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Brasil tem lições a ensinar ao mundo, diz Nobel de Economia

Agência Brasil , Paula Laboissière

Michael Kremer falou à Agência Brasil sobre desigualdade e pobreza


O economista norte-americano Michael Kremer recebeu, em 2019, o Nobel de Economia por seu trabalho para aliviar a pobreza
global. O prêmio foi dividido com os também economistas Abhijit Banerjee e Esther Duflo. Juntos, eles desenvolveram métodos que
permitem ações mais eficazes em áreas como saúde infantil e desempenho escolar. Este ano, Kremer participou como convidado de
honra da Conferência de Ministros da Agricultura das Américas, em San José, na Costa Rica. Durante três dias, o encontro discutiu os
principais desafios do setor, incluindo temas como sustentabilidade, segurança alimentar, mudanças climáticas e agricultura familiar.
Em solo costa-riquenho, Michael Kremer conversou com a Agência Brasil sobre estratégias para combater a pobreza e as
desigualdades globais. Para o economista, o segredo está em dividir grandes problemas em pequenas porções, criando incentivos
certos no lugar de simplesmente alocar mais recursos, por exemplo. “ Há muitas áreas onde há lacunas similares entre incentivos
comerciais existentes e necessidades sociais. Certamente, mudanças climáticas, meio ambiente e as necessidades de adaptação dos
pequenos produtores estão no topo dessa lista”. Outros métodos destacados por Kremer consistem no uso de linguagem simples e
acessível e em não generalizar a população de menor renda para que se possa entender as verdadeiras causas da pobreza.

Confira os principais trechos da entrevista:


Agência Brasil: O senhor pode detalhar um pouco o projeto que o levou a ganhar o Prêmio Nobel de Economia?
Michael Kremer: Muito do meu trabalho consiste em princípios básicos de experimentos que já foram usados inúmeras vezes e
testados, por exemplo, em medicamentos e vacinas. Aplicamos esses princípios na economia para avaliar diferentes abordagens. Vou
dar um exemplo recente. O governo da Índia estava tentando colher informações sobre a natureza do solo e passar essas
informações aos fazendeiros com orientações sobre o uso de fertilizantes. O que pode ser muito útil, já que os fazendeiros usariam os
fertilizantes que precisam e, caso não precisem, não gastariam dinheiro com isso. É ótimo na teoria. Mas o que as autoridades
indianas decidiram fazer foi testar se isso estava realmente funcionando. Eles tinham um panfleto com todas as informações técnicas
e recomendações, Mas descobriram que somente 6% dos fazendeiros conseguiam compreender aquilo. Então, fizeram a coisa certa:
repensaram o formato do material, tentaram usar princípios básicos de design, para que se tornasse mais útil para os fazendeiros.
Além disso, decidiram complementar esse panfleto com um áudio ou vídeo de um agrônomo. O que descobriram depois é que todas
essas estratégias funcionaram. Quando acrescentaram o áudio, isso ampliou a compreensão dos fazendeiros em 37%. Com o vídeo,
a resposta foi melhor ainda: 41% conseguiram compreender o material. Ficou provado que o vídeo era tão efetivo quanto uma
conversa real com um agrônomo, sendo que é muito mais barato fornecer o vídeo. O áudio trouxe bons resultados também. Então,
para fazendeiros com smartphones, o vídeo passou a ser distribuído. E para os que têm aparelhos mais simples, o áudio. Consegue-
se alcançar muito mais fazendeiros dessa forma e com o mesmo gasto. A Índia agora está tentando chegar a 100% de compreensão
por parte dos fazendeiros.
Agência Brasil: O senhor diria, portanto, que formas simples e claras de comunicação são o segredo em todo esse processo?
Michael Kremer: Sim. Uma das chaves é tentar utilizar informações simples e fáceis de serem compreendidas. Mas outra é não
apenas sentar em algum ministério e, de lá, tentar compreender o que é simples e fácil de ser compreendido, mas sair de lá,
entrevistar, por exemplo, os fazendeiros, juntando-os em grupos específicos. Temos visto cada vez mais governos adotando esse tipo
de estratégia. Vou citar como exemplo uma experiência que tivemos. Em muitos países, há grandes lacunas na educação no que diz
respeito às capacidades de cada aluno - sobretudo depois da pandemia de covid, que fez com que os alunos tivessem seu
aprendizado comprometido. Isso significa que os professores podem estar ensinando coisas que ainda não são compreendidas pelos
alunos. Encontrar meios de fazer com que esses alunos alcancem o aprendizado que estava inicialmente previsto pode ser muito útil.
