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PESQUISA ORIGINAL
Editado por:
Com Stough,
Universidade de Tecnologia de Swinburne,
Austrália
Revisado por:
Guy J. Curtis,
Universidade da Austrália Ocidental,
Austrália
Marius Van Dijke,
Erasmus University Rotterdam,
Holanda
*Correspondência:
Muhammad U. Manara
untung.manara@maastrichtuniversity.nl;
muhammad.untung@unmer.ac.id
Seção especializada:
Este artigo foi submetido para
Psicologia Organizacional, uma
seção da revista
Fronteiras em Psicologia
Recebido: 30 de junho de 2020
Aceito: 20 de outubro de 2020
Publicado: 13 de novembro de 2020
Citação:
Manara MU, van Gils S,
Nübold A e Zijlstra FRH (2020)
Corrupção, rápida ou lenta? A liderança
ética interage com o
maquiavelismo para influenciar o intuitivo
Pensamento e Corrupção.
Frente. Psicol. 11:578419.
doi: 10.3389/fpsyg.2020.578419
Fronteiras em Psicologia | www.frontiersin.org
publicado: 13 de novembro de 2020
doi: 10.3389/fpsyg.2020.578419
Corrupção, rápida ou lenta? A
liderança ética interage
com o maquiavelismo para
influenciar o pensamento intuitivo e a corru
Muhammad U. Manara1,2 *, Suzanne van Gils3, Annika Nübold1 e Fred R. H. Zijlstra1
1Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, Universidade de Maastricht, Maastricht, Holanda, 2Faculdade de Psicologia,
Universidade de Merdeka Malang, Malang, Indonésia, 3Departamento de Comunicação e Cultura, BI Norwegian Business
Escola, Oslo, Noruega
A liderança ética tem sido sugerida como um fator organizacional que pode reduzir
comportamentos antiéticos em uma organização. Ampliamos esta pesquisa examinando como e
quando a liderança ética poderia reduzir a corrupção dos seguidores. Examinamos o papel
moderador do maquiavelismo dos seguidores e o papel mediador do estilo de pensamento
intuitivo no efeito negativo da liderança ética na corrupção. Em dois estudos diferentes (estudo
de campo e experiência), descobrimos que a liderança ética diminui a corrupção dos seguidores
(Estudos 1 e 2) e que este efeito negativo é mediado pelo estilo de pensamento intuitivo dos
seguidores (Estudo 2). Além disso, o maquiavelismo dos seguidores moderou o efeito negativo
direto da liderança ética sobre a corrupção. No entanto, o padrão desta moderação não foi
consistente. No Estudo 1, descobrimos que a liderança ética tem o impacto negativo direto mais
forte sobre a corrupção quando o maquiavelismo dos seguidores é elevado, enquanto no Estudo
2, descobrimos que a liderança ética tem o efeito negativo direto mais forte sobre a corrupção
quando o maquiavelismo dos seguidores é baixo. Serão discutidas as implicações teóricas para
a corrupção, a liderança ética e a investigação sobre processamento de informações, bem como
as implicações práticas para a prevenção da corrupção.
Palavras-chave: corrupção, liderança ética, maquiavelismo, estilo de pensamento intuitivo, pesquisa, experimento
INTRODUÇÃO
Casos de corrupção são noticiados na mídia quase todos os dias. A corrupção refere-se ao
comportamento antiético, que se caracteriza pelo uso indevido do poder público ou organizacional
(Anand et al., 2004), causando danos não apenas às organizações, mas também à sociedade. Por
exemplo, a corrupção foi identificada como uma das causas profundas da pobreza (Gupta et al.,
2002). Uma vez revelada a corrupção, a organização envolvida na corrupção enfrenta um problema
de confiança pública (Mauro, 1995). A pesquisa sobre corrupção que adota uma perspectiva de nível
micro (Jancsics, 2014) explorou antecedentes individuais, como personalidade, atitudes e objetivos (Rabl e Kühlma
Zhao et al., 2016) e antecedentes situacionais, como normas sociais e clima ético (Köbis et al., 2015;
Gorsira et al., 2018b).
Com base no modelo interacionista de tomada de decisão ética nas organizações (Trevino, 1986),
focamos na liderança ética (Brown et al., 2005) e no maquiavelismo
1 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419
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Manara et al. Liderança Ética e Corrupção

(Christie e Geis, 1970) como factores situacionais e individuais que
podem contribuir conjuntamente para a corrupção. Pesquisas anteriores
já demonstraram que a liderança ética é um fator organizacional/
situacional benéfico na redução de comportamentos antiéticos nas
organizações (Brown e Treviño, 2006;
Den Hartog, 2015). Os líderes éticos desempenham um papel de
modelos, utilizam recompensas e punições para diminuir o comportamento intra-individual que traduz o efeito de fatores situacionais e individuais
antiético e estimular a conduta ética (Brown e Treviño, 2006). Estudos na corrupção ainda é escassa (Tenbrunsel e Smith Crowe , 2008;
anteriores mostraram que a liderança ética está negativamente
relacionada com desvios organizacionais e interpessoais (van Gils et
al., 2015), má conduta dos funcionários (Mayer et al., 2010) e outros
comportamentos de trabalho contraproducentes (Bedi et al., 2016).
Ampliamos esta literatura examinando o efeito negativo da liderança
ética num comportamento antiético específico, nomeadamente a corrupção. desempenharam um papel como mecanismo subjacente entre a
Embora a liderança ética se relacione negativamente com liderança ética e o comportamento antiético dos seguidores (Moore et
comportamentos antiéticos, existem alguns limites potenciais do efeito
benéfico da liderança ética (Brown e Mitchell, 2010). Além dos fatores
contextuais (Den Hartog, 2015), as características dos seguidores
poderiam moderar o impacto da liderança ética nos comportamentos
dos seguidores (Taylor e Pattie, 2014; van Gils et al., 2015). Nem todos
os seguidores terão a mesma resposta à liderança ética.
Suas características de personalidade podem determinar como reagem
aos líderes éticos. Por exemplo, a correlação negativa entre liderança
ética e incivilidade no local de trabalho (um tipo de comportamento
desviante que causa danos à organização ou aos seus membros) só foi
significativa para seguidores com baixa consciência e autoavaliações
básicas e não significativa para seguidores com pontuação alta em
essas duas características (Taylor e Pattie, 2014). No presente trabalho,
examinamos o maquiavelismo como moderador da correlação negativa
entre liderança ética e corrupção de seguidores.
Pesquisas anteriores evidenciaram que a combinação de liderança
ética e maquiavelismo afeta tanto o comportamento pró-organizacional
quanto o contraproducente, atribuído a fatores como baixa regulação
emocional e egoísmo (Belschak et al., 2018; Ruiz Palomino e Linuesa-
Langreo, 2018). Por exemplo, a liderança ética tem uma correlação
negativa mais forte com a ocultação de conhecimento quando a
pontuação de maquiavelismo dos seguidores é alta do que quando a
pontuação de maquiavelismo dos seguidores é baixa (Belschak et al.,
2018). Estendemos a investigação anterior sobre o efeito de interação
da liderança ética e do maquiavelismo, estabelecendo a causalidade
para este efeito no contexto de um comportamento contraproducente
específico, nomeadamente a corrupção. Além disso, pretendemos
lançar mais luz sobre o processo intrapessoal subjacente
através do qual a liderança ética e o maquiavelismo dos seguidores
influenciam a corrupção recorrendo à literatura sobre processamento de
informações.
Apesar do acúmulo de conhecimento sobre os diferentes
antecedentes da corrupção e da extensa pesquisa sobre os resultados
da liderança ética (Bedi et al., 2016), a pesquisa sobre o mecanismo
Zaloznaia, 2014). No campo da liderança, alguns autores apelaram a
mais investigação para examinar os mecanismos subjacentes para
compreender como os líderes éticos influenciam os seus seguidores
(por exemplo, Den Hartog, 2015). A investigação inicial sugeriu que os
processos cognitivos dos seguidores (ou seja, o desengajamento moral)
al., 2019). Neste estudo, propomos que o estilo de pensamento intuitivo
situacional (ou seja, associativo, de baixo esforço e de pensamento
rápido na atividade específica; Novak e Hoffman, 2009) poderia ser um
possível mecanismo cognitivo que pode explicar como a liderança ética
influencia os seguidores corruptos. comportamentos. Além disso, os
estudiosos que conduzem pesquisas sobre decisões antiéticas sugeriram
que pesquisas futuras considerassem a distinção entre processamento
deliberado e automático e sua relação com a tomada de decisões
imorais, como a corrupção (Tenbrunsel e Smith-Crowe, 2008). Trabalhos
anteriores indicam que as pessoas podem intuitivamente envolver-se
em comportamentos honestos ou desonestos, dependendo de fatores
situacionais (Köbis et al., 2019). Especificamente, a investigação sobre
corrupção mostrou que muitos indivíduos adotam um pensamento
menos intuitivo quando se envolvem em corrupção (Manara et al., 2019).
Um estudo de meta-análise também mostrou que as pessoas reagem
mais rapidamente quando lhes é pedido que digam a verdade do que
quando lhes é pedido que digam uma mentira (Suchotzki et al., 2017).
Com base neste trabalho anterior, suspeitamos que o estilo de
pensamento intuitivo pode mediar a relação negativa entre liderança ética e corrupção
Este mecanismo será discutido com mais detalhes abaixo.
Integrando o maquiavelismo como moderador e o estilo de pensamento
intuitivo como mediador, propomos um modelo de mediação moderado
no qual o maquiavelismo moderará a relação negativa entre liderança
ética e corrupção através do estilo de pensamento intuitivo. A Figura 1
representa nosso modelo conceitual.
Nosso estudo avança a literatura de várias maneiras. Primeiro,
examinando o estilo de pensamento intuitivo situacional como um
processo cognitivo subjacente que traduz o efeito de interação da ética

FIGURA 1 | Um modelo de mediação moderado de corrupção, incluindo fatores pessoais, situacionais e intrapessoais.

