Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PROCESSOS
EAD
Reitor: Martin Kuhn
Vice-reitor para a Educação Básica e Diretor do Campus Hortolândia: Henrique Karru Romaneli
Vice-reitor para a Educação Superior e Diretor do Campus São Paulo: Afonso Ligório Cardoso
Vice-reitor administrativo: Telson Bombassaro Vargas
Pró-reitor de pesquisa e desenvolvimento institucional: Allan Macedo de Novaes
Pró-reitor de graduação: Edilei Rodrigues de Lames
Pró-reitor de pós-graduação lato sensu e Pró-reitor da educação à distância: Bruno Fortes
Pró-reitor de desenvolvimento espiritual e comunitário: Wendel Tomas Lima
Pró-reitor de Desenvolvimento Estudantil e Diretor do Campus Engenheiro Coelho: Carlos Alberto Ferri
Pró-reitor de Gestão Integrada: Claudio Valdir Knoener
Conselho editorial e artístico: Dr. Adolfo Suárez; Dr. Afonso Cardoso; Dr. Allan Novaes;
Me. Diogo Cavalcanti; Dr. Douglas Menslin; Pr. Eber Liesse; Me. Edilson Valiante;
Dr. Fabiano Leichsenring, Dr. Fabio Alfieri; Pr. Gilberto Damasceno; Dra. Gildene Silva;
Pr. Henrique Gonçalves; Pr. José Prudêncio Júnior; Pr. Luis Strumiello; Dr. Martin Kuhn;
Dr. Reinaldo Siqueira; Dr. Rodrigo Follis; Me. Telson Vargas
1ª Edição, 2023
Gestão de processos
1ª edição – 2023
e-book (pdf)
Bibliografia.
ISBN 978-65-5405-041-8
22-134421 CDD-650.1
Editora associada:
Estrutura organizacional............................................................................................................... 19
Organogramas.............................................................................................................................. 25
Departamentalização................................................................................................................... 29
Tipos de departamentalização............................................................................................ 30
Centralização X descentralização.................................................................................................. 36
Centralização........................................................................................................................ 37
Descentralização.................................................................................................................. 39
Considerações finais..................................................................................................................... 42
Referências.................................................................................................................................... 43
Mapeamento de processos........................................................................................................... 45
Identificação e mapeamento de processos......................................................................... 46
Modelagem de processos.................................................................................................... 49
Documentação de processos............................................................................................... 55
Diagnóstico de processos............................................................................................................. 56
Uma introdução à análise de processos.............................................................................. 56
Itens de análise.................................................................................................................... 58
Métricas de desempenho.................................................................................................... 58
Interações com clientes........................................................................................................ 59
Handoffs............................................................................................................................... 60
Regras de negócio................................................................................................................ 60
Gargalos............................................................................................................................... 60
Variações.............................................................................................................................. 61
Custo..................................................................................................................................... 62
Considerações humanas...................................................................................................... 62
Controles de processos......................................................................................................... 62
Capacidades......................................................................................................................... 63
Desenho de processos.................................................................................................................. 63
Mudança organizacional.............................................................................................................. 69
Identificação dos processos de negócio.............................................................................. 70
Cultura de gestão por processos.......................................................................................... 71
Medição de desempenho............................................................................................................. 77
Considerações finais..................................................................................................................... 81
Referências.................................................................................................................................... 82
EMENTA
Estruturas organizacionais, organogramas,
departamentalização, centralização e
descentralização. Visão sistêmica dos processos
organizacionais. Planejamento, organização,
execução e controle das ações da organização
a partir de seus processos. Utilização de
ferramentas para mapeamento, diagnóstico e
redesenho de processos.
UNIDADE 1
CONCEITOS INTRODUTÓRIOS, A
GESTÃO E OS PROCESSOS
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
INTRODUÇÃO
Olá, querido(a) amigo(a). Você já esteve numa roda de conversa sobre um assunto e se sentiu comple-
tamente perdido? Eu sempre me sinto assim quando estou com alguns amigos músicos e eles começam a
falar em escala maior, tríades harmônicas e outros jargões musicais. Isso acontece porque eu não fui introdu-
zido ao universo da música antes do diálogo.
O que queremos com esse estudo é justamente te apresentar a conceitos básicos sobre gestão por
processos. Isso te dará um conhecimento mínimo para entender um workshop sobre o assunto, e você já será
capaz de não atrapalhar em uma discussão a respeito do tema.
Bons estudos!
CONCEITOS GERAIS
O termo “Gestão por processos” possui dois substantivos que formam seu núcleo: “gestão” e “processos”.
Para entender bem esse assunto, é importante que se tenha claro na mente o significado desses dois termos.
Primeiramente, falaremos sobre gestão, ou administração, de forma bastante resumida, uma vez que enten-
demos que você já possui mais familiaridade com ele. Na sequência, trataremos do conceito “processo”, seus
tipos, formas de classificação etc.
GESTÃO
Para entendermos bem o que é uma gestão por processos, precisamos entender o que é gestão. Para
começar, é bom notarmos que gestão e administração não são sinônimos perfeitos. De forma geral, a ges-
tão é uma das bases da administração, de forma que, uma vez que os administradores tenham decidido os
objetivos organizacionais, os gestores precisam estabelecer estratégias para que esse objetivo seja atingido.
Quando falamos em gestão por processos, esses dois termos não apresentam diferença semântica sig-
nificativa, isso significa que quando falarmos sobre os objetivos ou os pilares da administração, podemos
aplicar esses mesmos elementos à gestão por processos. Assim sendo, o que seria, então, administração?
Administração pode ser definida como uma “atividade ou processo – ou seja, como sequência ou con-
junto de decisões interligadas, que corresponde ao trabalho dos administradores – sejam eles donas de casa
ou dirigentes de corporações globais”. A administração tem como fim a tomada de decisões sobre recursos e
objetivos (MAXIMIANO, 2018, p. 4).
O processo administrativo envolve quatro funções básicas: planejamento, organização, direção e con-
trole. É como dizer que o trabalho dos administradores compreende planejar, organizar, dirigir e controlar.
9
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Por fim, tudo isso deve ser avaliado com o intuito de melhorar a pró-
xima execução: pode ser que ao utilizar coentro, houve reclamações e ago-
10
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
ra o planejamento vai mudar (a lista de ingredientes); pode ser que a bancada ficou muito próxima do fogão,
atrapalhando a livre movimentação e por isso a organização vai mudar; pode ser que o meio de recompensa
escolhido por você causou certa divisão na equipe, e você agora precise mudá-lo, o que implica em mudar a
direção. Tudo isso é controle. Veja na figura 1 abaixo a relação entre essas funções:
Controle
Fonte: elaborado pelo autor
Ficou evidente que administrar, ou gerir, em si é um processo. Porém, talvez ainda não esteja claro o
que vem a ser um processo. Vamos entender isso no próximo tópico.
SAIBA MAIS
O QUE É PROCESSO
Você já está acostumado a usar a palavra “processo” o tempo todo, não é mesmo? Mas já parou para
pensar no que ela significa? Em geral, os processos são um conjunto de atividades organizadas de maneira
lógica com o fim de atingir um objetivo. Ficou confuso? Vamos por partes: pense que primeiro há um objeti-
vo, algo que precisa ser produzido. Pode ser uma casa, o conserto de um eletrônico ou um bolo de cenoura.
A partir desse objetivo, é possível traçar as etapas necessárias para que esse objetivo seja atingido: a
seção “modo de preparo” das receitas é um ótimo exemplo. Cada linha da seção indica uma etapa do proces-
so, ou seja, é uma atividade. Agora imagine uma receita que peça para “colocar o bolo para assar” antes de
qualquer outra coisa. Não tem lógica, não é mesmo? É por isso que dizemos que num processo as atividades
são organizadas de maneira lógica.
A figura 2 mostra que temos o objetivo de ter um quadrado azul, porém o que temos até o momento é
a figura de uma nuvem azul. Nós criamos um processo com três etapas para que a nuvem se “transforme” no
quadrado desejado.