A tecnologia pode ajudar nisso. Existem softwares de avaliação pessoal de desempenho e que fazem perguntas ao aluno. Se as
respostas forem corretas, surgem perguntas um pouco mais difíceis. Se as respostas não estiverem corretas, o software passa a
abordar princípios fundamentais da matéria para que o aluno possa aprender essa parte primeiro. Há muitas experiências de sucesso
com esse tipo de iniciativa. Os estudos mostram grande impacto. O desafio é implementar isso no sistema escolar. Estamos falando
de estudantes, professores, um currículo nacional que precisa ser pensado. Não é fácil de fazer. Mas tentar entender a melhor forma
de implementar isso pode trazer benefícios imensos.
Agência Brasil: Há exemplos de aplicação desse método também na área da saúde, certo?
Michael Kremer: Sim. Parte do meu trabalho aborda formas de criar incentivos voltados a empresas farmacêuticas para que trabalhem
com questões sanitárias que talvez não sejam necessariamente as mais rentáveis, mas onde há outros fatores sociais importantes.
Trata- se de um princípio básico: temos tecnologias incríveis que surgiram, em parte, graças ao financiamento de governos e de
empresas privadas que buscam o lucro. Mas há outras necessidades sociais e ambientais que não atraem o setor privado. Nessas
situações, enquanto sociedade, poderíamos optar por criar estratégias para encorajar as empresas a investirem nisso. E,
consequentemente, ter esses produtos disponíveis para as pessoas.
Fiz parte de um esforço em comum para o desenvolvimento de uma vacina contra o pneumococo, que já matou milhões de pessoas.
As vacinas existentes foram desenvolvidas com base em cepas comuns, em países de alta renda. Mas não havia vacinas para as
cepas de países de média e baixa renda. Um grupo de financiadores se uniu e juntou US$ 1,5 bilhão que poderiam ser usados caso
alguma empresa manifestasse interesse em desenvolver vacinas efetivas na maior parte do mundo. Eles ajudariam a financiar a
compra dessas vacinas se as empresas concordassem em produzir quantidade suficiente e manter os preços baixos. Isso era atrativo
para as empresas porque, no lugar de vender poucas doses de vacinas caras, elas venderiam um número muito maior, apesar do
preço mais baixo. E fez com que o acesso a essas vacinas, uma vez desenvolvidas, se tornasse muito maior. Três vacinas foram
desenvolvidas para combater as cepas em países de média e baixa renda. Centenas de milhares de crianças foram vacinadas.
Graças a essas vacinas, a estimativa é que cerca de 700 mil vidas tenham sido salvas.
Agência Brasil: Na agricultura, é correto dizer que, em muitos casos, a linguagem técnica utilizada em políticas públicas simplesmente
não funciona nas zonas rurais?
Michael Kremer: Há muitas áreas onde há lacunas similares a essa da saúde, lacunas entre incentivos comerciais existentes e
necessidades sociais. Certamente, as mudanças climáticas, o meio ambiente e as necessidades de adaptação dos pequenos
produtores estão no topo dessa lista. As mudanças climáticas estão ameaçando a vida de muitos fazendeiros. Eles vão precisar de
sementes diferentes para se adaptar, ferramentas diferentes. É preciso criar incentivos para que as empresas possam trabalhar não
apenas com os problemas dos fazendeiros donos de grandes terras e plantações altamente produtivas, mas também com os
problemas de fazendeiros pobres.
Agência Brasil: Alguma chance de vermos suas ideias sendo implementadas no Brasil?
Michael Kremer: Eu lidero uma comissão para mudanças climáticas, segurança alimentar e agricultura. Duas coisas com as quais
estamos trabalhando são: melhorar o sistema de monitoramento do tempo e a comunicação digital com os fazendeiros. E o Brasil é
referência internacional nessas áreas. Nossa equipe se reuniu em Brasília com os ministérios do Meio Ambiente, do Desenvolvimento
Social, do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura. Estamos trabalhando com os Emirados Árabes Unidos, que vão sediar a COP28,
e esperamos poder estreitar também as parcerias com o Brasil em razão do G20 e da COP30. O Brasil tem muitas lições para ensinar
ao mundo e gostaríamos de facilitar esse processo.
