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Capftulo 1 - Mais rápido, mais altD,

mais forte

Resenha bibliográfica Conta como vem sendo a fabrica·


ção tradicional com os seus vlcios e
dificuldades. Comenta, ainda, como
foi o ponto de virada em que algumas
empresas reagiram e obtiveram seus
primeiros resultados.
Schonberger, Richard J. World fornecedores, os transportadores e os
class manufacturing - the les- próprios clientes? Desta forma, pro- A filosofia do World class manufactu·
sons of simplicity applied. New cedeu-se a uma revolução na adminis- ring (Fabricação classe universall está
York, The Free Press/Macmillan, tração da produção. resumidamente exposta neste cap(tu-
1986. lo, e lembra muito o seu titulo.
Na realidade, comparando-se o sis-
tema tradicional com o World class Capítulo 2 - Operadores de linha
manufacturlng, houve apenas a mu· e dados das operações
dança na organização e na atribuição Como o anterior, este cap(tulo
das pessoas, para que todos estives~ também trata de filosofia e mudança
sem realmente envo,vidos na fabrica- na cultura da empresa. Para que uma
World ciiJSS manufacturing - the ção, principalmente os departamen- fábrica se torne de classe universal,
lessons of simplicity app/ied é uma tos de apoio como manutenção, en- deve haver um envolvimento maciço
continuação do primeiro livro de Ri· genharia industrial, controle de quali- nos problemas que os operadores en-
chard Shounberyer, Japanese manu· dade, engenharia de processo e de frentam a cada minuto no local de
facturing techniques: nine hidden produto. O número de n(veis hierár· trabalho.
lessons in simplíciry, traduzido para quioos reduziu-se e cada item pro- A atividade de coletar informa·
o português como Técnicas indus- duzido passou a ter a real atenção de çOes, analisá-las e solucionar proble-
triais japonesas: nove lições ocultas todos os envolvidos. mas torna-se primordial, sem o que.,a
sobre simp//cidade. produção não garantirá produções
A engenharia industrial enrique- Na verdade, as modificações aci· sem paradas ou problemas de quali-
ceu-se muito com as técnicas apresanw ma foram suficientes para reduzir a dade. A pessoa mais adequada para
tadas no livro. Baseada nelas, a indús- proporção de peças defeituosas em esta atividade é o próprio operador.
tria japonesa deu um grande salto, 1O vezes; tempos de passagem de la· R. Schonberger mostra como canse·
passando a apresentar produtos que bricação, em 20 vezes; estoques em guir tal resultado, utilizando controle
dominaram seus concorrentes es- processo, de 21 dias para um; ou, estatístico do processo, mantendo as
trangeiros. Na realidade, a filosofia atnda, triplicar volumes de vendas ferramentas e os calibradores limpos
que está por trás dessas técnicas é com a metade do espaço. e, principalmente, provendo um bom
muito simples. Fabricar bem da prí· Os brilhantes resultados consegui· gerenciamento. O autor dá exemplos
meira vez, para evitar refugos poste- dos por essas técnicas garantiram o de bom gerenciamento com suas
riormente. Para que isto se realize. o sucesso do livro em questão. Na ver- implicações e conseqüências.
produto deverá ser controlado o mais dade, existe farta literatura sobre
próximo poss(vel da operação que Controle de Qualidade Total (CQTJ, Capitulo 3- Departomentos
o fabricou. Por que não controlar, Sistemas Just in Time (JITI, ou, ain- auxiliares como atores coadjuvantes
portanto, o próprio processo? Uma da, Tecnologia de Grupo, porém cada Os componentes destes departa·
vez que exfste a certeza de que seria um tratando de seu assunto isolada- mentos devem localizar-se no piso da
fabricadas tantas peças boas quantas mente, e com certa complexidade e fábrica, onde os problemas aconte·
necessárias, torna-se inútil geral esto· aridez. cem e, mais ainda, garantindo um
ques no processo. Sem estoques de O mérito de R. Schonberger foi bom relacionamento entre eles e o
processo, a área necessária diminui, reunir toda a literatura, analisar o pessoal da produção.
assim como inúmeros equipamentos impacto das varias abordagens em A manutenção torna-se mais efi-
de manuseio. Porém~ como garantir conjunto e transmiti-las de maneira ciente com menos gente no depar-
que o equipamento funcione bem e simples~ dando ainda exemplos con- tamento de manutenção da fábrica.
sem parar no per(odo previsto? Pro- cretos em. empresas norte·americanas, Pouco a pouco, os operadores lubri·
cedendo a uma manutenção preven- mostranoo que fora do Japão tam- ficam seus próprios equipamentos e
tiva e flexibilizando as máquinas. bém é possível conseguir bons resul· aprendem a fazer a regulagem e os
Para reduzir a probabilidade de acon- tados. reparos simples; começam, em suma,
tecerem problemas na fabricação que A organização dos capítulos é lei· a sentir um senso de propriedade
sejam resultantes do projeto, equipes ta de forma didática, mostrando cada quanto ao equipamento.
conjuntas de pessoal da área comer- aspecto em separado e interligando-se Corri menos gente no departamen·
cial, de projetos e de fabricação deve- no fim. to de qualidade, obtém-se melhor
rão ser formadas a fim de discutirem qualidade. Os próprios operadores
os problemas potenciais e evitarem- Segue um resumo dos 13 capitu- inspecionam seu trabalho ou o do
nos dali para a frente. las do livro que está sendo traduzido operador anterior. Discutem-se os
Estendendo a mesma linha de pen· para o português e editado pela Pio· problemas surgidos, graças a anota-
sarnento, por que não envolver os neira. ções em quadros.