11
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
O conceito de “processo” possui uma vasta amplitude semântica: se há um conjunto de atividades que
resultam em algo no final, já podemos chamar esse conjunto de processo. Pradella, Furtado e Kipper (2016)
mostram um modelo básico das características de um processo, representado na figura 3, onde estão carac-
terizadas as entradas, que por meio das atividades realizadas (processamento) agregam valor ao produto,
especificado como saída.
Figura 3 – Características de um processo
Inputs Processamento Outputs
Feedback
Fonte: Pradella; Furtado; Kipper (2016, p. 9).
Vamos conhecer cada um dos elementos destacados na figura 3? Para começar, os inputs ou entradas.
Os inputs são os elementos que serão transformados ao longo do processo. No exemplo da figura 2, a nuvem
é o input mais óbvio; para uma receita de bolo, os ingredientes são inputs. Não são, porém, os únicos inputs.
Gás é necessário para que o bolo asse; formas, espátulas, copos e forno são utilizados; um ou mais cozinheiros
são necessários.
Enfim, qualquer item utilizado durante o processo pode ser considerado um input. Eles podem ser de
origem material (alimentos, madeira, minerais), energética (energia elétrica, térmica), informacional (dados
de clientes, preço de produtos), financeira ou mesmo humana.
12
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Pare por alguns minutos e tente identificar alguns processos que estão acontecendo ao seu redor,
em sua casa, comunidade ou mesmo no país. Tente listar os principais inputs, outputs e etapas de
processamento de cada um.
Por fim, temos o feedback, às vezes traduzido como “retroalimentação”. O feedback é a parte do proces-
so que informa todo o restante de sua eficiência e eficácia. É como se uma etapa de avaliação do output fosse
instaurada no final de tudo, e as falhas, isto é, as características que não condizem com o planejamento, são
identificadas. Com essa informação, é possível melhorar o processo para diminuir essas “não conformidades”.
É claro que nem todo processo acontece de forma consciente, já que há muitos processos naturais.
Assim, não precisamos esperar que todos partam de um planejamento para atingir um objetivo específico
(pense no processo de formação de tsunamis, por exemplo). Sendo assim, nem todos os processos possuem
feedback, e nem todos produzem outputs “desejáveis”.
Bom, até aqui conversamos sobre processos como um conceito geral. No contexto organizacional, po-
rém, nós podemos pensar de maneira um pouco mais específica. Segundo Cruz (2013), processo representa
a forma que um conjunto de atividades, organizadas em ordem lógica e cronológica, cria, trabalha ou faz a
transformação dos insumos (entradas), agregando valor a eles, pelo uso de recursos e tecnologias, com o
propósito de produzir bens ou serviços, com a qualidade requerida, para entrega aos clientes internos ou
externos (saídas).
Paim et al. (2009, p. 100) afirmam que processo é “uma cooperação de atividades e recursos distintos
voltados à realização de um objetivo global, orientado para o cliente final, que é comum ao processo e ao
produto/serviço. Um processo é repetido de maneira recorrente dentro da empresa”.
Repare que eles repetem mais ou menos o que nós já vimos a respeito dos processos, porém de ma-
neira mais específica: para começar, os processos organizacionais sempre têm um objetivo definido. Além
disso, há aqui a imagem do cliente, que pode ser interno ou externo. Isso significa que o cliente do processo
de “cadastramento de produtos” é a equipe de vendas, considerada aqui como cliente. Além disso, para ser
considerado um processo organizacional há o elemento “recorrência”, que significa que o processo acontece
com certa regularidade ao longo do tempo.
IMPORTANTE
Podemos analisar quatro aspectos principais num processo (PAIM et al., 2009):
Vamos lá, de acordo com tudo o que você viu até aqui, você já conse-
gue entender o que Cruz (2013, p. 131) quer dizer quando define um pro-
cesso de negócio como um “conjunto de atividades, cadeia de eventos, que
tem por objetivo transformar insumos (entradas), adicionando-lhes valor
através de procedimentos, em bens ou serviços (saídas) que serão entre-
gues, e devem atender, aos clientes”.
CONCEITOS IMPORTANTES
Para que haja maior compreensão sobre o que a gestão por processos
representa e sobre como ela funciona, se faz necessário conhecer alguns
conceitos relacionados a ela, os quais serão apresentados a seguir, com
base na Association of Business Process Management Professionals (2013):
14
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
É claro que esse processo é só uma etapa num processo maior: mar-
keting, venda, pagamento, entrega. Nesse caso, esse é o macroprocesso,
pois engloba aquele processo que nós estamos analisando.
15
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Agora imagine que você quer saber como ele preenche a ficha de vendas: ele acessa o sistema de ven-
das num computador, cadastra o cliente, relaciona os itens comprados e manda a ficha para impressão. Cada
uma dessas etapas pode ser chamada aqui de atividade. Repare que, uma vez que nós estamos analisando
o processo de venda, a atividade “relacionar os itens comprados” apresenta um nível alto de detalhamento.
Por fim, podemos ainda detalhar essa atividade, dividindo-a em tarefas: para relacionar os itens com-
prados é necessário: digitar o código do produto, apertar enter, conferir se o produto na tela corresponde
ao produto comprado, clicar em ok, passar para o próximo produto até que todos tenham sido relaciona-
dos na ficha.
Ufa! Que nível de detalhamento, hein? Veja a figura 4 para perceber melhor essa ordem:
Nível de detalhamento
Importância para a organização
Chegada do Direcionamento
Processo cliente
Atendimento Mostrar opções Fechar compra
ao caixa
Preenchimento
Subprocesso Aceitar o valor
da ficha
Conferência Assinatura
Cadastro do Relação
Atividades Acessar sistema
cliente de itens
Impressão
É importante entender a hierarquia entre esses elementos. Em uma gestão por processos, por exemplo,
o foco em atingir objetivos corporativos sobrepõe otimizações pontuais ou projetos de área. Ou seja, a prio-
ridade é dada aos elementos apresentados na figura 4.
Desse modo, um plano de gestão por processos poderá definir macroprocessos e detalhar a partir
deles ações processuais. A responsabilidade da gestão por processos recai mais ao topo da lista e tem como
desafio sustentar o desencadeamento de todo sistema processual focado em objetivos estratégicos.
CLASSIFICAÇÃO DE PROCESSOS
Com base no Guia BPM CBOK (2009), Pradella, Furtado e Kipper (2016) apresentam os três tipos de
processos de negócios:
16
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
• Processos de suporte: prestam apoio aos processos da organização; têm como objetivo balizar
os resultados oriundos dos diferentes processos da organização. Os processos de suporte dão
condições para que ocorra o funcionamento coordenado e integrado dos vários subsistemas da
organização, garantindo o suporte adequado aos processos finalísticos. Por isso são vistos como
críticos e estratégicos às organizações.
No final, funciona assim: toda organização possui processos finalísticos, que produzem o produto ou o
serviço esperado. Para que esse processo funcione, podem ser necessários processos de suporte (como con-
sertos de maquinários, limpeza, serviços especializados de contabilidade etc.). Por fim, para garantir que os
processos finalísticos e de suporte funcionem, temos os processos gerenciais. É fundamental a compreensão
de cada um dos tipos de processos de negócios e de como as relações entre eles devem acontecer para que
haja uma perfeita sintonia na utilização deles.
Além disso, é importante saber que os processos podem ser classificados de várias maneiras diferentes.
Por exemplo: todo processo pode ser descrito por meio de uma ação, a qual define a natureza do processo.
Ou seja, a depender do tipo de ação, podemos ter processos classificados em um tipo ou noutro. O processo
desenho de um novo produto, pode ser classificado como um processo de concepção, já o processo de pro-
dução desse produto pode ser classificado como um processo de execução.
