioria de 2 terços dos
deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos deputados em efetividade de
funções para o PR ter de promulgar.

O decreto foi promulgado após o PR receber um diploma diferente do anterior (teria na


mesma as 3 opções) e terá de, posteriormente, ser referendado ministerialmente. A referenda
ministerial está prevista no art.140º. O que é objeto de referenda ministerial é o ato de
promulgação de PR e não o diploma em si. Caso não se realize esta referenda ministerial, de
acordo com o estipulado no art.140º nº2, a falta de referenda determina a inexistência jurídica
do ato, ou seja, determina a inexistência da promulgação. Sem esta referenda não podemos
dizer que o decreto da AR é uma Lei.

6. No caso apresentado fala-nos em “projeto de lei” o que nos leva a concluir que a iniciativa
do diploma, prevista no art.167º, foi feita internamento por um grupo parlamentar ou deputados.
Importa neste caso analisar a competência legislativa da AR, ou seja, os artigos 164º e 165º.
Nestes artigos temos previsto, respetivamente, uma reserva absoluta e uma relativa. Em
termos de reserva relativa, temos matéria concorrencial, ou seja, a AR pode legislar e, através
de uma autorização legislativa, o governo também. No art.198º nº1 a); b) e c) temos previstas
as matérias legislativas do governo e parece-nos que tudo que ele pode legislar também pode
ser legislado pela AR. No entanto, existe uma exceção prevista no nº2 desse mesmo artigo que
nos diz que é da exclusiva competência legislativa do governo matéria respeitante à sua
própria organização e funcionamento. Convém, nesta perspetiva, mencionar o artigo 183º nº3.

Ou seja, no caso apresentado, a AR não teria competência de dissolver um ministério já que


isso é matéria respeitante ao governo onde só ele pode legislar. Também como não podem
dissolver um ministério não podem criar um. Essa matéria compete apenas ao governo. Neste
caso, entramos no procedimento legislativo governamental. O conselho de ministros é quem
aprova os decretos leis (importante para o procedimento legislativo). O conselho de ministros
ou aprova propostas de lei ou decretos-leis o que significa que quando estamos num caso de
procedimento legislativo governamental significa que, quando a AR recebe uma proposta de lei
do governo, esta já passou por este procedimento legislativo. Logo temos sempre de ter em
mente que para a proposta em si ser criada temos de ter em conta o procedimento legislativo
governamental, votada em Conselho de ministros e, só posteriormente, será enviada para a AR
para se proceder ao procedimento legislativa parlamentar. Caso se trate de decretos-lei já é
diferente: são enviados para o PR, ou seja, como uma fase de “controlo”. Podemos ter
decretos-lei: autorizados (Art.198º nº1 b) relacionado com o art.165º); de desenvolvimento
previstos na alínea c) do art.198º que pressupõe a existência de uma lei de base; concorrencial
previsto no art.198º nº1 a) e, o que nos interessa para o caso, um decreto em matéria
reservada que consta do art.198º nº2: só o governo pode legislar.

NOTA: Decreto de lei 169-B/ 2019, 3/12: é a lei orgânica do governo na prática consagrando a
sua organização e funcionamento: arts.46º e seguintes: procedimento legislativo
governamental: criou mais fases dos que as previstas no esquema do sigarra- No art.48º diz
que há 7 fases: 1º fase- calendarizar aquilo que vai ser discutido e aprovado na sessão
legislativa seguinte, havendo sempre uma ordem de prioridade legislativas; 2ºfase: avalia-se o
impacto legislativo: art.54º e 55º: estima-se que benefícios e encargos aquelas nova legislação
vai trazer; 3ºfase: existe uma iniciativa setorial de cada ministério, compete as membros do
governo enviarem as propostas de lei ou decretos e todos os projetos de regulamentação
assim como os pareceres necessários ao secretario de estado da presidência do conselho de
ministros; 4ªfase: o secretario de estado aprecia os projetos legislativos e depois circula-os por
todos os gabinetes, todos os membros do governo para este ser apreciado por todos; 5ªfase:
primeiro os projetos são analisados em reunião de secretários de estado e, posteriormente, em
sede de conselho de ministros;….

7. Teremos de atender ao procedimento legislativo parlamentar. Em termos de 1ªfase,


temos a iniciativa legislativa prevista no art.167º que pode ser interna ou externa. Interna está
relacionada com projetos de lei apresentados por grupos parlamentares ou deputados, ou seja,
membros dentro da AR. Externa está relacionada com órgãos externos à AR que apresenta
propostas de lei, ou seja, com o governo e as ALR. À partida, as ALR podem apresentar uma
proposta de lei como podemos ver no art.227º f). No entanto, este remete-nos para o art.167º
nº1 que nos diz que a iniciativa legislativa nas ALR compete-lhes apenas ao que concede às
próprias regiões autónomas. Ou seja, é uma iniciativa especifica e reservada já que só podem
apresentar propostas de lei sobre matérias regionais e não nacionais como é o caso dos
estados de exceção. Convém também mencionar o art.226º nº1 e art.227º nº1 b).

Em termos de 2ªfase, a apreciação: o caso nada nos diz sobre ela mas pressupomos que
aconteceu.
Passamos, então, à 3ªfase: Discussão e votação. Importa perceber se é da competência da
AR aprovar uma proposta de lei sobre o estado de sitio ou de emergência. Teremos então de
analisar os artigos 164º e 165º. No caso, segundo o art.164º e), a AR tem competência
legislativa neste aspeto. É a única a tê-la. Importa depois analisar o art.166º para saber a
forma dos atos. Segundo o nº2 deste artigo, temos uma lei orgânica: lembrar que tem um
procedimento diferente, que já irá ser falado.

Nesta 3ªfase, é importante analisar o art.168º. Segundo o nº2 deste mesmo artigo, podemos
distinguir 3 momentos diferentes: 1º momento corresponde a uma votação na generalidade, ou
seja, discute-se em termos gerais a proposta apresentada; 2º momento corresponde a uma
votação na especialidade onde se discute alínea por alínea, artigo por artigo; 3º momento
corresponde a uma votação final global onde já não há momento de discussão e onde se vota
definitivamente se a proposta vai para a frente ou não. O caso faz referência à votação na
especialidade que, em principio, é discutida em comissões como previsto no nº3 do art.168º.
No entanto, existem exceções. No caso, o estado de sitio e de emergência são exceções
previstas no nº4 desse mesmo artigo já que fazem parte das alíneas assinaladas. Logo, neste
caso, esta matéria teria de ser discutido em Plenário obrigatoriamente.

Importa aqui analisar os quóruns de funcionamento para se saber se a AR poderia aprovar


esta proposta. Primeiramente convém mencionar o de funcionamento da AR previsto no seu
regimento que está cumprido. Estes quóruns estão previstos no art.116º: temos, no nº2, o
quórum de funcionamento de tomada de deliberações que prevê que a AR só pode discutir e
votar uma proposta caso esteja presente a maioria absoluta dos deputados, ou seja, 116
deputados. Pelo enunciado, concluímos que este quórum estava revestido e que se poderia
proceder às deliberações. Importa ainda analisar o nº3 que se refere ao quórum deliberativo.
Este nº3 constitui a regra: as deliberações dos órgãos colegiais são tomadas em maioria
simples, ou seja, é necessário apenas haver mais 1 voto num sentido do que noutro para
termos uma decisão da proposta. Neste caso, esta pluralidade de votos confirma-se. Logo, à
partida, a proposta poderia passar à próxima fase.

No entanto, teremos de olhar para as exceções existentes na Constituição. Não podemos


esquecer que esta proposta reveste-se de lei orgânica. Segundo o art.168º nº5, as leis
orgânicas, ao nível da votação final global, têm de ser aprovadas por maioria absoluta dos
deputados em efetividade de funções. Até poderia ser aprovada com 110 votos a favor ao nível
da votação na especialidade mas, ao nível da votação final global, teria de ser aprovada por
116 deputados, algo que não se verifica no caso apresentado.

Caso se mostrassem verificados os pressupostos, passaríamos para a 4ªfase: Controlo.


Nesta fase, o chamado “decreto da AR” é enviado para o PR. Este tem 3 hipóteses: pode
promulgar; vetar politicamente ou enviar para o TC. Como estipulado no nº1 do art.136º, o PR
tem 20 dias apos a receção do diploma ou da declaração da inconstitucionalidade pelo TC para
vetar politicamente ou promulgar. No caso apresentado, o PR decidiu vetar politicamente.
Inicialmente, não se verifica qualquer problema visto que o fez passado 2 dias. No entanto, no
caso das leis orgânicas, o PR nunca pode exercer o veto logo passado 2 dias já que outros
podem requerer a fiscalização da constitucionalidade como previsto no art.278º nº4. Segundo o
nº6, os previsto no nº4, têm 8 dias para poder requerer a fiscalidade, logo o PR só pode vetar
depois de se ter passado esse prazo.

Caso o PR decida vetar terá posteriormente de devolver o decreto à AR com uma mensagem
fundamentada como previsto no art.136º nº1: algo que se apresenta verificado. O PR pode
vetar politicamente por motivos de mérito, oportunidade jurídica. No caso de o PR vetar
politicamente, o veto não é absoluto já que a AR pode confirmar (pode também nada fazer ou
reformular o documento) e, como estipulado no art.136º nº2, caso a AR confirme o PR tem
obrigatoriamente de promulgar. No entanto, para haver esta confirmação por parte da AR,
devido a se tratar de uma lei orgânica, é exigida uma maioria de dois terços dos deputados em
efetividade de funções (pelo menos mais que 117) como estipulado no nº3 do art.136º. Como
isso não se verifica, não poderia haver uma confirmação por parte da AR. Supondo que a
maioria qualificada estaria cumprida, ao chegar ao PR ele teria de promulgar obrigatoriamente
como previsto no art.136º nº2, pois não o poderia enviar para o TC já que já tinha usado o veto
político. Com esta promulgação, teríamos uma Lei da AR que teria de ser publicada e,
posteriormente, entraria em vigor.

O governo nunca poderia legislar sobre esta matéria porque, como já vimos, ela é exclusiva
da AR como previsto no art.164º e) de reserva absoluta, logo o governo não teria competência
para fazer um decreto-lei nesta matéria: temos uma inconstitucionalidade orgânica. O governo
só em reserva relativa é que poderá legislar por autorização da AR. Para além disso, mesmo
que pudesse, neste caso de revogação, importa analisar o art.112º que consagra os atos
normativos. No nº1 temos previsto o principio da tipicidade da lei: existem 3 tipos de atos
legislativos: lei da AR, decretos-lei e decretos legislativos regionais. Segundo o nº2 desse
mesmo artigo, as leis e os decretos-lei têm igual valor (principio da paridade). No entanto, este
nº2 só se aplica quando falamos em matéria concorrencial e não em matéria absoluta da AR.
Caso fosse uma matéria concorrencial ou relativa, teriam o mesmo valor mas caso se
verificasse ser uma lei orgânica teríamos de olhar para o nº3 onde vemos previsto que as estas
leis, como o caso desta Lei da AR, têm valor reforçado. As leis de valor reforçado não podem
ser revogadas por atos inferiores. Ou seja, um decreto-lei não poderia revogar esta Lei
considerada uma lei de valor reforçado.