Rev. Adm. Empr. Rio de Janeiro, 28 (1) 55-60 jan Jmar. ! 988
A contabilidade de custos torna Capttulo 5 - Economia de múltipfos Capftulo 6 - Centros de
diretos os custos de departamentos No passado, a questâ'o do tama· responsabilidade
auxiliares, simplificando, assim, a nho das máquinas foi satisfatoria- Antigamente, usavam~se os termos
tarefa de calcular os custos. mente resolvida, escolhendo-se a fluxo do processo, organização hu-
O controle da produção fica faci· maior máquina do catálogo. Porém, mana e disposição f(slca de maneira
litado, pois grande parte sará visual outros fatores mostraram-se impor· independente e desordenada. Hoje,
e os estoques intermediários desapa- tantes para serem considerados, co- usa-se o termo organização da fábri-
recem. mo: ca. É importante criar centros de res-
ponsabilidade. São analisados seis
Deve haver uma equipe formada • A rapidez com que a máquina pode tipos de organização de fábricas,
com o pessoal de Engenharia Indus- ser ajustada. depéndendo da situação:
trial, Compras, Engenharia de Fabri-
cação e Engenharia de Projetos. O • A facilidade de prover a manuten- • Agrupado e desordenado, que é o
objetivo dela é realizar apenas aque- ção e de mantê-la produzindo com pior tipo, e ocorre em duas situações:
les trabalhos· que acrescentam valor qualidade. em oficina de serviços intermitentes,
ao produto. e no caso de produtos mais padroni-
Deve·se lutar para reduzir prazos • A facilidade com que a máquina zados em que houve um crescimento
de toda a natureza, desde o trabalho pode ser movida. desordenado.
administrativo até o de produção.
• A facilidade de ajustar a velocidade • Linhas de fluxo agrupadas que con-
Capitulo 4 -Atuação exagerada da máquina de acordo com flutua- têm os equipamentos dispostos de
do capital ções da demanda final. maneira a garantir o fluxo de produ-
A automação e sua n-ecessidade t,:â'o. Pode conter máquinas unitárias.
são discutidas, e a conclusão a que • Preço baixo para que novas unida~
chega R. Schonberger é sobre sua des possam ser adquiridas com o tem- • Tipo celular, um tipo de agrupa-
vantagem; porém. apenas no caso de po, conforme a velocidade do cresci- mento que fabrica uma Iam (I ia de
melhorar o desempenho. Isto é tam- mento da demanda. produtos.
b6m válido para os robôs. O autor concluí:
Um primeiro ponto para começar • Estação ou máquina unitária, que
são os equipamentos que permitem • V~rias equipes, células, linhas ou executa várias operações em série
interligar as máquinas utilizadas para máquinas são melhores do que uma, para fabricação de um módulo com-
um mesmo produto. Na medida em pois duas equipes ou conjuntos de pleto do produto. Ao contrário das
que for necessário ampliar a capaci· equipamentos, conseguindo o mes- células, as operações são feitas em
dado, é prefer (vel instalar uma segun- mo produto ou fam ílía de produtos, uma em vez, de em várías máquinas
da linha igual à primeira, a ter uma estão em uma competição amigável, ou estações.
nova que substltua a primeira com quando as coisas vão hem. Elas se
velocidade maior. complementam quando ocorre uma • Linhas de fluxo dedicadas, que são
Uma técnica JIT utilizada para queda nas vendas ou quando algo não um caso de linhas de fluxo, porém
evitar paradas é tornar todos os vai bem. dadicadas para um produto ou uma
centros de trabalho em gargalo, para pequena gama de produtos.
que recebam a atenção necessária. Os • Deve-se adicionar capacidade fixa
operadores devem constituir a pri* da mesma maneira que se adicionam • Tipo combinado, que ocorre num
meira linha de ataque aos problemas pessoas: em pequenos incrementos. perfodo de transição para mudar a
que surgem quando termina um esto· à medida que a demanda cresce. organização do tipo egrupado para
que de amortecimento causando pa· linhas de fluxo.
radas. Em virtude do fato de que as má-
R. Schonberger di seu te o uso de quínas devem ter suas velocidades Capftu/o 7- A qualidtKie como meta
máquinas unitárias que fazem muitas adaptadas às necessidades, podendo Foi na década de 80 que as indús·
operações, tanto em oficinas quanto mesmo parar, surge a necessidade de trias ocidentais embarcaram na Qual i·
em escritórios. manter-se o operador sempre ocupa· dade Total, após uma estagnação de
As conclusões a seguir terminam o do. Assim, os operadores deverão ser 35 anos.
cap(tulo: versáteis, a fim de moverem-se para Um dos pontos fundamentais é o
onde o trabalho estíver. controle do processo. Ferramentas
• A mão-de·obra é muito valiosa, en· Quando as máquinas estão pró- úteis para esta finalidade são:
quanto equipamentos não pensam ximas entre si, as mudanças nas velo·
nem resolvem problemas. Equ'ipa- cidades podem ser comunicadas ao e quadro de fluxo de processo;
mentos devem ser introduzidos ape~ operador anterior pelo próprio siste-
nas quando há realmente uma vanta· ma de puxar, como o Kanban. •análise de Pareto;
gem calculada. Os conceitos de tornar a produ-
ção flexível também são aplicáveis • diagrama de espinha de peixe;
• Os equipamentos apresentam, so· para a movimentação das máQuinas,
bre as pessoas, a vantagem de me'nor prateleiras móveis, formar células e • histogramas;
variabilidade: movimentos, tempos, eliminar sistemas automáticos de
ciclos e qualidade untformes. estocagem. •diagrama de controle de processo.

