Os heróis, segundo a mitologia grega, são semideuses, detentores de algumas qualidades que fazem referência a grandeza dos deuses, mas ainda mortais, segundo a natureza dos homens. Tais condições constroem nos personagens contradições, excessos, comportamentos destrutivos e violentos que ultrapassam os limites que já foram condicionados pelos deuses aos mortais. Entretanto, quando grandiosos e criativos são os feitos e suas elevações morais, aproximam-se dos deuses.
Título original
Psicanálise e mitologia - Sísifo, uma análise acerca da tendência à repetição
Os heróis, segundo a mitologia grega, são semideuses, detentores de algumas qualidades que fazem referência a grandeza dos deuses, mas ainda mortais, segundo a natureza dos homens. Tais condições constroem nos personagens contradições, excessos, comportamentos destrutivos e violentos que ultrapassam os limites que já foram condicionados pelos deuses aos mortais. Entretanto, quando grandiosos e criativos são os feitos e suas elevações morais, aproximam-se dos deuses.
Os heróis, segundo a mitologia grega, são semideuses, detentores de algumas qualidades que fazem referência a grandeza dos deuses, mas ainda mortais, segundo a natureza dos homens. Tais condições constroem nos personagens contradições, excessos, comportamentos destrutivos e violentos que ultrapassam os limites que já foram condicionados pelos deuses aos mortais. Entretanto, quando grandiosos e criativos são os feitos e suas elevações morais, aproximam-se dos deuses.
Turma: EAD 20 C Assunto: Psicanálise e mitologia - Sísifo, uma análise acerca da compulsão à repetição BREVE RESUMO SOBRE O MITO DE SÍSIFO
Os heróis, segundo a mitologia grega, são semideuses, detentores de
algumas qualidades que fazem referência a grandeza dos deuses, mas ainda mortais, segundo a natureza dos homens. Tais condições constroem nos personagens contradições, excessos, comportamentos destrutivos e violentos que ultrapassam os limites que já foram condicionados pelos deuses aos mortais. Entretanto, quando grandiosos e criativos são os feitos e suas elevações morais, aproximam-se dos deuses. Sísifo, herói grego, tem entre seus feitos a fundação da cidade de Corinto, bem como o trono, sendo ele o rei. Em outro feito, conta-se que notara que seu rebanho diminuía, ao passo em que o de seu vizinho, Autólico, tornava- se numeroso; constatada a fraude, Sísifo ainda não tinha provas cabais que pudessem condenar o larápio. A partir de sua perspicácia, marcou seus animais de modo que ao caminharem deixariam impresso no chão a sua marca, comprovando assim quais eram os seus, dando por fim o roubo. Em suas terras não haviam rios ou qualquer fonte de águas, necessitando que esta fosse colhida em outras terras. Certo dia, Sísifo avista nos céus a águia de Zeus carregando Egina, a filha do rio Asopo e então teve a ideia de encontrar o pai da moça e informar que Zeus havia tomado a moça para si, mas que ele poderia resgatá-la em troca de uma fonte de água em sua cidade. É evidente que ao cometer a indiscrição, traiu Zeus e despertou sua fúria. Tânatos, que fora incumbido por Zeus para matar Sísifo, apenas não contava com a sua astúcia, pois o mesmo não se entregaria fácil, enganando e acorrentando o deus da morte, fazendo o que poucos mortais fizeram, adicionando mais um grande feito à sua trajetória e aumentando ainda mais a fúria dos deuses, fazendo com que Ares libertasse Tânatos e o permitisse que fizesse de Sísifo a sua primeira vítima. Sísifo sabia que iria encontrar a fúria dos deuses após sua morte, logo após subir na canoa de Caronte, cruzar o rio dos mortos e chegar no outro lado. Foi então que pediu a sua esposa para que não lhe fizesse as honras e os ritos fúnebres quando morresse, pois sem eles não poderia fazer a passagem e seu espírito vagaria por um período muito longo na margem do rio dos mortos; com isto seria necessário retornar para matá-la, diante de grande desfeita. Este foi o argumento que Sísifo se utilizou para retornar ao mundo dos vivos. Retornando, Sísifo não cumpre sua promessa de regresso ao mundo dos mortos, demonstrando estar fadado a transgredir leis divinas e limites, o que o levou a sua condenação, necessitando que Hermes o recolhesse ao mundo dos mortos por ordens de Zeus. Sua condenação consistia em mover uma grande pedra montanha acima, com o objetivo de fazê-la cair do outro lado. Porém a pedra sempre rolava para baixo, retornando ao seu ponto de partida. Deste modo, sua condenação seria eterna. Hades ainda prometeu a Sísifo que se conseguisse derrubar a pedra do outro lado da montanha, conseguiria deixar o castigo eterno, coisa que nunca conseguiu fazer, pois esta condição está atrelada ao seu destino, assim como Édipo, que por mais que soubesse do seu destino, jamais poderia escapar dele.
A COMPULSÃO À REPETIÇÃO
Desde muito tempo a mitologia se mostra como fonte rica de reflexões
acerca do humano e seus atos. Sísifo nos traz elementos que corroboram a perspectiva da compulsão à repetição: excesso, transgressão e a possibilidade de restauração da ordem, ou redenção em busca de reequilíbrio. As repetições compulsivas demonstram-se como principal sintoma de que há algo a ser compreendido, pois nelas é visível a insistência em realizações que, em muitos casos, não trazem qualquer benefício ao indivíduo e que tampouco o mesmo está a considerar os possíveis desprazeres que acompanham os atos repetitivos em compulsão. Discutir este conceito na obra freudiana requer um estudo aprofundado, visto que ele está relacionado a vários outros temas de relevância e em alguns textos diretamente (Recordar, repetir e elaborar – 1914b, Além do princípio do prazer – 1920, O inquietante – 1919), ao passo que em outros está a percepção do conceito. Com evidente presença na literatura freudiana, este é o tema que dificilmente se esgotará, sendo o objetivo deste texto apenas a breve clarificação acerca da compulsão à repetição e sua ligação com o mito de Sísifo, visto que Freud fazia uso, com alguma frequência, de fontes míticas como fontes metafóricas, pois compreendia que nelas estavam condensadas uma forma de conhecimento “social” aplicável em qualquer época, e que desde os primeiros homens até os dias atuais, nada mudou entre nós, senão a necessidade de repressão e recalque para que possamos dividir um espaço em comum; todavia a natureza humana é a mesma.
“[...] o analisando não recorda absolutamente o que foi esquecido e reprimido,
mas sim o atua. Ele não o reproduz como lembrança, mas como ato, ele o repete, naturalmente sem saber que o faz” - Freud – 1914b, p. 149.
A percepção freudiana acerca da compulsão à repetição entende que a
mesma é um ato coercitivo advindo do inconsciente, e que de tal modo desconsidera a vontade racional do sujeito, compelindo-o a um ato recalcado, vivenciando-o como natural e atual. Freud aponta que este comportamento nos atinge em diversas situações, apresentando contradições, sem que saibamos o seu real motivo; todavia há algo nele que nos parece familiar. É um sentimento que se baseia em algum elemento recalcado que tende a retornar, não sendo algo novo no psiquismo.