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SEMINÁRIO PRESBITERIANO DO NORTE

BACHAREL EM TEOLOGIA

ABDÊNEGO FELIPE SILVA ANDRADE

HISTÓRIA DA IGREJA 4:
Resumo do Livro: Dois Reinos – Parte 3

RECIFE/2022

*Seminarista em Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte – SPN.


ABDÊNEGO FELIPE SILVA ANDRADE

HISTÓRIA DA IGREJA 4:
Resumo do Livro: Dois Reinos – Parte 3

Resumo apresentado ao Seminário Presbiteriano


do Norte em cumprimento as exigências da
disciplina de História da Igreja 4, componente
curricular do curso de Bacharel em Teologia.
Dr. Prof. Rev. José Roberto

RECIFE/2022

*Seminarista em Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte – SPN.


Resumo

Abdênego Felipe Silva Andrade*

ROBERT, G. Clouse, RICHARD V. Pierard e YAMAUCHI, Edwin – Dois Reinos – A


Igreja e a Cultura interagindo ao longo dos séculos / Ed. Cultura Cristã. –
Originalmente editado nos Estados Unidos pela Moody Press com o título Two
Kindoms 1993.

O livro Dois Reinos é o um livro extraordinário que nos informa e desafia à


reflexão acerca da relação sempre inquieta entre os Dois Reinos.
Desde o princípio o Cristianismo buscou alcançar os confins da terra. Neste
livro vemos como um pequeno movimento de fé cresceu e se espalhou até seu poder
espiritual ser sentido por todo o mundo. Mas, a narrativa não se esquiva das falhas e
erros dos cristãos, particularmente quando eles se tornaram prisioneiros da cultura
em que viviam. Isso faz parte da História como um todo. Nem a história da Igreja se
desenvolveu num vácuo e nem a própria cultura pode evitar a influência muitas vezes
decisiva da Igreja crista.

A Igreja global e em progresso (1789 presente).

Entre 1760 e 1815 uma onda de revoluções varreu o mundo ocidental, indo
desde manifestações de protesto (e resultando em concessões do governo) até a
grande revolução que sacudiu a França. O resultado dos tumultos políticos foi a
substituição da sociedade hierárquica tradicional por uma outra de características
mais modernas. As ideias sociais do iluminismo tiveram grande participação no
preparo do cenário para a "era da Revolução Demo ática", como esse período foi
caracterizado pelo historiador R. R. Palmer

Os philosophes baseavam suas críticas da antiga ordem nas leis universais


que afirmavam ser aplicáveis a pessoas em qualquer lugar. Eles desafiaram não só a
França e outros Estados europeus, mas também aqueles que viviam nas Américas.
Essas novas maneiras de pensar e de ver o mundo eram subversivas as instituições
práticas tradicionais. Elas enfraqueceram especialmente a Igreja Católica.

*Seminarista em Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte – SPN.


A Revolução Americana.

O primeiro novo Estado a ser fundado tendo como base os princípios do


Iluminismo ficava na América do Norte. A revolução que levou à criação da repú blica
americana surgiu dos conflitos entre ingleses e franceses durante os séculos 17 e 18.
Conforme foi mencionado no capítulo anterior, essas guerras foram travadas não
apenas na Europa, mas também no mundo colonial, resultando na vitória britâ nica na
América do Norte e na Índia. Porém, como dinheiro e soldados britânicos tinham sido
usados para vencer a guerra e expulsar os franceses da América do Norte garantindo
que faria parte de um império em expansão, Londres achou que a colônia deveria
contribuir mais para os custos de defesa. O esforço atabalhoado por parte do governo
britânico de coletar impostos para esse fim, alienou os colonos e levou à Guerra da
independência.

O Declínio do Catolicismo

Depois de 1648, a Igreja Católica como instituição universal entrou em


declínio. O papa, que havia sido ignorado na Paz da Westphalia, raramente era
consultado sobre problemas internacionais e não estava representado em nenhuma
das grandes conferências de paz. As diversas igrejas nacionais passaram cada vez
mais a ser governadas por sínodos ou bispos e o papado tinha grande dificuldade em
exercer sua autoridade. Uma série de papas fracos deixou a instituição impo tente
diante dos crescentes ataques.

