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GESTÃO DE NEGÓCIOS
APARECIDA DE GOIÂNIA
2016
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APARECIDA DE GOIÂNIA
2016
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RESUMO
Tem como objeto de estudo as relações entre o assédio moral e a obtenção de lucro das empresas
decorrentes desta prática e suas consequências a curto, médio e longo prazo. A escolha do tema foi
motivada pelos índices de afastamento do local de trabalho devido aos problemas psicológicos
causados pelo assédio moral na obrigatoriedade do cumprimento das metas abusivas. É considerável o
crescimento do consumo de medicamentos de tratamento psicológico pelos trabalhadores, causando
inúmeros males, dentre eles: depressão, hipertensão, suicídios, ansiedade, síndrome do pânico e etc. A
pesquisa foi elaborada a partir dos demais artigos científicos que abordam o assunto, buscando o
objetivo de identificar os motivos que levam as empresas a praticarem o assédio moral visando o
lucro, sendo essa prática mais perceptível no ambiente de trabalho das instituições financeiras. Para a
formulação dos resultados foi feita uma pesquisa com 23 colaboradores de instituições financeiras
públicas e privadas da cidade de Goiânia e Aparecida de Goiânia, foram analisadas apenas respostas
de colaboradores que são contratados diretamente por instituições financeiras. O resultado indicou que
uma contínua exposição ao assédio moral no ambiente de trabalho pode invalidar um colaborador
permanentemente, desenvolvendo nele patologias internas e externas decorrentes dessa exposição, que
vão desde pressão alta à problemas psicológicos graves, dependência de medicações e até ao suicídio.
ABSTRACT
It has as study object the relation between moral harassment at work and obtaining corporate profits
as a result of this practice and its short, medium and long-term consequences. The choice of this theme
was motivated by the rates of the removal from the labour markets due to psychological problems
caused by the moral harassment as an obligation of achieving abusive goals. It is considerable the
increase of the medication to psychological treatment consumption by workers causing countless
ailments such as depression, hypertension, suicide, anxiety, panic attacks, etc. The research has been
elaborated from the scientific articles on the subject, seeking to identify the reasons that lead the
companies to morally hare the workers for profits, being the most perceptive habit at the financial
institutions. For formulating the results, it was made a research with 23 employees of the public and
private financial institutions from the cities of Goiania and Aparecida de Goiania, being analyzed only
the answers given from whom are hired directly by the financial institutions. The results indicated that
the continuing exposure of the employee to moral harassment at the labour environment may
invalidate a permanent staff member and he may develop innumerous intern and extern ailments due
to this exposition, which goes from high blood pressure to serious psychological problems, addictions
to medicine and even suicide.
1.0 INTRODUÇÃO
O trabalho é um instrumento que o homem encontra para alcançar seus objetivos, suas
conquistas materiais, satisfação pessoal e a sua realização profissional. É no ambiente de
trabalho que o indivíduo demonstra suas ações, iniciativas e habilidades, além disso, este
ambiente deve proporcionar também a convivência com outras pessoas, privando sempre pelo
bem-estar de todos e o respeito mutuo.
É fácil perceber dentro de uma organização a exigência dos acionistas e diretores por
lucros sempre maiores e dessa maneira faz com que o cumprimento de metas seja obrigatório,
estruturando-se em uma série de cobranças que são repassadas a cada colaborador. Esse
repasse na maioria das vezes é carregado de ameaças e pressões que desestruturam o bem-
estar psicológico, emocional e físico do trabalhador.
Para elaboração deste trabalho será realizada uma revisão bibliográfica de artigos
científicos que fazem uma abordagem acerca do tema proposto e uma pesquisa qualitativa em
questões que abordam a rotina desses trabalhadores. Serão estudadas e pesquisadas as
consequências do assédio moral em curto, médio e longo prazo, os motivos que levam as
empresas a praticarem conscientemente o assédio moral e verificar a extensão desse assédio
dentro das instituições.
2.0 METODOLOGIA
Conforme Garcia; Tolfo (2011) apud Soares (2008) o assédio moral no trabalho é
definido como um conjunto de ações violentas e abusivas no ambiente de trabalho,
que por causas e objetivos distintos, essas ações são atribuídas de maneira repetitiva, de modo
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O assédio moral pode assumir tanto a forma de ações diretas (acusações, insultos,
gritos, humilhações públicas) quanto indiretas (propagação de boatos, isolamento, recusa na
comunicação, fofocas e exclusão social). É importante ressaltar que para caracterizar o
assédio moral essas ações devem acontecer em um processo frequente e prolongado (UFSC
2005).
De acordo com Soares; Villela (2012) apud Lis Soboll (2008) a violência psicológica
fruto do assedio moral tem se tornado mais agressivo do que a violência física, por gerar
danos, ao desenvolvimento físico, mental, espiritual, psicológico e social da vítima. Para a
autora, esse tipo de violência pode ser localizado em qualquer ambiente organizacional e
acontece com mais frequência do que a violência física, embora seja mais difícil de ser
identificado.
