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ÍNDICE

PRÁTICA Pagina

1 Teste de solubilidade 6

2 Reações de formação de cristais 10

3 Reações de ácido-base quimicamente ativa 12

4 Classificação de compostos orgânicos através de reações 17


químicas

5 Reações de substituição nucleofílica de primeira e segunda 22


ordem

6 Reações de eliminação de primeira e segunda ordem 26

7 Reações de esterificação 30

8 Cromatografia em coluna 32

9 Síntese do AAS 35

10 Atividade enzimática da amilase salivar 38

ANEXO 1: Modelo relatório 42

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1. TESTE DE SOLUBILIDADE

1.1. Introdução

Um importante parâmetro utilizado para a caracterização química é a


solubilidade de compostos orgânicos. Através da mesma, é permitido prever a
presença ou ausência de grupos funcionais e reatividade em alguns casos. Os
testes de solubilidade permitem em uma primeira análise classificar o composto
em substância ácida, básica ou neutra. São realizados em água, solução de
hidróxido de sódio, solução de bicarbonato de sódio, ácido clorídrico diluído, éter
e ácido sulfúrico concentrado. A solubilidade dos compostos orgânicos podem
ser divididas em duas categorias principais: a solubilidade decorrente da simples
miscibilidade e, a solubilidade resultante de uma reação química (reação ácido-
base), a qual estão inter-relacionadas. A primeira é para determinar os solventes
apropriados para: recristalização, análises espectrais e reações químicas. Já a
segunda é usada para identificar os grupos funcionais. Em geral, compostos com
grupos polares e de baixa massa molecular terão solubilidade em água. A
presença de grupos ácidos carboxilicos, por exemplo resultará em solubilização
em meio básico devido à reação de formação de um sal (carboxilato de sódio).
Por outro lado, compostos com grupos básicos (aminas, por exemplo) terão
reação em meio ácido gerando um sal de amônio. Os testes de solubilidade
estão descritos pelo Esquema 1 e a classificação é apresentado na Tabela 1. 3.

Segurança: O ácido clorídrico e o hidróxido de sódio são corrosivos. O ácido


sulfúrico e o ácido fosfórico concentrado provocam queimaduras quando em
contato com a pele.

1.2. Objetivo

Determinação da solubilidade de algumas amostras líquidas e sólidas (A, B,


C, D e E) para identificação do tipo de grupo funcional que as mesmas devem
conter e consequentemente determinar qual será o grupo pertencente para cada
amostra.

1.3. Parte Experimental

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3.1. Testar a solubilidade das amostras A, B, C, D e E seguindo o roteiro
apresentado no Esquema 1, ou seja, realizar o primeiro teste com água, caso a
substância seja solúvel em água, testar com éter etílico, caso seja insolúvel em
água, testar com hidróxido de sódio 5% e assim por diante. Realizar os mesmos
testes com as amostras B, C, D e E, separadamente.

3.2. Inicialmente adicionar 2,0 mL do solvente em um tubo de ensaio. No caso


dos ácidos adicionar apenas 1 mL (redução de resíduos).

3.3. Adicionar algumas gotas do líquido (ou alguns cristais do sólido)


desconhecido, diretamente no solvente. (Atenção não adicionar grande
quantidade de amostra porque a análise visual poderá ser comprometida).

3.4. Agitar cuidadosamente durante alguns minutos, acompanhando


visualmente o comportamento do sistema.

3.5. Se houver dissolução completa da amostra, o composto será considerado


solúvel no solvente de teste.

3.6. Se a amostra dissolver em água, o pH deverá ser medido com papel


indicador.

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Observações

1. O ácido sulfúrico concentrado pode provocar uma mudança de coloração,


indicando um teste positivo de solubilidade.

2. Sólidos desconhecidos que não dissolvem nos solventes citados acima


podem ser substâncias inorgânicas.

3.Ao realizar a escrita do relatóorio , indiquem quais compostos abaixo


correspondem às amostras A, B, C, D e E com base na Tabela 1 e nos resultados
de solubilidade obtidos experimentalmente. JUSTIFIQUE SUAS RESPOSTAS.

OBS: Alguns destes compostos podem ser alterados antes da aula prática
devido à disponibilidade no almoxarifado.

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1.4. Tópicos a serem abordados nos relatórios

1. Definição de solubilidade e miscibilidade.

2. Por que determinados compostos orgânicos são solúveis em soluções


ácidas e outros são solúveis em soluções básicas? Esta dissolução é devido à
solubilidade ou miscibilidade?

3. Por que determinados compostos orgânicos são solúveis em água e éter


etílico? Esta dissolução é devido à solubilidade ou miscibilidade?

4. Indique a reação que está ocorrendo, quando for o caso.

Tabela 1. Compostos orgânicos relacionados às classes de solubilidade.

1.5 Referências Bibliográficas

1. VOGEL, A. I. Química orgânica: análise orgânica qualitativa. 3 ed. Rio de


Janeiro, Ao Livro Técnico, S.A. 1981, v. 3.

2. Solomons, T.W., Fryhle, C. B. Organic Chemistry, 8 ed. (2004).

3. Vogel, A., Vogel’s Textbook of Practical Organic Chemistry, 4a Edição,


Editora Longman Scientific & Technical, New York, 1987.

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2. REAÇÕES DE FORMAÇÃO DE CRISTAIS

2.1 Introdução

A primeira constatação de que a forma externa simétrica dos cristais poderia


ser consequência do arranjo da matéria no interior dos cristais se deve ao
dinamarquês Niels Stensen (latinizado Steno, 1638-1686) que percebeu a
constância dos ângulos entre faces equivalentes em cristais de uma mesma
substância. No século XVIII, René Hauy (1743-1822) propôs que os cristais
pudessem ser compostos por partículas minúsculas organizadas de maneira
regular, sendo as faces simétricas dos cristais expressões macroscópicas deste
arranjo ordenado. Entretanto, apenas no início do século XX foi possível
confirmar esta hipótese com os experimentos de difração de raios X em cristais,
realizados por Max von Laue, em 1914, e posteriormente por William Henry
Bragg e William Lawrence Bragg, respectivamente pai e filho, em 1915. A quase
totalidade dos sólidos naturais e artificiais se encontram no estado cristalino,
mas, a nucleação e o crescimento cristalino não fazem parte de nossa
observação cotidiana. Não obstante, cristais macroscópicos idiomórficos podem
ser produzidos em laboratório através de experimentos simples (e.g. Wood,
1972), pela evaporação à temperatura ambiente de soluções aquosas
supersaturadas.

2.2 Objetivo

A exploração dos processos cristalinos, bem como o processo de cristalização


em aplicações didáticas

2.3 Parte Experimental

Para realização deste experimento, utilizou-se os seguintes materiais e


reagentes: béqueres de vidro (250 ml), bastão de vidro, gaze, elástico, palitos de
madeira, balança de precisão, termômetros e agitador magnético. Os compostos
utilizados e suas respectivas solubilidades a 20 ºC estão relacionados na Tabela
1.

As soluções seram preparadas por dissolução em 100 ml de água destilada à

10
temperatura ambiente, com 10 % em peso de excesso soluto além da saturação;
o excesso de soluto é utilizado para supersaturar a solução e evitar que haja
perda da semente de cristalização no momento em que esta é inserida na
solução. Cobrir com gaze a solução para evitar a queda de partículas externas
na solução. Deve-se ressaltar que os compostos usados nos experimentos são
de baixo custo e têm aplicações diversas em nossa vida cotidiana, seja na
farmacologia, culinária ou em indústrias de transformação. Na primeira fase dos
experimentos irá obter-sesementes de cristalização, que são pequenos cristais
que posteriormente serão imersos em solução para crescimento e obtenção dos
cristais macroscópicos. Reservar as semente obtidas a partir de solução
supersaturada em repouso em recipiente aberto de vidro, com grande superfície
livre para evaporação (20 x 30 cm). Por fim, imergir as sementes em soluções
supersaturadas para observação do crescimento cristalino, presas por linha com
um nó corrediço e suspensas na solução por um palito de madeira atravessado
na abertura do béquer. As medidas das taxas de crescimento cristalino e de
evaporação deveram ser efetuadas em intervalos de 48 horas, durante duas
semanas..

2.4 Tópicos a serem abordados nos relatórios

iDefinição de nucleação e quais fatores podem influênciar no tamanho dos


cristais.

ii. Qual importância da filtrgem no processo experimental.

iii. Qual a aplicação indrustrial para os processos de cristalização.

