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br/insmusvio-

g03189-dez-2021-grad-ead/)

1. Introdução
Querido(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a) ao nosso material da discipli-
na .

Para iniciar nossa compreensão sobre os objetivos desta disciplina, é necessá-


rio entendermos o que signi�ca a expressão “instrumento musicalizador”, e
também por que musicalizar por meio da prática de violão ou por que utilizar
o violão como instrumento musicalizador.

Antes de mais nada, é importante dizer que nosso foco principal é a sala de
aula. Dessa maneira, olharemos para o ensino e a aprendizagem coletivos de
Música, segundo as demandas curriculares a que se destina a Educação
Básica. Se você já atua ou pretende atuar enquanto licenciado nesse locus, es-
ta disciplina será ótima para sua formação; e, se pretende atuar em projetos
sociais, escolas especializadas de Música ou com aulas individuais, ainda as-
sim poderá se favorecer com este conteúdo.

Lembre-se: enquanto professor consciente e coerente com sua prática, você te-
rá de adaptar todos os conteúdos ao seu contexto de ensino e à sua realidade,
considerando as necessidades de aprendizagem de seus alunos. Então, é você
quem poderá tornar este conteúdo vivo, �exível e expansivo à medida que se
apropriar dele.

É nesse sentido que entenderemos o termo “instrumento musicalizador”. Se


cada um de nós tem necessidades, realidades e buscas especí�cas, então o fo-
co é o ser humano. Não ensinaremos “coisas”, ensinaremos “seres humanos”.

Como Koellreutter, mencionado por Kater (1997), nos diz majestosamente:


Inútil a atividade daqueles professores de música que repetem doutoral e fastidio-
samente a lição, já pronunciada no ano anterior. Não há normas, nem fórmulas,
nem regras que possam salvar uma obra de arte, na qual não vive o poder de inven-
ção. É necessário que o aluno compreenda a importância da personalidade e da
formação do caráter para o valor da atuação artística e que na criação de novas
ideias reside o valor do artista (KOELLREUTTER apud KATER, 1997, p. 31).

É com esse sentido de professor criador, mediador, e de alunos que participam


efetivamente de seu próprio aprendizado, que a se torna um
instrumento vivo, a ser sentido, no estudo da Música.

O processo de musicalizar está diretamente relacionado ao fazer, à participa-


ção ativa no fazer musical, à sua ampliação cultural. Como bem aborda Penna
(2008, p. 47), trata-se do desenvolvimento perceptível que envolve expressão e
criticidade, ou seja, do caminho para a “apreensão da linguagem musical, de
modo que o indivíduo se torne capaz de apropriar-se criticamente das várias
manifestações musicais disponíveis em seu ambiente” (PENNA, 2008, p. 47).

Desse modo, você, enquanto aprendiz do instrumento, está em um processo de


musicalização. Nós, professores, precisamos nos musicalizar ao longo da vida,
para que nossas práticas sejam cada vez mais sensíveis e nos possibilitem
conduzir nossos alunos em seus processos, seja por meio do instrumento mu-
sical – neste caso, o violão – seja por outros meios de apreciação e práticas
musicais. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (2017), os concei-
tos de e acuidade auditiva devem ser ativos na prática docente, então
convidamos a relacionar todos os seus estudos ao desenvolvimento percepti-
vo auditivo e à experiência estética/artística deste processo.

Considerando esse caminho a percorrer, a disciplina abarcará duas grandes


frentes: a sua musicalização por meio do violão e o conhecimento do violão
enquanto instrumento musicalizador, no ensino coletivo e em práticas de en-
sino do mesmo.

Assim, você terá a possibilidade de aprender a tocar (o básico) para utilizar co-
mo acompanhador em suas práticas de educação musical e, ao mesmo tempo,
de conhecer e praticar modos de ensino desse instrumento, caso deseje.
Nosso material foi organizado em cinco ciclos:

• Ciclo 1 – Violão brasileiro – de�nições e contextualização.


• Ciclo 2 – Técnicas e habilidades básicas no violão.
• Ciclo 3 – Repertório musical para a sala de aula.
• Ciclo 4 – O professor mediador – estratégias de ensino.
• Ciclo 5 – Educação musical com violão – quais as possibilidades?

Esperamos que você consiga aprofundar os conteúdos de maneira autônoma


(acessando os links, vídeos e materiais complementares sugeridos) para soli-
di�car seu conhecimento e ampliá-lo de acordo com seus interesses, suas prá-
ticas e pesquisas.

Não se limite ao que é dado; busque, investigue e avance com seu próprio co-
nhecimento no instrumento e em estratégias educacionais!

Vamos então, iniciar esta jornada juntos?

Bons estudos!

2. Informações da Disciplina
Ementa
A disciplina apresenta ao aluno, futuro
educador musical, as amplas possibilidades sonoras e pedagógicas do violão
como instrumento musicalizador; de�ne e contextualiza o instrumento, consi-
derando suas potencialidades sonoras e criativas na educação musical, justi�-
cando sua importância para a formação do educador; descreve técnicas e ha-
bilidades básicas necessárias ao desenvolvimento técnico-instrumental no
violão por meio de descrição de exercícios, como possibilidades posturais, uti-
lização das mãos, dedos e unhas para atingir sonoridade esperada, modos de
a�nação do instrumento; apresenta, ainda, acordes maiores básicos e possí-
veis acompanhamentos em diferentes formatos, como batidas e dedilhados,
valorizando a aprendizagem gradual do aluno, por meio de repertório musical
popular brasileiro e da discussão de métodos de ensino do instrumento consi-
derando seus aspectos didáticos. No tocante à formação do educador, instiga a
criação de diferentes ritmos, gravação de seus estudos e problematização do
ensino musical coletivo como potencial no cotidiano escolar, foco de atuação
do licenciado.

Objetivo Geral
Os alunos da disciplina , na modalidade
EaD do Claretiano, dado o Sistema Gerenciador de Aprendizagem e suas ferra-
mentas, serão capazes de conhecer o violão como instrumento musicalizador,
bem como suas potencialidades para utilizá-lo como facilitador no ensino
musical. Para isso, contarão com o material na plataforma, bem como vídeos
complementares e links de outras referências bibliográ�cas eletrônicas.

Ao �nal da disciplina, de acordo com as propostas orientadas pelo(a) profes-


sor(a) responsável e pelo(a) tutor(a) da disciplina, os alunos terão condições de
compreender técnicas básicas para execução do violão, ampliar seu próprio
repertório por meio do estudo prático no instrumento e, ainda, conhecer os
pressupostos do ensino coletivo de violão no Brasil e no locus da Educação
Básica brasileira. Para esse �m, levarão em consideração diálogos de fóruns,
por meio de suas ferramentas, bem como as atividades que produziram du-
rante o estudo.

Objetivos Especí�cos
• Apresentar o violão como um instrumento musicalizador para o educa-
dor musical, valorizando suas potencialidades e o ensino coletivo musi-
cal na educação escolar.
• Contextualizar o violão brasileiro.
• Relacionar diferentes escritas e leituras de códigos para o instrumento,
para além da partitura musical tradicional.
• Possibilitar o desenvolvimento de habilidades técnicas iniciais no instru-
mento.
• Apresentar repertórios adaptados para acordes e ritmos propostos.
• Problematizar métodos de ensino de violão, suas práticas na educação
básica e projetos sociais e adaptações pedagógicas.
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Ciclo 1 – Violão Brasileiro: De�nições e


Contextualização

Objetivos
• Conceituar instrumento musicalizador.
• Conhecer a história e a do violão.
• Identi�car os principais aspectos para o estudo no violão: conscientiza-
ção corporal, organização e prática musical.

Conteúdos
• Conceito de instrumento musicalizador.
• História do violão.
• Organologia do violão.
• Partes do violão.
• Consciência corporal no violão.
• Posição e posicionamento das mãos.
• Como cuidar das unhas.
• Como se sentar.
• Organização de estudo instrumental.
• A�nação do instrumento.

Problematização
O que é instrumento musicalizador? O que você entende por violão? Qual a
capacidade musical desse instrumento para sua formação como educador(a)
musical? De que material o instrumento é feito? Para que serve? Por que seu
corpo deve se desenvolver de maneira consciente para a prática do instru-
mento? Quais alongamentos poderá fazer antes e depois de praticar violão?
Como lixar as unhas para uma boa ? Como a�nar o instrumento?

Orientação para o estudo


Caro(a) aluno(a), durante este ciclo, você conhecerá um instrumento que o
acompanhará durante todo o semestre, então é importante que você se orga-
nize para estudar todo o conteúdo proposto. Se desenvolver uma base sólida,
verá que seus estudos no instrumento ocorrerão com �uência.

Para muitos, o violão será um instrumento novo a ser aprendido; então, paci-
ência e persistência são palavras-chaves se você está tendo seu primeiro
contato com ele.

Teremos indicações de aprofundamento nos temas sugeridos, vídeos sobre


organologia e construção do violão como conhecemos hoje e ainda, indica-
ções de exercícios de alongamento que devem fazer parte de seus estudos
diários.

Portanto, crie um ambiente motivador para seus estudos e marque esse com-
promisso com você mesmo.

É fundamental que explore ao máximo todos os materiais, a �m de construir


sua jornada de aprendizagem de maneira autônoma e sólida. Não deixe de
assistir aos vídeos complementares deste ciclo.

Vamos lá! Bons estudos!

1. Introdução
Musicalizar é um processo individual e coletivo ao mesmo tempo. Portanto,
exige interação entre professores e alunos, alunos e alunos, alunos e som.
Nessa última dinâmica, percebemos possibilidades de ampliação, no sentido
de que o som vem de muitas fontes: do corpo, dos objetos, dos instrumentos.
Assim, focaremos o conteúdo deste ciclo na compreensão do violão como ins-
trumento musicalizador no sentido de promover experiências sensório-
auditivas com o instrumento partindo de uma ação pedagógica e musical que
é necessariamente individual e precisa ser considerada na sua formação en-
quanto educador(a) musical.

Vamos começar?

2. Conceito de instrumento musicalizador


Como já vimos na introdução deste material, musicalizar signi�ca sentir por
meio da música, desenvolver aspectos críticos por meio dela, conectar o fazer,
a criação e a socialização, por meio da música.

O próprio nome da disciplina já aponta que o foco é a ferramenta e não o objeto


(neste caso, o violão). Nosso objetivo é você se musicalizar por meio do violão
e então considerar suas práticas de educação musical com esse instrumento,
conhecendo as possibilidades que ele pode lhe oferecer.

A construção histórica e cultural da humanidade se deu e se dá no coletivo e a


música sempre participou desse processo. Desde a Antiguidade Grega, a músi-
ca cumpria um importante valor humano, considerando a rítmica como uma
relação estreita com as descobertas matemáticas e a harmonia, com os movi-
mentos internos.

Marisa Fonterrada - educadora musical e pesquisadora - aborda a história da


música na educação em seu livro De tramas e �os: um ensaio sobre Música e
Educação (2008), que nos traz um panorama importante quando nos atemos à
realização da música e seu ensino no Brasil.

Basicamente temos uma construção histórica por meio do sentir!

Na Antiguidade Romana, temos registros de aglomerações e grupos musicais


que buscavam o re�namento técnico musical e, na Idade Média, com a valori-
zação da ciência, bem como dos aspectos religiosos e espirituais, a música as-
sume seu papel educativo (considerada uma das mais altas divisões das sete
artes liberais). A partir daí, estudos harmônicos mostram a relação com sen-
sações humanas que são provocadas em suas progressões e surgem escritas e
correntes estéticas mais consolidadas.

Observe a Figura 1 a seguir.

elaborada pelas autoras.

Figura 1 Relação do indivíduo com a música.

Considere que vem do "sentir" a relação do indivíduo com a música (seus gos-
tos, suas práticas, sua interação com a arte). O mesmo se relaciona em peque-
nos grupos de acordo com o que sente culturalmente, ou seja, participa de gru-
pos vinculados a estilos musicais, como rap, funk, MPB ou de grupos em que
as pessoas são ecléticas no tocante a gêneros musicais e isso de�ne os lugares
que frequentam, as apresentações culturais que buscam assistir e o convívio
social. Desse modo, a música é sentida em sociedade, em pequenos grupos,
formando uma rede social de cultura, que vai se modi�cando ao longo do tem-
po e com os avanços tecnológicos.

Visto que o sentir estimula essas relações com a música, temos uma trajetória
estabelecida: pessoa -> grupo -> sociedade.

Considerando essa trajetória, a música foi assumindo papéis - como impor-


tante vínculo de compreensão matemática, espiritual, psicológica, social - ao
longo do tempo. Dessa forma, sua participação na construção integral do indi-
víduo é inquestionável.

Convidamos você a assistir a palestra "Música e Linguagem: Re�exão acerca


do papel da música em nossas vidas" para compreender este cenário.

Como estamos nos licenciando para sermos professores, é necessário compre-


ender a lógica didática desse processo, para que possamos mediar e utilizar
ferramentas que auxiliem os alunos em seu processo de .

De acordo com Penna, em seu livro Música(s) e seu ensino, a realidade da mú-
sica a ser vivenciada deve ser expandida para além da música - só assim trará
criticidade para compreender essa vivência no mundo que a cerca. Mais uma
vez, vemos a relação indivíduo - grupo - sociedade.

Segundo a autora,

Em nossa proposta de musicalização, o partir da realidade musical vivenciada pelo


aluno é inseparável de sua abordagem crítica, direcionada para a compreensão de
suas riquezas e limites, passo necessário para criar o desejo e a possibilidade real
de expandir o próprio universo de vida. Essas pontes sobre o fosso que o cerca,
levantando-o mais longe possível. Essas pontes precisam estar apoiadas sobre a
sua vivência real cotidiana - que deve ser considerada não apenas sob o aspecto
musical - ou lhe faltarão os meios para alcançá-las e caminhar sobre elas (PENNA,
2008, p. 46-47).

É nesse sentido que convidamos você a experimentar o violão, sentir, fazer, criar,
para então considerar as potencialidades que ele tem a lhe oferecer, tanto como ser
humano quanto como educador(a).

Uma de�nição de Odair Assad, muito importante e inspiradora para você que
lida com relações humanas, seja aluno-aluno, seja professor-aluno, é a seguin-
te:

E o que é tocar? [...] É estar ali e aproveitar aquele momento. Tocar ali e o que vier é
o melhor que pode vir e você aproveita aquele momento. Intuição, por exemplo, que
o brasileiro tem muito e de que se fala pouco. E a intuição é genial (ASSAD apud
TAUBKIN, 2004, p. 141).

A�ore seu sentir e venha realizar seu musicalizar com o violão!

Para obter êxito em seus estudos, em alguns momentos, você terá oportunida-
de de responder questões que avaliarão o seu aprendizado. Assim, vejamos se
está no caminho certo, respondendo à questão a seguir:

3. O violão brasileiro: história e organologia


Para que você tenha meios de compreender melhor o tema, começaremos
com algumas de�nições sobre esse instrumento.

Segundo o Dicionário Michaelis (2021), o violão é um "instrumento em forma


de 8, com braço, com 6 cordas, que se ferem com os dedos".

Andrade (1989, s.p.) traz a seguinte de�nição:

Instrumento de cordas dedilhadas, construído por uma caixa de ressonância de


madeira com fundo chato, em forma de 8, e um braço dividido em trastos em cuja
extremidade suas 6 cordas são �xadas e a�nadas por cravelhas. As cordas, de a�-
nação mi-la-ré-sol-si-mi, são as três mais graves chamadas de bordões e feitas de
metal, sendo as demais feitas de nylon.

Há uma frase famosa que diz que "o violão é uma orquestra em miniatura" e
que tenha sido dita por Beethoven. O sentido é que o violão é um instrumento
rico em timbres, assim como a composição de uma orquestra de câmara, por
exemplo. E, para complementar a de�nição do instrumento, a seguir, apresen-
taremos depoimentos de consagrados violonistas brasileiros em atividade, a
�m de aguçar um pouco a sua vontade de aprender violão:

O violão está enraizado na cultura brasileira. E o principal: no Brasil, você não tem
como separar o violão erudito do popular. Isso é histórico, não sei se acontece em
outro país, mas a tradição do violão brasileiro é solista, com caráter popular
(ANTUNES in TAUBKIN, 2004, p. 130).

Veja agora o depoimento de Zanon (in TAUBKIN, 2004, p. 129):

Acho que no Brasil temos o privilégio de não ter nenhuma barreira muita nítida en-
tre o violão popular e o violão clássico. A barreira não é tão nítida, se você pensar,
por exemplo, no Paulo Bellinati e no Marco Pereira. São pessoas que têm um treina-
mento clássico muito sólido, mas uma vivência com a música popular tão sólida
quanto. Então, acho que nessa área, o Brasil vai muito bem.