O art. 7º dispõe especificamente sobre “os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais”.
vale salientar ainda, que o art. 205 considera que:
Art. 186. “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar
direto e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
Art. 187. “Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes”.
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor
excessivo;
evoluído significativamente, afetando vários fatores que serão abordados ao longo desse
artigo.
A cada ano aumenta o percentual de bancários que são vítimas de transtornos mentais
e psicológicos, nesta categoria os casos já superaram os trabalhadores afastados por
LER\Dort, alerta o diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato do Rio de Janeiro Gilberto
Leal. Conforme dados divulgados pelo INSS somente em 2013, foram afastados 18.671 em
todo o país, deste total cerca de 52,7% foram afastados e receberam auxílio doença por
transtornos mentais e psicológicos. Já em 2012 apontou 21.144 ocorrências de afastamentos
com um percentual de 26% em problemas psicológicos. Segundo essas informações ouve uma
pequena redução no número total de afastamentos, em contrapartida disso, o índice de
afastamentos por questões psicológicas dobrou, tudo isso em um cenário de escassez e
redução perceptível do quadro de colaboradores das instituições financeiras.
Dentre as atividades econômicas a que mais ocorre assédio moral são as instituições
financeiras no Brasil, pois os maiores índices de afastamentos por doenças estão relacionados
à pressão constante e contínua que essas instituições exercem sobre seus empregados.
Conforme o artigo publicado pelo site Bancário RN:
A quantidade de trabalhadores por agências bancarias está cada vez mais reduzida e o
ritmo de trabalho sempre crescente faz com que o acumulo de funções seja rotineiro neste
segmento.
Os bancos sempre na procura por lucros cada vez maiores, estabelecem aos seus
empregados o cumprimento de metas exorbitantes, qualidade no atendimento, agilidade nos
processos internos e também que a produtividade seja superior a cada mês subsequente.
Em detrimento disso observa-se que os lucros dos maiores bancos do país aumentam
de forma gritante, conforme tabela abaixo pode perceber os resultados do Bradesco,
Santander, Itaú e Banco do Brasil no segundo trimestre de 2014.
Fonte: http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2015/08/mesmo-diante-de-crise-lucro-dos-bancos-nao-
para-de-crescer.html
uma pratica muito utilizada pelos bancários. Além disso, o assédio moral pode gerar também
um mal-estar na convivência familiar, pois sem perceber o assediado fica doente e esse
sintoma de tristeza e desgosto é transmitido aos poucos para a família.
Foi realizada uma pesquisa com 1.589 bancários desenvolvida em conjunto com a
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e o Sindbancário
onde foi revelado que dos 1.589 bancários envolvidos na pesquisa 50% deles já se afastaram
do trabalho por motivos de saúde e 26% dos participantes utilizam medicamentos
psiquiátricos.
O assédio moral nos bancos é considerado mais grave porque não é apenas um caso
isolado, não atinge somente uma pessoa, mas várias pessoas dentro da organização, pois na
maioria das vezes não se trata de um problema na gestão individual, mas da gestão inteira da
própria organização.
Os estudos apontaram que o segundo setor que mais gera suicídio no Brasil é o setor
bancário, entre os anos de 1996 a 2005 dentre as tentativas de suicídio por dia, pelo menos
uma era do segmento bancário.
Segnini (1999) explica que o redesenho produtivo nos bancos acarretou no fechamento
de incontáveis agências (as de menor resultado); as remanescentes, sofreram fortes impactos
em relação à minimização do quadro de colaboradores e o serviço terceirizado intensificou-se
consideravelmente, esses fatores prejudicaram perceptivelmente o setor bancário e abreviaram
cargos e pessoas. A autora destaca três fenômenos sociais evidentes no processo do trabalho
bancário, os quais foram admitidos e averiguados em pesquisa de Grisci e Bessi (2004):
Intensificação do ritmo laboral, aumento do desemprego e precarização do trabalho.
Siqueira (2006) discorre sobre a agregação do indivíduo com sua empresa de trabalho,
ele afirma que colaborador se torna plenamente condicionado e dependente da instituição que
trabalha, pois o alto risco de desemprego contribui para que as instituições determinem as
relações empregatícias, baseadas no extremo controle do colaborador que teme por seu
emprego, vale salientar que essa realidade se agravou com o cenário atual que apontou a taxa
de desemprego recorde e atingiu 11,2% no trimestre encerrado em abril de 2016 de acordo
com o IBGE, a evolução recente desses dados fica nítida no gráfico a seguir.
