Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2
3
APRESENTAÇÃO
Este rico material que você leitor e leitora terão As receitas que você vai encontrar nesta pu-
o privilégio de ler, é o resultado de uma longa ca- blicação são baratas, eficientes, de fácil preparo e
minhada que se iniciou com os Clubes de Mães do com alguns produtos que geralmente teriam como
Município de Garibaldi, na intenção de resgatar os destino o esgoto e o descarte, como lixo, que é o
sabores que os antepassados nos legaram e que caso do óleo de cozinha. É uma reflexão sobre o
foram quase que esquecidos com o fim da memória desperdício.
oral. Eles viveram em um tempo onde não havia Da velha Itália e suas dificuldades, se herdou a
tanta necessidade de comprar coisas, onde quase gastronomia, que na nova terra, cheia de farturas,
tudo se produzia na propriedade rural e familiar. gerou uma rica diversidade culinária. Então, os her-
São informações, reflexões e dicas ambientalmente deiros da polenta, tinham na mesa carnes, queijos,
sustentáveis e socialmente justas. salames, fortaia, pão, mel, leite e o vinho, alimento
As plantas medicinais, aromáticas e condimen- do corpo e da alma.
tares representam uma “farmácia viva” na história da Aqui no Brasil, os imigrantes encontraram uma
imigração italiana, inserida no cotidiano da cozinha biodiversidade fascinante. Da “escola da falta de
das mães e das nonas. Não havia propriedade rural tudo” na Itália, eles vêem a sua nova morada farta,
sem horta, e as doenças eram tratadas preventi- onde a flora e a fauna nunca haviam sido explora-
vamente. As parteiras ajudavam na chegada das das. As crianças tinham frutas silvestres em todas
novas vidas e os chás, xaropes e cataplasmas eram as estações. Com as plantas nativas, elaboravam-se
repassados através de gerações. também os licores. Como por exemplo: a murta,
Não se conheciam venenos e controle de pragas amoras, jabuticaba, goiaba do mato, quaresma. O
e doenças que afetavam as plantações e os animais pinhão serviu muitas vezes de pão e massa. Eles
também vinha da rica biodiversidade que o meio pro- trouxeram temperos em suas rústicas bagagens
porcionava. As leis da natureza eram observadas e e com o passar das décadas, novos temperos,
respeitadas. As fases da lua nunca eram desprezadas, novos cheiros inebriavam as comidas, as mesas e
mas sim considerava-se o seu significado. as cozinhas. Além de temperar, esses condimentos
Todas as plantas na natureza têm a sua função, também conservavam os alimentos.
mas lamentavelmente, são vistas como invasoras e O projeto de “Qualificação da Política Am-
que precisam de herbicidas para serem mortas. Elas biental de Garibaldi” teve origem em demandas
são preciosas por dar um gosto especial no preparo apontadas pela própria população de Garibaldi, em
dos alimentos como o refogado de caruru, o pão de Conferências Municipais de Meio Ambiente. O proje-
urtiga e a salada de menstruz. to visa desenvolver, em conjunto com a comunidade
Mensalmente gastamos uma significativa parce- e o poder público, alternativas integradas capazes
la da nossa renda na aquisição de produtos de higie- de superar alguns dos problemas ambientais e
ne e limpeza que tem como escoadouros as águas sociais vivenciados pela população urbana e rural
dos nossos córregos e rios. Este passivo ambiental de Garibaldi, enfatizando práticas de agricultura
tem um custo de difícil mensuração. ecológica e consumo ético e solidário.
Queremos reconquistar valores que foram
sendo perdidos junto com o saber dos nossos
antepassados. E foram as mulheres e as nonas, as
guardiãs deste saber.
4
SOBRE AS OFICINAS REALIZADAS
OBS: Para crianças, a mesma quantia de vezes diárias em doses diminuídas de acordo com o peso.
“Nenhuma espécie deve ser extinta, porque dela poderá depender, no futuro,
a cura de doenças que hoje consideramos incuráveis, por falta de conhecimento”
7
Plantas medicinais mais usadas no município de Garibaldi:
Nome comum: Babosa Nome comum: Guaco
Nome científico: Aloe arborescens ou Aloe vera Nome científico: Mikania laevigata ou M. glomerata
Uso: queimaduras, feridas, furúnculos, queda de cabelo e Uso: expectorante, para tosses e bronquites. É digestivo.
contusões. * Fazer chá ou xarope.
* Fazer pomadas, compressas.
Nome comum: Hortelã
Nome comum: Calêndula Nome científico: Mentha sp
Nome científico: Calendula officinalis L. Uso: prisão de ventre, digestiva, tônica, combate vermes.
Uso: antisséptica, cicatrizante, tonificante da pele e * Fazer chá.
antialérgica. Nome comum: Malva
* Fazer chá, pomada e tintura. Nome científico: Malva parviflora L.
Uso: inflamações na boca e garganta. Hidrata, protege e
Nome comum: Camomila ou Maçanilha
suavisa a pele.Tem ação cicatrizante e expectorante.
Nome científico: Matricaria chamomilla ou Chamomilla recutita * Fazer chá, xarope ou pomada.
Uso: cólicas, gases, indigestão, inflamações da pele e olhos.
É antisséptica. Nome comum: Mangerona
* Fazer chá e compressas. Nome científico: Oreganum majorana L.
Uso: colesterol, antisséptica, antiespasmódica (cólicas), anti-
Nome comum: Capim-cidró ou Caninha ou Capim limão reumática, sedativa e analgésica.
Nome científico: Cymbopogon citratus Stapf *Fazer chá, tintura ou óleo.
Uso: combate a gripe, baixa a pressão e a febre.
É analgésico e calmante. Nome comum: Marcela ou Macela
Pessoas com pressão baixa devem evitar este chá. Nome científico: Achyrocline satureioides Lam
* Fazer chá ou suco das folhas. Uso: digestivo, antiinflamatória, diminui a taxa de Colesterol,
* Sachês de folhas servem para aromatizar roupas e repelir antimicrobiana e sedativa.
insetos. * Fazer chá, tinturas e travesseiros (favorecem o sono).
Nome comum: Melissa
Nome comum: Carqueja
Nome científico: Melissa officinalis L.
Nome científico: Baccharis trimera Less
Uso: calmante, insônia, dor de cabeça, digestiva,
Uso: digestivo, nos problemas de estômago, fígado, resfriado e TPM.
debilidade orgânica e anemia. É antisséptica. * Fazer chá ou tintura.
* Fazer chá das folhas ou tintura.
Nome comum: Mil-folhas ou Mil-em-rama
Nome comum: Chapéu-de-couro Nome científico: Achillea millefolium L.
Nome científico: Echinodorus grandiflorus / Cham. Et Schlccht Uso: analgésica, antiinflamatória, antifebril, diurética,
Uso: diurético, depurativo (elimina ácido úrico), anti-reumático, digestiva e afecções urinárias.
laxativo e digestivo. * Fazer chá das folhas e flores.
* Fazer chá de 1 pedaço de folha em 1 xícara de água.
Nome comum: Poejo
Nome comum: Confrei Nome científico: Mentha pulegium
Nome científico: Symphytum officinalis L. Uso: distúrbios digestivos com náuseas e cólicas, resfriados
Uso: cicatrização de feridas, cortes e queimaduras. e tosse.
* Elimina sardas, espinhas e irritação da pele. * Fazer chá, tintura ou xarope.
Aplicar compressa ou pomada. O Ministério da Saúde
Nome comum: Quebra-pedra
proíbe o uso interno do Confrei.
Nome científico: Phillanthus niruri L.
Nome comum: Dente-de-leão Uso: diurético, eliminador de ácido úrico, cólicas e cálculos
Nome científico: Taraxacum officinalis Weber renais. Tem ação sobre o vírus da hepatite B, diabete,
Uso: depurativo do sangue, fígado, rins, gases intestinais, afecções urinárias e da próstata.
* Fazer chá ou tintura.
prisão de ventre, diabete e hemorróides.
* Fazer chá, tintura e usar como salada. Nome comum: Sálvia (tempero)
Nome científico: Salvia officinalis L.
Nome comum: Espinheira-santa Uso: problema digestivo, gripes, dor de garganta, cólicas,
Nome científico: Maytenus ilicifolia Marti gengivite, reposição hormonal e picadas de insetos.
Uso: gastrite, úlceras do estômago, afecções da pele, feridas. * Fazer chá.
É cicatrizante e antisséptica.
* Fazer chá, banhos e compressas. Nome comum: Tansagem
Nome científico: Plantago major
Nome comum: Funcho Uso: antiinflamatória, cicatrizante, expectorante e bactericida.
Nome científico: Foeniculum vulgare Mill Pode ser usada em úlceras gástricas, inflamações
Uso: cólicas intestinais, tosse e aumenta a lactação. internas e alergias de pele.
* Fazer chá das folhas ou sementes. * Fazer chá, pomada, tintura e xarope das folhas.
8
Organização e implantação de Hortos Medicinais
Planta medicinal é toda planta que exerce ação farmacológica em homens e animais. É aquela planta que contém
princípios ativos responsáveis pelas reações terapêuticas no organismo. “O ambiente se gera e constrói ao longo do
processo histórico de ocupação e transformação do espaço por uma sociedade, portanto, surge como síntese histórica
das relações de intercâmbio entre sociedade e natureza.” (UNESCO).
