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TÍTULO: ALTERAÇÕES NA REDE HOSPITALAR DE OPERADORAS: ANÁLISE DO NOVO ATO

NORMATIVO DA ANS
Resenha: O artigo explora novo ato normativo da ANS sobre redes hospitalares de
planos de saúde, abordando substituição e critérios de redimensionamento.
Resumo: Este artigo analisa o recente ato normativo aprovado pela Diretoria
Colegiada da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 14 de agosto, que
estabelece critérios para alterações na rede hospitalar das operadoras de planos de
saúde. A nova regulação, aborda questões relacionadas à substituição e
redimensionamento de prestadores de serviços de saúde. O artigo explora os
principais pontos dessa regulação, destacando as regras gerais para a manutenção
do acesso aos serviços de saúde pelos beneficiários, comunicação prévia,
portabilidade e outros aspectos relevantes. Além disso, são discutidos os critérios
para substituição de prestadores por equivalência e os procedimentos de
redimensionamento por redução da rede hospitalar, incluindo os motivos e as
análises necessárias para obtenção de autorização. A análise apresentada neste
artigo busca compreender a abordagem da ANS em relação às alterações na rede
hospitalar das operadoras de planos de saúde, considerando seu impacto na
assistência à saúde da população.
Palavras-chaves: Regulação. Rede hospitalar. Operadoras de planos de saúde.
Beneficiários. Qualidade dos serviços
Introdução
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) desempenha um papel
fundamental na regulamentação e fiscalização dos planos de saúde no Brasil.
Através da Lei dos Planos de Saúde (Lei 9.656/90), são estabelecidas diretrizes
para a inclusão, substituição e redimensionamento de prestadores de serviços de
saúde nas redes das operadoras de planos de saúde. Recentemente, a ANS
aprovou um novo ato normativo que visa aprimorar e detalhar os critérios envolvidos
nessas alterações na rede hospitalar.
Regras Gerais para Alterações na Rede Hospitalar
As regras gerais estabelecidas pelo novo ato normativo da ANS para alterações na
rede hospitalar das operadoras de planos de saúde compreendem um conjunto de
diretrizes essenciais visando garantir a continuidade do acesso aos serviços de
saúde e a transparência das mudanças para os beneficiários. Abaixo, detalhamos
essas regras:
1. Manutenção do Acesso aos Serviços: A ANS determina que as operadoras
de planos de saúde devem assegurar que os beneficiários continuem tendo
acesso aos serviços e procedimentos definidos no rol da ANS. Isso engloba
não apenas a cobertura médica, mas também considera as diretrizes de
utilização (DUT), carências e a cobertura parcial temporária (CPT), quando
aplicável. Dessa forma, assegura-se que os beneficiários possam continuar
recebendo os cuidados médicos necessários sem interrupções indevidas.
2. Comunicação Individual aos Beneficiários: Qualquer modificação na rede
hospitalar que afete os serviços disponíveis para os beneficiários,
especialmente no município de residência, deve ser comunicada de maneira
individual. Isso implica o uso de diversos meios de comunicação, como
ligação telefônica, mensagens SMS, aplicativos móveis, e-mails, cartas ou
representantes designados. Essa comunicação individualizada tem o
propósito de informar adequadamente os beneficiários sobre as mudanças
que possam impactar sua assistência médica.
3. Transparência no Portal Corporativo: A ANS exige que as operadoras de
planos de saúde mantenham um portal corporativo atualizado e de fácil
acesso, onde as alterações na rede hospitalar sejam divulgadas. Essa
divulgação deve ocorrer com um mínimo de 30 dias de antecedência em
relação à data prevista para as mudanças entrarem em vigor. É importante
observar que essa regra não se aplica em situações específicas, como
rescisões contratuais, contratações indiretas ou encerramento de atividades
hospitalares.
4. Portabilidade Facilitada: Uma das diretrizes importantes é que, no caso de
descredenciamento de um hospital conveniado no município de residência de
um beneficiário, este deve ter o direito de realizar a portabilidade de seu plano
de saúde para outro, sem ser submetido a preocupações relacionadas ao
tempo de permanência no plano ou às faixas de preço. Essa medida visa
garantir a continuidade do cuidado médico do beneficiário, mesmo diante de
alterações na rede hospitalar.