2.5 Referências Bibliográficas

https://www.ige.unicamp.br/terraedidatica/v10_2/PDF10-2/Tdv10-101-
2.pdf

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3. REAÇÕES DE ÁCIDO-BASE QUIMICAMENTE ATIVA

3.1 Introdução

A extração, ou separação líquido-líquido, consiste transferência de um soluto


solubilizado em um solvente para outro solvente O soluto é extraído de um
solvente para outro, porque este é mais solúvel no segundo solvente do que no
primeiro. Os dois solventesnão podem se misturar (miscíveis), e devem formam
duas fases ou camadas separadas, para que esse procedimento funcione. Os
solventes, imiscíveis em água, mais utilizados são: éter etílico, hexano, éter de
petróleo e diclorometano. Por exemplo, a cafeína, um produto natural, pode ser
extraída de uma solução aquosa agitando-a sucessivamente com várias porções
de diclorometano.

A = O solvente 1 contém uma mistura de moléculas (brancas e pretas).


Deseja-se separar as moléculas brancas por extração. Um segundo solvente
(sombreado), que é imiscível com o primeiro e menos denso, é adicionado e
ambos são agitados dentro do funil.

B = Após a separação das fases, a maioria das moléculas brancas, mas nem
todas, foram extraídas para o novo solvente, indicando a necessidade de uma
nova extração.

C = Com a separação das duas camadas, as moléculas brancas e pretas,


foram parcialmente separadas. A maioria das extrações consiste de uma fase
aquosa e uma fase orgânica. Para extrair uma substância de uma fase aquosa,
deve ser usado um solvente orgânico e imiscível com água. O solvente que têm
uma densidade menor do que a da água (1,00 g/mL) constituirá a camada
superior na separação, quando forem misturados com a água. A seguir estão
apresentados alguns solventes e suas respectivas densidades.

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Tabela 1. Dendidades de alguns solventes utilizados pra separação líquido-
líquido.

Métodos de Separação Líquido-Líquido As extrações podem ser agrupadas


em 3 categorias: ⇒ A primeira categoria: envolve extração ou "lavagem" numa
mistura orgânica com água. As lavagens com água são utilizadas para remover
materiais altamente polares como sais orgânicos, ácidos ou bases fortes. Muitos
compostos orgânicos contendo menos que cinco carbonos são solúveis em
água. ⇒ A segunda categoria: é feita com uma solução ácida diluída (ácido
clorídrico 5%). As extrações ácidas pretendem remover compostos básicos, em
particular, aminas orgânicas. A base é convertida em seu correspondente cátion
e fica acompanhada do ânion do ácido usado na extração (Formação de um sal).
Os sais de bases orgânicas são solúveis em solução aquosa, e são extraídos da
fase orgânica. ⇒ A terceira categoria é a extração com uma solução básica
diluída (hidróxido de sódio 5%). Nas extrações básicas, compostos ácidos são
convertidas em seus respectivos ânions (Formação de um sal). O sal é solúvel
na fase aquosa, sendo extraído da fase orgânica pela solução básica.

Para agitação do funil de separação, inicialmente, deve-se apoiar o funil de


separação em um anel metálico preso em um suporte metálico e verificar a
ausência de vazamentos na tampa e torneira do funil. Em seguida, fechar a
torneira do funil antes de adicionar a solução a ser extraída e o solvente de
extração. Tampar o funil de separação e agitar delicadamente segurando a
tampa firmemente com uma das mãos e a outra próxima a torneira, pois os dois
solventes imiscíveis fazem pressão quando misturados. Esta pressão pode
forçar a tampa para fora do funil de separação. O funil de separação deve ser
segurado com as duas mãos.

A pressão do funil deve ser liberada segurando-o de cabeça para baixo e


abrindo vagarosamente a torneira. Geralmente o ruído dos vapores que sai pela

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abertura pode ser ouvido. Deve-se continuar a agitar e abrir a torneira até que o
ruído não seja mais ouvido. O funil é então colocado no anel metálico e a tampa
é removida imediatamente. Após a separação de fases, deve-se abrir a torneira
e drenar a maior parte da camada inferior.

Por fim, fechar a torneira quando a interface entre as fases superior e inferior
já comece a entrar na torneira e, realizar o recolhimento da camada superior
remanescente

3.2 Objetivo

Separar os componentes de uma mistura de três compostos orgânicos


através da extração com solventes quimicamente ativos.

3.3 Parte Experimental

Pesar 1 g de ácido benzóico, 1 g de p-toluidina e 1 g de naftaleno em um


béquer de 150 mL e adicionar 30 mL de clorofórmio ao mesmo e agitar até a
completa solubilização. Está solução vai se chamar fase orgânica. Em seguida,
transferir a mistura para o funil de separação e adicionar 15 mL da solução
básica (NaOH 5%).

Agitar a mistura por aproximadamente 30 segundo e esperar a completa


separação de fases. Coletar a fase orgânica num erlenmeyer de 125 mL e
recolher a fase aquosa para o Béquer A (Béquer de 150mL). Retornar a fase
orgânica para o funil de separação. Adicionar mais 15 mL de solução NaOH 5%
ao funil de separação, agitar, coletar a fase orgânica num erlenmeyer de 125 mL
e recolher fase aquosa para o Béquer A. Retornar a fase orgânica para o funil de
separação.

Adicionar 15 mL de água ao funil de separação, agitar, coletar a fase orgânica


num erlenmeyer de 125 mL e recolher a fase aquosa para o Béquer A. Retornar
a fase orgânica para o funil de separação. Adicionar 15 ml da solução ácida (HCl
5%). Agitar a mistura por aproximadamente 30 segundo e esperar a completa
separação de fases. Coletar a fase orgânica num erlenmeyer de 125 mL e
recolher a fase aquosa para o Béquer B (Béquer de 150mL). Retornar a fase

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orgânica para o funil de separação. Adicionar mais 15 mL de solução HCl 5%
ao funil de separação, agitar, coletar a fase orgânica num erlenmeyer de 125 mL
e recolher fase aquosa para o Béquer B. Retornar a fase orgânica para o funil de
separação. Adicionar 15 mL de água ao funil de separação, agitar, coletar a fase
orgânica num erlenmeyer de 125 mL e recolher a fase aquosa para o Béquer B.

Adicionar cerca de 3 g de cloreto de cálcio ao erlenmeyer e agitar


ocasionalmente por 15 minutos. Realizar uma filtragem simples do conteúdo do
erlenmeyer para um béquer previamente pesado e identificado (Béquer C). Este
procedimento retira o agente secante por filtração. Deixar o béquer C na capela
até a completa evaporação do clorofórmio. Pesar o béquer C seco e determinar
a porcentagem do composto orgânico recuperado. Qual composto foi
recuperado no béquer C?

Recuperar o composto do béquer A pela mudança do meio, de básico para


ácido, ou seja, adicione HCl 15% até que não se observe um aumento no
precipitado (pH ácido) . Filtrar o conteúdo do béquer A em um Funil de Buchner
(Filtração a Vácuo) contendo um papel filtro previamente pesado. Qual composto
ficou retido no papel filtro e está sendo recuperado?

Esperar o papel filtro com o resíduo do béquer A secar por uma semana.
Pesar este papel filtro e calcular a porcentagem do composto orgânico
recuperado.

Recuperar o composto do béquer B pela mudança do meio, de ácido para


básico, ou seja, adicione NaOH 15% até que não se observe um aumento no
precipitado (pH básico). Filtrar o conteúdo do béquer B em um Funil de Buchner
(Filtração a Vácuo) contendo um papel filtro previamente pesado. Qual composto
ficou retido no papel filtro e está sendo recuperado?

Esperar o papel filtro com o resíduo do béquer B secar por uma semana.

Pesar este papel filtro e calcular a porcentagem do composto orgânico


recuperado.

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3.4 Tópicos a serem abordados nos relatórios

1 - Mostre as reações que estão envolvidas nas extrações de solventes


quimicamente ativos. Inclusive nas reações de recuperação dos compostos.

2 - Quais as características de um bom solvente para que possa ser usado na


extração de um composto orgânico em uma solução aquosa?

3 - Qual fase (superior ou inferior) será a orgânica se uma solução aquosa for
tratada com: a) éter etílico b) clorofórmio c) acetona d) n-hexano e) benzeno

4 - Por que a água é geralmente usada como um dos solventes na extração


líquido-líquido?

5 - Pode-se usar etanol para extrair uma substância que se encontra


dissolvido em água?

3.5 Referências Bibliográficas

1. VOGEL, A. I., Química orgânica: Análise Orgânica Qualitativa. 3. ed, Rio de


Janeiro, Ao Livro Técnico SA, 1981. v. 1.