8. Importa, neste caso, fazer referência ao procedimento legislativo regional. Não esquecer
que as RA têm autonomia politica própria com órgãos próprios. Têm competência para fazer
decretos legislativos regionais as RA segundo o art.227 nº1 a) a c). Nas RA existe: ALR e o
governo regional. Segundo o art.232º nº1, a competência de aprovação destes decretos é da
ALR. Para aprovação deste decreto, teremos de analisar maiorias necessárias. No caso,
segundo o art.116º nº2, são necessários 116 deputados para haver deliberações e, segundo o
nº3, para aprovação é necessário maioria simples: haver 1 voto a mais num do que noutro. No
caso, não temos informações concretas de votos a favor e contra, só temos a informação da
“maioria absoluta”. Não seria necessário esta maioria absoluta.

No entanto, temos um problema ao nível do conteúdo deste decreto. A ALR, no caso dos
Açores, pode legislar ao nível de matérias regionais como previsto no art.227º nº1 a) e,
segundo o nº2, pode legislar ao nível de matérias de reserva relativa da AR mediante
autorização desta. No entanto, não pode legislar em matéria de competência absoluta da AR:
no caso, como previsto no art.164º c), esta matéria de organização e funcionamento de TC é
exclusiva da AR. Convém também analisar o art.228º: consagra um limite negativo já que
esta não pode legislar sobre matérias reservadas à competência dos órgãos de soberania
(olhar sempre para 164º,165º e 198º) e um limite positivo: só legislar sobre as matérias
enunciadas no respetivo estatuto político-administrativo.

Caso tivessem revestidos os pressupostos, o diploma é enviado para o representante da


república, segundo o art.233º nº1. Segundo o nº2 deste mesmo artigo, o RR pode, no prazo de
15 dias, assinar; vetar politicamente ou enviar para o TC. Ou seja, ele não tem o poder de
promulgar pois esse ato é exclusivo do PR.

No entanto, no caso, este decide enviar para o TC. Ao nível de prazo, segundo o art.278º nº8,
o TC teria 25 dias para se pronunciar logo não poderia ser nos 30 dias subsequentes. Para
além disso, o TC só se pode pronunciar pelas normas que o RR teria considerado
inconstitucionais, como previsto no art.51º nº5 da lei do TC: pode usar outra fundamentação
mas sempre debruçado nestas normas que foram requeridas em fiscalização pelo RR. Logo
não poderia, por exemplo, o RR dizia “solicito ao TC a prevenção preventiva os artigos x, y do
decreto X/motivo: violam o principio da igualdade”, o TC poderia considerar inconstitucionais
mas dizer que este violavam era o principio da proporcionalidade, por exemplo. No pode é
acrescentar artigos que também considera inconstitucional. Nestas circunstâncias, o RR
apenas tem a hipótese de vetar politicamente e enviar uma mensagem à ALR com uma
explicação como previsto no art.233º nº2 no final. Como previsto no nº3, caso a ALR confirma-
se o voto por maioria absoluta dos seus membros em efetividade de funções, o RR teria de
assinar o diploma no prazo de 8 dias. No entanto, nada nos diz que isso aconteceu no caso
apresentado.
9. Em relação à iniciativa legislativa, a RA da Madeira tem iniciativa de legislar nos seus
estatutos politico administrativos como previsto no art.226º nº1/nº4. Nem a AR, nem o governo
podem ter a iniciativa de legislar nesta matéria reservada às ALR da, no caso, Madeira. Coisa
diferente, é a competência de discussão e votação desses estatutos: essa competência
pertence à AR como previsto no nº3 do art.226º e essencialmente no art.161º b). A AR até
pode rejeitar o projeto mas tem o remeter sempre à ALR para apreciação e emissão de parecer
como previsto no art.226º nº2. A constituição não estabelece prazos de pronuncia pela AR,
nem pela pronuncia de ALR.

Importa agora entender qual o numero de votos a favor temos de ter para estas alterações
serem aprovadas. Não esquecer, que os estatutos políticos administrativos ao abrigo do
art.112º nº3 segunda parte têm o caráter de lei de valor reforçado. Primeiramente, convém
sempre ter em conta o art.116º que é a regra de aprovação: maioria simples, como previsto no
nº2. No entanto, segundo o nº3 temos exceções. Neste caso, convém ter em conta 2 artigos: o
art.164º j), inserindo-se nesta alínea reflete o carater de lei orgânica: aprovação agravada
prevista no art.168º nº5. Teremos de analisar se esta alínea j) se enquadra aqui. No art.5º da
lei eleitoral temos algumas incompatibilidades. No entanto, os impedimentos estão
predominantemente presentes no art.37º dos estatutos politico administrativos das RA.
Poderíamos discutir se este artigo se aplica no nosso caso. Importa também analisar o art.168º
nº6 f): teria de ser aprovado este projeto por maioria de dois terços dos Deputados presentes,
desde que superior à maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções. No entanto,
esta alínea refere-se a matérias que integrem o respetivo poder legislativo. No caso
apresentado, ele diz-nos que “da qual constavam algumas normas em matéria de
incompatibilidades e impedimentos dos deputados regionais”, logo parece-nos que este artigo
não se aplica aqui. Poderíamos discutir se aplicaríamos a maioria simples ou uma maioria
qualificada baseada no art.164º j) e, a partir daí, analisar o caso para ver se houve aprovação:
em caso de maioria simples, o projeto teria sido aprovado já que houve120 votos.

Caso fosse para a frente, temos a fase de o decreto ir para o PR. Não esquecer que sendo
um decreto da AR, temos sempre de recorrer ao art.136º nº1 sendo que ao vetar politicamente
o PR teria de enviar uma mensagem fundamentada à AR logo não poderia não proceder a
qualquer tipo de fundamentação.

10. Primeiramente, convém analisar a iniciativa legislativa. A AR não tem iniciativa legislativa
(art.188º e ver também art.118º do regimento de AR) para propor uma lei de autorização pois
essa é uma iniciativa reservada do governo, ou seja, só ele pode apresentar propostas de lei
de autorização. Estas propostas de lei de autorização partem sempre do órgão que pretende
ser autorizado a legislar, em termos de matéria prevista no art.165º e nunca do art.164º. No
caso, segundo o previsto no art.165º h), o governo poderia solicitar uma lei de autorização ao
nível do regime geral do arrendamento rural e urbano. Parece-nos que neste artigo único, nõa
encontramos todos os requisitos para haver uma lei de autorização legislativa. Parece um
pouco insuficiente. Não nos diz, na prática, que matéria em concreta do regime de
ordenamento urbana, se é toda ou uma parte, não sabemos a extensão nem o sentido: qual o
objetivo ou o que deve seguir. Segundo o art.165º nº2, estas leis devem definir o objeto, o
sentido, a extensão e a duração da autorização. Podemos também ter em conta limites
temporais: se este período de tempo era necessário ou adequados.

O governo não poderia fazer um decreto regulamentar pois isso já se debruça sobre a sua
função administrativa. As leis de autorização são apenas para haver o ato legislativo do
governo: um decreto-lei e não um decreto regulamentar.

Este regime geral do arrendamento rural e urbano corresponde a uma matéria de reserva
relativa estando prevista no art.165º h). Ou seja, a AR tem competência para legislar sobre ele
ou dar uma autorização ao governo para o fazer. Caso dê essa autorização, a AR não interfere
nessa legislação. Apenas, nesta situação, achou que o governo tinha mais competência
legislativa nesta matéria mas não quer dizer que não possa também legislar mais tarde. Nunca
perde a sua supremacia legislativa. Autores dizem que se o governo não usar a lei de
autorização durante um tempo, a AR pode assumir e legislar e assim caí essa lei de
autorização.

11. a) ( Notas prévias: Governo apresenta propostas de lei de autorização de matérias do


art.165º( as ALR segundo o art.227º/nº1 b: depois do procedimento legislativo parlamentar
temos o procedimento legislativo governamental: A CRP obriga no caso das propostas de lei de
autorização das ALR que venham acompanhados dos anteprojetos de DLR: art.227º nº2: para
o governo é o mesmo apesar de não consagrado na CRP

Limites substanciais para as leis de autorização legislativa:

 Só pode haver autorizações legislativas sobre matérias do art.165º;


 Não pode haver autorizações legislativas em matéria concorrencial ou reservada a
outros órgãos- ex: 198º nº1 a) e nº2;
 As leis de autorização incidem sobre determinada matéria/ alínea do art.165º, não
sobre o artigo todo ou alíneas;
 Por isso, a lei de autorização tem de definir o objeto (enunciar a matéria em concreto)
e a extensão da autorização (amplitude, até onde podem vão as leis de autorização e
até onde podem ir os decretos autorizados); não existem autorizações em branco ou
globais;
 A cada matéria só pode corresponder um ato legislativo do GV, ALR ou AR- por isso
durante o periodo de autorização não pode haver 2 decretos leis ou 2 decretos
legislativos regionais sobre a mesmo matéria nem que seja para o 2º revogar o 1º;
 Tem de decidir a lei de autorização o sentido de autorização, o obketivo e critério da
disciplina legislativa e estabelecer a condensação dos princípios, as orientações
fundamentais que devem constar dos decretos autorizados. O sentido é um limite
substantivo interno da autorização legislativa- quer para a AR, quer para o órgão
autorizado e quer para prospectivamente os cidadãos em geral;

Limites formais ou procedimentais:

 Iniciativa legislativa reservada aos órgãos que pretendem ser autorizados a legislar-
GV, ALR;
 Autorização legislativa tem de ser explicita e autónoma;
 Ato autorizado tem de corresponder a um decreto-lei (se for o GV) ou a um decreto
legislativo regional (se for as ALR);
 O ato autorizado tem de invocar expressamente a lei de autorização- 198º nº3

Limites subjetivos:

 Autorização legislativa apenas ao GV ou às ALR-mais nenhum órgão, nem estes


podem subdelegar poderes;
 Só pode ser concebida por uma assembleia em plenitude de funções, não pode ser por
uma AR dissolvida- art.172º;
 Não pode ser exercida e pedida por um governo demitido (195º), nem por uma ALR
dissolvida- art.227º nº3;
 Autorização legislativa implica uma relação entre uma Assembleia e um dado Governo;

Limites temporais:

 Lei de autorização tem que ter um termo certo final, não pode ser concebida por tempo
indeterminado ou para determinada circunstância ou sob determinadas condições;
 Tem de ser concebida por um periodo de tempo relativamente curto, pelo tempo
adequado e necessário—não, por exemplo, para toda a legislatura—se esse tempo
não for necessário pode haver perrogação (art.165º nº2);
 Não há autorizações legislativas retroativas—a lei só pode produzir efeitos para o
futuro )
Em termos de iniciativa sabemos, pelo art.167º nº1, que os deputados têm capacidade para
apresentar uma iniciativa interna de lei, a que chamamos projeto de lei. No entanto, no caso de
uma lei de autorização, a AR não tem iniciativa legislativa para a propor já que essa iniciativa é
reservada ao governo (art.188º do regimento da AR), ou seja, só ele pode apresentar
propostas (não projetos) de lei de autorização. Estas propostas de lei de autorização partem
sempre do órgão que pretende legislar sobre aquela matéria.

