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FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS

ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E


INCLUSÃO SOCIAL

DELÂNDIA RODRIGUEZ ROSA

EDUCAÇÃO, DIFERENÇA, DIVERSIDADE E DESIGUALDADE

São Paulo
2018
FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS
EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO SOCIAL

DELÂNDIA RODRIGUEZ ROSA

EDUCAÇÃO, DIFERENÇA, DIVERSIDADE E DESIGUALDADE

Monografia apresentada á
Faculdade Campos Elíseos, como
requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista em Educação,
Diversidade e Inclusão Social, sob
supervisão da orientadora:
Prof.Fatima Ramalho Lefone.

São Paulo
2018
FACULDADE CAMPOS ELÍSEOS
EDUCAÇÃO, DIVERSIDADE E INCLUSÃO SOCIAL

DELÂNDIA RODRIGUEZ ROSA

EDUCAÇÃO, DIFERENÇA, DIVERSIDADE E DESIGUALDADE

Monografia apresentada á
Faculdade Campos Elíseos, como
requisito parcial para a obtenção do
título de Especialista em Educação,
Diversidade e Inclusão Social, sob
supervisão da orientadora:
Prof.Fatima Ramalho Lefone.

Aprovado pelos membros da banca examinadora em


___/___/___.com menção ____ (________________).

Banca Examinadora
_________________________________

_________________________________

São Paulo
2018
Desigualdades e diversidade na educação

Nos últimos anos, a relação entre desigualdades e diversidade tem ocupado


um lugar de maior destaque no debate contemporâneo.

A diversidade, entendida como construção histórica, social, cultural e


política das diferenças, realiza-se em meio às relações de poder e ao
crescimento das desigualdades e da crise econômica que se acentuam no
contexto nacional e internacional.

A postura central dos movimentos sociais, dos profissionais da


educação e daqueles comprometidos com uma sociedade democrática e com a
educação pública, gratuita e laica tem sido reafirmar o princípio constitucional
contido no artigo 205 da Constituição Federal de 1988, ou seja, "a educação,
direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada
com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho".

São também os movimentos sociais, principalmente os de caráter


identitário (indígenas, negros, quilombolas, feministas, LGBT, povos do campo,
pessoas com deficiência, povos e comunidades tradicionais, entre outros), que,
a partir dos anos de 1980, no Brasil, contribuem para a entrada do olhar
afirmativo da diversidade na cena social. São interpretações advindas tanto das
políticas neoliberais que se acirraram no Brasil, nos países latino-americanos e
em outros contextos do mundo a partir dos anos de 1990, quanto das lutas por
identidade e reconhecimento desenvolvidas pelos próprios movimentos sociais,
ações coletivas, organizações de caráter emancipatório e novos sujeitos
sociais no mesmo período.

.A pressão histórica dos movimentos sociais, somada a um perfil mais


progressista de setores do Estado brasileiro nos últimos dez anos, trouxe
mudanças no trato da diversidade no contexto das políticas públicas de caráter
universal, desencadeando, inclusive, a implementação de políticas de ações
afirmativas. . Um dos desafios colocados é a compreensão das diferenças
como constituintes do complexo processo da diversidade e a sua imbricação
com as desigualdades.

Palavras-chave: Desafios. Intervenção. Escola. Diversidade.


Sumário

1. Desafios para o Serviço Social: novos sujeitos, políticas e intervenção................................6


1.1 Serviço Social e Diversidade 7
1.2 Ampliar o Olhar sobre a Diversidade 8
1.3 Importâncias da Aplicação de um Projeto de Intervenção 8
1.4 Questões Social9
Educar para diversidade: como lidar com a multiplicidade de sujeitos no espaço
escolar? 12
A Inclusão e seus direitos dentro da SOCIEDADE 14
Possibilidades de trabalho com a diversidade em sala de aula 16
CONSIDERAÇÕES FINAIS 17
REFERÊNCIAS 18
6

1. Desafios para o Serviço Social: novos sujeitos, políticas e


intervenção

Aqui buscaremos iniciar uma reflexão ainda embrionária, mas com o


objetivo de trazer à tona a discussão em torno da questão da diversidade e
desigualdade.