2. VOLLHARDT, K. P. C., SCHORE, E. N., Química Orgânica: Estrutura e


Função. Bookman Companhia Editora. 4a ed. Porto Alegre-RS. 2004. 3.
SOLOMONS, T.W.G. Química Orgânica, Livros Técnicos e Científicos Editora
S/A, 8ª. ed., Rio de Janeiro, 2006.

16
4. CLASSIFICAÇÃO DE COMPOSTOS ORGÂNICOS ATRAVÉS DE
REAÇÕES QUÍMICAS

4.1 Introdução

Os testes para grupos funcionais envolvem reações orgânicas estudadas nas


disciplinas anteriores, com a particularidade de serem selecionadas reações que
apresentem um indício visível de sua ocorrência, como a mudança de cor,
formação de um precipitado ou desprendimento de gás. Estes testes não devem
ser analisados individualmente, mais sim em conjunto, para poder chegar a
conclusões acertadas sobre qual ou quais os grupos funcionais presentes na
substância analisada. O primeiro teste é o do descoramento de uma solução de
Br2/CCl4 5%. Esta solução apresenta uma coloração avermelhada característica
do Br2 e seu descoramento indica que o bromo foi incorporado à molécula. Esse
descoramento pode ocorrer por reação de adição ou por reação de substituição.
A reação de adição ocorre sem desprendimento de gás e indica a presença de
insaturação (alcenos ou alcinos). A reação de substituição ocorre devido à
presença de hidrogênio ativo, presente em compostos aromáticos com grupos
fortemente ativadores como fenóis e aminas, ou em compostos com hidrogênio
-carbonílico como cetonas e ésteres. Neste caso o descoramento é
acompanhado pelo desprendimento de HBr, que pode ser ouvido se
aproximarmos o tubo de ensaio do ouvido.

4.2 Objetivo

Realizar a determinação de grupos funcionais através do método de reações


17
químicas.

4.3 Parte Experimental

Teste com bromo em tetracloreto de carbono: dissolver, em um tubo de


ensaio, cerca de 0,1g da amostra sólida ou 0,2 mL (5 gotas) da amostra líquida
em 2 mL de tetracloreto de carbono e adicionar gota a gota, com agitação, uma
solução a 5% de bromo em tetracloreto de carbono, até persistir a coloração do
bromo. O descoloramento da solução de bromo, sem desprendimento de
vapores de ácido bromídrico caracteriza a presença de insaturação (C=C),
indicando reação de adição. O descoloramento da solução de bromo,
acompanhado do desprendimento de ácido bromídrico, é evidência de uma
reação de substituição e é característico de compostos contendo hidrogênio
ativo.

Teste com permanganato de potássio (teste de Bayer): dissolver, em tubo de


ensaio, cerca de 0,1g da amostra sólida ou 0,2 mL (5 gotas) da amostra líquida
em 2 mL de água ou acetona e adicionar, gota a gota, uma solução aquosa 2%
de permanganato de potássio, até persistir a coloração violeta do permanganato.
A mudança de coloração do reagente é indicativo da presença de insaturação
ou de grupamentos oxidáveis. em repouso durante 5 minutos, com agitação
ocasional. Uma leve modificação de coloração poderá indicar a presença de
impurezas.

Teste com anidrido crômico (teste de Jones): dissolver, em um tubo de ensaio,


cerca de 10mg da amostra sólida ou 1 gota da amostra líquida em 1 mL de
acetona e adicionar 1 gota de solução aquosa de anidrido crômico em ácido
sulfúrico. Álcoois primários e secundários reagem imediatamente com formação
de suspensão opaca de coloração azul-esverdeada. Os álcoois terciários não
reagem, permanecendo a coloração alaranjada do reativo.

Teste com ácido clorídrico/cloreto de zinco (teste de Lucas): Colocar, em um


tubo de ensaio seco, cerca de 1 mL da amostra e 10 mL do reagente ácido
clorídrico/cloreto de zinco. Fechar o tubo, agitar e deixar em repouso. Alcoóis
terciários reagem imediatamente com aparecimento de emulsão seguida de
separação de fases. Álcoois secundários apresentam uma turvação após 5
minutos e separação de fases após 10 minutos. Álcoois primários não reagem

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nestas condições. Teste do cloreto férrico: Diluir cerca de 0,1g ou 1 gota da
amostra em 10 mL de água ou etanol e adicionar 1 a 3 gotas da solução de
cloreto férrico a 1%. O aparecimento imediato de coloração é característico da
presença de fenóis ou enóis.

Teste com hidróxido de sódio a 5%: Em um tubo de ensaio colocar 0,1g da


amostra sólida ou 0,2 mL (5 gotas) da amostra líquida e adicionar cerca de 1 mL
da solução de NaOH 5%. A solubilização da amostra indica a presença de
componentes ácidos.

Teste com bicarbonato de sódio: Em um tubo de ensaio colocar 0,1g da


amostra sólida ou 0,2 mL (5 gotas) da amostra líquida e adicionar cerca de 1 mL
da solução de NaHCO3. A solubilização da amostra seguida de liberação de
dióxido de carbono indica a presença de componentes ácidos. Teste com a 2,4-
Dinitrofenil-hidrazina (2,4-DNPH): Dissolver 3g de 2,4-Dinitrofenil-hidrazina em
15 mL de H2SO4 concentrado. Esta solução é adicionada, com agitação, a 20
mL de água e 70 mL de etanol a 95%.

Deixar esfriar e fi ltrar. Em um tubo de ensaio dissolver 0,1g da amostra sólida


ou 0,2 mL (5 gotas) da amostra líquida em 2 mL de etanol e adicionar cerca de
3 mL de uma solução de 2,4-DNPH, recentemente preparada. Agitar
vigorosamente, e, se não houver o aparecimento de precipitado, deixar em
repouso por 15 minutos. Aldeídos e cetonas formam um precipitado insolúvel.
Distinção entre aldeídos e cetonas (teste de Tollens): Em um tubo de ensaio
colocar 2 mL de uma solução de AgNO3 5% e adicionar 1 gota de uma solução
diluída de NaOH 10%. Juntar gota a gota uma solução de NH4OH 2%, agitando
até o desaparecimento do precipitado de óxido de prata. Em um tubo de ensaio
colocar 1 mL do reativo de Tollens (recentemente preparado) e duas gotas da
amostra líquida ou 0,1 g do sólido. Não agitar. O aparecimento de um espelho
de prata é característico de presença de aldeído. Havendo necessidade, poderá
ajustar o pH do meio pela adição de 1 gota da solução de NaOH a 10% e/ou
aquecer levemente o tubo de ensaio na chama de um bico de Bunsen.

4.4 Tópicos a serem abordados nos relatórios

1. O que é análise orgânica?

19
2. Quais as etapas da análise orgânica?

3. Para que serve a análise orgânica?

4. Como você procederia para identificar uma substância orgânica


desconhecida?

5. Como saber se uma substância é orgânica ou inorgânica?

6. Como você testaria a presença de carbono e hidrogênio na estrutura?

Qual o sinal positivo?

7. Como você testaria a presença de N na estrutura?

8. Como você testaria a presença de S na estrutura?

9. Como você testaria a presença de halogênio na estrutura? Como


diferenciar

os halogênios?

10. Para que serve o teste de solubilidade?

11. Quais classes de substâncias são solúveis em HCl 10%

12. Quais classes de substâncias são solúveis em NaOH 5%

13. Quais classes de substâncias são solúveis em NaHCO3 5%

14. Quais classes de substâncias são solúveis em H2SO4 conc.

15. Quais classes de substâncias são solúveis em água mais insolúveis em

éter?

16. Quais classes de substâncias são solúveis em água e em éter?

17. Quais propriedades físicas podemos medir facilmente no laboratório?

4.5 Referências Bibliográficas

PAVIA, D. L., LAMPMAN, G. M., KRIZ, G. S., ENGEL, R. G. Química Orgânica


Experimental: Técnicas de escala pequena. 2ª. Ed., Porto Alegre,

Bookman, 2009.

EATON, D. C. Laboratory Investigations in Organic Chemistry. USA, McGraw-


Hill, 1989.

20
FIESER, L. F., WILLIAMSON, K. L. Organic Experiments. 8th. Ed. USA,
Houghton Miffl in, 1998.

21
5. REAÇÕES DE SUBSTITUIÇÃO NUCLEOFÍLICA DE PRIMEIRA E
SEGUNDA ORDEM

5.1 Introdução

As reações de Substituição Nucleofílica (SN) em átomo de carbono saturado


constituem uma classe de grande importância na química orgânica. A partir
delas, é possível a síntese de uma variada gama de compostos, um número
elevado de diferentes processos, sendo assim, muito importantes do ponto de
vista prático. Outra aplicabilidade é o papel no desenvolvimento das teorias dos
mecanismos das reações orgânicas. São divididas em duas classes, mono e
bimoleculares, SN1 e SN2. Fatores como: tipo de substrato, força do nucleófilo,
solvente e grupo abandonador, definirão qual processo é favorecido.

