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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTRUTURAS DE CONCRETO E


FUNDAÇÕES

FRANCISCO HERON CAVALCANTE FELIX

PARÂMETROS PARA A CONSTRUÇÃO DE MATRIZ DE


RISCO APLICADA A PATOLOGIAS DE ESTRUTURAS
USUAIS DE CONCRETO ARMADO EM FORTALEZA-CE

FORTALEZA
2017
FRANCISCO HERON CAVALCANTE FELIX

PARÂMETROS PARA A CONSTRUÇÃO DE MATRIZ DE


RISCO APLICADA A PATOLOGIAS DE ESTRUTURAS
USUAIS DE CONCRETO ARMADO EM FORTALEZA-CE

Monografia apresentada à Pós-graduação em


Estruturas de Concreto e Fundações, da
Universidade Cidade de São Paulo, como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista.

FORTALEZA
2017
FRANCISCO HERON CAVALCANTE FELIX

PARÂMETROS PARA A CONSTRUÇÃO DE MATRIZ DE


RISCO APLICADA A PATOLOGIAS DE ESTRUTURAS
USUAIS DE CONCRETO ARMADO EM FORTALEZA-CE

Monografia apresentada à Pós-graduação em


Estruturas de Concreto e Fundações, da
Universidade Cidade de São Paulo, como
requisito parcial para obtenção do título de
Especialista.

Área de concentração:
Data da apresentação:

Resultado:______________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________

Prof.
Universidade Cidade de São Paulo ______________________________________
Dedico este trabalho a minha amada Gabriela
e a minha querida sogra, dona Leurice, pedras
fundamentais de minha família sem cujo apoio
esta conquista não seria possível.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos professores de minha graduação que me ajudaram a construir minha


carreira – em especial a Magnólia Maria Campêlo Mota.
Aos amigos da graduação que incentivaram este importante passo da vida acadêmica.
Aos novos amigos e colegas profissionais que conheci ao longo desta jornada.
A todos os professores que fizeram deste curso um referencial de excelência na área
em nosso país – em especial ao seu mentor e mantenedor, Roberto Chust Carvalho.
“Não gasto meu tempo pontificando sobre
coisas de alto conceito; gasto meu tempo
solucionando problemas de engenharia e de
produção”.
Elon Musk
RESUMO

As estruturas de concreto são o método construtivo predominante em nosso país; é portanto


relevante a questão do controle e prevenção das patologias, que podem ocorrer em diversas
etapas de uma construção. Fontes de custos adicionais nos projetos de construções, tais
patologias podem ser compreendidas como riscos e a elas serem aplicadas ferramentas típicas
de controle de riscos em planejamento. Este trabalho realiza um levantamento das principais
patologias e de suas manifestações, através de revisão bibliográfica, e contextualiza a análise
à cidade de Fortaleza, mediante uso de um banco de dados específico, que apresenta as
ocorrências características desta cidade. Apresenta em seguida a ferramenta matriz de riscos,
adaptando-a para análise de patologias e gerando, com o banco de dados específico e dois
casos hipotéticos, duas matrizes de riscos como resultado. A guisa de conclusão comenta-se
sobre a utilidade desta ferramenta para planejamento estratégico e de sua adaptabilidade para
enfoques táticos e operacionais.

Palavras-chave: Patologia. Estrutura. Concreto armado. Matriz de riscos.


ABSTRACT

Concrete structures are the predominant constructive method in our country; Therefore, the
issue of control and prevention of pathologies, which can occur in several stages of a
construction, is quite relevant. Sources of additional costs in construction projects, such
pathologies can be assessed as risks and have, upon them, typical tools of risk control in
planning applied. This work presents a list of the main pathologies and their manifestations,
through a bibliographic review, and adapts the analysis to the city of Fortaleza, through the
use of a specific database, which presents the characteristic occurrences of this city. It then
presents the risk matrix tool, adapting it in order to analyze pathologies and generating, with
the specific database and two hypothetical cases, two risk matrices as a result. As a
conclusion, na analysis of the usefulness of this tool for strategic planning and its adaptability
to tactical and operational approaches is performed.

Keywords: Pathology. Structure. Reinforced concrete. Risk matrix.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 10
1.1 Problema de Pesquisa....................................................................................................... 16
1.2 Delimitação da Pesquisa................................................................................................... 16
1.3 Objetivos (gerais e específicos) ....................................................................................... 17
1.3.1 Objetivo geral................................................................................................................. 17
1.3.2 Objetivos específicos...................................................................................................... 17
1.4 Metodologia....................................................................................................................... 17
2 O CONCRETO ARMADO................................................................................................. 19
2.1 Componentes do concreto armado.................................................................................. 19
2.1.1 Cimento........................................................................................................................... 21
2.1.2 Agregados....................................................................................................................... 21
2.1.3 Água................................................................................................................................ 24
2.1.4 Aditivos............................................................................................................................ 26
2.1.4.1 Aceleradores................................................................................................................. 26
2.1.4.2 Retardadores de pega................................................................................................... 27
2.1.4.3 Redutores de água (plastificantes)............................................................................... 27
2.1.4.4 Superplastificantes........................................................................................................ 28
2.1.4.5 Impermeabilizantes....................................................................................................... 29
2.1.5 Aço................................................................................................................................... 29
3 ANÁLISE DE RISCOS EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL......................... 31
4 RISCOS E ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO............................................... 33
5 PATOLOGIAS EM CONCRETO ARMADO.................................................................. 40
5.1 Panorama geral................................................................................................................. 40
5.2 Fatores específicos: a deterioração do concreto............................................................. 45
5.2.1 Ações mecânicas............................................................................................................. 45
5.2.2 Ações físicas.................................................................................................................... 46
5.2.2.1 Variações de temperatura............................................................................................. 46
5.2.2.2 Abrasão......................................................................................................................... 47
5.2.2.3 Erosão........................................................................................................................... 47
5.2.2.4 Cavitação...................................................................................................................... 47
5.2.2.5 Retração........................................................................................................................ 47
5.2.2.6 Ciclo gelo/degelo.......................................................................................................... 49
5.2.2.7 Calor de hidratação...................................................................................................... 50
5.2.2.8 Temperaturas elevadas................................................................................................. 50
5.2.3 Ações químicas................................................................................................................ 53
5.2.3.1 Ácidos............................................................................................................................ 53
5.2.3.2 Água pura..................................................................................................................... 53
5.2.3.3 Sais de magnésio........................................................................................................... 53
5.2.3.4 Ataque por sulfatos....................................................................................................... 54
5.2.3.5 Reação álcali-agregados.............................................................................................. 54
5.2.3.6 Carbonatação............................................................................................................... 54
5.2.4 Ações biológicas.............................................................................................................. 55
5.3 Fatores específicos: a deterioração das armaduras....................................................... 56
5.3.1 Corrosão.......................................................................................................................... 56
5.3.1.1 Mecanismos de corrosão.............................................................................................. 57
6 MANIFESTAÇÕES DE PATOLOGIAS.......................................................................... 60
6.1 Nichos e vazios................................................................................................................... 60
6.2 Fissuras.............................................................................................................................. 60
6.3 Desagregação do concreto, eflorescência e lixiviação.................................................... 64
7 ANÁLISE DAS PATOLOGIAS COMO RISCOS........................................................... 65
7.1 Patologias em Fortaleza................................................................................................... 65
8 MATRIZES DE RISCOS.................................................................................................... 69
9. LEVANTAMENTO DE DADOS: INSPEÇÃO E AVALIAÇÃO DE PATOLOGIAS 71
10 CASO HIPOTÉTICO: CONSTRUÇÃO DA MATRIZ DE RISCOS.......................... 75
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 79
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 80
10

1. INTRODUÇÃO

O concreto armado é um material largamente utilizado na indústria de construção civil,


desde meados do século XIX. Data de 1940 a criação da ABNT, Associação Brasileira de
Normas Técnicas, em torno da norma NB-1: “Cálculo e Execução de Obras de Concreto
Armado”. Trata-se de um material que trouxe à indústria da construção, como vantagens sobre
os demais materiais empregados, economia, tendo resistência a agressões químicas e físicas do
ambiente, além de ser adaptável a variadas formas construtivas. Um indicador utilizado para
mensurar o consumo de concreto tem sido o consumo de seu principal insumo: o cimento.

Figura 1 – consumo aparente de cimento no Brasil (em milhões de toneladas)

Fonte: SNIC, 2013.

O concreto, por predominar no mercado interno brasileiro, possui em seu principal


indicador (cimento) correlação com o próprio setor.
11

Figura 2 – evolução da construção civil no Brasil e consumo de cimento (Brasil e média


mundial)

Fonte: adaptado de SNIC, 2013.