O governo apenas pode apresentar esta proposta de lei de autorização ao nível de matéria
prevista no art.165º e nunca no art.164º, que é reserva absoluta de competência legislativa da
AR. No caso, a matéria de definição de crimes está prevista no art.165º c), logo a AR poderia
dar esta autorização legislativa ao governo, desde que este assim o solicitasse. Segundo o
art.165º nº2, estas autorizações têm sempre de definir o objeto, o sentido, a extensão e a
duração da autorização, a qual pode ser prorrogada. Parece-nos que esta lei de autorização
deixa muito por dizer. Ao nível de limites temporais, podemos questionar este tempo: depende
muito do conteúdo e extensão, algo que não temos presente no caso.

Supondo que tudo teria corrido como o previsto, a AR teria a competência para votar nesta
proposta de lei de autorização. Passaríamos para a 3ªfase do procedimento legislativo
denominada de “discussão e votação”, subdividida em 3 fases. No caso não temos informação
em qual votação estamos: generalidade; especialidade ou votação final global. No entanto, em
matéria de votação, temos como regra geral o art.116º que era o que se aplicaria neste caso.
No nº2 temos alusão ao quórum de funcionamento para a tomada de deliberações, onde afirma
que têm de estar presentes pelo menos 116 deputados para haver votação na AR. No nosso
caso, vemos esse quórum cumprido. No nº3, temos previsto que para uma lei ser aprovada,
caso não se constituía como uma exceção, tem-se em conta a maioria absoluta, ou seja, basta
um voto a mais num sentido do que noutro. No caso, temos 100 votos a favor e 80 contra e 20
abstenções, logo a lei foi aprovada.

Em termos de aprovação de decretos-lei (ato legislativo do governo), convém analisar o


procedimento legislativo governamental que, na sua maioria, não se encontra previsto na nossa
constituição mas sim previsto no regimento do conselho de ministros.

Passando a 1ªfase, a da iniciativa da lei de autorização, passamos para uma 2ªfase onde há
uma apreciação do diploma em Reunião de Secretários de Estado, onde se junta 1 secretário
de estado por cada ministério e olham para o diploma ou diplomas que foram apresentados à
presidência do conselho de ministros. Nestas reuniões, temos 3ºhipoteses: todos estão de
acordo e o diploma vai para conselho de ministros; é necessário fazer articulações mais
setoriais, fazer reuniões a 2 ou 3 ministérios; ninguém concorda e o diploma não vai para a
frente. Caso a 1ªhipotese se realize, passamos para a 3ªfase: Discussão de votação em
reunião de Conselho de ministros. No caso, aprova-se o diploma se, segundo o art.116º nº3,
houver uma pluridade de votos, ou seja, um voto a mais de um lado do que noutro. No caso,
não temos informação sobre os votos mas não poderia ser o primeiro-ministro sozinho a
aprovar o dito decreto-lei autorizado.

[Ao nível da matéria que iria ser regulada, convém sempre lembrar que uma lei de autorização
da AR tem um valor reforçado especifico em relação a um decreto lei autorizado. Este decreto
nunca poderia desrespeitar a lei de autorização porque senão seria, simultaneamente, ilegal e
inconstitucional indiretamente por desrespeito da 2ª parte de art.112º nº3.] Relativamente ao
facto deste “crime de esbanjamento” ser só aplicado aos cidadãos sujeitos ao ultimo escalão de
IRS, convém mencionar um limite material: não faria sentido só se aplicar a este grupo restrito
de cidadãos, estando ainda a violar o principio da igualdade.

Supondo que teria sido aprovado, passaríamos para a 4ªfase onde o diploma seria enviado
para o PR, com competência para tal segundo o art.136º nº4 que tinha 3 opções: vetar
politicamente; promulgar; enviar para o TC. Neste caso, diz-se que o PR optou por vetar
politicamente algo que fez passado 30 dias da sua receção. Ao nível de prazos dos diplomas
do governo convém analisar o art.136º nº4: o PR tem 40 dias para se pronunciar logo não
vemos problema neste patamar.
Contrariamente ao veto da AR que é relativo pois esta pode confirmar mesmo se o PR exercer
o seu direito de veto, o veto do governo é absoluto. Ou seja, o governo não pode confirmar o
veto de PR. Caso o PR vete politicamente, o acaba-se o diploma do governo. Isto acontece
porque, contrariamente ao governo, o PR é um órgão eletivo logo a sua “vontade” deve ser
respeitada pelo governo. JM acha que neste caso o Governo poderia enviar outro decreto-lei
mesmo com este veto politico.

Voltamos ao procedimento legislativo parlamentar. Já não estamos perante uma proposta de lei
de autorização legislativa mas sim perante uma proposta de lei normal do governo. Numa
primeira fase, temos uma iniciativa por parte do governo. O governo tem uma iniciativa externa
e pode apresentar propostas de lei na AR, como previsto no art.167º nº1. O governo pode
apresentar iniciativas de qualquer matéria a nível nacional. Ao nível da 2ªfase da apreciação
supomos que esta aconteceu mas não se mostra relevante para o caso.

Ao nível da 3ªfase: Discussão e votação, convém analisar previamente se a AR se mostra


competente para votar nesta matéria do TC. Temos, assim, de analisar os arts.164º e 165º. No
art.164º c), vemos que é da exclusiva competência da AR legislar sobre a organização,
funcionamento e processo do TC, logo ela teria competência de votação nesta matéria.

Esta 3ªfase está subdividida em 3 subfases, como previsto no art.168º nº2: uma discussão e
votação na generalidade; discussão e votação na especialidade e votação final global onde já
não há discussão e se vota relativamente à resolução final (se é aprovada ou não). Ao nível da
matéria de votação convém sempre analisar o art.116º que, como já sabemos, prevê no nº2 um
quórum de funcionamento de tomada de deliberações onde só se pode proceder à votação em
AR quando estejam presentes 116 deputados o que, no caso, se confirma. No nº3
encontramos a regra geral para o quórum deliberativo: para uma lei ser aprovada basta um
voto a mais num sentido do que noutro. Por esta logica, à partida, a lei seria aprovada.

No entanto, temos de olhar para esta matéria do 164º c) e ver se não é revestida de lei
orgânica já que assim o procedimento é diferente. Ao analisarmos o art.166º nº2, vemos que é
uma lei orgânica. As leis orgânicas constituem uma exceção a este regime regra do art.116º.
Segundo o art.168º nº5, as leis orgânicas têm de ser aprovadas, na votação final global, por
maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funções. No caso, parecemos que se
tratava desta votação final global. Caso assim fosse, a lei não seria aprovada pois teríamos de
ter pelo menos 116 deputados a favor. Caso falássemos de votação na generalidade ou
especialidade era necessária apenas a maioria simples.

Caso fosse aprovada, o PR poderia vetar politicamente, promulgar ou enviar para o TC. No
caso das leis orgânicas, segundo o art.278º nº4: pode ser requerida a fiscalização preventiva
pelo primeira ministro ou um quinto dos deputados, logo o PR tem de esperar 8 dias, segundo
o nº6 desse mesmo artigo, antes da promulgação de qualquer lei orgânica. Em termos de
conteúdo, o TC também não poderia fazer isto já que apenas lhe cabe administrar a justiça.

b) Não, pois uma matéria do art.164º nunca poderia haver uma proposta de lei de base já
que ao nível da competência esta é reservada à AR: o GV não poderia desenvolver esta
proposta pois não é da sua competência.

c) Sim, o PR tem sempre 3 opções ao nível de um diploma: vetar: promulgar o enviar para o
TC. No caso, o PR poderia vetar o diploma enviando-o de novo para a AR com uma mensagem
fundamentada assim como, não sendo esse veto absoluto, a AR poderia confirmá-lo segundo o
art.136º nº2. No entanto, como se trata de um diploma com uma lei revestida de forma
orgânica, segundo o art.136º nº3 seria necessário mais que a maioria absoluta dos deputados
em efetividade de funções para a AR poder confirmar o diploma.

12. Primeiramente, convém ver a competência de aprovação nesta matéria do Governo.


Temos de distinguir o art.164º o) e o art.165º nº1 b). Ou seja, ao nível dos DLG normalmente é
reserva relativa de competência mas temos uma exceção, prevista no art.164º o): é da reserva
absoluta da AR ao nível de restrições de direitos ao nível de militares.
O PR decidiu pedir a fiscalização da constitucionalidade. Ao abrigo do nº3 do art.278º, teria 8
dias para o fazer e excedeu esses dias.

Segundo o art.51º da Lei do TC: PR deve indicar as normas ou princípios constitucionais


violados. O PR não indicou os princípios que teriam sido violados: desrespeitou o requisito do
pedido deste artigo. De acordo com o art.278º nº8, o TC teria 25 dias para se pronunciar: no
caso, passou o prazo para este se poder pronunciar. No processo de fiscalização preventiva
limita-se apenas à conformidade das normas com a constituição, não com a legalidade. Não há
fiscalização preventiva com a legalidade.

O prazo de promulgação parecia aqui ultrapassado e, segundo o art.2º da Lei 84/98, nunca
podem entrar em vigor no mesmo dia já que previamente tem de haver a sua publicação.

13. Isto está relacionado com o procedimento legislativo governamental.

É necessário primeiro ver se esta matéria não é da reserva absoluta da AR. Para isso,
consultamos os arts.164º e 165º. Esta matéria não nos parece prevista nestes dois artigos,
nem é da exclusiva competência do Governo (art.197º). Logo, esta matéria parece-nos
concorrencial, tanto o Governo como a AR podem legislar.

Este procedimento não encontra planificação na CRP, logo teríamos de consultar a Lei
orgânica do Governo: art.48º. Logo de seguida a uma aprovação de um decreto-lei, ele segue
como projeto de lei para o PR: fase de controlo.

O PR, em relação aos projetos de lei, pode vetar politicamente, enviar para o TC ou promulgar,
segundo o art.136º nº4, no prazo de 40 dias. Neste caso, ele decidiu vetar. Tem de enviar de
volta o diploma para o Governo mas não é necessário uma formalidade tão grande como para
a AR, onde tem de haver uma fundamentação (Porque? Porque o governo não pode confirmar
o seu diploma, a AR pode logo o PR tem de ter mais cuidado a fazer uma fundamentação).

Apenas a AR pode confirmar os diplomas no seu procedimento legislativo parlamentar. O veto


para o Governo é um veto absoluto. Este não o pode confirmar.

Imaginando que teria sido aprovado e, posteriormente, teria de ser publicado em DR para
integração de eficácia, segundo o art.119º nº1 c), algo que se confirma no caso.

Como se trata de matéria concorrencial, há um princípio que se aplica neste: principio da


paridade, no art.112º nº2 primeira parte, ou seja, a Lei pode revogar um Decreto-Lei e vice-
versa. [Convém ter consciência que este artigo tem exceções: como a matéria absoluta da AR
em que o Governo se encontra vedado ou vice-versa; noutros casos os Decretos-Leis estão
subordinados à Lei da AR como os decretos de desenvolvimento sempre subordinados às leis
de base e os decretos de lei autorizados, necessariamente subordinado a uma lei de
autorização legislativa.]

