Você está na página 1de 17

Educação Social 1ºano

Caraterização da sociedade
moderna portuguesa:
Atualização de indicadores relativos aos trabalhos de grupo em curso
subordinados aos principais setores de caracterização social e económica

Sociologia e Educação não Formal

Beatriz Faria | Mariana Póvoa


Dezembro de 2020
Introdução
Ao longo da década de 1960, um ano de mudança, Portugal não estava na sua
melhor fase tanto a nível económico como a nível social. A saúde, ainda muito
desvalorizada, não era tida como uma prioridade e, por isso, Portugal possuía os
piores valores de alguns indicadores comparativamente com outros países
europeus.

Devido ao número elevado de partidas e, por consequência, ao envelhecimento


da população, Portugal teve os maiores valores de óbitos por cada 1000
habitantes.

Durante a década de 60 formos considerados o pior país ao nível da saúde no que


diz respeito à cobertura de toda a população. Tínhamos números absurdos de
óbitos à nascença (55 óbitos por cada 1000 habitantes) e, devido à inexistência de
um sistema de saúde gratuito que agregasse toda a população, Portugal não tinha
quase nenhuns gastos com a saúde - Portugal gastava apenas 1,7% do PIB com a
saúde comparativamente aos 3,8% da média europeia para o mesmo ano.

Isto significa que Portugal era um país extremamente empobrecido,


desvalorizado e despreocupado com a temática da saúde. Esta realidade era tão
assente que, em 1899 Ricardo Jorge iniciou uma organização de serviços de saúde
pública que era de índole privada, cabendo apenas ao Estado tratar dos pobres, o
que não acontecia.

A 2 de abril de 1946, estabelece-se a organização dos serviços prestadores de


cuidados de saúde então existentes, lançando as bases para uma rede hospitalar.
Trinta e nove anos depois, a 15 de setembro, cria o Serviço Nacional de Saúde, no
âmbito do Ministério dos Assuntos Sociais, enquanto instrumento do Estado para
assegurar o direito à proteção da saúde, nos termos da Constituição. O acesso era
garantido a todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica e
social, bem como aos estrangeiros, em regime de reciprocidade, apátridas e
refugiados políticos. Em 1981 aprovaram a enfermagem como uma profissão e um

PÁGINA 1
ano mais tarde, o SNS declara a sua independência financeira e administrativa.
Na entrada da nova década, a 8 de novembro, aprovam o regime legal da carreira
de enfermagem, visando regulamentar o exercício da profissão, garantindo a
salvaguarda dos direitos e normas deontológicas específicos e a prestação de
cuidados de enfermagem de qualidade aos cidadãos. Em 1992, estabelecem o
regime de taxas moderadoras para o acesso aos serviços de urgência, às consultas
e a meios complementares de diagnóstico e terapêutica em regime de
ambulatório, bem como as suas isenções. Em 1999, é ainda estabelecido o regime
dos Sistemas Locais de Saúde. Em 2017 é realizado o primeiro transplante de
coração artificial (Hospital de Santa Marta). Em 2019, No ano em que o SNS
comemorou o seu 40ª aniversário, é implementado o projeto de um modelo de
gestão autónoma para hospitais e Unidades Locais de Saúde.

Atualmente, os hospitais estão perante uma inevitável rotura que, por parte do
governo e dos excelentes profissionais, está a superar todas as expectativas da
população.