O Brasil possui uma economia com grande potencial de crescimento econômico, porém
uma vez que a construção civil possui participação relevante no PIB nacional, e é sensível a
flutuações na economia do país, está sujeita a períodos de estagnação e falta de recursos; é,
portanto, necessário que se aprofundem os estudos e ferramentas relacionados aos vários
aspectos de seu controle, minimizando gastos.
Souza e Ripper (1998), afirmam que o campo da patologia das estruturas se constitui
em "um novo campo da engenharia das construções que se ocupa do estudo das origens,
formas de manifestação, conseqüências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas
de degradação das estruturas".

Gestão de riscos tem se tornado mais relevante na construção civil ao longo das últimas
décadas, o que tem envolvido vários subprojetos incluídos – no que tange às estruturas usuais
de concreto armado, sua durabilidade e, portanto, a prevenção e controle de suas patologias
despontam como relevantes, face às normas e legislação ora vigentes.

Wideman (1999), traçando um quadro geral do impacto dos riscos sobre um projeto ao
longo do tempo, possibilita uma análise primária ao longo do ciclo de vida de um projeto; em
seguida, ao identificar os riscos de forma discretizada, divide-os em classes, uma das quais de
riscos relacionados à construção (além de riscos econômicos, contratuais, políticos e de
gestão), o que aponta a relevância desta etapa.
12

Figura 3 – riscos e ciclo de vida de um projeto

Fonte: Wideman, 1999.

Pritchard (2000) complementa esta abordagem ao dilatar o intervalo temporal, focando


uma perspectiva de longo prazo e evidenciando a importância da durabilidade da construção no
conjunto de seus custos; uma gradação primária dos riscos (faixas de riscos altos, médios e
baixos) foi, em seguida, proposta, em função de seus impactos e de sua ocorrência.
13

Figura 4 – custo do ciclo de vida de uma construção.

Fonte: Pritchard, 2000.

A vida útil de uma estrutura está ligada a sua manutenção; segundo Helene (2004), “os
custos de intervenção na estrutura para atingir um certo nível de durabilidade e proteção
crescem exponencialmente quanto mais tarde for essa intervenção”. Tal afirmação explana a
chamada “regra de Sitter”, que estima esse custo segundo uma progressão geométrica de
razão 5.
Pode-se explicar o exposto na figura 5, de acordo com uma intervenção executada em:

a) Fase de projeto: decisões aqui implicam em um custo associável ao número um


(1);
b) Fase de execução: decisões aqui implicam em um custo cinco vezes maior que
a um equivalente na fase anterior;
c) Fase de manutenção preventiva: decisões aqui implicam em um custo até 25
vezes maior que um equivalente na fase de projeto. Por outro lado, podem ser até cinco vezes
mais econômicos que decisões tomadas de forma corretiva;
d) Fase de manutenção corretiva: corresponde aos trabalhos de diagnóstico,
reparo, reforço e proteção das estruturas que já perderam sua vida útil de projeto e apresentam
manifestações patológicas evidentes. Podem implicar em custos até 125 vezes maiores que
equivalentes tomados na fase de projeto.
14

Figura 5 – evolução dos custos em função da fase da vida da estrutura

Fonte: Helene, 2004.

Minimizar gastos com manutenção (e, se necessário, a recuperação) estrutural


pressupõe uma avaliação dos riscos aos quais as estruturas estão submetidas. Eventos tidos
como riscos em uma construção estão, por definição, ligados à mensuração do dano aos
objetivos do projeto (RENUKA et al, 2014); o gerenciamento de tais risco, por sua vez,
pressupõe que se construa um modelo que possibilite uma análise objetiva; neste sentido,
Dziadosz & Rejment (2015), reconhecendo a importância da identificação e mensuração,
elencam “os métodos de identificação e avaliação preliminar do risco (a matriz de risco ou, por
vezes, o diagrama de Ishikawa) e os métodos de apoio ao processo de decisão na avaliação e
seleção de projetos (abordagem multivariada e abordagem estatística)"; utilizando-se de
modelo de regressão, análise de correlação com tempo do projeto e análise de sensibilidade,
além de distribuição de probabilidade de riscos reais (contrapostos inicialmente a riscos
planejados), enfatizaram a necessidade de uma abordagem sistematizada.
15

Figura 6 - impacto e probabilidade de diversos riscos em um projeto

Fonte: Banaitiene & Banaitis, 2012.

Banaitiene e Banaitis (2012) ponderam os danos intuídos na definição de risco em


função de sua probabilidade de ocorrência. Desta forma, possibilitam a construção de um
modelo comparativo e hierarquizante de riscos, apresentando seus resultados em um gráfico
radar e, após elencar a probabilidade de ocorrência, sugerem a construção uma matriz de
riscos.
No sentido de estabelecer uma gradação entre riscos, PMI (2014) estabelece uma
relação com os objetivos principais de um projeto, construindo uma estrutura analítica de
riscos (EAR), seguindo-se também uma sugestão de estrutura matricial dos dados.

Tabela 1 – relação entre riscos e objetivos de um projeto.

Fonte: PMI, 2014.


16

Tais análises de riscos, embora possam conter outras camadas de análise, não abordam
as estruturas de concreto de forma específica. A abordagem mais comum em projetos de
construção civil baseia-se no tripé custo, prazo e qualidade – uma análise mais abrangente, no
entanto, é mais realista e mais produtiva, diferenciando-se a adequabilidade de métodos
quantitativos e qualitativos de análise (DE MARCO, 2014).
Embora levantamentos e descrições de patologias já tenham sido realizadas no Brasil,
no Ceará e mesmo em Fortaleza, a análise de tais fatores como riscos e a utilização de uma
ferramenta específica para este fim mantêm-se como oportunidade de pesquisa, sobre a qual
este trabalho se debruça. Para tanto, foi revisada extensa bibliografia e assinalados conceitos
mais relevantes ligados ao campo da pesquisa.
Este trabalho não almeja esgotar tal pesquisa: ao contrário, deseja-se estimular esta
abordagem no que tange às patologias, assinalando pontos mais importantes e sugerindo uma
ferramenta para análise.

1.1. Problema de Pesquisa

No que diz respeito a edificações com estrutura usual em concreto armado, como
utilizar patologias como riscos, elencando-as na forma de parâmetros para a construção de
uma matriz específica para esta parcela da análise de riscos de um projeto de construção?

1.2. Delimitação da Pesquisa

Patologias de estruturas convencionais de concreto utilizadas como itens de uma


matriz de risco de projeto, específica para execução e planejamento deste tipo de projeto
estrutural, à luz da NBR 6118 e referente à cidade de Fortaleza, Ceará.
17

1.3. Objetivos (gerais e específicos)

1.3.1. Objetivo geral

Este trabalho tem por objetivo principal construir uma matriz específica de riscos,
utilizando parâmetros relacionados a patologias em estruturas usuais de concreto armado, com
dados pertinentes à cidade de Fortaleza, Ceará.

1.3.2. Objetivos específicos

Os objetivos específicos são:


a) analisar os riscos em um projeto de construção;
b) analisar a ferramenta matriz de riscos para análise;
c) elencar os fenômenos de deterioração das estruturas de concreto armado;
d) identificar patologias como riscos utilizáveis em uma matriz;
e) coletar dados representativos da cidade de Fortaleza;
f) construção de uma matriz específica a partir de dados hipotéticos.

1.4. Metodologia

A construção da ferramenta matriz de riscos baseia-se em revisão bibliográfica e


categorização, levando-se em consideração uma determinada população e uma amostra
representativa; no entanto, a análise da gravidade das patologias, provendo uma variável
essencial para alimentar a matriz, tem por premissa uma análise particularizada em cada caso,
dependente do profissional envolvido. Assim, este trabalho possui metodologia mista.
Creswell (2009) designa como método misto aquele “útil quando tanto uma abordagem
qualitativa quanto uma abordagem quantitativa são inadequadas para compreender um
problema de pesquisa, ou, ainda, quando a união de ambas pode fornecer tal compreensão”;
18

aqui, a escolha estratégica foi pelo método misto sequencial, em que se deseja elaborar ou
expandir os resultados de um método com a utilização de outro método.
A revisão bibliográfica, elaborada de forma a prover compreensão do problema,
também seguiu a metodologia mista, focando em características de pesquisa qualitativa (coleta
de dados e compreensão do problema) e quantitativa (provendo direcionamento para que se
atinjam os objetivos); em uma abordagem sequencial, a literatura é apresentada em cada fase,
de forma consistente com o método ali empregado (CRESWEL, 2009).
Sinteticamente, dos parâmetros utilizados para a construção de uma matriz de riscos
específica para estruturas de concreto, dois foram objetivos (classe de agressividade ambiental,
“An”, e frequência, “fn”) e um foi subjetivo (gravidade da patologia, “Gn”). Este último, no
entanto, baseia-se em critérios estritamente objetivos; torna-se um parâmetro subjetivo pela
necessária interpretação dos dados que gera o parâmetro, uma vez que depende do profissional
envolvido. A parcela subjetiva pode, ainda, ser refinada, de forma a tornar-se mais objetiva –
este, porém, não foi o escopo deste trabalho.
Por fim, a ferramenta apresentada tem como aplicação uma análise qualitativa de
projetos estruturais, em sua fase de planejamento.
19

2. O CONCRETO ARMADO

2.1. Componentes do concreto armado

O concreto estrutural é um material composto pela união solidária de dois materiais de


características complementares: o concreto simples (por sua vez constituído por agregados
graúdos e miúdos, areia, cimento e água), responsável por resistir às tensões de compressão;
tendo baixa resistência à tração, necessita de um reforço, realizado através de barras de aço,
que configuram a armadura – denominada passiva quando não previamente alongada. A
solidariedade entre tais materiais, assegurando o caráter monolítico da estrutura, depende
necessariamente da aderência entre eles.
A NBR 6118 define, para o concreto e para o aço, o mesmo coeficiente de dilatação
térmica (10-5/ºC); uma vez que o concreto conforma uma camada protetiva para o aço (camada
passiva, cujo mínimo admissível é denominado cobrimento), protegendo-o da oxidação, fica
clara a relativa estabilidade e interdependência no conjunto.