A ação, contudo, não é o único critério que pode ser utilizado. Podemos classificá-los, por exemplo,
com base no tipo de recurso transformado, que são aqueles inputs modificados durante o processo. Con-
tadores, por exemplo, lidam com informações para produzir demonstrações contábeis; já cozinheiros
lidam com ingredientes físicos (alimentos) para preparar pratos. Podemos classificar o primeiro processo
como informacional e o segundo como material. Na figura 6 você pode encontrar todos os tipos de crité-
rio descritos por Paim et al. (2009), uma breve explicação de cada um e algumas classificações possíveis
segundo tal critério:
17
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
18
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Classificar processos auxilia na identificação de elementos que devem ser geridos para fazê-los funcio-
nar da melhor maneira possível. Além disso, essa classificação pode representar um indicador de análise das
possíveis soluções que podem ser implementadas nesses processos. Além de dar orientação para a modela-
gem e para as soluções aos problemas, a classificação dos processos gera um melhor entendimento deles e
permite criar uma trajetória que visa aprimorar a própria gestão dos processos (PAIM et al., 2009).
Para que um processo possa ser gerenciado da melhor forma, é preciso entendê-lo nos termos acima
descritos: seu propósito, o nível de detalhamento, a criticidade/importância, a natureza da ação, a maturida-
de, a capacidade de entrega, a estruturação e a complexidade. De acordo com Paim et al. (2009), a definição
de um processo permite identificar quais objetos devem ser gerenciados e isso contribui para a definição das
ações necessárias para gerenciá-lo.
Ao se projetar um processo, é fundamental modelar e fazer com que as atividades e recursos envol-
vidos sejam entendidos para que então o processo seja gerenciado no dia a dia. Além disso, projetar um
processo envolve tarefas como modelagem, documentação e a implantação, com os devidos treinamentos
sobre eles; quanto mais definido é um processo, mais fácil se torna cada uma dessas etapas (PAIM et al., 2009).
Agora, você já conhece o mínimo necessário para que tratemos sobre gestão por processos.
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
O termo “estrutura” provém do vocábulo latino structura, que, por sua vez, vem do verbo struere, que
significa “empilhar”, “colocar uma coisa em cima da outra”. O verbo struere acabou dando origem a termos
como “construir”, “destruir” e “indústria”. Então, em sua raiz, “estrutura” possui ligação com a atividade de orga-
nizar componentes para formar algo maior.
Você certamente já ouviu falar em estruturas quando estudou biologia ou química, ou já ouviu al-
guém referir-se a um edifício como uma “estrutura”. O que todos esses elementos possuem em comum é
o fato de que todos estão falando sobre como as coisas são construídas, em termos de organização dos
elementos internos.
Sabendo isso, fica mais fácil entender que “estrutura organizacional” se refere à forma como uma orga-
nização é construída, especificamente em relação à organização de seus elementos internos. Então estamos
falando da estrutura do prédio ou edifício onde a organização realiza suas atividades? Sim, mas essa é apenas
uma pequena parcela da estrutura organizacional, pois as organizações não são feitas apenas de tijolo e ci-
mento, não é mesmo?
19
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Por fim, ele demonstra a estreita ligação que deve haver entre a es-
trutura organizacional e os objetivos organizacionais: a primeira deve ser
criada ou elaborada em função do segundo, isto é, com base nos objetivos
organizacionais, deve-se elaborar a melhor estrutura organizacional.
20
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Se você parar para pensar nas funções administrativas, os objetivos foram estabelecidos durante o pla-
nejamento, a estratégia para atingi-lo foi delineada e as atividades e recursos necessários foram apontados.
Agora, vem a segunda função: a organização. A estrutura organizacional é fruto direto dessa etapa do proces-
so administrativo e, por isso, se baseia naquilo que foi apontado pela primeira etapa.
O mesmo autor aponta quatro sistemas básicos como componentes da estrutura organizacional: o
sistema de responsabilidades, o sistema de autoridades, o sistema de comunicações e o sistema de decisões
(OLIVEIRA, 2014). Com isso, podemos concluir que a estrutura organizacional é o instrumento capaz de de-
monstrar como a organização divide suas responsabilidades (atividades) e autoridade (recursos), além de
informar os fluxos de informação (comunicação).
SAIBA MAIS
Llatas (2012) aponta três vantagens de uma estrutura organizacional alinhada com os objetivos orga-
nizacionais. A primeira delas é a identificação das atividades mais importantes para a organização. Quando
não se entende a constituição e funcionamento de uma instituição, é muito fácil investir recursos em depar-
tamentos, áreas, atividades ou quaisquer outros elementos de menor importância.
Outra vantagem é a detecção de funções ou áreas inúteis ou dispensáveis. Pode ser, por exemplo, que
quando a organização possuía outros objetivos e, por consequência, outra estratégia, um setor ou função
específicos eram necessários. Porém, ao mudar seus objetivos, alguns desses elementos podem ter se torna-
do obsoletos. Analisar a estrutura organizacional contrastando-a com os objetivos pode ajudar os gestores a
identificarem esses elementos que “estão sobrando” (LLATAS, 2012). Pode ser que o que veio a ficar obsoleto
foi a forma de distribuição de responsabilidades e autoridade, o fluxo de comunicação ou a concentração do
poder de decisão.
Por fim, é possível perceber lacunas de departamentos ou funções, ou seja: é possível encontrar a ne-
cessidade de alguma atividade ou recurso que a organização até então não havia percebido. Sendo assim, um
novo fluxo de comunicação pode ser criado, um novo departamento pode ser idealizado ou uma autoridade
maior pode ser dada a alguma função, como exemplos de resultado (LLATAS, 2012).
Muito bom. Já discutimos o que é uma estrutura organizacional e entendemos um pouco de sua impor-
tância. Mas como implementá-la? Não temos espaço aqui para descrever o passo a passo da implementação
de uma estrutura organizacional. Contudo, é bom pelo menos que você saiba que há fatores condicionantes
da estrutura organizacional, o que significa que um gestor não pode escolher aleatoriamente qualquer tipo
de estrutura para qualquer organização.
21
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
2. Ambiente da empresa;
O primeiro ponto já foi introduzido, mas vale reforçar. O resultado do planejamento, isto é, os objetivos,
a estratégia e as políticas organizacionais, deve ser a base para a elaboração da estrutura organizacional. É
fácil perceber a relação: é justamente por meio da estrutura escolhida que a estratégia é executada e os ob-
jetivos, atingidos.
Contudo, nesse caso, o contrário também é verdade. O planejamento deve levar em conta a estrutura
já existente até aquele momento. É possível que toda a estrutura seja totalmente desmantelada em função
do estabelecimento de novos objetivos. Contudo, é bom que isso já fique claro no momento do estabeleci-
mento desses objetivos. Assim, como o trabalho do administrador é um ciclo, o planejamento é a base para a
organização, direção e controle, mas também toma esses três como base mínima – direta ou indiretamente.
IMPORTANTE
É verdade que a estrutura organizacional deve ser delineada com base no planejamento organizacional.
Porém, em momentos em que o planejamento vai sofrer alguma alteração, é necessário que a estrutura
organizacional já existente seja levada em consideração.
O segundo condicionante apontado é o ambiente organizacional. Como você sabe, as empresas atuam
como um sistema aberto, influenciando e sendo influenciadas pelo ambiente externo a elas. Se fizermos uma
analogia, pense em como as casas são construídas em ambientes cuja predominância climática é o frio. A
estrutura é toda pensada para que o frio seja isolado. Agora pense na estrutura das casas de ambientes onde
o calor predomina. Percebe como o ambiente influencia na estrutura dos objetos?
Os ambientes organizacionais exercem o mesmo tipo de influência. De forma bem simples, podemos
pensar que a estrutura organizacional deve entregar um produto ou serviço aos clientes, que fazem parte do
ambiente externo, e, por isso, eles devem ser levados em conta quando a estrutura organizacional for estabele-
cida. A partir daí, podemos pensar também nos concorrentes, nas organizações parceiras, nos fornecedores etc.
Se todos os seus concorrentes conseguem entregar produtos em um mês, a sua estrutura organizacio-
nal deve te possibilitar ter uma entrega competitiva. Se seus clientes querem ser informados sobre o proces-
so de trabalho, mas sua estrutura não te permite obter esses dados, você não os está atendendo da melhor
maneira. Agora, imagine se expandirmos para o ambiente geral do mundo globalizado em que estamos: a
estrutura deve ser coerente com o clima, a demografia, a política, a legislação etc.
22
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Por fim, os autores apontam os recursos humanos, suas capacidades e os níveis de motivação deles.
