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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

Rio de Janeiro, 25 de junho de 2023


Professora de integração: Dra. Danielle Castelões
Nome do aluno: Matrícula:
Avaliação Formadora IV

A aprendizagem se trata de como uma criança adquire certos conteúdos


provindos da experiência humana, daquilo que as pessoas que cercam aquela
criança conhecem. De forma geral, a aprendizagem pode ser descrita como um
processo de aquisição de conhecimentos, desenvolvimento de competências,
comportamentos e certas habilidades, sendo um fenômeno relacionado ao ato de
aprender e seus efeitos (dentro do ambiente escolar ou não), é um processo
contínuo visto que não constituímos a capacidade de obter o aprendizado de uma
única vez, mas que iremos construir estes saberes ao longo da vida, sempre com a
necessidade de nos atualizarmos com informações e situações novas em nosso
cotidiano. O ato de aprender pode ocorrer por meio de: experiências (do próprio
indivíduo ou por meio das pessoas que o cercam), estudo, observação e raciocínio
para que possamos nos adaptar onde estamos inseridos. Para além das fases
infantis, a aprendizagem nos proverá um aumento de nossa produtividade no futuro,
pois teremos maior conhecimento para enfrentar certos desafios, sejam acadêmicos
ou não, com mais eficiência.

Há funções cognitivas que trabalham nossa aprendizagem, pois a partir delas


entendemos os processos mentais e comportamentos humanos, sendo essas
funções:
● Atenção: A manutenção do nosso foco à certa informação ou estímulo.
● Memória: Nossa capacidade de armazenar informações.
● Linguagem: Como nos comunicamos, seja por palavras, sons, símbolos
ou gestos.
● Percepção: Nosso reconhecimento de estímulos sensoriais vindo do
ambiente que estamos inseridos.
● Funções executivas: Atividades neuropsicológicas responsáveis por nos
permitir planejar tarefas e as executarmos, usando nossas habilidades de
raciocínio lógico e nossa capacidade de resolução de problemas e
tomada de decisões.

Mesmo com a aprendizagem sendo de suma importância e que certamente


atravessará nosso desenvolvimento, não é difícil encontrarmos indivíduos com
dificuldades em algum processo da mesma, podendo descobrir algumas disfunções
comuns durante este processo. São eles:
● Dislexia (transtorno de leitura): Enfrenta dificuldades em compreender
palavras e reconhecer significado do que está lendo, podendo afetar
também sua escrita.
● Discalculia (transtorno de matemática): Há bloqueio quando o
aprendizado está relacionado a números, cálculos e conceitos
matemáticos.
● Disgrafia (transtorno da escrita): Disfunção na escrita, como não
conseguir seguir questões ortográficas e confundir, na caligrafia, a forma
de algumas letras e seus posicionamentos em uma frase.

Outros problemas como dificuldades na função executiva - que pode fazer


com que haja problemas na fala, escrita, raciocínio lógico e memorização - e até
mesmo problemas relacionados à atenção como o Transtorno de Déficit de Atenção
fazendo com que a pessoa não mantenha o foco e não absorva algumas
informações também podem ocorrer e serem observados. Mas aqui, neste presente
trabalho, abordaremos sobre o Transtorno de Leitura (Dislexia).

A dislexia é um transtorno genético e hereditário de linguagem, obstruindo a


cognição e afetando no desenvolvimento da aprendizagem. Caracterizado, mais
especificamente, no comprometimento da leitura e escrita. Os sintomas são mais
perceptíveis na alfabetização e, também, de acordo com o grau do distúrbio. Os
mais comuns são aparentes em dificuldades como:
● Escrita - dificuldade para escrever, ler e até soletrar.
● Desassociação espacial e temporal.
● Coordenação motora.
● Disgrafia - confusão na ortografia, falta ou excesso de letras.
● Discalculia - não reconhece conceitos matemáticos ou símbolos.