Badi Assad (in TAUBKIN, 2004, p. 123) considera o violão um instrumento vi-
vo, que possui contato corporal intenso:

[...] A madeira está viva. Ela respira. Se está frio, ela sente, se está calor, ela sente. E
é você que faz o som. Sua unha vai interferir, o modo com que você pega, a força.
Então, o violão possibilita uma parte física, que também contribui para que eu colo-
que a alma feminina. [...] Você vira uma coisa só com o que está tocando.

Além de ser um instrumento que permite um contato corporal signi�cativo,


oferece uma riqueza de potencialidades musicais. No que se refere às possibi-
lidades rítmicas, Odair Assad (in TAUBKIN, 2004, p. 141) compara com uma
dança (que é feita na mão esquerda - com a mudança de acordes e digitações
melódicas) e com quicar (que é feito na mão direita com as batidas e dedilha-
dos):
Algo muito simples, ritmicamente perfeito, que o brasileiro faz e que ninguém fora
do Brasil faz. Quando você posiciona a mão esquerda e faz um acorde tirando e co-
locando a mão do acorde, o som some e volta. Esse movimento faz uma percussão,
suinga, e ritmicamente isso é de uma riqueza excepcional. É o grande violão brasi-
leiro de músicos como Baden Powell.

Vamos ouvir um trechinho no vídeo Baden Powel - "O astronauta" - Programa


Ensaio. Convidamos você a imaginar essa dança das mãos enquanto aprecia.

Com base nos conceitos mencionados, você pode notar como é vasta a gama
de possibilidades que esse instrumento nos apresenta. Isso faz do violão uma
ferramenta companheira e de fundamental importância no processo de musi-
calização.

Durante a história, o violão (conhecido como guitarra clássica) foi se modi�-


cando até chegar ao que conhecemos hoje (tanto as opções de violões de seis
cordas, como as de sete cordas, todas podendo ser de nylon ou aço). Como es-
tamos tratando de um processo musicalizador, conhecer a história do instru-
mento é parte importante, pois trará maior clareza sobre o instrumento que
estará em suas mãos e ainda possibilitará um aprendizado cultural capaz de
ampliar a relação com o instrumento, com sua própria cultura e com o que po-
derá oferecer aos seus alunos, em termos de conhecimento musical.

Está preparado(a) para uma viagem histórica? Vamos saber de onde vem o vi-
olão, esse instrumento tão popular em nosso país e tão companheiro na cami-
nhada da educação musical.

Sobre a organologia desse instrumento, considere-o um organismo, como o


seu. Você possui órgãos que são sistematizados para que seu corpo "funcione".
Esse funcionamento se dá pela relação interna do corpo e dela com o exterior,
ou seja, com os elementos da natureza, como o ar que possibilita respirar.

Da mesma forma, o violão é projetado por partes para que o conjunto todo pos-
sa produzir os sons esperados e para que possa ter diversas possibilidades so-
noras, com seus timbres especí�cos.

Segundo Michels (1982), instrumentos musicais são todos aqueles geradores


de som que servem para a criação de ideias e ordens musicais. Os instrumen-
tos musicais mecânicos dependem de ações do corpo humano, como o movi-
mento dos membros e a emissão do sopro. Assim, quanto mais re�namos nos-
sos movimentos e ações, teremos sons mais bonitos e objetivos musicais mais
e�cientes.

É evidente que, desde os tempos mais remotos e em todas as partes do mundo,


sempre existiram instrumentos musicais. Não há como precisar o início de
sua existência. Curt Sachs (1940), o mais conceituado teórico da organologia
musical, propõe a existência de três círculos culturais como centros de ori-
gem: Egito-Mesopotâmia, China Antiga e Ásia Central. Mesmo assim, é muito
difícil precisar o caminho percorrido pelos instrumentos.

Os instrumentos musicais ocidentais, claro, tiveram suas origens nas civiliza-


ções da Antiguidade. Entraram em nossa cultura pelas Cruzadas, guerras, co-
mércio etc. e aqui tiveram suas transformações e adaptações para acompa-
nhar o desenvolvimento cultural, artístico e social da arte musical ao longo da
História. Isso pode ser constatado por meio do estudo de diversos livros de
História da Música.

No século 19, iniciaram-se os estudos de catalogação e sistematização dos ins-


trumentos musicais, o que chamamos de organologia.

O princípio básico dessa categorização dos instrumentos baseia-se, inicial-


mente, no modo de produção do som e, depois, na forma de tocar e na constru-
ção. Há quatro grandes grupos de instrumentos mecânicos e um quinto grupo,
com os instrumentos elétricos:
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content/uploads/sites/1212/2020/01/C1-F2.png) elaborada pelas autoras.

Figura 2 Categorização dos instrumentos musicais.

Como a própria Figura 2 sugere, o violão é categorizado como um .


Esse grupo compreende os instrumentos que utilizam cordas vibrantes para a
produção do som. Dependendo da cultura, as cordas podem ser feitas de �bras
vegetais, pelo de animais, seda, tripas animais e, a partir do século 19, metais e
�bras sintéticas. De acordo com a maneira como são tocados, os cordofones
podem ser classi�cados conforme demonstra a Figura 3:

(https://mdm.claretiano.edu.br/insmusvio-g03189-2021-02-grad-ead/wp-
content/uploads/sites/1212/2020/01/C1-F3.png) elaborada pelas autoras.

Figura 3 Classi�cação dos cordofones.


Como vimos, de acordo com a classi�cação dos cordofones, o violão se consti-
tui um cordofone cujas cordas ressoam quando tocadas com os dedos, ou seja,
ele se encaixa na classi�cação de .

Como o violão, temos também guitarra, cavaquinho, ukulele, contrabaixo elé-


trico, viola caipira, banjo brasileiro e norte-americano e bandolim como exem-
plos de instrumentos de corda beliscados.

Agora, ouça uma curiosidade sobre o nome "Violão":

A origem do violão veio do instrumento musical denominado alaúde. Veja a


imagem dele:

Figura 4 Tocador de alaúde (https://curiosamenteinfo.wordpress.com/).

Observando a imagem anterior, note como o corpo do alaúde é arredondado,


não possui a curva que caracteriza o formato de "8" do violão.

Veja agora um alaúde e uma guitarra acústica do século 13 - é visível a dife-


rença, não?
Figura 5 Guitarra e alaúde (https://curiosamenteinfo.�les.wordpress.com/2017/07/img_1353.jpg?w=816&h=9999).

Vamos, agora, conhecer melhor as partes que compõem o violão (guitarra


acústica).

Em um violão tradicional, temos o tampo, na qual se encontram cavalete, pes-


tana do cavalete, boca e parte das cordas. Temos também o braço, que possui
trastes, casas, pestana do braço e cordas. E, por �m, temos a mão, também
chamada de cabeça, que possui um suporte mecânico para as tarraxas (anti-
gamente chamadas de cravelhas) e as cordas.

Visualize na Figura 6 a seguir.

(https://mdm.claretiano.edu.br/insmusvio-g03189-2021-02-grad-ead/wp-
content/uploads/sites/1212/2020/01/C1-F6.png) elaborada pelas autoras.

Figura 6 Partes do violão.


 Atenção!

Agora, convidamos você a pegar seu violão e falar os nomes de suas par-
tes em voz alta para que traga à consciência essa composição.

Se você ainda não tem seu violão, veja alguns vídeos em sites de busca,
como o YouTube, e vá olhando para o violão e repetindo suas partes.

Indicamos que assista ao vídeo do professor Gustavo (https://www.you-


tube.com/embed/lt8DTkvS3cQ), do canal Cifra Club, para complementar
esse conteúdo, bem como ao vídeo Violão Ibérico: Yamandu Costa mostra
seus violões (https://www.youtube.com/watch?v=DeZxIETPH-E). Com
essa última indicação, você conhecerá alguns violões do famoso violo-
nista Yamandu Costa e compreenderá as in�nitas possibilidades desse
instrumento.

Em seguida, responda ao exercício, relacionando esse aprendizado organo-


lógico.

Agora que você conheceu as partes orgânicas do violão, terá a oportunidade


de compreender a contextualização.

Como você viu, o alaúde e alguns modelos de guitarra estiveram presentes


no mundo ocidental desde a Alta Idade Média, acompanhando cantores,
menestréis e trovadores e, também, fazendo solos, jograis e acompanhando
as danças.

Estavam nas cruzadas durante a Idade Média e nas cortes durante o


Renascimento e o Barroco.

Até a metade do século 18, a família dos alaúdes era a principal representa-
ção dos instrumentos de cordas beliscadas; ela esteve nos mais elevados
patamares da sociedade e da arte musical.
Com o surgimento do piano, desponta, também, uma nova maneira de enca-
rar a música, interpretá-la no cenário musical e social. Com isso, um novo
instrumento ganhou visibilidade: a guitarra mediterrânea (ou violão, como
nós a conhecemos).

No século 17, a guitarra espanhola estava presente na aristocracia francesa.

Quando se tornou um instrumento dos músicos amadores, foi simpli�cada,


segundo Sachs (1940), e tomou a forma de violão como conhecemos hoje:
tornou-se um instrumento com seis cordas simples (e não mais com cinco
cordas duplas) e o corpo �cou mais largo, para ganhar maior volume sono-
ro, tornando-se mais acessível e musicalmente mais robusto.

Geralmente, suas laterais e fundo são feitos de madeira dura e sonora, como
o jacarandá. O tampo pode ser feito de pinho ou cedro, possibilitando dife-
rentes timbres e resposta sonora. No braço, para a escala, normalmente se
usa o ébano, uma madeira dura, capaz de re�etir o som. Os trastes de metal
separam as casas por semitons.

As cordas são nitidamente agrupadas em três agudas e três graves. As agu-


das são feitas de nylon e as graves são revestidas de metal. A a�nação, par-
tindo do grave e caminhando em direção ao agudo, é: Mi2, Lá2, Ré3, Sol3, Si3
e Mi4.

É importante que você ouça a explicação sobre o som real das notas no vio-
lão acompanhando o podcast "Instrumento Transpositor de oitava".

Considerado, assim, um instrumento transpositor de oitava, o violão soa


sempre uma oitava abaixo do que lemos na partitura. Dessa maneira, o som
real é: Mi1, Lá1, Ré2, Sol2, Si2 e Mi3.

As cordas são tocadas diretamente com os dedos. Não há intervenção de


"pectro" (ou palheta).

O historiador José Ramos Tinhorão (apud TAUBKIN, 2004) a�rma que esse
instrumento foi trazido para o Brasil pelos jesuítas, com a �nalidade de ca-
tequizar os índios. Hoje em dia, é um instrumento usado para um repertório
solo de concerto ou como acompanhador de canções, grupos de choro e até
mesmo práticas de ensino de música.

 Vídeos complementares

Reserve um momento, em que possa apreciar grandes nomes do violão


moderno e seus ensinamentos sobre técnica, repertório e contextualiza-
ção do instrumento/instrumentista no cenário musical.

Para tanto, acesse a playlist a seguir.

• Henrique Pinto - Video Aula de Violao Classico (Classical Guitar)


(https://www.youtube.com/watch?v=-Icq0xdwBTw)
• O Violão do Yamandu com Yamandu Costa e Nelson Faria
(https://www.youtube.com/watch?v=Ts2VYHckFbk)
• AFINANDO A VIDA - "Brejeiro" - Solista Yamandu Costa
(https://www.youtube.com/watch?v=2ejTmx8aR4Q)

4. Segredos do estudo: corpo consciente, or-


ganização e prática
Considerando a musicalização um processo consciente, crítico e sensível
por meio da música, convidamos você a compreender, neste momento,
quais ativações corporais precisará fazer para partir para a prática do vio-
lão.

Assista ao vídeo a seguir, e você entenderá algumas práticas de alongamen-


tos que poderá adotar antes e depois de seus estudos no instrumento.
É importante que você recorra a esse vídeo quantas vezes achar necessário para trazer consciência
corporal e "acordar" seu corpo para a prática.

O corpo interfere completamente na qualidade do som que se obtém do violão. Se você


tensiona demais o ombro, se muda a posição do punho, se aperta demais ou de menos os
dedos na corda, o formato e corte da unha etc. - todo seu comportamento interfere no
som produzido.

 Desta maneira, convidamos você a experimentar!

Sempre que o som não lhe agradar, tente parar, observar seu corpo e veri-
�car o que poderá mudar para auxiliar na emissão de um som mais lim-
po.

Vamos mencionar algumas dicas que poderão ajudar. O som está intima-
mente ligado à forma como são lixadas e usadas as unhas.

A mão esquerda deve sempre estar com as unhas cortadas. Se elas esti-
verem compridas nessa mão, você terá problemas na digitação das notas
e no posicionamento para formação dos acordes.

Já a mão direita (que vai pinçar a corda), independentemente de você ser


canhoto(a) ou destro(a), precisa de unhas compridas e bem cuidadas.
Elas devem ser compridas o su�ciente para serem sentidas quando você
tocar as pontas dos dedos. Quando olhar a palma da mão direita, você de-
ve ver as unhas que saem dos dedos, mas elas não devem ser muito
grandes.

É preciso lixá-las para que tenham o mesmo formato de seus dedos. A


parte branca da unha deve ter o mesmo tamanho em toda a sua exten-
são. O ideal é que não haja pontas, quinas ou bicos, mas lixe dentro de su-
as possibilidades. A ideia é lixar reto e aparar as pontas.

Depois de lixar, se possível, use uma lixa de polimento para tirar todo ex-
cesso que �cou. A superfície deve �car lisa, para deslizar perfeitamente
nas cordas.

Veja um exemplo na imagem a seguir:

: elaborada pelas autoras.

Figura 7 Unhas lixadas.

Com a prática, você será capar de observar se deve ter unhas um pouco
mais curtas ou ligeiramente mais compridas. Isso vai depender do for-
mato de sua mão e de como posicionará o instrumento na frente do cor-
po.

Outro aspecto importante é manter sempre as unhas do mesmo tama-


nho. Não espere crescer por mais de 15 dias. Tenha suas unhas sempre
iguais. Assim, você manterá a uniformidade de som.

Para tocar, posicione os dedos de frente para as cordas, de maneira que a


corda passe entre seu dedo e sua unha. Este é o ponto de ataque: o ponto
ideal entre unha e dedo. Se houver mais unha do que dedo, o som será
magro, sem corpo, e até estridente. Se você tocar com o dedo com a unha
muito curta, o som será doce, mas baixo e sem de�nição no ataque. O
som bonito, doce, robusto e com um ataque preciso acontecerá com as
unhas bem lixadas e bem posicionadas na frente das cordas.

No tocante à postura, pode ser tradicional ou não, e cada instrumentista


busca sua liberdade física e musical. Há, inclusive, quem toque violão com
espigão de violoncelo. Observe a Figura 8:

Figura 8 Violão com espigão de violoncelo.

(Foto de Naomy Schölling).

Ver a posição em que Alexandre Moschella coloca seu violão pode causar
até certo estranhamento, considerando as posições tradicionais que já vi-
mos. Porém, é importante que você caracterize o instrumento como uma
extensão do corpo, de modo que conforto, agilidade, relaxamento muscular
e sonoridades sejam possibilidades efetivas.

O músico a�rma:
A principal razão prática que me levou a adotar a postura foi a liberação do bra-
ço direito. Na posição tradicional, o braço direito do instrumentista permanece,
na maior parte do tempo, apoiado sobre o corpo do violão - o que pode ser um
conforto, mas também pode limitar a quantidade e o alcance dos movimentos
possíveis. Liberando-se o braço direito, pode-se obter uma gama maior de movi-
mentos. O impulso para a produção do som no violão não mais se limita ao ante-
braço e à mão. O som passa a resultar da força, do peso e dos movimentos do
braço inteiro, com a participação do ombro e do tronco. Na verdade, o som passa
a resultar de uma interação que envolve o corpo inteiro, uma vez que não existe
mais nenhum obstáculo físico entre o corpo e o instrumento (MOSCHELLA,
2015).

