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FICHAMENTO “Parlamento e

Governo na Alemanha Reordenada:


Crítica política do funcionalismo e da
natureza dos partidos”
WEBER, Max. Parlamento e Governo na Alemanha Reordenada:
Crítica política do funcionalismo e da natureza dos partidos; tradução
de Karin Bakker de Araújo. Petrópolis, RJ. ED. Vozes, 1993

P. 7: Como se passa do parlamento e do governo e à burocracia?

Relação entre o governo e a burocracia.


O problema central para Weber consiste na dificuldade para a
formação de novas lideranças políticas numa organização de poder
marcada pelas sequelas do comando centralizado de Bismarck
(unificação alemã sob hegemonia prussiana), centralizar o poder de
decisão era a proeminência da burocracia na condução dos negócios
públicos.
P. 8 “E o governo é concebido como centro do exercício do poder
propriamente político, mais do que da coordenação das medidas
administrativas correntes”
P. 10 “Já a burguesia, mesclada com os quadros do serviço público
burocrático, recruta seus integrantes entre os egressos de uma
experiencia de grande peso na sociedade alemã da época: a passagem
pelas fraternidades estudantis, com seus rituais marcados por rígida
hierarquização de cunho conformista”
“Cruzam-se nisso, o adestramento na rotina própria ás burocracias
com a rigidez disciplinar das organizações militares, sem deixar
espaço para formação de atores sociais capazes de decisões
inovadoras, que galvanizem o conjunto da sociedade.”
“Não há em lugar algum, convenções mais rígidas e mais impositivas
do que as dos membros das associações estudantis alemães”
*TENDENCIAS “NIVELADORAS” TOCQUEVILLE
P. 15 “Ao falar de burocracia, Weber refere-se àquilo que seus estudos
apontam como forma moderna por excelência, e a mais eficaz de
todas, de se alcançarem nos objetivos pré-fixados mediante a
organização de tarefas coletivas. A marca da burocracia é sua
eficiência em relação a tarefas dadas, e sua encarnação é o conjunto de
funcionários, com seu espírito de corpo próprio.”
P. 15: “Eficiente, discreto, frio, o burocrata conhece os segredos dos
negócios rotineiros, e sabe escondê-los quando convém.”
P.16: “Para Weber, o aparelho burocrático é imprescindível para a
ação política em sociedades complexas e de grande escala. A questão
não é eliminá-la, mas impedir que ela ganhe proeminência no jogo
político, sob pena de este reduzir-se á gestão rotineira. Trata-se,
portanto, de assegurar o controle político da burocracia, e não o
inverso.”
P.16: “O modelo weberiano de relações entre os centros de poder na
sociedade não é de equilíbrio estático, mas de confronto dinâmico.”
P.16-17: “Nisso consiste sua diferença em relação à burocracia, na
qual as formas de luta (que existe, especialmente na disputa por cargos
e posições) ocorrem no interior de um enquadramento regulamentar
não contestado pelas partes. Está voltada para a eficiência dentro das
orientações dadas, não para gerar novas orientações, como faz o
dirigente. Entretanto, o peso político da burocracia não se esgota na
relevância dos seus serviços especializados. Tem a ver, também, com
sua tendencia expansiva, que tende a engolfar o próprio terreno da
ação política.”

CAP II: DOMÍNIO DOS BUROCRATAS E LIDERANÇA


POLÍTICA
P.41: “Num Estado Moderno, o verdadeiro poder, que não se faz sentir
nas preleções parlamentares nem nas falas dos monarcas, mas no dia a
dia da máquina administrativa, está, necessária e inevitavelmente, nas
mãos do funcionalismo, tanto do civil quanto do militar”
“Da mesma forma que se mede o assim chamado avanço para o
capitalismo desde a Idade Média, pelo grau de modernização da
economia, o aperfeiçoamento do funcionalismo burocrático é medido
pela sua estrutura de carreira, seu provento [..] pela divisão funcional
do trabalho, pela atribuição de responsabilidades, seu controle
documental e sua estrutura hierárquica”
“Eles decidem sobre todas as nossas necessidades e problemas
cotidianos”
P.42: “São poucas as diferenças da escalada da burocracia na
administração das comunidades. Quanto maior ela for ou quanto mais
tiver perdido sua autonomia em favor de associações técnicas e
econômicas, maior será o avanço dessa burocracia.”
“De fato, ambos são essencialmente iguais. Do ponto de vista
sociológico, o Estado Moderno é uma empresa da mesma fora que
uma fábrica: é exatamente essa a sua especificidade histórica. Tanto
num como noutro caso, a relação interna de poder é a mesma.”