É nesse contexto de antigas e novas demandas que se reconfiguram o


fazer do assistente social.

O Serviço Social tem se debruçado nas mais diferentes formas de


enfrentamento da questão social.

Nesse mesmo sentido, a diversidade social se apresenta com


desdobramentos na sociedade moderna, ou seja, há diferentes estágios que
produzem diferentes manifestações da questão social.

Nesta perspectiva, compreende-se que as análises de conjuntura, não


são apenas o pano de fundo que emolduram o exercício profissional; ao
contrário, são partes constitutivas da configuração do trabalho do Serviço
Social. Em relação ao debate de políticas sociais e questão da diversidade e
desigualdade.

A política social como uma intermediação essencial ao trato da questão


social não esgota a relação do Estado com as lutas e as demandas das
classes, pois, nunca é demais lembrar, variadas formas de coerção que
incluem desde o uso explícito da violência até as manipulações político-
ideológicas (Granemann, 2008, p. 21).

Neste momento, consolidam-se as políticas sociais e com elas a querência de


profissões como o Serviço Social, na elaboração, viabilização e execução da
intervenção sobre tais questões.

No decorrer da história observamos que o processo de


conquista de direitos é gradual. Podemos dizer que não se encerra com a
conquista dos mesmos e a busca efetiva da universalidade é lenta.
7

A Política inclui ainda ações de fortalecimento das práticas participativas


e do controle social, e aponta para a necessidade de incluir conteúdos na
formação e educação permanente, visto que essa é uma das grandes
chamadas do Movimento ao se tratar de atendimentos.

Nesse sentido, como lembra Oliveira (idem, p.105) ―as discriminações


sociais, de gênero, raça e etnia, vicejam na formação cultural do país e
ultrapassam largamente as fronteiras do meio profissional, embora nele
também se atualizem.

. Os anos de 1990 trouxeram para dentro da academia temas implicados


a grupos específicos a nova demanda da sociedade levou o ―… Serviço
Social a aderir às lutas das chamadas minorias, inserindo-se nas questões
relacionadas às diversidades.

Código de Ética do Serviço social. ―Notas sobre o Projeto ético-político


do Serviço Social.

Essa caracterização contribuiu para o desenvolvimento de


pesquisas e incorporação dos desdobramentos da temática no processo de
formação da/o assistente social. Assim, a partir de 2000, a temática ganha um
eixo específico articulado ao Serviço Social nos Encontros e Congressos da
categoria. .

A proposta era aproximar o Serviço Social a essa discussão fornecendo


instrumentos teóricos sobre questões contemporâneas relacionadas à
diversidade e desigualdade na sociedade brasileira.

1.1 Serviços Sociais e Diversidade

A diversidade é, portanto, algo que nos enriquece enquanto ser humano e


nos possibilita aprender com essas diferenças. O respeito às diferenças
está colocado como ponto central na profissão do Assistente Social posto,
inclusive, como um dos princípios da profissão ao defender o “empenho na
eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à
diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à
discussão da diferenças”.
8

Entender que o usuário porta essa diversidade exige compreendê-lo


em seu universo, ofertando espaços de acolhimento, de escuta qualificada
que permita a livre expressão dos indivíduos, respeitando, sobretudo suas
crenças, seus valores, suas escolhas e o entendimento de vida da pessoa
que se atende.
O Serviço social se opõe a qualquer forma de discriminação, seja
relativa à classe social, à etnia, à religião, à orientação sexual, identidade de
gênero, enfim, tem como outro princípio o exercício da profissão sem
discriminar seu usuário.
A atuação do Assistente Social deve, portanto, buscar sempre
mecanismos de atendimento a este segmento da população de forma a
promover a inclusão social e a garantia de direitos.
Pela sua formação e pelo projeto profissional que defende e que
aponta na direção de uma sociedade mais humana, igualitária e justa deve
ter clareza na sua atuação ao acolher o que é diverso, combatendo todo
tipo de discriminação e preconceito.