A afirmação mais importante da ideia de Igreja nacional no século 17 foi o


Galicanismo. Numa assembleia em Paris cm 1862, os bispos franceses adotaram uma
declaração (os Quatro Artigos Galicanos) que afirmava que o rei Luís XIV não estava
sujeito em coisas temporais (seculares) a qualquer poder eclesiástico e nenhuma
ação do papa liberava seus súditos da obediência ao rei. Também declarava que
concílios gerais tinham autoridade sobre o papa e que a coroa e os bispos podiam
controlar a interferência do papa na França. Apesar do papa ter autoridade espiritual
universal, os Galicanos insistiam que o Estado controlasse, de fato, o funcionamento
da Igreja em questões como a seleção de bispos, liturgia, lei eclesiástica e educação.

*Seminarista em Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte – SPN.


A Revolução Francesa
A contínua incapacidade do governo francês de lidar com os problemas que
afligiam o país tornou a revolução quase inevitável. Apesar da França, de um modo
geral, ser próspera, o sistema social antiquado vigente no "antigo regime" deixava as
finanças públicas numa situação desesperadora. As terras que eram propriedade do
clero e da nobreza, os chamados "primeiro" e "segundo" estados ou ordens da
sociedade, eram isentas de impostos, mesmo constituindo 35 por cento da área do
país. Isso significava que o fardo tributário recaía sobre o "terceiro" estado, os vinte
milhões de camponeses e quatro milhões de artesão e a classe média (burguesia)
que constituíam 98 por cento da população do país. Tendo em vista que a maior parte
dos impostos era paga pelos camponeses, eles tinham boas razões para estar
descontentes. Os fatores econômicos não foram tão importantes na alienação da
classe média, pois sua situação estava melhorando, mas ressentiam às vantagens
sociais da nobreza e suas exclusões dos cargos melhores no exército, serviço público
e Igreja.

A Revolução e a Igreja

Em 1789, entre os membros do baixo clero e até mesmo por parte de alguns
do alto clero, havia um forte apoio à reforma. A maioria concordava que os mostei ros
eram instituições inúteis e que as finanças da Igreja precisavam ser repensadas.
Assim, muitos representantes clericais votaram junto com o terceiro estado durante
os primeiros meses da Assembléia Nacional. Não houve grande oposição quando em
agosto a assembléia aboliu o dízimo (o principal imposto da Igreja) e os direitos
senhoriais sobre as propriedades da Igreja e quando em novembro confiscou e
vendeu terras da Igreja.

A fim de ter bases legais para essas medidas e garantir a subordinação da


Igreja ao Estado, em 12 de julho de 1790 a assembléia adotou a Constituição Civil do
Clero. Esta oferecia a "racionalização" da estrutura da Igreja e de seu pessoal.
Estipulava que os clérigos receberiam salário de funcionários públicos e equitativos,
tendo em vista que o pagamento dos bispos foi reduzido drasticamente enquanto o
dos sacerdotes paroquiais recebeu um considerável aumento.

*Seminarista em Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte – SPN.


Uma Revolução espiritual na Grã-Bretanha

Enquanto a revolução estava em voga no continente, o Parlamento britânico


havia alcançado a supremacia política que antes havia pertencido aos monarcas
absolutos. Mas esta não era nem representativa e nem democrática, tendo em vista
que o sufrágio era extremamente desigual e aqueles que desejavam ser eleitos muitas
vezes tinham que comprar os votos. Suas tentativas de trazer uma centralização geral
do império fracassaram na América, mas a Escócia e a Irlanda ficaram sujeitas a seu
controle completo. Os escoceses das regiões montanhosas da Escócia foram
subjugados em 1740 enquanto que os escoceses presbiterianos que viviam no norte
da Irlanda e, de um modo geral eram contra os ingleses, foram dominados depois da
Revolução Americana. Estes últimos chegaram a unir forças com a maioria católica
na tentativa de livrar a ilha do governo inglês. mas sua revolta em 1798 foi reprimida.
Em 1801 a Irlanda uniu-se formalmente com a Grã-Bretanha em um único reino.