Fronteiras em Psicologia | www.frontiersin.org 2 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419

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Manara et al.
Maquiavelismo da liderança e dos seguidores sobre a corrupção, avançamos
na nossa compreensão da corrupção investigando os seus mecanismos
subjacentes a um nível intrapessoal. Por sua vez, isto amplia a literatura
sobre como a liderança ética influencia os comportamentos antiéticos dos
seguidores (Moore et al., 2019) e pode levar a uma melhor prevenção da
corrupção. Em segundo lugar, ampliamos a literatura sobre corrupção
investigando o efeito de interação de dois dos mais importantes antecedentes
pessoais e situacionais da corrupção, nomeadamente a liderança ética e o
maquiavelismo dos seguidores. Estudos anteriores examinaram
principalmente o impacto direto de fatores individuais e situacionais na
corrupção separadamente (Köbis et al., 2015; Zhao et al., 2016; Gorsira et
al., 2018b). Terceiro, ampliamos a literatura sobre processamento de
informação (Epstein et al., 1996) , concentrando-nos no efeito de interação
da liderança ética e do maquiavelismo como antecedentes do estilo de
pensamento intuitivo num contexto de tomada de decisão (des)ética. Isto é
importante para ter uma melhor compreensão do processamento de
informações no contexto da corrupção.
O efeito da liderança ética na
corrupção
Um conjunto crescente de evidências sugere que a liderança ética se
relaciona negativamente com vários comportamentos antiéticos em uma
organização, como desvio organizacional ou interpessoal, bem como outros
comportamentos de trabalho contraproducentes ( van Gils et al., 2015; Bedi
et al., 2016; Ruiz -Palomino e Linuesa-Langreo, 2018). No entanto, foi
sugerido ampliar a literatura examinando o efeito da liderança ética em tipos
específicos de comportamento antiético (Brown e Mitchell, 2010; Den
Hartog, 2015). Um tipo de comportamento antiético é a corrupção. A
corrupção tem sido definida como o uso indevido do poder público ou
organizacional para benefícios pessoais ou organizacionais (Tanzi, 1998;
Anand et al., 2004).
A corrupção baseia-se na troca entre pelo menos duas partes, geralmente
entre um doador e um recebedor de suborno, que negociam conjuntamente
uma troca de benefícios (Rabl e Kühlmann, 2008).
Uma dessas partes utiliza indevidamente a autoridade que lhe foi confiada
em seu próprio benefício. Ao contrário de outros comportamentos desviantes,
as vítimas de corrupção muitas vezes não têm consciência da transgressão
(Rabl e Kühlmann, 2008). No caso da corrupção, as vítimas são muitas
vezes partes externas à interação corrupta, como a sociedade ou a
organização onde os atores corruptos trabalham. Por exemplo, quando uma
empresa de construção suborna um funcionário num concurso público em
troca de um contrato de projeto, os outros licitantes não têm conhecimento
de que o seu incumprimento se deve a uma transação secreta entre o
doador e o recebedor do suborno. Além disso, como a aquisição não se
baseia em qualificações objectivas, a execução de um projecto que foi
adquirido através de um processo corrupto pode ser de má qualidade,
deteriorando os serviços públicos. Por outro lado, quando a corrupção é
descoberta, as organizações envolvidas na corrupção podem perder a
confiança do público (Mauro, 1995).
Como a corrupção prejudica as organizações e os interesses públicos,
a corrupção é considerada um comportamento imoral e ilegal (Rabl e
Kühlmann, 2008). Portanto, estudar o comportamento corrupto proveniente
diretamente dos perpetradores da corrupção é um desafio. Alguns estudos
apenas medem a intenção de corrupção fornecendo um cenário de
corrupção e pedindo aos participantes que avaliem
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Liderança Ética e Corrupção
qual a probabilidade de se comportarem da mesma maneira (por exemplo, Powpaka, 2002;
Zhao et al., 2016, 2019). Embora a intenção tenha uma forte correlação
com o comportamento, as pessoas podem se comportar de forma diferente
da sua intenção (Sniehotta et al., 2005). Assim, seguindo os apelos à
investigação sobre o comportamento real (Zhao et al., 2016), este estudo
mede a corrupção como um comportamento real e não como uma intenção,
a fim de maximizar a validade ecológica da nossa investigação. Além disso,
empregamos uma combinação de métodos de investigação que ajudam a
confirmar a causalidade proposta da nossa relação proposta (cf. Belschak
et al., 2018).
Como a corrupção é um tipo específico de comportamento antiético,
argumentamos que a liderança ética pode reduzir o comportamento corrupto
dos seguidores em relação a terceiros. A liderança ética foi definida como
“a demonstração de conduta normativamente apropriada através de ações
pessoais e relacionamentos interpessoais, e a promoção de tal conduta aos
seguidores através de comunicação bidirecional, reforço e tomada de
decisão” (Brown et al., 2005, p . 120). A investigação sobre líderes éticos
discute como estes influenciam os seus seguidores através de trocas sociais
e processos de aprendizagem social (Brown et al., 2005). Os seguidores de
líderes éticos podem sentir que precisam retribuir o comportamento positivo
que lhes é oferecido (Brown e Mitchell, 2010;
Peng e Kim, 2020). Os investigadores que defendem esta perspectiva
baseiam-se na teorização de Bandura (1986), que postula que um processo
de aprendizagem pode ocorrer não apenas através da experiência direta,
mas também através da experiência vicária, que é um processo de
aprendizagem através da observação dos comportamentos dos outros e
das suas consequências. Os seguidores que trabalham com líderes éticos
aprendem que o seu líder estabelece padrões éticos, recompensa
comportamentos éticos e pune comportamentos antiéticos (Treviño et al.,
2000; Jordan et al., 2013). Assim, os líderes éticos afetam o comportamento
moral dos seus funcionários, impactando a sua cognição moral (Moore et al., 2019).
Os líderes éticos também promovem a conduta ética através da tomada
de decisões. Ao tomar decisões, os líderes éticos enfatizam a importância
de como os resultados são obtidos, em vez de focar apenas nos resultados.
Os líderes éticos perguntam sempre a si próprios e aos seus seguidores
qual é a coisa certa a fazer (Brown et al., 2005), incentivando assim os seus
seguidores a procurar formas éticas alternativas quando confrontados com
uma opção antiética. Tendo o líder como modelo de comportamento ético e
potencial punidor de comportamento antiético (Brown et al., 2005), os
seguidores estarão menos propensos a ceder a tentações ou pressões de
suborno ou falsificação. Os líderes que são mais éticos também não
proporcionarão essas tentações aos seus próprios seguidores. Assim,
argumentamos que a liderança ética pode reduzir o comportamento corrupto
dos seguidores. Em contraste, a falta de liderança ética pode significar que
os funcionários se concentram apenas no ganho pessoal e, em última
análise, se envolvem em comportamentos antiéticos, como a corrupção
( Zhao et al., 2016; Köbis et al., 2019). Assim, propomos:
Hipótese 1: A liderança ética estará negativamente relacionada ao
comportamento corruptivo do seguidor; quanto mais ético o líder, menos
comportamento corruptor do seguidor.
O papel moderador do maquiavelismo
Além de propor uma relação negativa direta entre liderança ética e corrupção
de seguidores, assumimos que não
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todos os seguidores propensos à corrupção responderão à liderança ética
reduzindo na mesma medida o seu comportamento corrupto. Pesquisas
anteriores mostraram que as diferenças individuais na personalidade dos
funcionários influenciaram a sua resposta à liderança ética (Taylor e Pattie,
2014; van Gils et al., 2015). Por exemplo, a consciência dos seguidores modera
o efeito negativo da liderança ética e da incivilidade dos seguidores. Ampliamos
esta literatura examinando os traços obscuros dos seguidores (ou seja, o
maquiavelismo) como moderadores da relação negativa entre liderança ética e
corrupção dos seguidores. Como um dos traços sombrios de personalidade
(Paulhus e Williams, 2002), o maquiavelismo é caracterizado por uma disposição
para manipular e explorar os outros, falta de empatia, baixo afeto, uma visão
moral não convencional e foco em objetivos pessoais (Christie e Geis , 1970;
Espanha et al., 2014). O maquiavelismo é de particular interesse neste contexto
porque é uma característica dominante das características individuais que
contribuem para decisões antiéticas no trabalho (Kish-Gephart et al., 2010). Foi
sugerido que o maquiavelismo tem as suas raízes no lado negro da organização
e dos seus membros (Paulhus e Williams, 2002).
Indivíduos com pontuação alta em maquiavelismo (High-Machs) são mestres
da manipulação que usam todos os meios possíveis para ganhos pessoais
(Jones e Paulhus, 2014). High-Machs tendem a se envolver em comportamento
e manipulação astutos e muitas vezes usam qualquer meio para atingir seus
objetivos (Judge et al., 2009). Portanto, os High-Machs são mais propensos a
agir de forma antiética e ilegal. Por exemplo, High-Machs estão mais dispostos
a se envolver em trapaças espontâneas (Cooper e Peterson, 1980),
comportamento antiético pró-organizacional (Castille et al., 2018), comportamento
de trabalho contraproducente (Rehman e Shahnawaz, 2018) e comportamentos
desviantes . em geral (Zagenczyk et al., 2014). Especificamente, os seguidores
de Mach alto são mais propensos a se envolver em corrupção do que os
seguidores de Mach baixo (Zhao et al., 2016).
No entanto, os High-Machs também são propensos a adaptar o seu
comportamento em resposta a factores situacionais com base nos seus motivos
de interesse próprio (Vernon et al., 2008; Belschak et al., 2015).
O maquiavelismo é o único traço (entre os traços da tríade sombria) que não
teve associação com impulsividade (Jones e Paulhus, 2011). Ter controle de
impulsos permite que os maquiavélicos resistam ao comportamento antiético
(Jones e Paulhus, 2011). Assim, os High-Machs nem sempre se envolvem em
comportamentos antiéticos, mas apenas quando sentem que é uma forma de
atingir os seus objetivos (Kuyumcu e Dahling, 2014). Em algumas circunstâncias,
o maquiavelismo pode até ser positivo para as organizações porque os Machs
podem achar que é útil para eles adaptarem o seu comportamento de tal forma
que beneficie a organização (Belschak et al., 2015, 2018). Por exemplo, foi
demonstrado que os High-Machs se envolvem em mais comportamentos de
cidadania quando têm um líder transformacional (Belschak et al., 2015) e
mostram melhor desempenho nas tarefas quando confrontados com recursos
inadequados (Kuyumcu e Dahling, 2014).
Dada a sua capacidade de adaptação, os seguidores de Mach elevado
podem adaptar o seu comportamento ao interagir com líderes éticos, reduzindo
a sua motivação para a corrupção. Os líderes éticos atuam como modelos,
comunicam padrões éticos, punem comportamentos antiéticos e recompensam
comportamentos éticos (Brown et al., 2005).
Como os seguidores de Mach elevado têm uma forte orientação para objetivos e
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são altamente adaptativos quando o comportamento é benéfico para eles,
podem ser mais sensíveis ao que os líderes éticos comunicam sobre que
comportamento é recompensado e punido (Kessler et al., 2010). Portanto,
argumentamos que eles poderiam ser mais propensos do que os de baixo Mach
a reagir à liderança ética, reduzindo os seus comportamentos corruptos. Pelo
contrário, a liderança ética pode não ter um forte efeito negativo sobre os
seguidores de baixo Mach porque já são menos propensos a envolver-se em
corrupção.
Pode ser menos necessário que os líderes éticos comuniquem as mensagens
morais aos seguidores de Mach inferior, uma vez que estes se envolvem menos
ou mesmo nunca se envolvem em corrupção. Assim, argumentamos que quando
os seguidores recebem mensagens morais claras de líderes éticos, os seguidores
de Mach elevado têm maior probabilidade de reduzir o seu comportamento
corrupto do que os seguidores de Mach inferior que já se envolvem menos em
corrupção em primeiro lugar. Para apoiar ainda mais esta visão, um estudo
recente de Belschak et al. (2018) relataram que a liderança ética e o
maquiavelismo têm um efeito de interação em vários resultados, como CCO,
ocultação de conhecimento e manipulação emocional. Os seguidores do High-
Mach reagem a um líder ético mostrando aumento do CCO e redução da
ocultação de conhecimento e manipulação emocional (Belschak et al., 2018).
Assim, em vez de basear apenas o seu comportamento no seu interesse próprio,
conforme seria adequado à sua personalidade, este estudo mostra que os High-
Machs modificarão o seu comportamento se isso beneficiar a sua relação com
um líder ético. No presente estudo, baseamo-nos e ampliamos descobertas
anteriores, examinando a corrupção como resultado do efeito de interação da
liderança ética e do maquiavelismo. Portanto, propomos:
Hipótese 2: O maquiavelismo dos seguidores moderará a relação negativa
entre a liderança ética e o comportamento corruptivo do seguidor, de modo
que a relação negativa será mais forte quando o maquiavelismo dos seguidores
for alto.
Estilo de pensamento intuitivo como
mecanismo subjacente à relação negativa
entre liderança ética e corrupção
Foi sugerido que as pessoas normalmente se envolvem no processamento de
informações antes de decidirem se envolver em um determinado comportamento
(Engel et al., 1986). Modelos de processo duplo de processamento de
informações propuseram que o processo de pensamento humano pode ser
diferenciado em pensamento intuitivo, caracterizado por processamento rápido
e sem esforço, e pensamento deliberado, caracterizado por processamento lento
e trabalhoso (Epstein et al., 1996; Novak e Hoffman, 2009). Pesquisas anteriores
exploraram a relação entre pensamento intuitivo e comportamento antiético (por
exemplo, Anderman et al., 2009; Barnes et al., 2011; Christian e Ellis, 2011;
