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Dor psíquica e assédio na Ciência e na


Academia
Depressão e ansiedade espalham-se entre pesquisadores e estudantes – e
crescem as queixas de abuso moral e sexual. Possíveis causas: estresse
! financeiro e pressões, cada vez mais intensas, do produtivismo acadêmico

OUTRASPALAVRAS CRISE CIVILIZATÓRIA

por Shannon Hall Publicado 31/05/2023 às 19:51 - Atualizado 31/05/2023 às


21:14

Por Shannon Hall, na Nature | Tradução: Antonio Martins

Há uma crise de saúde mental na ciência – em todas as fases da carreira e


em todo o mundo. Alunos de pós-graduação estão sendo assediados e
discriminados, recebem salários miseráveis, sofrem bullying, trabalham
demais e às vezes são agredidos sexualmente. As coisas não são muito
melhores para os pesquisadores em início de carreira que lutam para
conseguir um emprego de longo prazo. E os pesquisadores seniores
estabelecidos enfrentam imensa pressão para ganhar bolsas, publicar em
periódicos de alto nível e manter sua reputação em campos altamente
competitivos.

Os cientistas queixam-se há anos sobre os impactos de todas essas pressões


na saúde mental. Mas uma série de estudos recentes está fornecendo dados
concretos. E as descobertas mostram que a situação é terrível.

Os pesquisadores são muito mais propensos do que a população em geral a


sofrer de depressão e ansiedade. E embora a pandemia do COVID-19 tenha
causado um aumento nos problemas de saúde mental , muitos argumentam
que ela apenas exacerbou os problemas que já existiam. Os estudos recentes,
que avaliaram coletivamente dezenas de milhares de pesquisadores em todo
o mundo, sugerem que as dores de saúde mental dos cientistas são resultado
direto de uma cultura de pesquisa tóxica.

Isso é particularmente verdadeiro para membros de grupos sub-


representados, incluindo mulheres, indivíduos não binários, pessoas não-
brancas, dissidências sexuais e de gênero (LGBTQ+) e estudantes de baixa
renda. Mas o fenômeno também afeta pesquisadores e cientistas seniores em
diferentes países.

“O bem-estar e a capacidade de estabelecer limites saudáveis em sua vida e


em seu trabalho são habilidades fundamental”, diz Sharon Milgram, diretora
do Escritório de Treinamento Interno e Educação [Office of Intramural
Training and Education] no Instituto Nacional de Saúde [National Institutes
of Health (NIH)] dos EUA. “Sinto que havia um ponto cego em mim e em
muitos de nós, pois foram necessários esses dados para nos acordar.”

Com números concretos em mãos, alguns argumentam que a ciência está no


início de um movimento – um movimento que encorajará mudanças
sistêmicas para melhorar a saúde mental dos pesquisadores nas próximas
gerações. Outros pensam que a mudança está acontecendo muito lentamente
para jovens cientistas que já estão fugindo da ciência – um efeito que pode
ter consequências sombrias para o futuro da pesquisa e da própria
sociedade.

Um problema global
Em 2015, Teresa Evans, que dirigiu o desenvolvimento da carreira biomédica
de pós-graduação no Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas
em San Antonio, descobriu que seus alunos estavam tendo dificuldades. Mas
quando eles a procuravam para pedir conselhos, ela se sentia mal preparada
para ajudar.

Então Evans começou sua própria pesquisa, apenas para descobrir uma
escassez de literatura sobre o assunto. Não apenas havia poucos recursos
sobre como ajudar os alunos, mas também não estava claro o quão extensos
eram os problemas de saúde mental – o que obrigou Evans a divulgar sua
própria pesquisa para quantificar o assunto. Ela recebeu 2.279 respostas, a
maioria de doutorandos, em 234 instituições em 26 países.

Os resultados, publicados em março de 2018, representavam a maior


pesquisa do gênero na época. Revelou-se um problema global: 41% dos
entrevistados relataram ansiedade moderada a grave e 39% tinham
depressão moderada a grave 1 . Esses níveis são seis vezes maiores do que na
população em geral. Os dados também sugeriram possíveis fontes desses
problemas de saúde mental – a ansiedade e a depressão foram
frequentemente correlacionadas com o equilíbrio entre trabalho e vida
pessoal e relacionamentos ruins com o orientador.