O Estado do Rio Grande do Sul, situado no extremo sul do país com as variadas condições de clima, possui inú-
meras espécies medicinais nativas realmente eficientes. Garibaldi com um clima mais frio do que a média do Estado
cultiva inúmeras plantas medicinais européias, trazidas pelos imigrantes, com um conhecimento muito grande de seus
efeitos. A alternativa de cultivo de plantas medicinais pode contribuir muito para a saúde das pessoas e do ambiente.
As plantas podem ser classificadas em: árvore, arbusto, subarbusto, erva. Podem ser: anual, bianual, perene.
Podem ser: nativas ou exóticas.
Modo de fazer:
Cortar as plantas bem miúdas e medir XAROPES
Fritar as plantas levemente com a banha, sem deixar Xaropes são preparados líquidos e densos (grossos)
queimar; feitos com água, açúcar ou melado, e com plantas
Coar, acrescentar a cera, embalar e rotular. medicinais ou tinturas.
Dura aproximadamente 6 meses em local fresco. Os xaropes são indicados nos casos de tosse ou ou-
Serve para aplicar em feridas, queimaduras e racha- tras doenças do aparelho respiratório. Podem também
duras da pele. ser utilizados como fortificantes.
Modo de fazer:
Colocar a planta limpa e seca no óleo e fazer banho-
-maria por 30 min.
Coar, embalar e rotular. Dura aproximadamente 6 meses
em local fresco e seco.
Este óleo fortalece a pele, deixando-a macia.
11
Preparo de Salgadinhos e Doces
com Plantas Condimentares
Nos últimos 30 anos houve uma radical mudança nos hábitos alimentares dos jovens. Influenciados pela TV eles
passaram a consumir “alimentos apetecíveis”, mas sem valor nutricional, provocando desequilíbrios no metabolismo
do corpo humano. Precocemente está ocorrendo sobre-peso, colesterol, triglicerídeos, pressão alta e diabetes.
Com o fechamento das escolas no meio rural, a nucleação e a redução de alunos, os jovens foram estudar nas
escolas distritais e da cidade, em geral permanecendo lá para trabalhar, e conseqüentemente perderam a sadia,
diversificada e natural alimentação feita pelas suas mães.
Informações e características sobre algumas das ervas condimentares:
Alecrim (sabor) Mediterrâneo Folhas secas ou frescas Carne, aves, caça, sopas, molhos, risotos
Rosmarinus officinalis
Alho (sabor) Europa Dentes, pastas, pó Molhos, sopas, risotos, conservas, carnes,
Allium sativirum refogados.
Alho-porró (sabor) Ásia Central Toda planta fresca. A parte Parte branca: sopas e batatas cozidas. Folhas:
Allium porrum branca é mais saborosa. ensopados, sopas, refogados (retire depois de
Cortar em rodelas bem finas. cozido)
Alfacava (sabor) Fresca ou seca. Fresca deve ser Embutidos, molhos para massas, peixes
Ocimum gratissimum adicionada ao final cozimento.
Capuchinha (sabor) Peru Botões em conserva Molhos quentes, molhos para saladas,
Tropealum majus Flores, folhas e frutos carnes e peixes. Folhas frescas bem picadas
com manteiga ficam ótimas em pães, saladas.
O fruto no vinagre substitui o cren.
Cebolinha verde (sabor) China Folhas e bulbinhos Molhos em geral, omeletes, queijos, patê
Allium fistolosum
Cominho (sabor) Egito Inteiro, grão Molhos para carnes e peixes, embutidos, queijos,
Cominum cyminum legumes.
Coentro (sabor) Europa Planta fresca. Uso moderado Embutidos, frangos, peixes, hortaliças.
Coriandrum sativus pode causar intoxicações.
Sementes
Erva doce (aroma) Ásia Folhas e sementes Carnes grelhadas, biscoito, pães, bolos,
Anethum foeniculum linguiças, salames.
Endro ou Aneto (sabor) Asia Folhas frescas, sementes Folhas: cortar com tesoura sobre a travessa
Anethum graveolens pronta de peixes, ensopados, molhos e
maioneses, Semente moída: torta de maçã,
biscoitos, folhados.Sementes inteiras: conservas.
Estragão (sabor) Rússia Fresco, em conserva Para quem não pode ingerir sal, o estragão tira a
Artemisia drucunculus insipidez do regime. As conservadas em vinagre
são ótimas para temperar aves, peixes, carne de
coelho e vinagres.
Funcho (sabor) Europa Fresco, seco, sementes Folhas e talos: sopas, molhos, costelas.
Foeninculum vulgare Sementes: pães, torta de frutas, molhos para ma-
carrão, feijão. As folhas de funcho picadas muito
finas corrigem o gosto oleoso de certos peixes
Gengibre (sabor) Índia Rizoma Raiz ralada: molhos para galinha, molho de
Zinziber officinalis tomate, picles. Raiz moída: doces, pães, bolos,
bebidas quentes, sopas.
Gergelim ou Sésamo Índia Sementes. pó Pães, biscoitos, bolos, patê, cremes, pudins,
(sabor)Sesanumi indicum aves, porco, peixe com gersal
Hortelã (sabor) Fresca, seca. Deve ser usada Legumes e verduras e geral. Porco e cordeiro
Menta sp. sozinha sem outro tempero assado. Bolinho de carne. Bolos.
Losna (sabor) Europa Fresca, seca Omeletes e saladas. Junto com a cebolinha
Artemisia absinthum verde e salsa, a losna em pequena quantidade é
ótima sobre assados.
Manjerona (aroma) África Fresca, seca Assados, molhos para carnes. Substitui o
Origanum majorana orégano em pizzas e molhos de tomate, feijão.
Manjericão (sabor) Ásia Folhas frescas: são mais suaves. Em pratos quentes colocar ao final. Massas,
Ocimum basilicum Folhas secas: são mais picantes assados, sopas, carnes.
Mostarda (sabor) Europa Grãos amolecidos no vinagre Grãos inteiros: conservas, assados com carnes
Sinapis alba gordas, linguiças, salsichas, caças de pêlo, peixe,
maionese. Grãos miúdos: é muito ardida.
Misturar com água avinagrada na hora de utilizar
.
Noz Moscada (aroma) Semente (deve ser ralada na hora) Sopas, recheio de capeletti, creme de galinha,
Myristica fragrans peixe frito. Polvilhar nas panquecas e gemadas.
Orégano (aroma) Ásia Fresco, seco Pizzas, molhos, cordeiro, grelhados, picado sobre
Origamum vulgare salada de tomate e pizzas.
13
ERVAS ORIGEM PARTES USADAS ONDE USAR
Pimenta (sabor) Diversas formas de uso : Calabresa (moída ou flocos): embutidos, molhos,
churrascos. Branca (inteira ou moída): utilizado em pratos que não permitem alterar
a cor. Pimenta de cheiro: ensopados em geral. Jamaica: Carnes inteiras ou moídas,
frangos, peixes, patês, cozido de porco e violeta. Malagueta (a mais brasileira das
pimentas): recheios, farofas. Pimenta do reino: molhos, carnes de panela, em grãos,
em conservas, e moderadamente em peixes.
Cren / Raiz forte (sabor) Raíz Molhos, saladas cruas como pepino e rabanete
Nasturtium amoracea ralado com vinagre de vinho. Acompanha cozidos
de carnes e verduras. Torna -se mais fraca
quando acompanhada de creme de leite.
Sálvia (sabor) Europa Folhas Carneiro, cabrito, aves, porco, caças, molhos
Salvia officinalis ensopados.
Segurelha (sabor) Folhas secas Salpicar saladas, pratos com carnes, vegetais
Satureja hortensis cozidos, sopas. É um condimento para alimentos
pesados.
Tansagem (sabor) Europa Folhas Folhas cruas misturadas nas saladas. Folhas
Plantago major cozidas em sopas.
Tomilho (aroma) Europa Fresco e seco Sopa de feijão, mariscos, ostras, carnes, peixes
Thymus vugaris gordurosos, molhos escuros, legumes em geral
Receitas
BISCOITO DE ERVAS BISCOITO DE GERGELIM
Ingredientes: Ingredientes:
2 copos de água fria 1 copo de nata
2 cebolas médias 1 colherinha de sal
1 dente de alho, ou mais se desejar 1 colher de fermento rápido
Meio copo de azeite de oliva ou óleo de girassol, ou nata 1 ovo
fresca Farinha de trigo, farelo de trigo, gergelim e
5 xícaras de farinha integral (mais ou menos 1 kg) orégano ou tomilho
Sal a gosto Semente de linhaça, flocos de aveia
Funcho, salsa ou manjericão a gosto
Semente se caruru e linhaça Modo de fazer
Juntar os ingredientes, fazendo uma massa
Modo de fazer de boa consistência.
Liquidificar a cebola com a água e o alho Amassar bem, espichar a massa bem fina e
Colocar o líquido em uma bacia cortar os palitos. Colocar na forma e assar
Adicionar sal, óleo, ervas picadas e as sementes, juntar a até dourar.
farinha aos poucos, mexendo sempre. Se precisar adicionar
farinha branca até ficar uma massa homogênea
Abrir com o rolo a massa bem fininha, cortar em quadrados
e assar até dourar
14
PALITO DE PIMENTA PÃO COM TEMPERINHO VERDE
Ingredientes: Ingredientes:
3 a 4 pimentas dedo de moça Massa de pão
3 colheres de manteiga Temperinho verde e queijo ralado
¾ xícara ( uma xícara quase cheia) de óleo
1 cebola grande Modo de fazer:
Meia xícara de leite Abrir a massa com o rolo para que fique fina (meio
2 colherinhas (chá) de sal centímetro).