Suchotzki, et al., 2017). No entanto, a investigação sobre o pensamento intuitivo
e o comportamento antiético mostrou resultados mistos e sugeriu que os efeitos
dependiam das condições limítrofes situacionais (Köbis et al., 2019).
Mais recentemente, pesquisas sobre corrupção mostraram que os indivíduos
se envolveram em processos de pensamento elaborados antes de agirem de
forma corrupta (Manara et al., 2019). Apoiando esta noção, um estudo indicou
que o pensamento intuitivo é maior quando se age moralmente, mostrando que
os indivíduos reagem mais rapidamente quando são instruídos a dizer a verdade,
em comparação com os indivíduos.
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instruído a contar uma mentira (Suchotzki et al., 2017). Com base nestas
pesquisas anteriores, argumentamos que, como os líderes éticos facilitam
um estilo de pensamento intuitivo ao promoverem normas éticas, os
seguidores demonstrarão menos corrupção.
Neste estudo, argumentamos que, como os líderes éticos fornecem
normas éticas claras (Brown et al., 2005), os seguidores irão intuitivamente
envolver-se em menos corrupção. Como os líderes têm um papel central
nas organizações, os líderes éticos poderiam diminuir o comportamento
corrupto, diminuindo o pensamento deliberado dos seguidores que são
propensos a justificar o seu comportamento ético. A literatura sobre
liderança ética sugere que os líderes éticos afetam a cognição dos
seguidores como um mecanismo psicológico, ligando a liderança ética ao
comportamento dos seguidores (Den Hartog, 2015).
Por exemplo, um estudo de Moore et al. (2019) mostraram que a liderança
ética influencia o desvio e o comportamento antiético dos funcionários,
reduzindo o desligamento moral dos funcionários, que é um conjunto de
oito mecanismos cognitivos (ou seja, justificativa moral, rotulagem
eufemística, comparação vantajosa, difusão, deslocamento de
responsabilidade, consequências distorcidas, desumanização, e atribuir
culpa aos outros) que as pessoas usam para facilitar comportamentos
antiéticos sem causar sofrimento (Bandura, 1999). Em outras palavras, os
líderes éticos motivam os funcionários a parar de se envolver em processos
cognitivos que os fazem evitar pensamentos sobre o seu comportamento
antiético. No entanto, o processo cognitivo preciso sobre os comportamentos
antiéticos que os seguidores adotam, motivados pelos seus líderes éticos,
ainda não foi elaborado. Portanto, argumentamos que os líderes éticos
levam os seguidores a se envolverem no processamento intuitivo de
informações sobre comportamento corrupto.
Os líderes éticos estabelecem orientações claras sobre as dimensões
éticas para os seus seguidores, agindo como modelos, comunicando
padrões éticos, punindo comportamentos antiéticos e recompensando
comportamentos éticos (Brown et al., 2005). Os líderes éticos influenciam
os seus colaboradores através da aprendizagem social e do intercâmbio
social (Brown et al., 2005; Peng e Kim, 2020). Através da aprendizagem
social, os seguidores dos líderes éticos aprendem e compreendem as
normas coletivas relativas à conduta eticamente apropriada na organização
porque os líderes as comunicam diretamente e desempenham um modelo
em termos de ética (Peng e Kim, 2020). Como consequência, os seguidores
estão cientes de normas claras sobre o que é certo ou errado a fazer.
Tendo normas muito claras, os seguidores com líderes éticos podem
envolver-se de forma mais rápida e intuitiva em atos éticos e evitar
intuitivamente comportamentos antiéticos, como a corrupção. Através de
mecanismos de troca social, os líderes éticos estabelecem e mantêm
relações de troca de alta qualidade com os seus seguidores, sendo
honestos, justos e confiáveis (Treviño et al., 2000; Peng e Kim, 2020).
Essas características fazem com que os seguidores confiem em líderes
éticos (Bedi et al., 2016).
A confiança no seu líder pode fazer com que os seguidores sigam de forma
mais intuitiva o seu líder ético, em vez de se envolverem num pensamento
mais deliberado e esforçado quando têm de decidir se se envolvem em
corrupção ou não.
Em contraste, os líderes éticos baixos não estabelecem padrões éticos.
Eles não usam recompensas e punições para formar normas morais na
organização, não conseguem manter a confiança dos seus seguidores e
não fornecem uma identidade ética aos seus membros. Assim, os
seguidores sob baixa liderança ética
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não têm normas claras sobre o que é certo ou errado, têm uma identidade
moral baixa e não confiam nos seus líderes. Como consequência, os
seguidores de líderes antiéticos têm de se envolver num pensamento mais
deliberado quando confrontados com um dilema ético e são mais propensos
a envolver-se na corrupção. Assim, propomos:
Hipótese 3: O estilo de pensamento intuitivo mediará a relação negativa
entre liderança ética e corrupção dos seguidores.
O maquiavelismo modera o efeito negativo
indireto da liderança ética sobre a
corrupção por meio de um estilo de pensamento intuit
Maquiavélicos são pensadores estratégicos. Por exemplo, Wilson et al.
(1996) observaram que os maquiavélicos são uma espécie de mestres em
estratégia. High-Machs estão dispostos a utilizar qualquer estratégia ou
comportamento necessário para atingir seus objetivos pessoais (Belschak
et al., 2018). Em linha com esta suposição, pesquisas anteriores
evidenciaram que os High-Machs são menos impulsivos em comparação
com aqueles que têm os outros traços da tríade obscura (psicopatia e
narcisismo). Pesquisas anteriores também mostraram que o maquiavelismo
não se correlacionou com uma estratégia de história de vida rápida
(Jonason et al., 2010), indicando que os Machs elevados são menos
intuitivos quando tentam atingir os seus objetivos. Como os High-Machs
são fortemente orientados para objetivos, eles podem abster-se de agir
impulsivamente para não comprometer a realização do seu objetivo.
Em vez disso, fazem uso de estratégias inteligentes. O pensamento
estratégico é uma forma particular de pensar com atributos específicos e
um processo analítico (Mintzberg, 1994). A literatura sobre pensamento
estratégico sugere que o pensamento estratégico tem cinco características;
que são uma perspectiva sistêmica, foco na intenção, pensamento
envolvido no tempo, baseado em hipóteses e oportunismo inteligente
(Liedtka 1998). Portanto, argumentamos que as pessoas que se envolvem
no pensamento estratégico podem pensar de forma menos intuitiva.
Por outro lado, as pessoas que se envolvem no pensamento intuitivo têm
menos tempo para serem estratégicos porque o pensamento intuitivo é
uma forma de processamento rápido e sem esforço (Epstein et al., 1996;
Novak e Hoffman, 2009).
Na presente pesquisa, propomos que a liderança ética e o
maquiavelismo interagem ao influenciar o pensamento intuitivo e a
corrupção. Especificamente, o efeito da liderança ética sobre a corrupção
através do pensamento intuitivo será mais forte para os seguidores de
Mach elevado do que para os seguidores de Mach inferior. Como podemos
esperar mais espaço para mudança nos seguidores de Mach elevado,
assumimos que a liderança ética levará a adaptações mais fortes das
tendências dos Mach elevado para o pensamento estratégico.
Embora os High-Machs sejam mais propensos a pensar estrategicamente
e também a se envolver em comportamentos antiéticos para atingir seus
objetivos (Wilson et al., 1996), eles podem aprender com os líderes éticos
que não há tolerância para que eles se envolvam em quaisquer
comportamentos antiéticos, tais como como corrupção. Os líderes éticos
estabelecem padrões claros indicando que cada comportamento antiético
será punido (Treviño et al., 2000). Além disso, pode haver expectativas
claras de reciprocidade de comportamentos éticos ou de conformidade
com uma identidade organizacional ética (cf. Peng e Kim, 2020). Como
resultado, devido à liderança ética, os High-Machs podem adaptar a sua
estratégia resolvendo a estratégia padrão proposta por
5 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419
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Manara et al.
seu líder e, assim, agem intuitivamente de forma mais ética e evitam se
envolver em corrupção. Em contraste, os seguidores de baixo Mach são
menos propensos a envolver-se em pensamentos estratégicos e
comportamentos antiéticos quando confrontados com um dilema ético em
primeiro lugar. Assim, o efeito dos líderes éticos no seu estilo de pensamento
e comportamento corrupto será menos forte.
Portanto, propomos:
Hipótese 4: O maquiavelismo moderará a relação negativa indireta entre
liderança ética e corrupção dos seguidores através do estilo de pensamento
intuitivo, de modo que a relação negativa indireta será mais forte quando o
maquiavelismo dos seguidores for alto.
Testaremos nosso modelo de pesquisa (conforme apresentado na Figura
1) em dois estudos, começando pelo estabelecimento do efeito principal e da
interação e, em seguida, investigando o efeito subjacente do estilo de
pensamento intuitivo.
ESTUDO 1
No Estudo 1, testamos a relação negativa entre liderança ética e corrupção
(H1), bem como o papel do Maquiavelismo como moderador desta relação
negativa (H2) num estudo de campo transversal com uma amostra ampla de
funcionários (N = 321).
MÉTODO DE ESTUDO 1
Participantes e Procedimento
Os critérios de inclusão para participar deste estudo foram ter pelo menos um
emprego de meio período e ter um supervisor direto. Os participantes foram
recrutados via e-mail ou outras plataformas sociais, e através de redes
pessoais dos assistentes de investigação envolvidos na recolha de dados.
Utilizámos o procedimento de bola de neve, em que foi pedido aos
participantes que pedissem a amigos ou colegas que cumprissem os critérios
de seleção para também responderem ao inquérito (por exemplo, van Gils et
al., 2015). Recrutámos 404 participantes de diversas organizações na
Indonésia e na Europa, incluindo a Alemanha e outros países europeus.
Oitenta e três desses participantes foram excluídos da análise dos dados
devido a respostas incompletas. Por fim, 321 conjuntos de dados (79,46% da
amostra original) foram incluídos nas análises.
Na nossa amostra final (N = 321), 62,3% dos participantes eram do sexo
feminino, 44,6% do sexo masculino e 3,1% optaram por não especificar o
sexo. A média de idade foi de 30,6 (DP = 9,6), variando de 20 a 63 anos. Os
participantes trabalharam em diversos ramos.
Por exemplo, 18,1% trabalhavam no sector da construção, 14% trabalhavam
nos cuidados de saúde e assistência social e 11,8% trabalhavam em serviços
educativos.
Os participantes responderam ao inquérito online na sua língua nativa:
42,4% em Bahasa Indonesia, 42,4% em alemão e 15,2% em inglês. Portanto,
traduzimos e retrotraduzimos todas as escalas do inglês para o indonésio e
o alemão usando o método de Brislin (1970). No início da pesquisa, os
participantes receberam uma breve explicação do estudo e
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Liderança Ética e Corrupção
consentimento informado. Em seguida, pedimos aos participantes que
preenchessem todas as escalas deste estudo.1 No final do inquérito, todos
os participantes responderam a várias questões demográficas e leram um
resumo completo do estudo no final do inquérito. Eles participaram
voluntariamente e não receberam nenhuma recompensa.
Medidas
Liderança Ética
A escala de liderança ética de 10 itens (ELS; Brown et al., 2005) foi usada
para medir a liderança ética. Exemplos de itens são “Meu supervisor disciplina
os funcionários que violam os padrões éticos” e “Meu supervisor toma
decisões justas e equilibradas”.
Os participantes responderam a todos os itens de uma escala do tipo Likert
que varia de 1 (extremamente improvável) a 7 (extremamente provável; ÿ de
Cronbach = 0,93).
Maquiavelismo
Usamos a subescala Maquiavelismo da escala Dirty Dozen (Jonason e
Webster, 2010) para medir o maquiavelismo.
Esta escala consiste em quatro itens (por exemplo, “Tenho tendência a
manipular os outros para conseguir o que quero”). As escalas de resposta
variaram de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo totalmente; ÿ de Cronbach = 0,88).
Corrupção
Adaptámos a escala de comportamento relacionado com o suborno (Gorsira
et al., 2018a) para medir a corrupção, incluindo diferentes formas de
comportamento corrupto (Manara et al., 2019). Esta escala incluía seis itens
que mediam o comportamento de aceitação e concessão de suborno.
Exemplos de itens são “No meu trabalho, aceitei dinheiro de alguém de fora
da organização em troca de tratamento preferencial” e “No meu trabalho, dei
dinheiro a alguém que tinha poder numa organização em troca de tratamento
preferencial”. Além disso, incluímos dois itens que medem o comportamento
de peculato (por exemplo, “No meu trabalho, recebi dinheiro da organização
para meu benefício”). Os participantes avaliaram esses itens usando uma
escala do tipo Likert que varia de 1 (nunca) a 7 (frequentemente). O ÿ de
Cronbach para esta escala foi de 0,97.
Variáveis de controle e dados demográficos
Os participantes responderam a perguntas demográficas sobre idade, sexo,
tipo de contrato de trabalho, tempo de serviço e país/cultura.
RESULTADOS DO ESTUDO 1
A Tabela 1 apresenta as intercorrelações para todas as variáveis, médias,
desvios padrão e alfas de Cronbach. Como mostra a Tabela de correlação 1,
o género é a única variável demográfica que tem uma correlação positiva
com a corrupção. Este resultado está de acordo com pesquisas anteriores
que mostraram que os homens são mais propensos a se envolver em
corrupção do que as mulheres.
1
Como esta pesquisa fez parte de um esforço maior de coleta de dados, algumas
medidas adicionais foram concluídas na ordem listada: questionário de clima
ético, escala de distância do poder, escala de identificação organizacional, desvio
interpessoal e organizacional e motivação epistêmica.
6 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419
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Manara et al. Liderança Ética e Corrupção