TAXA DE DESEMPREGO
Em %
12
É por isso que, segundo Gaulejac (2007), o indivíduo se coloca em modelos gerenciais
cada vez mais agressivos, que o pressionam de forma oculta e subjetiva para acolher a
instituição como lugar singular em que pode ser feliz e sobrevier, em contrapartida a empresa
sofistica as estruturas de controle físico e, principalmente psíquico. A gestão do afetivo,
aquela que aprisiona o psiquismo do indivíduo para conter o seu corpo inteiro tornou-se uma
ferramenta de gestão estratégica em elevação.
funções e por fim o próprio assédio moral e perseguições no ambiente de trabalho, tudo isso
sendo culminado e intensificado pelo medo ou pavor de perder o emprego.
O autor afirma que o fator categórico que leva o bancário à perda da vontade de viver
é a ausência de reconhecimento pelo grande empenho e esforço por parte do colaborador. Ele
aponta a necessidade de humanização das relações entre empregado e empregador, metas
adequadas para a capacidade física e mental dos colaboradores. O suicídio tem sido um
resultado lastimável de trabalhadores rotineiramente expostos às violências do trabalho.
uma boa relação com o gestor, porém, não possuem uma boa relação com a gestão, que
obedece um padrão de resultados nas instituições financeiras e ainda mais evidente nas
instituições privadas, logo, fica notório que o gestor é predominantemente adequado em sua
função, mas o sistema de gestão da própria instituição formula um ambiente
psicologicamente insalubre para a perpetuação de uma carreira consistente e saudável.
Seguem dados detalhados:
83% afirmaram não ter algum afastamento médico devido saúde mental ou algum
problema associado e 74% afirmaram que o gestor acompanha a entrega de metas de maneira
adequada. Seguem dados:
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O trabalho não pode ser considerado neutro, pois ele é fonte geradora de saúde ou de
adoecimento para o trabalhador. O ambiente de trabalho deve proporcionar ao trabalhador um
clima agradável, pois é lá que ele irá passar boa parte do seu dia. É importante que os
funcionários estejam sempre motivados, pois esse fator irá influenciar os resultados que a
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REFERÊNCIAS
FABRÍCIO, Elisangela Messa. Revisão bibliográfica sobre assédio moral no trabalho: O estado da
arte da pesquisa brasileira. Brasília 2012. Disponível em:
<http://repositorio.uniceub.br/bitstream/123456789/2584/3/20262155.pdf> Acesso em: 14 de
novembro de 2015.
GARCIA, Ivonete Steinbach; TOLFO, Suzana da Rosa. Assédio Moral no Trabalho, culpa e
vergonha pela humilhação social. Curitiba: Juruá editora, 2011.
CURTY, Anay. Mesmo diante de crise, lucro dos bancos não para de crescer. São Paulo,
2015. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2015/08/mesmo-
diante-de-crise-lucro-dos-bancos-nao-para-de-crescer.html>. Acesso em 20 de novembro de
2015.
LIPP, Marilda. Globalização e mudanças: O stress do novo milênio. Campinas, 2013. Disponível
em: <http://www.estresse.com.br/publicacoes/globalizacao-e-mudancas-o-stress-do-novo-milenio/>
Acesso em 10 de agosto de 2016.
CELSO, Luiz. Com 21 mil bancários afastados por doenças, negociação prioriza saúde. São
Paulo. 2013. Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2013/08/com-21-mil-
bancarios-afastados-por-doencas-negociacao-prioriza-saude-969.html>. Acesso em 22 de julho de
2016.
RIO, Bancários. Bancários estão entre as categorias que mais adoecem. Rio de Janeiro 2015.
Disponível em: <http://www.bancariosrio.org.br/2013/ultimas-noticias/item/32626-bancarios-estao-
entre-as-categorias-que-mais-adoecem> Acesso em 23 de maio de 2016.
FILHO, Antônio Marginingo; SIQUEIRA, Marcus Vinícius Soares. Assédio moral e gestão de
pessoas: uma análise do assédio moral nas organizações e o papel da área de gestão de pessoas.
Brasília, 2008.
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Apêndice
2. Idade: ( )Entre 20 e 24, ( )Entre 25 e 29, ( )Entre 30 e 34, ( )Entre 35 e 39, ( )Entre
40 e 44, ( )Entre 45 e 49, ( )mais de 50.
6. Desenvolveu algumas das doenças abaixo, mesmo que tenha sido temporária
após iniciar carreira na instituição?
( )Depressão, ( )Síndrome do Pânico, ( )LER, ( )DORT, ( )Insônia, ( )Doenças
estomacais, ( ) Enxaqueca, ( )Problemas cardiovasculares, ( ) Outros: ____________
11. O seu ambiente de trabalho contribui para o seu desempenho: ( )Sim, ( )Não.
12. Suas atividades são compatíveis com o seu cargo? ( )Sim, ( )Não.
13. Meu gestor acompanha minhas metas e entregar de forma adequada? ( )Sim,
( )Não.
15. Levando-se tudo em conta, diria que esta empresa é um bom lugar para se
trabalhar? ( )Sim, ( )Não.