Meio kg de farinha de trigo integral Polvilhar a massa com tempero verde picadinho, e
3 colheres (sopa) de queijo ralado queijo ralado.
1 colher (sopa) de fermento em pó Enrolar, deixar crescer e assar o rocambole. Cortar o
1 colherinha (chá) de açúcar rocambole em fatias finas para servir.
Semente de linhaça
MOLHO AL PESTO
Modo de fazer:
Ingredientes:
Liquidificar a pimenta, o óleo, a manteiga, a cebola, o
1 xícara de manjericão fresco
sal, o açúcar e o leite.
2 dentes de alho
Transferir a mistura para uma bacia, juntar os demais
3 nozes
ingredientes e amassar até desgrudar das mãos. Se
4 colheres (sopa) de azeite de oliva
precisar, juntar mais farinha. Abrir a massa, cortar os
Sal e pimenta a gosto
palitos e assar.
Modo de fazer:
SEMENTES DE ABÓBORA Triturar o alho e as nozes, juntar o azeite e levar ao
TORRADA fogo para refogar bem rapidamente, de modo que
Ingredientes permaneçam de cor clara. Misturar o manjericão bem
Sementes de abóbora e sal picadinho e mexer bem.
Este molho fica muito gostoso na massa, pizza, cana-
Modo de fazer pés e no pão fazendo sanduíche.
Lavar as sementes, colocar um pouquinho de sal
Torrar as sementes conservando a cor, até que fiquem PATÊ DE GRÃO DE BICO (Bastante
crocantes. Excelente como salgadinho. Grande valor nutritivo)
nutritivo.
Ingredientes:
1 xícara de grão de bico
BALAS DE GENGIBRE Água
Ingredientes: Meio dente de alho
2 xícaras de açúcar Salsa e cebolinha
1 colherinha (chá) de mel Orégano
2 colheres (sopa) de gengibre ralado 2 colheres de Óleo
1 colher (sopa) de suco de limão Sal
1 xícara de água
Modo de fazer:
Modo de fazer: Deixar o grão de bico de molho durante 12 horas.
Juntar todos os ingredientes e deixar ferver até o ponto Cozinhar o grão de bico com água
de bala, sem mexer. Quando cozido bater no liquidificador com os temperos
Derramar em prato untado. Fazer as balas. e o óleo, até ficar uma pasta.
No lugar do gengibre podemos colocar a planta medici-
nal que quisermos (guaco, funcho, hortelã).
15
FARINHA DE MANDIOCA MOLHO VERDE PARA SALADAS
TEMPERADA Ingredientes:
Ingredientes: Salsa
1 xícara de farinha de mandioca Cebolinha
2 colheres (sopa) de salsa Hortelã
1 colher (sopa) de manjericão Alho
1 colher (sopa) de cebola picadinha Iogurte natural
1 colher (sopa) de manteiga Azeite de oliva
Sal a gosto
Modo de fazer:
Modo de fazer: Picar bem as plantas, acrescentar o azeite e em segui-
Refogar temperos na manteiga E juntar a farinha de da o iogurte.
mandioca, mexendo sempre até que fique levemente É usado para temperar saladas, especialmente de
torrada. cangica de trigo picadinho
Beldroega É rica em proteínas, vitaminas A, B e C, cálcio, fósforo e ferro. Ao longo dos séculos, foi empregada
(Portulaca oleracea) na cura do escorbuto. Sua mucilagem (substância viscosa) confere-lhe virtudes emolientes, tanto
para uso interno quanto externo. É também depurativa, diurética e vermífuga.
Dente-de-leão Suas folhas contêm propriedades tônicas para o fígado. Combatem a febre, são depurativas,
(Taraxacum officinalis) antidiarréicas e anti-hemorrágicas. Ajuda no controle do colesterol e triglicerídeos, reumatismo e
prisão de ventre. As raízes são usadas como diurético, pois contém inulina e taraxina.
Maria-gorda ou Benção É ingrediente importante nos pratos regionais do norte e nordeste do Brasil. É muito nutritiva. Na
de Deus medicina doméstica, as folhas são usadas como emplasto para acelera a cicatrização de feridas e
(Talinum patens) cortes. Na culinária suas folhas são usadas em refogados, saladas e sopas.
Capuchinha As folhas e flores são ricas em vitaminas C. Abrem o apetite, facilitam a digestão e são calmantes,
(Trapaeolum majus) atuando contra a insônia e controle da psoríase. O seu suco, quando ingerido diariamente, diminui
a formação de catarro e facilita a sua expectoração. Existem pesquisas que indicam a capuchinha
para o tratamento de infecções urinárias sem destruir a flora intestinal. Toda a sua planta é comes
tível. Os botões florais e os frutos são usados como picles. Tem sabor picante que lembra agrião.
O fruto, quando moído com vinagre, substitui o cren para colocar em carne lessa ou assada.
Menstruz Em chás ou xaropes é usado no combate às febres e problemas respiratórios. Seu uso externo é
(Coronopus didymus) recomendado no tratamento de hemorróidas e, em forma de cataplasma no tratamento de luxações
musculares. O suco das folhas é usado contra as doenças do estômago. É usado em saladas,
misturado com o radiche ou outras folhas.
Caruru São ricos em ferro, potássio e cálcio. Vão para a mesa desde o Brasil colonial, quando eram apre-
(Amaranthus ssp.) ciados da casa grande a senzala. Os carurus são usados em refogados, molhos, tortas, lasanhas,
pasteis e panquecas. As folhas e talos devem ser cozidos para eliminar o excesso de ácido nítrico
que prejudica seu sabor. O processo é idêntico ao que se usa com espinafre.
Ora-pro-nóbis Suas folhas são emolientes e laxativas. É rica em minerais, vitaminas e proteínas. Por isso chama-
(Pereskia aculeata.) da de “carne dos pobres”.
Cren É rica em vitamina C. É antisséptica, laxativa e extremamente diurética. Ralada com vinagre acom-
(Armoracia rusticana) panha cozidos de carne e legumes.
Flor de abóbora Pode ser colocada na sopa ou refogados. São muito nutritivas. Fortalecem a pele.
(Cucurbita spp.)
Urtiga Boa para circulação do sangue, depurativa, diurética e digestiva. É boa para gastrite, anemia, asma,
(Urtica urens L.) aumentar o leite, prevenção do câncer, caspa, diabete, digestão, reumatismo... Usada em receitas
de pães, bolos, refogados, guisados, rizotos ou ensopados. É excelente tônico para organismo.
OBS: As folhas de beldroega, dente-de-leão, maria-gorda, capuchinha, menstruz, e ora-pro-nobis devem ser misturadas sempre que possível nas saladas do
dia a dia. O caruru, assim como o espinafre, deve ser primeiro aferventado e depois acrescentados a nossa alimentação para enriquecê-la.
17
Algumas receitas com estas plantas:
Modo de fazer:
Lavar bem os ingredientes. Cortar em pedaços as cenouras
e a laranja. Liquidificar as cenouras, a laranja e a capuchinha
com um pouco de água. Coar. Juntar o suco de 2 limões e o
restante da água. Colocar açúcar e servir.
20
Valor Nutritivo e Vitalidade dos Alimentos
O conhecimento dos alimentos e de seu valor nutritivo é importante para avaliar os nossos hábitos alimentares.
Os ALIMENTOS GERADORES DE VIDA são aqueles que estão potentes e vivos, cheios de energia natural,
por exemplo: germes, brotos de sementes, amêndoas, cereais, legumes, frutas, plantas medicinais e hortaliças. Estes
alimentos, que proporcionam energia e vitalidade, precisam estar presentes em nossa alimentação diária, pois asse-
guram o equilíbrio energético em qualquer idade. Precisamos utilizar diariamente esses alimentos em nosso cardápio
de forma diversificada.
Os ALIMENTOS DESVITALIZADOS são aqueles que sofrem alterações vitais através das formas de conservação,
preparação e industrialização. A desvitalização dos alimentos acontece quando os modificamos pelo cozimento, onde
se perdem as vitaminas e os sais minerais. Quando conservados em geladeiras, ou por processos químicos, perdem
também a energia natural, pois estes processos diminuem a energia da vida, e portanto, diminuem a vida, envelhecendo
precocemente e desvitalizando as células.
Nos ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS deve-se observar o conteúdo nutritivo. Por exemplo: o arroz branco é
um alimento que, além de ter sido retirada a película, que é muito nutritiva, sofre o acréscimo de elementos químicos
para sua conservação. Assim acontece com a maioria dos alimentos industrializados. Eles são desvitalizados porque,
na maioria das vezes, estão cheios de conservantes, corantes, antioxidantes e outros aditivos químicos. São alimentos
desenergizados, mortos e nocivos à saúde humana, portanto, destroem a vida.
A saúde preventiva tem como base o conhecimento da anatomia humana, seu funcionamento, as relações na-
turais do homem com o meio, através de uma nutrição equilibrada, com alimentos e água de qualidade. É de suma
importância conhecer a origem, os valores nutritivos e as formas de manuseio dos alimentos, conservando a vitalidade
dos alimentos para que as pessoas sejam beneficiadas com uma alimentação saudável.