Entre as diversas possibilidades, elencaremos, aqui, algumas possíveis dú-


vidas que possa ter na escolha do seu instrumento para que se adeque me-
lhor ao seu corpo:

• Se você tem média ou baixa estatura, procure um violão que não tenha a cai-
xa acústica tão larga e extensa, assim, você conseguirá acomodá-lo melhor
ao seu corpo.
• As cordas de nylon são mais macias se você estiver iniciando seus estudos;
por isso, indicamos que escolha estas, mas não há problemas em tocar em
um violão com cordas de aço, considerando que, nesta disciplina, não apro-
fundaremos técnicas especí�cas para violão erudito. Importante: se você
possui um violão de cordas de aço, não troque por cordas de nylon, pois pre-
judicará seu instrumento. Da mesma forma, não coloque cordas de aço em
um violão feito para cordas de nylon, pois poderá empenar o braço do seu
instrumento e comprometer até mesmo o cavalete.
• A espessura do braço do violão também pode ser grande para quem tem de-
dos curtos. Escolha o violão mais confortável para você tocar.
• Guitarra elétrica não é o mesmo instrumento que violão. Inclusive, a posição
corporal não é a mesma. Por isso, se você já toca guitarra, pedimos que, para
sua experiência na disciplina, utilize um violão.
• Você poderá tomar emprestado ou adquirir um violão. Se for comprar, bus-
que pelo instrumento que esteja dentro de suas possibilidades neste momen-
to. Há marcas muito boas de violões considerados "para iniciantes", com
bom custo-benefício.
• A única diferença entre os violões eletroacústico e acústico, é que o primeiro
tipo poderá ser captado e ampli�cado (em uma caixa de som ampli�cadora
ou uma mesa de som). Então, se tiver um violão eletroacústico ou acústico,
poderá utilizá-lo nesta disciplina.
• Lembre-se: você tem que gostar do instrumento - se for a alguma loja, não se
deixe levar por indicações de outras pessoas ou vendedores. Escolha o que
mais lhe agradar e for possível para você.

Agora você já tem os elementos para escolher seu violão e o que quer dele.
Será muito importante ter um violão à sua disposição, de madeira, se possí-
vel, não pintada (pois as madeiras não pintadas têm melhor som) e com
cordas de nylon. Há marcas brasileiras com ótima qualidade para inician-
tes. Sobre as cordas, as marcas importadas são mais indicadas. Use sempre
as com tensão alta, pois o som sairá melhor.

Assim como qualquer outro instrumento, o violão precisa se adaptar às for-


mas do nosso corpo para que consigamos uma performance mais e�ciente.
É fundamental que haja uma perfeita harmonia entre o instrumento e o físi-
co do instrumentista.

Há diversas formas de segurar e posicionar o instrumento. Você conhecerá,


primeiramente, a forma clássica. No caso do violão, alguns itens devem ser
observados, segundo o professor Henrique Pinto (1978):

• Sentar-se com o corpo para frente, usando a metade direita de uma ca-
deira sem braço.
• Colocar o pé esquerdo em um banquinho (apoio) de, aproximadamente,
14 centímetros de altura (isso varia de acordo com a altura e o compri-
mento das pernas de cada pessoa, mas busque o equilíbrio entre colu-
na, braços, pernas e violão).
• A coluna deve ser o seu centro de atenção e sua base de apoio. Evite gi-
ros e tensões. Sua concentração e qualidade no estudo dependem, dire-
tamente, da posição que encontrar para estudar.

Veja um exemplo na Figura 9:


elaborada pelas autoras.

Figura 9 Posição do corpo para tocar violão.

Essa é a maneira mais tradicional de estudar, visto que a coluna se mantém


em postura ereta, e ombros e braços �cam relaxados para que suas mãos �-
quem livres e leves para digitações e movimentos.

Porém, no seu dia a dia como educador, muitas vezes, você precisará se sen-
tar no chão, cruzar as pernas com o violão no colo e acompanhar as crian-
ças cantando, tocando �auta ou mesmo tocando todos juntos em roda.
Mesmo sentado no chão, você precisará adaptar-se e sentir a melhor ma-
neira de acomodar o instrumento em seu corpo. Veja uma forma de se sen-
tar quando estiver dando aulas para crianças ou bebês na Figura 10:

elaborada pelas autoras.

Figura 10 Posição para tocar violão sentado(a).


Pre�ra sempre que a perna apoiando o tampo esteja mais alta que a outra,
para sua coluna não entortar, causando tensão na lombar e no ombro direi-
to.

Agora, pensemos nas posições das mãos. Vamos iniciar pela mão direita -
pensando em um violonista destro; caso você seja canhoto(a), trataremos de
sua mão esquerda.

Há algumas escolas técnicas de violão e a principal diferença entre elas é o


posicionamento da mão direita. A escola moderna do instrumento, presente
nas principais escolas e faculdades do Brasil e do mundo, utiliza o chamado
toque sem apoio, ou seja, quando pinçamos uma corda ou fazemos um arpe-
jo ou dedilhado e o dedo passa pela corda e volta ao seu ponto de relaxa-
mento. Ele não toca na corda de baixo. Isso também vale para o polegar.

A mão segue como uma extensão do braço e antebraço. Não há angulações


com o pulso. É necessário soltar o braço e a mão relaxadamente ao longo do
corpo, trazendo-o até à altura do instrumento e pinçando as cordas.

O relaxamento também deve ser mantido. Não há tensão, há ataque.


Seguindo a escola clássica de violão, o professor Henrique Pinto (1978) abor-
da alguns princípios aos quais devemos nos ater:

• O antebraço deve estar apoiado no aro do violão, mantendo equilíbrio


entre o ombro e a mão.
• A mão direita deve estar numa posição relaxada, sem esforço.
• Deve haver uma pequena distância entre o pulso e o tampo do violão.
• Os dedos indicador (I), médio (M) e anular (A) devem ser mantidos nu-
ma posição de, aproximadamente, 90 graus em relação às cordas (não
usar o dedo mínimo).
• O polegar deve �car separado dos outros dedos, mantendo uma abertu-
ra, para que todos os dedos trabalhem independentemente.

Agora, observando a mão esquerda - mais uma vez, pensando em um violo-


nista destro; caso você seja canhoto(a), trataremos de sua mão direita.

Assim como para a mão direita, você deve manter o posicionamento e rela-
xamento natural da mão esquerda. Novamente, de acordo com o professor
Henrique Pinto (1978):

• Os dedos 1 (indicador), 2 (médio), 3 (anular) e 4 (mínimo) devem pousar


sobre as cordas, sem forçar a abertura.
• O polegar é o apoio da mão. Ele serve para orientar os dedos e dar o
perfeito equilíbrio de colocação.
• O cotovelo dá o equilíbrio entre o ombro e a mão. Você deve ter a sensa-
ção de peso, ou seja, ele se apoia na força da gravidade.

Agora que �nalizamos o conteúdo deste tema, con�ra como está o seu
aprendizado, respondendo à questão a seguir:

5. Considerações
Neste ciclo de aprendizagem, você pôde conhecer e compreender o termo
"instrumento musicalizador", para então, relacioná-lo ao instrumento.
Aprender ou ensinar violão, como foi abordado, necessitará que você com-
preenda que a contextualização do instrumento e técnicas de estudo são
imprescindíveis para o processo musicalizador de cada indivíduo, inclusive
o seu.

Porém, não pare por aqui, pesquise! Um(a) professor(a) deve ter a investiga-
ção como sua aliada no sentido de compreender a in�nidade do saber e atu-
alizar seu conhecimento constantemente.

Este ciclo de aprendizagem deve ser retomado durante todo o desenvolvi-


mento da disciplina, quando achar necessário, já que é um tema transversal
aos próximos conteúdos. Portanto, sempre que sentir necessidade, retome
sua leitura!

No próximo ciclo, estudaremos as técnicas básicas para que você possa uti-
lizar o violão como instrumento acompanhador em diferentes práticas de
ensino. Portanto, se este é seu primeiro contato com o instrumento, não se
cobre tanto em relação à sonoridade - com treino e persistência, você verá
que �cará cada vez melhor!
Vamos lá?!
(https://md.claretiano.edu.br/insmusvio-

g03189-dez-2021-grad-ead/)

Ciclo 2 – Técnicas e habilidades básicas no Violão

Objetivos
• Identi�car os aspectos principais a realizar no instrumento: melodia,
harmonia e ritmo.
• Conhecer e exercitar técnicas de mão direita e mão esquerda no violão.
• Conhecer, identi�car e treinar os primeiros acordes no instrumento: D
(Ré maior) e A (Lá maior).
• Identi�car as possibilidades rítmicas para o acompanhamento de can-
ções e cantigas.

Conteúdos
• Melodia no violão.
• Harmonia no violão.
• Ritmo no violão.
• Acordes de D (Ré maior) e A (Lá maior) em primeira posição, no violão.
• Exercícios técnico-instrumentais.
• Acompanhamento de canção e cantiga com violão.

Problematização
Quais as possibilidades no violão? O que é melodia, harmonia e ritmo no vio-
lão? Como fazer? Quais as técnicas e habilidades básicas necessárias para
tocar o instrumento? Como executar o acorde de D (Ré maior) e A (Lá maior),
em primeira posição, no braço do violão? Como acompanhar uma canção ou
cantiga no instrumento?
Orientação para o estudo
Caro aluno, o ciclo anterior convidou você a conhecer este instrumento tão
rico, que é o violão. Neste ciclo, convidamos você a praticar! Como futuro(a)
educador(a) musical, você poderá utilizar o violão de muitas maneiras e, para
iniciar essa jornada, deve conhecer as técnicas e habilidades básicas que de-
verá desenvolver.

Portanto, lembre-se do vídeo inicial do ciclo 1, no qual foi abordamos organi-


zação, comprometimento com o estudo e prática.

Separe, ao menos, de 5 a 10 minutos por dia para sua prática; é preciso ser
diário, ok? Só assim você terá êxito e seu corpo criará a consciência necessá-
ria para as técnicas aqui abordadas.

De nada adianta você apenas ler este ciclo. Nosso desejo é que o pratique!

É essencial que você busque ler atentamente todos os materiais aqui forneci-
dos, para que possa se apropriar dos conteúdos estudados de forma autôno-
ma e consciente. Lembre-se de assistir aos vídeos complementares dispostos
ao longo deste ciclo.

Neste momento, serão VOCÊ e SEU VIOLÃO. Vamos lá?

1. Introdução
Todas as técnicas e habilidades necessárias para tocar um instrumento musi-
cal só podem ser desenvolvidas pelo próprio aprendiz, em seu processo de
, portanto, você é que se desenvolverá durante este estudo.

No violão, podemos realizar acompanhamentos rítmicos, mas também tocar


melodias e harmonias de canções e cantigas. Nesse sentido, você estudará
técnicas que, se praticadas, poderão auxiliar no processo e serão potenciais
para melhorar emissão sonora, coordenação motora e sua relação com o ins-
trumento.
Se você for destro(a), lembre-se de seguir as informações como se apresentam aqui no material; se você
for canhoto(a), lembre-se de inverter as indicações de dedos da mão direita para os da esquerda, e vice-
versa.

Você estudará técnicas de mão direita, como dedilhados e batidas; técnicas de


mão esquerda, como escalas, melodias e os acordes de D (Ré maior) e A (Lá
maior) e, por �m, a união das duas mãos, de acordo com exercícios musicais
propostos.

Antes de prosseguir, assista ao vídeo de apresentação deste ciclo de aprendi-


zagem.

2. Aspectos principais: melodia, harmonia e


ritmo
Melodia, harmonia e ritmo compõem aspectos principais que reúnem as pro-
priedades do som: altura, intensidade, duração, timbre.

A melodia é uma sucessão de notas que pode ter ou não um ritmo de�nido,
mas o mais importante é que ela sonoriza uma ideia musical, com começo,
meio e �m; com perguntas e respostas. Na Música Ocidental, a melodia pode
conter tensões e relaxamentos e obedece a um campo harmônico existente.

Nesse sentido, a harmonia é um conjunto de duas ou mais notas musicais to-


cadas simultaneamente, que estabelecem um grau entre si (altura), conside-
rando um acorde, mas também estabelece sentido de discurso, considerando
todos os acordes de uma música. Assim, temos uma estrutura harmônica.
Tanto a melodia quanto a harmonia podem vir acompanhadas de ritmos. O
ritmo de uma melodia estabelece o andamento, o fraseado e um conjunto mais
de elementos que combinam entre som e silêncio, dentre os quais se destacam
duração e intensidade.

Considerando, então, as propriedades sonoras, resta falarmos do timbre. Ele


está presente no instrumento que tocará (no caso, o violão), com seu som par-
ticular, mas também, na qualidade do mesmo. Ou seja, dois violões construí-
dos com madeiras distintas, e com cordas que possuem materiais diferentes,
logicamente soarão com timbres diferentes, porém, ainda sim, será perceptí-
vel que estamos ouvindo um violão.

Iniciaremos nossos estudos pelo aspecto rítmico, pois, em termos de coorde-


nação motora, há combinações de movimentos que terás de desenvolver. Na
sequência, passaremos para melodias e, por �m, harmonias.

Na educação musical que buscamos, não queremos contemplar um estudo


técnico desvinculado do fazer/tocar, do senso crítico, da criação, da consciên-
cia corporal e do repertório; por isso, convidamos você a estudar cada um des-
ses aspectos, musicalizando-se de forma integral.

É importante que você saiba que poderá combinar todos esses aspectos, mas
lançaremos um holofote sobre cada um para que você tenha consciência do
que, especi�camente, está desenvolvendo.

3. Técnica de mão direita (para destros)

Denominamos "técnica de mão direita" a técnica responsável pela mão que irá realizar o
acompanhamento no violão. Se você é canhoto(a), será sua mão esquerda que fará essa função, então será
necessário inverter a posição do violão.

São muitas as opções para mão direita e, em cada uma delas, existem técnicas
para desenvolvimento motor. Você pode tocar por meio de palhetadas (utili-
zando uma palheta), tocar com dedilhado (utilizando os dedos polegar, indica-
dor, médio e anelar), por meio de puxadas nas cordas (cuja técnica se baseia
em puxar as cordas simultaneamente com os dedos que utilizamos na técnica
de dedilhado), e batida (na qual usamos, geralmente, polegar para baixo - nos
tempos fortes -, indicador e combinações entre indicador, médio e anelar para
dar movimento e sonoridades crescentes ou decrescentes).

Neste momento, estudaremos dedilhados e batidas; você poderá desenvolver


outras técnicas, caso tenha interesse, de forma autônoma.

Há algumas escolas técnicas de violão e a principal diferença entre elas é o


posicionamento da mão direita.

Já tratamos disso no ciclo passado, mas relembraremos, a �m de trazer à tona


sua importância e convidá-lo a praticar as técnicas de mão direita com exer-
cícios práticos.

A escola moderna do instrumento, presente nas principais escolas e faculda-


des do Brasil e do mundo, utiliza o chamado toque sem apoio, ou seja, quando
pinçamos uma corda ou fazemos um arpejo ou dedilhado e o dedo passa pela
corda e volta ao seu ponto de relaxamento. Ele não toca na corda de baixo. Isso
também vale para o polegar.

A mão segue como uma extensão do braço e antebraço. Não há angulações


com o pulso. É necessário soltar o braço e a mão relaxadamente ao longo do
corpo, trazendo-os até à altura do instrumento e pinçando as cordas. O relaxa-
mento também deve ser mantido. Não há tensão, há ataque.

Segundo o professor Henrique Pinto (1978), há alguns princípios aos quais de-
vemos nos ater:

• O antebraço deve estar apoiado no aro do violão, mantendo equilíbrio en-


tre o ombro e a mão.
• Deixar a mão direita numa posição relaxada, sem esforço.
• Manter uma pequena distância entre o pulso e o tampo do violão.
• Os dedos indicador (I), médio (M) e anular (A) devem ser mantidos numa
posição de, aproximadamente, 90 graus em relação às cordas (não usar o
dedo mínimo).
• O polegar deve �car separado dos outros dedos, mantendo uma abertura,
para que todos os dedos trabalhem independentemente.

Observe, na Figura 1, a posição da mão direita do violonista destro:

elaborada pelas autoras.

Figura 1 Posição da mão direita (violonista destro).

Assim como para a mão direita, você deve manter o posicionamento e relaxa-
mento natural da mão esquerda. Novamente de acordo com o professor
Henrique Pinto (1978):

• Os dedos 1, 2, 3 e 4 devem pousar sobre as cordas, sem forçar a abertura.


• O polegar é o apoio da mão. Ele serve para orientar os dedos e dar o per-
feito equilíbrio de colocação.
• O cotovelo dá o equilíbrio entre o ombro e a mão. Você deve ter a sensação
de peso, ou seja, ele se apoia na força da gravidade.

No ciclo 1, você conheceu quais cordas compõem o violão tradicional (de seis
cordas), mas vamos relembrar. As cordas do violão são contadas da mais agu-
da para a mais grave, ou seja:

• Mi 1ª corda (aguda).

• Si 2ª corda.
• Sol 3ª corda.

• Ré 4ª corda.

• Lá 5ª corda.

• Mi 6ª corda (grave).

Vamos treinar um pouquinho de nossa percepção, ouvindo cada uma delas?

Nosso convite é para que você pegue seu violão e compare as sonoridades pa-
ra a�nar, se for preciso.

Se você nunca a�nou um instrumento de cordas, há duas possibilidades: você


pode utilizar um a�nador eletrônico ou um diapasão.