Podemos expandir esse fator limitante não apenas aos recursos humanos, mas a qualquer tipo de recurso. Em
alguns momentos, o sistema de autoridades ideal não é possível porque a organização não possui recursos
financeiros suficientes. Em outros momentos, podem faltar recursos tecnológicos ou energéticos para que
um sistema de comunicação competitivo seja implementado.
Focando nos recursos humanos em si, pessoas com as competências corretas podem ocupar funções
que antes eram responsabilidade de um departamento; líderes com alto grau de carisma podem dirigir o
trabalho de forma que alguns cargos de supervisão se tornem dispensáveis; funcionários treinados e compe-
tentes têm maior condição de tomar decisões. Quanto maior o domínio da linguagem e das tecnologias de
comunicação, mais apto a se comunicar alguém está.
Com todos esses fatores limitantes, espero que uma coisa tenha ficado bem clara: não há uma estrutura
organizacional perfeita, que servirá para toda e qualquer organização. Os fatores limitantes de cada uma são
característicos o bastante para que cada uma possa estabelecer sua estrutura da forma que servir melhor ao
seu contexto.
Além disso, é importante sabermos que a estrutura organizacional não é rígida como a estrutura de
um edifício. Como ela é modelada na função da organização e que as funções administrativas formam um
ciclo de melhoria contínuo, é possível (e esperado) que aspectos da estrutura organizacional estejam sempre
mudando. É importante, contudo, manter certa constância quanto às decisões macro da estrutura organiza-
cional, pois a falta de estabilidade é um dos principais fatores de desmotivação de pessoal.
Bom, se podem haver tantas formas de estrutura organizacional, como é que vamos estudar todas?
Podemos classificá-las em tipos de estrutura organizacional e isso nos poupará um bom trabalho. Quanto
aos tipos de estrutura organizacional, a literatura apresenta diversas classificações e critérios para tal. Alguns
autores não falam em tipos de estrutura organizacional, mas em tipos de organograma e os classificam ba-
seando-se no critério de departamentalização.
Usaremos aqui uma classificação simples que te habilitará a entender a nomenclatura utilizada por
qualquer autor. Nesse ponto, vamos pensar em três tipos básicos de estrutura organizacional. Llatas (2012)
nos aponta as duas primeiras: estrutura em linha e estrutura staff and line. Eu quero que, desde já, você co-
nheça também a estrutura do tipo matricial.
A estrutura em linha recebe esse nome porque é possível traçar uma linha única de comando entre
qualquer colaborador e o posto mais alto da organização, como na figura7:
Figura 7 – Linha de comando
Supervisor de
Diretor de Gerente Vendedor de
Presidente vendas de
vendas comercial cosméticos
cosméticos
23
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
decoração nem ao diretor de vendas. Se acontecer algum problema de cunho jurídico em sua atividade diá-
ria, ele deve levar o problema ao conhecimento de seu supervisor, que recorrerá ao gerente comercial, que
buscará o diretor comercial.
É como se a informação subisse três níveis, e depois se movimentasse horizontalmente. Então o geren-
te jurídico fará uma solicitação ao diretor de contratos, que delegará a resolução desse problema ao super-
visor de contratos de venda. O supervisor poderá ordenar que um revisor de contrato encontre a resposta
esperada. Veja a viagem da informação nesse exemplo na figura 8.
Figura 8 - Caminho da comunicação em estrutura linear
Gerente comercial Gerente jurídico
Muitas vezes, até que a informação chegue a quem precisa chegar, a venda já foi perdida ou o ven-
dedor resolveu “do seu jeito” a situação. Não há uma lei que determine que a comunicação ocorrerá assim
em uma estrutura linear. A organização pode estabelecer um fluxo diferente, como permitir que o super-
visor de vendas de cosméticos fale diretamente como o supervisor de contratos de vendas; pode também
permitir que o vendedor se comunique diretamente com o supervisor de contratos de vendas. Enfim, cada
uma implementará a regra de comunicação que mais fizer sentido com sua cadeia de responsabilidades,
autoridades e decisão.
O segundo tipo de estrutura organizacional é conhecida como staff and line ou “linha e apoio”. Ela
segue o mesmo padrão da estrutura linear, mas alguns órgãos são colocados como apoio em setores especí-
ficos. Normalmente, são órgãos especializados, como T.I. ou o jurídico, e sua principal função é prestar consul-
toria ou assistência aos órgãos a que estão ligados.
Os órgãos de apoio ou assessoria, conhecidos como staff, são especializados e se encontram próximos
aos setores que precisam atender. Isso faz com que a comunicação seja mais rápida e permite que que a or-
ganização mantenha sua linha de hierarquia e comando.
A maior desvantagem está na possibilidade de confusão quanto à subordinação. Para entender, vamos
voltar ao exemplo anterior. Imaginemos que o setor jurídico seja um órgão staff para todos os outros de-
partamentos e que eles entendam que, para aquela venda específica, é importante manter a cláusula 15 do
contrato de vendas. O supervisor, no entanto, querendo assumir o risco, pode retirar a mencionada cláusula?
Em que nível são resolvidos os conflitos entre os órgãos staff e os órgãos de linha?
Por fim, temos também a estrutura matricial, que mescla as duas vistas até aqui. Uma matriz é compos-
ta por elementos alocados por linhas e colunas, e é exatamente isso que acontece na estrutura matricial: há
uma divisão em linha e uma divisão staff que se cruzam.
24
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Só para manter o nosso exemplo, é como se a organização sobre a qual estamos conversando fosse di-
vidida assim: há um setor comercial e um setor jurídico, como em uma estrutura em linha. Porém, há um setor
de venda de cosméticos transversal a esses dois, que demanda recursos de ambos. Em nosso próximo tópico,
você será capaz de visualizar essas estruturas, pois lá falaremos sobre organogramas. Porém, veja na figura 9,
abaixo, onde estariam os nossos amigos já conhecidos, o vendedor e o revisor de contratos:
Figura 9 – Estrutura matricial
Gerente Gerente do
comercial jurídico
Diretoria de Revisor de
Vendedor
vendas contratos
É como se tivéssemos várias equipes especializadas (comercial e jurídico) e uma operação transversal
(vendas) se aproveitasse de toda essa especialização. A principal desvantagem está justamente na dupla li-
nha de comando: uma ordem pode ser dada pelo superior na vertical e outra pelo superior na horizontal, e
as duas podem ser opostas ou ter o mesmo nível de prioridade. Nesse caso, a quem obedecer ou que ordem
executar primeiro?
É importante que você saiba que tudo o que vimos aqui sobre estrutura organizacional diz respeito à
estrutura organizacional formal, isto é, à estrutura de responsabilidades, autoridades, comunicação e decisão
estabelecida pelos gestores. Contudo, há uma estrutura informal na organização, em que cada um desses
aspectos assume formas não oficiais.
Essa estrutura também é muito importante para o desempenho da organização, e os gestores devem
entendê-la e aproveitá-la ao desempenharem função de direção. Não vamos, contudo, nos aprofundar nesse
assunto aqui, pois nosso foco é a estrutura formal.
Espero que você tenha entendido o básico sobre estruturas organizacionais. Agora, vamos aprender
um pouco melhor como visualizá-las.
ORGANOGRAMAS
Imagine que o presidente da organização peça que você mostre a ele a estrutura organizacional da
empresa em que você trabalha. Como você faria? Uma opção seria escrever um texto descritivo de todos os
elementos que compõem a estrutura organizacional. Isso provavelmente levaria algum tempo de leitura e
certo nível de abstração e memória para que todas as relações sejam entendidas, não é mesmo?
25
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
O melhor, talvez, seja um desenho, um mapa, um diagrama ou algo que dê informação de manei-
ra visual e resumida. Isso é o que conseguimos utilizando organogramas. Organogramas são “gráficos que
mostram, de forma imediata, as relações funcionais, os fluxos de autoridade e responsabilidade e as funções
organizacionais da empresa” (KWASNICKA, 2012).