Tabela 2 – valores médios da composição de compostos de diversos tipos de cimento Portland.

Tipo de C3S C2S C3A C4AF CaSO4 CaO MgO


cimento livre

I 59 15 12 8 2,9 0,8 2,4


II 46 29 6 12 2,8 0,6 3,0
III 60 12 12 8 3,9 1,3 2,6
IV 30 46 5 13 2,9 0,3 2,7
V 43 36 4 12 2,7 0,4 1,6

Fonte: adaptado de Neville e Brooks, 2013.


20

Tabela 3 – tipos de cimentos produzidos no Brasil.

Fonte: Boletim Técnico ABCP, 2002.


21

2.1.1. Cimento

Define-se cimento Portland como a mistura obtida pela mistura de calcário, argila ou
outros materiais silicosos, alumina e materiais que contenham óxido de ferro. Essa mistura é
queimada à temperatura de clinquerização, sendo o material resultante dessa queima, o
clínquer, moído. Nenhum material, além de gipsita (sulfato de cálcio), água e agentes de
moagem deve ser adicionado após a queima. Em contato com água, os silicatos e aluminatos se
hidratam – em uma reação exotérmica, mensurável pelo parâmetro “calor de hidratação” –,
formando compostos que, com o tempo, produzem uma massa sólida e resistente; a grosso
modo, essa mudança do estado fluido para o rígido denomina-se “pega” (NEVILLE e
BROOKS, 2013).
A depender da composição química, cimentos diferentes apresentam propriedades
diversas, o que levou à geração de variados cimentos, visando a assegurar a durabilidade do
concreto sob condições específicas.
O Brasil produz uma ampla gama de cimentos, com normatização específica.

2.1.2. Agregados

Definidos pela NBR 9935 como “material granular, geralmente inerte, com dimensões
e propriedades adequadas para a preparação de argamassa ou concreto”. Correspondendo a
aproximadamente 75% do volume do concreto, sua qualidade é de grande importância:
limitam a resistência do concreto e refletem diretamente sobre sua durabilidade e desempenho
estrutural.
Os agregados utilizados no concreto possuem dimensões entre 10mm e 50mm (20mm
em média); para resultados de maior qualidade, utiliza-se a separação em duas partes, sendo o
valor referencial 5mm, correspondente à peneira ASTM no 4, resultando na divisão entre
agregados graúdos e miúdos, como as areias por exemplo – à distribuição das dimensões
denomina-se granulometria.
22

Tabela 4 – dimensões das peneiras utilizadas nos ensaios de granulometria de agregados


prescritos pelas normas BS, ASTM e BS EN.

Fonte: Neville e Brooks, 2013.

Outros parâmetros importantes são a porosidade, permeabilidade e absorção, uma vez


que influenciam na aderência à pasta de cimento, na resistência do concreto, em sua
estabilidade química, na resistência à abrasão e na massa específica.
23

Figura 7 – representação esquemática da umidade do agregado.

Fonte: Neville e Brooks, 2013.

Uma vez que a absorção representa a água contida no agregado (na condição saturado
superfície seca) e o teor de umidade é a água excedente a essa condição, compreende-se que,
ao determinar-se a quantidade total de água nas misturas, o valor do teor de umidade deve ser
obtido para correção da massa de água a ser adicionada à mistura.
No caso da areia, a umidade causa um aumento de volume, alterando sua densidade e
seu consumo – num fenômeno chamado “inchamento”. Assim, a fim de evitar-se alteração na
proporção de materiais, é necessário defini-la em função das massas respectivas, e não dos
volumes. Convém assinalar que o volume relativo dos agregados (em relação ao da pasta de
cimento) influi na trabalhabilidade do concreto – que, por sua vez, deve ser equilibrada de
forma a evitar a segregação.
Cuidado também deve ser tomado de forma a evitar contaminação por impurezas
orgânicas, argila (e outros finos, que formam películas e prejudicam a aderência),
contaminação por sais (potencial oxidação das armaduras), uso de partículas instáveis
(afetando a resistência do concreto).
24

2.1.3. Água

A chamada água de amassamento é necessária para as reações químicas dos


componentes do concreto; sua composição costuma ser definida subjetivamente, como
“potável”, mas esse critério não necessariamente implica em uma água própria para esse fim (a
depender da concentração de certos elementos, como sódio e potássio, por exemplo, e da
presença ou não de armaduras). Água do mar, por exemplo, é tolerável para uso em concreto,
salvo se for armado (uma vez que pode iniciar-se um processo corrosivo nas barras de aço).
A chamada água de cura, devido a sua influência também na estética do concreto,
deverá estar livre de substâncias que ataquem o concreto enrijecido (como CO 2) – mais uma
vez, a água do mar não é apropriada para este fim, devido ao risco de oxidação das armaduras.
Definindo-se dosagem do concreto como o processo de seleção de seus componentes e
a determinação de suas respectivas proporções (objetivando um concreto econômico e com
características adequadas ao desempenho desejado), a quantidade de água empregada surge
como parâmetro importante em função de sua influência sobre a resistência do concreto – a
esse índice chamamos relação água/cimento. O total de vazios no concreto também influencia
na sua resistência (ao volume total dos vazios capilares chama-se porosidade), sendo levado
em consideração – e pode levar a uma consideração acerca do seu correto adensamento.
Ambos estão relacionados.

Tabela 5 – relação entre diversas relações água/cimento e porosidade do concreto

Fonte: Freire, 2005.


25

Figura 8 – vinculação entre a resistência e a relação água/cimento do concreto

Fonte: Neville e Brooks, 2013.

A lei de Abrams define tal associação:

𝑉𝑐 2
fc = K[𝑉𝑐+𝑉𝑤+𝑎𝑟]

onde:

fc é a resistência do concreto;
Vc, Vw e ar são os volumes absolutos de cimento, de água e ar aprisionado;
K é uma constante.

A durabilidade deve ser levada em consideração quanto a esse parâmetro,


comportando-se ajustes específicos quando forem utilizados pozolana ou escória, cinza
volante, por exemplo (Neville e Brooks, 2013).
26

2.1.4. Aditivos

Define-se, de acordo com a NBR 11768, aditivo como produto que adicionado em uma
taxa máxima de 5% da massa de material cimentício, altera suas características tanto no estado
fresco quanto no estado endurecido. Além disso, trata-se de produto durante o processo de
preparação do concreto, na etapa da mistura – enquanto adição é o produto adicionado na etapa
de produção do cimento.
Neville e Brooks (2013) listam como principais os seguintes tipos de aditivos:

2.1.4.1.Aceleradores

Figura 9 – influência do CaCl2 na resistência de concretos produzidos com diferentes tipos de


cimento.

Fonte: Neville e Brooks, 2013.


27

Empregados para acelerar o endurecimento do concreto, não necessariamente afetam o


início do processo de “pega” – especificamente chamados aceleradores de pega, podem afetar
negativamente a resistência; o exemplo mais comum é o cloreto de cálcio, CaCl 2, que reduz a
resistência do cimento ao ataque por sulfatos, eleva o risco de reação álcali-agregado, aumenta
a retração e a fluência do concreto e, a depender das condições da estrutura, pode resultar em
ataque das armaduras por íons cloreto. Para este tipo de aditivo, torna-se, ainda, necessário
avaliar seu desempenho em relação aos diversos tipos de cimento antes de optar-se por sua
utilização; na figura 5, vê-se a referência a cimento Portland comum (tipo I ASTM), Portland
modificado (tipo II ASTM), Portland de alta resistência inicial (tipo III ASTM), baixo calor de
hidratação (tipo IV ASTM) e resistente a sulfatos (tipo V ASTM).
As normas NBR 6118 e NBR 12655, por sua vez, são taxativas ao afirmarem que não é
permitido o uso de aditivos à base de cloreto em estruturas de concreto armado ou protendido;
no entanto, a NBR 11768 determina que aditivos contendo um teor de cloretos inferior a
0,15% (em massa) podem ser considerados isentos de cloretos.