Utilizando um a�nador eletrônico ou aplicativos:

• Se preferir o a�nador eletrônico, basta ligar o aparelho e se atentar para a


indicação do A (Lá) de 440.
• Toque cada corda separadamente: E (Mi), A (Lá), D (Ré), G (Sol), B (Si) e E
(Mi) e o a�nador avisará quando estiver a�nado.
• Caso esteja mais grave, aperte, delicadamente, a tarraxa correspondente à
corda que está a�nando para que o som �que mais agudo; isso fará com
que a corda estique mais.
• Se estiver agudo, solte-a lentamente; isso fará com que a corda afrouxe
mais.

Pela praticidade, hoje em dia há diversos aplicativos que você pode ter no celular,
de forma gratuita, para auxiliar nesse processo de a�nação.

Indicaremos dois:

• GuitarTuna (disponível para Android (https://play.google.com/store/apps/de-


tails?id=com.ovelin.guitartuna&hl=en_US&gl=US) e iOS (https://apps.ap-
ple.com/us/app/guitartuna-guitar-bass-tuner/id527588389))
• A�nador Cifra Club (disponível para Android (https://play.google.com/store
/apps/details?id=com.studiosol.a�nadorlite&hl=pt&gl=US) e iOS
(https://apps.apple.com/br/app/a�nador-cifra-club/id480625281))

Convidamos você a fazer o download de um deles para que esteja com o a�nador
em mãos quando for praticar violão.

Utilizando um diapasão:

Observe, na Figura 2, a imagem de um diapasão.

Figura 2 Diapasão (http://brunomadeira.com/como-a�nar-o-violao/ntent/uploads/2007/07/diapasao.jpg).

• Se você preferir usar o diapasão, con�ra o Lá da 5ª corda solta do violão


com o Lá do diapasão. É um ótimo treino auditivo.
• Depois de a�nado o Lá, aperte a 5ª corda na 5ª casa (Ré) e con�ra com o
Ré solto (4ª corda).
• Aperte a 4ª corda (Ré) na 5ª casa e con�ra com o Sol solto (3ª corda).
• Agora, uma novidade: con�ra a 3ª corda (Sol) presa na 4ª casa e con�ra
com o Si solto (2ª corda).
• Volte ao padrão de conferência anterior e con�ra a 2ª corda (Si) presa na
5ª casa com a 1ª corda solta (Mi).
• Por �m, con�ra a 6ª corda (Mi) presa na 5ª casa com a 5ª corda solta (Lá)
(aqui é importante lembrar que você está a�nando a 6ª corda).

Agora que você relembrou as notas das cordas soltas e a�nou seu instrumen-
to, vamos tocar?

• O polegar toca as 3 cordas graves: Mi, Lá e Ré.


• O indicador (I), a corda Sol.
• O médio (M), a corda Si.
• O anular (A), a corda Mi. Faça na sequência, bem lentamente, assim você
conseguirá tocar e se ouvir: Mi, Lá, Ré, Sol, Si, Mi.

Iniciaremos pelo desenvolvimento do dedilhado.

Nele você utiliza os dedos separada ou simultaneamente, para tocar nas cor-
das do violão.

O exercício a seguir (Figura 3) envolve apenas tocar as notas das cordas soltas
do violão, sem uma duração estabelecida
Mariani (2002, p. 42).

Figura 3 Cordas soltas (mão direita).

Após tocar por três vezes, estabeleça um ritmo. Quanto tempo durará cada no-
ta? Toque com essa duração estabelecida.

Agora você terá uma terceira tarefa: crie uma célula rítmica e distribua as no-
tas como quiser. Você pode repetir uma ou mais notas, retirar da sequência,
diminuir o andamento. Neste momento, você já está criando uma canção, en-
tão execute essa atividade com o máximo de comprometimento que conse-
guir.

Veja um exemplo de criação musical com cordas soltas, assistindo ao vídeo a


seguir:

Feita essa criação, você pode escrevê-la e compartilhar com seus colegas no
correio da SAV (apenas se quiser, pois não é uma tarefa avaliativa).

O que queremos que você perceba é que já pode fazer música, apenas dando
ritmo às notas de cordas soltas do violão. Portanto, sim: em uma aula de
Música, de violão, de qualquer instrumento, precisamos fazer música, trans-
formar estudo técnico em música; caso contrário, perdemos o objetivo princi-
pal.

Vamos, agora, conhecer um outro padrão para estudar rítmica na mão direita
do violão: as palavras ou frases atreladas à duração.

Essa metodologia é considerada controversa, por supostamente retirar o foco


da leitura de partitura tradicional, mas acreditamos que isso não é necessaria-
mente verdade. Você pode utilizar essa metodologia como um recurso para
quem não tem tanta familiaridade com partitura tradicional, mas não como
um �m (se seu objetivo for fazer com que seu aluno aprenda a ler partitura).

Bom, vamos lá! Pratique a música Lero Lero, também do material O equilibris-
ta das seis cordas: método de violão para crianças.

Perceba que agora incluiremos os dedos indicador e médio. Trabalharemos


com a corda Sol, como está escrito, e cada dedo, grafado com inicial, será indi-
cado acima da nota a ser tocada.

Veja o vídeo Lero Lero para acompanhar as cordas soltas da Figura 4:

Teremos, então "i"= indicador e "m" = médio.

Mariani (2002. p. 47).

Figura 4 Cordas soltas com ritmo (mão direita).


Agora que você praticou com a corda Sol, toque nas outras cordas e pratique
cantando a letra juntamente com o som. Se for possível, coloque um metrôno-
mo para auxiliar no andamento.

Pode ser que surja uma dúvida sobre como abafar a nota para deixar de soar:
resumidamente, é só você apoiar novamente o dedo na corda, e a mesma ces-
sará a vibração e o som.

Vamos fazer agora uma pausa para um exercício autoavaliativo, para você ve-
ri�car se compreendeu os conteúdos tratados até aqui.

Avançando em nossos estudos técnicos, vamos combinar uma sequência de


dedos da mão direita para tocar um dedilhado!

Está pronto(a)? Vamos lá!

Praticaremos um exercício do livro Caderno pedagógico: uma sugestão para


iniciação ao violão, de Damaceno e Campos (2002).

Esse exercício visa à dissociação dos dedos indicador, médio e anelar por
meio das cordas Sol, Si e Mi do violão.

Apoie seu polegar na corda Mi ou na Lá antes de iniciar o treino, de modo que


sua mão �que relaxada.

Repita as combinações propostas por quanto tempo achar necessário.

Nos compassos 16, 17, 18 e 19, você poderá ver exemplos de puxadas nas cor-
das, ou seja, cordas que soarão simultaneamente.

Veja o vídeo "Exercício cordas soltas" para acompanhar o exercício proposto


na Figura 5:
(https://mdm.claretiano.edu.br/insmusvio-g03189-2021-02-grad-ead/wp-
content/uploads/sites/1212/2019/11/C2-F5.jpg) Damaceno e Campos (2002, p. 21).

Figura 5 Exercícios com cordas soltas.


Você também poderá acompanhar uma canção por meio de batidas na mão
direita.

São muitas as opções e, geralmente, estão atreladas a um ritmo ou gênero mu-


sical, por exemplo: marcha, samba, valsa, reggae, balada etc.

Vamos iniciar com a marcha.

Com essa batida, você poderá tocar músicas com ritmo binário. Observe a
Figura 6.

(https://mdm.claretiano.edu.br/insmusvio-g03189-2021-02-grad-ead/wp-
content/uploads/sites/1212/2019/11/C2-F6.png) elaborada pelas autoras.

Figura 6 Batida - ritmo de marcha.

Treine essa batida de acompanhamento, colocando mais peso no polegar e


menos peso nos tempos dois e três (I, M, A).
Assista ao vídeo "Ritmo de Marcha" a seguir:

Vamos, agora, aprender a valsa.

Com essa batida, você poderá tocar músicas com ritmo ternário.

no caso de som crescente, o sentido das cordas a serem tocadas é das graves para as
agudas; no de som decrescente, é das agudas para as graves.

Observe a Figura 7.

(https://mdm.claretiano.edu.br/insmusvio-g03189-2021-02-grad-ead/wp-
content/uploads/sites/1212/2019/11/C2-F7.png) elaborada pelas autoras.

Figura 7 Batida - ritmo de valsa.

Treine essa batida de acompanhamento, colocando mais peso no polegar e


menos peso nos tempos dois e três (I, M, A).

Assista ao vídeo a seguir sobre o ritmo de valsa e acompanhe a batida, obser-


vando a Figura 7:

Vamos agora treinar o ritmo de balada, analisando a Figura 8.

Com essa batida, você poderá tocar músicas com ritmo quaternário.
(https://mdm.claretiano.edu.br/insmusvio-g03189-2021-02-grad-ead/wp-
content/uploads/sites/1212/2019/11/C2-F8.png) elaborada pelas autoras.

Figura 8 Batida - ritmo de balada.

Agora, veremos um ritmo com mais swing, o de balada. Assista ao vídeo a se-
guir:

Após assistir ao vídeo, perceba que a independência dos dedos é muito impor-
tante para você compreender o espaço entre as cordas em seu violão e desen-
volver sua coordenação, visto que, na mão esquerda, o movimento será de
"apertar", diferentemente dos movimentos que você fez com a mão direita.

Com os acordes, você poderá treinar essas técnicas de batidas (ver "Técnica
de mão esquerda para destros(as)", nosso próximo tópico).

Antes de iniciar a jornada de aprendizado da mão esquerda, vamos ver o


quanto você assimilou deste conteúdo?

Considerando as possíveis técnicas de mão direita, leia e re�ita sobre as a�r-


mações acerca da seguinte imagem:

: Pinto (1978, p. 21).

Figura 9 Método de mão direita.


4. Técnica de mão esquerda para destros(as)

Denominamos "técnica de mão esquerda" a responsável pela mão que irá realizar
a melodia e harmonia no violão. Se você é canhoto(a), será sua mão direita que fa-
rá essa função, então será necessário inverter a posição do violão.

Devemos trabalhar a técnica da mão esquerda porque é importante apren-


der a visualizar as notas no braço do violão. Diferentemente do teclado, no
qual vemos as notas horizontalmente, uma após a outra, no violão, temos a
possibilidade de tocar a mesma altura de nota em outra corda e elas podem
ser dispostas verticalmente.

Vejamos um diagrama de parte do braço do instrumento na Figura 10.

(https://mdm.claretiano.edu.br/insmusvio-g03189-2021-02-grad-ead/wp-
content/uploads/sites/1212/2019/11/C2-F10.png) elaborada pelas autoras.

Figura 10 Diagrama - braço do violão.


Observe que as notas de cordas soltas estão indicadas fora da primeira casa
do braço. Nesse sentido, sabendo qual nota soa na corda solta, você poderá
saber quais notas soam em cada casa, seguindo a ordem da escala natural,
respeitando, inclusive, os semitons. Assim, das notas "Mi" para "Fá" e de "Si"
para "Dó", não haverá uma casa de separação.

Sabendo disso, sigamos para a técnica.

Da mesma forma como para a mão direita, você deve manter o posiciona-
mento e relaxamento natural da mão esquerda. Novamente, de acordo com
o professor Henrique Pinto (1978):

• Os dedos 1, 2, 3 e 4 devem pousar sobre as cordas, sem forçar a abertu-


ra.
• O polegar é o apoio da mão. Ele serve para orientar os dedos e dar o
perfeito equilíbrio de colocação.
• O cotovelo dá o equilíbrio entre o ombro e a mão. Você deve ter a sensa-
ção de peso, ou seja, ele se apoia na força da gravidade.

Cada casa do violão corresponde a um semitom. Então, se apertarmos a 6ª


corda (Mi) na primeira casa, teremos um Fá. Certo? Apertando a mesma
corda na casa 3, teremos um Sol e, na casa 5, um Lá igual à 5ª corda solta.

Tudo certo? Mantenha a mesma lógica e mapeie as notas naturais usando


as 6 cordas do violão nas casas de 1 a 5.

Assista ao vídeo a seguir e observe como deve ser o uso das duas mãos. Em
seguida, observe atentamente a Figura 11.
elaborada pelas autoras.

Figura 11 Exercício de notas no braço do violão.

Agora vamos unir uma técnica de dedilhado com as notas de baixo Mi, Fá,
Sol, Lá, Si e Dó (nas cordas Mi e Lá) do violão.
Assista ao vídeo a seguir, "Arpejo 3 notas". Em seguida, observe a Figura 12,
que demonstra arpejo de 3 notas com baixo.

Pinto (1977, p. 5).

Figura 12 Arpejo de 3 notas com baixos.

Você pode treinar essa junção com outros padrões de dedilhados - aproveite para criar.
Uma boa dica de estudo é gravar no celular os treinos e ouvir para acompanhar a evolu-
ção sonora de seu desenvolvimento no instrumento.

Acordes
Você entrará agora no mundo do violão como instrumento acompanhador e
aprenderá a montar e tocar o acorde de Ré Maior (D).

Com isso, poderá, também, treinar cantando e brincando com as crianças


de sua família: as pequenas e as grandes.

Se você já dá aulas, poderá incluir o violão no seu dia a dia de trabalho. Um


mundo de novas possibilidades se abrirá diante de seus olhos.

Não se limite às canções apresentadas aqui. No Ciclo 3, você terá mais op-
ções de repertório, porém tente, com o material apresentado, harmonizar
novas canções do seu repertório pessoal ou pro�ssional. Lembre-se de que a
prática diária, com seu violão no colo, fará toda a diferença para melhorar
seu desempenho no curso e na vida de educador(a).

Nomeando os acordes
Podemos formar acordes a partir de cada nota musical. Os acordes são
identi�cados por letras do nosso alfabeto.

Como há sete notas musicais (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si), usaremos sete le-
tras: A, B, C, D, E, F e G. A nota Lá é usada para a�nar e, por isso, ela corres-
ponde à letra A.

Na sequência, as notas são organizadas da seguinte maneira:

• A, acorde de Lá.
• B, acorde de Si.
• C, acorde de Dó.
• D, acorde de Ré.
• E, acorde de Mi.
• F, acorde de Fá.
• G, acorde de Sol.

Para os acordes não naturais, seguimos a lógica:

• F#, acorde de Fá # (Fá sustenido).


• Bb acorde de Sib (Si bemol).

E assim por diante.

Para os acordes menores, as notas �cam conforme exemplos a seguir:

• Am, Lá menor.
• Bm, Si menor.
• Cm, Dó menor.
• Dm, Ré menor.
• Em, Mi menor.
• Fm, Fá menor.
• Gm, Sol menor.
• F#m, Fá sustenido menor.
• Bbm, Si bemol menor.

Os acordes com dissonâncias são indicados com um número acrescentado


ao acorde básico, indicando qual nota foi adicionada ao acorde. Por exem-
plo:

• A7, Lá com sétima.


• A7M, Lá com sétima maior.
• Gm7, Sol menor com sétima.

Acorde de Ré maior (D)


Para tocar o acorde de Ré maior (D), você deve veri�car, antes de tudo, o po-
sicionamento da mão esquerda, conforme as informações e a imagem a se-
guir:

• 4ª corda solta (Ré).


• 3ª corda presa na 2ª casa com o dedo indicador - dedo 1 (Lá).
• 2ª corda presa na 3ª casa com o dedo anular - dedo 3 (Ré).
• 1ª corda presa na 2ª casa com o dedo médio - dedo 2 (Fá#).

(https://mdm.claretiano.edu.br/insmusvio-g03189-2021-02-grad-ead/wp-
content/uploads/sites/1212/2019/11/C2-F13.jpg) elaborada pelas autoras.
Figura 13 Acorde de D (Ré maior).

Observe que os dedos 1, 2 e 3 devem fazer uma pinça com o polegar e a mão
esquerda não toca no braço do violão.

Agora que o acorde está posicionado, você acrescentará a mão direita.


Deslize o polegar a partir da 4ª corda (Ré) em direção à 1ª corda.

Agora, assista ao vídeo "D maior".

Ouviu o acorde D? Todas as notas estão soando? Caso o som não esteja bom,
volte sua atenção para a mão esquerda e reposicione os dedos.

Cada um deles deve ser bem preciso ao apertar a corda, não podendo encos-
tar na corda de baixo, do contrário, impedirá que ela vibre e o som �cará
comprometido. A independência de cada mão e a coordenação entre as
mãos direita e esquerda devem ser seus objetivos neste momento.

Siga tocando e se ouvindo até seus ouvidos identi�carem cada nota do acor-
de de D.

Agora você já está apto a tocar e cantar Escravos de Jó. Vamos começar a
treinar com esse acorde? Observe a melodia de Escravos de Jó na Figura 14.
elaborada pelas autoras.

Figura 14 Melodia Escravos de Jó.

Cante a melodia e toque D em cada sílaba sublinhada (tempos fortes).

Veja que temos, entre parênteses, um acorde de A (Lá maior). Se você nunca
tocou acordes, pedimos que permaneça apenas em D (Ré maior), então
substitua o A pelo D.