Sintomas causados pela falta de vitaminas B1: Onde encontrar a vitamina B1:
Anemia. Alimentos: cereais integrais, castanhas, farelo de arroz integral,
Reumatismo. frutas, feijões, soja, amendoim, levedo, ervilhas, vagem, espinafre,
Digestão difícil. Gases. Prisão de ventre. mostarda, couve, couve-flor e quiabo.
Dormência. Fadiga. Sonolência.
Formigamentos. Cãibras.
Insônia.
Diminuição de energias.
Paralisia dos nervos, nervosismo.
Nefrite.
Perturbações cardíacas.
Sintomas causados pela falta de vitaminas B2: Onde encontrar a vitamina B2:
Ardor e comichão na vista. Alimentos: castanhas, levedo de cerveja, alfafa germinada,
Atraso no crescimento dos jovens. cogumelos, vegetais verdes, frutas, feijões, amendoim cru,
Cravos e palidez na pele. vagens, leite, creme de leite, queijo, ovos,ervilhas, pimenta
Descamação nos cantos dos olhos e nos vermelha, cenoura crua, agrião e pólen das flores.
lóbulos das orelhas.
Dificuldade de a vista suportar bem a luz e
secura dos olhos.
Feridas nos lábios e na língua.
Rachaduras nos lábios.
Gastrite crônica.
Inflamação na boca e na língua.
Palidez nos lábios e na língua.
Perturbações da visão.
Sintomas causados pela falta de vitamina B3: Onde encontrar a vitamina B3:
Inflamação das gengivas. Alimentos: castanhas, levedo de cerveja, farelo de arroz, cereais
Inflamação na boca e na língua. integrais, gema de ovo, grãos germinados, nozes, pimenta vermelha.
Visão deficiente.
Sintomas causados pela falta de vitamina B5: Onde encontrar a vitamina B5:
Úlceras no estômago. Alimentos: levedo, germe de trigo, farelo de arroz, gema de ovo e
Lesões na pele. pólen.
Fadiga, depressão e insônia.
Sintomas causados pela falta de vitamina B6: Onde encontrar a vitamina B6:
Arteriosclerose. Alimentos: castanhas, amendoim, gergelim, feijão, banana,cereais
Dificuldade em andar. integrais, repolho, leite, creme de leite, ervilha, levedo, farelo de
Diminuição de glóbulos vermelhos arroz, laranja, grãos germinados.
Dores abdominais.
23
Vômitos na gravidez.
Eczemas.
Irritação na pele.
Enfermidades dos órgãos digestivos.
Epilepsia.
Fraqueza em geral.
Sintomas causados pela falta de vitamina B15 Onde encontrar a vitamina B15:
Ácido Pangâmico : Alimentos: amêndoa do damasco, grãos germinados,
Intoxicação do fígado. levedo e arroz integral.
Envelhecimento celular.
27
Revitalização da Gastronomia Colonial
Para quem saiu de um país como a Itália, onde o alimento básico era a polenta, aqui, nas novas terras do Rio
Grande do Sul, no Brasil, o alimento era farto, pois a caça, a pesca, os frutos silvestres e o pinhão estavam disponíveis
no lote colonial.
Ao levantar-se, o colono e a família tomavam um café reforçado com polenta grelhada, salame e queijo, uma
fritada de ovos com cebola ou salame (a fortaia) pão, café e vinho, esse último, presença indispensável. Ao meio
dia: polenta, fortaia, queijo, fava, sopa de feijão reforçada com massa e radiche cozido e temperado com toucinho.
A tarde, na roça: pão, salame, queijo, batata-doce e vinho. A janta constava de polenta, salame, queijo e carne de
porco ao molho.
Nos domingos, dias santificados, Natal e Ano Novo: sopa de capelleti, galinha com massa, risoto. Nesses dias,
havia sobremesa de sagu e doces em compota. E a tarde, café com grostoli e biscoitos, pipoca, amendoim e pinhão.
Nos últimos vinte anos, nas festas coloniais, introduziu-se o churrasco com maionese ou seja, perdemos a diver-
sidade de pratos e estamos imitando os hábitos da alimentação das cidades. Hoje, apenas seis cereais “alimentam”
a humanidade, e a perda da biodiversidade está levando a uma “Macdonalização”. O lanche rápido está provocando
desequilíbrios nutricionais em todas as faixas etárias da população. Em média, cerca de 40% da população brasileira
tem sobrepeso. Enfim, somos o que comemos!
As festas sempre foram os momentos de descontração, felicidade e solidariedade, onde as alegrias e tristezas
eram compartilhadas. Cantava-se e dançava-se, e quando as pessoas retornavam aos seus lares o fardo era leve. As
festas eram aguardadas com meses de antecedência, bem como o uso da fatiota, para os homens, o melhor vestido
para as mulheres, as moças e as meninas, e a calça com suspensório para os meninos. Os sapatos eram lustrados
e o cabelo aparado.
O trabalho na agricultura era de extrema penosidade, de sol a sol e a nutrição precisava ser consistente e forte
como o combustível para os músculos. O açúcar era um produto escasso e caro. O melado, o mel e o açúcar mascavo
adoçavam os alimentos para o domingo e as comemorações festivas. A farinha de milho, como polenta ou pão, e a
batata-doce, substituíam a farinha de trigo.
O tríduo antecedia o dia mágico. Às seis horas: alvorada festiva com o repicar dos sinos. Às nove horas: o café
com biscoitos e a tripada com pão quentinho e com vinho. Em síntese, a festa envolvia todos sem distinção, pois todos
se sentiam importantes atores e protagonistas do evento.
Com o auxílio deste material o leitor terá o prazer de preparar receitas que criaram gerações, e que foram guar-
dadas pelos Clubes de Mães de Garibaldi.
Modo de fazer:
Misturar todos os ingredientes e colocar numa forma
untada para assar.
30
CUCA DE UVA SAGÚ
Ingredientes: Mafalda Piffer – Garibaldi
2 ovos Ingredientes:
1 xícara de açúcar 3 copos de vinho tinto
1 xícara de leite 2 copos de água
2 xícaras de uvas (tirar as sementes) 1 copo de sagu
3 xícaras de farinha de trigo 1 copo de açúcar
1 colher (sopa) de fermento rápido 3 cravos e 1 pedaço pequeno de canela
3 colheres de nata
Modo de fazer:
Modo de fazer: Colocar numa panela o vinho, a água, o sagu, o cravo
Bater os ovos com açúcar e a nata. e a canela e levar ao fogo baixo para cozinhar.
Acrescentar o leite e a farinha peneirada com fermento. Quando o sagu estiver cozido, acrescentar o açúcar
Por último, acrescentar as uvas, polvilhadas com e deixar ferver mais um minuto, somente para
farinha de trigo. desmanchá-lo.
Colocar em forma untada e levar ao forno para assar.
FIGADA
Ingredientes:
FREGOLÁ II Figos
Ingredientes: Açúcar
4 xícaras de farinha de trigo
2 xícaras de açúcar Modo de fazer:
3 ovos Descascar os figos.
4 colheres (sopa) bem cheias de manteiga Levar ao fogo, numa panela, com um pouco de água
1 colher (sopa) de fermento rápido para ferver.
Esmagar os figos ou moer.
Modo de fazer: Para cada quilo de figo juntar de 500 a 600 gramas de
Juntar os ingredientes, fazendo uma farofa. açúcar e 1 colher de suco de limão.
Colocar a metade da farofa numa assadeira untada e Tirar um pouco das “sementes” durante a fervura.
polvilhada com farinha. Ferver até descolar toda a massa do tacho.
Rechear com uvada ou goiabada. Colocar em vidros esterilizados, com tampa.
Cobrir com restante de farofa.
Assar em forno médio até ficar dourada. GELÉIA DE UVA
Cortar em pedaços enquanto estiver quente.
Maria Tereza Girelli – Garibaldi
GROSTOLI Ingredientes:
Uvas
Vera Cagol - Clube de Mães Conquistamos a Paz -
Açúcar
Linha Cruzeiro
Ingredientes: Modo de fazer:
3 ovos Tirar a uva dos cachos e lavar bem.
2 xícaras de leite Colocar numa panela e levar ao fogo para ferver.
3 colheres (sopa) de nata Passar na peneira.
5 colheres (sopa) de açúcar Para cada quilo de uva colocar 600 a 700 gramas de
2 colheres (sopa) de fermento rápido açúcar.
Casca ralada de 1 limão Colocar no tacho. Quando começar a ferver bem
Farinha até dar o ponto contar 45 minutos e retirar do tacho.
Gordura para fritar Colocar em vidros esterilizados, com tampa.
Modo de fazer:
Bater os ovos com açúcar.
Misturar a nata, a casca do limão, o fermento e o leite,
mexendo bem.
Acrescentar a farinha até o ponto de não grudar nas
mãos.
Abrir a massa com o rolo, cortar os grostoli e fritar em
gordura quente.
31
Preparados e Receitas com Plantas Medicinais
para Controle de Pragas e Doenças na
Agricultura
A natureza busca o equilíbrio
No controle natural ou ecológico de pragas e doenças, não se combate o inseto ou microorganismo. Pelo contrário,
procura-se fortalecer a planta para resistir a estes ataques, e procura-se reduzir o número dos insetos e microorganis-
mos, e não eliminá-los completamente.