TABELA 1 | Médias, desvios-padrão, correlações e alfas de Cronbach para as variáveis do Embora o Estudo 1 forneça uma visão inicial sobre as relações e
Estudo 1. interacção entre liderança ética, maquiavelismo e corrupção, baseia-
se em dados transversais. Assim, não permite conclusões sobre a
SD 1 2 3 4 5
causalidade das relações no nosso modelo e não proporciona uma
1. Corrupção 1,35 0,93 (0,97) oportunidade para testar a direcionalidade do nosso efeito. Além disso,
2. Liderança ética 5,26 1,31 ÿ0,19** (0,93) este estudo não fornece insights sobre os possíveis mecanismos que
3. Maquiavelismo 2,70 1,39 0,28** ÿ0,15** (0,88)
impulsionam o nosso efeito. Para resolver essas limitações, conduzimos
4. Gênero 0,14* 0,06 5. Idade
n/a 0,01 6. Cultura 0,04
pesquisas experimentais no Estudo 2. Além disso, seguindo o apelo
30,6 9,6 n/a ÿ0,05 ÿ0,09 0,02
0,06 ÿ0,38** 0,22** ÿ0,18** 0,01 de Belschak et al. (2018) para investigar a relação causal entre
liderança ética, maquiavelismo e comportamento antiético, baseamo-
N = 321. Os alfas de Cronbach são relatados entre parênteses na diagonal principal. O gênero
nos na linha de investigação que estabelece efeitos causais da
foi codificado 0 = não especificado, 1 = feminino e 2 = masculino. A cultura foi
*p < 0,05; **p < 0,01.
codificada 0 = Indonésia e 1 = Europa. liderança ética através da manipulação experimental do conceito (van
Gils et al., 2015; Gerpott et al . , 2019;

(Swamy et al., 2001). Além disso, foi indicado que os países em Moore et al., 2019). Ao configurar um experimento randomizado,
desenvolvimento, como a Indonésia, são mais corruptos do que os podemos inferir causalidade e aliviar preocupações de endogeneidade
países desenvolvidos, como a maioria dos países europeus (Antonakis et al., 2014).
(Transparência Internacional, 2020). Assim, controlamos o género e a
cultura nas nossas análises. Realizamos análises de regressão para
testar nossas hipóteses (Hipótese 1 e 2) em duas etapas. Primeiro,
ESTUDO 2
realizamos nossas análises, incluindo gênero e cultura como variáveis de controle.
Em seguida, reexecutamos as análises sem essas variáveis de controle No Estudo 2, utilizamos um desenho experimental para fornecer
(para mais detalhes sobre o uso cuidadoso de variáveis de controle evidências causais de que a liderança ética é capaz de reduzir a corrupção.
ver Spector e Brannick, 2011; Becker et al., 2016). A exclusão da Nesta experiência, incluindo 146 estudantes, utilizámos um jogo de
cultura e do sexo dos participantes não alterou os resultados. Portanto, corrupção que tem sido utilizado com sucesso por outros investigadores
reportamos apenas os resultados das análises sem as variáveis de controle.para estudar a corrupção (Köbis et al., 2015, 2017). Ampliamos o
Testando a Hipótese 1, ou seja, que a liderança ética está negativamente paradigma ao incluir uma manipulação para liderança ética.
relacionada com a corrupção, a Tabela 2 mostra que a liderança ética No Estudo 2, pretendemos replicar os resultados do Estudo 1 no que
tem uma relação negativa significativa com a corrupção, ÿ = ÿ0,19, diz respeito às Hipóteses 1 e 2. Como objetivo principal do Estudo 2,
t(319) = 3,63, p < 0,01. O valor de R2 é 0,04, com F(1, 319) = 13,20, p testamos o estilo de pensamento intuitivo como mediador do principal
< 0,01, o que significa que a liderança ética pode ser significativamente efeito negativo da liderança ética na corrupção (H3) bem como o efeito
responsável por 4% da corrupção. de interação (liderança ética × maquiavelismo) sobre a corrupção (H4).
Testando a hipótese 2, afirmando que o maquiavelismo modera a
relação negativa entre liderança ética e corrupção, descobrimos que o
efeito da interação da liderança ética e do maquiavelismo dos
seguidores na corrupção é significativo, ÿ = ÿ0,18, t(317) = 3,43, p < MÉTODO DE ESTUDO 2
0,01 (ver Tabela 2). A interação entre liderança ética e maquiavelismo
contribui com 13% na explicação da corrupção, R2 = 0,13, F(3, 317) =
Participantes
11,76, p < 0,01. Realizamos uma análise de poder para determinar o tamanho amostral
Conforme mostrado na Figura 2, a relação negativa entre liderança mínimo necessário para o Estudo 2. Seguindo as recomendações de
ética e corrupção é mais forte para seguidores com alto nível de Perugini et al. (2018), consideramos diferentes cenários variando o
maquiavelismo. Além disso, as análises de inclinação simples revelaram tamanho do efeito, verificando qual seria o tamanho da amostra
que a relação negativa entre liderança ética e corrupção só foi necessário, dado um nível de poder de 0,80. Derivamos nossos
significativa para seguidores de Mach alto, ÿ = ÿ0,17, t(317) = 3,24, p tamanhos de efeito de duas descobertas meta-analíticas. A meta-
< 0,01, e não foi significativa para seguidores de Mach baixo , ÿ = 0,01, análise de Kish-Gephart et al. (2010) sobre diferentes antecedentes de
t(317) = 0,02, p = 0,97. escolha antiética indicaram um tamanho de efeito geral de rho = 0,25
para maquiavelismo em experimentos de laboratório (conceitualmente
relacionado à liderança antiética). A meta-análise sobre o efeito das
DISCUSSÃO DO ESTUDO 1 intervenções de liderança (Avolio et al., 2009) produziu um tamanho
de efeito de d = 0,63 (igualando r = 0,30) para manipulações
Os resultados do Estudo 1 indicam que a liderança ética está experimentais de liderança no laboratório. Para todas as análises foi
negativamente relacionada com a corrupção. Além disso, as nossas utilizada a ferramenta G*power (Faul et al., 2007). A amostra adequada
conclusões mostram que o maquiavelismo modera a relação negativa para detectar um efeito significativo da nossa intervenção varia entre
entre liderança ética e corrupção. Esta conclusão é consistente com a 64 e 94, com um tamanho médio de amostra de 79.
nossa linha de argumentação para as Hipóteses 1 e 2. A liderança Cento e cinquenta e oito estudantes participaram do nosso estudo.
ética tem um efeito mais forte sobre a corrupção para os seguidores Os participantes foram recrutados através do portal do estudante do
de Mach elevado do que para os seguidores de Mach baixo (ver Figura 2). sistema de participação em pesquisa da universidade local, bem como

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Manara et al. Liderança Ética e Corrupção

TABELA 2 | Resultados das análises que regrediram a liderança ética e o maquiavelismo dos seguidores sobre a corrupção no Estudo 1.