Assista ao vídeo "Escravos de Jó", e você entenderá essa proposta de estudo:

Aproveite e treine sua aprendizagem com a questão a seguir.


Agora, se você já desenvolveu o acorde de D, sugerimos que tente tocar, tam-
bém, o acorde de A.

Acorde de Lá maior (A)


Para tocar o acorde de Lá maior, você utilizará:

• a 5ª corda solta (Lá);


• a 4ª corda presa na segunda casa com o dedo 1 (Mi);
• a 3ª corda presa na segunda casa com o dedo 2 (Lá);
• a 2ª corda presa na segunda casa com o dedo 3 (Dó#);
• a 1ª corda solta (Mi).

Observe, na Figura 15, a posição dos dedos.

elaborada pelas autoras.

Figura 15 Acorde de A (Lá maior).

Assista ao vídeo a seguir, pois ele demonstra o acorde de A (Lá maior).


Ainda com a canção Escravos de Jó em D, busque novas possibilidades rít-
micas. Para trabalhar os ritmos a seguir, utilize os comandos que segue:

• P - polegar.
• I - indicador.
• M - médio.
• A - anular.

Você está preparado(a)? Então vamos à batida de marcha e ao dedilhado.

Batida de marcha

Passe as unhas dos dedos I, M e A do grave para o agudo e volte a mão (do
agudo para o grave) com a unha do P uma vez forte e outra fraca.

Forte é sempre um movimento para baixo (a favor da lei da gravidade).

Você pode tocar a cada semínima ou a cada colcheia.

Não se esqueça de cantar junto!

Dedilhado

Outra possibilidade que você tem é de dedilhar o arpejo P, I, M, A.

O polegar - P toca o baixo Ré (4ª corda), enquanto I, M, e A tocam as cordas


agudas individualmente. "I" toca a 3ª corda, "M", a 2ª e "A", a 1ª.

A partir dessas possibilidades, deixe sua mão direita inventar um novo rit-
mo. O importante é saber onde estão os tempos fortes. A partir daí, in�nitas
combinações rítmicas serão possíveis. Dê asas à sua musicalidade!

Aproveite essa cantiga para poder pesquisar seu sentido, contexto, criar
uma sonorização e até mesmo novas possibilidades de acompanhamento. É
nesse momento que você pode sair do estado de "estudante" para o de "pro-
fessor", no sentido de pensar quais potencialidades terá com essa cantiga,
quais habilidades poderá desenvolver ou propor aos seus alunos para utili-
zar o violão como um instrumento musicalizador etc.

Vamos encerrar este ciclo com um recado da Profª. Mariana Ament, assis-
tindo ao vídeo a seguir:

5. Considerações
Neste ciclo de aprendizagem, você pôde conhecer as técnicas básicas para
iniciar suas práticas no instrumento. Vimos o quanto o posicionamento das
mãos interfere na e o quanto o treino de repetição auxiliará a
emitir sons com menos ruídos e trastejos.

O mais importante é que não se esqueça de transformar todo e qualquer


exercício técnico em . Sim, esse é nosso principal objetivo enquanto
estudantes e educadores. Um simples exercício técnico pode ser muito mu-
sical se você criar um discurso sonoro com timbre, dinâmicas, rítmicas va-
riadas, etc. Seja criativo(a) e desenvolva sua musicalidade!

Torna-se importante, aqui, lembrar que, para a técnica, utilizamos a "lei do


menor esforço", ou seja, para mudar de um acorde para outro, lembre-se de
criar estratégias que garantam a você mudar de acorde em um menor tem-
po, com poucos movimentos. Da mesma forma, com os dedilhados: relaxe
bem a mão para que você não faça força para mover rapidamente os dedos.

Assim como no ciclo anterior, retome esses estudos como aquecimento de


suas práticas de repertório. Tente manter a sequência de estudo:

• Alongamento corporal (que aprendeu no Ciclo 1).


• Estudo técnico-musical (que aprendeu neste ciclo).
• Estudo de repertório (que veremos no Ciclo 3).
• Alongamento corporal novamente.

No próximo ciclo, estudaremos o repertório. Como você deve estudá-lo?


Quais possibilidades de repertório para a sala de aula? Como o violão tam-
bém pode ser um instrumento sonorizador, no qual você poderá explorar
sonoridades não convencionais? Além disso, indicaremos um repertório de
estudo para o instrumento.

Vamos lá?!
(https://md.claretiano.edu.br/insmusvio-

g03189-dez-2021-grad-ead/)

Ciclo 3 – Repertório Musical para a Sala de Aula

Objetivos
• Conhecer os possíveis usos do violão na sala de aula.
• Identi�car trocas harmônicas no repertório musical.
• Conhecer e explorar sonoridades não convencionais no violão.
• Conhecer repertório violonístico para estudo do violão.
• Aprender diferentes escritas para violão.
• Desenvolver prática musical no instrumento.
• Conhecer o sistema Caged.

Conteúdos
• Repertório musical.
• Prática musical.
• Criação musical.
• Repertório violonístico e suas diferentes escritas.
• Sistema Caged.
• Acordes no braço do violão.

Problematização
Quais as particularidades do violão em relação a repertório musical? Como
estudar esse repertório? Como identi�car trocas harmônicas no repertório
musical? Quais são as possibilidades de repertório para a sala de aula? Como
o violão também pode ser um instrumento sonorizador? Quais sonoridades
não convencionais podemos explorar no instrumento? Como memorizar
acordes no braço do instrumento? O que é e como utilizar o sistema Caged?

Orientação para o estudo


Caro aluno, o ciclo anterior convidou você a conhecer as técnicas básicas de
mão direita e esquerda para iniciar seus estudos. Você aprendeu, ainda, dois
acordes no braço do violão.

Considerando-o como instrumento acompanhador, neste ciclo, você conhe-


cerá como poderá utilizar o violão para acompanhar cantigas e canções, de-
senvolvendo um repertório e, ainda, como memorizar acordes no braço do
instrumento, por meio de um sistema denominado Caged, o que facilitará sua
prática e execução musical.

Desse modo, é importante que a prática seja sua aliada. Só assim, você pode-
rá assimilar os conteúdos, compreender as diferentes escritas para violão e,
ainda, formar seu próprio repertório musical.

Lembre-se do vídeo inicial do Ciclo 1, no qual discorremos sobre organização,


comprometimento com o estudo e prática.

Separe ao menos de 5 a 10 minutos por dia para sua prática – mas precisa ser
todo dia, ok? Só assim você terá êxito e seu corpo criará a consciência neces-
sária para as técnicas aqui abordadas.

De nada adianta você apenas ler este ciclo. Nosso desejo é que você o prati-
que!

Para que você possa construir sua jornada de aprendizado de forma autênti-
ca, é imprescindível explorar todos os materiais aqui disponíveis. Assista aos
vídeos indicados neste ciclo e acesse os links de navegação propostos.

Vamos iniciar esta jornada com muita música! Bons estudos!


1. Introdução
Quando se trata de repertório, geralmente a tendência é pensarmos em um
apanhado de canções/cantigas que poderemos tocar, formando um livro de
possibilidades.

Porém, na educação musical, repertório vai muito além: é preciso ter criticida-
de, autonomia e objetivos claros de por que estudar esse repertório, ensiná-lo
ou utilizá-lo.

Assim, convidamos a re�etir sobre as cantigas compartilhadas neste ciclo e


atribuir signi�cado a elas. Não as imagine apenas como letra e acordes - pen-
se sobre possibilidades de estudo que gerem conhecimento contextual, rítmi-
co, de gênero musical, para que faça conexões com as disciplinas que já cur-
sou ou com conteúdos que necessita revistar durante esta formação como li-
cenciado(a).

Iniciaremos nossa jornada conhecendo possíveis usos do violão, explorando


seus sons não convencionais e, então, partiremos para a prática de cantigas, a
�m de ampliar seus estudos práticos na leitura de cifragem e trocas harmôni-
cas.

2. Instrumento acompanhador: possíveis usos


do violão
Já vimos, desde o ciclo 1, o quanto o violão é versátil, no sentido de que pode-
mos levá-lo facilmente a diversos lugares. Trata-se de um ponto importante a
considerar no dia a dia de um(a) professor(a) que vai e vem de salas de aulas
ou que utiliza mais instrumentos musicais para compor suas práticas educa-
tivas.

Um segundo ponto que podemos destacar é a possibilidade de ser acompa-


nhador de cantos e cantigas. É muito comum educadores musicais utilizarem
cantigas para ensinar rítmica, repertório, percepção musical etc., porém prin-
cipalmente a criança necessita de referência harmônica - além da referência
vocal do(a) professor(a) - atrelada ao movimento e à ludicidade.

De acordo com a metodologia dalcrozeana, ocorre uma interação entre mente


e corpo e, para cada elemento musical - seja ele rítmico, melódico, acordes ou
progressões harmônicas -, o movimento deveria estar intimamente atrelado.
Assim, é importante que o(a) professor(a) ofereça a maior quantidade de ele-
mentos possíveis em uma atividade lúdica de aprendizagem musical.

Portanto, se for realizar uma brincadeira musical, como Escravos de Jó, con-
duza a brincadeira, mas toque a harmonia e cante com os alunos. Diversos
elementos, como tonalidade, arquitetura e progressões harmônicas, já podem
ser trabalhados por meio de uma brincadeira acompanhada pelo instrumento.

Se optar por gravações, evite aquelas muito sintéticas. Opte pelas que apresen-
tam sons reais dos instrumentos musicais, principalmente na primeira infân-
cia.

Um terceiro ponto a destacar é a importância de escolher adequadamente o


repertório (tonalidade possível de cantar e de tocar - usar pestana/capotraste,
caso precise).

É necessário destacar, também, a importância da contextualização do repertó-


rio - é mais do que um caderno de músicas que você tem para treinar e estu-
dar o instrumento, entende? A escolha é intrínseca aos objetivos educativo-
musicais. Pergunte-se:

Por que escolhi essa cantiga ou essa canção? O que os alunos podem aprender
com ela?

Faça um mapa de todas as potencialidades de uma cantiga/canção. Veja o


exemplo a seguir:

Vamos retomar a cantiga Escravos de Jó e re�etir, juntos, sobre quais são as


possibilidades de ensino e aprendizagem musical utilizando essa cantiga co-
mo repertório. Observe a Figura 1:
elaborada pelas autoras.

Figura 1 Possibilidades de ensino musical por meio do repertório.

Pare um pouco e re�ita sobre a �gura anterior. Com essa música, que você já
sabe tocar, você pode desenvolver com seus alunos aprendizados acerca:

Gostou das dicas apresentadas?

É importante que utilizemos um repertório ao máximo, tanto para que você,


enquanto professor(a), tome consciência dos objetivos diversos que pode ter
com uma simples cantiga, quanto para que seus alunos desenvolvam dife-
rentes aprendizagens, consistentes e coerentes com uma mesma música. E o
melhor: o violão pode estar presente em todas as etapas e vivências!

Outra possibilidade é utilizar o violão como um instrumento que seus alunos


também podem aprender em sala de aula. Você pode oferecer uma aula so-
bre a do instrumento e levar o violão à escola para que os alunos
o vejam, o peguem no colo, sintam as texturas das cordas, as sonoridades da
madeira, explorem. Assim, poderá acionar a criação musical por meio dessa
experiência. Vamos nos aprofundar sobre esse assunto no tópico a seguir.

3. Exploração de sonoridades não convencio-


nais
Já tratamos um pouco desse assunto no tópico anterior, mas é necessário
aprofundar, já que pouco se fala sobre criação musical.

É muito mais aceitável e fácil tomarmos algum método, um exercício ou uma


música cifrada e, simplesmente, acompanhá-la tocando de um jeito ou de ou-
tro que nos foi ensinado, sem ativarmos nossas potencialidades criativas,
não é mesmo?

Pois bem, somos seres criativos e necessitamos a�orar essas ideias e práti-
cas para nos constituirmos socialmente. Os próprios instrumentos musicais,
como o violão, são resultados de criações, modi�cações de instrumentos an-
tecessores, como o alaúde.

À medida que manipulamos um objeto (sonoro ou não), temos uma ação so-
bre ele e podemos interferir na produção, ou seja, no resultado sonoro.

A criança tem mais facilidade de criar porque está "descobrindo" o mundo,


sem ser tão tolhida quanto o adulto por convenções, métodos e estratégias.
Assim, se você der um violão na mão de uma criança, possivelmente ela ex-
trairá sons mais diversos do que uma pessoa idosa, visto que esta, provavel-
mente, já viu instrumentistas tocando violão, já ouviu músicas, identi�cando
o som das cordas do instrumento, já cantarolou, sendo acompanhada por um
violonista etc.

A criança, em contrapartida, costuma explorar as texturas - passa a mão em


todas as cavidades, coloca a mão dentro do tampo, puxa as cordas ao em vez
de pinçá-las, bate no tampo, segura o violão de ponta-cabeça e mais um mi-
lhão de possibilidades que nem poderíamos imaginar neste momento. Tudo
porque sua criatividade está pronta para ser despertada por algo novo, nesse
caso, o violão.

Diante disso, você deve compreender o quão importante é irmos além das
convenções, seja no tocante ao instrumento musical, seja a qualquer outro
ensino. De acordo com Bueno (2011, p. 182):

Através da música e de seu processo de criação, a criança torna-se um indivíduo


criador, gerador, formando um eterno vínculo com sua produção e autoria. "Fui eu
quem �z". Este é um fator positivo para o desenvolvimento de sua autoestima e
identi�cação de suas motivações (BUENO, 2011, p. 182).

Sugerimos, agora, que você faça uma pausa na sua leitura e re�ita sobre sua
aprendizagem, realizando a questão a seguir.

Após explorar um pouco as sonoridades não convencionais, vamos estudar o


repertório para violões.

4. Instrumento musicalizador: repertório para


violões
No repertório inicial para violões, temos, basicamente, canções cifradas ou
pequenas peças, a partir das quais podemos tocar melodias e harmonias
conjuntamente.

Podemos conhecer algumas escritas e leituras convencionais para violão


que auxiliarão você a codi�car possibilidades.

Para tanto, estudaremos o capítulo três da monogra�a de Teixeira (2008), in-


titulada Ensino Coletivo de Violão: diferentes escritas no aprendizado de ini-
ciantes (http://www.domain.adm.br/dem/licenciatura/monogra�a/mauricio-
teixeira.pdf). O autor problematiza o ensino coletivo de violão no Brasil e traz
elementos que podem ser úteis para nosso aprendizado.

Caso você já toque violão e dê aulas, sugerimos que leia toda a monogra�a.

Porém, por hora, o nosso foco de estudos é o capítulo 3, "Ensino coletivo de


violão com diferentes escritas".

A primeira problematização está relacionada ao destaque do acompanha-


mento na música cifrada. Se você já experimentou entrar em sites de cifras,
geralmente encontrou apenas letra e cifras. Alguns sites, hoje em dia, dispo-
nibilizam vídeos, mostrando a batida ou dedilhado sugerido para mão direita,
mas nem todos o fazem e não é algo convencional.

Porém, quando estamos tratando do aprendizado inicial no instrumento, é


importante não priorizar somente a harmonia ou melodia. Precisamos nos
atentar ao acompanhamento, como nos exemplos apresentados no Ciclo 2,
para que você desenvolva algumas possibilidades rítmicas.

De acordo com Teixeira (2008, p. 27-28), podemos grafar de duas formas o


acompanhamento juntamente com a letra e a cifra da canção ou cantiga de-
sejada:

• "Letras representando as iniciais dos dedos da mão direita, polegar, indi-


cador, médio, anular" (TEIXEIRA, 2008, p. 27):
Teixeira (2008, p. 27).

Figura 2 Gra�a de acompanhamento com letras iniciais dos dedos.

• Sistema de setas: "A forma de tocar é como uma "batida" ou "levada" e


pode ser feita com uso de palheta, ou utilizando dedos da mão direita
para tal efeito" (TEIXEIRA, 2008, p. 27-28):

Teixeira (2008, p. 28).

Figura 3 Gra�a de acompanhamento com setas.

• Partitura

Teixeira (2008, p. 28).

Figura 4 Gra�a de acompanhamento em partitura convencional.

Visualmente, você poderá notar que, dentre as três opções de leitura, a que
descreve com detalhes o sistema rítmico da música é a opção com partitura.
As outras necessitam de que o instrumentista já saiba a música para conse-
guir "encaixar" o acompanhamento, considerando tempos fortes e caracte-
rísticas especí�cas. Ou, então, é necessário que haja sempre um(a) profes-
sor(a) compartilhando o ritmo e sendo observado pelo aluno para executar
corretamente.