56 Revista de Administração de Empresas


O autor dedica um parágrafo às • Contratos de longo prazo substi· O número de relatórios será di-
avaliações de fornecedores e audito- tuem padidos de compra de curto minufdo, dando mais tempo a ceda
rias da qualidade. prazo. um para trabalhar.
lO analisado, em seguida, o elo en-
tre a qualidade e o JIT, e enfatizada,• O fornecedor recebe treinamento, Capitulo 11 - Gerenciando a
de muitas: maneiras, a vantagem de Informações de planejamento avança· transformação
analisar as causas dos defeitos. do e, ocasionalmente, atê ajuda fi- As alterações para transformar
i: ihteressante mencionar duas ci~ nanceira. uma empresa em classe universal po-
tações: ué um axioma, no controle dem ser feitas em curto prazo;
da qualidade, que o tempo para iden- • Alguns contratos podem prever en-
tificar causas determináY<!is dura en- tregas a um ritmo diário regular, em • Basta planejar as ações e começar_
quanto essas causas estiverem ativas"; vez de flutuações, conforme a de-
e "o atraso pode ainda significar que manda. • Não é necessário esperar longos es·
a causa do problema é mais diffcil de tudos para provar que os conceitos
ser identificada e, em muitos casos, • Compradores da fábrica do cliente estão certos.
impossfvel". assumem a dor de cabeça dos fretes.
• Os resultados são rápidos e visíveis,
A mensagem do cap ftulo pode ser • Requisitos contratuais devem ser convencendo a todos.
resumida em: a qualidade é assunto rfgidos, obrigando o fornecedor a
de todos. promover melhoramentos rápida e • Não se implicam grandes investi-
continuamente. mentos.
Capftulo 8 - Alavancagem de
projetos Os transportadores também foram • Há um entusiasmo e satisfaçâb do
lO necessário que o projeto seja abordados, e a solução é que se adap- pesscal envolvido.
voltado ao cliente e íntimamente in- tem à rápida carga e descarga, fazen-
tegrado com o resto da organização. do um roteiro otimizado, servindo a R. Schonberger enumera vários
Dois conselhos são dados: minimi- tal número de usuários que lotem as exemplos de implantação e comenta ,
zar o número de componentes e utili~ carretas. o papel da manutenção preventiva
zar projetos modulares; o autor cita total e do controle da qualidade to·
vários exemplos. Capft:ulo 10- ModefO!l simples, tal, e do JIT, ao fabricante de classe
Lentamente, devem ser formadas sistemas simples universal.
equipes de marketing-projeto-fabri- Devemos evitar o uso de modelos
cação. Uma das formas é promover complexos, pois nunca funcionam Capitulo 12- Treinamento: o agente
a rotação de engenheiros de produto bem, causando frustração. Os enge- catalisado r
na fabricação, para que possam co· nheiros industriais e o pessoal de ge· O treinamento é a melhor forma
nhecer os problemas práticos de seus rência parecem felizes em mudar para de iniciar uma implantação JIT/CQT.
projetos. mOdeloS visuaís e simples que apre~ Poém, é necessário envolver o pes-
sentem resultados mais satisfatórios. soal da produção. Em seguida, é só
lO importante reduzir o prazo para Os sistemas simples de informaçlo iniciar os projetos-piloto. Um vídeo
projetar peças. Tempos de passagem também apresentam dados sobre cus- pode ser mostrado no treinamento;
devem ser encurtados e um bom tos, e nós devemos conhecê-los para contudo, certamente, deverá ser feito
exemplo disto é mostrado neste cap(· estabelecer os preços e tomar deci- outro para mostrar a que se chegou
tu lo. sões sobre a produção. nos grupos-piloto.
No sistema de classe universal, vá·
Capitulo 9- Companheiros de lucro: rios serviços auxiliares, como qual ida· Capftulo 13- A estratégia revelada
fornecadores, transportadores e de e manutenção, são feitos por ope· O autor elabora uma lista de ação
cfíentes redores que, juntamente oom suas para a excelência em fabricação:
Atualmente, aqueles de quem com- máquinas, estão dispostos de acordo - Conheça o cliente.
pramos e a quem vendemos não po· com o fluxo do produto. Existem - Reduza o trabalho em processo.
dem ser concorrentes. Eles são co· trabalhos, atualmente, com vistas a - Reduza as linhas de fluxo.
produtores, co-fabricantes ou campa· abordar criativamente os custos, - Reduza os tempos de preparo e de
nhelros no lucro. como, por exemplo, utilizar o tempo ajuste.
Os fornecedores devem ser desen- de passagem para alocar as despesas - Reduza as distBncias de fluxo e o
volvidos cuidadosamente. Para isto, indiretas. Essas abordagens têm várias espaço.
devem ser em número reduzido para vantegens porque a maioria das des· - Aumente a freqüência produção/
que mais atenção possa ser dada a pesas indiretas e globais deve-se ao entrega para cada um dos itens exi-
cada um. Contrariamente ao que tempo gasto com demoras e proble- gidos.
possa ser esperado, os fornecedores mas que aumentam os tempos de - Reduza o número de fornecedores
não irâb ã falência e os resu ltedos passagem. para apenas alguns poucos e bons.
abaixo serão atingidos: Os estoques devem ser gerenciados - Reduza o número de componentes.
de maneira simplificada. - Torne a fabricação do produto fá-
• O fornecedor venderá volumes mui- As ordens de fabricação serão re- cil e sem erros.
to maiore~ para um nlfmero muito duzidas e dirigirão células inteiras, e - Organize o local de trabalho de mo-
menor de clientes do que antes. não mais máquinas individuais. do a eliminar o tempo de busca.