*A repórter viajou a convite do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
Data original de publicação: 06 de outubro de 2023
The Bank of Japan’s Seductive Widow-Maker Trade
Project Syndicate , Kenneth Rogoff

After having maintained near-zero interest rates for decades, the Japanese central bank may be forced to hike rates if inflation remains
persistently high. But Japan’s enormous government debt and vulnerable banking sector mean that doing so could trigger a systemic
financial crisis.
CAMBRIDGE – Could Japan become the world’s next great growth story? Billionaire and legendary investor Warren Buffett seems to
think so. And the International Monetary Fund expects the Japanese economy to grow by 1.4% in 2023 – an impressive figure for a
country whose population has steadily declined for the past 14 years.
But the Japanese economy could also be a ticking time bomb. Its labor market is tight, inflation remains stubbornly high despite the
introduction of gasoline subsidies, and the yen’s real exchange rate has reached a threedecade low. After decades of maintaining near-
zero interest rates, it is unclear whether the Bank of Japan can raise them without sparking a systemic financial crisis.
While the BOJ’s new governor, Kazuo Ueda, has said that the Bank will maintain its ultra-loose monetary policy, he also acknowledged
the global economy’s “very high uncertainty.” Given the forces driving up inflation and interest rates worldwide, it is increasingly clear
that Japanese monetary policy can no longer be conducted in isolation.
Over the years, many investors have bet against the BOJ, shorting Japanese bonds on the assumption that the zero-interest-rate policy
could not last. Time and again, the speculators were crushed. Now, however, the “widowmaker trade” might actually pay off.
The BOJ’s reluctance to increase its short-term policy rates is understandable, given that Japan’s gross government debt currently
stands at 260% of GDP, or 235% of GDP after netting out $1.25 trillion in foreign exchange reserves. Should the Bank be compelled to
raise its short-term policy interest rates by 3% – about half as much as the US Federal Reserve has – the government’s debt-servicing
costs would explode.
Moreover, a sharp interest-rate increase would put enormous pressure on the Japanese banking sector, particularly if long-term rates
were to rise as well. This is precisely what happened in the United States in March when the Fed’s monetary tightening triggered a
chain reaction that led to the collapse of Silicon Valley Bank and several other financial institutions.
Hiking interest rates in an environment of near-zero interest rates, when investors expect rates to remain ultra-low forever, will be
challenging, no matter how the BOJ frames its actions. But if inflation remains persistently high, policymakers will be forced to act. After
all, markets will inevitably push up rates across the yield curve.
Over the past two years, as real interest rates have soared worldwide, they have declined in Japan, despite the rise in inflation. This is
not sustainable in the long run, given the country’s deep integration into global financial markets.
As one of the first industrialized countries to grapple with population decline and a systemic financial crisis, Japan has served as the
world’s macroeconomic laboratory for more than two decades. While some pundits cite Japan as evidence that enormous government
debts do not matter, the fact is that they do. Like other highly indebted countries such as Greece and Italy, Japan has experienced
extremely low average growth over the past three decades. In the early 1990s, Japanese GDP per capita reached 75% of US levels; it
has since declined to less than 60%, even though the US experienced only modest growth during this period.
In addition to its debt problems, Japan’s economy is caught in the middle of the escalating rivalry between the US and China. Over the
past few decades, as Ulrike Schaede notes in her insightful book The Business Reinvention of Japan, Japanese firms have found a
high-value niche within the Asian supply chain. While the country’s most profitable companies may not be household names, primarily
because many of them provide intermediate products to businesses rather than final products to consumers, they operate in high-tech
sectors with huge markups.
But much of this economic reinvention has been based on taking advantage of China’s rapid growth. Now that the Chinese growth
engine is sputtering, and with heightened geopolitical tensions threatening to make things worse, it is unclear whether this unique
strategy can last.
At the same time, much like Europe, Japan faces the urgent need to boost defense spending. Alarmed by China’s growing
assertiveness, especially in light of Russia’s invasion of Ukraine, the Japanese government has unveiled plans to double military
spending to 2% of GDP in the next five years. With such spending likely to increase further in the long term, Japan will no longer be
able to maintain low taxes by free-riding on the US defense budget.