Tanto a Lei como os Decretos Leis podem aqui ser revogados. Aqui não faz muito sentido esta
fiscalização por parte do Governo já que o seu Decreto-Lei revoga a Lei da AR anterior, a pesar
de não termos este dado expresso no caso prático. No entanto, na sequencia do facto de o
governo não concordar com as opções politico-legislativas da AR, podemos questionar se este
novo decreto-lei não revogará (indiretamente) a Lei da AR anterior.

Não sabemos bem em que fase do procedimento deste novo decreto estamos mas podemos
supor que estariam aqui dois tipo de fiscalização: como a Lei da AR ainda não tinha sido
publicada, será que o governo pode suscitar a fiscalização preventiva da constitucionalidade?
Se formos ao art.278º nº4, o Governo não tem competência apenas o Primeiro Ministro.

Será que poderiamso, então, requerer a fiscalização sucessivas da constituicionalidade?

Aqui não faria sentido pedir uma “consulta” às RA, ao nível desta matéria já que se trata de um
contrato-promessa.
Ao nível de apreciação, convém analisarmos o art.169º: quando os decretos já se encontram a
vigorar na ordem jurídica, permite a AR cessar a vigência desses decretos ou alterá-los
(justificado pelo primado da AR), desde que nos trinta dias subsequentes à publicação.
Durante o período desta apreciação, a vigência do Decreto pode ser suspensa até que se tome
uma decisão. Temos também presente, no art.189º do Regimento da AR o mesmo (ver artigos
seguintes também).

É necessário, segundo o art.169º nº1, dez deputados para requerer este mecanismo de
apreciação parlamentar. Logo, com 5 deputados isto não seria possível. Segundo o nº4, esta
cessação nem precisa de promulgação do PR.

Ao nível da repristinação: neste mecanismo de apreciação parlamentar poderíamos fazê-lo?


Em termos cronológicos, temos: em primeiro, tivemos um Decreto-Lei; 2. Nova Lei da AR; 3.
Novo Decreto-Lei que, indiretamente, revoga a Lei da AR anterior a AR recusou a apreciação
deste 3 decreto-lei e repristinou a segunda: a Lei da AR.

Quer JM e Gomes Canotilho, defendem que só se pode repristinar leis iniciando um novo
procedimento legislativo. Ao nível da apreciação parlamentar ou opta-se pela cessação da
vigência ou por alteração. Se optarmos pela cessação, o Decreto é revogado mas não existe
uma repristinação. No entanto, o art.195º do Regimento da AR, equaciona a hipótese de no
caso da cessação de vigência poder haver uma repristinação. Porém, temos quase um
consenso da doutrina que este artigo não faz sentido. Há aqui uma discrepância entre doutrina
e este artigo. Como este mecanismo não é regularmente utilizado, não sabemos bem, em
termos práticos, o que se deveria aplicar.

Se optarmos pela cessação, surge uma resolução da AR: em termos de exigência de


formalidade, não tem o controlo que uma lei tem.

14. Aqui estamos perante uma visita privada, o PR não se poderia ausentar sem o
assentimento da AR, segundo o art.129º nº1. Não sabemos se isto estaria cumprido mas
suponhamos que sim.

O Chefe de Gabinete não tem esta competência de fiscalização. Se virmos o art.134º g): é o
PR que tem legitimidade ativa para requerer a fiscalização, logo será questionável se o Chefe
de Gabinete o poderia fazer. [Se tivéssemos perante uma substituição interina, espelhada no
art.132º, poderia o Presidente da AR pedir esta fiscalização? Se analisaremos o art.139º vemos
os atos que podem ser praticados pelo substituto interino: no entanto, não estamos neste
caso].

Mesmo que houvesse competência, esta fiscalização preventiva da constitucionalidade só pode


ser requerida para dados atos legislativos: art.278º uma resolução não se aplica aqui.

Ao nível da recusa de apreciação parlamentar, segundo o art.169º nº1, a AR teria de recusar


porque não pode apreciar matéria exclusiva do Governo.

O TC poderia apreciar uma lei de autorização legislativa? Temos de analisar a Lei do TC:
art.51º: principio do pedido. O TC não pode, por livre e espontânea vontade, decidir apreciar
outro diploma legislativa, como podemos ver no nº1 e nº5 deste artigo.

15. 1. Teremos de, primeiramente, analisar se a AR poderia dar esta lei de autorização ao
governo: teria de ser em matéria relativa. Temos de analisar o art.165º. Se analisarmos o
artigo, vemos que esta matéria está regulada na alínea e), logo esta lei de autorização pode ser
“imposta”.

Estas leis de autorização, segundo o art.165º nº2, devem definir o objeto, o sentido, a extensão
e a duração da autorização. Neste caso, parece-nos que o cumprimento deste artigo deixaria
muito a desejar, tendo só uma informação mais ampla de duração e o objeto. Temos aqui uma
violação de um limite substancial desta autorização.
A fase de discussão e votação revela-nos aqui as 3 fases de votação: generalidade,
especialidade e votação final global, previsto no art.168º nº2. Ao analisarmos o art.166º, vemos
que esta matéria não se reveste de lei orgânica, logo o procedimento é o normal previsto no
art.116º. O nº2 revela-nos o quórum de funcionamento para a tomada de deliberações que está
cumprido. Ao nível do nº3, temos o quórum deliberativo em que a votação é pela pluridade de
votos: basta um voto a mais para um sentido do que noutro. Aqui isso encontra-se preenchido.

O PR, segundo o art.134º g), pode requerer esta fiscalização da constitucionalidade. Segundo
o art.51º da Lei do TC, o PR teria de justificar e especificar o porque do pedido de fiscalização.
E, segundo o nº5 dessa mesmo artigo, o TC tem de respeitar aquilo que lhe foi pedido logo não
poderia analisar um artigo que não lhe tenha sido solicitado.

A AR pode: alterar o diploma, confirmar ou expurgar. Neste caso, decidiu expurgar as normas
que eram consideradas inconstitucionais. O PR volta a ter duas opções: vetar politicamente ou
promulgar. No caso, decidiu promulgar. Segundo o art.119º nº1 c), é necessário publicar esta
lei de autorização no DR para se dar a conhecer ao público. No entanto, existe um período de
tempo entre a publicação e a entrada em vigor da lei denominado de “vacatio legis”. Em regra,
este período de tempo é aquele que a própria lei fixa (normalmente nos seus artigos finais). Se
a lei nada diz, segundo o art.2º n º2 da Lei 74/98 de 11 de novembro, a lei entra em vigor após
5 dias da sua publicação. Como vemos pelo nº1 deste mesmo artigo, a lei nunca pode entrar
em vigor no dia da sua publicação, exceto em casos de urgência o que não se aplica ao caso
em concreto.

Ao nível de aprovação pelo Governo deste decreto-lei autorizado é importante lembrar o


procedimento legislativo governamental. No caso, apenas nos refere sumariamente à 3ªfase:
Discussão e votação em reunião de conselho de ministros. No caso, foi aprovado segundo as
regras de maioria do art.116º. No entanto, ao nível das autorizações legislativas é preciso
lembrar que estas não são um “cheque branco” atribuído ao governo. Segundo o art.165º nº2, é
necessário definir o objeto, o sentido, a extensão e a duração da lei de autorização. Ou seja, o
decreto-lei autorizado tem de cumprir aquilo que é definido pela AR.

No caso, o Governo não cumpriu o estipulado naquela lei de autorização, ou seja, estamos
perante uma inconstitucionalidade orgânica: o Governo está a exercer competências que a
constituição não lhe atribui. O governo nunca pode legislar de modo contrário a uma lei de
autorização. Convém sempre lembrar que uma lei de autorização da AR tem um valor
reforçado especifico em relação a um decreto lei autorizado, ou seja, este decreto lei
autorizado tem de se subordinar à lei de autorização. Este nunca poderia desrespeitar a lei de
autorização porque senão seria, simultaneamente, ilegal e inconstitucional indiretamente por
desrespeito da 2ª parte de art.112º nº3.

QUE VÍCIOS GERARÁ?

O que os autores têm vindo a defender é que há uma ilegalidade material (lei de autorização
violada, temos um DL ilegal) e acabamos por ter uma inconstitucionalidade indireta porque
desrespeitamos a 2ª parte do 112º/2 e, naturalmente, o desrespeito pela lei de autorização
legislativa, implica estarmos a desrespeitar a AR, podendo falar-se de uma
inconstitucionalidade orgânica. (perspetiva defendida por alguns autores).

Em circunstâncias normais, um Decreto-Lei poderia revogar outro Decreto-Lei. No entanto,


estamos a falar de um Decreto-Lei autorizado. O Governo não pode, segundo o art.165º nº3,
utilizar uma autorização legislativa mais que uma vez. Uma lei de autorização tem de ser
regulada de acordo com o estipulado num dado decreto-lei autorizado.

2. Tínhamos uma lei de autorização com um determinado sentido (prazo de 2 anos para o
governo legislar); o GV aprova um DL autorizado; ainda no prazo de dois anos a AR aprova
uma lei que altera o sentido da lei de autorização; esta ultima que veio alterar o sentido da
primeiro tem impacto no DL autorizado que já entrou em vigor?
O DL passa a estar em desconformidade com a lei de autorização legislativa e padece de um
vício de ilegalidade superveniente. O decreto-lei ficaria afetado por uma ilegalidade
superveniente e, por consequência, inquinado a uma inconstitucionalidade indireta por violação
do dever de obediência á lei de valor reforçado, que é a Lei de autorização, pelo disposto nos
Nº 2 e 3 do Artigo 112º.

16. 1. Só pode haver leis de bases naquelas que a própria CRP enunciar “bases ou bases
gerais”. Primeiramente, convém analisar onde se encontra esta matéria a ser regulada.
Segundo o art.165º nº1 z) é uma matéria da competência relativa da AR, ou seja, o governo
pode legislar com autorização desta.

As execuções das leis de bases ficam dependentes dos decretos de desenvolvimento do


governo, legislados ao abrigo do artigo 198º nº1 alínea c.

Atendendo á hipótese prática, os desenvolvimentos das leis de bases não se fazem por
forma de resolução de conselho de ministros, que são meros regulamentos do governo – o
desenvolvimento tem de revestir a forma de decreto lei que é o ato legislativo do Governo.
Neste caso, seria um decreto-lei de desenvolvimento que teria de ser, posteriormente,
aprovado em Conselho de Ministros segundo o art.200º nº1 d). Portanto, temos aqui uma
inconstitucionalidade formal porque CM aprovou um diploma que não sofreu o procedimento
correto.

De referir que as leis de base dadas pela AR têm um valor reforçado específico em relação a
um decreto-lei de desenvolvimento, segundo o disposto no art.112º nº2 na sua parte final. Ou
seja, um decreto-lei de desenvolvimento está subordinado às “regras” da lei de bases, tendo de
legislar de acordo com elas. No caso, o Governo não cumpriu o estipulado naquela lei de
bases, ou seja, estamos perante uma inconstitucionalidade orgânica: o Governo está a exercer
competências que a constituição não lhe atribui.