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- Treine seus funcionários para domi- Seattle (Chefe fndio). Preserva- da praia, cada bruma nas densas fio·
narem mais de um trabalho. ção do meio ambiente - mani- restas, cada clareira e cada inseto a
Registre e guarde os dados sobre a festo do Chefe Seattle ao presi- zumbir são sagrados na memória do
produção, qualidade e problemas no dente dos EUA. São Paulo, Ba- meu povo. A seiva que corte através
local de trabalho. bei Cultural, 1987. 47p. (Trad. das árvores carrega as memórias do
- Garanta que o pessoal da produção homem vermelho ( ...). Somos parte
faça a primeira tenta! iva para resolver
Magda Guimarães Khouri Cos· da terra e ela é parte de nós( ... ). Des·
os problemas, antes do pessoal dos
ta.l te modo, quando o grande Chefe
departamentos auxiliares. manda dizer que quer comprar nossa
Mantenha e melhore o equipamen· terra, ele pede muito de nós ( ... ). Con·
to e o pessoal existentes, antes de sideraremos sua oferta de comprar
pensar a respeito de novos equipa· nossa terra. Mas não será fácil, pois
mentos. esta terra é sagrada para nós" (p.
- Procure um equipamento simples, 11,13e15).
barato e móvel. A Editora Babei Cultural, no in(· Em sua sabedoria, o Chefe Seattle
- Em lugar de apenas uma, procure cio de suas atividades, acaba de lan- dá conselhos ao homem branoo, lem·
ter várias estações de trabalho, má· çar, numa tradução de Magda Guima· brando que deve ensinar às crianças
quinas, células e linhas para cada pro- rães Khouri Costa e com 20 ilustra- que uos rios são nossos irmãos.. # que
duto: ções de Vera Rodrigues, o Manifesto 'la terra é nossa mãe". Assim, ntudo
- Automatize paulatinamente, quan- do Chefe (ndio Seattle. Ele escreveu. o que ocorrer com a terra ocorrerá
do não houver outra maneira de re~ Preservação do meio ambiente em aos filhos da terra. Se os homens des·
duzir a variabilidade do processo. 1855, respondendo à proposta do prezam o solo, estão desprezando a si
então presidente dos Estados Unidos mesmos ( .. .). O que ocorrer com a
Diz ainda R. Schonberger como da América, Frankl in Pearce, que dew terra recairá sobre os filhos da terra.
dar os primeiros passos em direção a sejava comprar a terra dos índios. O homem não teceu a trama da vida;
ser um fabricante classe universal. O editor Sérgio Amad Costa infor· ele é meramente um de seus fios.
Em vários dos cap(tulos, o autor ma, na Apresentaçlo, que o Manifes- Tudo o que fizer ao tecido fará a si
apresenta conceitos e exemplos de to foi traduzido da versão original, mesmo" (p. 19, 35 e 39).
análise do valor, mencionando-os localizada na Seattle Historical Socie· Nos dias de hoje, observa~se uma
claramente em alguns, e em outros ty, em Washington. Fica-se sabendo, série de modismos envolvendo a