Dores mentais na Ciência


Estudos mostram que os pesquisadores estão sofrendo altos índices de
distúrbios mentais, como ansiedade, depressão e o sentimento de sobrecarga
de trabalho

Estudantes de graduação relatam ansiedade e depressão em taxas


seis vezes maiores que as da população em geral, segundo
sondagem feita com cerca de 2300 pessoas de 26 países. As taxas
mais altas foram encontradas entre mulheres e pessoas trans.
(Fonte: Referência 1)

Numa estudo mundial realizada entre mais de 13 mil pesquisadores, entre


outubro de 2019 e julho de 2020, 38% disseram sentir-se sobrecarregados
no trabalho “muito frequentemente” ou “frequentemente” (Fronte:
Referência 9)

Inaworldwidesurvey Veryoften Never


ofmorethan13.000 15% 7%
researchersbetween
October2019andJuly Almost
never
2020,38%saidthey
feltoverwhelmedby 17%
theirsituationatwork
veryoftenorfairlv
oftenduringthe
previousmonth.

Fairlyoften Sometimes
@nature 23% 38%

Sources:Left,Ref.1;Right:Ref.9

As taxas variaram significativamente por gênero: entrevistados do sexo


feminino, transgênero e não conformes ao gênero eram mais propensos a
enfrentar problemas de saúde mental do que seus colegas do sexo masculino.
A prevalência de ansiedade e depressão foi de 55% e 57% para estudantes de
pós-graduação transgêneros e não conformes com o gênero, 43% e 41% para
mulheres e 34% e 35% para homens. Isso não surpreendeu Evans, porque as
mulheres são mais propensas à ansiedade e à depressão do que os homens 2 .

Mas havia outro fator maior em ação: o assédio sexual na ciência, que afeta
desproporcionalmente as mulheres. Em 2014, Kathryn Clancy, antropóloga
da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, documentou altas taxas
de assédio sexual na ciência de campo 3 . Mais tarde, em 2017, ela e seus
colegas pesquisaram 474 astrônomos e cientistas planetários e descobriram
que 30% das mulheres se sentiam inseguras por causa de seu gênero (em
comparação com 2% dos homens) 4 .

Esses estudos encorajaram as Academias Nacionais de Ciências, Engenharia


e Medicina dos Estados Unidos a nomear um comitê especial para examinar
a questão em ambientes acadêmicos. Em junho de 2018, divulgou-se um
relatório que revelou assédio sexual generalizado e prejudicial na ciência 5

Assédio sexual de estudantes mulheres


Estudantes mulheres relatam altos índices de assédio sexual por membros de
suas instituições, nos Estados Unidos. As taxas variaram dependendo do tipo
de estudante e de assédio (Fonte: referência 5)

Não é apenas um problema nos Estados Unidos. Em 2020, o Wellcome, um


importante financiador de pesquisas biomédicas em Londres, pesquisou
mais de 4.200 cientistas de 87 países em todos os gêneros, estágios de
carreira e disciplinas e descobriu que 43% dos participantes sofreram
bullying ou assédio e 61% o testemunharam 6 . Muitos achavam que era
“culturalmente sistêmico” e 33% achavam que os líderes fechavam os olhos
para o comportamento.

Epidemia de bullying
61% dos pesquisadores testemunharam bullying e 43% foram vítimas,
segundo pesquisa entre mais de 4 mil cientistas, a maior parte no Reino
Unido. Entre ao mais de 2 mil participantes que associaram a prática a uma
motivação específica, a metade apontou o gênero. Outros aspectos
fortemente apontados foram etnia, idade, nacionalidade e classe. (Fonte:
Referência 6)

EPIDEMICOFBULLYING
Sixty-onepercentofresearchershavewitnessedbullyingand43%haveexperiencedit,
accordingtoasurveyofmorethan4,000scientists,mostlyintheUnitedKingdom.For
themorethan2,000participantswhoreportedwhatthebullyingwasrelatedto,half
wasaboutgender.Otherstronglylinkedareaswererace,age,nationalityandclass.