O organograma deve ser montado de forma a indicar os aspectos elencados nessa definição: relações
funcionais, fluxos de autoridade e responsabilidade e funções organizacionais. Para isso, podemos pensar em
algumas formas de organograma. Oliveira (2014) nos apresenta, por exemplo, o organograma vertical.
Esse tipo de organograma utiliza um recurso conhecido como “identação” para representar a relação de
subordinação entre departamentos. A identação representa um recuo maior do texto em relação à margem
esquerda. Veja no exemplo da figura 10:
Figura 10 – Organograma vertical
Presidente
Diretor financeiro
Gerente de controladoria
Chefe do departamento de contabilidade
Chefe do departamento de custos
Chefe do departamento de orçamento
Gerente de tesouraria
Chefe do departamento de operações financeiras
Chefe do departamento de contas a pagar e a receber
Diretor Administrativo
Gerente de recursos humanos
Chefe de desenvolvimento de recursos humanos
Supervisor da seção de recrutamento e seleção
Supervisor da seção de treinamento
Fonte: adaptado de Oliveira (2014)
Perceba, por exemplo, que o presidente (em alaranjado) representa o topo da hierarquia funcional. Que
cargos, nesse caso, respondem diretamente a ele? Os cargos de diretor financeiro e diretor administrativo
(em azul), uma vez que estão “identados”, isto é, recuados, ao mesmo nível. O fato de o diretor financeiro estar
representado acima do diretor administrativo não quer dizer que um seja superior ao outro.
Porém, repare que o gerente de controladoria e o gerente de tesouraria (em amarelo) possuem um
nível de identação a mais. Nesse caso, eles respondem ao primeiro cargo superior acima, isto é, ao diretor fi-
nanceiro. O gerente de recursos humanos possui o mesmo grau de identação que os gerentes já citados, mas
responde ao diretor administrativo.
Outro tipo de organograma é o circular ou radial. “Ele é formado por círculos concêntricos que repre-
sentam diferentes níveis hierárquicos da empresa” (LLATAS, 2012). Nesse caso, quanto mais alta a hierarquia,
mais ao centro estará um departamento ou cargo. Departamentos com a mesma distância do centro pos-
suem o mesmo nível na hierarquia geral (veja a figura 11).
26
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
F
S
rvis C
un rviso
C
Supe ários
cio
up etor A
tor r
nár A
o
ion
e
Dir
C
ios A
Func
Dire
Presidente r
Diretor B
Supervisor B
Funcionários B
E como é montado esse tipo de organograma? Vamos entender seus principais elementos a partir de
agora com base nas descrições de Carreira (2009, p. 271 a 276) e Kwasnicka (2012, p. 243-245). A base do or-
ganograma são os órgãos e os cargos, representados como retângulos. Os retângulos devem conter o nome
do cargo ou do departamento que representam. O nível hierárquico pode ser representado de duas formas:
a altura em que a caixa está disposta e o tamanho da caixa.
Quanto mais acima, geralmente maior o nível hierárquico de um órgão. Às vezes, para melhor apro-
veitamento do espaço, alguns cargos podem ser dispostos em alturas diferentes, mas serem de mesmo nível
hierárquico. Além disso, quanto maior o retângulo, mais alto o nível hierárquico do órgão que representa.
Os retângulos são ligados entre si por linhas, que ajudam a identificar as relações entre os órgãos e
cargos. Vamos exemplificar isso com a figura 12:
Figura 12 – Níveis hierárquicos de organograma
A
B C D
E H
F I
G J
Fonte: elaborado pelo autor
No organograma da figura 12, podemos ver que o órgão A representa o nível mais alto da hierarquia,
tanto por ser a caixa disposta mais acima como por ser a maior caixa de todo o organograma. Na sequência,
temos três órgãos de mesmo nível hierárquico: B, C e D. E como sabemos disso? Primeiramente, eles estão na
mesma zona horizontal; em segundo lugar, possuem o mesmo tamanho de retângulo. Por fim, e mais impor-
tante, os três retângulos se ligam ao mesmo órgão com nível superior.
27
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
O terceiro fator apontado é, na verdade, o mais importante dos três. Isso porque não são todas as or-
ganizações que diferenciam os retângulos pelo tamanho, então não dá para confiar nesse critério sempre.
Além disso, há casos em que é necessário dispor retângulos de mesmo nível hierárquico em zonas verticais
diferentes, ou seja, um embaixo do outro.
Para que consigamos entender a mensagem passada pelas linhas, devemos ler o fluxograma da es-
querda para a direita, de cima para baixo. Na figura 12, por exemplo, os órgãos E, F e G possuem o mesmo
nível hierárquico, mas não precisamos analisar a altura ou o tamanho das caixas para perceber isso. Se se-
guirmos a ordem de leitura, primeiramente vamos ver o departamento A como o mais alto nível hierárqui-
co e os departamentos B, C e D como pertencentes ao mesmo nível, pois a linha que sai do departamento
A alcança os três.
Da mesma forma, quando analisamos a linha que sai do departamento B, vemos que ela chega a qual-
quer um dos três departamentos (E, F e G) sem nenhum intermediário. Você pode pensar: “mas também pos-
so ir do departamento E para o G sem passar por nenhum outro departamento”. Isso é verdade, mas então
você não estaria lendo de cima para baixo, da esquerda para a direita. Nesse conjunto de retângulos, o que
está mais acima é o B, e dele deve partir nossa análise.
Se você olhar a linha hierárquica do departamento C, contudo, verá que os órgãos I e J estão um
nível abaixo do órgão H, que por sua vez está um nível abaixo do órgão C. Volte quantas vezes for ne-
cessário na figura 12 e releia a explicação até que a relação hierárquica demonstrada pelas linhas esteja
clara em sua mente.
O tracejado da linha também pode ser uma fonte de informação. Em geral, os órgãos staff são liga-
dos à linha principal por uma linha tracejada, enquanto os órgãos de linha são ligados por linhas sólidas
(veja a figura 13).
Figura 13 – Linha sólida x linha tracejada
Perceba que o tracejado da linha já nos indica que o órgão à esquerda é de linha, enquanto o da direita
é staff. Além disso, é recomendado que esse padrão de linha sempre se mantenha, isto é, que a linha sempre
chegue de um órgão de nível superior pelo lado superior do retângulo. Essa regra não é seguida por todas as
organizações, mas é considerada uma boa prática.
Para ser considerado um documento oficial, é necessário que o organograma tenha um espaço com
legenda. Essa legenda é um cabeçalho que contém os principais dados da organização e do organograma
em si, como o nome da empresa, a autoridade que aprovou o organograma, a data em que o organograma
entrará em vigor e a simbologia utilizada no desenho.
Além disso, o organograma pode conter cores que carregam significados, os quais devem ser expressos
na legenda. É muito importante também que haja uma identificação do status do organograma, como “em
vigor”, “proposto”, “obsoleto” com as datas em que eles entraram nesse status. Isso evita que um organograma
seja mal-entendido por algum usuário.
Essas regras e normas não são seguidas por todos que elaboram organogramas, mas o conhecimento
delas o habilitará a criar e elaborar qualquer tipo de organograma linear. Como você já deve ter percebido,
28
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Atente-se, porém, para o seguinte: o organograma não é a estrutura organizacional em si, mas sua
representação. Disso entende-se que o organograma se depreende da estrutura organizacional, não o con-
trário, ou seja, primeiramente a estrutura organizacional é pensada para depois ser desenhada. Os elementos
do organograma podem ser utilizados durante o estabelecimento da estrutura organizacional, mas ele não
pode ser um limitante para ela.
Além disso, os organogramas são especialmente bons para demonstrar dois aspectos da estrutura
organizacional: o sistema de responsabilidades e o sistema de autoridades ― o tamanho das caixas, o ali-
nhamento horizontal e as linhas de ligação cumprem justamente esse papel. Porém, têm dificuldade para
demonstrar os sistemas de comunicação e decisão.
Além disso, o organograma busca evidenciar aspectos da estrutura organizacional formal, não infor-
mal. Dificilmente um organograma conseguiria representar uma estrutura informal, já que essa existe apenas
instintivamente, nos hábitos e práticas dos colaboradores.