Antes de controlar a praga ou doença, são observadas as condições onde a planta se encontra: tipo de solo,
clima, vento, luminosidade, etc. O solo geralmente é responsável pela saúde da planta, por isso, em primeiro lugar,
se trabalha no sentido de melhorar as condições do solo. Se o solo estiver desequilibrado, ou seja, com excesso de
alguns nutrientes e falta de outros, a planta também ficará mal nutrida, e os insetos e microorganismos irão atacar com
mais facilidade, deixando a planta doente.
Um solo agrícola deve ser vivo, e para isto deve ser protegido do calor excessivo, da erosão, da perda de umidade,
e ter bastante matéria-orgânica.
A natureza trabalha em ciclos
A natureza funciona em ciclos. A energia do sol, a água, os nutrientes, tudo é utilizado pelas plantas e animais e
reciclado, voltando para a natureza.
Os agrotóxicos são produtos inventados pelo ser humano (no início, para ser usado na guerra), e não existiam na
natureza. Quando utilizamos agrotóxicos, estamos liberando estes produtos, e eles passam a fazer parte dos ciclos
da natureza: estão na água (dos arroios, e da chuva), no ar, nas plantas, nos alimentos e nos animais. Todos os ciclos
são contaminados, e não conhecemos os efeitos destas substâncias a médio e longo prazo.
Influência da lua na agricultura
Os nossos antepassados se guiavam pelas 4 fases da lua. Para construir a habitação, nunca cortavam as plantas
na lua cheia. Para castrar os animais, plantar os cereais e nos cuidados com a horta, o calendário lunar era observado.
Era a “bússola” que norteava a vida animal e vegetal.
ESPÉCIE Minguante Nova Crescente Cheia ESPÉCIE Minguante Nova Crescente Cheia
Alface X XX Gergelim XX
Abóbora X X XX Gengibre XX
Almeirão XX Girassol X
Alho XX Mandioca XX X
Abobrinha X XX Mostarda XX
Agrião XX Milho XX
Arroz XX Melancia XX
Amendoim XX Melão X XX
Beterraba XX Maracujá XX
Berinjela XX Nabo XX
Batata-doce XX X Pepino XX
Batata-salsa XX X Tomate XX
Cenoura XX Pimentão XX
Coentro XX X Yakon XX X
32
ESPÉCIE Minguante Nova Crescente Cheia ESPÉCIE Minguante Nova Crescente Cheia
Cebolinha XX Taioba XX X
Couve XX Inhame XX X
Couve-flor X XX Mucuna XX X
Brócolis X XX Feijão Porco XX X
Chicória X XX Trigo Mourisco X XX
Couve Chinesa X XX Frutas XX X
Cebola XX Feijão vagem XX
Chuchu XX Feijões XX
Azedinha Oxalis oxyptera Solo argiloso, pH baixo, falta de cálcio e/ou molibdênio.
Beldoegra Portuluca oleracea Solo bem estruturado, com umidade e matéria orgânica.
Capim arroz Echinochloa crusgallii Solo anaeróbico, com nutrientes “reduzidos” a substâncias tóxicas.
Cabelo de porco Carex ssp Solo muito exausto, com nível de cálcio extremamente.baixo.
Capim amoroso / Cenchrns ciliatus Solo depauperado e muito duro, pobre em cálcio.
Carrapicho
Carqueja Baccharis ssp Solos que retêm água estagnada na estação chuvosa,
pobres em molibdênio.
Fazendeiro ou picão Galinsoga parviflora Solos cultivados com nitrogênio suficiente, faltando cobre
Branco ou outros micronutrientes.
Insumos usados como fertili- Insumos usados no controle Insumos usados no controle
zantes
de solo ou de plantas de doenças (fungos e bactérias) de insetos-praga
Adubação verde Cinza Cinza
Cinza Enxofre Sal amargo
Pó de rocha Leite e soro de leite
Extrato de plantas diversas (cina-
Farinha de osso Calda bordalesa momo, fumo em corda, pimenta,
arruda, samambaia, urtiga, etc)
Calcário de concha Calda sulfocálcica
Fosfato natural Urina de vaca fermentada Oleo de neem
Esterco Trichoderma Óleo mineral
Biofertilizante simples Outros... Iscas com tayuyá, vinagre+açúcar, etc
Biofertilizante super-magro Armadilha luminosa
Biofertilizante bokashi Bacillus thurigiensis (Dipel)
Composto Baculovirus
Vermicomposto (húmus) Outros...
Urina de vaca fermentada
Ecofós
Outros...
OBS: Os fertilizantes naturais nutrem adequadamente a planta, promovendo maior equilíbrio nutricional e consequentemente mais
resistência ao ataque de fungos, bactérias e insetos. De nada adianta usar insumos naturais para controlar pragas e doenças, se o solo
e a planta estão desequilibrados nutricionalmente, pois os problemas irão voltar!
37
Como preparar alguns destes insumos:
Água de cinza e cal: tem poder fertilizante, auxilia no controle de pragas e doenças:
500 g de cinza de fogão peneirada, 500 g de cal hidratada, 10 litros de água.
Misturar em um balde, agitando de 15 em 15 minutos durante 1h.
Deixar a mistura levemente turva (leitosa) e coar para usar, pulverizando sobre as plantas.
Preparado com soro de leite: controle de doenças e pragas em folhas e frutos do tomateiro
1 litro de soro (sem sal) ou leite desnatado.
1 litro de água.
Misturar bem o leite com água, pulverizar sobre as plantas uma vez por semana.
Adesivo ou cola de figo da índia: para fixar as caldas e extratos nas plantas, diminuindo o es-
corrimento
1 kg de folhas picadas em pequenos pedaços em 10 litros de água;
Deixar repousar por 2 dias, depois coar a calda retirando as folhas picadas.
Usar 1 litro desta cola adesiva para 100 litros de água. A cola adesiva deve ser colocada por últi-
mo no tanque do pulverizador, pois caso contrário, a calda pode coagular. (Pode-se usar também
sabão neutro como adesivo).
39
Biofertilizante simples: é um adubo fermentado simples, barato, vivo e eficiente, que pode ser utilizado
como adubo foliar, ou no solo. Se utilizado puro pode queimar as plantas
30 Kg de esterco bovino fresco.
1 a 3 Kg de cinza.
3 a 6 litros de leite ou soro de leite sem sal.
1 a 3 Kg de açúcar ou melaço.
100 litros de água.
Pode-se também adicionar plantas espontâneas da região, frutas, farinha de osso, fosfato natural, dentre outros
materiais.
- Modo de fazer:
Misturar tudo em um recipiente de plástico, ou de outro material que não seja metal.
Tampar o recipiente de modo que impeça a entrada de animais e de água da chuva, mas que permita a entrada de ar.
Deixar o recipiente no sol para fermentar melhor.
O biofertilizante deve fermentar por 1 a 3 meses, conforme a época do ano (leva mais tempo para ficar pronto no
inverno). Deve ser usado somente após a fermentação, quando estiver estabilizado, diluído em água sempre
que a aplicação for nas folhas. A dose a ser usada varia conforme a cultura, estágio de desenvolvimento da plan-
ta, e a forma de aplicação. Em geral para aplicação foliar a dose varia de 0.1% a 5% e para o uso no solo de 10
a 30%.
Uma planta saudável dificilmente será atacada por pragas ou doenças.
Composto Bocachi: é um adubo natural que fornece nutrientes de forma branda e eficiente às plantas, e
além disso, introduz microorganismos benéficos no solo, e estimula sua multiplicação. Ou seja, estimula o
aumento da vida no solo.
Ingredientes:
200 Kg de terra vermelha (de barranco)
200 Kg de esterco fresco
30 Kg de farelo de trigo ou arroz
50 kg de fosfato natural
20 kg de feijão velho, ou bula de feijão, ou casca de soja
10 kg de calcário
100 kg de pó de rocha
2 litros de fermento para bocachi
3 kg de melaço
1 kg de amido (milho ou canjica ou batata-doce ou mandioca cozidos, ou farinha de mandioca)
- Modo de fazer:
Esparramar a terra com 50 % de umidade, em chão batido ou cimentado. Acrescentar os outros ingredientes e ir
misturando bem com pá ou enxada. Manter a mistura úmida, mas não encharcada.
Amontoá-la e cobri-la com sacos de aniagem ou esteiras.
É necessário manejar a mistura, pois, após apenas 24 horas de conclusão, pode atingir até 65 ºC. Quando isso
ocorre é necessário repicar a pilha. Entre 7 e 10 dias o bokashi estará estabilizado e pronto para o uso. O bio-
fertilizante poderá ser armazenado em sacos de aniagem, quando seco a 12% de umidade.
Obs: a terra deve ser argilosa, retirada de barranco, com baixo teor de matéria orgânica e microorganismo. Uma
forma prática de verificar se a terra está a 50 % de umidade é pegar um pouco dela e apertar na mão. Não deve
escorrer água, e quando se abre a mão a terra esboroa facilmente.
Modo de usar:
O bokashi pode ser utilizado imediatamente após o seu preparo, ou depois de armazenado. Quando aplicado no
sulco, põe-se 150 gramas por metro linear. Pode ser aplicado também a lanço, à base de 600 gramas a 1 kg por
metro quadrado.