PÁGINA 2
Sida
Em 1983 ouviu-se falar pela primeira vez na Sida, em Portugal. Ainda que uma
doença muito desvalorizada assolou a população Portuguesa e ainda hoje é uma
patologia “invencível”. A sida (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é uma
doença não hereditária causada pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH ou
HIV – na língua inglesa) que enfraquece o sistema imunitário do nosso
organismo, acabando por destruir a capacidade de defesa em relação a muitas
doenças. Pode ser transmitida por relações sexuais sem preservativo, através da
partilha de seringas, agulhas ou outro material utilizado na injeção de drogas,
através de material que não estava devidamente desinfetado se fez uma tatuagem
ou um piercing, através de contato direto com o sangue de outra pessoa e através
da mãe para o filho durante a gravidez, parto e/ou amamentação. Todas as razões
supracitadas demonstram alguma irresponsabilidade e, tal como sabemos,
alguma desinformação por parte da população. Relativamente à partilha de
agulhas e material utilizado para fazer uma tatuagem, um exemplo muito
conhecido é a famosa tatuagem feita pelos combatentes do ultramar (1961-1974),
“amor de mãe”. Atualmente, não existem motivos válidos para a partilha de
materiais visto que estes tendem a ser disponibilizados a baixo custo nas
farmácias. O tratamento utilizado em Portugal é universal, gratuito e de
distribuição hospitalar. Decidimos escolher o tema da saúde, visto que,
atualmente o SNS tem estado num continuo julgamento público e nós pensamos
que, muitas vezes, este tipo de doenças fortemente transmissíveis demostram a
falta de responsabilidade da população.

PÁGINA 3
Índice

Introdução …………………………………………………………………………………………………………… 1

Sida ……………………………………………………………………………………………………………………… 3

Número de casos registados ao longo dos anos ……………………………………………….…. 5

Evolução da epidemia …………………………………………………………………………………………. 8

Taxa de incidência da infeção …………………………………………………………………………….. 9

Óbitos ………………………………………………………………………………………………………………… 10

Associação Abraço ……………………………………………………………………………………………… 12

Possíveis soluções enquanto futuras educadoras sociais…………………………………….. 13

Conclusão……………………………………………………………………………………………………………14

Webgrafia e Bibliografia ………………………………………………………………………………………15

PÁGINA 4
Número de casos registados ao longo dos anos
Ao estudar doenças históricas em Portugal, esperamos que nos anos mais
retrógrados a situação seja pior do que atualmente, contudo nem sempre foi
assim.
Na década de 70, a SIDA era uma doença desconhecida e sem nenhum teor
social. Ou seja, quase ninguém sabia o que ela significava e de que forma se
transmite. Em 1983 conheceu-se o primeiro caso, abrindo caminho para uma
avalanche de casos positivos nos seguintes anos.
Dez anos mais tarde, os casos aumentaram indescritivelmente provando,
portanto que esta doença era realmente transmissível e podia causar graves
problemas na sociedade portuguesa.
Segundo a tabela em análise, constatamos que a década de 90 e os inícios da
década de 20 foram os piores anos ao nível dos casos positivos da SIDA.
Historicamente, poderíamos culpabilizar a 2ºGuerra Mundial, a ditadura de
Salazar, a Guerra das Colónia, Os retornados e até mesmo a evolução tecnológica.
Contudo, destaca-se a má gestão dos recursos com fins de saúde, a inexistência
de organizações com conhecimento suficiente para colmatar a dissipação desta
patologia, a falta de informação nomeadamente ao nível da transmissão por
relações sexuais desprotegidas e de partilhas de objetos médicos, entre outros.
Conscientemente, em 2017 ainda houve cerca de 230 casos positivos de SIDA o
que, na década passada faria sentido tendo em conta a situação do país. Contudo,
há três anos, esta doença já era conhecida socialmente. O SNS já disponibiliza
tratamento gratuito, os centros de saúde disponibilizam métodos contracetivos e
de proteção sexual, já existem organizações entendidas no assunto e,
principalmente, tornou-se obrigatório os exames de gestante. Por estas razões,

PÁGINA 5
sublinhamos a importância da informação no que toca a doenças do foro
transmissível.

Como referido anteriormente, começaram-se a registar mortes devido à SIDA em


1988, porém esta apareceu alguns anos antes. O primeiro caso diagnosticado
ocorreu em 1983, sendo o único desse ano. Em 1985 já existiam 30 casos,
aumentando para 40 no ano seguinte. Ocorreu então, um grande aumento de
casos com o passar dos anos.

O pico relativamente a casos diagnosticados, não ocorreu em 2001, como era de


pressupor devido às mortes. Este ocorreu em 1996, sendo que aumentou de 853
números de casos diagnosticados (em 1995) para 1.043. Curiosamente em 2001,
onde ocorreu o pico de mortes devido a esta doença, registaram-se 1.184 números
de casos diagnosticados. Assim, concluímos que apenas 166 pessoas sobreviveram
à SIDA nesse mesmo ano.

