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A ALIANÇA DO PODER ECLESIASTICO COM OS MOVIMENTOS DE DIREITA PARA

A REESTRUTURAÇÃO DE UMA ORDEM SOCIAL NO INÍCIO DA REPÚBLICA


BRASILEIRA.

Autora: Andressa Rayane Maria Almeida da Mota

Email: motaandressa08@gmail.com

Orientador: Prof. Dr. Carlos André Silva de Moura

Agencia de formento: Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

INTRODUÇÃO:

A proposta desse trabalho é mostrar a união da igreja e do Estado com os movimentos de direita
para a reestruturação da Igreja e da ordem social durante o início do período republicano e o
processo de laicização no Brasil. Nesse dinamismo, a Instituição religiosa é utilizada com o
intuito de reorganizar a moral da sociedade em meio aos possíveis ataques de idéias de esquerda
liberal laicista e os movimentos revolucionários como também para reorganizar o clero na
conjuntura política para retomar a sua atuação na sociedade. É válido destacar também que a
Instituição Religiosa não tinha o objetivo de reconduzir a igreja católica novamente como à
religião oficial em seus respectivos países, mas apenas de promover a retomada de atuação do
clero no âmbito político e social (MOURA, 2015, p.136). Com isso, a Igreja se une ao poder
político afim de atender a seus interesses, “Tratava-se, em última análise, de uma união de
forças para combater o inimigo comum representado pelos movimentos de tendência liberal,
anárquica e socialista” (AZZI, 1944, p.30).

O foco dessa narrativa é referente às estratégias utilizadas pela Igreja de se articular no âmbito
político para defender seus interesses como ocorreu no Brasil, no qual contribuíram para a
formação de uma restauração Católica. Essa “Restauração” se configura em reconduzir a forma
de atuação antiga do clero em sua participação política social, “Esse modelo, na consciência da
hierarquia eclesiástica, é o de uma Igreja entendida como poder espiritual, que no exercito de
sua missão colabora com o Estado na manutenção da ordem social” (AZZI, 1994, p.22). Vários
intelectuais e religiosos foram importantes nessa conjuntura, porém iremos dar importância a ao
Cardeal Dom Sebastião Leme um dos principais líderes católicos no qual publicou a Carta
Pastoral Saudando a sua Archidiocese que foi o documento fundador do projeto de
Recatolização no país, lutando em defesa de uma nova ordem social e contra o comunismo,
conhecido como colaborador para a restauração de uma Neocristandade.

DESENVOLVIMENTO:
Temos uma herança histórica pautada em um Estado Cristão, ou seja, a Instituição Eclesiástica
ligada diretamente ao Estado, “É o que se designava, desde a época medieval, a união dos dois
poderes, civil e eclesiástico, e, sobretudo a partir da época das Cruzadas, a união entre a espada
e a cruz“ (AZZI, 1994, p.7). Nesse período, o chefe do Estado era visto como um ser sagrado,
alguém escolhido por Deus para assumir o cargo. Contudo, no fim do Período Imperial, devido
à crise da Cristandade a Igreja começou a decair e as elites letradas desejavam o fim da união da
Instituição religiosa e do Estado. A partir disso, com a implantação da República, a burguesia
que se ascendia desejou implantar a laicização do Estado porque queria romper com a ligação
eclesiástica por acreditar que não precisava mais da colaboração da Instituição. Entretanto,
devido ao processo industrial, no qual novas ideias revolucionárias de esquerda começaram a se
instaurar na república, o governo republicano vê como inevitável a participação eclesiástica para
moldar a consciência moral da sociedade. A partir disso, inicia-se a união da Igreja com regimes
autoritários de direita.

Esse acontecimento no Brasil é destacado na década de 20 até aos anos 50, após o período onde
a industrialização teve grande contribuição para um maior crescimento da classe média como
também para o fortalecimento da classe operária. Em 1921, o cardeal D. Sebastião Leme passa a
assumir a liderança da hierarquia católica brasileira e um ano depois cria- se no Brasil o partido
comunista, como também se comemora o centenário da independência. Nesse contexto, começa
o movimento de Recatolização com o intuito da Igreja Católica moldar a sociedade com os
princípios cristãos contendo as ideias radicais de esquerda e contribuindo para a manutenção da
ordem social. Ademais, a Igreja se considera um grande inimigo dessas ideologias consideradas
ateístas, sendo assim o clero via esse período como essencial para o poder eclesiástico se
reestruturar na sociedade, “A preocupação dominante da Igreja, no Brasil, até os anos 50, é
manter sob controle os movimentos populares, denunciando o seu caráter revolucionário e ateu”
(AZZI, 1994, p. 18). Esses são considerados pontos determinantes para a Recatolização, onde a
Igreja utiliza-se como colaboradora da Instituição Política contra as revoltas populares. Como
resposta a esse levante popular, o Estado programa um governo autoritário, conhecido como o
Estado Novo (falar mais sobre o estado novo e a perseguição aos movimentos de esquerda no
período). O autor ainda acrescenta que nesse instante, a Instituição Religiosa fica ao lado do
governo vigente prestigiando a ordem social. Com isso, o Clero ao defender o regime estabelece
uma união com o poder político, no qual se utiliza dessa estratégia para retomar a sua atuação
na sociedade, dando início a Recatolização Católica. Como prova dessa unificação, é válido dar
destaque a união Dom Sebastião Leme com presidente Getúlio Vargas, onde em 1931 o líder
Católico vai ao palácio da Guanabara suada-lo. Como também, meses depois se inaugura o
Cristo Redentor no Rio de Janeiro, mostrando um país fundamentalmente cristão. (falar mais
sobre D. Sebastião Leme). Dessa forma, fica evidente os interesses religiosos e sua ligação
direta com o poder político. Esse momento histórico marca um novo período religioso, a
Restauração Católica, no qual é definido por Carlos Moura: “O conceito de Restauração
Católica ou recatolização / recatolizar se fundamentou no tradicionalismo, na ordem política e
religiosa, que tinham como objetivo o combate à desordem social representada nas propostas
anticatólicas, no pensamento moderno e na perda de espaço dos discursos do clero” (MOURA,
2015, p.43). Por fim, não restam dúvidas acerca da estratégia pensada pelo poder eclesiástico
para se unir ao Estado em defesa de uma Neocristandade como também quanto a sua posição
política, mostrando quase declaradamente de direita e em favor dos movimentos de cunho
conservador (AZZI, 1994, p.43).

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

REFERENCIAS:

AZZI, Riolando. A Neocristandade: um projeto restaurador. São Paulo: Paulus, 1994

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