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a situação indígena na região do caribe

Author(s): sílvia maria ferreira guimarães


Source: Boletín de Antropología Americana, No. 37 (diciembre 2000 - diciembre 2001), pp. 131-
139
Published by: Pan American Institute of Geography and History
Stable URL: http://www.jstor.org/stable/23565773 .
Accessed: 22/06/2014 12:48

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sflvia maria ferreira guimarâes*

a situaçâo indígena na regiâo do caribe

Resumo esse desencontro, sobreviveram aos massacres


e souberam conviver com um das mais fortes
A intençâo deste artigo é levantar uma discussáo instituiçôes que os europeus elaboraram, o
sobre como os indios da regiâo do Caribe se Estado. A minha preocupaçâo neste trabalho é
situam na historia desse espaço e ñas discussôes tentar entender como os indios na rcgiâo do
das Ciências Sociais sobre sociedades plurais. Caribe estabeleceram mecanismos de interaçâo

inteligíveis às últimas. Além disso, ao focalizar

Aproximando-se do problema1 as relaçôes dos povos originários com as


sociedades envolventes, pretendo alcançar o
Com a vinda dos europeus ao "Novo Mundo", sentido dos Estados-naçôes na regiâo do Caribe,
no final do século xv, os povos indígenas os quais sâo tachados de sociedades plurais.
tiveram que aprender a lidar com uma nova Centrar a análise nos indios é ter urna via de
dimensâo de vida social. Tal realidade se acesso eficaz, que permite um melhor
mostrou extremamente complexa pelos entendimento do processo de construçâo dos
elementos novos que apresentou. Doenças, bens Estados. Os povos originários sâo o grande

materiais, significados diversos conformavam contraponto dessa instituiçâo moderna, sâo a


um desencontro semántico entre europeus e alteridade radical, que impossibilita urna ideal
indios. Os povos originários, que compreenderam realizaçâo do Estado.
Na primeira parte do trabalho, apresento
como ocorreu o contato entre europeus e indios
no período colonial, pois ai estâo elementos
Doutorando era Antropología Social na Universidade de
centrais, formadores dos Estados na regiâo e das
Brasilia, e-mail: silviag@unb.br
Este trabalho foi realizado para a disciplina "Identidade e relaçôes que, hoje, tais Estados estabelecem com
Cultura da América Latina" ministrada pelo professor a diversidade cultural. Na segunda trato
parte,
Roberto Cardoso de Oliveira no Departamento de
da era contemporánea e a partir de dois casos
Antropología na Universidade de Brasilia.

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Cuba e Nicarágua, observo como - outro fator que sobressai na regiâo é a


empíricos,
esses países reagem a presença dos povos presença marcante das etnias "de fora", ou

indígenas. seja, as minorías étnicas, que interagem com


Entretanto, antes de mais nada, faço alguns o Estado, sao em sua maioria de chineses,
comentários sobre como entendo a regiâo do indianos, libaneses, turcos, japoneses,
Caribe. Para definir essa área observei très judeus, etc., e nao de falantes das línguas
fatores constantes e comuns em toda a área: originárias da regiâo como o ciboney,

arawak, carib, cuna, mosquito, suno, etc.


- a idéia de que o espaço de tal regiâo é o Essas etnias "de fora" fazem com que urna
mar. Como estou centrando a análise na grande maioria dos países no Caribe sejam
maneira como os Estados do Caribe lidam tachados de sociedades pluriétnicas ou
com os indios, observo as formas de plurais. Segundo Despres (1982), tais so

ocupaçâo e interaçâo desses últimos na ciedades revelam estratificaçôes de todo

regiâo. Como veremos a seguir, as socíeda- tipo. As fronteiras étnicas ai expressam


des indígenas ñas Antilhas, na costa leste organizaçôes de estatutos identitários, os
da América Central e na costa norte da quais estâo associados a vantagens e
América do Sul estavam todas voltadas para desvantagens competitivas de emprego, po
o mar do Caribe, onde estabeleceram um der político, etc. As
estratificaçôes
convivio que permitiu a criaçâo de urna rede prescrevem, na verdade, um "divisâo cultu
de relaçôes sociais no espaço, que é, ral do trabalho em vez de uma divisâo so

basicamente, o mar. cial do trabalho" {op. cit.: 12). Um ponto


- outro considero é a divisâo fundamental nos estudos sobre os Estados
ponto que que
Julian Steward e Louis Faron fazem da caribenhos (Despres, 1975; Patterson, 1975;
América Latina em áreas culturáis, levando Gonzalez, 1975)está no problema de ao usar
em conta a populaçâo amerindia, na obra a noçâo de sociedades plurais, excluir das
"Native Peoples of South America" (1959). etnias que compóem tal pluralidade os
Esses autores defíniram a regiâo do Caribe, povos originários. De acordo com um desses

que discuto, como circum-caribe onde se autores (Despres, 1975:133), os indios nâo
encontravam dois
tipos culturáis de povos sâo mencionados porque eles sâo margináis
amerindios: Tropical Forest Farm Villages à economía e à ordem estruturada da