To be sure, as the world’s third-largest economy (after the US and China), Japan has many tools to tackle its demographic and
economic challenges. For example, it could confront outdated corporate social norms that discourage women from having children. It
could also use public-policy tools, such as welcoming more immigrants.
But policies to stem decline will only bring forward the need for interestrate normalization. The most severe financial crises often
happen where they are least expected. A resurgent Japan is good for the global economy, but resurgent Japanese interest rates could
be a major risk.
Kenneth Rogoff, Professor of Economics and Public Policy at Harvard University and recipient of the 2011 Deutsche Bank Prize in
Financial Economics, was the chief economist of the International Monetary Fund from 2001 to 2003. He is co-author of This Time is
Different: Eight Centuries of Financial Folly (Princeton University Press, 2011) and author of The Curse of Cash (Princeton University
Press, 2016).
Data original de publicação: 05 de outubro de 2023

Como é a vida de refugiadas que migram para o Brasil


Nexo Jornal , Lara Kunzi Pedrosa
“Condições de vida de mulheres migrantes de crise residentes no estado de Minas Gerais: um estudo de caso de sírias, haitianas e
venezuelanas”
Esta pesquisa analisou as condições de vida de mulheres migrantes de crises haitianas, sírias e venezuelanas que se mudaram para
Minas Gerais. A avaliação foi realizada por meio de entrevistas e análise de dados estatísticos.
O estudo considerou fatores como níveis de escolaridade, etnia, religião e classe social através de uma abordagem interseccional. A
pesquisa aponta também o que impacta a vulnerabilidade a que essas mulheres e suas famílias estão submetidas no Brasil.
Qual pergunta a pesquisa responde?
Quais fatores influenciam as condições de vida de haitianas, sírias e venezuelanas que migraram para Minas Gerais por um contexto
de crise?
Por que isso é relevante?
As pesquisas que tratam sobre a interseccionalidade nas migrações forçadas de mulheres se concentram na perspectiva do Norte
global, ou seja, migrações que ocorrem de países periféricos para países mais ricos. Isso significa que há poucos estudos que
examinam o impacto da migração entre países do Sul global na vida das mulheres migrantes. Uma mudança de perspectiva questiona
as conclusões típicas de estudos realizados em países desenvolvidos, que costumam sugerir que a migração reduziria a violência de
gênero enfrentada por essa população em seus países de origem.
É relevante ressaltar que a investigação das condições de vida das mulheres provenientes de Síria, Haiti e Venezuela, realizada por
meio de entrevistas e análise de dados estatísticos, contribuiu significativamente para o aprofundamento da compreensão das
disparidades entre esses grupos, que constituem os mais significativos contingentes de migrantes de crise no cenário contemporâneo
do Brasil, elucidando a influência dessas diferenças na melhoria ou piora de suas condições de vida focalizadas no estado de Minas
Gerais.
Resumo da pesquisa
A pesquisa trata do tema das condições de vida de mulheres migrantes de crise haitianas, sírias e venezuelanas que migraram para o
Brasil por um contexto de crise e que hoje residem no estado de Minas Gerais.
Para tanto, desenvolveu-se um estudo de caso, de caráter descritivo e a partir de uma abordagem qualitativa-quantitativa. A revisão
bibliográfica e documental destacou a crítica à aplicação do sistema de refúgio no Brasil; como estratégia, a pesquisa utilizou o
conceito de “migração de crise” como um elo balizador da experiência das populações analisadas.
Foi utilizada uma abordagem interseccional para discutir como a conjugação de fatores como gênero, renda e etnia podem afetar a
qualidade de vida dessas mulheres. A pesquisa quantitativa empregou duas bases de dados referentes a registros administrativos da
Polícia Federal e do Ministério do Trabalho. A partir delas, foi possível explorar variáveis como: município de moradia, unidade
federativa de entrada, gênero, raça/cor, data de entrada, idade de migração, escolaridade, ocupação e remuneração.
Por fim, para responder às questões levantadas pelo estudo quantitativo e pela revisão bibliográfica foram realizadas seis entrevistas
temáticas com mulheres que se encaixavam no perfil analisado.
Quais foram as conclusões?
