Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DESENVOLVIMENTO DE
EQUIPES DE ALTO DESEMPENHO
Como vimos na aula anterior, fomos criados para viver em grupos e nos
fortalecer por meio deles, ou seja, é intrínseco à natureza humana esse tipo de
formação e nosso papel nas organizações é potencializar ao máximo essa
natureza, direcionando objetivos pessoais às forças grupais e, por fim, utilizando
essa poderosa dinâmica de maneira ética e profissional ao favorecimento da
obtenção de objetivos organizacionais.
Equipes de alto desempenho podem ser formadas, mas esse trabalho é
árduo. Inicia-se buscando e encontrando pessoas que tenham as características
pessoais e profissionais necessárias para compor uma equipe e, só então, reunir
estas com mais outras pessoas que possuam características compatíveis
aliadas às competências técnicas complementares. Então, auxiliam-se essas
pessoas a formarem vínculos fortes de convívio e empatia através da criação de
propósitos e objetivos claros e que sejam comuns a todos. Só então estas
pessoas cuidadosamente selecionadas, através de desafios calculados, passam
pelos estágios de formação de equipes sob supervisão do seu líder e, se tudo for
bem, teremos uma equipe de alta performance. É um longo e desafiante
caminho a ser seguido.
Nesta segunda aula – Formando equipes de alto desempenho – você terá
a oportunidade de se aprofundar nos temas a seguir:
Tema 1 - Características dos membros de equipes de alto desempenho
Tema 2 - Recrutando e selecionando
Tema 3 - Papéis dos membros de equipe
Tema 4 - Transformando grupo em equipe
Tema 5 - Treinando o trabalho em equipe
CONTEXTUALIZANDO
02
próprios e aos outros. Não raro um treinador opta por usar um jogador em vez
de outro, não por incapacidade técnica, mas, sim, por suas atitudes.
O grande desafio é sempre encontrar o equilíbrio correto entre permitir
que cada um dos membros mostre seus talentos individuais e, ao mesmo tempo,
conter ressentimentos, conflitos de personalidade e egos inflados.
No cenário empresarial, não é muito diferente: o maior desafio é sempre
formar uma equipe, já que, de maneira geral, embora já se reconheça o valor
das equipes em ambientes organizacionais, culturalmente as empresas fazem
suas estratégias pensando em pessoas.
03
Equipes que já têm algum tempo de trabalho geralmente possuem a
maior parte desses conhecimentos e habilidades.
Os domínios de ferramentas necessárias ao desempenho de suas
atividades técnicas também fazem parte desta habilidade
Habilidades interpessoais – As duas mais importantes para as equipes
desenvolverem são as habilidades de comunicação e as de solução de
conflitos. “As equipes possuem indivíduos com diferentes conhecimentos,
formas diversas de interpretar os fatos, diferentes percepções do mundo e
muitas vezes utilizam meios inteiramente pessoais para discutir os
problemas, o que por vezes causam mal-entendidos e conflitos
interpessoais” (Buzetto, 2017).
Habilidades administrativas
As equipes de alto desempenho devem assumir a maioria das tarefas
que antes cabiam aos seus líderes, como: realizar e participar de
reuniões, avaliar informalmente o desempenho de colegas, dividir
tarefas, negociar recursos, elaborar e analisar relatórios, planejar e
programar o trabalho, definir cronogramas, medir desempenho e
estabelecer metas, lidar com a documentação, dentre outros. (Buzetto,
2017)
Embora pareça ser uma tarefa difícil quando listamos exemplos, fica mais
fácil quando projetados de maneira macro os objetivos pessoas nos
organizacionais, mesmo porque os pessoais costumam ser mais facilmente
05
alcançáveis. Membros de equipes de alto desempenho esperam que algumas
necessidades suas sejam supridas, como:
nome do cargo;
principais atividades a serem desenvolvidas;
hierarquia (ascendente e descente);
características pessoais básicas (de vida, familiares etc.);
características pessoais básicas (ética, moral, personalidade etc.);
características (técnicas e comportamentais) do líder;
características (técnicas e comportamentais) da equipe;
área, departamento, local de trabalho, horário;
escolaridade e conhecimentos técnicos específicos;
experiência profissional, desafios assumidos e conquistados;
remuneração em geral (salário, benefícios, comissões, prêmios etc.);
outras informações a respeito da vaga (necessidade de viagem etc.).
06
Depois de atrairmos interessados, começa a seleção, que é um processo
sistematizado de classificação e escolha entre candidatos recrutados. A seleção
visa prever qual tem as características ideais para preencher a vaga e ser
contratado. São diversas as técnicas utilizadas para seleção de pessoas e
abaixo as descrevemos.
07
TEMA 3 – PAPÉIS DOS MEMBROS DE EQUIPE
08
Figura 1 – Papéis em uma equipe de alto desempenho
09
Radar – antes que os demais percebam, capta os primeiros sinais de
sentimentos no grupo.
Instigador – provoca uma perturbação no campo grupal, através de
jogo de intrigas.
Atuador – membro que executa aquilo que lhe é proibido (infidelidade,
hábitos extravagantes, sedução, etc.).
Sabotador – procura obstaculizar a tarefa grupal. Pessoa invejosa ou que
tem defesas narcisistas.
Vestal – assume o papel de zelar pela manutenção da “moral e dos bons
costumes”.
Líder – surge designado ao grupo ou surge espontaneamente entre os
membros.