Uma reação do tipo SN1 muito comum ocorre entre álcoois terciários na
presença de um ácido halogenado. O ácido pode ser adicionado diretamente ao
álcool, na presença ou não de um catalisador, sendo o derivado halogenado
preparado "in situ".

Nesta prática será sintetizado o cloreto de t-butila via uma reação SN1. O
produto será caracterizado por espectroscopia na região do infravermelho e pelo
teste do nitrato de prata.

5.2 Objetivo

O objetivo deste experimento é a síntese de compostos através das reações


de substituição nucleofílica de primeira ordem.

5.3 Parte Experimental

5.4 Materiais e reagentes

22
Agitador magnético, suporte universal, garras, manta de aquecimento, funil,
balão de fundo chato de 250 mL, proveta de 100 mL, barra magnética, balão de
fundo redondo de 100mL condensador de bolas, condensador reto e conexões
para destilação simples, funil de separação, Erlenmeyer de 125 mL, sulfato de
sódio anidro, álcool t-butílico, ácido clorídrico concentrado a 5oC.

Purificação do solvente: destilação do t-butanol

Solventes orgânicos de diferentes graus de pureza são comercialmente


disponíveis com indicações da quantidade e da natureza das impurezas
presentes. A seleção do grau de pureza de determinado solvente está
condicionada à finalidade de seu emprego, à sua disponibilidade e à seu custo.
Portanto, dependendo do caso, é possível empregar solventes com pequenas
quantidades de água (substância largamente presente em todos os solventes
orgânicos) ou de outras impurezas. Entretanto, quando os níveis de impurezas,
incluindo umidade, são inaceitáveis para um objetivo particular, ou quando
grandes volumes de solventes são necessários, é frequentemente mais
econômico purificar solvente de grau comercial. Solventes de graus apropriados
de pureza são usados nos processos de síntese, de isolamento (extração) e de
purificação (recristalização).

Para a purificação do t-butanol será empregada a destilação simples; ponto


de ebulição: 82 °C.

Síntese do cloreto de t-butila

23
Em um balão de fundo chato de 250 mL adicione 70 mL de HCl concentrado
previamente resfriado na geladeira a 5 oC. Adicione, cautelosamente, 20 g de
álcool t-butílico em pequenas porções e com leve agitação, Figura 3(A). Após o
término da adição, deixe o balão a temperatura ambiente e agite suavemente
durante 20 minutos, Figura 3(B). Transfira o conteúdo do balão para um funil de
separação e aguarde a nítida separação de fases. Retire a fase ácida e lave a
fase orgânica com 3 porções de 30 mL de solução de bicarbonato de sódio a
10%. Em seguida lave a fase orgânica com 3 porções de 30 mL de água gelada.
Transfira a fase orgânica para um Erlenmeyer e adicione o agente secante
sulfato de sódio anidro, Figura 3(C). Deixe o sistema em repouso por 30min,
filtre coletando o filtrado diretamente em um balão de destilação de 100 mL
pesado, Figura 3(D).

Figura 3. (A) Adição do t-butanol ao HCl concentrado. (B) meio reacional em


agitação lenta por 20min. (C) extração líquido-liquido da fase orgânica e adição
do sulfato de sódio anidro para secagem.

Destile o meio reacional com equipamento de destilação simples (temperatura


da de ebulição do cloreto de t-butila 49-51°C) e recolha a fração um Erlenmeyer
de massa conhecida imerso em gelo, Figura 3(E).

24
Figura 3. (D) Filtração do meio reacional. (E) Destilação do cloreto e t-butila.

5.4 Tópicos a serem abordados nos relatórios

- Discorrer sobre as reações de substituição nucleofílica, importância e


aplicações.

- Discorrer sobre a importância da purificação dos solventes na síntese


orgânica.

- Propor o mecanismo de formação do cloreto de t-butila.

- O HCl O foi adicionado em excesso? Calcule o volume HCl necessário


para reagir com 20 g t-butanol.

- Calcule o rendimento da reação.

- Quais sinais característicos no espectro de IV caracterizam a formação do


produto.

- O teste com nitrato de prata mostrou-se eficiente?

5.5 Referências Bibliográficas

Clayden, J.; Greeves, N.; Warren, S. Organic Chemistry. 2ª Ed.; Oxford;


2012.

25
6. REAÇÕES DE ELIMINAÇÃO DE PRIMEIRA E SEGUNDA ORDEM

6.1 Introdução

Nas reações de eliminação há quebra de duas ligações sigma para a


formação de uma ligação π. Assim como ocorre nas reações de substituição
nucleofílica, há duas vias mais comuns para as reações de eliminação: E1 e E2.
No processo de primeira ordem, há formação de um carbocátion; nos processos
de segunda ordem o mecanismo é concertado.

Quando álcoois são tratados com ácidos fortes, ocorre a eliminação de uma
molécula de água, este tipo de reação é chamado de reação de desidratação.
Dois pontos importantes devem ser destacados:

a) Deve-se escolher um ácido que não gere uma base conjugada que
possibilite uma reação de substituição, acarretando na formação de
subprodutos.

b) Escolher as condições que impossibilitem à reversibilidade da reação,


deslocando-se assim, o equilíbrio para no sentido de formação dos produtos e
não dos materiais de partida.

6.2 Objetivo

Realização da síntese de comportos através das reações de eliminação de


primeira e segunda ordem.

6.3 Parte Experimental

6.3.1 Materiais e reagentes

Agitador magnético, suporte universal, garras, placa de aquecimento, funil,


proveta de 100 mL, barra magnética, balão de fundo redondo de 100mL
condensador de bolas, conexões para destilação simples, funil de separação,

26
Erlenmeyer de 125 mL, espátulas, béquer, tubos de ensaio, ácido Oxálico, de
terc-butanol, KMnO4, HCl, H2SO4, solução de bromo.

6.3.2 Métodos

Síntese e caracterização do gás isobutileno

Em um balão de fundo redondo de 100 mL contendo uma barra magnética


coloque 5 g de ácido oxálico diidratado e 10 mL de terc-butanol. Conecte um
condensador de refluxo e adapte uma rolha de borracha com tubo de vidro
conectado a uma mangueira contendo uma pipeta de aproximadamente 15 cm
na outra extremidade, de acordo com a Figura 2.

Ligue a circulação de água e aqueça o balão em banho de óleo (~110 °C)


mantendo uma taxa de refluxo de 1-2 gotas por segundo, sob forte agitação
magnética. Mantenha a ponta da pipeta submersa em um tubo de ensaio
contendo 2-3 mL de solução 0,0002M de KMnO4. Durante o borbulhamento
observar o que está acontecendo.

Remova a pipeta, limpe-a com papel toalha e a introduza no outro tubo


contendo uma solução de permanganato de potássio (KMnO 4) 0,001M e agite
bem. Após a mudança de cor adicione 2 gotas de uma solução de ácido sulfúrico
1M. Agite com cuidado e observe a coloração da solução. Se a solução

27
“descorar”, adicione mais algumas gotas da solução de KMnO 4, Agite e
observe.

Remova a pipeta, limpe-a com papel toalha e a introduza no outro tubo


contendo água de bromo até o completo descoramento.

Remova a pipeta, limpe-a com papel toalha e a introduza em outro tubo de


ensaio contendo 3 mL de uma solução de bromo dissolvido em tetracloreto de
carbono (Br2/CCl4). Durante o borbulhamento observar o que está
acontecendo. Observar se há desprendimento de gás bromídrico.

Por fim adicione a pipeta em um erlenmeyer de 125 mL contendo 25 mL de


HCl 1 M para reter parte do 2-metilpropeno.

6.3.3 Recuperação do ácido oxálico por meio da recristalização

Deixe o balão contendo o resíduo de ácido oxálico esfriar e, então, fragmente


a massa sólida com o auxílio de um bastão de vidro. Adicione 5 mL de água,
agite o balão e verta a mistura para um béquer de 100 mL. Repita esta operação
mais 1 vez, somando um volume de 10 mL de água. Aqueça o bequer numa
chapa de aquecimento até completa solubilização e efetue a filtração simples.
Resfrie o filtrado em banho de gelo para a cristalização do ácido. Filtre o sólido
em um funil de Buchner, contendo um papel filtro previamente pesado, e deixe
secando ao ar durante dois dias. Pese o papel filtro e calcule a porcentagem de
ácido oxálico recuperado.