(aldeias agrícolas da floresta tropical) estratificaçâo. Indianos, chineses, turcos,


e Confederations and Chiefdoms etc., ocupam determinadas posiçôes na

(confederaçôes e cacicados). O trabalho sociedade, como cargos públicos, comércio,


desses autores sobre áreas culturáis pode agricultura, entre outros. Por sua vez, o (nâo)

parecer simplista, mas acaba por revelar lugar ocupado pelos povos originários
semelhanças e uma intensa interaçâo dos toma-se um fator singular e importante,

povos indígenas em determinada área. Dois pois eles estâo situados fora das ditas socie
fatos foram marcantes na historia dos indios dades plurais. A reflexâo de Barth
no Caribe: primeiro, no período colonial, (1998:198) sobre os sistemas sociais
eles sofreram um processo de massacre poliétnicos se aplica perfeitamente a
marcado intensamente por tráfico de realidade social aqui discutida, já que, nos
escravos, e, segundo, hoje, com os Estados termos desse autor, "nada se lucra ao

já consolidados, eles sofrem com políticas juntar-se esses sistemas diversos sob a eti

que nâo aceitam a presença deles. Os povos queta cada vez mais ampia e vaga de

indígenas procuraram superar açôes, tais sociedade "plural", ao passo que uma pes
antigamente, no período colonial, ao se quisa das variedades de estrutura pode lançar
distanciaren! ou manipularem o tráfico em muita luz sobre as formas sociais e
seu favor e, atualmente, ao formarem culturáis." A presença dos indios é um
movimentos sociais. elemento que complexifica a regiâo do

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SILVIA MARIA FERREIRA GUIMARAES A SITUAÇAO INDIGENA NA REGIAO DO CARIBE 133

Caribe e que nâo deve ser colocado à partp distintos e se encontram em diversas áreas da
ou em suspensâo. América Latina.
O que pretendo esclarecer é

quern eram e como viviam os indios, os canibais


Ao considerar esses très fatores presentes e que dominavam o mar onde Colombo chegou
marcantes na regiâo do Caribe, ou seja, o espaço e que, hoje, é conhecido como mar do Caribe?
como sendo o mar, a semelhança cultural dos Os tipos culturáis de Steward e Faron, por
indios na regiâo circum-caribe e o grande mais reducionista que possam ser, proporcionam
número de etnias "de fora", imagino tal área urna visâo geral das sociedades originárias e
como compreendendo as Antilhas, a costa leste apresentam problemáticas e temas comuns aos
da América Central (Honduras, Nicarágua, povos englobados por um tipo. A forma cultural
Costa Rica, Panamá), a costa da Colombia, do Confederations and Chiefdoms (cacicados)
Venezuela, Guyana, Suriname e Guiana era encontrada na América Central, na costa da
Francesa. Venezuela e ñas Grandes Antilhas. As

Quando procurava delimitar tal regiâo sociedades variavam consideravelmente dentro

caribenha, a Guyana, o Suriname e a Guiana deste tipo; contudo, elas se diferenciavam dos
Francesa apareceram como casos intéressantes, povos indígenas agrícolas e ribeirinhos da

pois tais localidades revelaram que o litoral norte floresta tropical. Os cacicados apresentavam
do continente sul-americano tem mais urna forma particular de hierarquia e urna

semelhanças com o Caribe do que com o resto organizaçâo das comunidades em instituiçôes
da América do Sul. Há urna dicotomía interna a como os cultos em templos e as guerras
esses locáis, na qual as partes do norte de todos para sacrificio de vítimas. A
presença de
eles têm urna maior proximidade com as ilhas especialistas e a prática da agricultura extensiva
do Caribe, e as partes no sul estâo mais voltadas caracterizavam os cacicados. O chefe de um

para o continente sul-americano. As próprias grupo tinha um status diferenciado, era ele quem
estruturas internas deles apresentam tal governava. Havia, ainda, os guerreiros e os

diferença. As principáis cidades das très sacerdotes, também


que tinham urna posiçâo

localidades, Georgetown, Paramaribo e privilegiada e, por fim, havia os comuns. Tais