010
Fonte: Blanchard; Carew; Carew, 2011.
011
orgulho por suas conquistas. As preocupações desse estágio são: evoluir
a relação intergrupos (clientes, fornecedores etc.), evitar uma relação de
competitividade com os stakeholders, promover a melhoria nos processos
e evitar acomodações ou comodismo.
Fase 5 – Desintegração - Ocorre apenas para equipes temporárias, ou
seja, que foram criadas especificamente para determinados projetos. O
objetivo nesse estágio é estabelecer um processo de transição e
tranquilizar a equipe quanto ao futuro. Já em equipes permanentes, o foco
é procurar sobreviver e se fortalecer a partir de processos de renovação.
Os membros das equipes de alto desempenho passam por várias etapas
de um processo de transformação até alcançar um estágio considerado
maduro.
012
Dimensão sistêmica – A dimensão sistêmica pode dizer respeito à área
na empresa, a uma região, a uma unidade da empresa, etc. Desenvolver
a dimensão sistêmica de um membro de equipe é auxiliá-lo no
entendimento do todo em que ele está envolvido e da significância do seu
papel dentro da equipe e da significância e impacto do trabalho da equipe
no contexto em que ele está inserido. Este olhar sistêmico permite que o
membro obtenha clareza do valor estratégico seu e de suas ações.
De uma forma otimista, uma grande parte das pessoas criadas para dar
importância e contribuir apenas de maneira individual nas organizações tem
percebido que o trabalho em equipe pode trazer grandes resultados profissionais
e satisfação pessoal e, por conta disso, têm se empenhado no desenvolvimento
dessa habilidade.
A construção da habilidade de trabalho em equipe é difícil de ser
desenvolvida, porque, de maneira geral, fomos socializados a fazer
contribuições individuais e sermos recompensados unicamente por isso. Quando
nos deparamos com esse tipo de pessoa e temos a certeza de que ela se
desenvolverá, podemos treiná-la para mudar seu modelo de contribuição e se
tornar um membro de equipe.
Ivancevich (1995, p. 423) afirma que
013
Especialistas da área de treinamento conduzem exercícios que permitem
aos colaboradores experimentar a satisfação do trabalho em equipe. Essas
pessoas costumam ser conduzidas a aprender ou melhorar suas habilidades de
solução de problemas, comunicação, negociação, administração de conflitos,
etc.
Também podem ser utilizados treinamentos que enfoquem as várias fases
que uma equipe tem em sua formação, quando da transição de grupos para
equipes.
Podem ser atingidos resultados empolgantes quando utilizamos uma
equipe de especialistas em treinamento comportamental (interna ou externa) a
fim de trabalhar de maneira prática os exercícios diários de um membro de
equipe como a colaboração e a paciência. Entre esses resultados podemos citar:
• Aumento na produtividade
• Melhora na qualidade
• Melhora na qualidade de vida profissional dos funcionários
• Redução no nível de rotatividade de pessoal e absenteísmo
• Redução no nível de conflito
• Aumento na inovação
• Aumento na flexibilidade
014
• Obtenção de economia de custos
O treinamento deixou, há muito, de ser uma opção de luxo de empresas
abastadas e passou a ser uma necessidade de sobrevivência dos colaboradores
a fim de que estejam qualificados corretamente para as adversidades internas e
do mercado.
O treinamento, tanto técnico quanto comportamental, não é apenas um
benefício dado ao funcionário para que este se qualifique e cresça pessoal e
profissionalmente. O treinamento é também um investimento para que a
empresa não caia no ostracismo em virtude da obsolescência dos seus
colaboradores.
Segundo Chiavenato (1999),
FINALIZANDO
Com planejamento e uma boa dose de sorte, leva-se algum tempo até
conseguirmos chamar um apanhado de pessoas bem-intencionadas e
transformá-las em uma equipe de alto desempenho.
É preciso definir qual é o objetivo de uma equipe de alto desempenho
antes de querer formar uma, somente assim teremos a possibilidade de traçar as
competências, habilidades e atitudes que são importantes para atingir as metas.
Na maior parte das vezes, quando queremos captar pessoas para fazer parte
das equipes, nós nos concentramos em fazer processos seletivos que enalteçam
as capacidades técnicas dos currículos e os diplomas em seus currículos, pois
essas habilidades são infinitamente mais fáceis de detectar e testar.
Os papéis, tanto técnicos quanto os de personalidade, também devem
estar alinhados com os propósitos das equipes, pois através deles será mais
fácil detectar e auxiliar os grupos a passarem pelas mais diversas fases até se
tornarem membros efetivos de equipes.
Por vezes esquecemos que o que transforma um grupo em uma equipe
são as habilidades comportamentais, os comportamentos entre os membros de
grupo que fazem deles membros coesos e sinérgicos, por isso o treinamento,
015
tanto técnico quanto comportamental, se faz necessário para desenvolver as
pessoas e mantê-las em alta performance.
Na próxima aula nos ateremos a estrutura das equipes de alto
desempenho.
016
REFERÊNCIAS
017
TUCKMAN, B. W. Developmental sequence in small groups. Psychological
bulletin, v. 63, n. 6, p. 384, 1965.
ZIMERMAN, D. Fundamentos básicos das grupoterapias. 2. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2007.
ZIMERMAN D. E., OSÓRIO, L. C. Como trabalhamos com grupos. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1997.
018