2.1.4.2. Retardadores de pega

O retardo na reação de pega é obtido pela adição de açúcar, derivados de carboidratos,


sais solúveis de zinco, boratos solúveis, etc. Seu efeito é útil para evitarem-se juntas frias entre
camadas de concretagem, realização de acabamentos superficiais, entre outros. Há uma
tendência ao aumento da retração plástica, em função do aumento do estado plástico, mas não
há influência sobre a retração por secagem.
O uso de tais aditivos diminui a resistência inicial do concreto, mas, posteriormente, a
taxa de desenvolvimento da resistência é maior, obtendo-se uma resistência final sem grandes
alterações.

2.1.4.3. Redutores de água (plastificantes)

Essa classe de aditivos possui, como objetivos:


28

a) atingir uma maior resistência através da diminuição da relação água/cimento;


b) atingir a mesma trabalhabilidade mesmo com redução do teor de cimento, assim
como diminuir o calor de hidratação em concreto massa;
c) elevar a trabalhabilidade, para lançamento em locais de difícil acesso.
Obtém-se, com essa classe de aditivos, uma redução de água de amassamento na faixa
de 5% a 15%. Nem sempre, no entanto, há melhoria na coesão do concreto; pode haver
aumento na exsudação em concreto de alta trabalhabilidade, e por certas vezes é necessário o
uso de um agente desincorporador de ar (embora o uso ponderado aumente a coesão
exatamente pela incorporação de ar). Redosagens podem, ainda, ser necessárias para evitar
velocidade excessiva de perda de trabalhabilidade.
Em geral, há aumento da resistência nas idades iniciais, podendo ser também obtido um
aumento na resistência em longo prazo.

Figura 10 – relação entre o resultado na mesa de espalhamento e a relação


água/cimento

Fonte: Neville e Brooks, 2013.

2.1.4.4. Superplastificantes
29

Com a desvantagem de terem alto custo, são utilizados para:


a) obtenção de concreto fluido, necessários em condições de lançamento em locais
de difícil acesso (em função do efeito durar entre 30 e 90 minutos, deve ser adicionado à
mistura logo antes do lançamento);
b) obtenção de concreto de alta resistência (e.g.: 100Mpa aos 28 dias), com relação
água/cimento muito baixa (diminuição de água entre 25% e 35%) mas trabalhabilidade normal.

2.1.4.5. Impermeabilizantes

Sua atuação é, basicamente, tornar o concreto hidrófobo, combatendo a percolação da


água, que penetraria no concreto através de tensão superficial e capilaridade. Com desempenho
dependente da pressão da água (baixa ou, como no caso de contenções, alta).
Não se confundem com hidrofugantes ou membranas impermeabilizantes, de aplicação
externa.

2.1.5. Aço

Regulados por parâmetros estipulados pela ABNT, os aços utilizados para projetos
estruturais são classificados como CA-25 e CA-50, para barras, e CA-60, para fios. Os
diâmetros e seções transversais nominais são definidos pela NBR 7480. Adota-se, como massa
específica, o valor de 7850 kg/m3.
A interface entre aço e concreto é fundamental para a função estrutural; assim, os fios e
barras podem ter superfícies lisas, entalhadas ou possuindo mossas – o coeficiente η1
quantifica a capacidade aderente.
30

Tabela 6 – valor do coeficiente de aderência η1

Fonte: NBR 6118, 2014.

Na ausência de ensaios ou informações fornecidas pelo fabricante, adotam-se como


valores de módulo de elasticidade: 210 GPa (Es - armadura passiva) e 200GPa (Ep – armadura
ativa). Como coeficiente de dilatação térmica, por sua vez, adota-se 10-5/oC (para intervalos de
temperatura entre -20oC e 150oC, para armadura passiva, e entre -20oC e 100oC, para armadura
ativa). Os aços utilizados em estruturas de concreto armado devem possuir, ainda, ductilidade e
homogeneidade, soldabilidade e resistência razoável a corrosão.

Figura 11 – diagrama tensão-deformação em aços de armaduras passivas (A) e ativas


(B)

(A) (B)

Fonte: NBR 6118, 2014.

Para o cálculo nos estados-limite de serviço e último, utiliza-se o diagrama


simplificado exposto na figura 7, onde:
a) fyk: resistência característica do aço à tração;
b) fyd: resistência de cálculo do aço à tração, igual a f yk / 1,15;
c) εs: alongamentos.
31

3. ANÁLISE DE RISCOS EM PROJETOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

A definição de risco será, neste trabalho, a não-satisfação do desempenho projetado


para uma dada estrutura, face ao que estiver definido em projeto; mais especificamente, a
combinação de um evento (compreendido como prejudicial a um determinado projeto de
construção) com a sua probabilidade de ocorrência. A gravidade de um risco, por sua vez,
dependerá também da mensuração do dano advindo de tal evento (quantitativa ou
qualitativamente, a depender do método aplicado, em termos do prejuízo acarretado).
Desempenho, por outro lado, será definido em função do conceito de durabilidade
adotado pela NBR 6118, levando-se em consideração que, a despeito da instabilidade
intrínseca ao concreto ao longo do tempo (em virtude de seus componentes e das reações
destes frente à atuação do meio ambiente), a estrutura deverá preservar sua segurança,
estabilidade e comportamento adequado em serviço durante sua vida útil – definida, por sua
vez, como período que se encerra quando as estruturas se deterioram a ponto de gerarem
insegurança ou prejuízo financeiro insustentável.
Define-se patologia como o ramo da ciência, seja medicina ou engenharia, que estuda
desvios estruturais e funcionais que causam um problema, um mal (do grego, “pathos”
significa sofrimento e “logos” significa estudo) – em outras palavras, para a engenharia, que
afetem negativamente o desempenho estrutural projetado; podem ser oriundos quer da etapa
de concepção, quer da etapa de execução, quer da etapa de utilização da edificação. A
recuperação estrutural é seu campo de estudo imediatamente consequente.
Um fator importante relacionado à durabilidade e qualidade das estruturas de concreto
é a agressividade do meio ambiente, relacionada com fatores físicos e químicos atuantes sobre
elas. Para tanto, a NBR 6118 define quatro classes de agressividade ambiental, já
estabelecendo aqui uma relação com risco de deterioração estrutural.
32

Tabela 7 – correspondência entre classe de agressividade ambiental, risco de


deterioração e recomendações da qualidade do concreto

Fonte: Pellizzer, 2015.


33

4. RISCOS E ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

Analisando-se a média dos custos de diversas etapas (serviços) da construção civil ao


longo do tempo, é possível perceber que a composição de fundações e estrutura tem
correspondido a valores percentuais que chegam a alcançar valores entre um mínimo de
14,5% e um máximo de 28,5% do custo total de uma construção, configurando-se, portanto,
em um componente relevante para o controle de riscos (GOLDMAN, 2004).

Tabela 8 - custo incidente por preço principal de uma construção

Fonte: Goldman, 2004

No tocante a relação entre vida útil funcional de edificações e vida útil estrutural, esta
última desponta como de grande importância; sendo definível, de forma genérica, pela relação
entre distribuições estatísticas das ações sobre tais estruturas, efeitos ambientais
compreendidos como “A”, e da resistência de seus respectivos materiais, uma parcela
controlável em projeto e aqui compreendida como “R”, entregando como resultado a
segurança da edificação em si, “S” (BRANCO et al, 2013). Os conceitos de durabilidade
estrutural e de manutenção (este diretamente relacionado com a variável “A”) destacam-se,
portanto, constando explicitamente nas atuais normas técnicas brasileiras; entre estas,
34

destacamos a NBR 6118, que define como a “capacidade de a estrutura resistir às influências
ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e pelo
contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto”.

Figura 12 – distribuição estatística das ações (A) e das resistências (R).

Fonte: Branco et al, 2013

Para o cálculo estrutural, a NBR 6118 determina que as resistências, em favor da


segurança, deverão ser minoradas pelo coeficiente γ m:
γm = γm1 . γm2 . γm3
onde:

γm1 – parcela do coeficiente de ponderação referente à variabilidade dos materiais


componentes;
γm2 – parcela do coeficiente de ponderação referente à diferença entre a resistência do
material no corpo de prova e na estrutura;
γm3 – parcela do coeficiente de ponderação referente aos desvios oriundos da
construção e às aproximações feitas em projeto (em relação às resistências).
Carvalho (2014) define ações como “qualquer influência, ou conjunto de influências,
capaz de produzir estados de tensão ou de deformação em uma estrutura”. Levando-se em
consideração o estado-limite último (ELU), tem-se combinações de ações específicas, a saber:

a) Combinações últimas normais;


35

b) Combinações últimas especiais ou de construção;


c) Combinações últimas excepcionais.
Assim, no estado-limite último (ELU), em relação às respectivas combinações de
cargas atuantes, as resistências deverão ser minoradas de acordo com o quadro abaixo:

Tabela 9 – valores dos coeficientes γc e γs.