Os resultados evidenciam como a trajetória dessas migrantes é capaz de exemplificar parte dos achados da literatura, mas também
questionar algumas teorias sobre migrações e gênero, evidenciando a lacuna existente entre os estudos interseccionais aplicados a
migrantes de crise que tenham se deslocado para regiões do Sul global, entre elas, o estado de Minas Gerais.
Da análise dos dados quantitativos, vale citar a periferização do estado de Minas Gerais na escolha dos três grupos para moradia;
apesar de ser o segundo estado mais populoso do Brasil, não ocupava as posições preferenciais dessas populações de migrantes.
Destaca-se também a predominância de homens nos fluxos de haitianos e sírios, de migrantes solteiros e da idade média de 28 anos,
o que por sua vez reforça a ideia de que o migrante “padrão” seria “homem, jovem e solteiro”. À exceção das mulheres sírias
(majoritariamente casadas), a maioria das mulheres haitianas e venezuelanas eram jovens e solteiras, o que é uma possível evidência
do fenômeno da feminização das migrações, em que as mulheres são as primeiras a saírem de casa, em contraposição à ideia
tradicional que associa a figura da mulher migrante à reunião familiar.
Também foi evidenciada uma certa diferença entre as ocupações de homens e mulheres: as categorias de “estudante”, “vendedora”,
“sem ocupação” e “prendas domésticas” representam cerca de 50% de todos os registros de mulheres migrantes dos grupos
analisados. Essa mesma proporção, no caso dos homens, compreende as posições de “pedreiro”, “estudante”, “mecânico” e “sem
ocupação”. As mulheres migrantes dos três grupos apresentavam remunerações ligeiramente menores e menor nível de escolaridade
em comparação com os homens. Quando comparadas as nacionalidades, ressalta-se que os haitianos apresentaram os menores
níveis educacionais e de rendimentos, além de serem a população com maior proporção de pretos e pardos. Apesar de serem um
grupo 84 e 12 vezes maior que sírios e haitianos, respectivamente, o maior salário registrado como recebido por um haitiano ainda era
menor que o recebido por sírios e venezuelanos.
A literatura sobre a comunidade haitiana no Brasil destaca a pressão desse grupo em enviar remessas para o país, o que abre o
debate para uma possível vulnerabilidade do grupo, especialmente se forem considerados o papel da mulher migrante como eixo da
família transnacional. Destaca-se também a baixa empregabilidade formal de sírias (apenas quatro em todo o estado) e o registro de
que a maior parte dessas mulheres estava sem ocupação ou era dona de casa, ainda que não se saiba se estavam excluídas do
mercado de trabalho compulsoriamente ou não.
Quem deveria conhecer seus resultados?
População brasileira, comunidade acadêmica, gestores públicos, ONGs, organizações internacionais atuantes no Brasil e comunidade
migrante de crise residente no país.
Lara Kunzi Pedrosa é especialista em políticas públicas e gestão governamental na Secretaria de Saúde de Minas Gerais,
desempenhando atualmente um papel na administração do SUS no Estado. Realizou pesquisa na área das condições de vida de
mulheres sírias, haitianas e venezuelanas em Minas Gerais, que foi premiada no 33º Concurso de Monografias da Fundação João
Pinheiro.
Letícia Godinho de Souza é doutora e mestre em ciência política pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Atualmente,
atua como pesquisadora na Fundação João Pinheiro e é docente na Escola de Governo da mesma instituição.
Data original de publicação: 20 de fevereiro de 2021

Syria mourns Homs drone victims as gov’t, Russian attacks in Idlib kill 3
Al Jazeera , Redação AlJazeera
Funerals held for victims of attack on military academy during graduation ceremony.
Three civilians, including a two-year-old child have been killed in opposition-held Idlib, as Syrians began burying the dozens of people
killed in Thursday’s large-scale drone attack on a military academy in the western city of Homs.
Government forces stepped up shelling and missile attacks on Idlib after the Homs strike, the deadliest attack on government-held
territory in years. Fourteen people were killed by government attacks in Idlib on Thursday, according to the Syrian Civil Defence, before
three more were killed on Friday.
The bombardment of rebel territory came as mourners took to the streets in Homs on Friday, with coffins draped in Syrian flags laid
outside the Homs military hospital as a military band played sombre music and soldiers saluted.
On Thursday, several drones attacked a graduation ceremony in the academy’s courtyard, where families had gathered with the new
officers.