Cayenne, que se localizam no litoral, encontram- sociedades podiam ser organizados militarmente,
se conectadas por urna rodovia e dessa só é onde a guerra era essencial para a reproduçâo
possível chegar ao Brasil através de social dos grupos, como em parte da América

Georgetown. Nenhuma das duas outra cidades Central, ou podiam ser organizados
têm urna rodovia que alcance o resto da América religiosamente, como ñas Grandes Antilhas
do Sul. Nesse sentido, Guyana, Suriname e Ñas Grandes Antilhas, predominava os
Guiana Francesa parecem fazer parte de urna povos da lingua Taino-Arawak, que nâo devem
ilha ou península caribenha. Talvez, urna ser confundidos com os Arawak localizados na
discussâo sobre o periodo colonial esclareça essa floresta tropical do Maciço Guianense. Havia

singularidade da regiâo. ai urna hierarquia de entidades sobrenaturais

paralela a urna hierarquia de chefes. Cada pessoa


O mar dos canibais tinha um espirito guardiâo e o poder desse

espirito aumentava com o status da pessoa.


Quando chegaram ao Novo Mundo, os europeus Assim, os espíritos dos chefes eram os guardiôes
encontraram povos ferozes que comiam seus das aldeias. As aldeias Arawak ñas Antilhas

inimigos, os quais eles denominaram de caraiba, localizavam-se ñas montanhas e nâo na planicie

caníbales, caniba, canima e car ib, esse último da costa, havia urna comunicaçâo muito bem

termo a designar um grupo geográfico, estabelecida entre as comunidades arawak. Ñas


passou
os indios habitavam a regiâo do Caribe Antilhas inferiores estavam os guerreiros Carib.
que
(Durbin, 1977:23). Hoje, lingüistas e Havia ainda ñas Grandes Antilhas, alguns
definem determinadas sociedades falantes de Ciboney, que eram caçadores e
antropólogos
como falantes da lingua Carib, que usam dialetos coletores.

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Na América Central predominava os falantes a fazer parte da categoría poito, que dizia
de Chibcha, nessas sociedades existiam respeito a urna relaçâo hierárquica entre añns.
entidades sobrenaturais, guardias de toda a Por toda a regido do Caribe, os povos
comunidade, que ficavam em um templo indígenas viviam urna ampia interaçâo. Trocas

especial e eram louvadas em cerimônias públicas eram realizadas ñas ilhas e na costa do continente

presididas por sacerdotes. A guerra entre os por vias marítimas, fluviaise terrestres. Em todo
cacicados Chibcha era o motor do social e servia o mar caribenho, os indios praticavam a

para capturar vítimas destinadas aos sacrificios navegaçâo (Steward et al.: 1959). O océano era
de sangue nos cultos, para permitir aos visto como urna intensa rota, e, nao, como urna

guerreiros urna oportunidade de melhorar sua barreira, nesse sentido, intensas trocas marítimas

posiçâo através da exibiçâo de cabeças ou dentes aconteciam. As sociedades falantes do Carib se


da vítima, e para proporcionar aos homens a mostraram eximios na arte de navegar,
chance de aumentar o número de mulheres construindo algumas das melhores canoas. A
cativas. guerra, também, era um fator marcante no
Ñas Antilhas Inferiores estavam os falantes processo de interaçâo dos grupos,
de Carib, os quais se encaixavam no tipo cultural No contato interétnico com os
primeiros
Tropical Forest Farm Villages (horticultores da europeus, a guerra e a troca tornaram-se temas
floresta tropical). Esse tipo era definido por urna comuns no sistema social que se instalou e
ausência de pessoas com ocupaçôes justapuseram-se às relaçôes intertribais

especializadas e pela presença de cultos em existentes. Aqueles cativos de guerra, que eram