6.3.4 Tópicos a serem abordados nos relatórios

-Discutir sobre a importância e aplicabilidade das reações de eliminação.

- Propor o mecanismo para a reação de obtenção do 2-metilpropeno a partir


do terc-butano e um catalisador ácido.

- Quais seriam os produtos da reação de eliminação do 2-metil-2-butanol?

- O etanol pode sofrer eliminação de água em meio ácido com formação do


etileno (eteno) ou substituição nucleofílica com formação de éter dietílico.
Discutir as condições que favorecem cada um dos casos e escrever o
mecanismo para a formação dos dois produtos.

28
- Por que os álcoois terciários eliminam água mais facilmente, quando
comparados aos álcoois primários?

- Por que a reação do tipo E1 é favorecida por solventes polares?

- Quais produtos são obtidos durantes os testes para identificação de


alquenos.

- Qual a massa de ácido oxálico recristalizado?

6.4 Referências Bibliográficas

VOGEL, A., “Vogel’s Textbook of Practical Organic Chemistry”, 4a Ed., Editora


Longman Scientific & Technical, New York, 1987.

PAVIA, D.L., LAMPMAN, G.M., KRIZ, G.S. ENGEL, R.G., “Introduction to


Organic Laboratory Techniques: A Microscale Approach”, 4th Edition, Thomson
Brooks/Cole, 2007. VOLLHARDT, K. P. C., SCHORE E. N., “Química Orgânica:
Estrutura e Função”. Bookman Companhia Editora. 4a ed. Porto Alegre-RS.
2004.

29
7. REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO - BIODIESEL

7.1 Introdução

O biodiesel é uma evolução na tentativa de substituição do óleo diesel por


biomassa, iniciada pelo aproveitamento de óleos vegetais “in natura”. É obtido
através da reação de óleos vegetais com um intermediário ativo, formado pela
reação de um álcool com um catalisador, processo conhecido como
transesterificação. Os produtos da reação química são um éster (biodiesel) e
glicerina. Esses ésteres têm características físicoquímicas muito semelhantes às
do diesel, conforme demonstram as pesquisas realizadas em diversos países.
Uma das grandes vantagens do biodiesel é sua adaptabilidade aos motores do
ciclo diesel e sua viabilidade está relacionada à substituição das importações e
às vantagens ambientais inerentes como a redução de emissão de materiais
particulados e de enxofre, que evitará custos com saúde pública e de gases
responsáveis pelo efeito estufa, que pode gerar recursos internacionais do
mercado de carbono.

7.2 Objetivo

O objetivo deste experimento é a transterificação de um óleo vegetal para


formação de biodiesel.

7.3 Parte Experimental

A um erlenmeyer de 500 mL, contendo 5,0g de hidróxido de potássio adicione


100 mL de etanol e agite magneticamente à temperatura ambiente até o
desaparecimento completo do catalisador básico. Em seguida, transfira 120 mL
de óleo vegetal refinado para o erlenmeyer de 500mL e, submeta-se a agitação
por 30 minutos à temperatura ambiente. Após esse tempo, adicione ao meio
reacional sob agitação 20 mL de ácido acético e 50 mL de água destilada.
Interrompa a agitação e verifique o tempo necessário para separação de fases
(biodiesel e glicerina). O biodiesel será isolado da glicerina através de um funil
de separação. Anote o volume do biodiesel bruto obtido.

30
7.4 Tópicos a serem abordados nos relatórios

Escreva a equação química da obtenção de biodiesel. 2)Proponha um


mecanismo reacional mostrando a formação do biodiesel através da reação de
transesterificação de óleos vegetais. 3) Quais os tipos de óleos vegetais
comercializados no Brasil ? 4) Qual a função do ácido acético na rota reacional
?

7.5 Referências Bibliográficas

VOGEL, A., “Vogel’s Textbook of Practical Organic Chemistry”, 4a Ed., Editora


Longman Scientific & Technical, New York, 1987.

PAVIA, D.L., LAMPMAN, G.M., KRIZ, G.S. ENGEL, R.G., “Introduction to


Organic Laboratory Techniques: A Microscale Approach”, 4th Edition, Thomson
Brooks/Cole, 2007. VOLLHARDT, K. P. C., SCHORE E. N., “Química Orgânica:
Estrutura e Função”. Bookman Companhia Editora. 4a ed. Porto Alegre-RS.
2004.

31
8. CROMATOGRAFIA EM COLUNA

8.1 Introdução

A extração de produtos naturais e sua separação cromatográfica podem ser


utilizadas para ilustrar vários fenômenos envolvendo interações moleculares ou
forças intermoleculares. No entanto, a dificuldade em encontrar materiais
baratos e acessíveis muitas vezes desestimulou experimentos com essas
características nas escolas de Ensino Médio, e isso motivou a busca de soluções
criativas (Oliveira et al., 1998; Seleghini e Ferreira, 1998). Na extração e
separação dos pigmentos do espinafre (Mackenzie, 1971), os materiais
alternativos foram utilizados foram removedores de ceras doméstico (na
extração e também como eluente do sistema cromatográfico) e açúcar comercial
(como fase estacionária para cromatografia em coluna). Uma coluna
cromatográfica clássica é constituída basicamente por uma fase estacionária,
empacotada em um tubo, e uma fase móvel ou eluente, cujo eluente o decorrer
da realização da separação muda-se sua polaridade gradativamente. A
separação de uma mistura em um sistema cromatográfico depende das
interações que ocorrem entre os componentes da mistura e as fases estacionária
e móvel. Quando apresentam interações diferentes, os constituintes de uma
amostra podem ser separados, em princípio, por cromatografia em coluna ou
outro método cromatográfico (Collins et al., 1997).

8.2 Objetivo

O objetio deste experimento é a separação via cromatografia de coluna dos


componente contidos na folha do espinafre, a qual todos reagentes utilizados
foram obtidos em comércios locais.

8.3 Parte Experimental

- Extrato

Pese 15 g de folhas de espinafre. Usando gral e pistilo, macere a as folhas


adicionando

32
5mL de acetona. Coloque o extrato em um béquer e acrescente sal para
retirar o excesso de água.

- Desenvolvimento da coluna

Iniciar a coluna adicionando o removedor de cera como eluente. Será utilizado


cerca de 200mL deste solvente, até o primeiro composto ser coletado.
Posteriormente, aumentar a polaridade com acetato de etila: 20% e 35%, para
coletar as manchas que sairão em seguida.

33
8.4 Tópicos a serem abordados nos relatórios

- No relatório aborde os processos de interações moleculares e forças


intermoleculares envolvidos na cromatografia em coluna.

- Explique a ordem de coleta dos compostos presentes no extrato.

- Como o suporte da coluna foi o açúcar, quais solventes orgânicos poderiam


ser usados para aumentar a polaridade do removedor de cera sem solubilizar o
açúcar, permitindo assim a separação.

8.5 Referências Bibliográficas

ALLINGER, N.L.; CAVA, M.P.; DE JONGH, D.C.; LEBEL, N.A. e STEVENS,


C.L. Química Orgânica. Trad. R.B. de Alencastro. Rio de Janeiro: Guanabara
Dois, 1976.

CAREY, F.A. Organic chemistry. Nova Iorque: Mc Graw-Hill, 1996.

COLLINS, C.H.; BRAGA, G.L. e BONATO, P.S. Introdução a métodos


cromatográficos. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.

OLIVEIRA, A.R.M.; SIMONELLI, F. e MARQUES, F.A. Cromatografando com


giz e espinafre: Um experimento de fácil reprodução nas escolas do Ensino
Médio. Química Nova na Escola, n. 7, p. 37-38, 1998.

34
9. SÍNTESE DO AAS

9.1 Introdução

Ácido salicílico (C7H6O3), pertencente ao grupo dos hidroxiácidos, no seu


estado puro é sólido, apresenta forma de cristais brancos ou de pó cristalino,
inodoro, pouco solúvel em água, mas solúvel em solventes polares e éter. Pode
ser produzido a partir da biossíntese da fenilalanina, um tipo de aminoácido.
O ácido acetilsalicílico é um princípio ativo dos medicamentos mais consumidos
no mundo todo

9.2 Objetivo

O objetivo deste experimento foi a síntese do ácido acetilsaicílico através da


reação de esterificação entre o ácido salicílico com anidrido acético.