Fonte: NBR 6118, 2014.

Para o cálculo estrutural, a NBR 6118 determina que as ações, em favor da segurança,
deverão ser majoradas pelo coeficiente γ f:
γf = γf1 . γf2 . γf3
onde:

γf1 – parcela do coeficiente de ponderação referente à variabilidade das ações;


γf2 – parcela do coeficiente de ponderação referente à simultaneidade das ações (γf2 =
ψ0, ψ1 ou ψ2; conferir tabela 3);
γm3 – parcela do coeficiente de ponderação referente aos possíveis erros de análise das
consequências das ações, seja por desvios nas construções, seja por deficiência no método de
cálculo empregado (esta última situação não é objeto deste trabalho).
Assim, no estado-limite último (ELU), em relação às respectivas combinações de
cargas atuantes, as ações deverão ser majoradas de acordo com a tabela a seguir:
36

Tabela 10 – valores do coeficiente γf = γf1 . γf3

Fonte: NBR 6118, 2014.

Tabela 11 – valores do coeficiente γf2

Fonte: NBR 6118, 2014.


37

Nos casos de pilares (e pilares-parede) com dimensões entre 19cm e 14cm e de lajes
em balanço, os esforços solicitantes devem ser multiplicados por um coeficiente adicional γ n.
Tabela 12 – coeficiente adicional γn para pilares e pilares-parede.

Fonte: NBR 6118, 2014.

Tabela 13 – coeficiente adicional γn para lajes em balanço

Fonte: NBR 6118, 2014.

O conceito de desempenho estrutural também é, portanto, definível de acordo com a


relação entre resistências e solicitações:
Rd ≥ Sd
onde:
Rd – reações de cálculo;
Sd – solicitações de cálculo.
A NBR 6118 determina que tal relação deve ser verificada “em relação a todos os
estados-limites e todos os carregamentos especificados para o tipo de construção
considerada”.
É possível pensar que, face a patologias, apenas o primeiro membro (reações) seria
afetado. No entanto, a NBR 6118 assinala esforços resultantes de fenômenos como a retração
38

do concreto, deslocamentos de apoio, etc. Assim, parâmetros utilizados para análise de suas
repercussões sobre as estruturas e sobre seus respectivos cálculos, embora concentrem-se no
que diz respeito às reações na estrutura, seguirão essa lógica.
A qualidade do concreto armado executado tem relação intrínseca com os índices
previamente apresentados e a relação acima; destacam-se entre outros fatores, a relação
água/cimento e a classe de concreto utilizada – vide tabela 4 abaixo –, além do cobrimento
nominal mínimo das armaduras (definidos segundo as classes de agressividade ambiental –
vide tabela 5).

Tabela 14 – relação água/cimento e classe de concreto

Fonte: NBR 6118, 2014.

Embora não seja o escopo deste trabalho, a durabilidade das estruturas, é importante
frisar, segue em paralelo à durabilidade de elementos não-estruturais, que lhes são acessórios
e, portanto, incluem-se no esforço de manutenção total de uma edificação. É o caso de juntas
de dilatação, revestimentos impermeabilizantes, aparelhos de apoio, entre outros.
Uma matriz de riscos específica, utilizável para análise de estruturas usuais de
concreto, possuirá, portanto, como fundamental uma etapa de listagem de eventos
compreendidos como deletérios a tais estruturas: as patologias.
39

Tabela 15 – cobrimento nominal mínimo das armaduras

Fonte: NBR 6118, 2014.


40

5. PATOLOGIAS EM CONCRETO ARMADO

5.1. Panorama geral

O concreto, resistente à pressão, e o aço, resistente à tração, são capazes em conjunto


de resistir a esforços complexos, analisados quando do projeto de cálculo estrutural.
Ao analisarem-se as patologias de estruturas usuais de concreto armado, portanto,
leva-se em consideração que tais materiais – e a interface entre eles – devem ser preservados
para que que se se preserve a eficiência ou mesmo a eficácia; por definição, analisam-se as
consequências diretas sobre os estados-limite últimos (ELUs) e sobre os estados-limite de
serviço (ELS).
Albergaria (2013) elencou diversos fatores deletérios de estruturas usuais de concreto,
armado, subdividindo-os segundo critérios intrínsecos, de acordo com sua natureza estrutural,
física ou química (em relação ao concreto em si) e de acordo com a corrosão das armaduras.

Figura 13 – fatores deletérios específicos do concreto

Fonte: Albergaria, 2013.


41

Figura 14 – fatores deletérios específicos do aço

Correntes elétricas

Fonte: Albergaria, 2013.

Souza e Ripper (2009) diferenciaram as patologias de estruturas de concreto armado


como intrínsecas, inerentes às próprias estruturas e à sua execução, e extrínsecas, que
independem da estrutura propriamente dita, podendo relacionar-se com sua concepção ou
utilização.
42

Figura 15 – causas intrínsecas de patologias em estruturas de concreto armado

Fonte: Souza e Ripper, 2009.


43

Figura 16 – causas extrínsecas de patologias em estruturas de concreto armado

Fonte: Souza e Ripper, 2009.

Figura 17 – causas físicas de patologias em estruturas de concreto armado

Fonte: Souza e Ripper, 2009.


44

Albergaria (2013) foi conciso ao relacionar anomalias comuns e suas causas,


compondo um quadro referencial objetivo.
A despeito de serem trabalhos referenciados em países diferentes, Brasil e Portugal, a
utilização de tais referências em paralelo se justifica, uma vez que as patologias terão seu
dano ao projeto definido em relação a sua influência deletéria em relação ao cálculo
estrutural, e este pode ser considerado como tendo resultados similares nas principais normas
referentes a dimensionamento de estruturas de concreto armado – a saber, a NBR 6118 e o
Eurocode 2 (LOPES et al, 2015).

Tabela 16 – causas e respectivas patologias em estruturas usuais de concreto armado

Fonte: Albergaria, 2013.


45

Por fim, a NBR 6118 também elenca as principais causas de patologias, de forma
sucinta:

Tabela 17 – mecanismos de envelhecimento e deterioração das estruturas de concreto

Fonte: adaptado de NBR 6118, 2014.

5.2. Fatores específicos: a deterioração do concreto

5.2.1. Ações mecânicas

Gerados por solicitações externas, com tensões e esforços superiores aos admissíveis
em condições de serviço, são eventos nos quais formam-se anomalias que iniciam um
processo deletério.
Enumeram-se:
a) impacto: ação de curta duração, com tensões elevadas na superfície do
elemento estrutural, eventualmente gerando esforços superiores à resistência projetada - pode
ocasionar fissuração, deformação ou mesmo rompimento ou colapso da estrutura;
b) cargas excessivas: não estipuladas em projeto, podem provocar fissuração
excessiva, propiciando o início de outras deteriorações;
c) deslocamentos: podem gerar esforços elevados, quando gerarem
excentricidade, por exemplo. Neste sentido, De Souza (2003) realizou interessante estudo de
caso acerca das causas de ruptura de estacas em uma edificação – devido à variação das
características do solo no terreno, não percebidas na sondagem. O concreto armado, em geral,
não possui capacidade de deformação que possa acomodar deslocamentos significativos (e os
esforços que lhes são consequentes);
d) explosões: ações instantâneas, geradas por uma abrupta liberação de energia;
podem ter diversas causas – ondas de choque, calefação, etc.
e) vibrações: ações contínuas e recursivas (seguindo uma frequência, como em
caso de maquinário) ou de curta duração, como no caso de sismos.
46

Figura 18 – exemplo de ação mecânica devido a deslocamento (ruptura de estacas)

Fonte: De Souza, 2003

5.2.2. Ações físicas

Enumeram-se como principais processos físicos de deterioração das estruturas de


concreto:

5.2.2.1. Variações de temperatura

Uma vez que implicam em variação de volume, gerando movimento que, se contido,
gera tensões de compressão ou tração; tais ações, no caso de superarem a resistência do
47

concreto, podem gerar fendilhamento, destacamento, entre outras manifestações. Pode ser
considerada uma modalidade de retração.

5.2.2.2.Abrasão

Desgaste da camada superficial devido a atrito de escorregamento, rolamento e fricção


repetitiva; típico de pavimentos.

5.2.2.3.Erosão

Desgaste da camada superficial em função de água, vento e ar, pode ser agravado pela
presença de irregularidades e partículas sólidas em suspensão;

5.2.2.4.Cavitação

Desgaste da camada superficial causada pela implosão de bolhas de vapor d’água em


fluxos não-lineares de água, a velocidades superiores a 12m/s, gerando pequenos pontos de
alta pressão que erodem o concreto.