templo e tinha como característica central, assim sacrificados ou passavam a ser poito, añns
como as outras culturas da floresta tropical, a potenciáis, passaram a ser trocados por
agricultura de coivara. Os Carib expulsaram os mercadorias com os europeus, onde iriam
Arawak das ilhas ñas Antilhas Inferiores, apenas trabalhar ñas lavouras ou em minas. Os chefes
cem anos antes da chegada dos europeus. As dos cacicados escravizavam outros
povos e,
sociedades Carib estavam
num processo de também, os homens comuns de sua comunidade
deslocamento para o norte, onde ocuparam o para trocar com os europeus. Nessa dinámica, o
territorio Arawak e capturaram mulheres. Um desencontro semántico se constituía, ou seja, os
fato peculiar ñas Antilhas Inferiores era que o indios se encontravam numa rede de aliança,
Carib era falado principalmente pelos homens, enquanto os europeus estavam envolvidos num
enquanto as mulheres falavam, em sua maioria, tráfico de escravo. Com tempo, ocorreu urna
Arawak. A guerra era urna instituiçâo central grande dizimaçâo dos indios. A presença
entre os Carib insulares e constituía a base de européia fez com que os cacicados se
seus valores, visto que os homens viviam para desmembrassem em comunidades e
pequeñas
lutar e, assim, aumentar o seu prestigio. ¡soladas, as quais lutavam sobreviver ao
para
Quando chegaram, os europeus definiram impacto do contato,
os Carib como guerreiros e canibais e Na do século xvi, o tráfico de
Nicarágua
associaram as lendas medievais européias sobre escravos indios era a principal atividade
selvagens, canibais, antípodas a eles. Nesse económica (Denivan, 1976). Esses escravos
processo de interaçâo entre indios e europeus é eram enviados para o Panamá, Peru, Haití, Rep.
intéressante notar que a denominaçâo Carib ia Dominicana e outros estabelecimentos europeus.
além do grupo lingüístico, tornou-se urna ficçâo Os espanhóis se fixaram na oeste da
parte
colonial, visto que por todos os lugares existiam Nicarágua, portanto, na parte leste, os indios
indios selvagens e canibais (Farage, 1991:106). conseguiram distantes. Na época da
permanecer
Na colonizaçâo da regiâo do Maciço Guianense chegada dos a populaçâo amerindia
europeus,
era senso comum associar os Carib a indios do oeste da Nicarágua devia exceder 1,000,000.
guerreiros e os Arawak a indios pacíficos. Toda Entretanto, em 1523, esse número decresceu
essa estereotipizaçâo ocorreuporque os cativos e, em décadas, nâo
abruptamente algumas
de guerra dos Carib eram comidos ou passavam existiam mais milhares de indios. A
que poucos

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SILVIA MARIA FERREIRA GUIMARÂES A SITUAÇÂO INDÍGENA NA REGIÀO DO CARIBE 135

maior causa de depopulaçâo ai foi o tráfico de aos europeus fez com que elas ficassem
escravo. Segundo Las Casas, mais de 500,000 suscetíveis as epidemias introduzidas pelos
indios foram removidos da Nicarágua por causa mesmos. Essas eram variola, sarampo,
do tráfico. Durante o mesmo período, cerca de coqueluche, catapora, peste bubónica, tifo,
400,000 à 600,000 indios do oeste da regiâo sob malária, gripe, etc. Antes da chegada dos
a dominaçâo dos espanhóis morreram de europeus, as doenças que mais afligiam os indios

doenças, guerra ou tentativas de fuga. Desse eram hepatite infecciosa, encefalite e polio. A

modo, a populaçâo nativa do oeste da Nicarágua depopulaçâo por doenças atingiu áreas que aínda
declinou de 1,000,000, em 1523, para menos nao tinham sofrido o contato direto com
de 10,000, em um período de 60 anos (op. cit.). europeus. A presença européia na América
Na formaçâo desse tráfico de escravos indios, desencadeou um dos maiores desastres
os europeus nao agiam sozinhos, foram travadas demográficos na historia do mundo, um

alianças com outros grupos indígenas, que massacre com números desconhecidos.
abasteciam o tráfico através de investidas contra
outros povos. Entre as causas do massacre dos Lidando com o Estado

povos indígenas na regiâo do Caribe, além da

escravizaçâo, estavam a açâo militar, os maus Como venho tentando mostrar a Regiâo do

tratos, a fome e a desnutriçâo, essas duas últimas Caribe é urna área sociocultural muito específica
aconteceram devido a quebra do sistema de que, apesar da sua diversidade interna, passou
subsistência. As doenças foram grandes por mesmos processos históricos de ocupaçâo
causadoras dessa quebra e, consequentemente, (tanto antes quanto depois da presença
eram catalisadoras na reestruturaçâo obrigatória européia), distinguindo-a de outras partes da
das comunidades. Cabe aqui algumas América. Alguns fatos sociais ocorreram no