Para uma visão completa do funcionamento da organização, o organograma deve ser utilizado junta-
mente com outros documentos organizacionais, como o manual da organização. Ele nos ajudará, porém, a
entender como melhor estabelecer os departamentos organizacionais, nosso próximo tópico.
DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Você já sabe que o sistema de responsabilidades e de autoridade é um dos principais componentes da
estrutura organizacional. Contudo, que critérios utilizar para responsabilizar ou dar autoridade a uma pessoa
ou a um grupo de pessoas? Em última instância, estamos questionando “como podemos criar departamentos”?
Essa pergunta parece ter uma resposta bem óbvia a princípio, mas, na prática, não tem. Quando fala-
mos em criar ou estabelecer departamentos, estamos falando do conceito de departamentalização. Vamos
falar um pouquinho sobre isso?
Para começar, Cury (2016, p. 165) nos diz que departamentalização envolve duas atividades aparen-
temente contraditórias: a divisão do trabalho e o agrupamento de atividades. Quanto à divisão do trabalho,
devemos pensar do macro para o micro, ou seja, identificar quais são as principais áreas de atividade da orga-
nização e estabelecer a macroestrutura.
Nesse caso, por exemplo, sabemos que, em uma determinada organização, as atividades administrati-
vas são diferentes das atividades comerciais, e ambas são diferentes das atividades de produção. Cada uma,
então, deve ser uma área distinta, justamente porque estamos dividindo o trabalho. Nesses casos, estamos
olhando para a especialização de cada órgão ou departamento.
Do outro lado, temos o agrupamento de atividades afins ou homogêneas. Nesse caso, pensamos nas
similaridades entre funções e buscamos agrupá-las em cargos ou departamentos abrangentes. Essa é uma
perspectiva complementar à primeira que vimos: quando as diferenças entre diversas funções não estão bem
claras, recorremos ao agrupamento de atividades.
29
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Nesse caso, pensamos do micro ao macro, ou seja, de atividades ou funções para criar departamentos.
Para que isso ocorra, é necessário que sejam identificadas todas as atividades necessárias ao funcionamento
da organização ou de um macrodepartamento. Então elas podem ser agrupadas por temas, objetivos ou
qualquer outro critério que possuam em comum, formando departamentos.
Por exemplo, se forem identificadas as atividades a) elaborar balanço patrimonial; b) gerenciar planos
de carreira; c) elaborar folha de pagamento; e d) processar registros contábeis. Podemos agregar as atividades
“a” e “d” como sendo relacionadas a funções de contabilidade, e as funções “b” e “c” como estando relacionadas
à gestão de recursos humanos. Assim, agrupando atividades, começamos a delinear departamentos.
Não precisamos pensar que esses aspectos são necessariamente antagônicos, mas complementares,
ou representam formas diferentes de olhar para a organização com o fim de departamentalizar. Elas não
constituem, porém, critérios de departamentalização. Com isso queremos dizer que podemos dividir o traba-
lho ou agrupar atividades de acordo com variados critérios. Vamos ver que critérios são esses?
TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO
Llatas (2012, p. 43), baseando-se em Oliveira (2014), assume pelo menos nove formas de departamen-
talização: por quantidade, funcional, territorial, por produto, por clientes, por projetos, matricial, por proces-
sos e mista. Vamos dar uma olhada em cada um deles mais de perto?
Gerente de
segurança
Supervisor do Supervisor do
turno noturno turno diurno
Para esse tipo de departamentalização, os colaboradores reunidos sob uma mesma direção devem
saber executar o mesmo tipo de função. Uma empresa de costura, por exemplo, pode ter várias costureiras
que realizam serviços como “fazer a barra de calças”, “ajustar largura de roupas” e “pregar zíper”. Elas podem
ser reunidas em grupos de 10 costureiras sob a supervisão de uma costureira mais experiente. Contudo,
se há costureiras com serviço especializado, a divisão por quantidade não funciona, pois uma das equipes
estaria defasada.
A departamentalização funcional, como o próprio nome aponta, divide ou agrupa o trabalho de acordo
com a função desempenhada. Assim, todos os colaboradores com atividades relacionadas a contabilidade
30
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Presidência
Cada departamento cuida de seus próprios processos, sem se preocupar com como seus inputs são
produzidos em outros departamentos e com o que farão com os outputs que produz. Isso pode tornar a or-
ganização menos funcional.
Presidência
31
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Perceba que a organização cujo organograma é a figura 16 possui filiais em Pernambuco, em Goiás e
em São Paulo. Assim, há uma equipe de gestão completa para cada uma dessas divisões. Muitas são as vanta-
gens conseguidas com esse tipo de estrutura. Para começar, cada divisão consegue se adaptar à sua própria
realidade local, o que tende a melhorar a experiência dos clientes ali.
Essa departamentalização, contudo, é de certa forma mais pesada do ponto de vista financeiro. Cada
divisão possuirá um gerente geral, mas todos os departamentos alocados dentro das divisões terão seus
próprios diretores. Então, em vez de apenas um setor de contabilidade, com um diretor e seus subordinados,
para cuidar de toda a organização, teremos um setor de contabilidade para cada divisão, também com um
diretor cada. Além disso, é mais difícil manter o controle administrativo da organização como um todo.
A departamentalização por produto, ou por serviço, é bastante parecida com a territorial. A diferença é
que, em vez de utilizar o critério território, a divisão é feita pelo produto ofertado. É mais fácil olhando a figura 17:
Figura 17 – Departamentalização por produto
Presidência
É mais fácil controlar o desempenho das equipes dessa forma, uma vez que cada uma é responsável
por um tipo de produto. Além disso, é mais fácil promover maior cooperação entre os departamentos fun-
32
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
cionais. O principal problema desse tipo de divisão é, como acontece na departamentalização territorial, a
duplicidade de departamentos, o que gera uma estrutura mais custosa para a organização.
Muito parecida com as duas últimas duas, temos a departamentalização por clientes ou por tipo de
cliente. Nesse caso, o público-alvo é o critério para a departamentalização. Como se dá isso? Veja a figura 18.
Presidência
A departamentalização por cliente se deu dentro do setor de vendas. Normalmente, as vendas feitas
para pessoas jurídicas são denominadas B2B (Business to Business) e as vendas para pessoas físicas como
B2C (Business to consumer); em função do volume de vendas e do tipo de negociação, a organização cujo
organograma está na figura 18 achou por bem criar departamentos distintos dentro de vendas para cada um
desses tipos de cliente.
A departamentalização por projetos é um pouco diferente de tudo o que vimos até aqui. Nesse tipo
de departamentalização, as equipes são alocadas em torno de projetos, isto é, um trabalho com data de fim
e uma entrega bem definida. Não são tantas empresas ou setores que conseguem se organizar dessa forma.
Assim que um projeto termina, a equipe é desmantelada e há uma nova organização pensada em um
novo projeto. Dessa forma, a organização é dinâmica. Veja, na figura 19 como se daria essa organização.
33
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Presidência
No exemplo dado, uma equipe é responsável pelo desenvolvimento do software de gestão, outra equi-
pe pelo e-commerce e uma terceira pelo jogo educativo encomendado pela escola. Cada uma delas possui
um supervisor próprio e é responsável apenas por aquele projeto.
Esse tipo de divisão tende a produzir equipes mais engajadas, com maior senso de responsabilidade
individual pela entrega final. Além disso, dentro de cada projeto, a comunicação é mais dinâmica e transpa-
rente, o que torna a execução do trabalho mais ágil e aumenta a coordenação.
A principal desvantagem encontra-se no fato de que as equipes podem agir como se tivessem com-
petindo umas com as outras por recursos organizacionais, pensando apenas em seu próprio projeto e não
na organização como um todo. Além disso, um esforço é necessário para organizar uma equipe no início de
cada projeto e desfazê-la ao fim.
Por fim, vamos falar da departamentalização por processos. Nesse caso, o principal critério utilizado
para a departamentalização são justamente os processos de negócio. De certa forma, as pessoas e recursos
são alocados em torno dos processos. Quer ver como isso pode funcionar? Veja a figura 20.