1.2 Ampliar o Olhar sobre a Diversidade

 Refletir sobre a diferença e a diversidade na escola;  Ampliar o olhar sobre a


diversidade;  Estudar sobre a relação de gênero, sexualidade, orientação sexual,
etnia e relações raciais;  Compreender o papel da escola e da família nessa
construção de diversidade;  Reconhecer as diferenças na escola e na família; 
Discutir sobre gênero em nossa sociedade e sobre as discriminações;  Identificar
situações discriminatórias no dia a dia na escola;  Reconhecer a responsabilidade dos
educados através de práticas educativas.

1.3 Importâncias da Aplicação de um Projeto de Intervenção

Devido à importância da aplicação de um projeto de intervenção na escola


pública acerca da diversidade onde será compartilhado saberes e a vivencia
dos professores da instituição. Acreditamos que esta intervenção estimulará
um protagonizou estudantil na construção da sua própria vida.
9

Esta intervenção será no espaço da escola para que o professor e a


professora sejam mediadores e orientadores voltados ao ensino e que o
aprender seja algo significativo para a aprendizagem dos alunos na construção
da sua própria identidade como ser humano e envolvê-los com a temática da
diversidade que é de suma relevância diante das transformações étnico-raciais,
ideologia religiosa, sexual de gênero, classe social e de geração que a
sociedade está vivenciando.

“É no ambiente escolar que os/as estudantes podem construir suas


identidades individuais e de grupo, podem exercitar o direito e o respeito à
diferença”. (BARRETO, p. 53, 2012). Com isso acreditamos na possibilidade de
os demais professores colaborarem e participarem do projeto de intervenção.

1.4 Questões Sociais

Compreender que a escola é um espaço multifacetado e no qual


encontramos um amplo contexto de representações sociais faz com que nos
debrucemos sobre o mesmo com um olhar múltiplo. Desse contexto surge a
proposta do presente estudo.

Por mais que alguns estudiosos do marxismo relutem em acatar a idéia


de que o estudo da dinâmica social deve ocorrer também sob a perspectiva da
diversidade – principalmente se considerarmos nosso atual contexto e as
expressões da Questão Social que se verificam – perceberemos que além de
necessário, tal estudo é complementar e não fragmenta como alguns mais
ortodoxos insistem em dizer, nossa visão de classe a desigualdade social, da
maneira como ela está estruturada e enquanto expressão da questão social é,
para o neoliberalismo, não só um valor positivo o vácuo político ideológico, a
crise do capitalismo e a recrudescência dos credos religiosos
institucionalizados criaram terreno fértil para as execrações morais, insufladas
agora por um milenar de olho no capital.

Em que pese segundo Prado e Machado (2008), termos verificado a


partir da década de 1960 transformações sexuais no que diz respeito à
diversidade sexual como um todo desta forma de pensamento, permeado pela
10

ideologia das instituições que a reproduzem, acaba por reforçar ainda mais os
estigmas criados em torno dos sujeitos enxergados como “diferentes”,
“destoantes”, “desviados”. Por entendemos educação como um processo
interdisciplinar. Isso porque entendemos que, independente da idade do
educando (crianças e adolescentes), a busca pela construção identitária e
inserção nos vários espaços sociais é uma constante - a partir das informações
compreendidas oriundas da escola, das vivências, exemplos e realidade
advinda da família e da sociedade que estão – a perspectiva de se
compreender esta construção e reconhecimento a partir de uma lógica de
emancipação e autonomia, significa não desassociar a idéia de que tais
instituições – e aqui nos referimos à escola – têm suma importância.

Na condição de educadores por vezes nos deparamos com professores


ou não que não conseguem trabalhar temas voltados para a diversidade – e
dentre eles as sexualidades - em sala de aula e nos espaços externos.

Isso porque uma das principais características da sociedade é sua


mutabilidade constante e, na relação ensino/aprendizagem um dos maiores
dilemas do educador são os questionamentos promovidos pelos discentes
frente às novas demandas que venham a surgir. Por esses motivos cabe ao
educador cada vez mais reconhecer as características da vida da aula, incerta,
singular, heterogênea – o que torna inaceitável qualquer racionalidade que
garanta a certeza do que dá certo, do método infalível, da teoria que comanda
uma prática (GRILLO, 2002, p. 75).