-Witnessed_Experienced

Gender

Raceorethnicity

Age

Nationality

Class/socio-economic
background

Sexualorientation

Disability

Religion
Genderidentity
(suchastrans
ornon-binary)

Prefernottosay

20 30 40 50 60
@nature Percentageofrespondents

Source:Ref.6

Em uma pesquisa da Nature de 2021 com mais de 3.200 cientistas em


atividade, quase um terço disse ter observado discriminação ou assédio de
colegas em seu trabalho atual. No ano seguinte, outra pesquisa da Nature
com mais de 3.200 alunos de doutorado e mestrado constatou que 35% dos
cientistas que se identificam como membros de minorias raciais ou étnicas
disseram ter sofrido assédio ou discriminação durante seus estudos de pós-
graduação .

Não é de admirar que haja um sério problema de saúde mental na ciência,


dizem os pesquisadores. Um estudo até descobriu que as taxas de
esgotamento, depressão e ansiedade eram comparáveis às relatadas em
ocupações de “alto risco”, como assistência médica 7 .

O estudo do Wellcome 6 constatou que 70% dos entrevistados sentiam-se


estressados em um dia normal de trabalho e 34% procuraram ajuda
profissional para problemas de saúde mental . Além do assédio, muitos
participantes culparam os financiadores e institutos que enfatizam a
quantidade em detrimento da qualidade em termos de publicação e obtenção
de subsídios – todos estes, agentes que contribuem para um mau equilíbrio
entre vida pessoal e profissional.

Outra explicação sugerida no estudo 6 é que muitos cientistas veem seu


trabalho como uma vocação, não apenas um trabalho. Embora isso
signifique que os pesquisadores são apaixonados, também apresenta um
desafio único, argumenta Eric Pellegrini, um astrônomo que deixou o campo
no ano passado para se tornar um cientista de dados independente. “Eles
fazem você se torturar fazendo deste trabalho parte de sua identidade – não
é um trabalho, nem mesmo uma carreira, é uma escolha de vida”, diz ele. “E
você acredita nisso por anos até descobrir o que é. Abstraia um pouco, veja a
situação de modo mais genérico, e é apenas um relacionamento abusivo.”

Pressões pandêmicas
Esse era o cenário até 2020. Então a pandemia do covid-19 chegou e, com
ela, uma enxurrada de novos desafios.

Em uma pesquisa de 2020, com 5.247 estudantes de pós-graduação em


ciências, tecnologia, engenharia e matemática de 9 instituições nos Estados
Unidos, 38% relataram sintomas consistentes com ansiedade e 35% tiveram
depressão 8 . Essas proporções representaram grandes saltos em relação ao
que a mesma equipe encontrou em 2019. O número de alunos com
depressão dobrou e a prevalência de ansiedade aumentou 50% 8 .

“Nossas descobertas indicaram que foi realmente um desastre”, diz Igor


Chirikov, pesquisador sênior do Centro de Estudos em Educação Superior da
Universidade da Califórnia, em Berkeley, que liderou o estudo.

A equipe de Chirikov descobriu que os desafios na saúde mental eram


frequentemente associados ao estresse financeiro, que é agudo para os
pesquisadores em estágio inicial. Nos Estados Unidos, por exemplo, os
doutorandos em ciências biológicas ganham salários bem abaixo do custo de
vida. Pesquisadores de pós-doutorado ganham em média US$ 47.500 por
ano – um pouco mais da metade do salário médio anual de graduados
universitários. Além disso, os pós-doutorandos enfrentam reviravoltas
constantes, porque normalmente precisam mudar para uma nova função a
cada poucos anos. Alguns pesquisadores passam uma década ou mais
pulando de um contrato de curto prazo para outro.

Depois disso, apesar dos anos que os cientistas dedicam a seu treinamento,
muitos lutam para encontrar um emprego de longo prazo em uma
universidade, e isso pode afastar totalmente os jovens pesquisadores da
ciência. A pesquisa Wellcome de 2020 6 descobriu que quase metade dos
entrevistados que deixaram a pesquisa relataram que a dificuldade em
encontrar um emprego foi um dos motivos. Os outros dois motivos comuns
incluíam um impacto negativo na saúde mental e o desejo de um melhor
equilíbrio entre vida profissional e pessoal.