9.3 Parte Experimental

Pesar 3,5 g de ácido salicílico para a montagem do sistema de refluxo (Figura


1). Em um balão de fundo redondo de 250mL contendo um agitador magnético
adicionar: o áA mistura deve ser mantida em banho-maria à 50- 60 ºC durante
20 minutos, com agitação constante. Observar se ocorre a precipitação de um
sólido branco. Resfrie o meio reacional em banho frio e depois adicione 10 mL
de água destilada gelada. Aguardar até a completa cristalização do produto.
Filtre em funil de Büchner e lave o precipitado com pequena quantidade de água
gelada.

RECRISTALIZAÇÃO

Aquecer 15mL de água para dissolver o produto (se preciso usar banho-

35
maria). Após a completa solubilização, filtrar a solução. Resfriar a solução
resultante em banho de gelo. Filtrar o precipitado à vácuo (Não esqueça de
pesar o papel filtro para calcular o rendimento). Lave o precipitado com 10mL
de água destilada gelada. Coloque o pael filtro com o AAS na capela para
eliminar toda a água. Faça a medida do ponto de fusão e calcule o
rendimento da reaçãocido salicílico, 3 mL de anidrido acético e 4 gotas de ácido
sulfúrico concentrado.

Figura 1. Sistema de refluxo

9.4 Tópicos a serem abordados nos relatórios

I Qual a aplicação das reações de esterificação;

ii Qual a importância do ácido acetilsalicílico;

iii Porque a reação envolve a adição de ácido sulfúrico;

iiii Porque utiliza-se anidrido acético nesta síntese;

iiiii Porque o ácido aetilsalicílico não pode ser colocado em meio de hidróxido
de sódio e pode em meio de bicarbonato de sódio?

36
9.5 Referências Bibliográficas

COSTA, T.S.; ORNELAS, D. L.; GUIMARÃES, P.I.C.; MERÇON, F.


Confirmando a Esterificação de Fisher por Meio dos Aromas. Química Nova na
Escola, No. 19, 2004.
MARUYAMA, S.A. Benzoatos Lamelares como Catalisadores Heterogêneos
para a Produção de Benzoato de Metila. Dissertação do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia e Ciência dos Materiais da Universidade Federal do
Paraná, 2010.
OLIVEIRA, C.A.; SOUZA, A.C.J.; SANTOS, A.P.B.; SILVA, B.V.; LACHTER,
E.R.; PINTO, A.C. Síntese de Ésteres de Aromas de Frutas: Um Experimento
para Cursos de Graduação dentro de um dos Princípios da Química Verde.
Revista Virtual de Química, V. 6, No. 1, p. 152-167, 2014.

37
10. ATIVIDADE ENZIMÁTICA DA AMILASE SALIVAR

10.1 Introdução

A amilase é uma hidrolase que tem a função de degradar carboidratos. Ela é


redominantemente produzida pelas glândulas parótidas e pâncreas. A digestão
do amido tem início na boca por ação da enzima α-amilase salivar, conhecida
também por ptialina, que hidrolisa as ligações (1 4) das cadeias do amido,
produzindo glicose, maltose e oligossacarídeos.

A α-amilase salivar é uma enzima unida ao cálcio que inicia a digestão do


amido na cavidade oral. Os genes da α-amilase estão localizados em um cluster
no cromossomo que inclui os genes da amilase salivar (AMY1), dois genes da
α-amilase pancreática (AMY2A e AMY2B) e um pseudogene relacionado. Os
genes AMY1 demonstram extensa variação do número de cópias que é
diretamente proporcional ao teor da α-amilase salivar na saliva. A quantidade de
α-amilase é também influenciada por outros fatores, tais como estado de
hidratação, nível de estresse psicossocial e hábitos alimentares de curto prazo
(Santos et al., 2012).

A secreção da α-amilase salivar é influenciada pela regulação adrenérgica do


sistema nervoso simpático e pelo eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (Granger et
al., 2007), por isso tem sido proposto como biomarcador de mudanças
relacionados ao estresse no corpo, o qual reflete atividade do sistema nervoso

38
simpático (Nater & Rohleder, 2009). Os níveis de α-amilase salivar também
podem servir como um efetivo indicador para a avaliação não-invasiva do
estresse físico (Koibuchi & Suzuki, 2014).

Para determinação da atividade da amilase salivar será utilizada o método


colorimétrico modificado proposto por Caraway (Caraway, 1959), que consiste
de uma análise cinética de tempo fixo. Nesta metodologia a amostra de saliva
será incubada com o substrato amido. Pela dição do iodo, o amido não
hidrolisado adquire coloração azul/preta que diminui proporcionalmente à
atividade enzimática, sendo comparado com um controle.

10.2 Objetivo

Constatar a ação enzimática da amilase salivar e realizar as correlações da


mesma com o estado de saúde oral de pessoas.

10.3 Parte Experimental

Para realização deste experimento, fez-se a utilização dos seguinte materiais


e reagentes: Luvas, Máscara, Óculos, tubos de ensaios, pipeta automática de 10
e 1000 μL, solução de NaCl 0,85% (m/v), reagente para determinação da amilase
salivar, ponteiras 200 e 1000 μL, espectrofotômetro UV/Visível, cubetas de
plástico, pisseta com água destilada, papel higiênico macio

1º Passo: Descongelar a saliva do paciente

A alíquota número 1 da saliva total não-estimulada e centrifugada do paciente


deverá ser removida do freezer onde encontra-se armazenada à -20 ºC. A
amostra deverá ser mantida à temperatura ambiente até o seu completo degelo,
quando então deverá retornar ao gelo, sendo mantida no mesmo durante todo a
39
aula prática. O respectivo tubo cônico contendo a saliva deverá ser marcado na
tampa com canetinha. Esta marcação indicará que esta amostra já foi
descongelada uma vez.

2º Passo: Diluição da saliva em tampão fostato

O tubo cônico contendo a saliva deverá ser agitado vigorasamente na


intenção de deixar a amostra da saliva homogênea. A diluição deverá ser
realizada no tubo de ensaio. Pipetar 2000 uL da solução de NaCl 0,85% e em
seguida pipetar 10 μL da saliva. AGITAR VIGOROSAMENTE PARA DEIXAR A
AMOSTRA HOMOGÊNEA. Após este passo considerar que a saliva foi diluída
201 vezes. Retornar o tubo de ensaio com a saliva diluída para o gelo.

3º Passo: Marcação dos tubos e pipetagem

A determinação da α-amilase na saliva será realizada em duplicata. Marcar 3


tubos de ensaio: 1 tubo C (controle) e 2 tubos S (saliva) e proceder como a
seguir.:

Homogeneizar bem e determinar as absorbâncias do controle e da amostra


em 660 nm, zerando o aparelho com água destilada ou deionizada obtida da
pisseta. A cor é estável por 30 minutos.

10.4 Tópicos a serem abordados nos relatórios

I Cálculos

Ac = absorbância do controle / As = absorbância da saliva

Amilase = Ac - As x 8 x 201 Resultado 1= ____ (U/mL) Resultado 2= ____


(U/mL) Resultado Média= ____ (U/mL)

Ac

40
Uma unidade de enzima é a quantidade que hidrolisa totalmente 10 mg de
amido em 30 minutos a 37 °C.

Valores de referências: Adultos 80 U/mL (Variação poderá ocorrer entre 4 –


400 U/mL).

II Fazer correlações com o estado de saúde oral do paciente.

10.5 Referências Bibliográficas

1. Castagnola M, Picciotti PM, Messana I, Fanali C, Fiorita A, Cabras T, Calò


L, Pisano E, Passali GC, Iavarone F, Paludetti G, Scarano E. Potential
applications of human saliva as diagnostic fluid. Acta Otorhinolaryngol Ital. 2011
Dec;31(6):347-57.

2. Granger DA, Kivlighan KT, el-Sheikh M, Gordis EB, Stroud LR. Salivary
alpha-amylase in biobehavioral research: recent developments and applications.
Ann N Y Acad Sci. 2007;1098:122–144.

3. Humphrey SP, Williamson RT. A review of saliva: normal composition, flow,


and function. J Prosthet Dent. 2001;85:162–9.

4. Koibuchi E, Suzuki Y. Exercise upregulates salivary amylase in humans


(Review). Exp Ther Med. 2014 Apr;7(4):773-777.

5. Nater UM, Rohleder N. Salivary alpha-amylase as a non-invasive biomarker


for the sympathetic nervous system: current state of research.
Psychoneuroendocrinology. 2009 May;34(4):486-96.