Portanto, o facto de a lei de bases ser uma lei de valor reforçado, a sua violação gera dois
vícios: o decreto-lei de desenvolvimento que for contra das leis de base é, simultaneamente,
ilegal e inconstitucional indiretamente por violação do art.112º nº3.

as, ao abrigo do artigo 165.º/z), se a AR autorizar o Governo a legislar, apenas lhe concede
autorização para legislar sobre as bases do ordenamento de território e desenvolvimento.
Portanto, com essa autorização o Governo pode aprovar uma lei de bases do ordenamento e
território.

[Se a AR não autorizar o governo a legislar sobre a matéria do artigo 165.º/z), o Governo não
pode aprovar a referida lei de bases. Mas pode, ao abrigo do artigo 195.º/1/c), aprovar um
decreto-lei de desenvolvimento.
Uma coisa é a lei de bases outra coisa é o decreto-lei que a desenvolve. O artigo 198.º/1/c)
refere-se precisamente aos decretos-leis de desenvolvimento - aqueles que desenvolvem
regimes base, regimes jurídicos gerais.

Os decretos-leis de desenvolvimento têm que indicar qual a lei que estão a desenvolver, mas
não é necessária uma autorização para os aprovar, se a matéria não for reservada à AR -
como era aqui o nosso caso (reservada à AR estavam apenas as bases gerais). ]

2. Na matéria concorrencial há uma concorrência entre governo e AR, ou seja, ambos


podem legislar. Nada impede o Governo, com fundamento na alínea a) do nº1 de art.198º,
assumir a totalidade da regulamentação de uma lei de bases ou, no limite, fazer ele próprio um
decreto-lei de bases. Ainda que o Governo, politicamente responsável pelo Parlamento, há-de
suportar os custos políticos do desrespeito ou do não desenvolvimento de leis de bases.
Governo pode, em matéria concorrencial, até revogar uma lei de bases e substituí-la por um
decreto-lei seu (até decreto-lei único que contenha as bases e o desenvolvimento). Ou seja,
aqui faria sentido haver uma lei de bases.
Convém aqui distinguir: Os autores consideram que aquilo que difere entre uma matéria
reservada e numa matéria concorrencial, o que acontece na concorrencial é que podendo ser
da competência do GV ou da AR, aquilo que acontece é que nada impede o GV de fazer leis
de bases, o que não pode é estando em vigor leis da AR deixar de as respeitar. Na matéria
reservada à AR é apenas esta que pode legislar sobre determinada matéria e o Governo não
pode interferir (só de for uma meteria de competência relativa em que o Governo seja
autorizado)

3. As bases gerias do ordenamento do território e do urbanismo é uma matéria prevista no


art.165º nº1 alinea z), ou seja, em matéria da competência relativa da AR. Neste tipo de
matéria, o Governo só pode legislar com uma autorização da AR como previsto no art.198º b).
Portanto, apesar de os decretos-lei e as leis da AR terem o mesmo valor, como referido no
art.112º nº2, primeira parte, o Governo não poderia regular esta matéria sem antes pedir uma
autorização à AR. Logo, obviamente que o decreto-lei não poderia revogar as disposições da
Lei de Bases da AR, pois seria desconforme a constituição.

17. a) 1ºdiploma: Os decretos-lei são o ato legislativo do Governo. Estes decretos têm um
procedimento legislativo. Ao nível da última fase, de Discussão e votação onde se aprova ou
não o dito diploma, não pode ser apenas o Primeiro-Ministro a fazê-lo já que essa discussão é
feita em Conselho de Ministros. O diploma é aprovado tendo em conta a regra geral dos votos
prevista no art.116º nº2. Ou seja, não é competência do Primeiro Ministro aprovar o dito
decreto-lei mas sim do Conselho de Ministros como podemos constatar no art.200º d). Logo,
temos aqui uma inconstitucionalidade orgânica.

Para além disso, segundo o art.201º nº3, os decretos têm de ser assinados pelo Primeiro
Ministro e pelos Ministros competentes na matéria abordada. Neste caso, sendo a matéria de
organização e funcionamento do Governo teriam de assinar todos os ministros de cada
ministério, o que não se encontra respeitado no caso apresentado já que só houve assinatura
do Primeiro Ministro e do Ministro da Administração Interna. Logo, faltando assinaturas, este
diploma padeceria de inconstitucionalidade formal.

2ºdiploma: Primeiramente, um decreto regulamentar do Governo está relacionado com a sua


função administrativa. Neste caso, como o intuito era legislar em matéria legislativa deveria ser
um decreto-lei. Como se refere a uma lei de autorização legislativa, o que está subordinada a
ela é um decreto-lei autorizado e nunca outro tipo de decreto.

Convém agora analisar onde se insere esta matéria: está regulada no art.164º o), ou seja,
competência absoluta da AR. Como é competência da AR, o Governo nunca poderia legislar,
nem mesmo com autorização da AR, porque não lhe é conferida essa hipótese (nunca
confundir com o previsto no art.165º b)!!!). Temos aqui, então, para além de um vício de
competência legislativa (orgânica), um vício no procedimento de elaboração da norma: uma
inconstitucionalidade formal.

3ºdiploma: A competência para a elaboração de decretos legislativos regionais é das


Regiões Autónomas: Açores e Madeira, como podemos constatar com o art.227º nº1 a) a c).
Segundo este mesmo artigo, nº1, alínea b) as Regiões Autónomas têm competência para
legislar com uma autorização da AR, ou seja, de fazer Decretos-leis regionais autorizados. No
entanto, existem exceções enunciadas nessa mesma alínea. Teríamos, então, de perceber
onde se inseria esta matéria dos magistrados judiciais está prevista no art.165º p), ou seja, é
uma das exceções. A ALR não poderia aprovar um decreto legislativo regional nesta matéria
pois não lhe é dada essa competência pela constituição.

Poderia haver aqui inconstitucionalidade material, devido ao desrespeito pela matéria da lei
de autorização legislativa e inconstitucionalidade indireta pelo desrespeito do art.112º nº2,
2ªparte.

b) Poderia dirigir-se ao provedor de justiça – art.23º CRP – para apresentar queixas por
ações ou omissões dos poderes públicos, que as apreciará ainda que sem poder decisório. O
Provedor de Justiça tem legitimidade ativa para requerer a fiscalização abstrata de normas.
Direito de resistência art.21º crp – todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda
os seus direitos.

c) Não poderia segundo o art.278º nº1. Estamos a falar, no último diploma, de


procedimento legislativo regional onde o PR não entra. Quem tem o poder de pedir a
fiscalização preventiva, se assim o achar pertinente, neste caso, é o Representante da
república pois foi para ele que o decreto legislativo regional foi enviado para assinatura (no
entanto, sabemos que tem mais opções). Podemos confirmar isto com o art.278º nº2.

18. a) Que tipo de normas é que podem ser objeto de fiscalização preventiva? Só podem
ser submetidos a pedido de fiscalização preventiva atos legislativos; uma postura insere-se nas
competências administrativas das Câmaras Municipais. Ou seja, aqui esta postura não poderia
ser âmbito de fiscalização preventiva pois esta tem um âmbito de apreciação restrito.

Poderia sim ser objeto de fiscalização sucessiva abstrata pois nela fala-se de uma apreciação
de todas as normas e até mesmo da ilegalidade, ao abrigo do artigo 278º/1.

b) No âmbito da fiscalização sucessiva abstrata não diretamente (ou seja, não se a norma
nunca tiver sido aplicada a nenhum caso concreto). Poderia eventualmente fazer queixa como
lhe é concebido esse poder pelo art.23º.

Porém, ao nível da fiscalização sucessiva concreta, poderíamos nós fazer alguma coisa como
advogados? Sim. Podíamos invocar a inconstitucionalidade das normas pois estávamos
perante um processo a decorrer no Tribunal Judicial da Comarca de Bragança.

19. A apreciação da inconstitucionalidade por omissão está relacionada apenas com as


omissões legislativas, ou seja, a Constituição manda existir uma norma ordinária e ela não
existe. Este tipo de inconstitucionalidade está prevista no art.283º da CRP. Na versão originária
da constituição, em 1976, esta inconstitucionalidade estava a carga do Conselho da Revolução
com parecer da Comissão Constitucional e, só o CR, podia ter iniciativa para verificar este tipo
de inconstitucionalidade. Sabemos que este era um órgão de natureza política e não um
Tribunal. Porém, surgiu em 1982 o TC. Aqui, o TC passou a ter de esperar pela iniciativa não
podendo declarar oficiosamente esta inconstitucionalidade por omissão.

Segundo o art.283º nº1, apenas a requerimento do PR, Provedor de Justiça ou PAL o TC


aprecia e verifica (acórdão de verificação) o não cumprimento da Constituição por omissão das
medidas legislativas necessárias para tornar exequíveis as normas constitucionais. Ou seja,
não poderia haver um requerimento de 10 deputados diretamente para o TC. Seria aqui uma
inconstitucionalidade orgânica.

Outra coisa diferente seria se os 10 deputados transmitissem esta informação ao Presidente


da republica e este sim poderia pedir requerimento ao TC. Se este pedisse requerimento, teria
de dizer qual a norma constitucional que indica a criação de norma ordinária que não existe.
Aqui esses requisitos parecem cumpridos.

Agora sobre a matéria: olhando para o art.59º temos de perceber se ele é uma norma
programática, ou seja, se tem de ser concretizado por via legislativa. Parece-nos que
sim. No entanto, sendo que isto teria de ser concretizado, não faria mais sentido ter sido
suscitada a fiscalização sucessiva abstrata do diploma? Devido à violação do principio
da igualdade por só haver um subsidio de desemprego para os privados? Temos de
pensar nos efeitos que queremos obter: no nosso caso em concreto, não se pretende
extinguir este subsidio de desempregos aos privados, pretende-se é que os da função
pública sejam também abrangidos Se quero que se mantenha no ordenamento jurídico
não posso pedir a fiscalização sucessiva abstrata. IMPORTANTE

Ou seja, o TC poderia proferir o acórdão de verificação por omissão. No entanto, os efeitos


desse acórdão estão previstos no art.283º nº2 que nos indica que o TC tem de,
obrigatoriamente, dar conhecimento. No entanto, não pode obrigar o órgão que deveria ter
elaborado a norma a redigi-la. Não pode recomendar a elaboração da norma senão estaria a
violar a separação de poderes, interferindo no poder legislativo. O TC iria sempre dar
conhecimento a quem deveria ter feito a norma e não a fez. Como se trata de um decreto-lei, o
Governo é que tem de ser avisado e não a AR (matéria do art.165º t)).

20. 1. O governo tem competência para fazer decreto-lei autorizado segundo o art.198º b).
No entanto, um decreto-lei autorizado tem sempre de estar subordinado a uma lei de
autorização legislativa concebida pela AR ao Governo. Ou seja, o Governo não pode decidir,
sem uma lei de autorização legislativa prévia, aprovar um decreto-lei autorizado pois estaria a
exercer uma competência que não lhe é dada pela constituição. Estaríamos, portanto, perante
uma inconstitucionalidade orgânica.