consideraçôes sobre esse fenómeno avassalador Caribe promovendo urna configuraçâo única

que foi as doenças. dessa regiâo, como: o massacre dos povos


Os europeus encontraram no Novo Mundo indígenas, o repovoamento da regiâo (primeiro

populaçôes totalmente desconhecidas. Ao com escravos africanos e depois com


contrário de África e Ásia que estavam em trabalhadores asiáticos na produçâo do açùcar),
contato constante com a Europa, mesmo e a persistência e penetraçâo do colonialismo,
indiretamente, a América e, também, o Pacífico Muitos outros fatores decorreram desses très: a
estavam isolados. Como resultado dessa dependência económica e fragmentaçâo política
ausencia de interaçâo, quando ocorreu a da regiâo. a bipolar estrutura e persistência do

aproximaçâo com o Velho Mundo, houve um racismo e autoritarismo, e a centralidade da

rápido declínio das populaçôes indígenas, pois, migraçâo. primeiro, para dentro da regiâo,
entre outras razóes, essas ficaram expostas às depois, entre os países da regiâo e, agora, para

doenças européias. Muitos historiadores fora da regiâo, especialmente em direçâo aos


acreditam que a introduçâo de doenças foi a EUA. Enquanto muitos povos da América do
maior causa de morte dos nativos no Novo Sul se identificam e se sentem mais próximos
Mundo e essa parece ser a causa mais provável de urna América Latina por causa das afinidades

do rápido declínio da populaçâo em muitas áreas culturáis compartilhadas e dos problemas


(Denevan, 1976). Antes da presença européia políticos e económicos, as pessoas da regiâo
muitas doenças eram mais endémicas (existiam caribenha constituem, os "novos imigrantes" dos

constantemente em determinado lugar e EUA, isto é, sâo o grupo minoritário que mais

atacavam um número maior ou menor de cresce dentro dos EUA.

individuos) do que epidémicas (surgiam No Caribe, os indios foram rápidamente


num e acometiam dizimados e os europeus substituíram essa mâo
rápidamente lugar
simultáneamente grande número de pessoas; de obra por outras, como escravos africanos ou

eram surtos de agravaçâo de urna endemia). O trabalhadores asiáticos. O massacre dos indios

isolamento das populaçôes indígenas em relaçâo foi confirmada por estudiosos da área, como

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Steward e Faron (1959). Segundo esses autores, se expressam através de movimentos sociais. Ao
os grupos que restaram foram deslocados do seu refletir os anseios dos seres humanos, e, porque
local de origem para regiôes drásticamente nao, das instituiçôes que esses fizeram, como
diferentes, causando urna quebra da estrutura os Estados-naçôes, os movimentos sociais sao,
interna das sociedades. Além disso, eles nos termos de Castells (1999:20): "açôes
afirmavam que os indios das Antilhas podiam coletivas com um determinado propósito cujo
ser considerados extintos. Em Cuba, estudiosos resultado, tanto em caso de sucesso como de
como Fernando Ortiz (Barreiro, 1989) fracasso, transforma os valores e instituiçôes da
esclareciam a populaçâo
que indígena nao sociedade".
existia mais neste país. A partir dessas assertivas, No momento em que se organizam em
é possível concluir que muitos acreditavam que movimentos sociais, os indios passam a
os indígenas no Caribe nao sao mais do que um construir suas identidades coletivas, ou seja, a

aspecto da historia da colonizaçâo e estâo organizar significados com base em atributos


restritos a esse período. culturáis inter-relacionados (Castells, 1999). Na
A negaçâo da existência de grupos indígenas verdade, tal identidade é sempre acionada
nessa área vem do período em que grande parte quando em contraste, ela pressupôe urna
deles foi massacrada, ou vem do período quando interaçâo (Barth, 1998), portanto, pressupôe o
os europeus sentiram a necessidade de trazer choque dos indios com as sociedades nacionais
escravos africanos e, com o fim do tráfico, ou com outras minorías étnicas. As identidades
de trazer trabalhadores asiáticos. O processo de surgem mais fortemente em situaçôes de crise,

construçâo das naçôes no Caribe ocorreu "quando em sua movimentaçâo no interior de

paralelamente com o massacre dos povos sistemas sociais, os caminhos de que se valem

indígenas. Tal massacre nao se restringe a morte levam-nas a viverem situaçôes de extrema
física, mas engloba também a invisibilidade que ambivalência" (Cardoso de Oliveira, 1999:2).
foi imputada aos indios, pois eles se viram Assim, sâo nessas situaçôes de crise que as etnias
forçados a se sujeitarem e diluírem no grupo indígenas emergem, quando ocorrem as