6. Santos JL, Saus E, Smalley SV, Cataldo LR, Alberti G, Parada J, Gratacòs
M, Estivill X. Copy number polymorphism of the salivary amylase gene:
implications in human nutrition research. J Nutrigenet Nutrigenomics.
2012;5(3):117-31.

7. Scannapieco FA, Torres G, Levine MJ. Salivary alpha-amylase: role in


dental plaque and caries formation. Crit Rev Oral Biol Med. 1993;4(3-4):301-7.

8. CARAWAY WT. A stable starch substrate for the determination of amylase


in serum and other body fluids. Am J Clin Pathol. 1959 Jul;32(1):97-9.

41
MODELO DE RELATÓRIO

SÍNTESE DO GÁS ISOBUTILENO

Júlio César Jerônimo Barbosa1

1
Unidade Acadêmica de Ciências Exatas – Curso de Química – Universidade Federal de Jataí.

*juliocesar_jeronimo@hotmail.com

__________________

Resumo: O processo manufaturado para síntese de gases foi originalmente baseado na


gaseificação do coque frente a baixa temperatura por meio de ar e vapor. O isobutileno é
considerado não tóxico e seu cheiro é menos penetrante e irritante que o do cicloexeno, isso faz
com que seja uma alternativa mais agradável para obtenção de alcenos por meio da desidratação
de álcoois. SPME é uma microtécnica, em que os processos de extração e pré-concentração de
analitos ocorrem numa escala dimensional que não é das mais usuais. Este experimento visou a
síntese do gás isobutileno através de uma reação E1, onde o substrato foi o álcool terc-butílico e
o nucleófilo foi o ácido oxálico; cálculo do rendimento sintético, caracterização do produto
formado e recristalização do ácido. A reação de eliminação ocorreu de forma satisfatória,
mostrando um rendimento teórico de 3,09 g de gás isobutileno e um rendimento experimental de
1,6599 g. Com isso, obteve-se um rendimento percentual de 53,7%. A recristalização do ácido
utilizada não foi concluída devido ao alto volume de água destilada utilizada. Por fim, tanto a
caracterização de espectroscopia de infravermelho e de SPME acoplada ao GC-MS, mostraram a
formação do alceno desejável.

Palavras-chave: gases; isobutileno; SPME; reação de eliminação

__________________

42
INTRODUÇÃO com um filme fino de um polímero (e.g.,
O processo manufaturado para síntese de polidimetilsiloxano = PDMS, poliacrilato =
gases foi originalmente baseado na PA ou Carbowax = Cwx) ou de um sólido
gaseificação do coque frente a baixa adsorvente (e.g., carvão ativo
temperatura por meio de ar e vapor. Após a microparticulado = Carboxen). 3
segunda guerra mundial, os combustíveis As reações de eliminação de primeira ordem,
fósseis, tanto líquido, quanto gasosos fáceis de ocorrem principalmente em substratos
manusear foram utilizados como matéria contendo haletos terciários e secundários.
prima. Onde seu valor estava no elevado teor Além disso, nestas reações o tamanho da base
de hidrogênio. 1 utilizada deve ser levado em conta. Em uma
reação E1 a velocidade de reação depende
O contato com compostos gasosos limita-se,
apenas da concentração do haleto de alquila.
em geral, à observação do desprendimento de
Este mecanismo é dividido em duas partes, a
gás numa reação. Com isso, o aluno tende a
primeira consistindo na formação do
incorporar a noção de que substâncias
carbocátion partindo de uma quebra
orgânicas gasosas não são muito utilizadas em
heterolítica do haleto de alquila. Já a segunda
síntese orgânica. Porém, há diversos exemplos
parte é a retirada de um próton adjacente a
de reações em que o substrato orgânico se
carga positiva dando origem a uma dupla
encontra no estado gasoso no ambiente
ligação.4
laboratorial, e também na síntese orgânica em
Este experimento visou a síntese do gás
indústrias na qual diversos gases orgânicos são
isobutileno através de uma reação de
utilizados. 2
eliminação, onde o substrato utilizado foi o
O isobutileno é considerado não tóxico e seu álcool terc-butílico e o nucleófilo utilizado foi
cheiro é bem menos penetrante e irritante que o ácido oxálico; cálculo do rendimento
o do cicloexeno, isso faz com que seja uma sintético, caracterização do produto formado e
alternativa mais agradável para otenção de recristalização do ácido utilizado.
alcenos por meio da desidratação de álcoois. 2
PARTE EXPERIMENTAL
SPME é uma microtécnica, em que os
processos de extração e pré-concentração de Materiais e reagentes
analitos ocorrem numa escala dimensional que Para realização deste experimento, utilizou-se
não é das mais usuais. O dispositivo básico de os seguintes materiais e reagentes: Agitador
SPME consiste de um bastão de fibra ótica, de magnético, suporte universal, garras, placa de
sílica fundida (FS) de 100 mm de diâmetro, aquecimento, funil, proveta de 100 mL, barra
com 10 mm de uma extremidade recoberto magnética, balão de fundo redondo de 100mL

43
condensador de bolas, conexões para de KMnO4, o segundo contendo 2-3 mL de
destilação simples, Erlenmeyer de 125 mL, uma solução 0,0002M de KMnO4. Ao segundo
espátulas, béquer, ácido Oxálico, de terc- Erlenmeyer, após a mudança na coloração da
butanol, KMnO4, HCl, H2SO4 concentrado . solução, adicionou-se 2 gotas de ácido
sulfúrico 1M.
Síntese do gás isobutileno
O terceiro e último Erlenmeyer, continha 25
Em um balão de fundo chato de 100 mL, mL (0,075 mol) de solução 3M de ácido
adicionou-se 4,9913g (0,055 mol) de ácido clorídrico. Este foi utilizado para reter o
oxálico e 10 mL (0,105 mol) de terc-butanol. produto formado. Em todas as etapas anotou-
Feito isso, conectou-se um condensador de se os fenômenos ocorridos. Um dos grupos
refluxo ao balão em um banho de óleo e que realizavam a prática não se realizou estes
conectou-se uma rolha com um tubo de vidro testes, porém o mesmo acoplou-se um balão já
conectado a uma mangueira contendo uma pesado na ponta da mangueira de saída do
pipeta na outra extremidade, de acordo com a sistema de refluxo para reter o gás formado
Figura 1. para fim do cálculo do rendimento.

Recuperação do ácido oxálico

Ao fim do desprendimento do gás, deixou-se o


balão contendo a mistura de terc-butanol e
ácido oxálico esfriar e posteriormente,
adicionou 10 mL (0,554 mol) de água
destilada e agitou-se o mesmo sob
aquecimento para total dissolução. Filtrou-se a
solução a quente para um béquer que
posteriormente foi levado para um banho de
gelo para recristalização do ácido. Por fim,
Figura 1. Sistema de refluxo para obtenção
filtrou-se o sólido em um funil de Buchen,
do isobutileno.
contendo um papel filtro previamente pesado.
Com o sistema montado, ligou-se o Após secagem do mesmo pesou-se para
aquecimento e o fluxo de água, mantendo o calcular a porcentagem de ácido recuperado.
balão sob forte agitação. A ponta da pipeta
Caracterização do gás isobutileno
acoplada a mangueira de saída do sistema de
refluxo foi submersa em três Erlenmeyers, o Para caracterização do produto formado

primeiro contendo 2-3 mL de solução 0,001M utilizou-se duas técnicas: a técnica de SPME

44
acoplada ao GC-MS e a espectroscopia de
infravermelho com transformada de Fourier.

Para a primeira, pegou-se uma fibra de SPME


e direcionou-se a ponta da pipeta de onde
estava a saída do gás formado para a fibra
exposta durante 2 minutos. Em seguida, levou-
se a fibra para análise no GC-MS. Figura 3. Mecanismo reacional partindo do
2-metil-2-butanol.
Já a caracterização via espectroscopia de
Comparando-se a reação realizada no
infravermelho foi realizada pingando-se duas
experimento e a genérica, pode-se observar
gotas do produto prendido em solução de HCl
que, o problema da reação genérica seria a
e com a solução de HCl como branco.
formação de mais de um produto, devido ao 2-

RESULTADOS E DISCUSSÃO metil-2-butanol possuir vizinhos diferentes

Síntese do gás isobutileno com hidrogênios livres, sendo um mais e o


outro menos substituído. O que proporciona a
O gás obtido neste experimento foi advindo de
saída diferentes hidrogênios. Ja o álcool terc-
uma reação de eliminação de primeira ordem
butílico forma um carbocátion terceário, a qual
(E1), onde o substrato utilizado foi o álcool
possui alta estabilidade, com isso o produto
terc-butílico e o nucleófilo foi o ácido oxálico.
formado será apenas um.
A seguir está apresentada a reação de
Outro exemplo para mudança no substrato
formação do gás isobutileno:
seria o etanol. Devido este formar um
carbocátion primário, o qual gera maior
competição entre SN1 e E1, Figura 4. (A) e (B).