Mesmo quando os cientistas conseguem cargos permanentes, a competição


nunca termina. Em 2020, uma pesquisa elaborada pela Cactus
Communications, empresa de comunicação e tecnologia de ciência com sede
em Mumbai, na Índia, analisou a opinião de 13 mil pesquisadores em mais
de 160 países. Constatou, por exemplo, que 65% dos entrevistados estavam
sob enorme pressão para publicar artigos, garantir bolsas e concluir projetos
para manter sua reputação na comunidade de pesquisa 9 . “Essa resposta
vem em grande parte de pesquisadores mais experientes, porque eles
precisam continuar sendo vistos como brilhantes como antes”, diz Abhishek
Goel, cofundador e executivo-chefe da Cactus Communications.

Além da pressão para o êxito, o estudo identificou vários outros fatores que
contribuem para a saúde mental precária entre os pesquisadores, incluindo
longas horas de trabalho e uma cultura em que o estresse e a ansiedade são
normalizados. Outro fator citado por grande parte dos cientistas foi o
bullying e a discriminação no ambiente de trabalho. Isso era especialmente
comum para mulheres, pesquisadores que se identificavam como gays e
mestiços. Cerca de 60% do último grupo, por exemplo, relataram ter sofrido
discriminação, assédio ou intimidação no trabalho.

Embora o estudo tenha ocorrido em 2020, a maior parte dessas questões


estava presente bem antes da pandemia de COVID-19. Um estudo, por
exemplo, pesquisou mais de 3.000 físicos e biólogos no Reino Unido,
Estados Unidos, Itália e Índia, e realizou entrevistas em profundidade com
mais de 200 cientistas. Constatou que a pandemia apenas exacerbou
problemas já existentes 10 .

“Em nossas entrevistas, os cientistas disseram que a pandemia foi realmente


apenas o ponto de inflexão”, diz o coautor do estudo Brandon Vaidyanathan,
sociólogo da Universidade Católica da dos EUA em Washington DC. “Coisas
como esgotamento e exaustão emocional já aconteciam antes e a pandemia
as expôs. Amplificou esses efeitos.”

Uma chance de mudar


À medida que as evidências de todos esses problemas aumentam, os
cientistas estão se voltando para soluções. Mas ainda não está claro o quê
exatamente precisa mudar. “Quando analisamos os resultados do estudo,
ficamos bastante chateados e um pouco zangados – até impotentes”, diz
Goel. “Sentimos que seria extremamente difícil efetuar mudanças.”

Ainda assim, muitos cientistas concordam que o primeiro passo é que a


saúde mental se torne um tópico comum de conversa – uma mudança que já
pode estar acontecendo. Desde que Evans e seus colegas publicaram seu
estudo em 2018, eles e outros cientistas foram convidados por várias
instituições e conferências para falar sobre o assunto. E a pesquisa decenal
mais recente da astronomia e astrofísica dos EUA, em 2021, conduzida pelas
Academias Nacionais para definir prioridades de financiamento a cada
década, discutiu a necessidade de abordar o assédio e a discriminação na
comunidade.

Isso é um grande progresso, argumentou Jennifer Wiseman, astrônoma do


Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, em uma
reunião da Sociedade Astronômica Norte-americana [American
Astronomical Society (AAS)] em Seattle, Washington, em janeiro. Outros
programas procuram abordar as questões de representação e equidade que
tantas vezes coincidem com assédio, abuso e doença mental. Por exemplo, a
NASA recentemente revisou seu Programa Hubble de Fellowship, que
oferece cargos de pós-doutorado valorizados, a fim de diversificar seu
alcance. Os principais programas de subsídios, como os do Departamento de
Energia dos EUA, agora exigem um plano que descreva como a equipe
proponente trabalhará contra as barreiras para criar e manter um ambiente
de trabalho inclusivo.