5.2.2.5.Retração

Propriedade reológica do concreto, ocorre devido à evaporação da água de


amassamento e tem como resultado a contração do elemento estrutural, que pode apresentar
fissuras em função de tensões de tração, visíveis logo após a concretagem.
48

Figura 19 – deformações devidas à retração por secagem cs

Fonte: adaptado de Amaral, 2011.

a) Retração plástica: ocorre com perda de água (evaporação superficial) no concreto,


antes da pega; gera fendilhação superficial e pode afetar seriamente a durabilidade.
b) retração autógena: ocorre sem perda de água (o que há é hidratação do cimento,
tornando as moléculas de água indisponíveis) no concreto, depois da pega; mais comum em
concretos de alto desempenho, em que há menos água para tal reação; provoca microfissuras,
criando um caminho preferencial de fragilidade que pode ser bastante danoso face a cargas
expressivas.
c) retração de secagem: ocorre após a pega em ambientes secos; dá-se em função da
perda de água adsorvida, devido a pressões capilares internas. A respeito, Flaga (2015) aborda
a questão delicada da decisão quanto ao momento de desforma; em função da consequente
diferença entre umidade superficial e interna do concreto, surgem tensões de retração que
podem levar ao surgimento de fissuras. Afirma que “o calculista geralmente não sabe quando
as formas serão removidas; não é capaz de prever as condições climáticas quando o concreto
atingir maturidade, não sabe qual será a técnica utilizada para cura”.
49

Figura 20 – critério de formação de fissuras superficiais em função da desforma

Fonte: Flaga, 2015.

Assim, no gráfico acima, explana-se que é importante que o momento de retirada das
formas gere tensões que sejam inferiores à resistência do concreto à tração (f ctm) – a NBR
14931 é bem clara ao afirmar que “escoramentos e formas não devem ser removidos, em
nenhum caso, até que o concreto tenha adquirido resistência suficiente para suportar a carga
imposta ao elemento estrutural nesse estágio, bem como evitar deformações que excedam as
tolerâncias especificadas e resistir a danos para a superfície durante a remoção.
d) retração química: no processo de hidratação do concreto, a água quimicamente
fixada sofre contração de volume; gera aumento dos vazios internos do concreto.

5.2.2.6. Ciclo gelo/degelo

A água, devido ao rearranjo entre suas moléculas, aumenta de volume ao solidificar-se


em gelo. A rede de poros e de capilares intercomunicantes do concreto sofre o efeito desta
expansão, gerando-se tensões que resultam em destacamento e deterioração do concreto.
50

5.2.2.7. Calor de hidratação

“Quantidade de calor, em joules por grama de cimento anidro, liberada até a


hidratação completa a determinada temperatura” (NEVILLE, 2015). Na idade inicial do
concreto, a perda de energia térmica para o exterior é inferior à taxa de liberação de energia
térmica pela hidratação do cimento (reação exotérmica), o que aquece o concreto. Embora a
tendência seja, com o tempo, atingir-se o equilíbrio, a diferença de temperatura entre as
camadas internas e externas pode gerar fissuras, em função de tensões de tração. Esse
fenômeno depende da composição do concreto e é potencializado no caso de concretagens de
grande volume.

Tabela 18 – calor de hidratação dos compostos puros

Fonte: Neville, 2015.

5.2.2.8. Temperaturas elevadas

A cerca de 450oC, o hidróxido de cálcio sofre desidratação; a água do cimento


hidratado evapora, resultando em contração na pasta de cimento – por outro lado, o cimento
inerte se expande. Deste antagonismo resultam fissuras na pasta de cimento e perda em sua
resistência. A superfície do concreto pode apresentar deterioração visível e mudança de
coloração (acompanhando a mudança de coloração dos agregados), o que permite uma análise
mediante inspeção visual.
51

Figura 21 – correlação entre cor, variação térmica e resistência à compressão.

Fonte: Albergaria, 2013.

Quanto a situações de incêndio, Oliveira (2013), analisando o comportamento de uma


viga de concreto sob flexão simples, verificou que o concreto apresenta redução de resistência
a partir da temperatura de 100oC – e o aço, a partir de 400oC. A estabilidade do elemento
estrutural é alterada, com o deslocamento da linha neutra, aumentando sua linha neutra até o
banzo superior até que o concreto atinja a temperatura média de 315 oC.
52

Figura 22 – gráfico dos momentos fletores em função da temperatura

Fonte: Oliveira, 2013.

Figura 23 – tensões de compressão em função da temperatura

Fonte: Oliveira, 2013.


53

5.2.3. Ações químicas

Uma vez que o concreto não possui, particularmente, grande resistência a esse tipo de
ataque, essa categoria é uma das principais causas de deterioração das estruturas. Como
principais processos químicos com efeitos nocivos, enumeram-se:

5.2.3.1. Ácidos

Consistem na conversão do hidróxido de cálcio, do silicato de cálcio hidratado e do


aluminato de cálcio em sais de cálcio. Tais reações, que variam de acordo com a temperatura
ambiente e com a concentração de ácido, tem como resultado a deterioração por lixiviação da
pasta de cimento.

5.2.3.2. Água pura

Salvo se houver infiltração constante, trata-se de processo bastante lento; carreado pela
água (lixiviação), o hidróxido de cálcio reage com o CO 2 atmosférico, precipitando-se em
crostas de carbonato de cálcio.

5.2.3.3. Sais de magnésio:

Também promove a lixiviação do hidróxido de cálcio, degradado a sais solúveis de


cálcio. A longo prazo pode gerar séria degradação do concreto armado, pela perda das
características da pasta de cimento.
54

5.2.3.4. Ataque por sulfatos

Quando em solução, os sulfatos de cálcio, sódio, potássio, magnésio e amônia podem


reagir com a pasta de cimento endurecida e levar à total desagregação do concreto (DA
SILVA, 2011). Os íons de sulfato reagem com cálcio e hidróxidos do cimento endurecido,
formando etringite, um composto expansivo em presença de água. As tensões internas geradas
geram fendilhação, descamação, e amolecimento – além de expor o concreto à penetração de
outros fatores deletérios.

5.2.3.5. Reação álcali-agregados

Ocorre quando álcalis liberados pela hidratação do cimento reagem com agregados
reativos, gerando um gel higroscópico expansivo. Podem ocorrer em duas modalidades:
a) ataque álcali-sílica: forma-se um gel ao redor dos agregados de rochas silicosas, que
se dispersa em solução, em uma reação expansiva na presença de umidade – implicando em
tensões internas e fendilhamento, geralmente acompanhada de eflorescências.
b) ataque álcali-carbonatos: formam-se zonas de reação em torno das partículas de
agregados, implicando em fendilhamento tanto paralelamente à interface com a pasta de
cimento quanto radialmente.

5.2.3.6. Carbonatação

Devido à ação do CO2 sobre os compostos hidratados do cimento. Ocorre com


diminuição de volume, e pode ser compreendida abaixo:

Ca(OH)2 + CO2  CaCO3 + H2O


55

Implica também na diminuição do pH do concreto (alterando a estabilidade da camada


de passivação do aço) e na formação de uma rede de fissuras; há o favorecimento de
eflorescências.
Figura 24 – carbonatação observada por teste com fenoftaleína

Fonte: Pellizzer, 2015.

g) ataque por cloretos: tais íons podem ser introduzidos no concreto em sua produção,
quer em seus componentes quer em aditivos, ou podem estar presentes no ambiente em que o
elemento estrutural se encontra. Atacam a camada de passivação do concreto e as armaduras,
em mecanismo analisado posteriormente.

5.2.4. Ações biológicas

O desenvolvimento de organismos e microorganismos pode gerar uma variedade de


ataques à estrutura, que vão desde a ação de penetração de raízes e retenção de umidade à
acidificação, como pela presença de húmus. Albergaria (2013) cita como comum o
desenvolvimento de sulfureto de hidrogênio em condições anaeróbias, que pode gerar ácido
sulfúrico e atacar o concreto.
56

5.3. Fatores específicos: a deterioração das armaduras

5.3.1. Corrosão

O concreto é um ambiente protetor para as armaduras contra a corrosão, tanto por sua
composição química (com pH básico) quanto pela barreira física em que se constitui. Apesar
disso, não é um composto inerte; sua composição, sua porosidade e capilaridade e a própria
natureza de sua execução, que possibilita variações quanto a fatores como cobrimento e
compactação, além da comum presença de fissuras (que, em virtude da classificação de
agressividade do ambiente da cidade de Fortaleza como III possui relevância), torna
necessária a análise desta categoria de ação deletéria de forma mais detalhada.
Helene (1986) estabelece quatro fases no processo de penetração de agentes
agressivos:

a) fase A: penetração no concreto, despassivação da armadura (não


necessariamente em sua totalidade);

Figura 25 – processo de perda da alcalinidade do concreto

Fonte: Albergaria, 2013.

b) fase B: período entre a despassivação completa e o surgimento de fissuras


causadas pela expansão que se segue à corrosão.
57

Figura 26 – perdas de concreto causadas pela corrosão

LASCAMENTO DESTACAMENTO FENDILHAÇÃO

Fonte: Albergaria, 2013.

c) Fase C: propagação da corrosão, excesso de fissuras e perda de concreto;

d) Fase D: diminuição de pelo menos 25% da seção das barras de aço, com risco de
ruína estrutural.

