Você está na página 1de 9

Entendendo

e Lidando
com a
Dislexia
Uma cartilha para pais e professores

Por: Rebeca Maia, Dayane Neres, Jonas Rodrigues,


Luiz Fernando Ferreira e Maria Socorro Ferreira
O que é Dislexia?
q

Considerada um Transtorno Específico da


Aprendizagem (TEAp), a Dislexia tem origem
neurobiológica e afeta diretamente a leitura e a escrita.
Não sendo classificado como uma doença, esse
transtorno se manifesta durante a fase da
alfabetização, mesmo que alguns sintomas já sejam
observáveis em fases anteriores. Pessoas com Dislexia
tendem a apresentar dificuldades ao associar os sons
às letras, chegando a trocar letras e, até mesmo,
escrevê-las em ordem contrária.
A Dislexia demanda um diagnóstico e tratamento
muito específico, de difícil acesso aos alunos de
famílias menos favorecidas. Isso, por diversas vezes,
faz com que crianças disléxicas sejam vistas como
preguiçosas, menos inteligentes e, por consequência,
tratadas como incapazes. Podendo gerar um alto nível
de reprovação e evasão escolar desses sujeitos.
Dessa forma, sendo a escola um dos principais
ambientes de desenvolvimento cognitivo dos
indivíduos, torna-se responsabilidade dessas
instituições criar estratégias para a aprendizagem e
adaptação de crianças que apresentam dislexia.
Como identificar?
q

Os sinais da dislexia podem ser causados por diversas


condições, dessa forma, o diagnóstico inclui avaliações
e exames para não a confundir com outros transtornos
como: problemas visuais, problemas auditivos,
alterações neurológicas, déficit de atenção,
hiperatividade e transtornos emocionais. Dessa
maneira, além da avaliação com um médico
neurologista, ao diagnóstico do distúrbio pode ser
incluído a avaliação psicológica e/ou psicopedagógica,
exame de audiometria, exame oftalmológico, testes de
fluência verbal e avaliação do desempenho cognitivo.
A dislexia costuma ser identificada na infância,
geralmente no período em que a criança inicia a
alfabetização. Entretanto, como a condição se
manifesta com intensidades variadas, casos mais leves
podem ser diagnosticados apenas na adolescência ou
até mesmo na vida adulta. Para quem suspeita e quer
ajudar um indivíduo que pode se encontrar nesse
estado, para que haja uma avaliação mais profunda
posteriormente, outros sinais podem servir de
indicativo para um perfil disléxico.
Dislexia em crianças
em idade pré-escolares
Atraso na aquisição da fala;
Dificuldades para compreender a linguagem falada
(muitas vezes fica perguntando “hãn”? ou “o que”?
mesmo sem ter dificuldade para escutar);
Problemas com soletrar, separar e sequenciar sons;
Na escolinha, pode ter dificuldade em aprender e
lembrar os nomes das cores, dos dias da semana, das
letras etc.

Dislexia em crianças
em idade escolar
Dificuldade em aprender o nome das letras;
Dificuldade de fazer relação entre as letras e os sons
correspondentes;
Dificuldade na aprendizagem e na automação da leitura
e da escrita;
Dificuldade na memorização de sequências, como
alfabeto, tabuadas, meses do ano etc.;
Dificuldade em entender sutilezas da linguagem como
entonação, piadas e gírias;
Dificuldade em lembrar de instruções e organizar
tarefas complexas (constante perda de prazos para
entrega dos trabalhos, por exemplo);
Dificuldade na cópia, como de livros ou da lousa.
Dislexia em
adolescentes
Dificuldade na ortografia, sendo identificado, por
exemplo, adição, omissão ou substituição de vogais
e/ou consoantes;
Dificuldade na preparação e elaboração de
trabalhos escritos;
Evita tarefas e atividades que envolvem leitura e
escrita e que podem expor suas dificuldades.
Leitura de palavras é feita de forma imprecisa ou
lenta, demandando muito esforço;
Dificuldade para compreender o sentido do que é
lido;
Dificuldade contínua com cópia de livros ou da
lousa.
Importante lembrar
Dentre os sinais dos perfis citados, existem
alguns que acabam por ser comum a todos.
No entanto, esses indivíduos podem
demonstrar capacidade acima da média em
outras áreas como: desenho, pintura, música,
teatro, esporte, etc.
As dificuldades citadas anteriormente
podem ser decorrentes de inúmeras causas e
é por esse motivo que apenas uma avaliação
cuidadosa, realizada por profissionais
especializados que pode confirmar a suspeita
e fornecer o diagnóstico correto.
Dislexia ≠ TDAH
q
É muito comum a confusão entre os dois problemas,
visto que ambos são transtornos de desenvolvimento. O
TDAH (transtorno do déficit de atenção com
hiperatividade) também é um transtorno do
neurodesenvolvimento e um transtorno específico da
aprendizagem, mas se aplica às habilidades
atencionais, e vai comprometer a memória, atenção e
foco. Nas crianças com TDAH existe uma
predominância desatenta, hiperativa e impulsiva.
A seguir algumas diferenças entre dislexia e TDAH :