Devido ao comprometimento da escrita e leitura, o indivíduo pode ter lentidão


no aprendizado, problemas com a concentração, além de dificuldade em soletrar e
confusão com letras, sons ou grafias parecidas. O indivíduo que não é acometido
pela dislexia, utiliza três áreas do cérebro enquanto ao decorrer da leitura. Sendo a
primeira área voltada para a identificação das letras, a segunda lida com a
compreensão do significado da palavra e por último, a terceira área é quem faz o
processamento de todas as informações passadas. Entretanto, quem é acometido
pela dislexia, podemos dizer que as duas primeiras áreas são menos ativas, em
compensação, a parte frontal é obrigada a trabalhar mais e até o lado direito do
cérebro é ativado.
É comum que o disléxico lide com o atraso na aquisição de fala e dificuldades
na percepção fonética, enquanto o não disléxico consegue ter esta percepção
fonética e não enfrenta atraso tardio da linguagem. A consciência fonológica
prejudicada e a demora na evolução do desenvolvimento podem ser explicadas pelo
fato de indivíduos disléxicos apresentarem limitações nas áreas cerebrais
responsáveis pelo processamento visual e de linguagem. Dentro do próprio
transtorno podemos identificar tipos de dislexia, são eles:
● Dislexia auditiva: se caracteriza por baixa percepção de sons, influenciando
na fala da criança. Esse tipo geralmente está associado a uma possível
disfunção no lobo temporal;
● Dislexia visual: é caracterizada por dificuldade no processamento visual. Está
associado a disfunção no lobo occipital;
● Dislexia mista: Dificuldade dos dois tipos anteriores, sendo associada a
disfunção dos lobos pré-frontal, occipital e temporal.

Pode-se considerar os seguintes sintomas para a identificação da dislexia:


● Leitura de palavras de forma imprecisa ou lenta, exigindo muito esforço.
● Dificuldade em compreender o sentido do que é lido.
● Dificuldade na ortografia, sendo identificada, como por exemplo, na adição,
omissão ou substituição de vogais e/ou consoantes.
● Dificuldade no domínio do senso numérico ou cálculo.
● Dificuldade de copiar quadros.
● Baixa autoestima.
● Atraso na coordenação motora.
● Desorganização geral
● Falta de interesse por livros
● Dificuldade em aprender rimas e canções.

A seguir um caso clínico relatando os atravessamentos de uma criança com


dislexia:
Evelyn, uma criança de 12 anos, é uma aluna repetente e cursa o 4° ano do ensino
fundamental I, a escola orientou os pais para uma investigação com um
psicopedagogo clínico por conta das dificuldades no desenvolvimento da aluna no
processo escolar e atividades requisitadas. Evelyn mostrava dificuldade na leitura,
escrita e soletração como também erro de pronúncia e mistura de fonemas. Apesar
de participativa nas aulas, não está acompanhando o ritmo de evolução esperado
em relação às outras crianças.
Hábitos de vida: A criança permanece na escola durante o período da manhã e à
tarde comparece às aulas de reforço escolar, porém não apresenta progresso na
escrita e leitura. Por volta das 17h retorna para casa. Nesse período utiliza o celular
para jogos online e assistir vídeos, às 23h vai dormir.
História social: Filha do meio de três irmãos. Relação distante com os pais, tem boa
relação com os irmãos e com as demais crianças da escola. Mãe 38 anos, segundo
grau completo, dona de casa, saudável e sem vícios. Pai 40 anos, ensino superior
completo, saudável e sem vícios.