hegemônico da naçâo. No caso da Guyana, os "condiçôes de possibilidade de etnizaçâo"


amerindios, compondo 4.6% da populaçâo (op. cit.:3). No caso do Caribe, um fenómeno
(maior que os chineses com 0.6%, os europeus intéressante aparece: os indios nâo estâo na
com 0.3%, os portugueses com 1.0%) estâo à ordem de estratificaçâo das etnias, eles sâo
margem de toda a economía e estâo em último elementos margináis ñas sociedades plurais.
lugar na ordem da estrutura de classificaçâo Contudo, os casos empíricos que trato a seguir
(Despres, 1975). revelam que os indios no Caribe estâo
Na verdade, em alguns casos extremos desse profundamente envolvidos com "outras
processo de invisibilidade, como em Cuba, é coletividades no interior de sociedades
possível encontrar sociedades indígenas em envolventes, dominantes, culturalmente
lugares onde elas sâo dadas como exterminadas. hegemônicas e onde tais coletividades vivem a
Contudo, esses povos escolhem se sujeitarem situaçâo de minorías étnicas ou, ainda, de
ou nâo a tal processo, eles procuram por urna nacionalidades inseridas no espaço de um
melhor soluçâo para conviverem com os Estados Estado-naçâo" (Cardoso de Oliveira, 1999:3-4).
nacionais. Aqueles que decidem ir contra e sair
da invisibilidade necessitam "falar a mesma Encontrando os amerindios na regiâo do
lingua" das sociedades envolventes, isto é, usam Caribe
mecanismos de contestaçâo compreensíveis a
tais sociedades, como os movimentos sociais. Cuba (Barreiro, 1989)
Expressôes poderosas de identidade coletiva
sâo a outra face dos Estados. Ao se realizarem, No período pré-colonial, a ilha era habitada
os Estados sofrem com as açôes de grupos pelos Arawak, o mesmo as
grupo que ocupava
minoritários. Estas manifestaçôes muitas vezes Grandes Antilhas e as Bahamas. Segundo Fuente

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SILVIA MARIA FERREIRA GUIMARAES A SITUAÇAO INDIGENA NA REGIAO DO CARIBE 137

(2000), a conquista européia do territorio estudiosos de os verem como tais; nunca é dito
cubano, iniciada em 1511, dizimou a populaçâo que eles sao "indios", mas sim que sao

nativa, até que, no meio do século xvi, nao "descendentes de indios". A discussâo sobre a
havia mais indios na ilha. Os escravos africanos existência desse grupo em Cuba,
por parte dos
passaram a ocupar as funçôes dos nativos ñas dentistas, está
presa ao fato do grupo manter
minas de ouro. O grande massacre das ou nâo a cultura original, sem elementos da

populaçôes indígenas, na era colonial, justificou sociedade envolvente. Essa relutância dos
as afirmaçôes de que nao existem indios em estudiosos em verem traços culturáis nativos

Cuba, por quase todo o século xx. Fernando incomoda a comunidade indígena, que está se
Ortiz foi um dos estudiosos que incrementou organizando em um movimento social, isto é,
esse coro, ao estabelecer a matriz multiétnica está construindo urna identidade coletiva em
cubana como restrita ao tronco ibero-africano. contraposiçâo a sociedade nacional cubana.
Para muitos, deve
surpreender o fato de que
existe urna comunidade com mais de mil indios Nicarágua (Brown, 1997)
em Cuba. Segundo alguns autores, há urna

populaçâo indígena na ilha que permaneceu em Os indios do leste da Nicarágua, numa regiâo
silêncio ou invisível por muito tempo, até de montanhas, sao um exemplo de movimento
meados da década de 80 deste século (Barreiro, social bem sucedido, eles saíram da

1989). Tais indios foram chamados por La Casas invisibilidade para urna proeminência nacional,
de Cubeños e sao os descendentes dos Taino, Compondo 35% da populaçâo da Nicarágua

aqueles que encontraram Colombo. Foi Rivero, esses antes margináis,


indios, estâo emergindo

antropólogo físico em Cuba, quem anunciou que como um


importante agente político e

pelo menos mil pessoas com características demandador de cotas de poder no país. Existe
físicas associadas às dos Arawak da Amazonia urna dicotomía entre os indios do oeste da
viviam na parte oriental de Cuba. A pesquisa Nicarágua, na costa do Pacífico, e os do leste,
sobre historia oral que Barreiro realizou que vem desde a era pré-colonial que permite
confirmou tal assertiva. urna melhor compreensâo da organizaçâo do