Na dislexia, há a dificuldade na memorização de


atividade verbal (letras, palavras e números). Já no
TDAH, a criança apresenta apenas a dificuldade na
memorização não verbal (espacial);
A criança com dislexia não consegue também
memorizar canções e perceber rimas. Aquelas com
TDAH não demonstram esse quadro;
O disléxico não consegue realizar provas escritas,
enquanto o TDAH, sim;
O indivíduo com dislexia apresenta dificuldades de
memorização, discernimento entre direita e
esquerda, enquanto a com TDAH, não.
Recomendações
aos Pais
q

Aos pais, mães ou responsáveis por


crianças/adolescentes disléxicos, é importante que
saibam o papel crucial que possuem tanto no
desenvolvimento cognitivo, como na autoestima dos
mesmos, que pode ser prejudicada uma vez que são
julgados pelas dificuldades que apresentam.
Para tanto, seguem algumas dicas:

Reconheça as dificuldades que seu filho tem e


busque conversar sobre elas;
Evite comparações com outras crianças;
Não o repreenda por causa do desempenho escolar.

Fora da escola, os pais também podem auxiliar seus


filhos os ajudando em suas tarefas:

O corrija nos pontos necessários;


Quando ele fizer uma atividade o elogie, isso vai
manter uma boa saúde mental;
Quando ele estiver estudando evite fazer coisas que
ele gostaria, como assistir TV;
Se mantenha perto para ajudar no que for
necessário.
Recomendações
aos Professores
q

Professores de estudantes disléxicos devem ter em


mente que esses alunos não possuem problemas
cognitivos ou são preguiçosos. A questão é que eles
apresentam uma maior dificuldade com a leitura e a
compreensão dos símbolos escritos, que demandará
um acompanhamento diferenciado dos demais
estudantes.
As dicas a seguir tem por objetivo auxiliar os
professores a envolver alunos disléxicos no processo de
ensino, fazendo com que este seja mais atrativo e
menos árduo para esses indivíduos:

Seja paciente, um aluno com dislexia tem um ritmo


mais lento;
Crie um ambiente confortável para o estudo;
Tente remover possíveis distrações;
Faça uso de atividades já prontas, evitando que o
aluno gaste mais tempo que os demais ao copiar
textos.
Leia as questões em voz alta, tenha certeza que o
aluno entendeu o objetivo da atividade;
Não os force a fazer coisas na frente de outros
alunos, isso pode deixá-los desconfortáveis.
Referências
q
CARVALHO, G. M. F. et al. Dislexia: Análise de Distúrbio da Aprendizagem
de uma Criança. Disponível em: <https://portal.fslf.edu.br/wp-
content/uploads/2016/12/Dislexia_analise_de_disturbio_da_aprendizagem
_de_uma_crian.pdf>. Acesso em: 18 out. 2021.

FUNDAÇÃO TELEFÔNICA VIVO. Como identificar e trabalhar com alunos


com dislexia em sala de aula. Disponível em:
<https://fundacaotelefonicavivo.org.br/noticias/como-identificar-e-
trabalhar-com-alunos-com-dislexia-em-sala-de-aula/>. Acesso em: 18
out. 2021.

GOLÇALVES, P.; PEIXOTO, A. 10 perguntas e respostas para compreender


a Dislexia. Curitiba: Dialética e Realidade, 2020. Disponível em:
<https://www.dislexia.org.br/wp-content/uploads/2021/02/10-
perguntas-e-respostas-para-compreender-a-Dislexia-9.pdf>. Acesso em:
18 out. 2021

INSTITUTO ABCD. Todos Entendem: conversando com os pais sobre como


lidar com a dislexia e outros transtornos específicos da aprendizagem.
2015. Disponível em: <https://institutoabcd.org.br/todos-entendem/>.
Acesso em: 17 out. 2021.

LINS, E. K. et al. Juntando as peças: aprendendo sobre a dislexia: uma


cartilha para pais e professores. Laboratório de Neuropsicologia Cognitiva
e Escolar, Florianópolis, 2020. Disponível em:
<https://lance.paginas.ufsc.br/files/2020/03/Cartilha-LANCE-Dislexia-
Vers%C3%A3o-Beta-2.pdf>. Acesso em: 17 out. 2021.

SONSIN, J. Telavita. Dislexia e TDAH: descubra as diferenças entre eles e


suas características. descubra as diferenças entre eles e suas
características. Disponível em:
<https://www.telavita.com.br/blog/dislexia-e-tdah/>. Acesso em: 18 out.
2021.

Você também pode gostar