Figura 2. Mecanimo de Eliminação para


formação do isobutileno.
Em uma reação genérica com o mesmo
nucleófilo, utilizando-se um substrato Figura 4. (A) Reação de SN1 para o etanol.
diferente (2-metil-2-butanol) têm-se o (B) Reação de E1 para o etanol
seguinte mecanismo: O substrato utilizado teve a formação de dois
produtos diferentes, um advindo de uma SN2 e
outro de uma E2. Este substrato não sofre E1

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devido a baixa estabilidade do carbocátion que Substituindo os valores apresentados
iria se formar. Além da importância de anteriormente obteve-se um rendimento
demonstração dos diversos substratos percentual de 53,7%. O rendimento obtido não
utilizados, deve-se tomar base dos nucleófilos foi maior devido a perda de gás por conta da
necessários para as reações de eliminação. falta de vedação nas junções contidas no
Nucleófilos impedidos como o ácido oxálico sistema de refluxo utilizado.
favorecem as reações de eliminação em Os testes realizados no decorrer do
carbonos secundários e terciários, pois o desprendimento de gás, tanto com as solução
mesmo não atacará diretamente o centro de 0,001M , quanto com a solução de 0,002M
eletrodeficiente. Já a utilização de nucleófilos de permanganato de potássio foi de suma
pequenos dificulta o processo de eliminação, importância para confirmar a formação do
pois o mesmo pode reagir com o carbono alceno. A reação entre o permanganato de
gerando assim um produto de substituição. potássio e o alceno formado foi de oxidação da
Voltando para formação do gás isobutileno, dupla contida no produto da síntese. Onde a
pode-se calcular o rendimento teórico da oxidação do alceno gerou a mudança na
síntese, tomando-se como partida o reagente coloração de ambas as soluções de
limitante (ácido oxálico). Como a reação permanganato de potássio, de um tom violeta
realizada é do tipo 1:1, logo a quantidade de para um tom marron, Figura 5.
matéria do reagente limitante é igual a
quantidade de matéria de produto obtido
(isobutileno).
𝒏(𝑪𝟐𝑯𝟐𝑶𝟒) = 𝒏(𝑪𝟒𝑯𝟖) = 𝟎, 𝟎𝟓𝟓 𝐦𝐨𝐥(1)
Com isso, obteve-se a massa teórica de
isoutileno para reação de eliminação realizada
da seguinte maneira:
𝟓𝟔, 𝟏𝟏 𝒈(𝑪𝟒𝑯𝟖)
𝒎(𝑪𝟒𝑯𝟖) = 𝟎, 𝟎𝟓𝟓 𝐦𝐨𝐥(𝑪𝟒𝑯𝟖) ( )
𝟏 𝒎𝒐𝒍(𝑪𝟒𝑯𝟖)

𝒎(𝑪𝟒 𝑯𝟖 ) = 𝟑, 𝟎𝟗 𝒈(𝑪 (1)


𝟒 𝑯𝟖 )

A massa experimental de gás utilizada após o


Figura 5. (A)Teste com solução 0,001M de
término da reação foi de 1,6599 g. Com isso
K2MnO4. (B.1) Teste com solução 0,002M de
pode-ser calcular o rendimento percentual da
K2MnO4 antes da adição de H2SO4. (B.2)
síntese através da seguinte expressão:
𝒎𝒂𝒔𝒔𝒂 𝒆𝒙𝒑𝒆𝒓𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒂𝒍(𝑪 𝑯 )
solução 0,002M de K2MnO4 após a adição de
𝑹% = ( 𝟒 𝟖
) 𝒙𝟏𝟎𝟎% (2) H2SO4.
𝒎𝒂𝒔𝒔𝒂 𝒕𝒆ó𝒓𝒊𝒄𝒂(𝑪 𝑯 )
𝟒 𝟖

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Pode-se observar que, durante a adição do biblioteca (NIST) do GC-MS utilizado,
ácido sulfúrico houve início de formação de Figura 7.
um precipitado conforme apresentado na
Figura 5.(B.1), onde este precipitado seria um
subproduto da oxidação do isobutileno:

Figura 6. Mecanismo reacional de oxidação


do isobutileno.
A oxidação deste alceno da origem a um Figura 7. Espectro de infravermelho teórico
dialcool, como consequência, há o consumo do isobutileno.
de permanganato. Esta diminuição causou a Pode-se observar no espectro teórico picos em
mudança na coloração das soluções. regiões que caracterizam a estrutura do

Reculperação do ácido oxálico isobutileno, como na região de 1680-1620 cm-


1
A recristalização do ácido oxálico não foi correspondentes C=C e na região de 2900-

concluida com êxito, pois houve um erro na 3300 cm-1 correspondente a C-H de carbono

adição de água destilada, onde no roteiro era sp2.

necessário apenas 10 mL de água destilada. A análise do gás via SMPE acoplada ao GC-

Porém no lugar desse volume foi adicionado MS mostrou a formação do isobutileno através

um volume de 25 mL de água destilada. Isso do perfil de fragmentação do alceno obtido,

fez com que o ácido oxálico ficasse muito Figura 8.

diluido no meio, afetando assim sua


recristalização.
Caracterização do isoutileno
A utilização da solução de ácido clorídrico na
última parte do experimento durante o período Figura 8. Espectro de massas experimental do
de liberação de gás foi para prender o produto isobutileno.
obtido para caracterização via espectroscopia Através dos perfis de fragmentação, pode-se
de infravermelho. O espectro de chegar na estrutura do isobutileno
infravermelho obtido experimentalmente não comparando-se o espectro experimental com o
apresentou nitidez devido a alta concentração espectro de massa teórico do isoutileno, obtido
dde água. No lugar do experimental, utilizou-
se um espectro de infravermelho obtido na

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através da biblioteca do aparelho (NIST), alceno gerou a mudança na coloração de
Figura 9. ambas as soluções de permanganato de
potássio, de um tom violeta para um tom
marron conforme apresentados na Figura 4.
(A) e (B.1).

Por fim, tanto a caracterização via


espectroscopia de infravermelho, quanto via
SPME acoplada ao GC-MS, mostraram a
formação do alceno desejável. O espectro de
Figura 9. Espectro de massas teórico do infravermelho mostrou bandas características
isobutileno. do alceno como na região de 1680-1620 cm-1
Ao comparar-se os espectros, pode-se correspondentes C=C, a região de 2900-3300
concluir que o produto obtido no cm-1 correspondente a C-H de carbono sp2. Já
experimento foi o isobutileno o espectro de massa, mostrou os íons de razão
m/z característicos do alceno formado.
CONCLUSÃO

Com os dados apresentados, pode-se concluir REFERÊNCIAS


que o experimento atingiu os objetivos 1. Weissermel, K.; Arpe, H.-J.; Industrial Organic

desejados, exceto na recristalização do ácido Chemistry, 2nd. ed., VCH Verlagsgesellschaft


mbH: Weinhein, 1993.
oxálico. A reação de eliminação, onde o
substrato foi o álcool terc-butílico e o 2. Cunha, S. et. al.; SÍNTESE DO
nucleófilo foi o ácido oxálico ocorreu de ISOBUTILENO E SEU EMPREGO EM

forma satisfatória, mostrando um rendimento REAÇÕES DE ESTERIFICAÇÃO: PROPOSTAS


DE AULAS PRÁTICAS DE QUÍMICA
teórico de 3,09 g de gás isobutileno e um
ORGÂNICA PARA A GRADUAÇÃO, Quim.
rendimento experimental de 1,6599 g. Com
Nova, Vol. 26, No. 3, 425-427, 2003.
isso, obteve-se um rendimento percentual de
53,7%. O rendimento não foi maior devido à 3. Valente, A. L. P.; Augusto, P.

perda de gás por conta da falta de vedação nas MICROEXTRAÇÃO POR FASE SÓLIDA,
Instituto de Química, Universidade Estadual de
junções contidas no sistema de refluxo
Campinas, CP 6154, 13083-970, Campinas, SP.
utilizado.
Os testes realizados com as soluções de 4. Bruice, P. Y., Química Orgânica; 4ª ed., vol. 1,

0,001M e 0,002M de K2MnO4 mostraram a São Paulo: PEARSON Prentice Hall, 2006.

formação de um alceno, pois a oxidação do

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