Esse raciocínio reforma a necessidade do professor romper barreiras entre o


passado e o presente para poder compartilhar informações que agreguem os
seus alunos de forma que esses possam, dentro dos espaços que circulam
respeitar.

Se considerarmos ainda que este distanciamento entre os desejos e


motivações do sujeito e a aceitação social ocorrem, grande parte das vezes,
dentro do próprio espaço familiar, a situação se torna ainda mais delicada.

. Isso faz com que a atividade do educador se transforme em algo ainda


mais sistematizado e, reforçamos, ressalta a relevância do trabalho
interdisciplinar – e aqui entendemos relevante a presença do Assistente Social.
11

Ora, se estamos pensando a diversidade como uma das expressões da


Questão Social deve entendê-la como um espaço de tensionamento provocado
pelos aparatos ideológicos dominantes e que se traduzem em processos de
violentarão contra esses sujeitos que não estão “adequados” à dita
“normalidade”. Por esse motivo acreditamos que um dos papéis/funções
essenciais da escola é trabalhar de forma a orientar continuamente os sujeitos
que estão inseridos nesse espaço; de que a sociedade é una, porém diversa e
que nessa diversidade aqui nos referimos a todos os sujeitos que fazem parte
do grupo de sujeitos que atuam no processo educacional tais como agentes
operacionais, professores, pedagogos, agentes administrativos, Assistentes
Sociais, Psicólogos, Terapeutas Ocupacionais, Agentes de Saúde e outros que
eventualmente façam parte da equipe interdisciplinar.

Está posta a questão cultural, econômica, social, étnica, religiosa e também


sexual.

Educar para diversidade: como lidar com a multiplicidade de


sujeitos no espaço escolar?
12

Reconhecer o momento histórico que nos encontramos e as diferentes


vivências vêem como de suma importância tentar desconstruir alguns
estereótipos tão arraigados na formatação da escola que naturalizam
determinadas violências simbólicas.

Num período que sofrem, enquanto educadores, uma forma de


silenciamento ao ser retirado, da maioria dos planos educacionais, as
discussões de gênero, penso ser o momento de parar para analisar que tipos
de educação vão proporcionar no espaço escolar. Afinal que escola do futuro é
essa?

A ação dos movimentos sociais no período de redemocratização do


Brasil, pós ditadura militar, e suas pautas reivindicatórias por reconhecimento
aos direitos humanos, combate ao racismo e outras formas de preconceito, a
universalização do direito à educação, se consagrou na Constituição Federal
de 1988.

As demandas acerca da educação, saúde e assistência social foram


contempladas, por exemplo, em legislações relacionadas aos direitos da
criança e do adolescente, das mulheres, das comunidades indígenas, do
campo, quilombolas e outras minorias foram contemplados na legislação
brasileira, redefinindo a ampliação do conceito de pluralismo e diversidade.

O artigo 3º, inciso IV da Constituição define como um dos objetivos


fundamentais da República Federativa do Brasil, “promover o bem de todos,
sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação”. Gostaria de me ater a essas últimas palavras ‘QUAISQUER
OUTRAS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO’, e lançar o olhar sobre a diversidade
que compõe o espaço escolar e como isso é desconsiderado a partir da
formatação em que se encontra a maioria das escolas públicas do país.

Essa é uma questão que exige muita reflexão, pois para que todos os
envolvidos considerem a diversidade dos sujeitos envolvidos no espaço
educacional, é preciso que exercitem a alteridade, ou seja, enxergar o outro
como portador de direitos, subjetividades ou singularidades e respeitar tais
características. Dessa forma, a escola como espaço coletivo teria que
13

considerar individualidades para poder criar formas de contemplar toda a


diversidade em seu interior.

A Inclusão e seus Direitos dentro da Sociedade


14

Mas o espaço educacional público, no formato que foi pensando e


constituído e no qual, a maioria, se encontra, não possibilita tais ações, pois
boa parte da comunidade tende a pensar os alunos na forma coletiva e tratá-
los dentro dessa perspectiva, e aquele que não se enquadra ao formato pré-
determinado de organização, geralmente é considerado como o mau aluno,
como aquele que não aceita regras, o sem disciplina.