40
Fermento Caseiro para Bocachi:
Ingredientes:
40 kg de farelo de arroz ou trigo
O mesmo volume de folhas e madeira em decomposição de mato virgem de sua propriedade
5 litros de melaço ou melado ou açúcar mascavo
5 litros de soro de queijo sem sal
Modo de fazer:
Juntar todos os ingredientes e misturar bem. Se tiver algum galho ou outro material um pouco grande, podem
ser retirados. Depois de bem misturado, o material deve estar um pouco úmido, em torno de 40 a 50%. Se for usado
açúcar mascavo, deve-se colocar um pouco de água, algo em torno de 3 litros ou mais.
Colocar a mistura em um tonel e compactar um pouco para retirar o ar. Sobre o material compactado, colocar um
plástico para separar o ar restante que está dentro do recipiente. A fermentação é anaeróbica (sem ar), portanto, o
recipiente deve ser bem vedado.
A receita pode ser reduzida de acordo com as necessidades de cada um ou de acordo com o tamanho do tonel
vedado que se tem.
Importante: Deixar a fermentação ocorrer por 30 dias sem abrir o tonel.
Continuação da fermentação:
Ingredientes para a fermentação líquida:
20 kg de fermento pronto (citada acima), ou 20 litros de fermento líquido (no caso de caso de já ter sido feito uma
ou mais vezes o fermento de forma líquida)
20 kg de farelo de arroz ou trigo
5 litros de melaço ou açúcar mascavo
5 litros de soro de queijo sem sal
Completar um tonel de 200 litros com água não clorada.
A fermentação é anaeróbica (sem ar) e deve ser feita por no mínimo 15 dias.
Importante: Esta fermentação pode ser repetida por no máximo 4 vezes, depois disso, é necessário iniciar novamen-
te para não perder a qualidade.
Modo de fazer:
Completar um tonel de 200 litros com água
Fazer fermentação anaeróbica (sem ar) por 3 dias e usar no bokashi.
41
Preparados e Receitas com Plantas
Medicinais para uso animal
Até algumas décadas atrás, entre os agricultores familiares da região italiana, não havia remédio para a cura das
doenças dos animais. Também não havia médicos veterinários para prescrever medicação. As soluções sempre foram
muita criativas e as plantas medicinais estavam sempre presentes na prevenção e cura das doenças.
Nos nossos dias exitem profissionais na área da saúde animal, e muitos produtos sintéticos de uso veterinários.
Porém, em geral, os efeitos colaterais são danosos a quem consome o alimento, como é o caso dos antibióticos, que
deixam resíduos no leite.
O uso da fitoterapia animal vem crescendo em todo mundo, usada tanto para prevenção como para controle de
doenças como a mamite. A fitoterapia (junto com a homeopatia) é a forma mais barata, não agressiva, e saudável de
prevenir e curar as doenças dos animais domésticos.
POMADA CICATRIZANTE
Ingredientes:
200g de gordura (banha, óleo de girassol)
Meia xícara de tansagem picada.
Meia xícara de arruda picada.
Meia xícara de mil-em-rama picada.
Mucilagem de 1 folha de babosa.
1 xícara de confrei picado.
6 colheres de cera de abelha ralada.
Modo de fazer:
Colocar a gordura na panela com as plantas e aquecer com fogo brando até as plantas largarem a sua cor na
gordura.
Retirar do fogo, deixar esfriar um pouco, juntar a mucilagem da babosa, mexer bem e coar.
Juntar a cera da abelha, esquentar um pouco se for necessário. Embalar e rotular.
Dura aproximadamente 6 meses em local fresco.
Opcional: Na hora em que misturamos a mucilagem da babosa pode-se misturar 1 colher (sopa) de borra de própolis.
Modo de fazer:
Colocar num vidro esterilizado as cascas, cobrir com óleo e ferver em banho-maria por 30 minutos.
Coar, envasar e rotular. Passar o óleo no úbere da vaca para proteger da mamite.
O efeito é ainda melhor quando antes de passar o óleo, lavamos com o chá desinfetante.
CHÁ DESINFETANTE
Ingredientes:
Malva ou picão ou tansagem ou carqueja ou chá-de-bugre ou alecrim (100 g de plantas para 1 litro de água)
Modo de fazer:
Juntar a planta e a água, ferver por 3 minutos em panela com tampa. Deixar amornar e coar.
Uso geral em animais e equipamentos.
PREPARADO DE CARQUEJA
(Para controle da verminose)
30 a 50 gramas de carqueja seca moída misturada na ração, por dia, durante 5 dias.
Pode-se usar carqueja, hortelã, alho, losna, erva-de-santa-maria e outras.
42
PREPARADO DE CRAVO-DE-DEFUNTO OU ARRUDA OU CAATINGA-DE-MULATA
(É utilizado para controlar pulgas e piolhos).
Ingredientes:
100 g de folhas da planta escolhida (no caso do cravo-de-defunto, usar as flores)
1 litro de álcool .
Modo e fazer
Triturar as folhas ou flores, colocar no álcool e tampar bem. Deixar descansar por 4 dias no escuro.
Coar a mistura e diluir em 20 litros de água.
Pulverizar sobre os animais e também sobre os locais onde eles dormem.
Modo de fazer:
Picar bem o fumo e misturar no óleo queimado .
Passar esta mistura nos locais atacados até desaparecer, e preventivamente sobre o dorso do animal, uma
vez por semana.
Embalar o restante em garrafa de vidro em local escuro.
Modo de fazer:
Moer o alho e guardar separado dentro de um pote fechado, em forma de pasta.
Toda vez que fornecer sal mineral, fornecer junto o alho na proporção de 5%, como indica a receita.
Modo de fazer:
Triturar as folhas secas.
Misturar o pó da folha na alimentação do animal nas seguintes proporções:
. BOVINOS: de 25 a 50 g por dia.
. OVELHAS: de 5 a 10 g por dia.
. CACHORRO: de 2 a 5 g por dia.
. AVES: de 1 a 2 g por dia.
DIARRÉIA DE TERNEIRO:
Ingredientes:
Folhas de goiabeira
Modo de fazer:
Utilizar 100g de folhas de goiabeira para um litro de água fervente.
Deixar esfriar, coar e fornecer 200ml de chá ao terneiro por dia, durante 3 dias.
43
USO DE BABOSA PARA CONTROLAR FERIMENTOS:
Modo de fazer:
Extrair o suco amassando a babosa, manualmente ou batendo no liquidificador as folhas de babosa.
Passar o suco sobre a ferida .
INFLAMAÇÃO DO ÚBERE
Ingredientes:
Sabugueiro, arruda e menstruz.
Modo de fazer:
Preparar o chá com 100g de folhas em meio litro de água fervente, e acrescentar uma pitada de sal. Com o chá
obtido das plantas, depois de gelado fazer compressas e massagens, uma vez por dia, durante 5 dias.
PREPARODO DE CINAMONO
(Para controle de carrapato)
Ingredientes:
1 kg de folhas de cinamomo
20 litros de água
Modo de fazer:
Fazer um chá (infusão) com 1 quilo de folhas de cinamomo e 20 litros de água.
Ou deixar as folhas de molho por 2h.
Banhar os animais sempre ao final da tarde.
PREPARADO DE ARRUDA
(Para controle de carrapato)
Ingredientes:
50 gramas de folhas de arruda
1 colher (sopa) de sal
1 litro de álcool ou cachaça
Modo de fazer:
Colocar a arruda num vidro com tampa, o sal e o álcool ou cachaça e deixar em infusão por 15 dias, no escuro.
Coar e passar no animal sempre no final da tarde.
44
Preparados e Receitas com Plantas Medicinais
e Aromáticas em Produtos de Higiene e Limpeza
Higiene é o conjunto de hábitos sadios que cada um deve ter para com seu corpo, os utensílios e o ambiente,
preservando não só sua saúde, mas também a dos outros e do meio ambiente.
Há algumas décadas atrás só havia o sabão feito em casa, o esfregão de aço, a cinza do fogão e a esponja ve-
getal. Atualmente, porém, há uma infinidade de produtos sintéticos e tóxicos utilizados para estas finalidades, muitos
deles extremamente agressivos à saúde e ao ambiente. Além disso, grande parte do orçamento mensal de muitas
famílias é utilizado na aquisição de produtos de higiene e limpeza.
As plantas aromáticas e medicinais são cada vez mais pesquisadas e utilizadas na elaboração de produtos de
higiene e limpeza, com ótimos resultados, além de serem menos agressivas ao ambiente e à saúde, e de menor
custo.
Abaixo, tabela de ervas e suas propriedades cosméticas:
Modo de fazer:
Desmanchar a soda em 2 litros de água
AMACIANTE DE ROUPAS:
Desmanchar o polvilho e o sabão em pó em meio litro Ingredientes:
de água 1 sabonete azul pequeno (90 g)
No balde da soda derretida misturar a gordura morna, 100 ml de água de rosas
o restante da água, o polvilho desmanchado e por 1 colher de sopa de glicerina
último o detergente. 1 litro de água fervente
Mexer por mais ou menos 30 minutos e colocar na 4 litros de água
caixa para cortar no dia seguinte.
Modo de fazer:
Raspar o sabonete, juntar a água fervente e mexer
PREPARADO PARA LIMPEZA DE bem, até derretê-lo completamente.
VIDROS (JANELAS) Despejar o restante da água de rosas e a glicerina.
Ingredientes: Guardar em frasco bem fechado e rotular: AMACIANTE
1 copo de álcool DE ROUPAS.
Meio copo de água
Meio copo de vinagre OBS: O amaciante de roupas pode ser substituído por
vinagre de maçã. Neutraliza a força do sabão e a roupa
Modo de fazer: fica macia.