Os massacres dos amerindios no Caribe movimento indígena, hoje.


reduziu drásticamente a populaçâo nativa, Quando os espanhóis chegaram havia urna

contudo, nâo foi suficiente para aniquilar as tensâo entre os Nahua, amerindios que têm suas
etnias, visto que muitas sobreviveram tradiçôes próximas das civilizaçôes do México,
escamoteadas. O caso dos indígenas em Cuba é localizados ñas terras baixas da costa do
melhor compreendido como o de um processo Pacífico, e os Chibcha, que fazem parte da área
de invisibilidade, realizado através de um cultural circum-caribe, ñas montanhas do leste,

mimetismo, que os fez semelhantes aos Os espanhóis dominaram os Nahua, mas nâo

membros da sociedade nacional. Os indios ai conseguiram subjugar os Chibcha, esse fato

nâo foram notados, durante muito tempo, demarcou urna divisâo no país baseada em linhas

eles optaram pela invisibilidade. étnicas pré-colombianas. Noprazo de urna


porque
Contudo, no últimos anos, eles deixaram dados geraçâo, os espanhóis dizimaram os Nahua,

históricos e etnográficos revelarem suas visto que, em 1523, eles somavam

historias, seus modos de viver, suas identidades, aproximadamente 800,000 pessoas e, em 1544,
isto é, com que os cientistas eles eram apenas 30,000 pessoas. A principal
permitiram
"descobrissem" eles. Nos estudos causa desse massacre foi a escravizaçâo. A

a comunidade surge regiâo da Nicarágua era o núcleo principal do


antropológicos, indígena
num local chamado de "Caridad de Los Indios", tráfico de indios, alguns fatores colaboraram

onde ela retém urna historia, identidade e para a formaçâo desse núcleo: na América

costumes aos Taino-Arawak do Central estavam as populaçôes indígenas mais


ligados
momento da Um fato que numerosas e próximas urnas das outras. Em
colonizaçâo.
incomoda esses indios é a relutância dos 1542, aproximadamente 500,000 indios foram

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138 BOLETIN DE ANTROPOLOGIA AMERICANA • 37 DICIEMBRE 2000-DICIEMBRE 2001

exportados da América Central. Com a queriam o poder em Manágua, como o

exigência dos espanhóis de terem mulheres para movimento contra-sandinista queda. Em 1988,
continuarem seus serviços no Novo Mundo, as os indios prometeram cessar a resistência
mulheres nativas tornaram-se a segunda armada e negociar um acordo de paz com o
mercadoria mais valiosa na era da conquista governo. Em todo o processo de negociaçâo,
colonial espanhola na América. eles se viram num delicado jogo de poder que
A aniquilaçâo dos Nahua contrasta com a souberam manipular. O movimento dos contra
resistência dos Chibcha ñas montanhas da sandinistas era apoiado pelos EUA e Honduras,

Nicaragua. Muitos sao os motivos que podem os quais queriam que a guerrilha indígena se

explicar esse contraste: os Chibcha nao tinham unissem a eles, caso contrário, os contra
ouro ou prata, nao tinham urna agricultura boicotariam as lideranças indígenas. Em

organizada. Além disso, os Chibcha impuseram Honduras, onde se encontravam um grande


urna constante e violenta resistência. número de exilados indios; os líderes,
No fim do século xix, a elite intelectual da guerrilheiros e refugiados nativos foram

Nicaragua denominou os indios das montanhas pressionados a se sujeitaram aos comandos dos
de camponeses, promovendo um mito da EUA-Honduras-contra. As lideranças indígenas
mestiçagem que redefiniu a Nicaragua como que estavam negociando com o governo
urna sociedade homogénea dentro da qual os sandinista foram impedidas, pelos contra
nativos, com exceçâo dos distantes e ¡solados sandinistas, de voltarem para Honduras. Outros