Há muito tempo Milgran vê a saúde mental como um componente essencial


do conjunto de habilidades de um pesquisador de sucesso. Desde 2020, o
Escritório de Treinamento e Educação Interna do Instituto Nacional de
Saúde (NIH, em inglês) dos EUA oferece um curso chamado “Tornar-se um
Cientista Resiliente” [Becoming a Resilient Scientist], com tópicos que vão
desde a síndrome do impostor até o desenvolvimento de melhores
relacionamentos com orientadores. Seus 25.000 participantes – incluindo
graduandos, graduados, pós-doutorandos e estudantes de medicina
recrutados no NIH e em várias instituições extramuros – relataram reduções
na ansiedade, depressão e presenteísmo (ou seja, incapacidade de envolver-
se plenamente no espaço de trabalho, por causa do estresse). Nos últimos
dois anos, a equipe de Milgram ofereceu um programa paralelo chamado
“Tornar-se um Cientista Resiliente” [Raising a Resilient Scientist], projetado
para ajudar membros do corpo docente e administradores a desenvolver
melhores habilidades de orientação e trabalhar em sua saúde mental pessoal.

Iniciativas de ações autônomas, lançadas estudantes de pós-graduação e pós-


doutorandos, levaram a vários eventos e workshops, até encontros de ioga.
Os esforços para formar associações de estudantes de doutorado e pós-
doutorado nos campi dos Estados Unidos também buscaram garantias de
melhores condições de trabalho . “É o início de um movimento que
esperamos que, ao longo de gerações de acadêmicos, resulte em mudanças
de longo prazo”, diz Evans. “E eu sinto que temos todas as peças para ver
isso acontecer. Só leva tempo.”

Mas outros argumentam que a ciência precisa de mudanças sistêmicas


maiores – como tolerância zero para abuso. Embora as instituições e
conferências estejam fortalecendo declarações de valor, códigos de conduta e
aplicação, ainda há muito trabalho a ser feito, disse Wiseman na reunião da
AAS. Os pesquisadores precisam ser capazes de levantar preocupações sem
medo de represálias ou preconceito. Na pesquisa de Goel 9 , por exemplo,
49% dos entrevistados disseram que não buscariam apoio por se
preocuparem com retaliações.

Muitos argumentam que é preciso haver mudanças drásticas nas estruturas


de financiamento. “Esses modelos são realmente datados”, diz Sheila
Kanani, diretora de educação e diversidade da Royal Astronomical Society
em Londres, que entrevistou 650 astrônomos e físicos em 2020 e encontrou
um problema sistêmico de bullying. “Todo o sistema precisa de uma grande
revisão.” Como parte disso, ela e outros dizem que o financiamento não deve
ser inteiramente baseado em publicações, mas sim em um ambiente de
trabalho saudável – que considere a saúde mental dos pesquisadores e o
rigor de seu trabalho, incluindo ideias que podem nunca chegar a um jornal
acadêmico.

Sem mudanças drásticas, é possível que jovens pesquisadores continuem


fugindo do campo. “Este é realmente um problema que pode afetar o futuro
da ciência se não conseguirmos reter jovens talentos”, diz Vaidyanathan.
“Devemos às futuras gerações de cientistas a responsabilidade de criar locais
de trabalho mais acolhedores, que permitem que você faça ciência.”

Referências
1. Evans, T. M., Bira, L., Gastelum, J. B., Weiss, L. T. & Vanderford, N. L. Nature Biotechnol.
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10. Jacobi, C. J., Varga, P. J. & Vaidyanathan, B. Front. Psychol. 13, 923940 (2022). Article
PubMed Google Scholar

TAGS
ABUSO PSICOLÓGICO, ACADEMIA, ASSÉDIO MORAL, ASSÉDIO SEXUAL, BULLYING NA ACADEMIA, CAPA, P&D,
PANDEMIA, PESQUISA CIENTÍFICA, PESQUISA E DESENVOLVIMENTO, SAÚDE MENTAL, SAÚDE PSÍQUICA

SHANNON HALL
Shannon Hall é uma premiada jornalista científica norte-americana. Ela é especialista em escrever sobre astronomia,
geologia e meio ambiente

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