Figura 20 – Departamentalização por processos
Departamento de
produção
Veja que o departamento de produção representado na figura 20 é dividido em quatro seções, as quais
seguem uma ordem lógica em relação ao processo de produção. Nesse caso, por mais que cada seção seja
separada das demais, há um departamento único (o de produção) que unifica as seções e torna o trabalho
mais dinâmico.
É mais fácil aplicar esse tipo de departamentalização em indústrias, mas nada impede que o mesmo
seja feito em outros tipos de organização ou em processos que não sejam o produtivo.
34
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Enfim, chegamos à departamentalização mista. Na verdade, dificilmente nós encontraremos uma es-
trutura organizacional que utiliza apenas um critério de departamentalização. O mais natural é que, em níveis
hierárquicos diferentes, diferentes critérios sejam utilizados. Isso é o que caracteriza uma departamentaliza-
ção mista. Veja os exemplos das figuras 21 e 22:
Presidência
Departamento de Diretoria
produção comercial
Gráfica de Gráfica de
Manaus Belo Horizonte
Turno 1 Turno 2
A seção de revistas científicas, porém, não possui subdivisões, enquanto a seção de didáticos possui
duas gráficas em cidades diferentes e, por isso, foi dividida territorialmente. Então, a fábrica de Belo Horizonte
parece ter sido dividida em duas equipes que trabalham em turnos diferente, isto é, seguindo o critério de
quantidade. Do outro lado, temos o comercial também dividido em duas equipes: uma focada em pessoas
jurídicas e outra focada em pessoas físicas.
Nesse tipo de organograma, é importante que a gente entenda que a equipe do turno 2 só possui res-
ponsabilidade sobre o trabalho desse turno, e apenas na gráfica de Belo Horizonte. Não há nenhuma ligação
entre essa equipe e a gráfica de Manaus, ou a seção de revistas científicas ou o departamento comercial.
35
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Projeto C
Projeto B
Projeto A
Seção de teste
Seção de desenvolvimento
Seção de projeto
Fonte: elaborado pelo autor
Nesse novo exemplo, temos a departamentalização funcional como primeiro critério utilizado, o que
deu origem a diversos departamentos macro dentro da organização. Um desses departamentos é o departa-
mento de produção, que foi dividido em três seções, com base no critério processual: uma seção de projetos,
uma seção de desenvolvimento e uma seção de testes.
Repare que cada seção possui um supervisor próprio e independente das outras. Olhando para o de-
partamento de projetos, há três subdepartamentos, simbolizando os três projetos nos quais a organização
está trabalhando atualmente. Cada projeto possui seu próprio gerente e requer membros das seções de pro-
jetos, da de desenvolvimento e da de testes.
Isso é o que falamos sobre uma estrutura organizacional matricial: os membros de cada seção res-
pondem a seus respectivos supervisores quanto aos assuntos relativos à área (treinamento, especialização,
carreira etc.), mas são alocados com gerentes de projetos a quem respondem quanto à produção do pro-
cesso em si.
Isso com certeza não é tudo o que podemos falar sobre departamentalização, mas é o suficiente para
que você consiga entender as principais discussões sobre o assunto. A partir de agora, falaremos de outro
assunto muito importante para a estrutura organizacional, mas que não é mostrado de forma tão evidente no
organograma: a escolha entre uma organização mais centralizadora ou menos centralizadora.
CENTRALIZAÇÃO X DESCENTRALIZAÇÃO
Quando falamos sobre compartilhar o poder de decisão, falamos em aumentar ou diminuir o controle
que os cargos de alto nível hierárquico possuem sobre a organização. É sobre isso que estamos falando quan-
do tratamos sobre centralização e descentralização: se uma organização tem a autoridade concentrada em
uma pessoa, ou em poucas pessoas, é uma organização centralizada. Se uma organização está com o poder
de decisão distribuído, então ela é descentralizada (MAXIMIANO, 2011).
36
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
De acordo com Oliveira (2013), três fatores podem influenciar quanto à escolha de uma política mais
ou menos centralizadora:
• Os fatores do ambiente da empresa, ou seja, as variáveis não controláveis por parte da empresa;
• A maneira de ser e estilo administrativo do principal executivo e/ou preferência da alta adminis-
tração.
Dessa forma, essa é uma decisão estratégica, que deve ser baseada no planejamento organizacional.
Não há certo ou errado, o fato é que as duas políticas possuem vantagens e desvantagens e cada empresa
deve fazer a sua escolha mediante as suas necessidades.
Para Chiavenato (2010, p. 135) “decidir sobre centralização ou descentralização é complicado. Ambas
constituem extremos em um contínuo que envolve uma variedade de situações intermediárias”. A figura 23
apresenta um quadro comparativo entre as duas políticas.
Figura 23 – Centralização versus descentralização
Centralização Descentralização
Ideal para ambientes estáveis e conservadores Ideal para ambientes mutáveis e instáveis
O nível operacional é inexperiente e incapaz O nível operacional é experiente e capacitado
Gerentes operacionais não sabem decidir Gerentes operacionais são decididos
Decisões são importantes demais Decisões são relativamente rotineiras
Cultura organizacional é fechada Cultura organizacional é participativa
Empresa enfrenta crise e dificuldades Empresa é geograficamente dispersa
Permite uniformizar decisões Permite diferenciar decisões
Implementação estratégica depende de gerentes
Permite poder absoluto da cúpula
envolvidos e com flexibilidade para tomar decisões
Fonte: Chiavenato (2010, p. 135)
Para Oliveira (2013, p. 201), “o conhecimento desses aspectos pode proporcionar ao analista de orga-
nização a possibilidade de desenvolver uma estrutura organizacional que melhor atenda às necessidades
e expectativas da empresa”. Ainda segundo Chiavenato (2010), a escolha do nível de centralização ou des-
centralização é feita por cada empresa, que avalia o contexto que se apresenta tanto para um lado quanto
para o outro.
CENTRALIZAÇÃO
De acordo com Oliveira (2013, p. 200), “centralização é a maior concentração do poder decisório na alta
administração de uma empresa”. Chiavenato (2010) explica que a centralização ocorre quando a autoridade
de tomar decisões está totalmente concentrada na cúpula da empresa, ou seja, nesse modelo, todas as deci-
sões são tomadas exclusivamente pelo poder central e global localizado no topo da organização.
37
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Centralização existe quando encontramos uma maior concentração do poder decisório na alta ad-
ministração de uma empresa, o que faz com que ela evite a pulverização desse processo decisório para
a sua base operacional. Oliveira (2013) afirma que normalmente a centralização acontece em função das
seguintes situações:
• Quando se quer aumentar o nível de controle das atividades realizadas pela empresa.
Em termos de porte das empresas, embora a centralização permita total controle sobre o que acontece em
toda a organização, ela somente pode ser utilizada em empresas de pequeno porte ou de estrutura muito simples.
À medida que a empresa cresce, um só diretor não pode querer tomar todas as decisões, fazendo as
pessoas esperarem, antes de agirem, aguardando suas determinações. E as decisões serão tantas que uma só
pessoa não conseguirá tomá-las adequadamente e nem em tempo hábil (CHIAVENATO, 2010).
Imagine uma empresa que possua três fábricas de colchões de molas e móveis estofados padroniza-
dos. Para este exemplo, não interessa a localização das fábricas. Se a administração da empresa fosse inteira-
mente centralizada, provavelmente teríamos um presidente e três diretores funcionais: um de vendas, um de
produção e um financeiro.
Em cada uma das três fábricas haveria um gerente correspondente subordinado diretamente ao seu res-
pectivo diretor. Nesse caso, as vantagens da especialização são plenamente asseguradas, pois tanto no nível dos
diretores como no nível dos gerentes aparecem os especialistas funcionais (MOTTA; BRESSER-PEREIRA, 2004).
Para Lacombe (2009) a centralização concentra os níveis de autoridade em pontos centrais da organi-
zação e significa que a maioria das tomadas de decisões, relativas ao trabalho que está sendo executado, é
realizada por quem não o executa, ou seja, pela alta administração. A centralização não privilegia a delegação,
ou seja, a maior parte das decisões deve ser tomada no primeiro escalão da organização e não dispersas para
todos os seus níveis hierárquicos.