Algumas considerações históricas

Em sua obra clássica A Inglaterra em 1815 (1913), o historiador francês Elie


Halévy apresentou a ideia de que a Grã-Bretanha tinha sido poupada de uma
revolução como a que abalou a França, uma que as contradições de seu sistema
econômico e político podia facilmente ter originado, por causa da influência
estabilizadora do Metodismo e da religião evangélica. Argumentou que, de 1739 em
diante, crises econômicas e agitações nas classes trabalhadoras foram dissipa das
pelas pregações evangélicas e o reavivamento. Tais expressões de entusiasmo
religioso eram a forma de manifestação popular menos propensas a perturbar a ordem
social baseada na desigualdade e riqueza.

A Igreja em uma era de ideologia

Tanto o Iluminismo quanto a Revolução Francesa afetaram grandemente o


desenvolvimento do Cristianismo no século 19. Nesse período encontravam-se as
raízes de três importantes ideologias pós-cristãs dos tempos modernos-Nacionalismo,
Individualismo (Liberalismo) e Socialismo marxista (Comunismo). Quando a religião
tradicional perdeu o controle da comunidade intelectual "esclarecida" e mais tarde
também das massas, essas novas crenças tomaram o seu lugar. No começo do
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século 20 elas já haviam assumido o caráter de fé religiosa, no sentido de que faziam
exigências extremas à pessoa e possuíam seus próprios símbolos sagrados,
cerimônias, dogmas, escritos inspira dos santos e líderes carismáticos. O
Nacionalismo em particular e o Individualismo liberal em menor grau, tornaram-se tão
ligados ao Cristianismo que poucos crentes podiam distingui-los.

Transições internacionais depois de 1815

Com o colapso do império de Napoleão em 1814, os poderes vitoriosos- Grã-


Bretanha, Áustria, Prússia e Rússia-concluíram uma aliança diplomática contra a
França, colocaram de volta no poder o monarca Bourbon Luís XVIII e mandaram
Napoleão para o exilio. No outono, encontraram-se em Viena e redesenharam o mapa
da Europa a fim de conservar o equilíbrio do poder e conter a França. Isso incluiu
transferência de territórios, restauração de governantes de postos e uma volta da Itália
e Alemanha à sua condição anterior de divisão, com vários Estados situados em seu
solo e com a Áustria exercendo forte influência sobre seus assuntos políticos.
Napoleão reaparece na França na primavera de 1815, mas a coalizão tratou dele com
o golpe final na batalha de Waterloo. Os aliados fizeram um novo tratado com Luís
XVIII e mais dois acordos de futura cooperação a Sagrada Aliança e a Quádrupla
Aliança.

Romantismo e Nacionalismo

Enquanto esses acontecimentos políticos e militares cativavam a atenção do


público, mudanças intelectuais significativas também estavam ocorrendo. Uma delas
foi o Romantismo, um movimento na Arte, Literatura, Filosofia e Religião. Surgido na
década de 1790 como uma reação ao iluminismo, suas raízes encontravam-se no
pensamento de escritores mais antigos como Rousseau e a escola de Tempestade e
Tensão cujos principais representantes-Wolfgang von Goethe (1749-1832) e Friedrich
von Schiller (1759-1805)-enfatizavam a turbulência do espirito humano. As obras de
Goethe Gotz von Berlichingen (1773) e Tristezas do Jovem Werther (1774) foram
importantes trabalhos pré-românticos, enquanto Fausto, um poema dramático de duas
partes escrito em seus anos de mais maturidade foi a grande obra de arte da literatura

*Seminarista em Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Norte – SPN.


alemã. Na Grã-Bretanha entre as principais figuras do Romantismo estavam William
Woodsworth, Samuel e Sir Walter Scott

Romantismo e Religião

Os românticos glorificavam o seu próprio poder de autoexpressão e


criatividade. Não seriam leais a qualquer força espiritual superior à sua própria
genialidade ou aos objetos de sua devoção como a natureza, liberdade, beleza e
amor. Porém alguns aceitaram o Cristianismo. Em 1798, o escritor alemão Friedrich
von Schlegel ao que parece, teve uma experiência de conversão (ao Catolicismo
Romano) e a partir de então, todo o seu trabalho passou a ter temas religiosos. Na
obra Cristandade ou Europa (1799), o poeta Novalis retratou o Cristianismo como
símbolo de uma fé universal, o exemplo mais puro de religião como fenômeno histórico
e a mais completa revelação. Esses dois homens influenciaram o jovem pregador
Friedrich Schleiermacher (1768-1834), que foi o principal teólogo do século 19 e pai
da teologia protestante liberal.