[ Pressupondo que a lei de autorização estaria presente no caso, convém agora analisar a
matéria da qual se debruça o tal decreto-lei autorizado: estatuto das empresas públicas. Esta
matéria está prevista no art.165º nº1 u). Ou seja, como é da competência relativa da AR esta
poderia dar autorização para legislar.

As leis de autorização são feitas de uma determinada Assembleia e um determinado


Governo. Existe entre eles uma relação de confiança: “caráter intuitu personae”. Ou seja,
basta um deles ser dissolvido para a autorização deixar de ser válida, como podemos
comprovar no art.165º nº4. Neste caso, o diploma não poderia, primeiramente, ser aprovado
porque o Governo já teria sido demitido, nem muito menos publicado. Ele caducou com a
demissão do Governo. [1. Aprovação da moção de censura; 2. Aprovação do DL autorizado;
3.Publicação; 4. Demissão da AR]

Ao nível da fiscalização preventiva, um grupo parlamentar não tem a competência para


requerer ao TC a fiscalização da constitucionalidade: inconstitucionalidade orgânica. Segundo
o art.278º nº1, ela só pode ser requerida pelo Presidente da República, aplicando-se apenas
aos atos normativos que lhe chegam para efeitos de promulgação (leis ou decretos-lei) ou que
cheguem ao RR para assinatura. Ou seja, só se aplica esta fiscalização aos atos normativos
mais solenes. No entanto, esta fiscalização não poderia ser suscitada já que, no caso
apresentado, refere que o diploma já tinha sido publicado.

Ou seja, aqui poderíamos falar de fiscalização sucessiva abstrata já que o diploma já


estava com a possibilidade de produzir efeitos mas ainda não tinha sido aplicado a nenhuma
situação. Esta fiscalização está prevista no art.281º da CRP. No entanto, convém mencionar
que o TC não aprecia diplomas, ele aprecia sim “normas constantes de diplomas”: uma
determinada norma ordinária a uma determinada norma constitucional. Para além disso,
qualquer pedido de apreciação deve seguir o estipulado no art.51º nº1 da LOTC: deve-se
sempre especificar, além das normas cuja apreciação se requer, as normas ou princípios
constitucionais violados algo que não se verifica no caso apresentado.

Quanto à competência do grupo parlamentar para requerer esta fiscalização ao TC: não
existe. Temos no art.281º nº2 as entidades que podem requerer este tipo de fiscalização e
nenhuma das alíneas refere um grupo parlamentar. Estaríamos, portanto, perante uma
inconstitucionalidade orgânica.

Os efeitos que proveriam desta fiscalização estão previstos no art.282º da CRP. No entanto,
o TC não tem competência para suspender efeitos enquanto faz a sua apreciação. Enquanto
este aprecia, as normas continuam a vigorar no nosso ordenamento jurídico.

2. Não. Segundo o art.51º nº5 o TC só pode declarar a inconstitucionalidade ou ilegalidade


das normas cuja apreciação tenha sido requerida: está vinculado ao principio do pedido a que
faz referência o nº1 desse mesmo artigo. [doutrina diverge: JM considera que, como existe
uma ligação entre dois, o TC pode também pronunciar-se sobre a Lei de autorização
têm uma relação intrínseca]

21. 1. Primeiramente convém mencionar que estamos perante uma fiscalização sucessiva
abstrata, com um acórdão de declaração com força obrigatória geral: “erga omnes”. Tdem um
interesse público objetivo, uma ação pública (não existe partes neste tipo de fiscalização
existem órgãos específicos para a pedir).
Temos de analisar a competência de 31 deputados para requerimento deste tipo de
fiscalização. Aqui importa analisar o art.281º nº2 que nos dá um elenco de entidades que
podem pedir este tipo de fiscalização: segundo a alínea f) podem pedir um decimo dos
deputados à AR. Como normalmente costumam ser 230 deputados, um decimo são 23. Logo,
ao nível da competência, como o caso refere 31 deputados, não parece haver problema.

Ao contrário da fiscalização preventiva, a fiscalização sucessiva abstrata, segundo o art.281º


nº1 a), pode ser aplicada a quaisquer normas constantes de diplomas e, como vemos nas
alíneas seguintes, o TC tanto pode apreciar a inconstitucionalidade como a ilegalidade dessas
mesmas normas.

a) Neste caso, após um diploma ir para promulgação ao PR significa que já passou pelo
procedimento legislativo anterior e, tratando-se de uma lei, o ato legislativo da AR, a lei passou
por ela antes de ser entregue ao PR. Ou seja, os Deputados têm a competência de poder
requerer a fiscalização preventiva e sucessiva, como previsto no art.4º nº1 o) do regimento da
AR. Ao nível da fiscalização preventiva, segundo o art.278º nº4 é que podem requere-la ao TC
quando for dada para promulgação uma lei orgânica ao PR, sendo necessário para esse efeito
um quinto dos Deputados em efetividade de funções.

Ou seja, neste caso, não existe uma previsão de reclamação que assiste aos Deputados.
Apenas podem pedir esta fiscalização preventiva, caso se trate de lei orgânica. (e teriam de ser
46 deputados a faze-lo)

b) O TC apenas fiscaliza normas. Como previsto no art.51º nº1 (duplo ônus da impugnação
especificada), o pedido da constitucionalidade e da ilegalidade tem de ser feito identificando-se
as normas cuja apreciação se requer e, além disso, as normas ou os princípios constitucionais
violados. Ou seja, é verdade que o art.8º da CRP abrange normas e princípios de direito
internacional geral ou comum mas, no caso apresentado, teria de se especificar o teor das
normas que se faz referência e justificar a sua violação.

c) A fiscalização sucessiva abstrata poderia ser feita e caso se verificasse esta violação a
norma, no caso o art.4º, desapareceria do ordenamento jurídico, como previsto no art.282º nº1.

2. NÃO ENTENDI NADA

3. Primeiramente, o TC não declara a inconstitucionalidade de diplomas mas sim de


normas constantes em diplomas. Caso isso acontecesse, essas ditas normas desapareceriam
do ordenamento jurídico, devido ao TC ter afirmado um acórdão de declaração com força
obrigatória geral, ou seja, significa que a norma desaparece para todos: “efeito erga omnes”.
Podemos constatar estes efeitos no artigo 282º nº1 da CRP e no art.66º da LOTC. Se a norma
desaparece do ordenamento jurídico e jamaias pode ser aplicada, a produção dos seus efeitos
não pode ser adiada para mais tarde. No entanto, temos uma exceção no nº4: teríamos de
analisar se haveria uma justificação destas para tal acontecer.

Os casos julgados estão previstos no art.282º nº3.

22. 1. Está aqui em causa uma fiscalização sucessiva concreta. Ao nível da aprovação do
diploma pelo governo, haverá aqui alguma inconstitucionalidade? Pode aprovar um decreto lei
nesta matéria? Não. Esta é uma matéria da reserva absoluta da AR, prevista no art.164º o)
[deve ser lido em conjunto com o art.270º]. Ou seja, estariamos perante uma
inconstitucionalidade orgânica.

Pode o juiz dizer que não tem competência? Não. O nosso sistema de fiscalização é misto,
como decorre do art.204º: os tribunais têm competência para esta fiscalização e, muitas vezes,
existe recurso para o TC. O juiz poderia sempre apreciar, tem liberdade de julgar mesmo que o
António nem tivesse suscitado qualquer norma.

2. António tinha legitimidade mas o Ministério não: art.280º nº4. O âmbito seria o previsto
no art.280º nº6: só se julga a inconstitucionalidade e ilegalidade das normas.
3) São os efeitos previstos no art.80º da LOTC: decisão de desaplicação, tem um efeito
inter-partes a norma só vai ser desaplicada para aquele caso em concreto

26. Vamos agora analisar a matéria deste Decreto-Lei de bases pois pode ser de matéria
concorrencial ou matéria da reserva relativa da AR. Aqui poderíamos surgir a dúvida de se esta
habilitação se integrava nas bases do sistema de ensino, previsto no art.164º i) OU se não se
integrava esta habilitação e podemos pensar que isto interferia num DF: a liberdade de escolha
de trabalho, previsto no art.47º (também o art.43º). Se seguirmos o primeiro pensamento,
existe uma reserva absoluta e o Governo não poderia legislar. Se seguirmos o segundo
pensamento, estamos a admitir que isto se integra no art.165º nº1 b). Inclinamo-nos mais para
a segunda opção porque quando falamos de bases é algo fundamental, então aqui não estaria
abrangido bases desta matéria.

O governo pode desenvolver decretos-lei de bases mas apenas em matéria concorrencial ou


matéria de reserva relativa: Temos lei de autorização  decreto-lei de base autorizado
decreto-lei de desenvolvimento). Ou seja, nunca poderia ser uma resolução.

Uma resolução é um ato administrativo normativo. Ou seja, não é um ato legislativo e nunca
poderia ter sido aprovado nestas circunstancias. Os decretos-lei são o ato legislativo do
governo e têm de passar por um procedimento governamental para serem aprovados. Ao nível
da aprovação estamos numa 3ªfase deste processo: discussão e votação. Esta é feita em
Conselho de Ministros e aplica-se, ao nível dos votos, a regra da maioria presente no art.116º
nº2. Ou seja, o Ministro da Educação nunca poderia ter aprovado sozinho.

Isto não faria sentido acontecer já que os DLR não podem aprovar este tipo de matéria. Ou
seja, a pesar de ser uma matéria da competência relativa da AR e esta poder dar autorização
ao Governo ou ALR para legislar, esta matéria está excluída para as ALR. Podemos constatar
isto no artigo 227º nº1 b). Caso se tratasse de facto de uma matéria em que a ALR pudesse
legislar, estes decretos legislativos regionais poderiam, de facto, ir a apreciação parlamentar
segundo o art.227º nº4, que nos remete para o art.169º.

Preciso aqui analisar o facto do PR estar ausente: não temos informações concretas se seria
uma viagem de caráter oficial ou sem caráter oficial não superior a 5 dias: caso tivéssemos
mais informação teríamos de analisar o art.129º.

Segundo o art.132º nº1, quem substitui o PR em caso de ausência ou vagatura do cargo é o


PAR. Por isso, nesse caso, não haveria problema em ele estar a exercer essas funções. O
problema está no facto de este querer propor um voto de confiança ao Governo. Segundo o
art.193º, não é da competência do PR e, obviamente, também não o é do sue substituto, ou da
AR propor votos de confiança. É o Governo que os pode solicitar à AR. Ou seja, estaríamos
perante uma inconstitucionalidade orgânica.

Em qualquer tipo de fiscalização, o TC apenas fiscaliza atos normativos e nunca atos


políticos. Ele não decide ao nível de algo como um voto de confiança.