As regras gerais visam proteger os interesses dos beneficiários, fornecendo
transparência, acesso contínuo aos serviços e a possibilidade de tomar decisões
informadas sobre sua assistência médica. Dessa forma, o novo ato normativo da
ANS busca equilibrar as necessidades das operadoras de planos de saúde com os
direitos e expectativas dos beneficiários em relação à assistência à saúde.
Substituição de Prestadores por Equivalência
A avaliação de equivalência desempenha um papel fundamental no processo de
determinar a possibilidade de substituição de um prestador hospitalar. Essa análise
é crucial para assegurar a continuidade dos serviços de saúde sem comprometer a
qualidade do atendimento. Durante a avaliação de equivalência, uma série de
aspectos deve ser considerada:
 Abrangência dos Serviços: A comparação entre o prestador que está sendo
substituído e o prestador substituto deve levar em conta a gama de serviços
médicos oferecidos por ambos.
 Atendimentos de Urgência e Emergência: Os atendimentos de urgência e
emergência representam uma parte crucial dos serviços de saúde. Portanto, a
análise de equivalência deve abranger esses serviços, considerando tanto
atendimentos de pacientes adultos quanto pediátricos. Garantir que o
prestador substituto possa suprir essa necessidade é essencial para a
segurança dos beneficiários.
 Proximidade Geográfica: Um aspecto prático da avaliação de equivalência é
a localização geográfica do prestador substituto. Para garantir a conveniência
e acessibilidade dos serviços de saúde, o novo prestador deve estar situado
no mesmo município ou em localidades próximas. Isso ajuda a minimizar
possíveis inconveniências para os beneficiários que dependem desses
serviços.
Através de uma análise rigorosa de equivalência, a operadora de planos de saúde
assegura que a substituição de prestadores não prejudique a qualidade e a
disponibilidade dos serviços de saúde. Isso não apenas responde às necessidades
médicas dos beneficiários, mas também mantém a confiança no sistema de saúde
suplementar, garantindo que as mudanças na rede hospitalar sejam realizadas de
maneira cuidadosa e criteriosa.
Redimensionamento por Redução
A nova regulação determina que o redimensionamento que resulte em uma redução
da rede requer autorização prévia e expressa da ANS. Caso o redimensionamento
envolva hospitais responsáveis por até 80% dos atendimentos em uma região de
saúde nos últimos 12 meses, será necessária uma substituição.
Conclusão
O novo ato normativo da ANS busca proporcionar maior clareza e transparência nas
alterações na rede hospitalar das operadoras de planos de saúde. As regras gerais
estabelecidas, os critérios para substituição de prestadores por equivalência e as
diretrizes para redimensionamento por redução visam proteger os direitos dos
beneficiários e garantir a qualidade da assistência à saúde.
Por fim, acredito que a regulação tem implicações significativas para as operadoras
de planos de saúde, já que impõe requisitos rigorosos para a substituição e
redimensionamento de prestadores de serviços de saúde. As operadoras precisarão
ajustar seus processos internos para cumprir as novas diretrizes de comunicação
prévia, manutenção do acesso aos serviços e outros requisitos estipulados. Além
disso, a análise de equivalência para substituição de prestadores exigirá uma
avaliação mais detalhada e cuidadosa da compatibilidade de serviços oferecidos.
Bem como, os prestadores de serviços de saúde também sentirão os impactos da
nova regulação. Prestadores que desejam ser considerados como substitutos terão
de se alinhar às exigências da regulação, garantindo uma oferta abrangente e
compatível de serviços médicos.
Maria Luísa Matos | Migalheira Desde março/2023.
Advogada com atuação exclusiva em Direito Médico e Saúde Suplementar, com
enfoque no Direito Regulatório em Saúde. Sócia do Escritório de Advocacia Bruno
Marcelos, pós-graduanda em Direito Administrativo pela FGVLaw. Co-autora do livro
"Direito Médico Descomplicado" da Editora Dinâmica Jurídica e da Cartilha de
Responsabilidade Civil da OAB Seccional Piauí. Contribuiu como co-autora na obra
"Tendências do Direito Médico" da Editora GZ (2020).

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