Syria’s Ministry of Health said at least 89 people had been killed, including 31 women and five children. The Syrian Observatory for
Human Rights, which monitors the Syrian conflict, put the toll at more than 120. Syria has declared three days of national mourning.
There have been no claims of responsibility for the attack, and Syria’s Ministries of Defence and Foreign Affairs and Expatriates blamed
what they described as “terrorist” groups without providing specifics. They promised to respond “with full force”.
Thursday’s attack was an unprecedented use of drones against government forces in the war, which began with protests against
President Bashar alAssad in 2011 and spiralled into a conflict that has killed hundreds of thousands of people and displaced millions.
Al Jazeera’s Zeina Khodr, who has reported extensively on Syria, said the attack represented “a major security breach, a blow to the
Syrian regime”.
“It has been years since the forces of the Syrian president, Bashar al-Assad, have been targeted in such an operation in the heart of
governmentcontrolled territory,” she said.
“It seems that the Syrian regime is blaming the opposition because just moments after this attack, their planes started to target
residential areas in the opposition-controlled enclaves in the northwest of the country,” she added.
United Nations Secretary-General Antonio Guterres “expressed deep concern” about the drone attack in Homs, as well as “reports of
retaliatory shelling” in northwest Syria, his spokesperson Stephane Dujarric said.
Meanwhile, Russian President and Syrian government ally Vladimir Putin sent his condolences to al-Assad, Lebanese station Al-Manar
reported on Friday.
Data original de publicação: 06 de outubro de 2023

Brasil é protagonista em transição energética, avalia ministro


Agência Brasil , Cristiana Indio do Brasil
Para Alexandre Silveira, país não pode perder janela de oportunidades
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que o Brasil é o protagonista da transição energética no mundo e por isso não
pode perder a janela de oportunidades que existe atualmente. De acordo com ele, o país tem estabilidade política, segurança jurídica,
respeita contratos e por isso é seguro para se investir, além de se encontrar geopoliticamente muito bem posicionado, considerando-
se as crises que ocorrem na Europa, na África e na Ásia.
"Não há caminho fora da nova economia, que é a economia da transição energética, que estamos chamando de justa e inclusiva,
porque os brasileiros e brasileiras – estamos tendo muito cuidado com isso – não podem pagar caro por essa transição. Muito pelo
contrário, ela tem que ser uma janela de oportunidades”, afirmou ao participar do Seminário de Investimentos, Governança e Aspectos
Jurídicos de Previdência Complementar, no Centro de Convenções do Hotel Prodigy Santos Dumont, no centro do Rio de Janeiro.
Descarbonização
Silveira disse que os investidores devem prestar atenção no movimento feito pelo governo brasileiro ao enviar um projeto de lei ao
Congresso, chamado de combustível do futuro, que integra todas as políticas de descarbonização da matriz mobilidade e transporte
do país. “É importante que os investidores se debrucem em cima disso criando mandato para investimentos em biorrefinaria no diesel
verde, criando mandato para o combustível verde sustentável de aviação”, comentou.
De acordo com o ministro, o país não pode perder a oportunidade de conciliar a questão da sustentabilidade com o desenvolvimento
econômico e conquistas sociais. “Não podemos deixar de enxergar a nossa realidade. Temos um país desigual com grandes
diferenças sociais. Um país com fosso econômico brutal, o que não é bom para nenhum de nós”, avaliou.
Investimentos
Na visão do ministro, há abundância de capital querendo vir para o Brasil e há um terreno muito fértil para isso. “O Brasil agora tem
uma grande oportunidade, porque tem o líder certo, no lugar certo. O presidente Lula focou na política internacional nesses primeiros
meses e, na minha opinião de cidadão, não como ministro de Estado, de forma extremamente assertiva. O Brasil caminhava a passos
largos para o isolamento internacional e sabemos que em um mundo globalizado isso é insustentável”, afirmou.
“Nós precisamos dialogar com o mundo e nós queremos dialogar em pé, de forma altiva, olhando nos olhos dos países
industrializados, que por uma série de questões não têm a mesma condição de contribuir com a salvaguarda do planeta como temos e
[de] liderar o sul global que possa precipitar a transição energética.”
Para o ministro, a aceleração da transição energética pode ser feita por meio da monetização dos produtos verdes e sustentáveis. “Aí
é que o Brasil sai na frente. É completamente diferente abastecer um carro elétrico no Brasil com a matriz energética de 88% de
energia limpa e renovável e abastecer na Alemanha”, comparou.
