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A trajetória das mulheres na política externa brasileira começou apenas quase cem
anos após a criação do Itamaraty em 1821. A primeira diplomata brasileira, Maria José de
Castro Rebello Mendes, ingressou nos quadros apenas em 1918. Desde então, reformas na
instituição limitaram o acesso das mulheres à diplomacia brasileira, como a Reforma Oswaldo
Aranha. Tal reforma fechou o ingresso às mulheres até o segundo período Vargas. A primeira
embaixadora de carreira do mundo foi a brasileira Odette de Carvalho e Sousa em 1959,
representando o Brasil em Tel Aviv. A primeira mulher negra foi Mônica de Veyrac, ingressante
como terceira-secretária em 1979. Apesar desses marcos, a trajetória e a presença de
mulheres na formulação e aplicação da política externa brasileira enfrentou desafios como o
afastamento compulsório de diplomatas mulheres majoritariamente, ao acompanhar os
parceiros diplomatas no exterior, ou a limitação de que apenas um dos cônjuges,
normalmente os homens, pode receber o bônus de representação no exterior. As medidas
desiguais seriam retiradas apenas na década de 1990, no governo de Fernando Henrique
Cardoso.
A agenda internacional tem incluído cada vez mais a temática de gênero em suas
discussões. A Agenda de Mulheres para a Paz ressalta a importância da inclusão das mulheres
nas discussões de paz e segurança internacionais e, assim, nas operações de paz da ONU. A
criação da ONU Mulheres em 2010 foi um passo a mais nesse sentido, trazendo ações mais
intensivas na proteção dos direitos civis, econômicos, sociais e culturais das mulheres,
promovendo sua participação e visibilização política. Os Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável incluem em um dos 17 focos a igualdade de gênero como base para o
desenvolvimento da sociedade internacional. Na diplomacia brasileira, a diplomata Maria
Laura da Rocha é a primeira Secretária-geral do Itamaraty, um avanço para a diplomacia pátria,
e a formação da Associação de Mulheres Diplomatas do Brasil, encabeçada pela diplomata
Irene Vida Gala, busca promover a perspectiva de gênero na formulação da política externa e
uma melhor resposta aos desafios vividos pelas mulheres no Itamaraty. Há, ainda, traços da
desigualdade da sociedade internacional contemporânea, um exemplo claro é a pouca
representatividade das mulheres nos discursos de abertura da Assembleia Geral da ONU em
2023.