27. a) Estamos aqui perante um procedimento legislativo parlamentar, constituído por 5


fases. A 1ªfase é relativa à iniciativa. Esta fase é a que desencadeia todo o processo  existe a
apresentação de uma proposta ou projeto que é discutido em Assembleia. Esta iniciativa vem
prevista no art.167º nº1. Existe uma iniciativa interna, que ocorre dentro da AR: apresentação
de um designado projeto de lei por deputados ou grupos parlamentares. Temos também a
iniciativa externa: apresentação por parte do Governo ou das ALR de uma proposta de lei. Ou
seja, neste caso, a AR iria apreciar uma proposta de lei e não um projeto.

No entanto, ao nível das ALR existe uma iniciativa especifica que se prende com o interesse
especifico das RA, como podemos ver no final do art.167º e no art.227º nº1 a). A matéria das
Forças Amardas não nos parece ser uma matéria de interesse meramente regional.

De seguida, interessa-nos a 3ªfase: Discussão de votação, prevista no art.168º. Segundo o


nº2 desse mesmo artigo, existem 3 subfases votação na generalidade; votação na
especialidade e votação final global. Normalmente, segue-se o previsto no art.116º. Aqui
devemos fazer referência a 3 quóruns: o 1º é o quórum de funcionamento, apenas previsto no
Regimento da AR no art.58º nº1, onde nos diz que 46 deputados têm de estar presentes para a
AR abrir. No nossa caso, esse quórum estaria revestido. Os outros dois quóruns vêm previstos
no art.116º: na regra geral em matéria de votação. O nº2 desse mesmo artigo faz alusão ao
quórum de funcionamento para a tomada de deliberações: têm de estar presentes maioria
absoluta dos deputados em efetividade de funções para se proceder a uma votação, ou seja,
teriam de estar presentes 116 deputados. Pela informação dada, este quórum estaria também
cumprido. Por fim, temos no nº2, o quórum deliberativo que segues a maioria simples (regra
geral!): é necessário apenas um voto a mais num sentido do que noutro para haver uma
aprovação). Em principio, ao haver 100 votos a favor e 30 contra, este quórum estaria
preenchido por esta maioria simples.

Porém, existem exceções a esta regra da maioria simples. É preciso sempre analisar a
matéria da qual estamos a tratar. Neste caso, a matéria é relativa às Forças Armadas, no geral
do diploma, e vem prevista no art.164º d): reserva absoluta de competência legislativa pela AR.
Esta matéria vem prevista como matéria revestida de lei orgânica, como podemos constatar no
art.166º nº2, ou seja, isso irá alterar o procedimento. Segundo o art.168º nº5, as leis orgânicas
carecem de aprovação, na votação final global, por maioria absoluta dos Deputados em
efetividade de funções. Ou seja, teria de haver 116 votos a favor para esta proposta ser
aprovada. Isto não se encontra revestido, ou seja, o quórum deliberativo não estaria
preenchido.

Para além do mais, a proposta, na sua nota, versa sobre os direitos dos militares, uma
matéria prevista no art.164º o) [tem de ser sempre visto em conjunto com o art.270º] também
matéria absoluta da AR. Esta matéria também constitui uma exceção, prevista no art.168º nº6
e): teria de ser aprovada por maioria de dois terços dos Deputados presentes, desde que
superior à maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funções. Ou seja, neste caso
também não se encontra preenchido este quórum deliberativo.

Como resolveremos esta situação já que temos duas matérias? Recorreríamos ao critério
mais exigente. Ou seja, o segundo mencionado: maioria prevista no art.168º nº6. Sabemos
então que a proposta não seria aprovada porque seria necessário mais que 116 deputados
para existir uma aprovação.

Ao nível da 3ªsituação que o diploma prevê: é matéria da competência exclusiva do governo


ao nível da sua organização e funcionamento, ou seja, ao nível dos seus ministérios, como
previsto no art.198º nº2. A AR não poderia legislar sobre este assunto. Podemos também pegar
no art.183º nº3.

b) Caso tudo tivesse corrido na sua normalidade, aqui temos prevista a 4ªfase: Controlo.
Aqui o decreto é enviado pela PAR para o PR que poderia promulgar; vetar politicamente ou
enviar para o TC. Segundo o art.136º nº1, teria um prazo de 20 dias para o promulgar ou vetar
politicamente com mensagem fundamentada. Porém, tem uma promulgação vedada durante os
primeiros 8 dias, segundo o art.278º nº7.

c) Se existisse um veto político, a AR poderia confirmar o diploma já que este veto não é
absoluto (como o do Governo) mas sim relativo. No entanto, de acordo com o art.136º nº3,
como estamos perante um diploma revestido de forma orgânica, seria necessário o diploma ser
confirmado por maioria de dois terços dos deputados presente, desde que superior à maioria
absoluta dos Deputados em efetividade de funções.

d) Neste caso, se o Capitão Valente estava num processo e entendeu que a norma que se
lhe iria aplicar era inconstitucional, este poderia desencadear uma fiscalização sucessiva
concentrada. Este tipo de fiscalização não ocorre num processo que é unicamente aberto para
efeitos de fiscalização, ou seja, não é por via principal mas sim por via acidental. Esta
fiscalização é feita após a aplicação da norma num caso concreto. De ressalvar que é um
sistema misto: Por um lado, uma fiscalização jurisdicional difusa nos termos do art.204º
(podemos ficar por aqui); por outro, se alguém não concordar com o definido pode existir esta
fiscalização jurisdicional concentrada por via de recurso para o TC, prevista no art.280º.
Este poderia/deveria invocar a inconstitucionalidade das normas junto do tribunal a
quo, onde estava a decorrer o processo. Isso seria analisado por esse Tribunal e havia
duas opções: ou o Tribunal atribuía razão ao Capitão e, segundo o art.204º, teria de
aplicar outra norma (não se suscitava a fiscalização sucessiva concentrada e ficar-se-ia
pela fiscalização sucessiva concreta difusa); ou o Tribunal aplicava a norma cuja
inconstitucionalidade foi suscitada, alegando que não havia nenhum problema de
inconstitucionalidade. Neste ultimo caso, o Capitão poderia, segundo o art.280º nº1 b),
recorrer ao TC, através de um recurso por exaustão: sabemos que é este recurso pelo
art.70º da LOTC.

28. Aqui estamos numa situação de restrição de direitos: art.26º; art.35º; art.59 nº1 e) e
art.63º. Qual a diferença entre estes dois? Os dois primeiros são DLG e os segundos são
DESC. Tínhamos de levantar a questão de aplicação do regime unitário da doutrina negam a
distinção destes regimes.

Segunda questão: Temos aqui um caso de colisão: o bem em causa é a sustentação da


segurança social.

Numa matéria destas, o Governo poderia regular esta matéria por decreto regulamentar?
Não. Este faz parte de função administrativa. Neste caso, teria de haver um decreto-lei porque
estamos perante uma função legislativa: a matéria de DLG (dois primeiros artigos) está
regulada no art.165º nº1 b) é matéria de reserva relativa, ou seja, tem de ser legislado pela
AR ou pelo Governo, mediante uma autorização. Se o governo não tivesse autorização não
tinha competência.

Ao nível do final, com a instalação de camaras de vigilância: temos de analisar na


perspetiva do principio da proporcionalidade provavelmente seria algo excessivo.

29. 1. Estamos aqui perante uma lei que se debruça sobre uma matéria prevista no art.35º
nº2: é um DF englobado na categoria de DLG. A matéria de DLG pode ser legislada, ao abrigo
do art.165º nº1 b), pela AR e, mediante autorização desta, pelo Governo. Ou seja, o Governo
teria de ser autorizado a legislar sobre esta matéria, já que se trata de competência relativa da
AR.

Aqui importa ressalvar o procedimento legislativo governamental. O Governo, tem de


proceder a uma apreciação dos diplomas em Reunião de Secretários de Estado. São reuniões
onde se juntam 1 secretário de estado por cada ministério, ou seja, juntam-se todos e vão olhar
para os vários diplomas apresentados à presidência do conselho de ministros. O Governo não
pode passar essa fase e aprovar logo o diploma em Conselho de Ministros.

Em ambos os artigos temos uma questão de restrição de direitos. Estes restringem direitos
abordados nos art.26º; art.35º; art.59 nº1 e) e art.63º. Qual a diferença entre estes dois? Os
dois primeiros são DLG e os segundos são DESC.

‘ 2. A fiscalização preventiva encontra-se regulada no art.278º. Segundo o nº2, o PR teria esta


competência para a requerer ao TC, pois o decreto-lei teria de lhe chegar para promulgação.
No entanto, como sabemos, segundo o art.51º nº1 da LOTC, o pedido de apreciação da
constitucionalidade ou da legalidade das normas tem de especificar as normas cuja apreciação
se requer e as normas ou princípios constitucionais violados. Existe um principio do pedido: ou
seja, o PR teria de o seguir e não apenas pedir a fiscalização do decreto, sem especificar.
[lembrar sempre que TC fiscaliza normas constantes de diplomas e não diplomas!]

Esta limitação imposta pelo PR é permitida segundo o art.60º da LOTC, que nos remete para
o art.278º nº8. De facto, o PR pode pedir este encurtamento em situações de urgência. No
entanto, não nos parece que esta situação em concreto seja de tal urgência para exercer este
poder. Em circunstancias normais, o TC tem 25 dias para se pronunciar, como previsto nesse
mesmo artigo.

Temos a afirmação que o TC alegou, no acórdão de pronúncia, a inconstitucionalidade


orgânica e formal do dito decreto. Sabemos que os efeitos desta decisão pelo TC estão
previstos no art.279º nº1: o diploma será devolvido ao PR (ou RR dependendo dos casos) e
este tem de o vetar.

O PR cumpriu isto vetando o decreto. Neste caso, não seria preciso fundamento já que se
trata de um veto ao Governo, ou seja, um veto absoluto onde o governo nada pode fazer. Só
ao nível da AR é que é necessário esta mensagem fundamentada.

3. Estamos aqui perante um procedimento legislativo parlamentar, constituído por 5 fases.


A 1ªfase é relativa à iniciativa. Esta fase é a que desencadeia todo o processo  existe a
apresentação de uma proposta ou projeto que é discutido em Assembleia. Esta iniciativa vem
prevista no art.167º nº1. Existe uma iniciativa interna, que ocorre dentro da AR: apresentação
de um designado projeto de lei por deputados ou grupos parlamentares. Temos também a
iniciativa externa: apresentação por parte do Governo ou das ALR de uma proposta de lei. Ou
seja, neste caso teria de ser o Governo a enviar para a AR a proposta de lei.

De seguida, interessa-nos a 3ªfase: Discussão de votação, prevista no art.168º. Segundo o


nº2 desse mesmo artigo, existem 3 subfases votação na generalidade; votação na
especialidade e votação final global. Normalmente, a votação na generalidade é feita em
Plenário e na especialidade em Comissões. Ou seja, apenas se teria de recorres às comissões
ao nível da segunda fase de votação.

No procedimento legislativo, esta audição remete-nos para uma 2ªfase. Ou seja, teria de ser
feita antes da discussão e votação. Temos aqui uma inconstitucionalidade formal: o
procedimento não seguiu o seu processo normal. Esta 2ªfase é denominada de apreciação. As
propostas ou projetos são sempre apreciados internamente por comissões especificas da AR.
Esta comissão pode olhar para o diploma e achar que deve ser discutido publicamente devido
à sua importância; propor alterações ao texto originário;… Por vezes, estes projetos ou
propostas podem também de ser apreciadas por órgãos externos à AR. Neste caso, não
parece que fosse totalmente necessário esta audição, ou seja, não estaríamos perante uma
audição obrigatória mas sim facultativa.