5.3.1.1. Mecanismo de corrosão


58

O mecanismo de corrosão das armaduras no concreto armado é eletroquímico (onde há


transferência de carga – corrente – através de um meio eletrólito). É necessário que haja água
nos poros do concreto, concentração salina (configurando uma solução eletrolítica), diferença
de potencial, oxigênio e agentes considerados agressivos.
Tal processo é constituído pela formação de um complexo formado por:
a) uma zona anódica, onde há reações que liberam íons de ferro, havendo
corrosão.
Fe  Fe2+ + 2e

b) uma zona catódica, onde há reações com o oxigênio, liberando hidroxila (OH-).
H2O + 1/2O2 + 2e  2OH-

Figura 27 – mecanismo de corrosão eletroquímica

Fonte: Silva, 2011.

c) Um meio eletrólito, onde há deslocamento de íons Fe 2+ em direção ao cátodo e


de íons OH- em direção ao ânodo. Estes íons, ao se encontrarem, geram precipitação de
hidróxido ferroso.
59

Fe2+ + 2OH-  Fe(OH)2

Os íons cloreto são os maiores agentes de corrosão de armaduras, capturando íons de


Fe2+ das barras:

Fe2+ + 2Cl-  FeCl2


FeCl2 + 2H2O  Fe(OH)2 + 2HCl

O resultado gera, na solução, íons H+ e Cl- livres, o que reduz o pH, atacando a
camada de passivação de concreto (H+), e realimenta todo o processo (Cl-).

Figura 28 – variação das taxas de corrosão


60

Fonte: Marcelli, 2007.

A corrosão, é importante salientar, dependerá do ambiente e das condições em que


estiver localizado o elemento estrutural específico; com base nisso, manifestações em bases de
pilares, em pilares sujeitos a névoa marítima, em pilares submersos, etc. serão interpretadas de
forma diversa quanto ao risco de comprometimento estrutural.
61

6. MANIFESTAÇÕES DE PATOLOGIAS

6.1. Nichos e vazios

A etapa do adensamento do concreto deve ser executada de acordo com as prescrições


da NBR 14931, de forma a garantir um concreto homogêneo e com o menor grau possível de
bolhas e nichos. Quanto a isso, Marcelli (2007) aponta a relação entre esse fator e a resistência
do concreto.

Tabela 19 – relação entre vazios e resistência do concreto

Fonte: Marcelli, 2007.

Fiabani (2010) exemplificou ainda a avaliação de qualidade de superfícies de concreto


através do indicador “fator de bolhas de superfície” (FBS):

FBS = (Abi/AR) x 100%

Onde:

Abi = área de uma bolha qualquer, em mm2;


AR = área da região retangular avaliada (recomendada como 50mm x 50mm).

6.2. Fissuras

Aberturas na superfície do concreto, expondo-o à ação de agentes deletérios do


ambiente; bastante comuns, são classificadas pela NBR 6118 em função do tipo de concreto e
dos condicionantes ambientais.
62

Tabela 20 – exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura, em


função das classes de agressividade ambiental.

Fonte: NBR 6118, 2014.

Além deste critério, a inspeção visual permite compreender os esforços que originam a
fissuração e a gravidade do dano. Souza e Ripper (1998) expuseram algumas das
peculiaridades de tais manifestações:
63

Figura 29 – configurações de fissuras em função da solicitação predominante

flexão
torção

tração
perda de aderência

cortante cargas concentradas

Fonte: Souza e Ripper, 1998.

Figura 30 – fissuras em interações entre elementos estruturais: torção (A) e punção (B)

(B)
(A)

Fonte: Souza e Ripper, 1998.


64

Figura 31 – configurações de fissuras em lajes

Fissuração por esmagamento do concreto, Fissuração de flexão, devida à


por reduzida espessura da laje. As fissuras insuficiência de armadura para os
surgem na face inferior, por deficiência momentos negativos. As fissuras surgem
diante dos momentos negativos. na face superior..

Fissuração por esmagamento do concreto Fissuração por flexão, devida à


devido à reduzida espessura da laje. As insuficiência de armadura para os
fissuras surgem na face superior, por momentos positivos. As fissuras surgem
deficiência diante dos momentos na face inferior.
positivos.

Fissuração por deficiência de armaduras Fissuração por deficiência de armaduras


para combate aos momentos volventes, na para combate aos momentos volventes, na
face superior da laje. face inferior da laje.

Fonte: Souza e Ripper, 1998.


65

É conveniente diferenciar fissuras de trincas, rachaduras e fendas: trincas são


semelhantes a fissuras, exceto por possuírem aberturas maiores que 5mm. Já rachaduras são
mais profundas e possuem aberturas superiores a 1mm, podendo chegar a seccionar elementos
estruturais – a partir de 1,5mm, pode-se chamar a manifestação de fenda (GONÇALVES,
2015).

6.3. Desagregação do concreto, eflorescência e lixiviação

Desagregação é definida por perda de massa de concreto, caracterizada por agregados


soltos da pasta de cimento ou de fácil remoção (pode-se facilmente comprovar, descolando-os
manualmente). Há perda do monolitismo e da capacidade de resistir aos esforços para o qual a
estrutura foi projetada.
Lixiviação consiste na dissolução e arraste do hidróxido de cálcio existente na massa de
cimento Portland endurecido; quanto mais poroso o concreto, maior a gravidade, uma vez que
o ataque se dá por meio de água; é consequência do fenômeno da a carbonatação do concreto,
que forma depósitos de carbonato de cálcio; o resultado é um aumento da porosidade do
concreto e diminuição de seu pH.

Ca(OH)2 + CO2  CaCO3 + H2O

Eflorescência é consequência e indicador visual da lixiviação: trata-se de depósitos de


sais, oriundos de reações internas e carreados pela água, visíveis na superfície do concreto
(manchas ou estalactites/estalagmites). Além do dano estético, tais sais são por vezes
prejudiciais ao concreto em si.
66

7. ANÁLISE DAS PATOLOGIAS COMO RISCOS

Uma vez determinado, de forma geral, um quadro das patologias do concreto armado,
prossegue-se com a análise das manifestações patológicas propriamente ditas, sob o ponto de
vista de riscos estruturais.

7.1. Patologias em Fortaleza

Da Silva (2011) catalogou manifestações patológicas mais frequentes em diversas


estruturas brasileiras, estudando sua incidência em 30 estruturas no estado do Ceará.

Figura 32 – distribuição de obras conforme uso (A) e área do entorno (B)

Fonte: Da Silva, 2011.

Embora nenhum dado tenha sido coletado de edificações com uso classificado como
industrial, a maior parcela (76,76%) encontrava-se inserida em um ambiente salino (onde a
névoa salina atinge o mais alto grau de agressividade) ou urbano. Apesar de manter sigilo
acerca dos dados, coletados da Divisão de Materiais (DIMAT) do Núcleo de Tecnologia
Industrial do Ceará (NUTEC), a autora afirma que esta grande maioria pertence à capital,
Fortaleza.
Da Silva (2011) construiu um rol de patologias representativas para o Brasil: fissuras,
infiltrações, corrosão de armaduras, desagregação, segregação, manchamento superficial,
deformações excessivas, eflorescência, fungos. Em seguida, restringiu a abrangência desta
lista, catalogando a ocorrência ou não de cada uma, bem como a porcentagem de incidência.
67

Tabela 21 – manifestações patológicas nas estruturas de concreto (Ceará)

Fonte: Da Silva, 2011


68

Figura 33 – incidência das manifestações patológicas nas estruturas de concreto (Ceará)

Fonte: Da Silva, 2011

Uma vez que é afirmado que “76,67% das obras coletadas que apresentaram algum
tipo de manifestação patológica no estado do Ceará localizadas em sua capital” (DA SILVA,
2011), os dados de áreas urbanas e salinas serão adotados para representar Fortaleza e,
portanto, isolados em um novo grupo amostral, de 24 obras, a ser utilizado.
69

Figura 34 – manifestações patológicas nas estruturas de concreto (Fortaleza)

Fonte: adaptado de Da Silva, 2011


70

8. MATRIZES DE RISCOS

Levando-se em consideração a comparação entre os métodos mais populares de


análise de risco (em projetos de construção), e tendo em foco que a escolha deve pautar-se
tanto pela pertinência quanto pela facilidade de interpretação dos resultados, uma ferramenta
que desponta de forma convergente é a matriz de riscos (DZIADOSZ ET AL, 2015); aqui
utilizada como apoio na tomada de decisões no que tange à aceitabilidade de riscos, apresenta
um mapeamento de consequências e respectivas probabilidades de ocorrência para um dado
conjunto de riscos.
A construção de tal matriz implica determinar-se um equilíbrio em relação à agregação
dos dados, de forma a evitar que seja adotada posteriormente à sua categorização, e em
relação ao controle do viés subjetivo envolvido, que pode ser controlado mediante a utilização
de dados oriundos de métodos quantitativos, ou através de seu tratamento e apresentação
objetivos e quantitativos – implicando uma discretização dos danos, o que, cruzado com suas
respectivas probabilidades de ocorrência, resulta em indicadores que permitem maior controle
e favorecem a tomada de ações corretivas (DUIJM, 2015).