Transmissão de energia
No seminário, Silveira alertou que o país já deveria ter reforçado o sistema de transmissão nacional e está deixando de produzir mais
quantidade de energias limpas e renováveis no Nordeste, mas também industrializando aquela região com destaque para o hidrogênio
verde, por falta de robustez da linha de transmissão. Esse problema, segundo afirmou, deve ser amenizado pelos novos leilões de
linhas de transmissão já previstos.
Outra garantia dada pelo ministro é o respeito rigoroso da questão e legislação ambiental, o que, conforme considerou, não impede a
atividade econômica. “Esse é o bom senso. Essa é a política que constrói. Os extremos, sempre destaco isso, não constroem
resultados efetivos para a sociedade. Nós não podemos nem ter tabus ao discutir as questões ambientais, ou seja, eu não posso,
porque não gosto ou porque quero fazer um discurso às vezes politicamente correto e dizer que posso abrir mão das riquezas e da
necessidade ainda da fonte de petróleo e gás tão importante”, defendeu.
De acordo com o ministro, é preciso também haver diálogo e busca de convergência para discutir os problemas reais da sociedade.
“Nem abrir a porteira para passar a boiada e nem ter nenhum tabu ou opiniões pessoais que impeçam o Brasil de se desenvolver. A
virtude está no meio, e a virtude é construir um país desenvolvido que faça inclusão social. O único caminho de fazer essa inclusão de
forma consistente é através da geração de emprego e renda com oportunidades.”
SIN
Silveira disse que o Brasil tem o melhor sistema integrado de energia do mundo, que é o Sistema Integrado Nacional (SIN). Em um
país com dimensões continentais, apenas o estado de Roraima não está incluído, mas, mesmo assim, conforme afirmou, será por
pouco tempo, porque, depois de 11 anos de licenciamento, o governo deu ordem de serviço e as obras estão em andamento, com a
expectativa de inauguração em no máximo um ano e meio da linha de transmissão de Manaus a Boa Vista, interligando todo o Brasil.
América do Sul
O ministro acrescentou que tanto na energia elétrica, como no gás, por uma questão pragmática, o Brasil quer uma interligação na
América do Sul. “Nós em momentos de dificuldade hídrica, dificuldade energética, nós podemos ser socorridos pelos nossos coirmãos
da América do Sul”, indicou.
Data original de publicação: 05 de outubro de 2023

Implementação do Ponto 7 do Consenso de Brasília - Mapa do Caminho para a Integração da América do Sul
Ministério das Relações Exteriores , Ministério das Relações Exteriores
1. Dando seguimento à Reunião de Presidentes da América do Sul de 30 demaio de 2023, os países sul-americanos adotaram,
em 5 de outubro de 2023, um Mapa do Caminho para a Integração da América do Sul, com o objetivo de retomar o diálogo regular
para impulsionar a integração regional, promover a cooperação e projetar a voz da América do Sul no mundo.
2. Considerando os desafios enfrentados pela América do Sul, o Mapa doCaminho destaca a importância de priorizar iniciativas
concretas, com impacto positivo nas condições de vida das populações e que não dupliquem esforços já em curso em outros
mecanismos de cooperação.
3. Levando em consideração o interesse em seguir fortalecendo o diálogoem áreas específicas, o Mapa do Caminho inclui um
calendário preliminar de reuniões setoriais e indica espaços que poderiam ser aproveitados para seguir fortalecendo o diálogo sul-
americano e o processo de implementação do Consenso de Brasília à margem de eventos regionais e extrarregionais.
4. Observando o Ponto 7 do Consenso de Brasília, o Mapa do Caminho paraa Integração da América do Sul baseia-se em uma
extensa avaliação das experiências dos mecanismos de integração sul-americanos nos 17 temas identificados como foco de atenção
inicial pelos Presidentes da região, a saber: Combate ao Crime Organizado Transnacional, Comércio e Investimento, Conectividade
Digital, Cooperação Transfronteiriça, Defesa, Desenvolvimento Social, Educação e Cultura, Energia, Financiamento ao
Desenvolvimento, Gênero, Gestão de Riscos de Desastres, Infraestrutura e Transporte, Integração Produtiva, Migração, Mudanças
Climáticas, Saúde e Segurança Alimentar. Avança, também, iniciativas concretas de seguimento que poderão ser exploradas para
aprofundar a cooperação e a integração na América do Sul.