Variáveis independentes Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3

ÿ SE t ÿ SE t ÿ SE t

Liderança ética (X) ÿ0,19** 0,05 3,63 ÿ0,15** 0,05 2,96 ÿ0,17** 0,05 3.24

Maquiavelismo (W) 0,26** 0,05 4,93 0,24** 0,05 4,68

X×W ÿ0,18** 0,04 ÿ3,43
F 13,20** 19,24** 17h18**
R2 0,04** 0,10** 0,13**

N = 321. **p < 0,01.

FIGURA 2 | Estudo 1, o efeito da interação da liderança ética e do maquiavelismo na corrupção.

como plataforma online Prolific.co. Doze desses participantes foram os participantes jogaram o jogo do leilão. Utilizamos o jogo de leilão
excluídos das análises por apresentarem respostas incompletas desenvolvido por Köbis et al. (2015) que demonstrou ser bem-
(oito participantes) e por não responderem corretamente às questões sucedido na medição da corrupção (Köbis et al., 2015, 2017).
de verificação de atenção (quatro participantes). Nossa amostra Este jogo é um leilão envolvendo três jogadores. Dois jogadores
final incluída nas análises foi de 146 alunos (92,40% da amostra original).
competem para ganhar um prêmio (ou seja, 120 créditos). Outro
A amostra final foi composta por 105 mulheres (71,91%), 40 homens jogador joga como administrador que distribui o prêmio ao licitante
e uma pessoa que não especificou o sexo. A média de idade foi de com lance mais alto. Um orçamento (50 créditos) é concedido a
22,31 (DP = 5,67). Os alunos participantes do estudo foram cada jogador competidor em cada rodada. Os dois jogadores
estudantes de graduação em psicologia (53,42%), artes e ciências concorrentes podem alocar o orçamento de 0 a 50 créditos. Um
sociais (16,44%), ciências e engenharia (12,33%), saúde e medicina orçamento não alocado é mantido pelos próprios jogadores
(10,96%), economia e gestão (4,79%), e outros (2,05%). concorrentes. Quando ambos os jogadores concorrentes oferecem
a mesma oferta, o alocador distribui o prémio igualmente entre os
dois jogadores concorrentes. A licitação consiste em quatro rodadas.
Procedimento A quantidade final de créditos ganhos é acumulada nas quatro
Os participantes primeiro leram as informações do estudo e rodadas. Existe uma opção corrupta para um dos jogadores
indicaram seu consentimento. Antes de lerem as instruções do jogo concorrentes neste jogo (ou seja, o participante). Este jogador tem
da corrupção, responderam a um questionário avaliando o maquiavelismo. a opção de oferecer suborno ao alocador para garantir que ele
As instruções foram seguidas de perguntas que testaram a receba o prêmio independentemente de seu lance real.
compreensão dos alunos sobre o procedimento. Os participantes Seguindo Köbis et al. (2017), esta estrutura básica do jogo foi
foram então designados aleatoriamente para assistir a um vídeo traduzida para um cenário da vida real. Os dois concorrentes eram
com um líder ético ou não ético que motivasse os alunos para o funcionários de duas construtoras (Roley e Construx), e o alocador
jogo (ver Apêndice A e B para obter detalhes). Depois de assistir ao vídeo,
era o Ministro

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Manara et al.
de Assuntos Públicos. Esses dois funcionários competiriam para
conseguir projetos de construção. Além disso, os números foram
multiplicados por 1.000 créditos. Para tornar a simulação o mais realista
possível, dissemos aos participantes que os incentivos para a sua
participação se baseavam em quanto crédito recebiam no jogo (quanto
mais créditos, mais incentivos após a experiência). Na verdade, todos motivacionais diferentes, ambos os roteiros foram padronizados em
os participantes foram recompensados com a mesma quantidade de incentivo.
relação à linguagem corporal, entonação, base das frases e redação e,
Para manter o experimento simples, todos os participantes foram
designados para o papel do funcionário (Roley) que tinha a opção de se
envolver em corrupção. A interação com os outros dois atores (Construx
e Ministro da Administração Pública) foi pré-programada.
A corrupção foi medida perguntando se o participante queria oferecer
suborno ao Ministro: Sem Custos (o prêmio é dado ao licitante com lance
mais alto) e Sim, Custa 40.000 (o prêmio é dado a você em 100% das
rodadas de licitação). A primeira alteração que fizemos ao paradigma foi
alargar as opções de suborno, anteriormente de duas opções para cinco
opções: 0 euros de jogo (o prémio é dado ao licitante com lance mais
alto em todas as rondas de licitação), 10.000 euros de jogo (o prémio é-
lhe atribuído por ronda de licitação), 20.000 euros de jogo (o prémio é-
lhe atribuído nas duas primeiras rondas de licitação), 30.000 euros de
jogo (o prémio é-lhe atribuído nas três primeiras rondas) e 40.000 euros
de jogo (o prémio é-lhe atribuído em todas as rodadas de licitação).
Estendemos o design anterior de duas opções para cinco opções para
converter a variável dependente em uma variável de intervalo (em vez
de uma variável binária). Isso nos permitiu usar a análise de regressão
no processo de análise de dados.
Uma segunda alteração ao paradigma original de (Köbis et al., 2015)
foi que incluímos oportunidades de pesquisa de informação, a fim de
permitir a variação nos processos de tomada de decisão intuitivos versus
mais deliberados. Antes de decidir sobre o valor do suborno, oferecemos
aos participantes a oportunidade de acessar informações adicionais para
tomar uma decisão mais informada. Fornecemos aos participantes uma
página de informações contendo quatro links com diferentes tipos de
informações: as estratégias do jogo, as regras do jogo, os resultados
dos participantes anteriores e os resultados. Tentamos construir todos
os quatro tipos de informação tão neutros quanto possível para não
afetar a variável dependente (isto é, a decisão corrupta) em termos de
conteúdo. Depois de decidir sobre a opção de suborno no jogo, os
participantes apostaram em quatro rodadas. Os participantes então
preencheram a escala de estilo de pensamento intuitivo específica da
situação e o questionário demográfico. Ao final do estudo, entrevistamos
os participantes e agradecemos pela participação. Os participantes da
universidade local foram recompensados com vouchers de 5 euros para
uma loja online, e os estudantes recrutados através da Prolific foram
recompensados com 5 libras. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Psicologia e Neurociências (ERCPN 213_09_10_2019) da
Universidade de Maastricht.
Medidas
Manipulação de Liderança Ética
Manipulamos a liderança ética criando dois vídeos, um apresentando um
líder ético e outro apresentando um líder não ético. Os roteiros desses
discursos foram baseados em comportamentos descritos na literatura
sobre liderança ética, como a escala de Brown et al. (Brown et al., 2005;
ver van Gils et al., 2015;
Gerpott et al., 2019 para abordagens semelhantes). O líder ético
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Liderança Ética e Corrupção
encorajou o comportamento ético durante o jogo de leilão. Para alcançar
um contraste suficiente, o líder não ético encorajou o comportamento
orientado para o desempenho, motivando o desempenho máximo
durante o jogo de leilão, em vez da ética (seguindo a lógica da atenção
moral de Tenbrunsel e Messick, 1999). Apesar dos conteúdos
portanto, tinham o mesmo comprimento. Os roteiros completos são
apresentados no Apêndice A para o líder ético e no Apêndice B para o
líder não ético.
Maquiavelismo
Os participantes relataram seu maquiavelismo usando a mesma
subescala de maquiavelismo da escala da dúzia suja (Jonason e
Webster, 2010) usada no Estudo 1. Os itens foram classificados em uma
escala que varia de 1 (discordo totalmente) a 7 (discordo totalmente; ÿ
de Cronbach = 0,81).
Estilo de pensamento intuitivo
Utilizamos três itens da escala de estilo de pensamento específico da
situação (Novak e Hoffman, 2009) para avaliar o estilo de pensamento
intuitivo em relação à decisão de suborno que os participantes tomaram.
Especificamente, perguntamos aos participantes: “Sobre a decisão que
tomaram relativamente à transferência direta de dinheiro para o Ministro
dos Assuntos Públicos, como abordaram esta decisão?” Em seguida, os
participantes tiveram que avaliar os três itens a seguir: “Confiei em meu
senso de intuição”, “Usei meus instintos” e confiei em minhas primeiras
impressões”. Os participantes responderam a esses itens em uma escala
do tipo Likert que varia de 1 (definitivamente falso) a 5 (definitivamente
verdadeiro; ÿ de Cronbach = 0,75).
Perguntas de verificação de atenção
Após as instruções do jogo de leilão, foram feitas aos participantes
quatro perguntas relacionadas às instruções para saber se eles
compreenderam o procedimento do jogo. A maioria dos participantes
respondeu corretamente às quatro questões do teste. Foram excluídos
da análise dos dados os participantes (N = 4) que apresentaram duas ou
mais respostas erradas. As respostas corretas eram exibidas quando os
participantes davam uma resposta errada.
Verificação de manipulação de liderança ética
Seguindo van Gils et al. (2015), utilizamos um único item como verificação
de manipulação: “No vídeo que você assistiu, até que ponto você pensa
no líder como um líder ético?” Este item foi avaliado numa escala de 1
(nada) a 7 (extremamente).
Perguntas demográficas
Também pedimos aos participantes que respondessem a diversas
questões demográficas, incluindo sexo e idade.
RESULTADOS DO ESTUDO 2
A Tabela 3 apresenta as intercorrelações para todas as variáveis,
médias, desvios padrão e alfas de Cronbach do Estudo 2. Um teste t
9 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419
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Manara et al. Liderança Ética e Corrupção

