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CHAMADA DOSSIÊ

PSICOLOGIA DA DOR

Você já parou para pensar como as pessoas descrevem a dor que estão sentindo? Elas o fazem levando
em consideração as sensações, os motivos e as compreensões que têm do mundo e das coisas, além,
principalmente, de suas emoções. O fato de muitas vezes, e sem o saber, estarem reconhecendo e avaliando
dor através dos diferentes componentes e dimensões da mesma. Mas, nem sempre foi assim. No passado,
grande número de estudos sobre dor, e as formas de contê-la, ou seja, de promover sua analgesia, a
consideraram um elemento de dimensão unitária, variando apenas em intensidade. A tendência negativa de se
considerar apenas a sensação dolorosa, sentida no momento da avaliação, conduziu os estudiosos da dor a
desconsiderar a elevada variabilidade dos mecanismos, e ou processos, capazes de promover um diagnóstico e
um tratamento mais eficientes da dor.
Por outro lado, seria a dor também afetada pela experiência passada e pela cultura? Certamente. Desde
as dores do corpo, espírito e coração, mencionadas por nossos antepassados, às mágoas e desilusões que
pontuam nossas vidas, todas, em conjunto, afetam nossos comportamentos e são, por estes, afetadas,
construindo sistemas de valores humanos e conferindo significado e sentido ao real em que se vive.
Contemporaneamente, também os deslocamentos intra e intercontinentais, com suas diferentes implicações
sociais, culturais e até religiosas, contribuem para a complexidade da dor. Por que? Porque o homem,
enquanto organismo interrelacionado em si, entre si e com o mundo e outros animais sofre e reflete o
sofrimento físico e psíquico que sente. Mas considerar a dor um sinal vital não seria algo recente?
Ao final dos anos 90, a dor veio a ser considerada “quinto sinal vital” na literatura médica. O que
significa isso na prática? Significa que seu registro rotineiro, após temperatura, pulsação, pressão arterial e
respiração, tornou-se imprescindível na responsabilidade clínica. Significa, também, que, para minorar,
adequadamente, o sofrimento dos pacientes com dor, torna-se fundamental avaliá-la, e mensurá-la,
compreensiva e cientificamente apropriada. Destacamos, aqui, que, a avaliação e mensuração de dor são
extremamente importantes no ambiente clínico e hospitalar. Uma vez que é a partir delas que os clínicos de
dor chegam à decisão de que tipo de tratamento, e conduta terapêutica, prescrever, bem como, quando estas
intervenções devem ser interrompidas.
Assim considerando, a dor, enquanto experiência pessoal e subjetiva, e algo que somente pode ser
sentido pelos que ela acomete, passou a ser definida como tudo o que a pessoa sente, do jeito que, e quando,
esta sente. Diagnosticada e avaliada apropriadamente, torna-se possível verificar se os riscos de um
determinado tratamento da dor superam os danos causados pelo problema clínico, bem como, viabilizam
escolher a melhor, e mais segura, conduta terapêutica, seja ela medicamentosa, psicológica, nutricional ou
baseada em terapias complementares. O alcance disso? Fazer o melhor acompanhamento e análise dos
mecanismos de ação de diferentes drogas analgésicas, ajustando doses e a frequência de sua administração.
Do mesmo modo, poderíamos verificar a eficácia de qualquer, ou de quaisquer outras, intervenções que não
sejam as medicamentosas. Uma vez bem-sucedida a conduta terapêutica, cessa-se a dor e o desprazer a ela
associado.
A convite da Dra. Maria Stella Alcântara Gil, atual editora da revista Cadernos de Psicologia,
publicação regular da Sociedade Brasileira de Psicologia (SBP), fomos solicitados a organizar um número
especial deste periódico que tratará da Psicologia da Dor. Enquadram-se nesta área temas como:

• Definições do constructo da dor


• Análise das múltiplas facetas ou dimensões da dor
• Ferramentas para diagnóstico
• Avaliação e mensuração da dor
• Psicofarmacologia da dor
• Estudos recentes da cannabis para tratamento da dor
• Tipos e categorias de dor
• Dor em populações especiais: idosos, fetal e recém-nascidos, crianças, adultos, não falantes do idioma
e pessoas com condições clínicas relacionadas ao envelhecimento cognitivo.
• Comorbidades associadas à dor, tais como, ansiedade, depressão e interrelações com fatores sociais,
econômicos e culturais
• Tratamento e intervenções medicamentosas e não medicamentosas
• Neurociência e genética da dor
• O papel da inteligência artificial da dor
• Modelos, teorias e aplicações

Vimos convidá-lo(a) a colaborar e submeter um manuscrito a partir de novembro de 2023, via


sistema eletrônico da Revista (link: https://www.cadernosdepsicologia.org.br/index.php/cadernos). O
início da publicação, em fluxo contínuo, acontecerá a partir do mês de janeirode 2024, dependendo da
tramitação do processo editorial. A data final para submissão de artigos é 30/03/2024.
Em aceitando o convite, solicitamos que nos informe, por este e-mail, o título, autores e filiação
institucional. Uma vez recebidos as informações, agendaremos um Google Meeting com todos os
participantes para esclarecermos eventuais dúvidas.
Considerando as particularidades dos Cadernos de Psicologia, os manuscritos deverão ser redigidos
em português, com resumos de até 250 palavras e, obrigatoriamente, com um resumo em inglês expandido
para até 500 palavras. Destacamos que os tipos de publicação aceitos pela Cadernos encontram-se
discriminados no link https://www.cadernosdepsicologia.org.br/index.php/cadernos/about/submissions e que o
estilo de publicação vigente é aquele que atende às normas da 7ª edição do Manual da APA.
Enfatizamos, ainda, que a Revista prevê que,ao final do artigo,os autores incluam três conjuntos de
informação para os leitores:
1. Uma breve apresentação do reconhecimento da importância de até cinco referências ou
citação (máximo de 20 palavras – as referências não contam);
2. a apresentação de até cinco referências de livros, vídeos, websites que poderiam ser de
interesse para o leitor do artigo e que não fazem parte das referências do manuscrito e
3. a apresentação de uma breve discussão (até 200 palavras) que trate de um tópico adjacente ao
manuscrito considerado fascinante pelos autores. Ver diretrizes para os autores em:
https://cadernosdepsicologia.org.br/index.php/cadernos/about/submissions.
Certos de sua atenção, ficamos no aguardo de seu retorno.

Editores Convidados

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