Outra possibilidade, também abordada pelo autor, é reduzir acordes de músi-


cas que possuem harmonias mais complexas. Simpli�car é a palavra-chave
para que tocar a música desejada seja verdadeiramente possível.

Portanto, se uma canção tem os acordes de G/B (Sol maior com Si no baixo),
você poderá tocar G (Sol maior), apenas. Se tiver um D7/F# (Ré maior com sé-
tima com baixo em Fá sustenido), você poderá tocar apenas D7. E, aos pou-
cos, poderá ampliar seus aprendizados harmônicos e trazer mais re�namen-
to para o acompanhamento com o violão.

Neste momento, focaremos nas canções e cantigas cifradas, para que, você,
futuro(a) educador(a) musical, possa utilizar o violão em sala de aula, como é
previsto para sua formação acadêmica.

As cantigas podem ser trabalhadas com alunos de diferentes idades, porém, como é previsto que o pro-
fessor especí�co (como é o caso da formação que buscou neste curso) dê aulas em escolas, no Ensino
Fundamental, consideramos que as cantigas têm grande potencial na formação de um repertório coe-
rente com a prática didática esperada.

Bom, vamos lá?

É sabido, que, para acompanhar uma cantiga ou uma canção em sala de au-
la, você poderá estudar previamente o repertório escolhido. Porém, no pro-
cesso de estudo, é importante que desenvolva sua percepção no instrumen-
to. Assim, identi�car trocas harmônicas e realizá-las deve fazer parte da-
quela sequência de estudos que propomos no ciclo anterior.

Vamos relembrar? Ela é composta de:

• alongamento corporal (que aprendeu no Ciclo 1);


• estudo técnico-musical (que aprendeu no Ciclo 2);
• estudo de repertório (que veremos durante o estudo deste ciclo): aqui
você poderá incluir o estudo da identi�cação e trocas harmônicas;
• alongamento corporal novamente.

Sempre repita essa sequência com planejamento e persistência.

Porém, quais os passos para identi�car e realizar trocas de acordes?

Assista ao vídeo Mudança de acordes a seguir, e você compreenderá!

A partir de poucos acordes, você já pode tocar diversas cantigas.

Vamos ver algumas possibilidades:


Convidamos você a treinar essa cantiga com o ritmo de marcha, seja em de-
dilhado ou com batida (retorne ao Ciclo 2 para visualizar esse acompanha-
mento).

Repita o estudo rítmico que �zemos em Escravos de Jó:

1. Cante a melodia e toque D em cada sílaba sublinhada (tempos fortes).


2. Toque forte e fraco em colcheias.
3. Crie seu próprio ritmo para essa canção.
A cantiga O trem maluco é ótima para ensinar colcheias, pois a melodia se
baseia nessas �guras de nota, considerando o compasso binário. Assim, vo-
cê pode, inclusive, tocar a melodia para auxiliar os alunos nessa percepção.

Tente tocar por reconhecimento das notas.

Vamos lá?

A dica é que utilizaremos as notas Lá, Si, Dó# e Ré em ordem ascendente.

Escute o áudio quantas vezes forem necessárias e tente repetir.


 Complemente seus estudos!

Para treinar os dedos e os ouvidos, escolha algumas canções que você


queira tocar em Ré maior. Conheça canções, melodias e brincadeiras,
complemente seus estudos e inspire-se a partir dos links indicados a se-
guir:
• Mapa do brincar (https://mapadobrincar.folha.com.br/), da Folha de
S.Paulo.
• Site de Hélio Ziskind (http://www.helioziskind.com.br/).

Após estudar, treinar e tocar essas últimas cantigas, convidamos você a co-
locar os acordes de D e A nas próximas que se seguem.

Lembre-se de destacar os tempos fortes e iniciar e terminar a cantiga no


acorde de D.
Nos links a seguir, podemos conhecer outras possibilidades de brincar com
algumas canções já estudadas, como Escravos de Jó e Samba Lelê. Além
disso, podemos conhecer canções novas para nos desa�armos a tocar no
violão usando os acordes de Ré e Lá:

• Tu toca o quê? (https://www.youtube.com/watch?v=tAre081JGsk), do


grupo Tiquequê.
• Samba Lelê (https://www.youtube.com/watch?v=_Tz7KROhuAw), do
grupo Barbatuques.

Neste momento, você seguirá o mesmo padrão de estudo das canções apre-
sentadas nos Ciclos 1 e 2. Porém, agora, vamos aprender o acorde de G (Sol
maior).

Para tocar o acorde de G, siga estes passos:

• 6ª corda presa na 3ª casa com o dedo 2 (Sol);


• 5ª corda presa na 2ª casa com o dedo 1 (Si);
• 4ª corda solta (Ré);
• 3ª corda solta (Sol);
• 2ª corda solta (Si);
• 1ª corda presa na 3ª casa com o dedo 3 (Sol).

Faça os ajustes necessários até o som �car bom. Observe o posicionamento


para o acorde de G (Sol maior) na Figura 5.

elaborada pelas autoras.

Figura 5 Acorde de G (Sol maior).

Após essa montagem, faça a sequência: D, G, A e D lentamente. Toque D, pre-


pare e toque o G, depois o A, e novamente o D. Tocar, tocar e tocar: esse é o
segredo!

Primeiro, toque só nas trocas harmônicas; depois, em cada tempo forte. A


partir disso, brinque com as possibilidades rítmicas. Agora, teremos algu-
mas canções nas quais usaremos esta sequência que acabamos de treinar:
D, G e A.
Se você preferir, pode tocar A no lugar de A7.

Vamos, agora, ao acorde de E (mi maior). Para ele, temos:

• 6ª corda solta (Mi);


• 5ª corda presa na 2ª casa com o dedo 2 (Si);
• 4ª corda presa na 2ª casa com o dedo 3 (Mi);
• 3ª corda presa na 1ª casa com o dedo 1 (Sol#);
• 2ª corda solta (Si);
• 1ª corda solta (Mi).
Observe, na Figura 6, o posicionamento dos dedos no acorde de E (Mi mai-
or).

elaborada pelas autoras.

Figura 6 Acorde de E (Mi maior).

Convidamos você a treinar o acorde de E (Mi maior) e inseri-lo na cantiga A


canoa virou.
Outro acorde essencial e que você poderá utilizar é o de Dó maior, simboli-
zado pela cifra C. Para praticá-lo, siga os passos:

• 5ª corda presa na 3ª casa com o dedo 3 (Dó);


• 4ª corda presa na 2ª casa com o dedo 2 (Mi);
• 3ª corda solta (Sol);
• 2ª corda presa na 1ª casa com o dedo 1 (Dó);
• 1ª corda solta (Mi).

Veja o posicionamento dos dedos no acorde de C (Dó maior) na Figura 7.


elaborada pelas autoras.

Figura 7 Acorde de C (Dó maior).


Para tocar essa cantiga, utilize um acompanhamento ternário, indicado no
Ciclo 2.

No material Conta pra mim - Cantigas (http://alfabetizacao.mec.gov.br


/images/conta-pra-mim/livros/versao_digital/cantigas_versao_digital.pdf),
do Ministério da Educação, você pode encontrar diversas cantigas e, quem
sabe, desenvolver um trabalho interdisciplinar com pedagogos!

Além dos acordes maiores, que vimos aqui, há também os menores.


Os acordes de Am (Lá menor), Dm (Ré menor) e Em (Mi menor) são os que
você aprenderá para que possa desenvolver outros acordes posteriormente.

Vamos lá:

O acorde de Am
O acorde de Am é formado da seguinte maneira:

• 5ª corda solta (Lá);


• 4ª corda presa na 2ª casa com o dedo 2 (Mi);
• 3ª corda presa na 2ª casa com o dedo 3 (Lá);
• 2ª corda presa na 1ª casa com o dedo 1 (Dó);
• 1ª corda solta (Mi).

Observe, na Figura 8, o acorde de Am (Lá menor).

: elaborada pelas autoras.

Figura 8 Acorde de Am (Lá menor).

O acorde de Dm
Para formar o acorde de Dm, siga os passos:

• 4ª corda solta (Ré);


• 3ª corda presa na 2ª casa com dedo 2 (Lá);
• 2ª corda presa na 3ª casa com dedo 3 (Ré);
• 1ª corda presa na 1ª casa com dedo 1.

Veja, na Figura 9, o acorde de Dm (Ré menor).

elaborada pelas autoras.

Figura 9 Acorde de Dm (Ré menor).

O acorde de Em
Para formar o acorde de Em, siga os passos:

• 6ª corda solta (Mi);


• 5ª corda presa na 2ª casa com dedo 2;
• 4ª corda presa na 2ª casa com dedo 3;
• 3ª corda solta;
• 2ª corda solta;
• 1ª corda solta.

A Figura 10 demonstra a posição dos dedos no acorde de Em (Mi menor).


elaborada pelas autoras.

Figura 10 Acorde de Em (Mi menor).

Desejamos que você pratique, pratique e pratique! Aos poucos, com persis-
tência, vai �cando mais fácil e seu som será cada vez mais limpo, você vai
ver!

Até aqui você aprendeu os acordes primários (que são feitos nas primeiras
casas do violão e aproveitam as cordas soltas para que o acorde soe) e per-
ceberá que, a partir deles, você conseguirá caminhar pelo braço do instru-
mento, fazendo outros acordes.

Quem permitirá que você consiga realizar esses outros acordes é a

Sim, a famosa pestana! Amada e repudiada por muitos, mas essencial!

Antes de avançarmos para compreender melhor a função da pestana e os


possíveis estudos a desenvolver sobre o assunto, vamos realizar uma autoa-
valiação, considerando os acordes que você estudou até aqui.

Vamos prosseguir, então, com o conteúdo sobre pestana. Esta nada mais é
do que um conjunto de cordas que precisam ser pressionadas ao mesmo
tempo, em uma mesma casa.

Se você quer saber alguns "truques" para desenvolver melhor sua pestana,
acesse a videoaula do professor Heitor Castro (2019), no YouTube, pois ele
compartilha dicas preciosas quanto a angulação do dedo que fará a pestana,
força e posição na casa.
Considerando a possibilidade de utilizá-la, você consegue realizar muitos
outros acordes partindo dos primários que aprendeu.

Em suma, se você "montar" o acorde de E (Mi maior) primário e adicionar


uma pestana na primeira casa do braço do violão, terá um F (Fá maior).

Se colocar esse mesmo desenho de F, iniciando a pestana na terceira casa,


terá um G (Sol maior).

Ou seja, respeitando o cromatismo, será possível realizar até o acorde de E


(Mi maior) iniciando a pestana na casa doze com essa mesma montagem.

Porém, isso nem sempre é viável para tocar uma música inteira, porque �ca
difícil "correr" as casas para chegar no acorde desejado ou então não "com-
bina" com a altura da melodia, porque o acorde pode �car muito agudo ou
muito grave.

Teste no seu violão: toque a cantiga Escravos de Jó (que aprendemos no


Ciclo 2), utilizando os acordes de D e A.

O acorde de D será realizado com pestana na décima casa e o de A, na quin-


ta casa. Observe a quantidade de movimentos e esforço que teriam de ser
feitos para tocar uma cantiga com apenas dois acordes.

Ouça minha explicação no podcast - Pestana.

Compreendeu?

Dessa forma, é importante encontrarmos outras opções de montagens para


os mesmos acordes.

A �m de facilitar esse processo, vamos conhecer, brevemente, o sistema de


cinco acordes, chamado de " ", que, nada mais é do que a cifra dos
acordes de Dó maior (C), Lá maior (A), Sol maior (G), Mi maior (E) e Ré maior
(D).

• Realizando a montagem de com pestana na segunda casa, teremos o acorde de D.


• Se montarmos o acorde de , como aprendido no Ciclo 2, com pestana na segunda casa,
teremos um B.
• Ao realizarmos o desenho de com pestana na segunda casa, teremos o A.
• Fazendo o desenho de , com pestana na primeira casa, teremos o F.
• Por �m, com o desenho de , com pestana na segunda casa, teremos um acorde de E.

Compreendeu?

A ideia é que você utilize os desenhos dos acordes que estão nesta sequên-
cia - C, A, G, E, D - para construir qualquer acorde. Ou seja, se você quiser fa-
zer um acorde de Dó maior, poderá encontrá-lo, facilmente, no braço do ins-
trumento, com os desenhos de Lá maior, Sol maior e Ré maior, entendeu?

Para facilitar a visualização e o deslocamento dos acordes que você poderá


fazer, é importante identi�car a tônica de cada um desses acordes, ou seja, a
posição da nota Dó do acorde de Dó maior (em montagem primária).

Veja o exemplo demonstrado na Figura 11.


elaborada pelas autoras.

Figura 11 Acorde de Em (Mi menor).

Na casa 3, temos uma nota Dó. Se você �zer uma pestana ali e realizar o de-
senho de Lá (segundo acorde do sistema Caged), terá o próximo dó maior, e
assim por diante, podendo realizar o acorde de Dó até o desenho de Ré mai-
or, desde que encontre a fundamental do acorde.

Você deve estar se perguntando: mas, e os acordes menores? A resposta pa-


ra essa pergunta é que este é somente um modelo, você pode incorporá-lo a
todos os outros tipos de acordes, desde que saiba sua formação no braço do
violão, no estado primário, compreendeu?

Para mais esclarecimentos, sugerimos que assista às duas videoaulas a se-


guir, de Leandro Kasan (2018), em que ele apresenta todos os acordes do sis-
tema Caged em dois vídeos (partes 1 e 2). Vale a pena assistir a eles.

Além dos vídeos de Leandro Kasan, sugerimos que assista à aula do profes-
sor Faleiro (2019), na qual também se explica muito bem o sistema Caged.
Você não precisa saber todos os sessenta acordes possíveis no braço do vio-
lão, mas tente treinar pelo menos uma possibilidade diferente de cada um
dos acordes primários que aprendeu neste ciclo. Isso trará maior autonomia
para utilizar esse instrumento como acompanhador em suas práticas
educativo-musicais.

Sugerimos, agora, que você faça uma pausa na sua leitura e re�ita sobre sua
aprendizagem, realizando a questão a seguir.

5. Considerações
Neste ciclo de aprendizagem, você pôde conhecer possíveis usos do violão
no tocante ao repertório. Vimos que esse instrumento pode ser utilizado pa-
ra sonorizações, acompanhamento de cantigas e brincadeiras musicais,
além de ser um companheiro prático para seu dia a dia enquanto profes-
sor(a).

É claro que o estudo do repertório necessita tempo para dedicação, seja


aprendendo acordes novos, treinando técnicas de trocas harmônicas ou
descobrindo acordes no braço do instrumento, porém a curiosidade é o que
nos move.

Imagine um adolescente querendo tocar uma música que faz parte do seu
nicho social de identidade, de sua banda preferida: essa vontade move todo
e qualquer obstáculo de técnica que ainda não tenha sido desenvolvida.
Esse adolescente "pula" os acordes que ainda não sabe, faz reduções de um
acorde D/F# para um D, simpli�ca o dedilhado porque ainda não tem agili-
dade para conseguir tocar o original e, ainda, aprende "aquela" parte do solo
que todos os seus amigos sabem (porque não consegue tocar todo o solo), só
para poder �car tocando milhões e milhões de vezes quando os encontra,
depois do almoço, antes de dormir... até conseguir!

É assim que você deve se imaginar! É assim que deve ser seu estudo: moti-
vado pela curiosidade e repleto de signi�cado.

Neste momento, fechamos o ciclo esperado para sua sequência de estudos


práticos, diários e constantes:

• alongamento corporal (que aprendeu no Ciclo 1);


• estudo técnico-musical (que aprendeu no Ciclo 2);
• estudo de repertório (que aprendeu no neste ciclo);
• alongamento corporal novamente.

No próximo ciclo, conheceremos estratégias didáticas de acordo com as-


pectos que poderá desenvolver por meio do violão e ainda discutiremos o
papel esperado do(a) educador(a) musical, valorizando o violão como um
companheiro em potencial.

Vamos lá?
(https://md.claretiano.edu.br/insmusvio-

g03189-dez-2021-grad-ead/)

Ciclo 4 – O Professor Mediador – Estratégias de


Ensino

Objetivos
• Compreender o que é mediar a aprendizagem.
• Conhecer aspectos didáticos do violão.
• Identi�car o papel do professor em sala de aula.
• Conhecer e aplicar estratégias de ensino do instrumento.

Conteúdos
• Mediação da aprendizagem.
• Estratégias de ensino de violão.
• Didática do instrumento musical.
• Ensino e aprendizagem de instrumentos musicais.

Problematização
O que é mediar a aprendizagem? Qual o papel do educador musical na sala
de aula? Como posso ensinar violão mesmo não sendo violonista? Quais os
aspectos didáticos do violão na educação musical? Quais as possíveis estra-
tégias lúdicas para o ensino do instrumento? Como posso ampliar o conheci-
mento musical do(s) meu(s) aluno(s) utilizando o violão?