TABELA 3 | Médias, desvios padrão, correlação e alfas de Cronbach para as variáveis do Estudo TABELA 4 | Resultados da análise de moderação utilizando PROCESS (Modelo 1) no Estudo 2.
2.
Variáveis independentes Corrupção (S)
SD 1 2 3 4 5
B SE t LCLI UCLI
1. Corrupção 2. 3,20 1,65
Condições éticas de 0,49 0,50 ÿ0,49** Liderança ética (X) ÿ2,77** 0,68 4.06 ÿ3,90 ÿ1,64
liderança Maquiavelismo (W) ÿ0,02 0,14 0,14 ÿ0,25 0,21
3. Maquiavelismo 4. 3,33 1,23 0,08 0,07 (0,81) X×W 0,33† 0,19 1,72 0,01 0,65
Estilo de pensamento 3,38 0,93 ÿ0,31** 0,22** 0,01 n/a (0,75) F 18,07**
intuitivo 5. 0,10 0,02 0,29** ÿ0,11 R2 0,27**
Gênero 6. Idade 21,32 4,46 ÿ0,11 0,11 0,07 0,13 0,09 Moderador Efeito direto condicional de X em Y
(Maquiavelismo) B SE t LCLI UCLI
N = 146. Liderança foi codificada 0 = liderança não ética, 1 = liderança ética. Baixo ÿ2,07** 0,33 6,20 ÿ2,62 ÿ1,52
O gênero foi codificado 0 = não especificado, 1 = feminino e 2 = masculino. **p < 0,01. Significar ÿ1,66** 0,23 7,05 ÿ2,06 ÿ1,27

Alto ÿ1,25** 0,33 3,71 ÿ1,81 ÿ0,69

N = 146. LLCI, intervalo de confiança do limite inferior; UCLI, intervalo de confiança

com o item de verificação de manipulação para liderança ética como
variável dependente mostrou que os participantes na condição de liderança
ética consideraram o líder mais ético (M = 5,92, DP = 1,15) do que os
participantes na condição de liderança não ética (M = 3,08, DP = 1.25).
t(144) = 14,28 p < 0,001. Este resultado sugere que a nossa manipulação
da liderança ética foi bem sucedida.
Para testar nossas hipóteses, usamos a macro PROCESS para SPSS
(uma abordagem baseada em regressão; Hayes, 2013). Como temos
hipóteses direcionais, usamos intervalos de confiança de 90% de bootstrap
em nossas análises. Em primeiro lugar, controlámos o género nas nossas
análises, tal como no Estudo 1. Em segundo lugar, refizemos as análises
sem controlar a variável género. A exclusão do sexo não alterou
significativamente os resultados. Assim, reportamos aqui apenas os
resultados sem a variável de controle (ver Spector e Brannick, 2011; Becker
et al., 2016). Primeiramente, testamos as Hipóteses 1 e 2 utilizando a
macro PROCESS para SPSS (Modelo 1). Conforme mostrado na Tabela
4, descobrimos que há um efeito direto negativo significativo da liderança
ética na corrupção, B = ÿ2,77, SE = 0,68, t(144) = 4,06, p < 0,01, IC 90%
(ÿ3,90, ÿ 1.64). Esses resultados fornecem suporte para a Hipótese 1.
Além disso, em relação à Hipótese 2, encontramos um efeito de
interação marginal significativo entre liderança ética e maquiavelismo na
corrupção, B = 0,33, SE = 0,19, t(144) = 1,72, p = 0,08, IC 90% (0,01, 0,65;
ver Tabela 4).
No entanto, o efeito de interação não é consistente com a Hipótese 2 e
com as conclusões do Estudo 1. Como pode ser visto na Tabela 4, a
análise simples do declive mostra que o efeito negativo da liderança ética
na corrupção é mais forte para seguidores de baixo Mach, B = - 2,07, SE =
0,33, t(144) = 6,20, p < 0,01, IC 90% (-2,62, -1,52) e mais fraco para
seguidores de Mach alto, B = -1,25, SE = 0,33, t(144) = 3,71 , p < 0,01, IC
90% (-1,81, -0,70). Dois insights podem ser derivados desse efeito de
interação. Uma delas é que a corrupção é maior na condição de liderança
ética baixa do que na condição de liderança ética elevada, tanto para
Machs baixos como altos.
O outro efeito é que os Machs superiores eram mais corruptos do que os
Machs inferiores sob a condição de liderança ética elevada. Assim, estes
resultados não suportam a Hipótese 2. Abstivemo-nos de apresentar o
gráfico numa figura aqui, uma vez que a interacção é apenas marginalmente
significativa.
Em segundo lugar, executamos uma análise de mediação (macro
PROCESS Modelo 4) para testar a Hipótese 3. Como pode ser visto na Tabela 5,
do limite superior. A liderança ética foi codificada 0 = liderança não ética e 1 = liderança ética.
Relatamos a confiança de 90% corrigida e acelerada †
intervalos (ICs) calculados usando 5.000 amostras de bootstrap. p < 0,10; **p < 0,01.
o intervalo de confiança bootstrap para o efeito indireto mostrou que o efeito
negativo da liderança ética sobre a corrupção é mediado pelo estilo de
pensamento intuitivo, B = -0,15, EP = 0,08, IC 90% (-0,30, -0,04). Este
resultado também é significativo com intervalos de confiança de 95%, B =
ÿ0,16, SE = 0,08, IC 95% (ÿ0,34, ÿ0,02). Portanto, esses resultados
confirmam a Hipótese 3.
Depois de confirmar a Hipótese 3, conduzimos análises adicionais para
abordar questões de endogeneidade em nosso modelo.
Embora o procedimento randomizado no experimento tenha resolvido parte
das preocupações de endogeneidade no Estudo 2, tanto o pensamento
intuitivo mediador quanto a corrupção da variável dependente são variáveis
medidas. Seguindo recomendações de Antonakis et al. (2014), conduzimos
uma regressão 2SLS investigando o efeito do pensamento intuitivo sobre a
corrupção, tendo como instrumento a variável liderança ética manipulada
experimentalmente (Antonakis et al., 2014; Sajons, 2020). A manipulação
experimental é por definição exógena e, portanto, constitui um bom
instrumento para este teste. Os resultados das regressões OLS e 2SLS
podem ser observados na Tabela 6.
Um teste de Hausman, realizado com auxílio da macro EndoS para SPSS
(Daryanto, 2020), mostrou diferença significativa, F(2, 143) = 28,96, p <
0,001, indicando a necessidade de instrumentação do modelo. Como
utilizamos um instrumento, o teste de superidentificação de restrições foi
irrelevante. A importância da regressão 2SLS da estimativa para o
pensamento intuitivo sobre a corrupção proporciona-nos confiança na
direção causal que apresentamos no nosso modelo.
Por fim, conduzimos uma análise de mediação moderada (macro
PROCESS Modelo 8) para testar a Hipótese 4. Os coeficientes de regressão
são mostrados na Tabela 7. Como podemos ver, o efeito da interação da
liderança ética e do maquiavelismo não é significativo tanto no estilo de
pensamento intuitivo, quanto no estilo de pensamento intuitivo, B = ÿ0,08,
SE = 0,12, t(144) = 0,68, p = 0,49, IC 90% (ÿ0,28, 0,12) e corrupção, B =
0,30, SE = 0,18, t(144) = 1,60, p = 0,11, IC 90% (-0,01, 0,61). Além disso,
o índice do modelo de mediação moderada não foi significativo [Índice =
0,03, SE = 0,05, IC 90% (-0,04, 0,12)],

Fronteiras em Psicologia | www.frontiersin.org 10 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419

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Manara et al. Liderança Ética e Corrupção

TABELA 5 | Resultados da análise de mediação utilizando PROCESS (Modelo 4) no Estudo 2.

Variáveis independentes Estilo de pensamento intuitivo (M) Corrupção (S)

B SE t LCLI UCLI B SE t LCLI UCLI

Liderança ética (X) 0,42** 0,15 2,79 0,17 0,67 ÿ1,48** 0,23 6.19 ÿ1,87 ÿ1,08
Estilo de pensamento intuitivo (M) ÿ0,37** 0,12 2,90 ÿ0,58 ÿ0,16
F 7,78** 28,95**
R2 0,05** 0,28**
Efeito direto e indireto B SE t LCLI UCLI
Efeito direto de X em Y ÿ1,48** 0,23 6.19 ÿ1,87 ÿ1,08
Efeito indireto de X em Y via M ÿ0,15 0,08 ÿ0,30 ÿ0,04

N = 146. LLCI, intervalo de confiança do limite inferior; UCLI, intervalo de confiança do limite superior. A liderança ética foi codificada 0 = liderança não ética e 1 = liderança ética. Relatamos
os intervalos de confiança (ICs) de 90% corrigidos e acelerados, calculados usando 5.000 amostras de bootstrap. **p < 0,01.

TABELA 6 | Resultados da regressão 2SLS testando o efeito do pensamento intuitivo sobre