não, preferindo englobá-los sob o igualmente. que o "chefe Seattle nas- questão ecológica, com partidos pol (.
trtulo "Fabricaçlo classe universal". ceu em 1790 e morreu em 1866. ticos e grupos de interesse das mais
Na oondição de antigo professor Liderou os Duwamísh e as tribos Su· diversas tendências se organizando
de administração de empresas, o au· quamish, Saminish, Skopamish e em torno dessa bandeira. Modismos
tor mostra seu conhecimento nas v-li· Stakmish, sendo o primeiro signatá· e oportunismos à parte, creio que to~
rias áreas que compõem uma empre· rio do tratado de Port Elliot, pelo dos os cidadãos - principalmente os
sa, tanto por meio de bibliografia ci- qual estas tribos se submeteram às im· que vivem nos grandes centros urba·
tada - incluindo nela são só disserta- posições governamentais dos EUA, nos - deveriam se ocupar no senti~
ções acadêmicas, como artigos em recebendo, em troca, uma reserva in· do de preservar os rios, os lagos, as
periódicos, além de livros - quanto dfgena. Cumpre lembrar, também, praias, a$ florestas, os animais e as
pela sua prática de consultor. · que a cidade de Seattle, nos EUA, montanhas. Caso isso não ocorra,
tem este nome em homenagem ao como nos lembra Seattle neste belo
R. Schonberger conseguiu, nas chefe dos Duwamish" (p. 5). livro lem que texto, ilustrações e
253 páginas de seu livro, numa lingua- Embora escrito há mais de 130 capa se integram com harmoniaL '"é
gem direta, bastante agressiva, ressal· anos, o manifesto é considerado co- o fim da vida e o inicio de uma
tar as vantagens do World class manu· mo um dos mais profundos pronun~ subvida" (p. 45).
facwríng, motivando os leitores dire- cíamentos sobre a defesa do meio
tamente para a ação. ambiente, sendo de uma atualidade
indiscutlvel. Isto porque chama a
atenção para a falta de respeito e de
cuidado com a terra e, conseqüente·
mente, cpm o equil fbrio ecológico. Afrlnio Mendes Catani
João Mário Csi/lag Seattle começa sua resposta ao Proffnwr na Faculdade de Educação
Engenhelrt~ ..eronáutfco pelo /TA~ Presidente Pearce afirmando que o de UniV11fflidade de Siio Poulo {USPJ.
doutor em administração de seu povo irá considerar a proposta re·
empresBS P81B FG V~ professar ns cebida para vender mais suas terras~
EAESPIFGV e consultor na árH
dtt produtividade.
embora se pergunte:"!: poss(velcom·
prar ou vender o céu e o calo r da
terra? Tal idéia é estranha para nós.
Se nílo possu f mos o frescor do ar e o
brilho da água, como podem com·
prá-los? Cada pedaço desta terra é
sagrada para o meu povo. Cada ramo
brilhante de um pinheiro, cada areia

58 ReJJista de Administraçilo de Empresa&

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