Orientação para o estudo


Caro(a) aluno(a), no ciclo anterior, você foi convidado a conhecer os possíveis
usos do violão e continuar seus estudos técnicos em relação às trocas
harmônicas. Desse modo, você pôde criar, também, um repertório para estu-
do e, quiçá, para sua atuação pro�ssional.

A partir deste ciclo, ou seja, Ciclo 4 e, futuramente, no Ciclo 5, vamos re�etir


sobre sua formação enquanto educador(a) musical, seu papel e compromisso.
Mas, você pode me perguntar: o que isso tem a ver com o violão?!

Daremos duas grandes razões para você re�etir:

1. Sabendo seu papel enquanto professor, poderá ampliar sua visão sobre o
instrumento (para além do aprender acordes e acompanhamentos).
2. Poderá re�etir e criar estratégias de ensino de forma autônoma com o
violão.

Para a efetividade deste estudo, lembre-se de ler, ver e ouvir tudo o que for
proposto e manter a constância. Sempre que tiver dúvidas ou sentir necessi-
dade, retome os conteúdos dos outros ciclos para ajudar você a traçar raciocí-
nios esperados, pois tudo está interligado.

Vamos lá?

1. Introdução
Enquanto professores, nosso dever é mediar a aprendizagem de nossos(as)
alunos(as).

Geralmente, ensinamos como aprendemos, de acordo com nosso repertório e


da forma como nos foi ensinado. Assim, convidamos você a re�etir sobre co-
mo se deu seu processo de aprendizagem inicial na música: foi técnico de-
mais? Tradicional demais? Foi lúdico? Foi sensível? Ativo?

São questionamentos necessários, pois há dois caminhos. Sabendo que o ideal


é a aprendizagem musical ser ativa, seja no instrumento musical ou em ou-
tras formas de fazer música, você precisará escolher mudar sua perspectiva
de ensino se seu aprendizado não for ativo.
O primeiro passo você já deu: escolher realizar este curso de formação. O pró-
ximo é criar estratégias que só você poderá fazer para atingir este objetivo ge-
ral de um ensino de música mais integral, sensível e prazeroso.

No violão, você poderá utilizar algumas estratégias especí�cas para o ensino e


até mesmo para seu próprio aprendizado no instrumento. Vamos estudar es-
sas estratégias neste ciclo de aprendizagem. Bons estudos!

2. O papel do(a) professor(a) em sala de aula


Sabemos que esta formação que você busca na Licenciatura é direcionada pa-
ra assumir o locus da escola como atuação pro�ssional. Mas, claro, você tam-
bém poderá ser um(a) educador(a) musical em projetos sociais, escolas espe-
cializadas de música, dar aulas particulares e a�ns.

Para cada locus, é necessário olhar para a realidade, o contexto e, partindo de-
le, compreender seu papel e, então, traçar suas estratégias de ensino.

Aqui falaremos da escola, pois é previsto, por lei, que os licenciados em áreas
especí�cas assumam esse espaço em sua prática pro�ssional.

Na escola, a educação musical assume um papel de reconhecimento, amplia-


ção e desenvolvimento cultural. Entendemos cultura como tudo o que o ser
humano observa, cria e recria, e, dessa forma, chegamos ao que compete à for-
mação integral do ser. Assim, o papel do(a) professor(a) envolve todo conheci-
mento musical para que seus alunos se desenvolvam por inteiro.

Parece um tanto romântica essa de�nição, mas não é. Pense comigo! Uma ati-
vidade de apreciação musical com objetivo de que os alunos reconheçam ins-
trumentos musicais da obra, o contexto histórico desta e possíveis relações
com outros gêneros e linguagens artísticas potencializa o desenvolvimento do
conhecimento:

• cognitivo dos alunos, ao identi�car e relacionar timbres dos instrumentos


musicais que estão ouvindo durante a apreciação e alguns que descobri-
rão em diálogos ou outras atividades lúdicas propostas pelo professor;
• histórico, de mundo, visto que o professor contextualizou, caracterizou a
época da obra, a biogra�a do(a) compositor(a), trazendo elementos cultu-
rais para além do som;
• de gênero musical, entrelaçando aspectos parecidos e diferentes entre gê-
neros quando se discute com os alunos trechos que parecem com trechos
de outras músicas, ritmos que também são característicos de outros gê-
neros, in�uências da obra, dos compositores etc.).

De acordo com Siqueira (2019), a BNCC a�rma o currículo, a formação do edu-


cador e a gestão como pilares sustentadores da escola e que podem trazer
bons resultados para o processo de escolarização de seus alunos. Ao educador
cabe "[...] a capacidade de identi�car, com base nos pontos fortes e fracos de
cada estudante, quais os métodos e as práticas pedagógicas mais e�cazes pa-
ra que sejam desenvolvidas as competências e habilidades previstas"
(SIQUEIRA, 2019, p. 25-26).

Será que você compreendeu todo o conteúdo estudado neste tópico? Veri�que
sua aprendizagem, realizando a questão a seguir.

3. Aspectos didáticos do instrumento


Acreditamos que a sua grande preocupação seja: "como posso ensinar um ins-
trumento musical não sendo instrumentista ou especialista nesse instrumen-
to"? Por certo que, o violão, sendo um instrumento tão popular em nossa cultu-
ra brasileira, proporciona relações mais abertas: encontramos muitos profes-
sores de violão que aprenderam de forma autodidata, ou que �zeram alguns
cursos de extensão e foram desenvolvendo suas habilidades e formas de ensi-
nar com o tempo.

É importante você saber que os aspectos didáticos de ensino de um instru-


mento passam, antes de tudo, pelo que chamamos de "processos educativos",
que ocorrem nas práticas sociais vividas tanto pelo professor em sua forma-
ção, quanto pelos alunos, e até pelo professor com os alunos.

Ament (2015) aprofunda esse conceito e entende que não há uma de�nição es-
pecí�ca, a�rmando que "[...] um conjunto de características descreve o concei-
to e está intimamente ligada às qualidades [...] como respeito, convivência, au-
tonomia, diálogo, entre outras características que possibilitam o processo de
aprender e ensinar" (AMENT, 2015, p. 47).

Ou seja, não se trata de algo técnico, e sim de vivência, experiência. Cada pro-
fessor vai criando estratégias de ensinar de acordo com suas vivências.

De acordo com Mizukami (2000, p. 140-141):

Aprender a ensinar pode ser considerado um processo complexo - pautado em di-


versas experiências e modos de conhecimento que se prolonga por toda a vida pro-
�ssional do professor, envolvendo, dentre outros, fatores afetivos, cognitivos, éticos
e de desempenho. Inicia-se antes da preparação formal, prossegue ao longo dela e
permeia toda a prática pro�ssional do professor. Falar pois, de "aprender a ensinar"
e de "aprender a ser professor" é falar de processos e não de eventos.

Nesse sentido, podemos observar que as ações de aprender e ensinar são


que vão muito além de serem instantâneos ou simplistas. Na educação
musical, Azevedo (2007) acredita que há uma relação de diálogo entre a ação
<-> socialização de saberes pedagógico-musicais <-> saberes de experiência.

Então, o campo pro�ssional do(a) educador(a) musical se dá por meio dessas


relações:
(https://mdm.claretiano.edu.br/insmusvio-g03189-2021-02-grad-ead/wp-
content/uploads/sites/1212/2019/12/C4-F1.png) elaborada pelas autoras.

Figura 1 Relação dialógica e construção de identidade docente.

Analisando a Figura 1, notamos que não é um processo individual, e sim soci-


al e coletivo. Segundo Abreu (2011, p. 142), é "[...] uma construção social na qual
se situam a moral coletiva, o dever ser e o compromisso com os �ns da educa-
ção" - chamado também de pro�ssionismo.

Agora acompanhe o seguinte raciocínio: se aprendemos e ensinamos em to-


das as relações e se elas podem ser dialógicas, unindo os três tipos de saberes
apresentados (Pedagógico-Musicais, da Experiência e da própria Ação
Pedagógica), então nossa identidade docente demora em torno de uma vida
para ser construída. Ou seja, estamos nos formando educadores(as) musicais
constantemente.

Se você compreendeu isso, entenderá com maior clareza por que pode ensinar
violão mesmo não sendo violonista. A licenciatura em Música tem o papel de
"iniciar" experiências musicais diversas com todas as pessoas que se colocam
em situações de ensino e aprendizagem, principalmente na escola regular, na
Educação Básica. Então, um de seus papéis é oferecer a seus alunos experiên-
cias com instrumentos musicais, por meio de ampliações de repertório, escuta
ativa, criação musical e muitos outros conteúdos que já sabemos.

O violão se torna, então, um ótimo potencial de ensino musical na sala de aula


e esse ensino pode ser mediado pela ludicidade.

De acordo com o signi�cado da palavra, "lúdico" refere-se à criação de ambi-


ente de estímulos atraentes, no sentido de proporcionar prazer ao realizar uma
ação. Assim, sejam quais forem os objetivos de ensino e aprendizado, eles po-
dem ser conduzidos de forma lúdica.

Nosso cérebro necessita de estímulos que nos façam querer estudar um ins-
trumento, conhecer uma música, tocar em conjunto e uma série de in�nitas
possibilidades que envolvem o fazer musical. Porém, é necessário que seja
atrativo, que proporcione prazer, que nos chame a atenção. Caso contrário, se-
rá uma experiência que "passa", que não �ca na memória, que não será carac-
terizada como um aprendizado efetivo. Desde crianças a idosos, todos preci-
sam de estímulos, de ludicidade.

Lydia Hortélio (2004) diz que o brinquedo desperta o lúdico. Nesse sentido, o
violão ocupa o espaço do brinquedo, que pode ser explorado, criado, modi�ca-
do, imaginado.

Há dois questionamentos que podem guiar você por esse estudo:

1. Quais os aspectos didáticos do violão na educação musical?


2. Quais são as possíveis estratégias lúdicas para o ensino do instrumento?
Como posso ampliar o conhecimento musical do(s) meu(s) aluno(s) utili-
zando o violão?

Você deve pensar no instrumento musical para além de sua funcionalidade


tradicional. Considerando, então, o violão como um instrumento muito conhe-
cido no Brasil e de fácil acesso, poderá aproveitar para mediar conhecimentos
como propriedades do som, história da música, , percepção musi-
cal, harmonia, arranjos didáticos etc.

Aproveitemos este ensejo para um momento autoavaliativo, respondendo à


questão a seguir.

O feedback dessa questão é um podcast, que convidamos você a ouvir:

00:00 00:00

Talvez esteja pensando que esses conhecimentos sejam conteúdos que podem
ser trabalhados com qualquer instrumento musical. Sim, você está correto(a)!
Porém, como o violão é um instrumento acessível, ganha destaque para que
você, enquanto professor(a), possa ensinar todos esses conteúdos por meio de-
le.
Como exposto no podcast da questão autoavaliativa, são necessários �exibili-
dade de planejamento da parte do(a) professor(a), contextualização personali-
zada, de acordo com o desenvolvimento humano dos alunos e um certo fee-
ling - um pressentimento para aproveitar a reação, sugestões e situações que
os alunos oferecem durante o ato educativo, de modo que seu planejamento
possa ser todo modi�cado, mantendo-se, ainda, o mesmo objetivo de aprendi-
zagem, mas trazendo maior signi�cado às experiências que ocorrem no "aqui
e agora" da sala de aula, possíveis apenas com "aqueles" alunos. Percebe o
quanto a ação docente é uma mistura de saberes pedagógicos, experiência e
ação?

Nesse sentido, estamos tratando de um ensino coletivo, já que sua formação


se destina à Educação Básica, e também a projetos sociais e escolas livres de
Música. Porém, para compreender como se daria esse ensino por meio do vio-
lão, é necessário conhecer algumas estratégias lúdicas.

No vídeo a seguir, você poderá conhecer algumas estratégias desenvolvidas


pela professora mestre Mariana Ament (uma das autoras deste material).

Como você viu, Ament desenvolveu essas estratégias ao longo de sua carreira
docente, observando e re�etindo sobre as necessidades dos alunos, as di�cul-
dades de aprendizado musical e os anseios, a �m de trazer mais sentido à prá-
tica desses alunos.

A metodologia que você poderá desenvolver ultrapassará o método.

De acordo com Mora (1985 apud CAMPOS, 2000, p. 174):


Método - signi�ca literalmente a maneira de seguir um "caminho", percurso, isto é,
investigação, mas investigação com um plano �xado e com regras determinadas e
aptas para conduzir ao �m proposto. O método se contrapõe assim à sorte e supõe-
se, desde logo, que há uma ordenação no objeto a que se aplica e ainda, como no ca-
so da ciência moderna, uma ordenação matemática.

O método é o passo a passo ordenado, uma série de exercícios desenvolvidos


para um �m, assim como você pôde conhecer nos ciclos de aprendizagem 2 e
3.

Ao classi�car diferentes métodos pedagógicos, Bru (2008, p. 38) a�rma que "to-
da pedagogia se articula sobre uma relação privilegiada entre dois de três ele-
mentos (o saber, o professor e os alunos)".

Essa relação dinâmica entre os elementos gera as diferentes metodologias. A


metodologia interfere no método, o "desengessa", de modo que o professor pos-
sa criar uma metodologia utilizando páginas especí�cas de diferentes méto-
dos, unindo a brincadeiras e um repertório adaptado, personalizando seu ensi-
no àquele coletivo, àqueles alunos.

Considerando as pedagogias ativas de educação musical, sugerimos retomar a


desenvolvida pelo educador Swanwick, que se baseia no modelo C(L)A(S)P pa-
ra desenvolver aprendizagem musical com audição, composição e performan-
ce, tendo como suporte a literatura e a técnica.

De acordo com esse modelo, temos uma espiral:


adaptado e traduzido de Swanwick (1991, p. 85 apud FONTERRADA, 2008, p. 113).

Figura 2 Modelo em Espiral de Pedagogia, de Swanwick.

Note que, nesse modelo, o conhecimento técnico não é o mais importante,


mas ele permeia, juntamente com a contextualização encontrada na literatu-
ra, todo o desenvolvimento da aprendizagem musical (COSTA, 2010).

Dessa forma, esperamos que possa desenvolver suas próprias metodologias e


materiais para ensinar Música por meio do violão, valorizando a sensibilida-
de, o prazer e a ludicidade exposta em um aprender ativo com seus alunos.

Para encerrar este ciclo de aprendizagem, vamos testar novamente nossos do-
mínios acerca do conteúdo respondendo a questão a seguir.

4. Considerações
Neste quarto ciclo de aprendizagem, você pôde compreender o que é mediar a
aprendizagem, conhecer os aspectos didáticos do violão, identi�car o papel do
professor em sala de aula e conhecer algumas das diversas estratégias de en-
sino utilizando o violão, apresentadas pela professora Mariana Ament.

Dessa forma, esperamos que tenha compreendido que o processo de mediação


da aprendizagem musical é amplo e que você pode criar diversas estratégias
de ensino utilizando o violão como instrumento musicalizador e acompanha-
dor desses processos. É importante não se esquecer de se conectar com a di-
dática do instrumento para que ensino e aprendizagem se mantenham devi-
damente contextualizados, personalizados e signi�cativos para todos os en-
volvidos (alunos -> professores -> escola -> humanidade), sempre se atentando
aos alunos como mais importantes em sua missão enquanto professor(a).

Neste caminho, você irá construindo sua identidade docente. Esperamos que
o violão faça parte dela.

Seguimos para o último ciclo de aprendizagem, a �m de compreender o violão


inserido no contexto do ensino coletivo de instrumentos musicais, principal-
mente no Brasil.

Vamos lá?
(https://md.claretiano.edu.br/insmusvio-

g03189-dez-2021-grad-ead/)

Ciclo 5 – Educação Musical com Violão – Quais as


Possibilidades?

Objetivos
• Compreender quais as possibilidades de atuar com educação musical
por meio do violão.
• Conhecer aspectos do ensino coletivo de violão.
• Identi�car potenciais e di�culdades do ensino coletivo de violão no
Brasil.
• Conhecer estratégias do ensino coletivo de violão.

Conteúdos
• .
• Estratégias de ensino de violão.
• Ensino coletivo de instrumentos musicais.
• Ensino coletivo de violão.

Problematização
Quais as possibilidades de atuar com educação musical por meio do violão?
Quais são os aspectos do ensino coletivo de violões? Quais as suas caracterís-
ticas principais? Quais são as potencialidades e di�culdades do ensino coleti-
vo de violão no Brasil? Quais as estratégias do ensino coletivo de violão? Qual
o papel do educador musical nesse tipo de ensino?

Orientação para o estudo


Caro aluno, no ciclo anterior, você teve a oportunidade de conhecer as possí-
veis estratégias didáticas e os aspectos que podem tornar mais lúdico o ensi-
no de violão ou com o violão.