DISCUSSÃO GERAL
a corrupção.
Os resultados do nosso estudo de campo (Estudo 1) e do estudo
Regressão OLS Corrupção (S) experimental (Estudo 2) confirmam que a liderança ética é capaz de
reduzir a corrupção dos seguidores. Este estudo amplia descobertas
B SE t
anteriores (Bedi et al., 2016; Peng e Kim, 2020) de que a liderança ética
ÿ0,55 0,14 3,94**
é benéfica na redução de comportamentos antiéticos numa organização.
Pensamento intuitivo (X)
Adj. R2 = 0,08 Além disso, uma das conclusões significativas do Estudo 2 é que o estilo
2SLS – Manipulação ELS como Corrupção de pensamento intuitivo medeia o efeito negativo da liderança ética na
instrumento B SE t corrupção. Esta conclusão está de acordo com a nossa argumentação
Pensamento intuitivo estimado (Xÿ) ÿ3,89 1,37 2,82**
para a Hipótese 3, afirmando que os seguidores com um líder ético
Adj. R2 = ÿ3,49
envolvem-se em pensamentos menos deliberados e evitam intuitivamente
F(1, 144) = 8,00, p = 0,005
Teste de Hausman F(2, 143) = 28,96, p comportamentos antiéticos, como a corrupção.
< 0,001 Consistente com a literatura anterior que sugere que a personalidade
dos seguidores influencia a forma como os seguidores respondem à
N = 146. **p < 0,01.
liderança ética (Taylor e Pattie, 2014; van Gils et al., 2015), descobrimos
que o maquiavelismo dos seguidores modera o efeito direto negativo
sugerindo que o efeito indireto negativo não difere nos diferentes níveis
(Estudos 1 e 2) da ética. liderança sobre a corrupção dos seguidores.
do moderador (Hayes, 2015). Portanto, a Hipótese 4 não é confirmada.
No entanto, encontramos resultados inconsistentes em ambos os
estudos. No Estudo 1, confirmamos a Hipótese 2 de que o impacto
negativo da liderança ética na corrupção foi significativo para os
DISCUSSÃO DO ESTUDO 2 seguidores de Mach elevado e não significativo para os seguidores de Mach baixo.
Esta descoberta está de acordo com a investigação anterior (Belschak
Em linha com as conclusões do Estudo 1, os resultados do Estudo 2 et al., 2018; Ruiz-Palomino e Linuesa-Langreo, 2018) que também utilizou
apoiaram a nossa hipótese de que a liderança ética reduz a corrupção um desenho transversal, que apresenta limitações claras.
dos seguidores. Além disso, as nossas conclusões mostram que o efeito Surpreendentemente, no mais forte dos nossos dois estudos, utilizando
negativo da liderança ética sobre a corrupção é mediado pelo estilo de um desenho experimental aleatório e que nos permitiu reivindicar
pensamento intuitivo. Ao manipular a liderança ética, fornecemos provas causalidade, encontrámos um padrão diferente. Sob uma liderança ética
causais do impacto negativo da liderança ética na corrupção, bem como elevada, os Machs elevados mostraram mais corrupção do que os Machs
do efeito da liderança ética no estilo de pensamento intuitivo como baixos. Esta descoberta indica que os High-Machs são menos adaptáveis
processo subjacente à relação negativa. do que os Low-Machs à liderança ética. Esta descoberta contrasta com
Analisando o papel do Maquiavelismo no efeito negativo da liderança pesquisas anteriores (Belschak et al., 2018; Ruiz-Palomino e Linuesa-
ética na corrupção, encontramos um resultado inesperado: o efeito da Langreo, 2018) que mostram que os High-Machs adaptam o seu
interação da liderança ética e do Maquiavelismo na corrupção foi comportamento em resposta à liderança ética e à nossa argumentação para a Hipótese
significativo, mas o padrão foi oposto aos resultados do Estudo 1, e Devido às suas características amorais (Dahling et al., 2009), os
assim contradiz a Hipótese 2. Os resultados do Estudo 2 mostraram que seguidores com uma pontuação elevada em maquiavelismo podem ser
o efeito negativo da liderança ética sobre a corrupção é mais fraco para menos sensíveis aos sinais éticos dos líderes éticos. Além disso, a forte
os seguidores de Mach elevado e mais forte para os seguidores de Mach orientação para objectivos e a vontade dos High-Machs de utilizar todos
inferior. Além disso, a análise da moderação mediada mostra que o efeito os meios possíveis para alcançar os seus objectivos (Wilson et al., 1996;
negativo indireto da liderança ética sobre a corrupção através do estilo Jones e Paulhus, 2014) podem levar os High-Machs a ignorar as
de pensamento intuitivo não é moderado pelo maquiavelismo dos mensagens éticas fornecidas pelos líderes éticos. Portanto, os High-
seguidores. Machs podem ser menos adaptativos em resposta à liderança ética.

Fronteiras em Psicologia | www.frontiersin.org 11 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419

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TABELA 7 | Resultados da análise de mediação moderada utilizando PROCESS (Modelo 8) no Estudo 2.

Variáveis independentes Estilo de pensamento intuitivo (M) Corrupção (S)

B SE t LCLI UCLI B SE t LCLI UCLI

Liderança ética (X) 0,70 0,44 1,60 ÿ0,02 1,43 ÿ2,52** 0,67 3,74 ÿ3,63 ÿ1,40
Maquiavelismo (W) 0,03 0,09 0,40 ÿ0,11 0,18 ÿ0,01 0,13 0,04 ÿ0,23 0,22
X×W ÿ0,08 0,12 0,68 ÿ0,28 0,12 0,30 0,18 1,60 ÿ0,01 0,61

Estilo de pensamento intuitivo (M) ÿ0,35** 0,12 2,82 ÿ0,56 ÿ0,14

F 2,73* 16,21**
R2 0,05* 0,31**
Moderador Efeito indireto condicional de X em Y via M
(Maquiavelismo) B SE LCLI UCLI
Baixo ÿ0,18 0,11 ÿ0,39 ÿ0,03
Índice ÿ0,15 0,07 ÿ29 ÿ0,04

de ÿ0,11 0,08 ÿ0,26 0,01

moderação médio alto moderado (0,03) 0,05 ÿ0,04 0,12

N = 146. LLCI, intervalo de confiança do limite inferior; UCLI, intervalo de confiança do limite superior. A liderança ética foi codificada 0 = liderança não ética e 1 = liderança ética. Relatamos
* < 0,05; **p < 0,01.
os intervalos de confiança (ICs) de 90% corrigidos e acelerados, calculados usando 5.000 amostras de bootstrap.p

Implicações teóricas Portanto, pedimos mais estudos com desenho experimental para examinar
Os investigadores da corrupção que se concentram numa perspetiva de o efeito da interação da liderança ética e do maquiavelismo nos
nível micro estudaram vários fatores individuais e situacionais que comportamentos dos seguidores.

contribuem para a corrupção (Köbis et al., 2015; Zhao et al., 2016;
Gorsira et al., 2018a). Ampliamos os estudos anteriores sobre corrupção
com uma perspectiva de nível micro, investigando o efeito combinado de
fatores pessoais e situacionais, nomeadamente liderança ética (Den
Hartog, 2015) e maquiavelismo (Espanha et al., 2014) na corrupção. Além
disso, exploramos o estilo de pensamento intuitivo (Epstein et al., 1996)
como um mecanismo subjacente. Expandimos os achados de Zhao et al.
(2016) que os High-Machs são mais propensos a se envolverem em
corrupção. As nossas novas descobertas sugerem que a liderança ética
pode reduzir a corrupção dos seguidores, alterando o seu estilo de
pensamento e levando-os a envolverem-se intuitivamente menos na
corrupção.
Nosso estudo contribui para a pesquisa sobre liderança ética ao
explorar o maquiavelismo dos seguidores como moderador e o estilo de
pensamento intuitivo como variável mediadora no efeito negativo da
liderança ética sobre a corrupção. Especificamente, expandimos
descobertas anteriores (Belschak et al., 2018; Ruiz-Palomino e Linuesa-
Langreo, 2018) sobre o efeito da interação da liderança ética e do
maquiavelismo no comportamento dos seguidores, examinando um
resultado diferente, nomeadamente a corrupção, e estabelecendo a
causalidade do relacionamento. Nossos resultados do Estudo 2, com uma
configuração experimental aleatória que nos permite tirar conclusões
causais, mostraram resultados diferentes de estudos anteriores, que
utilizaram principalmente um desenho transversal. Apoiamos ainda mais o
nosso raciocínio causal conduzindo uma regressão 2SLS avaliando o
efeito do nosso estilo de pensamento intuitivo do mediador sobre a
corrupção (Antonakis et al., 2014; Sajons, 2020). Embora estudos
anteriores tenham descoberto que os Machs elevados se adaptam à
liderança ética, envolvendo-se menos em comportamentos indesejáveis,
no Estudo 2, descobrimos que os Machs elevados são menos adaptativos,
mostrando mais corrupção do que os Machs baixos sob liderança ética.
Nossos resultados no Estudo 2 contrastam com o argumento que
desenvolvemos para a Hipótese 2 e também podem questionar trabalhos anteriores (Belschak
experimental,
mostram
Ruiz-Palomino e Linuesa-Langreo, 2018), sugerindo que os Machs
elevados adaptem suas tendências antiéticas sob liderança ética.
Além disso, respondemos aos apelos para alargar a variedade de
mecanismos subjacentes nas relações entre a liderança ética e os
comportamentos dos seguidores (Den Hartog, 2015). Neste estudo, fomos
além dos mecanismos previamente identificados de liderança ética e
maquiavelismo, como autonomia, egoísmo ou regulação emocional (por
exemplo, Belschak et al., 2018). Propusemos e confirmamos que o estilo
de pensamento intuitivo medeia o efeito negativo da liderança ética na
corrupção. Este estudo fornece novos insights sobre como a liderança
ética pode influenciar o comportamento dos seguidores através dos
mecanismos cognitivos dos seguidores (Den Hartog, 2015;
Moore et al., 2019) e estilo de pensamento especificamente intuitivo.
Mencionamos a aprendizagem social e o intercâmbio, mecanismos
tradicionais subjacentes à liderança ética, conforme coberto pela literatura
(por exemplo, Brown et al., 2005) , para explicar o efeito da liderança ética
no estilo de pensamento intuitivo em contextos de decisão antiéticos.
A investigação futura deverá medir explicitamente estes mecanismos para
lançar mais luz sobre o processo subjacente através do qual a liderança
ética influencia o pensamento intuitivo. O presente estudo também amplia
a literatura sobre processamento de informações em tarefas antiéticas
(Köbis et al., 2019). Nossos resultados mostram que o processamento
intuitivo de informações em decisões antiéticas pode depender de uma
força situacional que não foi previamente considerada, especificamente a
liderança ética. Os nossos resultados mostram que sob líderes éticos, que
estabelecem normas éticas claras, as pessoas confiam no seu líder e,
assim, envolvem-se mais no pensamento intuitivo e mostram menos
comportamentos antiéticos, como a corrupção. Por outro lado, sob uma
liderança ética baixa, onde não existem normas éticas, os seguidores
envolvem-se mais na corrupção, ao mesmo tempo que são forçados a
pensar de antemão deliberadamente.
Implicações práticas
Os nossos resultados, tanto no estudo de campo como no estudo
et al., 2018;
que a liderança ética reduz significativamente a
corrupção. Sugerimos que as organizações e os governos possam
promover a liderança ética para prevenir a corrupção nas organizações. Seguidores sob

Fronteiras em Psicologia | www.frontiersin.org 12 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419