Os conservadores

A era da "restauração" que se seguiu à queda de Napoleão caracterizou-se


tanto pelo retraimento ao conservadorismo quanto pelo avanço do Liberalismo. No
Congresso de Viena, a antiga ordem política não foi completamente restaurada: o
Sacro Império Romano, por exemplo, não foi reconstituído, mas a monarquia foi
afirmada como única forma de governo que poderia garantir a estabilidade. O melhor
exemplo disso foi a Sagrada Aliança, uma proposta do czar Alexandre I, que na época
estava sob a influência do misticismo e do messianismo. Muitos afirmam que a
inspiração para a Sagrada Aliança veio da baronesa Julie von Krüdener, uma escritora
que havia passado por uma conversão ao Pietismo e que fazia parte do séquito do
czar na época; mas a maior parte dos estudiosos de hoje acha que a ideia veio do
próprio czar. A Aliança foi assinada por todos os monarcas europeus -exceto pelo
regente da Inglaterra, o papa e o sultão turco-e declarava que as relações
internacionais daquele ponto em diante seriam baseadas nas "sublimes verdades
ensinadas pela Santa Religião". Os governantes concordaram em seguir o princípio
de que eram irmãos, de "ajudar uns aos outros" sempre que necessário e reconhecer

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a soberania de nenhum outro a não ser "Deus, nosso Divino Salvador, Jesus Cristo".
Apesar da Sagrada Aliança não ter na realidade, nenhum poder.

Os Liberais

Ao contrário dos românticos, os liberais bebiam em grande parte da fonte do


Iluminismo. Enfatizavam a liberdade individual liberdade de discurso, imprensa e
reunião e da prisão e encarceramento arbitrários. Eles consideravam que a forma
constitucional de governo era a melhor a fim de garantir essas liberdades. Nos países
avançados os liberais exigiram direitos civis e governos mais representativos,
enquanto aqueles que se encontravam em outras partes da Europa buscaram
escrever constituições que limitassem o poder do governante o fizessem trabalhar em
conjunto com as aspirações nacionalistas. Poucos liberais. porém, aceitariam a
soberania popular pois desejavam que o direito de voto fosse restrito às classes com
propriedades. Consideravam a democracia em massa tão perigosa quanto a tirania
do rei. A maior parte concordava com o teorista utilitarianos inglês Jeremy Bentham
que afirmou que "o maior bem para o maior número de pessoas seria o resultado se
cada indivíduo pudesse lutar pelos seus próprios interesses com um mínimo de
interferência externa.

A Igreja na Grã-Bretanha

O reavivamento da religião inglesa no século 19 correspondeu de muitas


maneiras ao crescimento das classes médias. Frequentar os cultos de uma Igreja
anglicana ou capela não-conformista era uma parte importante de ser respeitável.
Porém, as igrejas faziam mais do que simplesmente reforçar a busca por riquezas.
Elas ensinavam valores como o "dever" que era contrário ao interesse próprio e uma
seriedade no propósito de tornar a fé religiosa algo relevante às questões do
quotidiano que se encontrava presente em grande parte do Protestantismo inglês. As
classes trabalhadoras frequentavam bem menos as igrejas, mas muitos desse grupo
participavam de congregações metodistas e evangélicas anglicanas. Havia, porém,
barreiras reais que impediam os pobres de frequentar as igrejas, tendo em vista que
estes não podiam se vestir adequadamente e nem pagar o aluguel dos bancos que
era cobrado em muitos lugares. A ênfase sobre a disciplina dentro da Igreja parecia

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ser mais pesada em relação aos pobres, especialmente sobre o seu consumo de
bebidas alcoólicas. Além disso, a crescente organização de atividades de lazer
concorria com a capacidade de atração da Igreja.

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