Como os professores podem atuar de forma mais concentrada nas


particularidades dos alunos trabalhando em salas lotadas, com regras
normativas falhas e com orientações curriculares que chegam de cima para
baixo? Será que ficara eternamente amarrado por determinações criadas por
aqueles que nunca puseram os pés dentro de uma sala de aulas,
principalmente, na escola pública e periférica?

É preciso compreender que uma das funções sociais da escola é incluir


sujeitos diferentes e dar a eles acesso a educação formal, e buscar não
desconsiderar saberes e valores que esses trazem de suas vivências fora do
espaço escolar.

[…] levar em conta a origem das famílias e reconhecer as diferenças


entre os referenciais culturais de uma família nordestina e de uma família
gaúcha, ou ainda, reconhecer que, no interior dessas famílias e na relação de
umas com as outras, encontramos indivíduos que não são iguais, mas que têm
especificidades de gênero, raça/etnia, religião, orientação sexual, valores e
outras diferenças definidas a partir de suas histórias pessoais. (BRASIL/
MEC/SEPPIR, 2009, p. 23)

Acredito que essa ação poderá promover o desenvolvimento de projetos


que contemplem a dinâmica social dos indivíduos, com grande tendência a
elevar a escola a uma categoria institucional que pensa o outro, para além do
coletivo.

A proposta de pensar a diversidade na escola nos faz enxergar não


apenas os alunos, mas também toda a comunidade escolar interna e externa,
pois a diversidade está presente na sociedade como um todo, e essa dinâmica
que rege as ações fora do espaço escolar se reflete diretamente nas que
15

ocorrem dentro da escola, assim, quando consideramos as diferenças como


um elemento formador de todos os sujeitos, podemos agir de forma que não
haja mais reproduções de estereótipos e preconceitos de todos os tipos.

Essa é apenas uma proposta, fruto de reflexões, leituras e de acordo


com a realidade educacional que nos encontramos. Pensamos que o exercício
de análise e reflexão, tanto do espaço quanto dos sujeitos envolvidos, seja a
melhor forma de pensarmos como mudar uma realidade ainda tão caótica na
educação pública da maioria das escolas brasileiras.

Possibilidades de trabalho com a diversidade em sala de aula

As melhores ferramentas para prevenir o insucesso escolar e os


melhores indicadores das boas práticas de ensino são o respeito e a
16

valorização da diversidade. Uma escola não pode ser abrangente e inclusiva e,


portanto, ser capaz de responder à diferença e à individualidade se toda a
comunidade escolar não concorda com esses valores. A diversidade é um
princípio fundamental, e não um incidente isolado a ser tratado de forma
isolada e residual. A diversidade é um fato da vida. Uma escola sem
diversidade seria uma instituição asséptica, artificial, desprovida da identidade
que se dá pelo reconhecimento da diferença, a marca registrada de cada uma
das pessoas que a compõem. E essas marcas são tão diversas quanto somos
pessoas diferentes. Sem diversidade, sem reconhecimento e tratamento
subseqüente, a escola é órfã de um dos valores fundamentais na educação e
formação das pessoas: a tolerância.

O papel da escola consiste na formação dos professores, em conciliar as


ações, no acompanhamento e avaliação do processo, assim como na
comunicação e aconselhamento para a família e alunos em seu caminho e
trajetória escolar. É, portanto, uma tarefa das escolas criarem essa cultura de
resposta à diferença com a certeza de que é um elemento indispensável e
enriquecedor. E isso exige a cumplicidade de todos os membros da
comunidade escolar, em que cada um deles assumirá uma parte da tarefa pais,
alunos, educadores e meio ambiente. Cada um deve assumir o seu papel.

A família, auxiliando a escola e confrontando as diferenças com atitudes


que dêem segurança: naturalidade, compreensão, sinceridade, honestidade
e apreço. Nesse sentido, a comunicação entre a família e a escola é vital.