• Melhor uso dos recursos empresariais, isto é, humanos, materiais, tecnológicos, equipamentos e
financeiros;
• Processos técnicos e administrativos tendo mais chances de interação com o planejamento, con-
trole e avaliação;
38
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
• As decisões são tomadas por diretores que possuem visão global da empresa;
• Os tomadores de decisão do topo são mais bem preparados que os que estão nos níveis mais
baixos;
• Certas funções – como compras e tesouraria – são centralizadas em muitas empresas para obter
vantagens em termos de escala.
As vantagens percebidas pelas empresas quando fazem uso da centralização de autoridade fazem com
que muitas práticas administrativas permaneçam sendo decididas pela cúpula da empresa. É importante,
porém, entender que a centralização também possui desvantagens. Chiavenato (2010) afirma que a centrali-
zação apresenta as seguintes desvantagens:
• A alta direção toma as decisões, porém permanece distanciada dos fatos e das circunstâncias
que originaram os problemas em questão;
• Quem toma as decisões no topo não tem integração com as pessoas e situações envolvidas;
DESCENTRALIZAÇÃO
Segundo Chiavenato (2010), a descentralização ocorre quando a empresa resolve pulverizar o processo
decisório e delega decisões para a base operacional. Geralmente é adotada por meio do empowerment, que
significa dar poder, autonomia e independência às pessoas em todos os níveis hierárquicos organizacionais.
Oliveira (2013, p. 201) nos dá a seguinte definição formal: “descentralização é a menor concentração
do poder decisório na alta administração da empresa, sendo, portanto, o poder mais distribuído por seus
diversos níveis hierárquicos”. Portanto, a descentralização que está sendo tratada aqui não significa que uma
empresa fará uma separação física de seu escritório central com a fábrica ou filiais; ou seja, não se refere à
descentralização territorial, mas à descentralização decisória (OLIVEIRA, 2013).
39
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
De acordo com Oliveira (2013, p. 201), normalmente a descentralização ocorre a partir das seguintes
situações básicas:
Oliveira (2013) ainda descreve que há algumas questões importantes que precisam ser consideradas
pelo analista de organização durante o processo de descentralização. São elas: o quanto os chefes confiam
nos seus subordinados; como o subordinado administra suas responsabilidades; o quanto a chefia está pre-
parada e treinada; e como as unidades organizacionais de assessoria atuam.
Na opinião de Motta e Bresser-Pereira (2004), pode-se dizer que a descentralização, atualmente, “está
na moda”. Mais do que isso, é considerada uma panaceia universal, pois, quando se fala em reorganizar uma
empresa, é comum pensar em descentralizá-la.
Imagine a mesma empresa com três fábricas de colchões de molas e móveis estofados padronizados.
Suponhamos, agora, que a administração dessa empresa não fosse centralizada, mas amplamente descen-
tralizada. Nesse caso, é bem possível que, no nível dos diretores, teríamos, em vez de especialistas, diretores
generalistas, responsáveis por todas as especialidades funcionais existentes em cada fábrica, e a departa-
mentalização funcional só seria usada em segundo nível, o que não permitiria aproveitar tão bem as vanta-
gens da especialização. Isso, é claro, não nos leva a concluir que a decisão mais centralizadora seja superior à
mais descentralizadora. Apenas nos mostra como a centralização aproveita mais o trabalho dos especialistas
(MOTTA; BRESSER-PEREIRA, 2004).
Motta e Bresser-Pereira (2004) ainda dizem que, se uma empresa vai mal, uma das primeiras hipóteses
levantadas para explicar suas dificuldades será provavelmente a de que sua administração é excessivamente
centralizada. Oliveira (2013) finaliza dizendo que o analista de organização deve considerar que, mesmo com
todas as vantagens e desvantagens que a descentralização apresenta, não existem regras nítidas na determi-
nação do grau ideal de descentralização nas empresas.
Bom, assim como acontece com a centralização, a descentralização apresenta vantagens e desvanta-
gens. Vamos conhecê-las? Na visão de Oliveira (2013, p. 202), algumas das principais vantagens da descentra-
lização podem ser assim resumidas:
40
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
Quanto às desvantagens, Chiavenato (2010) cita a existência de três desvantagens para a descentralização:
• Intenso treinamento dos gerentes e pessoal da base, visando desenvolver a capacidade de tomar
decisões corretas.
Já Lacombe (2009, p. 50) entende que o maior risco contido na descentralização é a possibilidade de
se tomarem decisões erradas por:
• Falta de competência;
• Negligência e desinteresse;
• Corrupção;
Por fim, colocamos em evidência a opinião de Oliveira (2013) quanto às principais desvantagens pre-
sentes na descentralização:
• Decisões podem ser tomadas sem uma visão sistêmica, pois para algumas pessoas falta habilidade
de observação sobre as modificações feitas nas condições locais ou em uma operação complexa;
41
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
E então, gostou de entender o que são processos? Sabendo que eles estão por toda parte, o conheci-
mento que agora você tem sobre esse assunto pode te ajudar a ver o mundo de outra forma e a se destacar
quando tiver em grupo para resolução de problemas. Porém, os processos organizacionais são o principal
conteúdo para que você consiga, num futuro próximo, realizar uma gestão baseada em processos. Em vários
momentos, você terá que identificar inputs e os outputs com o intuito de melhorar o processo como um todo.
É importante que você se lembre que aqui apenas introduzimos conceitos necessários que o tema da
gestão por processos seja entendido, ou seja, esse é apenas o início de sua jornada de estudos. Porém, não
pare por aqui, busque conhecer mais sobre cada um dos conceitos que você aprendeu, vendo outras pers-
pectivas, abordagens, definições etc., isso só aumentará sua bagagem e te ajudará a se destacar.
Além disso, apenas começamos nosso estudo sobre estruturas organizacionais e organogramas. Você
ainda verá muitos organogramas, e alguns deles fugirão completamente da lógica que você aprendeu aqui.
Não se preocupe. Se você conseguir identificar os pontos discordantes entre o que você aprendeu e a prática,
já é um ganho tremendo. Quanto a você, busque sempre utilizar as melhores práticas, pois assim se destacará
no ambiente de trabalho.
Eu espero, porém, que não tenha ficado confuso quanto a todos os tipos de departamentalização que
nós vimos. Essas divisões existem para facilitar, não complicar. Sendo assim, tente focar mais no conceito por
trás de cada nomenclatura, que cada uma será interiorizada naturalmente.
Por fim, saiba que a decisão entre centralizar ou descentralizar uma organização ou um departamento
é uma das mais importantes que um administrador pode tomar. Quando você decide dar mais ou menos
liberdade de escolha, está informando o grau de confiança em sua equipe, o nível de profissionais que quer
ao seu redor e a quantidade de trabalho da alta administração.
42
GESTÃO POR PROCESSOS
Conceitos introdutórios, a gestão e os processos
REFERÊNCIAS
ASSOCIATION OF BUSINESS PROCESS MANAGEMENT PROFESSIONALS. Guia para o Gerenciamento de
Processos de Negócio: Corpo Comum de Conhecimento (BPM CBOK) - Versão 3.0. ABPMP, 2013.
CHIAVENATO, I. Iniciação a sistemas, organização e métodos: SO&M. São Paulo: Manole, 2010.
CHIAVENATO, I. Introdução à teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus, 2004.
CRUZ, T. Sistemas, organização e métodos: estudo integrado orientado a processos de negócio sobre
organizações e tecnologias da informação – introdução à gerência do conteúdo e do conhecimento. 4 ed.
São Paulo: Atlas, 2013.
CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2016. Disponível em:
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=797881. Acesso em: 09 ago. 2023.
KWASNICKA, E. L. Introdução à administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2012. Disponível em: https://
biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=797078. Acesso em: 09 ago. 2023.
LACOMBE, F. Teoria geral da administração. São Paulo: Saraiva, 2009. Disponível em: https://biblioteca.
sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=798727. Acesso em: 09 ago. 2023.
LLATAS, O. S. M. Organização, sistemas e métodos. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice, 2012.
43