P.43: “Também do ponto de vista histórico, contudo, o “progresso” a


caminho do Estado regido e administrado segundo um direito
burocrático e racional e regras pensadas racionalmente, atualmente,
está intimamente ligado ao moderno desenvolvimento capitalista. [...]
Para sua existência, ela necessita de uma justiça e de uma
administração, cujo funcionamento, pelo menos e princípio, possa ser
calculado racionalmente de acordo com normas gerais sólidas, como
se pode calcular o rendimento de uma máquina”
“Essa empresa moderna não convive bem com a justiça chamada
popularmente de justiça dos Cádis (Kadijustiz), que aplica a lei de
acordo com a interpretação do juiz em cada caso ou de acordo com
outros meios legais e princípios racionais vigentes no passado em
todos os lugares que ainda persistem [..].”
P.44: “[...] isto é, a organização rigorosamente racional do trabalho
baseada numa técnica por sua vez racional, isso não apareceu em
nenhum Estado formado de tal maneira irracional e, também lá, nunca
conseguiu s reestabelecer.”
“[...] ou onde o juiz, como num Estado burocrático com suas leis
racionais, é mais ou menos um autônomo regido pelos parágrafos, ao
qual se enfiam goela abaixo os anais dos processos juntamente com
os custos e os honorários, e ele devolve a sentença junto com um
arrazoado mais ou menos convincente, isto é, o seu funcionamento é
de toda forma, de um modo geral previsível.”

P.46-47: “[...] fosse empurrada para o turbilhão das lutas políticas e


partidárias pelo poder, pois, essas representações estari8am povoadas
de representantes partidários ao invés de técnicos imparciais e
competentes.”
“Para o sistema burocrático isso ensejaria a viva tentação de ampliar o
espaço para que, através da promulgação de leis de interesse e também
através de um sistema de apadrinhamento [...]se tentasse manter o
próprio poder e, acima de tudo, todo o controle da administração
tornar-se-ia ilusório. Pois os trâmites e acordos decisivos dos
interessados aconteceriam, agora, de forma menos controlada, atrás
das portas cerradas de suas organizações não oficiais.”
P.47: “Apesar da corrupção que este sistema tem como consequência,
ele tornou-se popular porque evitava a formação de uma casta e
burocratas. Esse sistema só foi tecnicamente viável porque e enquanto
era possível carregar o ônus de uma administração altamente diletante
amparada na existência de uma abundância ilimitada de meios
econômicos.”
P.48: “Eles têm objetivos políticos concretos, legados pela tradição,
em respeito à qual só podem ser modificados muito lentamente.”
“Em contrapartida, é comum que o mais influente dentre seus
membros esteja em posição de, pelo menos, poder pressionar a
burocracia dominante, garantindo aos seus protegidos uma colocação
em cargos não políticos paralelamente aos cargos concedidos aos
candidatos recomendados pelos próprios burocratas, portanto, pratica-
se uma política de influência sobre cargos subalternos.”
P.49: “Naturalmente, uma burocracia de Estado é muito diferente da
de um partido.”
“Um grande número de participantes honorários ou representantes
eleitos pelo interesses dominantes ou envolvidos compulsoriamente
podem, nas variadas formas da assim chama “autogestão”,
participando das decisões, controlando ou aconselhando e, ás vezes,
também executando, ser subordinados, estar no mesmo nível
hierárquico ou serem superiores dos burocratas de carreira,
principalmente na administração de comunidades.”
“Pois, na administração de organizações de massa [...] os funcionários
de carreira de formação especializada formam o cerne da sua estrutura
e a disciplina deles é condição absoluta de seu sucesso, por terem que
encarar tarefas mais complicadas e, sobretudo, quando sua existência
depende de seu poder [...]”
P.50: “[...] organização burocrática especializada, racional, baseada na
divisão do trabalho de todas as organizações patronais [...]”
P,51: “A burocracia, porém, comparada com outros sustentáculos
históricos do modo de vida moderno e racional, é caracterizada por
sua inexorabilidade consideravelmente maior [...] A burocracia
moderna distingue-se de todos esses exemplos mais antigos por uma
característica que torna mais solida e muito mais definitiva e sua
inexorabilidade: a especialização e a escolaridade profissionalizante e
racional

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