5. Para permitir o seguimento adequado das várias iniciativas, acordou-se que o diálogo regular incluirá, de agora em diante,
encontros estratégicos anuais entre os Presidentes da América do Sul; reuniões de Ministros das Relações Exteriores pelo menos
duas vezes por ano; encontros frequentes entre coordenadores nacionais; a criação de redes de contato setoriais para promover o
intercâmbio e a cooperação em tópicos específicos de interesse comum; e diálogos com parceiros extrarregionais.
Data original de publicação: 06 de outubro de 2023
Scientist calls record global heat in September ‘gobsmackingly bananas’
CNN International , Laura Paddison
The Northern Hemisphere may be transitioning into fall, but there has been no let up from extreme heat. New data shows last month
was the hottest September – the fourth consecutive month of such unprecedented heat – putting 2023 firmly on track to be the hottest
year in recorded history.
September beat the previous monthly record set in 2020 by a staggering 0.5 degrees Celsius, according to data released Wednesday
by the European Union’s Copernicus Climate Change Service. There has never been a month so abnormally hot since Copernicus’
records began in 1940.
“The unprecedented temperatures for the time of year observed in September – following a record summer – have broken records by
an extraordinary amount,” said Samantha Burgess, deputy director of Copernicus, in a statement.
September felt more like an abnormally hot July with an average global air temperature of 16.38 degrees Celsius (61.45 Fahrenheit),
making the month 0.93 degrees Celsius hotter than the 1991 to 2020 average, and 1.75 degrees Celsius hotter than the September
average for the pre-industrial era, before the world started burning large amounts of fossil fuels.
That’s well above the 1.5 degrees Celsius threshold to which countries aim to limit global warming under the Paris Climate Agreement.
While that agreement focuses on longterm average temperatures, September’s abnormal heat – which followed the hottest summer
ever recorded – has given a preview of what the world can expect as soaring temperatures supercharge extreme weather.
September alone brought devastating flooding that killed thousands in Libya and dozens across Greece, Bulgaria and Turkey. Canada
grappled with its unprecedented wildfire season, parts of South America were scorched by record-breaking heat and record rainfall
deluged New York.
Ocean temperatures were also off the charts in September. Average sea surface temperatures reached 20.92 degrees Celsius (69.66
Fahrenheit), the highest on record for September and the second-highest on record for any month, after August of this year. Antarctic
sea ice also reached record lows for this time of year.
“This month was, in my professional opinion as a climate scientist – absolutely gobsmackingly bananas,” Zeke Hausfather, a climate
scientist, posted on X (formerly Twitter) on Tuesday.
Even in October, there is little sign of heat dying down. European countries, including Spain, Poland, Austria and France, have already
broken their alltime October temperature records, according to Maximiliano Herrera, a climatologist and weather historian who tracks
extreme temperatures.
What Europe experienced in the first three days of October was “one of the most extreme (climate) events in European history,”
Herrera posted on X on Tuesday.
It now appears all but certain that this year will be the hottest year on record. The US National Oceanic and Atmospheric Administration
puts the chances of reaching this milestone at more than 93%.
The extreme September “has pushed 2023 into the dubious honor of first place – on track to be the warmest year and around 1.4
degrees Celsius above pre-industrial average temperatures,” Burgess said.
The high temperatures have been partially fueled by El Niño, the natural climate pattern that originates in the tropical Pacific Ocean and
has a warming effect. But underlying that pattern is the longterm trend of humancaused climate change.
“Temperature records continue to be broken because we have not stopped burning fossil fuels. It is that simple,” said Friederike Otto,
senior lecturer in climate science at the Grantham Institute for Climate Change and the Environment in the UK.
The significant margin by which heat records are being broken matters, she told CNN. “People and ecosystems are dying.”
Countries will gather in Dubai for the United Nations COP28 climate summit in December where they will assess progress towards
climate goals. The world is currently a long way off track, according to a recent report.
“The significant margin by which the September record was broken should be a wake-up call for policymakers and negotiators ahead of
COP28,” Otto said, “we absolutely must agree to phase out fossil fuels.” Data original de publicação: 05 de outubro de 2023

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