Não há cura para dislexia, porém há tratamento, para promover uma melhor
qualidade de vida para as pessoas que sofrem desse transtorno. Ele é realizado
com o auxílio de uma equipe multidisciplinar, que conta com psicólogos,
fonoaudiólogos e psicopedagogos. Além disso, a terapia cumpre um importante
papel neste processo, pois ajuda a criança a compreender suas particularidades e a
lidar com possíveis crises de autoestima, tendo o suporte necessário do psicólogo
para remediar os sintomas e diminuir as dificuldades no dia a dia. Também é
preciso que se mantenha uma comunicação direta entre os profissionais da equipe
multidisciplinar da saúde, como o médico e psicólogo, com os professores e
funcionários da escola em que a criança estuda. Para que no âmbito escolar ela
também tenha apoio, com um olhar mais atento e paciente sobre essa fase de
aprendizagem.
O apoio e comprometimento da família do indivíduo disléxico é imprescindível
durante o tratamento. Os pais devem sempre incentivar o aprendizado, sem punir
quando a criança não cumpre com o esperado, mas a ensinado a superar os
desafios e frustrações. Não só os responsáveis como também todos os envolvidos
devem ser pacientes ao instruir o disléxico sobre atividades escolares e incentivar a
leitura. A criatividade é uma característica de pessoas disléxicas, portanto se
recomenda aos pais encorajar a criança a pintar, desenhar e tocar instrumentos
musicais. Além disso, a tecnologia se tornou uma grande parceira no
desenvolvimento dos disléxicos, na área da leitura e escrita, alguns softwares e
videogames são de grande ajuda e audiobooks também prestam auxílio.
Diante de todas as dificuldades já enfrentadas pelo próprio indivíduo disléxico
em relação aos fatores internos que o afligem como a baixa estima, não podemos
deixar de adentrar as problematizações do ambiente escolar já que será a
instituição que o acompanhará por todo este processo de desenvolvimento da
aprendizagem e em diversos casos o primeiro a identificar os sintomas deste
transtorno. Infelizmente, é comum a falta de preparo das escolas para receber a
pessoa com dislexia, não só pela falta de repertório e conhecimento dos próprios
profissionais em lidar com a forma de aprendizado dessas crianças, como também
em a própria escola fornecer materiais didáticos que atendam as particularidades
delas. Dessa forma, a situação que já não é favorável, se torna pior ainda pois o
lugar onde este indivíduo deveria se sentir acolhido, passa a ser um ambiente que
reforça o seus pensamentos e comportamentos disfuncionais e contribui para que o
mesmo evolua de uma forma cada vez mais lenta conforme o esperado.
Portanto, se faz extremamente necessário o estímulo geral das escolas em
promover uma melhor abordagem com relação não só a dislexia, mas qualquer
transtorno que envolve a aprendizagem, para que não contribuam com a exclusão
desses alunos, mas sim com a inclusão. A partir de intervenções que identifiquem
fatores de risco para o aprendizado precocemente, além de adaptações em sala de
aula que permitam cooperar com o processo evolutivo dessas crianças como: tempo
extra para completar tarefas, redução da quantidade de texto e aumento do
tamanho da fonte, destaque com marca texto dos trechos indispensáveis,
proporcionar atividades práticas, objetivas e lúdicas para facilitar a compreensão da
mensagem.

REFERÊNCIAS:

RODRIGUES, Sônia das Dores; CIASCA, Sylvia Maria. Dislexia na escola:


identificação e possibilidades de intervenção. Rev. psicopedag., São Paulo , v. 33,
n. 100, p. 86-97,2016.Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0103-84862016000100010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em
25 jun. 2023.

RODRIGUES, A. Tudo sobre o processo de aprendizagem - SAE Digital. Disponível


em: <https://sae.digital/processo-de-aprendizagem/#:~:text=Um%20conceito
%20generalista%20de%20aprendizagem,%2C%20compet%C3%AAncias%2C
%20habilidades%20e%20comportamentos.>. Acesso em: 23 jun. 2023.

‌ LATAFORMA DE EDUCAÇÃO SAS. O que são os transtornos de aprendizagem?


P
Conceitos básicos. Disponível em: <https://blog.saseducacao.com.br/transtornos-de-
aprendizagem/>. Acesso em: 24 jun. 2023.
CALÓ, Fábio Augusto. Dislexia: como conviver ?. Instituto de Psicologia Aplicada.
Disponível em: <https://inpaonline.com.br/blog/dislexia/?noamp=mobile>.

PINHEIRO, Chloé; TENORIO, Goretti. O que é dislexia: causa, sintomas,


diagnóstico e tratamento. Veja Saúde, 2 de agosto de 2018. Disponível
em:<https://saude.abril.com.br/medicina/o-que-e-dislexia-causa-sintomas-
diagnostico-e-tratamento/amp/>.

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