Mosquito da costa do Atlántico, nâo mais boicotes surgiram, agora, por parte do governo
existiam. Entre 1880 e 1950, os indios sofreram sandinista que quebrava o acordo de tregua e
urna dramática perda de suas terras e de suas matava alguns guerrilheiros. Além disso,
línguas. Essas perdas reafirmaram a idéia determinadas comunidades nativas viviam um
imposta do desaparecimento dos indios; tâo estado de tensâo permanente com a presença do
poderoso foi esse discurso que muitos nativos exército sandinista. Obviamente, a guerra
tinham vergonha das suas marcas étnicas e a deixou várias sequelas para as sociedades
palavra indio passou a ser sinónimo de indígenas, como a desestruturaçâo dos grupos.
ignorância. Contudo, a sensaçâo de uma Contudo, os indios
conseguiram a criaçâo do
"consciência infeliz"2 nâo abateu todos os "Estatuto de Autonomia".
nativos. A elite da Nicarágua criou um mito da O sistema interétnico na Nicaragua emergiu
mestiçagem que faliu, pois ocorreram várias das contradiçôes entre revolucionários e contra
révoltas dos indios do leste contra essa ideología revolucionários, da migraçâo de indios para
e política do Estado da Nicarágua, em 1898, Honduras e da construçâo de urna naçâo, isto é,
1904, 1909, 1915, 1919 e 1920. A violenta apresentava problemas de classe, de etnia, de
resistência Chibcha entrou na era sandinista naçâo. Essa é urna situaçâo, envolvendo povos
(julho de 1979) e acontece até hoje, indígenas, extremamente acredito
complexa,
concomitantemente com o esforço da elite em que a análise desse caso como de urna sociedade
destruir as identidades indígenas. plural que anula a presença nao levaría
indígena
Em 1981, os indios do leste, Mosquito, a urna compreensâo da situaçâo.
Sumo e Rama, iniciaram uma guerrilha contra
o governo sandinista, antes do movimento dos
contra-sandinistas iniciarem sua révolta. As

principáis demandas dos nativos eram por O lugar ocupado pelos indios nos Estados
direito à terra, recursos naturais, auto caribenhos e a interaçâo deles com outras
determinaçâo, cultura e religiâo. Os indios nâo sociedades levanta o problema de denominar as
sociedades do Caribe como pluriétnicas. A

Cardoso de Oliveira (1996) discute como alguns Tukuna questâo que levanto é: será que é fecundo utilizar

adquiriram urna "consciência infeliz", isto é, se viam com um conceito que supôe urna estratificaçâo étnica,
os olhos do branco. onde os indios sâo urna minoría excluidas dessa

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SILVIA MARIA FERREIRA GUIMARAES A SITUAÇAO INDIGENA NA REGIAO DO CARIBE 139

ordenaçâo? Reitero a discussâo de Cardoso de Castells, M.


Oliveira (1988) sobre a política indigenista em 1999 O Poder da identidade, vol. II, SP, Paz e
sociedades plurais, que diz que tal política deve Terra.
ser compatibilizada com o pluralismo cultural, Durbin, Marshall

para por fím a incorporaçâo diferenciada de 1977 "A survey of the carib languagem family,"
grupos, os quais sâo a essência das sociedades in: Basso, Ellen (org.), Carib-Speaking
plurais. Amplio um pouco a reivindicaçâo de Indians: culture, society and languagem,
Cardoso de Oliveria, que trata específicamente Tucson, The University of Arizona.
da política indigenista, para as ciências sociais, Denevan, W.
isto é, para que os estudiosos incluam os indios, 1976 The Native Population of the Americas
um elemento central no pluralismo cultural do in 1492, Wisconsin, The University of
Caribe, ñas discussôes sobre as minorías étnicas Wisconsin Press.
em sociedades plurais. Talvez, urna Despres, Leo

reformulaçâo no conceito de sociedades plurais 1975 "Ethnicity and ethnic group relations in
inclua essa face oculta de todos os Estados Guyana," in: Bennett, J. (org.), The New

americanos, que é os indios. Ethnicity: perspectives from ethnology,


AES-West publishing co.

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Barreiro, J. Lewis, D. (org.), The Prospects for Plural
1989 "Indians in Cuba," in: Cultural Survival Societies, 1982 Proceeedings of

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1988 "'Sociedade plural' e 'pluralismo 1975 "Context and choise in ethnic allegiance:
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Campinas, Editora da Unicamp. study," in: Bennett, J. (org.), The New


1996 O indios e o Mundo dos Broncos, Ethnicity: perspectives from ethnology,
Campinas/Sâo Paulo, Editora da AES-West publishing co.
UNICAMP. Steward, J. and Faron, L.

1999 "Os (des)caminhos da identidades," in: 1959 Native Peoples of South America, New

23° Encontró Anual da ANPOCS, York, Toronto, London, McGraw-hill

Caxambu, mimeo. Book Company.

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