Juntar os 3 ingredientes
Passar com um pano nos vidros.
48
Boas Práticas de Higiene no Preparo de Alimentos
O preparo de alimentos é uma arte e tem grande importância econômica, social e cultural para as famílias
rurais. Por não conterem aditivos químicos, os alimentos produzidos artesanalmente exigem cuidados redobrados
na sua fabricação, para evitar contaminações nocivas à saúde do consumidor e assegurar maior durabilidade aos
produtos.
Todos as pessoas envolvidas no preparo de alimentos precisam conhecer e adotar as Boas Práticas de Hi-
giene, como forma de garantir a produção de alimentos seguros, que atendam as normas higiênico-sanitárias e de
qualidade.
QUANTO AS PESSOAS:
O manipulador de alimentos é a principal fonte de contaminação dos alimentos, por isso é necessário que conhe-
ça e adote cuidados de higiene pessoal, para que possa produzir alimentos com qualidade.
As mãos merecem cuidados especiais porque representam uma grande fonte de contaminação dos alimentos.
As unhas devem ser mantidas curtas, limpas e sem qualquer tipo de esmalte.
O manipulador de alimentos deve lavar e desinfetar as mãos e os braços até a altura dos cotovelos cuidadosa-
mente, antes do ínicio dos trabalhos, toda vez que mudar de atividade durante o trabalho, imediatamente após o uso
do banheiro, após pentear os cabelos, depois de comer, fumar, assoar o nariz, depois de manipular lixo ou restos de
alimentos e todas as vezes que for necessário.
QUANTO AS INSTALAÇÕES:
- A localização e a construção são também aspectos importantes a serem considerados nas Boas Práticas de Fabrica-
ção, com o objetivo de prevenir contaminação do produto durante o processo ou depois de fabricados.
- As unidades de processamento de alimentos devem estar situadas em locais isentos de odores indesejáveis, fumaça,
pó e poluentes. Devem ser construídas de tal modo que permitam a limpeza fácil e adequada e evitem a penetração
e permanência de insetos, pássaros ou outros animais.
- Devem ser planejadas de forma a permitir a separação das áreas. O local de recebimento da matéria- prima deve
ser separado do local de processamento. Deve-se ter também um local separado para armazenar produtos não-
-comestíveis.
- É necessário planejar o destino que vai ser dado aos efluentes da unidade de processamento, para evitar danos ao
meio ambiente e manter a limpeza dos arredores.
50
Teto:
O teto deve ser construído e ou acabado de modo que impeça o acúmulo de sujeira, facilite a higienização, apre-
sente resistência à umidade e vapores, e que possua vedação adequada.
Piso:
Nas áreas de manipulação de alimentos, os pisos devem ser de material resistente ao trânsito, impermeáveis,
laváveis e antiderrapantes. Devem ser fáceis de limpar e não possuir frestas.
Paredes:
As paredes devem ser revestidas de materiais impermeáveis e laváveis e de cores claras, até uma altura mínima
de 2 metros. Pode-se usar o azulejo, o laminado plástico ou pintura à base de epóxi (massa própria com aplicação
em paredes em camadas monolítica de 2 a 3 mm de espessura). Devem ser lisas e sem frestas, fáceis de limpar
e desinfetar.
Portas e janelas:
As janelas e outras aberturas devem ser construídas de maneira a se evitar o acúmulo de sujeira. Aquelas que se
comunicam com o exterior devem ser providas de telas como proteção antipragas.
Vestiários e banheiros:
Vestiários e banheiros de uso dos funcionários devem estar completamente separados das áreas de processamento,
de embalagem e de armazenamento.
Iluminação:
O local de processamento de alimentos deve ser bem iluminado para que o trabalho se desenvolva com rapidez
e precisão.
Ventilação:
As áreas de produção devem ser bem ventiladas, especialmente aqueles locais com equipamentos que produzam
excessivo calor ou vapor no ambiente, a fim de evitar a condensação de vapor d’água e a consequente profileração
do mofo nas partes altas, o que poderá contaminar os produtos.
Instalações elétricas:
A rede elétrica deverá ser bem dimensionada e com todas as proteções necessárias. Para evitar acidentes, sempre
usar os sistemas de aterramento de todos os equipamentos.
Suprimento de água:
As áreas de produção devem dispor de abundante suprimento de água potável. Para garantir a qualidade da água,
armazená-la em reservatório limpo e vedado.
Controle de pragas:
A presença de insetos, roedores, pássaros, cães e gatos é altamente indesejável na indústria de alimentos. Esses
animais constituem fonte de contaminação quando em contato com as áreas de processamento, de embalagem ou
de armazenamento e representam riscos à saúde do homem, à segurança e à qualidade de alimentos.
O controle desses animais é denominado controle de pragas, e deve ser executado com cuidado por profissionais
e empresas especializadas, devidamente credenciadas e registradas nos órgãos de saúde. Também os produtos
utilizados devem ser registrados.
Paredes Semanal Detergente neutro e hipoclorito de Lavagem com detergente neutro com auxílio de bucha.
sódio a 220 ppm de cloro ativo(*) Enxágue com água corrente.
Banho com solução de hipoclorito de sódio.
Secagem natural.
Tubulações Bimestral Detergente neutro e hipoclorito de Lavagem com detergente neutro, com auxílio de escova
externas sódio a 220 ppm de cloro ativo(*) Enxague com água corrente com auxílio de mangueira.
Banho com solução de hipoclorito de sódio.
Secagem natural.
Portas e Mensal Detergente neutro e hipoclorito de Limpeza com pano umedecido em detergente neutro.
janelas sódio a 220 ppm de cloro ativo(*) Sanitização com pano umedecido em solução de
hipoclorito de sódio.
B) utensílios / equipamentos
Tachos de cobre
Diária, um pouco Detergente neutro, Lavagem com água, detergente neutro e esponja; passar limão e sal
antes do uso limão e sal para manter a superfície bem brilhante e sem depósito da camada
verde de hidrocarboneto de cobre (azinhavre ou zinabre), que se
forma nos tachos expostos ao ar e à umidade; enxágue em água
corrente e secagem com calor.
Tachos e panelas Diária, antes e Detergente neutro e Lavagem com água e detergente neutro com o auxílio de bucha;
de alumínio, após o uso hipoclorito de sódio a enxágue com água corrente, de preferência quente; pulverização de
mesas, bancadas a 200 ppm de cloro solução de hipoclorito de sódio ou banho com solução hipoclorito
ativo (*) de sódio; secagem natural.
Peneiras, ralos, Diária, antes e Detergente neutro e Lavagem com água e detergente neutro com o auxílio de bucha;
facas, colheres, hipoclorito de sódio enxágue com água corrente, de preferência quente; pulverização de
pás, etc... a 200 ppm de cloro solução de hipoclorito de sódio ou banho com solução hipoclorito de
ativo (*) sódio; secagem natural.
Caixas de Diária, após Detergente neutro e Lavagem de caixas com detergente neutro com auxílio de bucha;
polietileno o uso hipoclorito de sódio enxágue em água corrente; pulverização de solução de
a 200 ppm de cloro hipoclorito de sódio.
ativo (*)
52
C) sanitário e recipientes de lixo
Recipientes
Diária, no ínicio Sacos de plástico; Manutenção dos recipientes para lixo, com sacos plásticos resistentes
de lixo
de cada turno detergente neutro e no seu interior e devidamente tampados; não permitir que os sacos
e semanal hipoclorito de sódio fiquem muito cheios, para possibilitar que sejam amarrados; a coleta
a 200ppm de cloro de lixo deve ser diária.
ativo (*) Higienização: remoção dos resíduos; lavagem com detergente neutro,
com auxílio de escova; enxágue com água corrente; banho com
solução de hipoclorito de sódio; ação por 10 minutos; secagem.
(*) Orientação para o preparo da solução de hipoclorito de sódio para a sanificação: preparar a solução de hipoclorito
de sódio pouco antes do uso; é recomendado o uso de luvas para o seu manuseio; manter a embalagem do
produto sempre fechada.
Para o preparo da solução, usar 2 ml de hipoclorito de sódio a 10 % de cloro ativo para cada litro de água.
PROCEDIMENTO DE PRODUÇÃO
Os procedimentos de produção, ou seja, as tecnologias utilizadas devem ser adequadas à capacidade e às
condições do equipamentos e instalações.
É importante seguir o fluxo de processamento recomendado, para facilitar o trabalho, o acompanhamento e o
controle de pontos importantes do processamento.
Respeitar as particularidades de cada tecnologia trabalhada.
INFORMAÇÕES AO CONSUMIDOR
O rótulo é a identificação do produto e deve conter todas informações que o consumidor precisa saber quanto
à composição do produto, à forma de utilização, à manutenção do produto, dentre outras informações.
O fabricante deve colocar no rótulo um telefone para contato, pois por meio desse mecanismo poderá conhe-
cer melhor a situação do seu produto no mercado e atender a eventuais reclamações.
O fabricante precisa conhecer a legislação específica à rotulagem de alimentos.
ARMANEZAMENTO E TRANSPORTE
O local e a forma de armazenagem dos produtos fabricados têm também uma grande importância, pois pode
acontecer de se ter todos os cuidados durante o processamento, porém a armazenagem inadequada pode
colocar tudo a perder.
Por isso é necessário seguir as recomendações para armazenagem de cada tipo de produto.