Figura 35 – exemplo de matriz de riscos

Fonte: Banaitiene & Banaitis, 2012.

A categorização, necessária para a utilização de variáveis discretas nas matrizes,


implica em um grau de incerteza que somente pode ser expresso através da abrangência de
cada categoria, o que pode ser considerado indesejável em certos casos. DUIJM (2015)
propôs, como alternativa, a utilização de variáveis contínuas para as consequências e
probabilidades, o que resultaria em um diagrama de probabilidade contínua. Neste trabalho,
em função de suas limitações técnicas, utilizam-se variáveis discretas, numa categorização
usual.
71

Figura 36 – alternativa utilizando variáveis contínuas

Fonte: Duijm, 2015


72

9. LEVANTAMENTO DE DADOS: INSPEÇÃO E AVALIAÇÃO DE PATOLOGIAS

Definir a gravidade de uma patologia para uma determinada estrutura requer método
específico para identificação e diagnóstico. Granato (2002) propõe dois níveis de inspeção
para que se obtenham os dados necessários.

Figura 37 – fluxograma de inspeção de edificações

Fonte: Granato, 2002.


73

A inspeção exigirá técnicas e ensaios diferentes, de acordo com as patologias


encontradas em cada edificação (e sua evolução/gravidade), contando com ensaios
(destrutivos ou não, a depender da necessidade em cada caso); a partir dos dados coletados, é
possível determinar a gravidade advinda da patologia analisada, um dos inputs para a matriz
de riscos pretendida.

Tabela 22 – exemplo de ensaios realizáveis durante inspeção.

Fonte: Granato, 2002.

Será adotada a técnica “GUT” (gravidade, urgência e tendência) para construir uma
matriz como resultado de uma inspeção regular. Tal técnica “baseia-se na ponderação do grau
de comprometimento (ou da criticidade) para cada enfoque analisado nas incorreções
construtivas” (GOMIDE et al, 2011). Adotam-se 5 graus de comprometimento nesta técnica.
74

Tabela 23 – exemplo de matriz construída de acordo com a técnica “GUT”

Fonte: Gomide et al, 2011

Uma vez que os pré-requisitos para se alimentar uma matriz de riscos são um valor ao
qual seja associado o dano (na matriz acima, o equivalente ao campo “nota”) e a
probabilidade de ocorrência deste dano, é possível agora construir uma matriz específica
voltada a patologias estruturais, com base na expressão:

Rn = An x Gn x fn
Onde:

Rn – risco associado a um evento “n” (a ser inserido nas células da matriz de riscos);
An – índice associado à agressividade ambiental do local em que a estrutura ou o
elemento estrutural se encontra;
Gn – gravidade associada a um evento “n”;
fn – frequência associada a um evento “n”.

Ao contrário da matriz “GUT”, a matriz de riscos não tem por objetivo estabelecer
prioridade de intervenções de manutenção. Trata-se de uma ferramenta de gestão de projetos,
associada portanto a auxílio na tomada de decisões de projetos estruturais, dentro de um
contexto de melhoria contínua.
Os índices “An” serão construídos de forma crescente, com o único objetivo de
estabelecer uma hierarquia entre si, permitindo coerência entre os resultados.
75

Tabela 24 – índices “An” associados à agressividade ambiental

Fonte: autor

Neste trabalho, as variáveis “fn” serão retiradas da tabela 24, considerada


representativa para o município de Fortaleza (DA SILVA, 2011).
Não é possível, no entanto, construir um rol de índices R n de forma a automatizar a
elaboração de uma matriz de riscos. A inspeção da estrutura deverá avaliar o grau de
comprometimento estrutural, estabelecendo daí qual nota associar à patologia encontrada.
Assim, uma fissura poderá, a depender da localização, de suas causas, de sua evolução e das
cargas em serviço da estrutura, implicar em graus mais ou menos severos de
comprometimento estrutural. Caberá ao profissional encarregado pela inspeção justificar
tecnicamente a conclusão, de forma a contribuir com os calculistas envolvidos.
76

10. CASO HIPOTÉTICO: CONSTRUÇÃO DA MATRIZ DE RISCOS

Para exemplificar o processo de construção de uma matriz de riscos específica para


patologias de estruturas usuais de concreto armado, serão abordados dois casos hipotéticos de
estruturas inspecionadas, localizadas em áreas com agressividades ambientais diferentes.
Preliminarmente, apresenta-se a estrutura da matriz, que consistirá de dois eixos,
referenciais a dados. O eixo A (vertical): relativo ao impacto gerado pelas patologias em
questão, subdivide-se em:

 máximo (índice correspondente: 10);


 alto (índice correspondente: 8);
 médio (índice correspondente: 6);
 baixo (índice correspondente: 3);
 mínimo (índice correspondente: 1).

Já o eixo B (horizontal): relativo à frequência das patologias em questão, subdivide-se


em intervalos:

 0-20% (raro);
 20,01-40% (improvável);
 40,01 – 60% (possível);
 60,01-80% (provável);
 80,01-100% (quase certo).

Por fim, uma vez que a agressividade do ambiente será levada em conta, os resultados
terão serão categorizados em intervalos:

 Risco extremo (15360 < Rn);


 Risco alto (7680 < Rn ≤ 15360);
 Risco moderado (2560 < Rn ≤ 7680);
 Risco baixo (Rn ≤ 2560).

Para construção da matriz, aos índices Rn serão associadas cores, a saber:


77

Figura 38 – cores associadas aos índices “Rn”

Fonte: autor

Em seguida, procede-se à análise dos dados coletados de duas estruturas hipotéticas,


“A” e “B”:
a) Estrutura “A”: agressividade ambiental: IV (industrial, respingos de maré)
b) Estrutura “B”: agressividade ambiental II (urbana)

Figura 39 – parâmetros utilizados para construção de matriz de risco específica (A)

Fonte: autor
78

Figura 40 – parâmetros utilizados para construção de matriz de risco específica (B)

Fonte: autor

A partir destes resultados, é possível construir duas matrizes de risco, específicas para
as estruturas de concreto “A” e “B”.

Figura 41 – matriz de riscos para a estrutura “A”

Fonte: autor
79

Figura 42 – matriz de riscos para a estrutura “B”

Fonte: autor

As matrizes representam especificamente os riscos das patologias em cada estrutura.


Ressalte-se que essa ferramenta, uma vez que utiliza o parâmetro “fn” (frequência), tem por
objetivo análises de planejamento estratégico, sendo apoio para tomada de decisão, não sendo
indicada para análise de nível tático ou operacional (PMI, 2014).
80

11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho apresenta uma ferramenta, a matriz de riscos, especificamente elaborada


para abordar patologias em estruturas de concreto, como apoio para tomadas de decisão no
planejamento de estruturas de concreto. O resultado obtido encontra-se fortemente ancorado
nos dados utilizados, oriundos de pesquisa realizada no estado do Ceará, da qual utilizou-se a
fração correspondente à cidade de Fortaleza.
Observa-se, mais que a presença de patologias, como fungos ou corrosão, uma rápida
leitura acerca do risco que representam para o projeto; esse dado leva a modificações no
projeto, de forma a melhor aplicar o capital a ele alocado, inclusive no que diz respeito à
manutenção.
Nos resultados apresentados, por exemplo, é possível verificar que o problema principal é a
corrosão, seguido de fissuras (estas últimas, apenas na estrutura “A”). Salienta-se, portanto, o
caráter preventivo desta ferramenta, e a ênfase de sua utilização como apoio não somente ao
controle de qualidade na construção, mas também ao projetista estrutural, ao muni-lo de
especificidades que podem auxiliar na concepção de um projeto mais eficiente.
Em função do caráter subjetivo inerente à interpretação dos dados (gerando a variável
“Gn”), bem como da fonte utilizada para caracterizar a cidade de Fortaleza (gerando o índice
“fn”), este resultado, mais que uma ferramenta pronta a ser utilizada, é uma matriz que traz
como recomendações ser testada e refinada em trabalhos subsequentes, com banco de dados
mais amplo e calibração no uso dos parâmetros, em especial a frequência – o que poderia
ampliar seu uso para enfoques táticos e operacionais.
81

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