O ano em que se registou um maior número de casos diagnosticados foi em 2000,


onde houve um total de 1.205 número de casos. Ao longo do tempo, foram criadas
maneiras e estratégias para evitar esta doença, o que, consequentemente se
refletiu nos números. Assim, em 2017 (dado mais recente) registou-se 234 casos
diagnosticados.

Imagem 1 – Número de casos diagnosticados

PÁGINA 6
Imagem 2 – Número de Casos diagnosticados

Imagem 3 -Número de casos diagnosticados

PÁGINA 7
Analise temporal da epidemia
O presente gráfico ~apresenta~ o número de casos diagnosticados ao longo dos anos e,
pretendemos estudar a evolução dos casos atendendo aos anos mais críticos.

Imagem 4 – Evolução dos casos diagnosticados

PÁGINA 8
Taxa de incidência da infeção
A taxa de incidência é o número de novos casos de uma doença, dividido pelo
número de pessoas em risco. Neste caso em específico vamos avaliar o número de
novos casos entre 2014 e 2018.

No ano de 2010, incidiram cerca de 0,38& casos por 1000 habitantes a testar
positivo para a infeção de VIH, sendo que 0,26% são homens e 0,12% são
mulheres. Dois anos mais tarde, os casos femininos diminuíram cerca de 0,04% e
os masculinos cerca de 0,02&. Em 2014 os casos femininos continuaram a descer
atingindo o valor de 0,07& casos ativos e os casos masculinos cerca de 0,19%. Em
2016 os casos mantiveram-se na mesma incidência. Em 2018 a taxa de incidência
da infeção por VIH atingiu os valores mais baixos dos últimos anos em estudo
sendo os casos femininos 0,05% e os masculinos 0,14%.

Imagem 3 – Taxa de incidência da infeção por VIH

PÁGINA 9
Óbitos
Começaram a assinalar mortes devido à SIDA no ano de 1988 com 0.1%. O ano onde se
registou mais mortes foi em 2001 com cerca de 1%. A partir deste, a percentagem foi
diminuindo, até que, em 2018 se registou uma percentagem de 0.3%.

Imagem 4 - Óbitos por algumas causas de morte.

Por 100 mil habitantes registou-se 0.6% mortes em 1988, sendo que o maior número de
mortes por 100 mil habitantes ocorreu em 1996 com 11.0%. Em 2018 registou-se 3.0%
mortes em 100 mil habitantes.

Imagem 5- Óbitos por 100mil habitantes.

Em 1988, 62 pessoas residentes em Portugal morreram devido à SIDA. A partir deste ano,
as mortes em Portugal começaram a aumentar atingindo o pico, como anteriormente
referido, em 2001, onde ocorreu 1.018 mortes. Depois deste ano, o número de mortes
começou a diminuir. Em 2018 morreram 312 pessoas relacionadas a esta doença.

PÁGINA 10
A região que sofreu mais com esta doença foi Lisboa. No ano do pico (2001) registou 202
óbitos, destacando-se assim de todos os outros territórios. Neste mesmo ano, o Porto
esteve em 2º lugar com 71 mortes.

Em 2018, Lisboa continua à frente com 34 óbitos, Porto em segundo com 19 óbitos, Sintra
em terceiro com 18 óbitos, Amadora em quarto com 13 óbitos, Loures em quinto com 11
óbitos, entre outros.