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Manara et al.
a liderança aprende com os líderes éticos qual comportamento é
eticamente recompensado e punido (Brown et al., 2005), tem normas
éticas explícitas (Peng e Kim, 2020) e confia em seus líderes éticos (Bedi
et al., 2016). Além disso, as nossas conclusões mostram que os líderes
éticos podem criar um contexto no qual as pessoas intuitivamente se
abstêm de escolher comportamentos antiéticos em dilemas relacionados
com a corrupção e, assim, esperançosamente, mudam o envolvimento
em comportamentos corruptos, especialmente para funcionários cuja
intuição promoveria tal comportamento, tais como funcionários com Mach alto.não houve efeitos da cultura nos nossos resultados e os resultados foram
Trabalhos anteriores (Belschak et al., 2018; Ruiz-Palomino e Linuesa-
Langreo, 2018) sugeriram que, ao aplicarem a liderança ética, os líderes
poderiam trazer High-Machs para reduzir as suas tendências de se
envolverem em comportamentos antiéticos. No entanto, os nossos
resultados experimentais do Estudo 2 indicam que a liderança ética foi
marginalmente mais eficiente na redução de tendências antiéticas em
Machs baixos do que em Machs altos. Portanto, além de sugerir a
promoção da liderança ética para reduzir a corrupção, também propomos
um processo de seleção mais matizado. Consequentemente, as
organizações poderiam minimizar a contratação de funcionários que
possam ser mais propensos a envolver-se em corrupção, tais como
funcionários de alto nível Mach, uma vez que a liderança ética nem sempre pode
Pontos fortes, limitações e pesquisas
futuras
Um ponto forte do nosso estudo é que não medimos apenas as intenções
corruptas (Zhao et al., 2016, 2019), mas também a corrupção como
comportamento real. No Estudo 1, medimos o comportamento anterior
relacionado ao suborno numa população ativa e, no Estudo 2, medimos o
suborno num ambiente experimental. Medir o comportamento real melhora
a validade ecológica e é uma resposta aos pedidos de medidas que
avaliem o comportamento real, em vez de utilizar questões e cenários
hipotéticos (Powpaka, 2002; Zhao et al., 2016, 2019).
Além disso, ao utilizar dois métodos complementares diferentes, um
inquérito e uma experiência, em combinação, a nossa investigação
assegura a generalização e permite-nos tirar conclusões causais.
Apesar de vários pontos fortes, este estudo também tem várias
limitações. Primeiro, cada um dos métodos que utilizamos neste estudo
tem suas desvantagens. Os principais pontos fracos do método de
pesquisa que utilizamos no Estudo 1 são a sua natureza transversal e o
potencial viés retrospectivo. Assim, não somos capazes de tirar quaisquer
conclusões causais e eliminar potenciais preconceitos que possam ocorrer
devido aos participantes terem relatado o seu comportamento de suborno
passado. O uso de um método experimental no Estudo 2 traz a
desvantagem de menor validade externa e generalização limitada para
ambientes da vida real. A investigação futura deverá utilizar métodos
alternativos que possam medir a corrupção num contexto da vida real e
com menos atraso para reduzir o enviesamento retrospetivo, tais como
métodos de amostragem de experiência.
Em segundo lugar, medimos o maquiavelismo em dois estudos com a
subescala Maquiavelismo da escala Dirty Dozen (Jonason e Webster,
2010), com base em uma linha de pesquisa que estabeleceu com sucesso
a validade convergente da escala (por exemplo, Jonason e Webster,
2010). ; Jonason e Luévano, 2013; Chiorri et al., 2019). Esta escala é uma
escala bastante curta para medir o maquiavelismo. Em comparação com
outras medidas, como a subescala Mach do Short Dark Triad (Jones e
Paulhus, 2014), a sua validade convergente e discriminante é menor
(Maples et al., 2014).
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Liderança Ética e Corrupção
No entanto, a subescala Maquiavelismo da escala Dirty Dozen ainda tem
uma validade razoável (Jonason e Webster, 2010;
Jonason e Luévano, 2013; Chiorri et al., 2019). No entanto, pesquisas
futuras poderiam usar medidas alternativas, como Mach-IV (Christie e
Geis, 1970) e a subescala Mach da Short Dark Triad (Jones e Paulhus,
2014) para medir melhor o maquiavelismo. Terceiro, no Estudo 1,
coletamos dados da Europa e da Indonésia. Poderia haver efeito cultural
com os itens do Estudo 1, bem como invariância de medidas. No entanto,
replicados no Estudo 2, que teve uma amostra mais homogênea. No
entanto, pesquisas futuras poderiam levar em conta as interpretações
culturais no estudo da corrupção.
Quarto, embora o nosso estudo apoiasse o modelo interacionista
pessoa-situação de comportamento antiético (Trevino, 1986), apenas
examinámos fatores pessoais e situacionais específicos, nomeadamente
liderança ética e maquiavelismo e estilo de pensamento intuitivo como um
mecanismo psicológico subjacente. O presente estudo poderia ser
estendido a outros fatores pessoais e situacionais. Por exemplo, pesquisas
futuras poderão considerar aspectos sociais como normas descritivas. A
investigação
servir como
demonstrou
amortecedor.
que as normas descritivas estão altamente
correlacionadas com a corrupção; quanto mais os indivíduos pensam que
os outros são corruptos, mais se envolvem na corrupção. (Köbis et al.,
2015; Zhao et al., 2019). Pesquisas futuras poderiam explorar a eficácia
da liderança ética na redução da corrupção quando as normas descritivas
de corrupção são elevadas. Explorar o efeito da interacção entre a
liderança ética e as normas descritivas sobre a corrupção irá gerar
conhecimentos sobre a prevenção da corrupção quando a prevalência da
corrupção for elevada.
Sugerimos também pesquisas futuras para ampliar nosso trabalho
sobre estilo de pensamento, medindo o pensamento racional e intuitivo.
De acordo com Epstein et al. (1996), esses dois estilos de pensamento
são independentes um do outro. Os funcionários que usaram o
pensamento intuitivo ao decidir adotar um comportamento ético não
pensam necessariamente de forma menos racional. Os indivíduos podem
ter altas preferências de pensamento intuitivo e racional ao mesmo tempo
(Pacini e Epstein, 1999). Medir estes dois estilos de pensamento poderia
levar a uma melhor compreensão do mecanismo cognitivo de como os
líderes éticos influenciam o comportamento dos seus seguidores.
A investigação futura poderá também aprofundar a questão de saber
se os seguidores sob liderança ética se envolverão intuitivamente menos
noutros comportamentos antiéticos específicos, para além da corrupção.
Foi sugerido que diferentes comportamentos ilegais ou antiéticos têm
diferentes processos de tomada de decisão e características diferentes
(Jones, 1991; Van Gelder et al., 2014). O nosso estudo centrou-se apenas
num comportamento antiético específico, nomeadamente a corrupção,
que se caracteriza pelo uso indevido do poder organizacional para
benefícios pessoais e não prejudica os membros da organização.
Pesquisas futuras poderiam ampliar nosso modelo de mediação em
relação ao comportamento antiético, direcionado a membros de
organizações como desvio interpessoal (Berry et al., 2007) e agressão no local de traba
CONCLUSÃO
A literatura atual mostra que a liderança ética tem um efeito negativo
significativo em vários comportamentos antiéticos em
13 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419
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Manara et al.
organizações (Mayer et al., 2010; van Gils et al., 2015;
Moore et al., 2019). Para ampliar as descobertas anteriores, o presente
estudo examinou o efeito benéfico da liderança ética na redução da
corrupção, o papel do maquiavelismo dos seguidores como moderador e o
estilo de pensamento intuitivo dos seguidores como mediador. As nossas
conclusões mostram que a liderança ética reduz a corrupção, levando os
seguidores a absterem-se intuitivamente de se envolverem em corrupção.
Além disso, a nossa investigação mostra que a liderança ética interage
com o maquiavelismo dos seguidores na redução da corrupção. Nossas
descobertas nos dois estudos sobre o papel específico do maquiavelismo
foram confusas; no entanto, justificando mais pesquisas. A corrupção causa
sérios danos não só às organizações, mas também à sociedade. Sugerimos
liderança ética como forma de prevenir a corrupção nas organizações.
DECLARAÇÃO DE DISPONIBILIDADE DE DADOS
Os dados brutos que sustentam as conclusões deste artigo serão
disponibilizados pelos autores, sem reservas indevidas.
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Liderança Ética e Corrupção
DECLARAÇÃO DE ÉTICA
Os estudos envolvendo participantes humanos foram revisados e aprovados
pelo Comitê de Ética em Psicologia e Neurociências da Universidade de
Maastricht (ERCPN-213_09_10_2019).
Os pacientes/participantes forneceram seu consentimento informado por
escrito para participar deste estudo.
CONTRIBUIÇÕES DO AUTOR
MUM, SvG, AN e FRHZ: concepção e desenho e redação e revisão do
artigo. MUM, SvG e AN: coleta, análise e interpretação de dados. Todos os
autores contribuíram para o artigo e aprovaram a versão submetida.
FINANCIAMENTO
Esta pesquisa foi financiada por doações do Fundo Indonésio de Doações
para a Educação (LPDP) do Ministério das Finanças da República da
Indonésia (20160822048894).
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Conflito de interesses: Os autores declaram que a pesquisa foi realizada na ausência de quaisquer
relações comerciais ou financeiras que pudessem ser interpretadas como potencial conflito de
interesses.
Copyright © 2020 Manara, van Gils, Nübold e Zijlstra. Este é um artigo de acesso aberto distribuído
sob os termos da Licença Creative Commons Attribution (CC BY). O uso, distribuição ou reprodução
em outros fóruns é permitido, desde que o(s) autor(es) original(ais) e o(s) proprietário(s) dos direitos
autorais sejam creditados e que a publicação original nesta revista seja citada, de acordo com a
prática acadêmica aceita.
Não é permitido uso, distribuição ou reprodução que não esteja em conformidade com estes termos.
16 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419
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APÊNDICE A. O SCRIPT DE VÍDEO PARA MANIPULAÇÃO DE
LIDERANÇA ÉTICA
“Olá, meu nome é Daan van de Boer. Trabalho na Universidade de
Maastricht e serei o seu líder nesta experiência. Se você der uma
olhada na minha página, verá que realmente me preocupo em viver
de maneira ética. É importante para mim que você saiba que eu
realmente me importo com meus alunos. Nos projetos que faço com
meus alunos, sempre me certifico de que eles estejam bem e voltem
para casa a tempo. No próximo jogo de leilão, quero que você tome
decisões justas e equilibradas. Normalmente não tolero nenhum
comportamento antiético de meus alunos. Estou interessado em saber
como vocês tomarão as decisões neste próximo jogo de leilão.
Então, prepare-se agora e lembre-se de fazer o seu melhor de forma
ética. Isso é mais importante do que o resultado.”
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Liderança Ética e Corrupção
APÊNDICE B. O SCRIPT DE VÍDEO PARA BAIXA MANIPULAÇÃO
DE LIDERANÇA ÉTICA
“Olá, meu nome é Daan van de Boer. Trabalho na Universidade de
Maastricht e serei o seu líder nesta experiência. Se você der uma
olhada no meu site, verá que realmente me preocupo em progredir. É
importante para mim que você saiba que eu realmente me importo
com o desempenho. Nos projetos que faço com meus alunos, sempre
procuro que eles trabalhem duro e façam as coisas, mesmo que
demore a noite toda. No próximo jogo de leilão, quero que você tome
decisões que maximizem seu lucro.
Costumo incentivar os alunos a tentar alcançar seus objetivos, custe
o que custar. Estou interessado em ver como você toma suas decisões
no próximo jogo de leilão. Então, prepare-se agora e lembre-se de
fazer o seu melhor e obter o máximo de crédito que puder.”
17 Novembro de 2020 | Volume 11 | Artigo 578419