Neste último ciclo, conheceremos o violão como potencial de ensino de ins-


trumento, porém não em termos de ensino individual e sim de coletivo – que
é esperado, principalmente, em escolas regulares e projetos sociais.

Com esse aprendizado, você poderá conhecer o contexto do ensino coletivo


de violões no Brasil e ter noções de como ocorrem as estratégias de ensino já
sistematizadas e cienti�camente estudadas, a �m de ampliar seus conheci-
mentos acerca da funcionalidade desse instrumento e, ainda, ter uma opção
de atuação pro�ssional, caso deseje seguir com seus estudos violonísticos.

Lembre-se de que, durante o estudo deste ciclo, você deve aprofundar seus
conhecimentos nos conteúdos, lendo, ouvindo e assistindo aos materiais au-
diovisuais dispostos para a maior efetividade de seus estudos. Retome os
conteúdos quando achar necessário e mantenha a constância nos estudos.

Vamos lá?

1. Introdução
Para cada locus de atuação, é necessário um olhar atento para a realidade, ou
seja, para o contexto. Esse ato responsável tem a ver com respeito aos educan-
dos. De acordo com Paulo Freire (1996), o rigor e a criticidade docente envol-
vem esse exercício:

Não é possível respeito aos educandos, à sua dignidade, e seu ser formando-se, à
sua identidade fazendo-se, se não se levam em consideração as condições em que
eles vêm existindo, se não se reconhece a importância dos "conhecimentos de ex-
periência feitos" com que chegam à escola. O respeito devido à dignidade do edu-
cando não me permite subestimar, pior ainda, zombar do saber que ele traz consigo
para a escola (FREIRE, 1996, p. 64).

Nesse sentido, sejam quais forem as indicações apresentadas neste ciclo, você
precisa adaptá-las a seu contexto educativo.

Ao adentrar no tema de educação musical com violão, estamos lidando com o


aprendizado musical utilizando o violão como meio e como parte do processo
de aprendizagem. Ou seja, você pode pensar nele em aulas de musicalização e
com seus aspectos didáticos, como tratamos no Ciclo 4 ou podemos utilizá-lo
como meio para aprender música, em todos os sentidos (repertório musical,
percepção musical, técnica, leitura e escrita musical etc.).

Seja qual escolher, você poderá criar ações pedagógicas coletivas com o vio-
lão. O termo "ensino em grupo" ou "ensino coletivo" podem ser encontrados
em pesquisas e publicações como as de Cruvinel (2003), Galindo (2000), Leme
(2012), Tourinho (1995), Braga (2009) etc.

De acordo com Braga (2009, p. 40), "uma aula coletiva de instrumento requer
um professor competente em organizar situações de aprendizagem de modo a
propiciar que todos participem das atividades realmente em conjunto".

Quando falamos em ensino coletivo, pensamos, quase que instantaneamente,


em uma sala com muitos alunos. Porém, com os enfrentamentos atuais de
mudanças na educação da era da cibercultura, as aulas virtuais, ao vivo ou
programadas, também se encaixam nesse conceito de ensino coletivo.

Vamos considerar, agora, as possíveis atuações com o violão.

2. Possíveis atuações com o instrumento


Imagine que, nas aprendizagens mediadas por tecnologia, o professor vai
além de um espaço físico em que sabe exatamente quantos alunos terão aces-
so à sua mediação pedagógica.

Se você já integra redes sociais - um canal no YouTube, um per�l no


Instagram, no Facebook, uma sala no Google Meet, no Zoom etc. - e já produz
conteúdos musicais, sabe do que estamos tratando. O conhecimento é coletivo
e, quando se torna assim, se transforma.
Convidamos você a re�etir sobre as possibilidades a seguir:

Apreciação musical
Veja o solista Yamandu Costa falando e participando do projeto "A�nando a vi-
da - Brejeiro" - Orquestra de Violões da Fundação Nova Vida, um projeto de en-
sino e prática coletiva musical.

Ensinar por meio do violão pode ser uma experiência de escuta, apreciação
musical e formação de público que você pode desenvolver na escola.

Imagine que você poderá ampliar o acesso de seus alunos a grupos musicais,
repertórios e experiências auditivas antes distantes, se não fosse sua media-
ção.

Pequenos arranjos
Realizar pequenos arranjos, seja para tocar uma nota ou uma melodia curta,
ou mesmo um ostinato melódico durante a música é interessante para que vo-
cê consiga que todos os seus alunos, independentemente do nível de conheci-
mento musical, toquem juntos.

Estratégias da fala
Como já falamos desde o início do material, o objetivo principal é ensinar mú-
sica com sentido e de forma sensível. Naturalmente, a fala é algo conhecido
pelos alunos, principalmente os da Educação Básica. Por que não aproveitá-la
no processo de ensino musical? Crie melodias partindo de histórias, textos ou
palavras que os alunos indicarem. Isso fará com que as composições musicais
sejam autênticas e os alunos se sintam artistas de seus próprios processos e,
ainda, trará possibilidades de utilizar o violão como base rítmica, melódica e
harmônica.

Veja só o exemplo da aluna do professor Josemar Artigas, Beatriz Menezes


Valério:

Este foi um exemplo de como ensinar melodia e ritmo melódico por meio de
frases do dia a dia ou de uma história. Observe que o professor fez a harmonia
como acompanhamento. Essa prática pode ser facilmente desenvolvida com
um grupo de alunos, construindo um arranjo pedagógico.

Será que você compreendeu todo o conteúdo abordado neste tópico? Teste
seus conhecimentos, respondendo à questão a seguir.

Ouça o podcast a seguir para compreender as a�rmativas da questão anterior:

Conhecendo mais a fundo o ensino coletivo de violão no Brasil, você, com cer-
teza, poderá re�etir e desenvolver outras possibilidades de atuação com o vio-
lão em sala de aula. Sigamos, então!

3. Ensino coletivo de violão


O ensino coletivo é um tipo de ensino que ainda está em construção no Brasil.

Cruvinel (2005) aponta que o ensino coletivo pode ter se originado na Europa e
nos Estados Unidos. Oliveira (1998) corrobora esse apontamento, informando
que professores que viajavam ensinando cantos religiosos o faziam de manei-
ra coletiva, nas cidades por que passavam, e alguns professores, que tinham
conhecimento e prática com instrumentos de corda, passaram a ensiná-los
além do canto. Assim, o ensino coletivo de instrumentos musicais surgiu.

Para compreender sua de�nição, a explicação de Oliveira (2010) é bem clara,


considerando as nuances do e do .

Vejamos:

O ensino de instrumentos em grupo é aquele em que, dentro de um mesmo espaço


e tempo, um grupo de alunos segue orientações de um professor e as realizam, po-
rém, individualmente, ou seja, as atividades são realizadas simultaneamente, mas
não integradas, entre os colegas. Nessa instância de aprendizagem não se contribui
e não se recebe contribuição; em resumo, não se produzem trocas, não se prevêem
efeitos; simplesmente, as atividades acontecem ao mesmo tempo. Já o ensino cole-
tivo de instrumento musical permite e implica a troca de relações importantes pa-
ra o desenvolvimento de cada um; ou seja, existe uma relação social de dependên-
cia, pois todos participam juntos de um mesmo discurso. Tendo isso em mente,
uma das possibilidades de trabalho dentro de uma turma heterogênea é a do arran-
jo ou adaptação, de acordo com o nível de cada grupo de alunos da turma
(OLIVEIRA, 2010, p. 24-25).

Segundo Tourinho (2003), o ensino coletivo precisa de formação para que o


educador consiga conduzir realmente de forma coletiva, e não de forma indi-
vidualizada, com vários alunos ao mesmo tempo.

Segundo a autora,

Repertórios e metodologias de ensino de violão em grupo ainda esbarram no pres-


suposto de que o ensino instrumental é altamente individualizado - e na verdade é
-, mas pode ser altamente individualizado mesmo quando se tem um grupo. O pro-
blema está em coordenar a ação individual de tocar dentro de uma prática coletiva.
É preciso formação para ensinar em grupo, para que a aula não se transforme em
uma colagem de fragmentos individuais (TOURINHO, 2003, p. 78).

Com essa de�nição, já é possível compreendermos que uma camerata ou or-


questra de violões não caracteriza um ensino coletivo de instrumentos. Vai
muito além da prática de conjunto.
Para Sá e Leão (2015, p. 180), "um dos objetivos do Ensino Coletivo de Violão no
Brasil é levar o ensino da música a uma maior quantidade de alunos; isso
ocorre principalmente em projetos sociais, cursos de extensão e escolas de
educação básica".

É chegado o momento de veri�car se aprendeu o conteúdo abordado. Para is-


so, sugerimos que realize a questão a seguir.

Nesse sentido, a maioria das práticas de ensino coletivo que conhecemos vai
ao encontro da formação inicial dos alunos no instrumento, como é o caso de
projetos como o Projeto Guri (https://www.youtube.com/watch?v=6Mo2qQl9-
zY), da Orquestra de Violões, do Neojiba (https://www.youtube.com
/watch?v=UT--RutttY8) (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis
da Bahia) etc.

 Importante!

Para se aprofundar no tema de forma dinâmica, convidamos a reservar


um tempo e espaço que lhe permita o foco para assistir à mesa redonda
Orquestra de violões: o ensino coletivo em perspectiva (https://www.you-
tube.com/watch?v=isP0zCORtTc)" (2020), realizada pelos professores
Cristina Tourinho (UFBA), Eduardo Lucas (Fames), Fabiano Mayer
(FAMES), Lucas Rodrigues (Fames) e Victor Matos (IFF), e mediada por
Matheus Chagas.

Conforme os professores compartilharam no vídeo, não existe receita para


projetos de ensino coletivo de violão. Cada um, com seus enfrentamentos
(falta de verba, distribuição e divisão de violões, modelos de ensino), fez seu
melhor e o possível para que a educação musical coletiva realmente ocor-
resse.

Outra abordagem do diálogo envolveu a leitura para violão, que, no Brasil,


assume uma iniciação holística, ou seja, contempla leitura de partitura, ta-
blatura, cifragem e até mesmo tocar por imitação, considerando os diversos
objetivos em aprender o violão que tiram o foco do instrumento voltado pa-
ra música de concerto. Pode ser que seus alunos queiram apenas tocar vio-
lão com e para os amigos em uma roda de encontros informais, e está tudo
bem - desde que você consiga desenvolver a sensibilidade musical.

Experimentar o som (assim como aprendemos a falar) antes de escrever é o


mais importante. Em doses homeopáticas, os alunos vão decifrando os di-
versos símbolos de leitura e escrita musical para violão.

Veja que interessante a estratégia metodológica de uma o�cina de violão


ofertada em curso de Extensão na Universidade Federal da Paraíba e relata-
da por Mello e Pinheiro Júnior (2017), na qual os alunos possuem diferentes
níveis de conhecimento e opções para tocar o instrumento, mas todos de-
vem tocar juntos desde o primeiro contato com o violão.

Mello e Pinheiro Júnior (2017, p. 7).

Figura 1 Exemplo de atividade que engloba aspectos de ritmo, melodia e acompanhamento de fácil compreensão,

de forma que o aluno execute uma música desde a primeira aula.

Visualizou como é possível, a partir de um arranjo simples, que todos os


alunos participem do processo educativo? O violão assume até um caráter
percussivo, como pode ser visto na primeira sessão do arranjo e, depois, me-
lodia e harmonia se complementam. Note que o violão percussivo e a har-
monia fazem a mesma rítmica, porém assumem papéis diferentes na músi-
ca. Esse exemplo é uma possibilidade de formar um repertório coerente e
que possibilita aprendizado musical signi�cativo.

Ouça o podcast "Arranjo e possibilidades", da professora Mariana Ament


(2021), para compreender melhor:

Sabemos que o repertório também é um aspecto que traz bastante polêmica,


porque envolve escolha, mas também abertura do professor: ele poderá se-
lecionar com ou sem a participação dos alunos. É impossível agradar a to-
dos em um coletivo, pois são diversos e diferentes gostos musicais, mas vo-
cê pode adaptar, fazer um pot-pourri que contemple trechos de várias músi-
cas.

A professora Cristina Tourinho (2003) aponta que o mesmo exercício técni-


co pode ser feito com alunos iniciantes e com avançados em uma mesma
turma.

Vamos a alguns exemplos práticos:

1. A mudança está na velocidade: enquanto os alunos avançados tocam


uma escala de dó maior em semicolcheias, os alunos iniciantes tocarão
a mesma escala em semibreve.
2. Não é necessário tocar todas as notas sempre: pode-se tocar apenas a
primeira nota de cada compasso ou apenas um acorde da música.
3. Pode-se incluir improvisos e criações musicais simples, com notas na-
turais e bases simples, como uma progressão harmônica Dm (II) - G (V)
- C (I).

Todas essas três estratégias precisam ser inclusivas, ou seja, todos os alu-
nos devem estar participando da aula por inteiro, sejam iniciantes ou não. O
repertório é uma consequência das práticas coletivas, de modo que assume
papel de material didático.

Mesmo que o aluno não esteja tocando todas as notas ou cifras no violão,
está conseguindo acompanhar uma partitura, tablatura etc., ouvindo o todo,
desenvolvendo sua compreensão das partes da música, das vozes, da rítmi-
ca, observando e tentando imitar seus colegas, desenvolvendo crítica musi-
cal. O importante é dosar e trazer desa�os, para que os alunos avancem em
seus aprendizados.

Vamos conhecer melhor o universo do ensino coletivo de violão no Brasil,


por meio do relato de experiência ocorrido na Escola de Música da UFBA
(Emus), que oferece aulas coletivas de violão para a comunidade de
Salvador (BA), como cursos livres, sob o olhar da professora Cristina
Tourinho.

 Amplie seus conhecimentos!

Leia o artigo O ensino coletivo de instrumento musical: violão (http://abe-


meducacaomusical.com.br/conferencias/index.php/co2018/regco/paper
/viewFile/3192/1717), publicado no XV Encontro Regional Centro-Oeste
da Associação Brasileira de Educação Musical - "Educação Musical em
tempos de crise: percepções, impactos e enfrentamentos", e re�ita sobre
os aspectos organizacionais e avaliativos. Acreditamos que eles respal-
dam uma série de dúvidas que possam surgir em relação à dinâmica do
ensino coletivo no que se refere ao nivelamento de conhecimento, agru-
pamento de turmas e estrutura do curso para que a avaliação seja pro-
cessual, dinâmica e coerente.

Após estudar o artigo de Sousa (2018), convidamos você a realizar uma au-
toavaliação para mensurar se compreendeu sua leitura. Caso tenha dúvi-
das, retome o artigo, pois, a partir da experiência relatada no mesmo, você
poderá construir novas percepções de como o ensino coletivo de violões po-
de ser uma ferramenta de educação musical potencial e quais di�culdades
ainda precisam ser superadas.

Mesmo considerando as desvantagens, é rico o potencial de praticar o ensi-


no coletivo de violão na Educação Básica e em projetos sociais, consideran-
do o alcance, a viabilidade e a motivação para um aprendizado musical sig-
ni�cativo - nosso objetivo enquanto educadores musicais nesses espaços.

4. Considerações
Neste quinto ciclo de aprendizagem, você pôde compreender diferentes atu-
ações com o violão, considerando o ensino coletivo de violão como potenci-
alidade na educação musical - uma educação musical que deve valorizar o
indivíduo na coletividade, trazendo para o(a) professor(a) o desa�o de adap-
tar materiais, criar metodologias e desenvolver práticas musicais com o vi-
olão, valorizando, assim, a técnica como um meio para atingir o objetivo
musical.

Dessa forma, sua criatividade, quanto educador(a), deve contemplar respeito


aos saberes dos educandos, de maneira que também traga elementos novos
para sua aprendizagem a cada encontro.

Com certeza, esta disciplina pode lhe abrir "portas" para novas práticas de
atuação pro�ssional, considerando o violão como parte do processo ou co-
mo o objetivo de educação musical de seus alunos e alunas.

Você não precisa ser um especialista para ensinar violão de forma musica-
lizadora. Novamente, aprendamos com Freire (1996), nos formamos en-
quanto professores, em nossas ações educativas.

É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá �cando cada vez
mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e re-forma ao
formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É nesse sentido que
ensinar não é transferir conhecimentos, conteúdos, nem formar é ação pela qual
o sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado. Não
há docência sem discência, as duas se explicam e seus sujeitos, apesar das dife-
renças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem
ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender (FREIRE, 1996, p.
23).

Dessa maneira, esperamos que considere ensinar e aprender violão em uma


relação dialógica com seus alunos e alunas, em diferentes contextos peda-
gógicos e de forma sensível, signi�cativa - fazendo educação musical de
qualidade e em prol do desenvolvimento humano.

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