Imagem 6 - Associação Abraço


Óbitos de residentes em Portugal

PÁGINA 11
Associação abraço
Trata-se de uma Instituição de Solidariedade Social e de uma organização não
governamental sem fins lucrativos, com o objetivo de fornecer apoio a pessoas infetadas
pelo VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) /SIDA.
Fundada no ano de 1992, a presidente Margarida Martins abriu o primeiro centro de
atendimento no Bairro Alto em Lisboa. Esta foi criada devido a um grupo de voluntários
que apoiava seropositivos internados no Hospital Egas Moniz em Lisboa. Depois de um
dos elementos deste grupo ter falecido devido à SIDA, os outros elementos do grupo
decidiram fundar a “Abraço” que sempre funcionou à base de trabalho voluntário.
Foi graças a esta que a Sida foi reconhecida como um problema social, pois na época em
que surgiu e da maneira como é espalhada (através de seringas e sexualmente) era vista
muito mal pela sociedade, o que tornou bastante difícil o reconhecimento desta como
um problema social.
A associação tenta ajudar todo o país, tendo instalado 3 centros na Grande Lisboa, um no
Porto, um no Funchal e outro em Setúbal. Criou também dois programas de apoio
domiciliário para doentes, um programa de apoio a crianças filhas ou órfãs de pessoas
infetadas com VIH/SIDA e abriu duas unidades residenciais. Esta conta com a
solidariedade de artistas, empresas e instituições para assim conseguir a nível financeiro.
A Abraço associou-se a diversas redes europeias de ONG na área da SIDA e, um dos seus
membros, Pedro Silvério Marques, foi nomeado em 1999, para a direção do Programme
Co-ordinating Board da UNAIDS (programa das Nações Unidas).

PÁGINA 12
Possíveis soluções enquanto futuras educadoras sociais
Falta a tua opinião (escreve de modo geral)

Enquanto futuras educadoras sociais sentimos que esta temática não é


devidamente abordada e conhecida socialmente. Num pequeno inquérito familiar
pudemos perceber que os membros mais velhos sabem que a Sida é uma doença,
contudo não sabem o tipo de doença que é, e como é que pode ser tratada. Os
membros mais novos nunca ouviram falar desta doença na escola e também não
sabem o tipo de doença que é. Por esta razão, consideramos que é indispensável
iniciar uma campanha de consciencialização para dar a conhecer às pessoas o
foro desta patologia. Essencialmente tentaríamos optar por formações
infantojuvenis para lhes alertar do perigo que é partilhar seringas e material não
esterilizado, terem relações sexuais desprotegidos, estarem em contacto com
sangue de outras pessoas, entre outros. Tal como as palestras sobre a educação
sexual e do suporte básico de vida, consideramos que, cada vez mais é relevante
dar a conhecer outro tipo de patologias tão abafadas na nossa sociedade.

Outra solução que encontramos, num estágio possivelmente avançado,


tentaríamos apoiar a pessoa infetada e perceber como é que seria o grupo que a
rodeia para que, assim pudéssemos perceber se estes praticavam as mesmas
atividades e se tinham os mesm0s hábitos que o doente.

Uma terceira possível solução, agora direcionada para a utilização de agulhas


para injeção de substâncias psicotrópicas, seria tentar entrar em contacto com
estas pessoas e desenvolver um programa de desintoxicação para que, assim
pudéssemos intervir a nível da inclusão social e, por consequência, coadjuvar na
diminuição da incidência da doença.

Como cidadãs, apenas nos resta a missão de nos cuidarmos e de cuidarmos de


quem nos rodeia. A proteção é sempre importante quer seja ao utilizar a máscara
por causa do covid, quer seja a utilizar um preservativo por causa do VIH.

PÁGINA 13
Conclusão

PÁGINA 14
Webgrafia e Bibliografia
 Diapositivos fornecidos pela Docente
 Serviço Nacional de Saúde – SNS
 Evolução da Saúde em Portugal (slideshare.net)
 Sida (gov.cv)
 Evolução da SIDA - sida12b (sapo.pt)
 História do VIH e sida: principais factos - Revista Prevenir
 Ata Farmacêutica Portuguesa 2016, vol. 5, n.1, pp. 24-35
 Portal do INE
 PORDATA - Estatísticas, gráficos e indicadores de Municípios, Portugal e Europa
 «A evolução da sociedade portuguesa e a "classe dos diplomados"» de Alfredo de
Sousa
 RelatVIHSIDA2019.pdf (min-saude.pt)

PÁGINA 15
Caraterização da sociedade
moderna portuguesa:
Atualização de indicadores relativos aos trabalhos de grupo em curso
subordinados aos principais setores de caracterização social e económica

Sociologia e Educação não Formal

Beatriz Faria | Mariana Póvoa


Dezembro de 2020

PÁGINA 16

Você também pode gostar