Em caso de se usar estrados ou prateleiras, deixá-los afastados da parede para facilitar a limpeza e a circu-
lação de ar. Os produtos devem ser organizados de modo que aqueles produzidos primeiro fiquem na frente,
assim serão os primeiros a serem comercializados.
O transporte deve ser em veículo adequado às condições do produto transportado.
54
GLOSSÁRIO
Abscesso: Cavidade com pus.
Aclimatação: Maneira pela qual um animal ou planta se adapta a mudança no seu meio ambiente.
Adstringente: Que produz constrição, relativo a, ou aquilo que causa contração ou sensação de repuxamento
na pele ou em outro tecido orgânico.
Afecção: Alteração da saúde. Perturbação patológica localizada em determinado órgão. Doença, enfermidade.
Afonia: Perda de voz parcial ou total.
Afrodisíaco: Estimulante das funções sexuais.
Alcoolatura: Tintura a partir de material fresco; produto obtido do processo em que consiste a maceração de
uma planta no álcool.
Alicina: Responsável pelo odor característico de alho.
Analgésica: Que suprime a dor, que paralisa, anestésica.
Anemia: Fraqueza (diminuição da hemoglobina).
Anorexia: Redução ou perda de apetite para alimentos.
Ansiolítica: Que combate a ansiedade; tranqüilizante.
Anti-hemorrágico: Faz estancar a hemorragia.
Anti-hemorroidal: Combate hemorróidas.
Anti-hipertensiva: Que faz reduzir a pressão arterial.
Antiácido: Combate a acidez gástrica.
Antiarréico: Combate a diarréia, a eliminação de fezes líquidas.
Antiemético: Substância que evita o vômito.
Antiespasmódico: Substância que evita ou alivia espasmos e contração súbitas.
Antifebril: Que combate a febre.
Antimicrobiana: Que combate micróbios.
Antinevrálgico: Combate a nevralgia (dor aguda provocada por lesões de um nervo) e suas manifestações.
Antisséptico: Desinfetante.
Antitérmico: Que reduz a temperatura corporal.
Arteriosclerose: Doença degenerativa que causa o endurecimento das paredes das artérias.
Artrite: Inflamação dolorosa das juntas.
Antioxidante: Qualquer classe de composto que se adiciona a outras substâncias para retardar a oxidação, a
determinação e rancificação.
Bálsamo: Aromático e reconfortante.
Béquico: Combate a tosse.
Bulbo: Órgão vegetal formado por um caule subterrâneo, com numerosas folhas muito unidas e carnudas,
cheias de reservas nutritivas e que permite às plantas renovar anualmente suas partes aéreas.
Carcinogênico: Que produz câncer.
Cardiotônico: Que fortalece o coração.
Carminativa: Que faz eliminar gases.
Cataplasma: Pasta medicamentosa aplicada, entre dois panos, a uma parte do corpo dorida ou inflamada; afetada.
Cefaléia: Dor de cabeça.
Cirrose: Alteração degenerativa com proliferação, promovendo endurecimento de um órgão como o fígado.
Cistite: Inflamação da bexiga urinária.
Colesterol: Elemento componente da gordura animal.
Colite: Inflamação do intestino grosso.
Compressa: Chumaço de gaze ou outro material usado para fazer compressão sobre qualquer parte do corpo.
As vezes pode conter medicamento, ou proporcionar apenas calor.
55
Constipação: Prisão de ventre. Resfriado, gripe, gripe comum.
Depurativo: Que limpa purifica.
Dermatose: Doença de pele.
Desmineralizar: Retirar ou perder sais minerais do organismo.
Diabete: Aumento do açúcar no sangue.
Diurético: Ajuda a eliminação da urina.
Dismenorréia: Menstruação difícil e dolorosa (cólicas)
Diurética: Aumenta a diurese (ou secreção urinária), quantidade de urina.
Eczema: Crosta na pele.
Emenagogo: Restabelece o fluxo menstrual; provoca a menstruação.
Emética: Que provoca vômitos.
Emoliente: Que abranda uma inflamação.
Emplasto: Medicamento para uso externo, que contém substância que amolece ao calor do corpo, e a este adere.
Encefalite: Inflamação no cérebro (dor de cabeça).
Entouceirada: Com tronco múltiplo, possibilitando alta produtividade.
Erisipela: Inflamação de pele com vermelhão e febre.
Escara: Crosta proveniente de modificação de tecidos, produzidos por gangrena ou cautério.
Escorbuto: Falha de vitamina C (que causa hemorragia, principalmente na gengiva).
Espasmolítico: Que tem capacidade ou tendência para aliviar, acalmar espasmo e contração súbita.
Espasmos: Distúrbio motor dependente de irritação sobre qualquer ponto caracterizado por concentração involuntá-
ria violenta de um músculo ou grupo de músculos.
Estomáquica: Relativo ao estômago.
Estomatite: Inflamação da mucosa da boca.
Estrogênio: Nome genérico de certos hormônios femininos; que estimula a função ovariana.
Expectorante: Que facilita a saída das secreções das vias respiratórias.
Febrífuga: Que combate a febre.
Flatulento: Que acumula gases.
Flebite: Inflamação nas veias.
Fotossensibilidade: Sensibilidade às radiações luminosas.
Gastrite: Inflamação do estômago.
Gengivite: Inflamação das gengivas.
Gota: Circulação anormal do sangue provocada pelo ácido úrico causando fortes dores no corpo (reumatismo).
Hematomas: Vazamento do sangue que forma mancha ou tumor.
Hemorróidas: Varizes na veia do ânus.
Hepático: Que se refere ao fígado.
Hepatite: Inflamação do fígado.
Hepato protetor: Estimula e protege as funções do fígado.
Hipoglicemiante: Que diminui a quantidade de glicose no sangue.
Hipotensor: Reduz a pressão arterial.
Impingem: Doenças da pele que forma erupção
Micose: Doença de pele causada por fungo.
Nefrite: Inflamação do rim.
Neurastenia: Popular mau humor; doença mental caracterizado por fraqueza física, grande irritabilidade, dor de ca-
beça, e alteração do sono.
Oftalmia: Inflamação do globo ocular.
56
Panarícios: Tumor inflamatório, na ponta dos dedos ou na raiz das unhas.
Pólipos: Pequeno crescimento de células internamente (tipo verrugas)
Prurido: Coceira, comichão.
Psoríase: Doenças de pele que se manifesta por escamações.
Purgativo: Que purifica, que limpa.
Raquitismo: Definhamento, fraqueza.
Renite: Inflamação na mucosa nasal.
Reumatismo: Inflamação dolorosa nos músculos e articulações.
Rizoma: Caule subterrâneo que cresce horizontalmente, ramificando-se para dar origem a novas plantas; ocor-
re, por exemplo, no bambus, no gengibre, na cana.
Sedativa: Que seda ou acalma; calmante.
Sonífero: Que produz sono.
Tônico: Revigora e estimula o organismo debilitado.
Toxina: Substância produzida por bactérias, que perturba funções orgânicas.
Umectante: Que umedece ou dilui.
BIBLIOGRAFIA
- BRAGANÇA, Maria da Graça. Boas práticas de fabricação para o processamento artesanal de alimentos.
Belo Horizonte. EMATER-MG, 2001.
- BRANCO, Verônica B. Saúde e qualidade de vida. Editora Paulinas. São Paulo, 2004.
- BURG, Inês C.; MAYER, Paulo H. Manual de Alternativas Ecológicas para Prevenção de Pragas e
Doenças. Francisco Beltrão, PR. Editora Grafit, 1999.
- CASTRO, Luiz Osório de; CHEMALE, Vera M. Manual de identificação e cultivo de plantas medicinais,
condimentares e aromáticas. Porto Alegre, 1993.
- CENTRO ECOLÓGICO. Agricultura Ecológica, princípios básicos. 2005.
- CORREA Jr, Cirino; MING, L.C; SCHEFFER, M. C. Cultivo de Plantas Medicinais Condimentares e
Aromáticas. Curitiba, EMATER-PR, 1991.
- FRANCO, Ivanir J.; FONTANA, Vilson L. Ervas e Plantas. Editora Edelbra. RS, 2005.
- FRÓES, Vera; ROCHA, Antônio. Alquimia Vegetal: Como fazer sua farmácia caseira. Editora Nova Era.
RJ, 2000.
- LOPES, Amélia M. V. Plantas usadas na medicina popular do RS. Editora da UFSM. Santa Maria,1997.
- LORENZI, H. Plantas Medicinais do Brasil: nativas e exóticas e cultivadas. Editora Plantarum.
Nova Odessa, SP, 2002.
- PROJETO PLANTAS VIVAS. Fórum pela Vida. Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia
Legislativa do Rio Grande do Sul. 1999.
- REVISTA NATUREZA. Edição especial “Ervas e temperos”. Editora Europa, 1997.
- RUDDER, Maury C. de. Guia Compacto das Plantas Medicinais. Editora Rideel. São Paulo, 2002.
- SIMÕES. C.M.D. Plantas dA Medicina Popular do Rio Grande do Sul. Editora da UFRGS.
Porto Alegre, 1988.
- VIDAL, Eunice L. Saúde com Sabor. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP, 2003.
- ZATTA, Irmã Maria. A farmácia da natureza. Editora Paulinas. São Paulo, 2007.
- ZURLO, Cida. As Ervas comestíveis: descrição, ilustração e receitas. Editora Globo. São Paulo, 1990.