O papel da escola, como descrito acima, envolve detectar situações de


diferença ou preconceito, formar professores, estabelecer ações,
acompanhar, avaliar e comunicar e orientar a família e os estudantes.

Aos alunos corresponde conviver com essa diferença, integrando-a com


a convivência e o respeito mútuo sem dificuldade, construindo, sem se dar
conta, um projeto de vida baseado na tolerância, na ajuda mútua e no
trabalho em equipe.
17

E a sociedade deve finalmente dar à família, aos alunos e à escola os


recursos necessários para realizar essa função, fazendo um
reconhecimento especial dos contextos educativos onde não há tratamento
adequado das singularidades e tornando visível a necessidade de mudar de
atitude, quando necessário.

O oposto da integração é a segregação. Uma comunidade educativa que


não seja inclusiva se converte irremediavelmente em exclusiva, e esse
processo é muitas vezes bastante sutil, passando despercebido. A vigilância,
que tem como objetivo detectar a diferença e a diversidade como fenômeno
natural e necessário, como mencionado, será o melhor antídoto contra a
segregação e uma ferramenta valiosa para a educação e coesão social com os
valores democráticos de uma sociedade mais tolerante e justa. Em suma, mais
competente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Serviço Social é uma das poucas profissões em nosso país que


possui um projeto profissional coletivo e hegemônico, denominado Projeto
Ético-político, que foi construído pela categoria a partir das décadas de 1970 e
1980. Ele expressa o compromisso da categoria com a construção de uma
nova ordem societária, mais justa, democrática e garantidora de direitos
universais. Tal projeto tem seus contornos claramente expressos na Lei
8.662/93, no Código de Ética Profissional de 1993 e nas diretrizes Curriculares.

O aparato normativo supracitado busca concretizar o respeito à


diversidade como forma de garantir que a cidadania seja exercida e os vínculos
sociais fortalecidos. Trata-se de uma atitude política para com a diversidade
gerada pelas diferenças de classe, gênero, etnia, opção sexual, capacidades,
enfim, de atributos que fazem parte da identidade pessoal e definem a
condição do sujeito na cultura e na sociedade. O desenvolvimento de atitudes
de tolerância e respeito à diversidade tem a ver com o direito à educação, o
direito à igualdade de oportunidades e o direito à participação na sociedade.
18

Por isso mesmo, representa um grande desafio a ser enfrentado pelas


instituições de formação acadêmica em Serviço Social que, apesar de
caminhar na contracorrente de um sistema econômico excludente, não vai
prescindir de sua luta pela equidade e justiça social.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO E PESQUISA EM SERVIÇO


SOCIAL. Institucional – Quem somos. Disponível em:
<http://www.abepss.org.br/paginas/ver/1> Acesso em: 25 de jan. de 2018.

BARROCO, Maria Lúcia Silva. Ética, Direitos Humanos e Diversidade.


In:CadernoRevista da ADPPURS. Número 05. Porto Alegre, 2004.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Diretrizes Curriculares do
Curso de Serviço Social. 1999. Disponível em: <
http://www.cfess.org.br/arquivos/legislacao_diretrizes.pdf> Acesso em: 25 de
jan. de 2018.

NETTO, José Paulo. Ditadura e Serviço Social: Uma Análise do Serviço Social
no Brasil Pós 64. 16ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos


Humanos. Disponível em:
<http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-
Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-
humanos.html> Acesso em: 25 de jan. de 2018 BRASIL, Constituição (1988).
Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal,
1988. www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm.

__________Ministério da Educação. Secretaria Especial de Políticas de


Igualdade Racial, SEPPIR/PR; Secretaria Especial de Políticas para as
Mulheres, SPM/PR. Gênero e diversidade na escola: formação de
professoras/es em Gênero, Orientação Sexual e Relações Étnico-Raciais. Livro
de conteúdo. Versão 2009. Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: MEC/SPM,
2009. Disponível
em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/ storage/materiais/0000015510.pdf A
19

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível


em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui
%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 25 jan. 2018.

SANTOS, B.S. A construção intercultural da igualdade e da diferença. In:


SANTOS, B.S. A gramática do tempo. São Paulo: Cortez, 2006. p. 279-316.

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