Após a apreciação, a AR elabora um parecer que teria de conter a tal apreciação e que
poderia conter propostas de alteração do texto originário. Após isso, é que o diploma terá de
ser discutido.

Como ultima fase da discussão temos: votação final global. A aprovação de todos as
votações seguiria a regra geral de maioria prevista no art.116º nº3 (lembrar sempre todos os
quóruns).

4. Aqui entramos na 4ªfase do procedimento legislativa: do Controlo. O designado


“decreto” é enviado para o PR. Segundo o art.136º nº1, o PR pode: promulgar, vetar
politicamente ou enviar para o TC. A fiscalização preventiva vem prevista no art.278º. Segundo
o nº1 desse mesmo artigo, o PR tem competência para requerer esta fiscalização ao TC.
[lembrar que TC só fiscaliza normas constantes de diplomas]. Aludindo ao facto de o PR ter
vetado o diploma sem a decisão do TC, importa analisar o art.53º da LOTC. Este artigo indica-
nos que é admitida a desistência de pedido apenas nos processos de fiscalização preventiva.
Ou seja, neste caso, o PR poderia desistir do seu pedido e, posteriormente, vetar caso assim o
desejasse.

Ao vetar o diploma, tem de o enviar de novo para a AR com uma mensagem a explicar o
veto: parece-nos que este fundamento, no caso concreto, fica aquém do que deveria ser.

De facto, caso exista um veto a AR pode confirmar já que este veto não é absoluta mas sim
relativo. Vemos isto no art.136º nº2: é necessário confirmar o veto por maioria absoluta dos
Deputados em efetividade de funções, ou seja, por 116 deputados. Neste caso, esse requisito
encontra-se cumprido e, como diz o nº1 do art.136º, o PR deverá promulgar o diploma no prazo
de 8 dias. Se faltar a promulgação não temos diploma, segundo o art.137º. Este ato de
promulgação tem de ser sujeito a uma referenda ministerial, como previsto no art.140º nº2: Se
não houver esta referenda, há uma inexistência do ato de promulgação nos termos do art.140º
nº2. Só depois da promulgação e dessa promulgação (não o diploma) tiver sido sujeito a
referenda é que podemos ter uma Lei da AR. Esta Lei tem de ser, posteriormente, publicada.
Ou seja, isto parece estar cumprido.

5. Estaríamos, provavelmente, perante uma fiscalização sucessiva abstrata, prevista no


art.281º. Segundo o nº2 d) o Provedor de Justiça tem competência para suscitar esta
fiscalização ao TC.

Os efeitos deste tipo de fiscalização estão previsto no art.282º nº1: temos um acordão de
declaração. O TC, ao declarar a inconstitucionalidade, faz, em regra, a norma desaparecer do
ordenamento jurídico e restaura as normas que esta possa eventualmente ter revogado, não
podendo mais esta norma ser aplicada.

No entanto, no nº4 desse artigo, temos exceções: o TC pode fixar os efeitos da


inconstitucionalidade com alcance mais restrito do que o previsto no nº1 e 2: teríamos de ver se
assim se justificava.

Resposta da aula: Identificar questões – lei da AR sobre dados pessoais; o Governo aprovou
em conselho de ministros com conteúdo;

1. Matéria respeitante à proteção de dados pessoais – art.35/2 CRP. É um DLG, logo a


competência para legislar é a da AR nos termos do artigo 165º/1/b. (matéria de reserva
relativa da AR).

O Governo poderia ter legislado nas matérias seguintes, sendo elas DLGs? Poderia ter
aprovado este decreto? O governo só poderia legislar nesta matéria sob lei de
autorização legislativa, (198/1/) sob a forma de decreto-lei e aqui nem se fala de
decreto-lei, apenas se fala de decreto.

O Governo pode aqui cometer uma inconstitucionalidade formal ou mesmo ilegalidade.


Temos aqui uma ilegalidade indo contra uma lei,não sendo desconformidade com a
constituição na medida em que não é esta que obriga à audição.

2. Só podem ser objeto de fiscalização preventiva os diplomas que irão ser atos
legislativos. Apesar de não resultar do caso, vamos partir do princípio que este viria a
ser um diploma legislativa, caso contrário não poderia haver ficalização preventiva.
Redução do prazo: só em situações de urgência ao abrigo do 278 e do 60º LOTC.
Efeitos da fiscalização preventiva (279 crp) – acordao de pronuncia leva a que a norma
seja remetida ao pr que não pode promulgar o diploma …
Nos termos do 279, a norma que é devolvida ao presidente tem dpeois de ser
reenviada ao órgão que a aprova.
O governo pode confirmar este diploma? Não.
O pR neste tipo de veto não tem que dizer nada; simplesmente não pode promulgar
nos termos do 279.

3. PM tem iniciativa legislativa? Não. É o governo. Artigo 167/1 (por via deste sabemos
que é competência do governo ter competência legislativa). Como é que sabemos que
esta competência não é exercida pelo PM mas sim de outra forma? Dentro do governo
quem, secretario de estado, pm,…? – 200/1/c

Processo de votação…..

4. Antes de haver promulgação e desta ser referendada, o temro decreto está correto.
Pode suscitar a fiscalização preventiva o PR? 278/1 crp.
Antes que o tc decidisse o PR vetou …? Que tipo de veto é este? Veto politico
Poderia ter havido este veto politico? O PR pode efetivamente vetar politicamente nos
termos do 136º. Mas está a decorrer o processo do TC. Não é pelo fatco do pr resolver
vetar o diploma que isso corresponde a uma desistência do pedido. Ele tem é que
desistir do pedido para vetar politicamente.
A deisstencia do pedido so pode acontecer na fiscalizcao preventiva (artigo 50 lotc)

Isto é fundamentação bastante para o veto politico? Esta mensagem do PR não parece
valer para efeitos de mensagem fundamentada.

Confirmação da AR: à luz do 136/2 a maioria necessária era a maioria absoluta por
isso pode efetivamente – promulgação, referenda e publicação, por isso tudo certo.

5. Que tipo de fiscalização? Se estamos a falar de um pedido de fisc 3 meses dpeois


obviamente que é sucessiva (pq o diploma já foi publicado). Olhando para a iniciativa e
para o resultado  fisc sucessiva abstrata

O Porvedor de justiça tem inicativa? 281/2/d – entidade com competência para


requerer ….

Qual é o artigo que prevê as decisões com efeitos limitados força obrigatória e geral?
282º

30. Vamos analisar aqui a matéria em causa: estamos perante três matérias ao
nível da proteção da natureza e do ambiente estamos perante a matéria prevista no art.165º
nº1 g); o art.3º nº1 insere fundamentalmente em criação de tribunais, algo que vem previsto no
art.165º nº1 p) Para além disso, estes tribunais arbitrais podem ser criados, como previsto no
art.209º nº3; o art.3º nº2 incide fundamentalmente no estatuto dos juízes, ou seja, estatuto de
titulares de um órgão de soberania, previsto no art.164º m). Nos dois primeiros, estamos
perante uma competência legislativa relativa, ou seja, tanto pode a AR legislar como o
Governo. Já na ultima situação, é da competência absoluta da AR legislar sobre aquela
matéria. Ou seja, aqui não existe problema em ser a AR a legislar. No entanto, não parece que
teria de ser um ato de bases.

O decreto é sempre enviado para o PR que tem 3 opções, segundo o art.136º nº1: promulgar;
vetar politicamente ou enviar para o TC. Aqui decidiu enviar para o TC, requerendo uma
fiscalização preventiva. Esta fiscalização vem prevista no art.278º. Segundo o nº1 desse artigo,
o PR tem esta competência de requerimento. Sempre recordar que, para além da norma cuja
apreciação se requer, o PR deveria também especificar quais as normas ou princípios
constitucionais violados, segundo o art.51º nº1 da LOTC.

O TC acabou por afirmar um acórdão de pronuncia, declarando a não inconstitucionalidade.


Segundo o art.136º nº1, se o TC se pronunciar pela não inconstitucionalidade, o PR continua
com duas opções: promulgar ou vetar o dito diploma.

O PR decidiu promulgar. Sabemos que a falta de promulgação leva a uma inexistência


jurídica, tal como previsto no art.137º se faltar a promulgação não temos diploma, por isso é
que ainda não chamamos Lei da AR mas sim decreto. Este ato de promulgação necessita de
referenda ministerial, como previsto no art.140º nº1. A falta desta refenda, como indica o nº2,
leva à inexistência do ato de promulgação. No caso, teria de ser o Governo a indicar esta
referenda e não apenas o Ministro do Ambiente.

Resposta da aula:

Tipo de matéria: matéria relativa (165/1g ou 165/1/p) – a LN diria que se inclinava para
que fosse matéria da alínea 165/1/p

O pR requereu… - fiscalização preventiva – art 51/1 – principio do duplo ónus de


impugnação especificada. O TC está obrigado a seguir isto? Está vinculado ao
principio do pedido mas não tem que concordar com a fudnamentacao que pode ser
diversa.
O TC pronunciou se no sentido da não inconstitucionalidade – não há efeito
precluasivo – se o TC diz que não há problema de inconstitucionalidade, qual é o
artigo que se segue em termos de procedimento? 136 ou 186 (?)

Promulgação – referenda pelo ministro do ambiente? Nos termos do 140/1 fala-se em


referenda governamental mas há um costume constitucional que diz que a
competência é exercida pelo PM:

Na invocação a alínea a, o GV estaria a exercer que competência? Concorrência


competencial. Faz sentido que invoque a lei nº1/2005 que é uma lei de bases? Se está
a invocar a lei de bases em principio estaria a fazer um decreto lei de desenvolvimento

PR requereu ao TC a fiscalização preventiva – qual poderia ser o argumento inovcado


pelo PR? 165/1/p (eventualmente)

Efeitos da pronuncia – 279

Direit de veto – 279

NÃO É O DECRETO QUE É REFERENDADO, MAS SIM O ATO DE


PROMULGAÇÃO – é esta que é objeto de referenda.

O tribunal decide não aplicar a norma. Pode haver recurso para o TC? Se houvesse
seria ao abrigo do 280/a. Recurso direto ou por exaustão? Sim.

O ministério publico pode recorrer? Se sim, com base em que artigo? 280/3 porque
neste caso fazia parte de atos legislativos. Qual o artigo da llotc que nos diz que o MP
tem legitimidade p recoorer? 72/a

Art.204 – os tribunais não podem aplicar normas que considerem inconstitucionais

Estamos perante uma fiscalização sucessiva concreta – se o TC da razão ao MP quais


os efeitos da fisc sucessiva concreta – os previstos no art 80 LOTC –

52 e 23 crp
Ultimo paragrafo – fiscalização sucessiva abstrata – competência do provedor de
justiça? 280/2/d – seguindo-se o processo de fisc sucessiva abstrata

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