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Manual de Formação

Emergência e Primeiros Socorros no Local de Trabalho


PRIMEIROS SOCORROS

Conceito de Primeiros socorros:


Em termos práticos podemos descrever os primeiros socorros como a primeira assistência a vítimas de
acidentes ou de doença súbita, prestada no local da ocorrência, bem como o primeiro garante da
sobrevivência e bem-estar dos acidentados.

Apesar de todos estarmos obrigados a prestar assistência às vítimas, a maioria das pessoas não possui
as necessárias qualificações para prestar essa assistência pelo que o mais indicado será ligar o 112 (Nº
EUROPEU de SOCORRO).

O simples facto de ligar para o 112 torna-se fundamental em todo o processo, não devendo este
procedimento ser negligenciado pois está directamente ligado à rapidez ou demora da chegada da ajuda
qualificada.

Durante muito tempo passou a mensagem de que em “ferido não se mexe”; nos dias de hoje esta
situação não corresponde à realidade pois a par da evolução tecnológica na medicina também
evoluíram a formação dos socorristas e das próprias mentalidades. Os socorros serão muito mais
eficazes se a testemunha de um acidente (socorrista ocasional) tiver sido capaz de criar condições que
possibilitem manter as funções vitais de um ferido até à chegada de pessoal especializado.

Tão importante como conhecer determinadas técnicas de primeiros socorros, é a capacidade de cada
um de nós conseguir implementar na prática os conhecimentos e procedimentos adequados ao cenário
que se nos depara.

Para além do conhecimento de técnicas de socorrismo, é também importante conhecer as entidades


envolvidas no acto de socorrer e o seu funcionamento.

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SIEM – SISTEMA INTEGRADO DE EMERGÊNCIA MÉDICA

O SIEM é um sistema de criado para dar resposta às várias fases da assistência às vítimas de acidentes
ou de doença súbita, garantindo o socorro imediato em situações de emergência.
Sendo um sistema com diversos intervenientes em fases previamente determinadas, exige um
organismo coordenador das actividades de socorro a executar; como tal, cabe ao Instituto de
Emergência Médica (INEM), o papel de organismo coordenador.

ORGANIZAÇÃO DO SIEM

A capacidade de resposta adequada, eficaz e em tempo oportuno dos sistemas de emergência médica,
às situações de emergência, é um pressuposto essencial para funcionamento da cadeia de
sobrevivência.

O INEM

O INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica, é o organismo do Ministério da Saúde ao qual cabe
coordenar o funcionamento do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), no território de
Portugal Continental, de forma a garantir às vítimas em situação de emergência a pronta e correta
prestação de cuidados de saúde.
A prestação de socorros no local da ocorrência, o transporte assistido das vítimas para o hospital
adequado e a articulação entre os vários intervenientes no SIEM (hospitais, bombeiros, polícia, etc.), são
as principais tarefas do INEM.

A organização da resposta à emergência, fundamental para a cadeia de sobrevivência, simboliza-se pelo


Número Europeu de Emergência - 112 e implica, a par do reconhecimento da situação e da
concretização de um pedido de ajuda imediato, a existência de meios de comunicação e meios
necessários para uma capacidade de resposta pronta e adequada.

O INEM, através do Número Europeu de Emergência - 112, dispõe de vários meios para responder com
eficácia, a qualquer hora, a situações de emergência médica.

As chamadas de emergência efetuadas através do número 112 são atendidas em Centrais de


Emergência geridas pelas autoridades policiais, PSP e GNR. Atualmente, no território de Portugal
Continental, as chamadas que dizem respeito a situações de saúde são encaminhadas para os CODU do
INEM em funcionamento em Lisboa, Porto e Coimbra.

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CODU

Compete aos CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes- atender e avaliar no mais curto
espaço de tempo os pedidos de socorro recebidos, com o objetivo de determinar os recursos
necessários e adequados a cada caso. O funcionamento dos CODU é assegurado em permanência por
médicos e técnicos operacionais de telecomunicações de emergência, com formação específica para
efetuar:

- O atendimento e triagem dos pedidos de socorro;


- O aconselhamento de pré-socorro, sempre que indicado;
- A seleção e acionamento dos meios de socorro adequados;
- O acompanhamento das equipas de socorro no terreno;
- O contacto com as unidades de saúde, preparando a receção hospitalar dos doentes.

Em caso de acidente ou doença súbita ligue, a qualquer hora, 112. A sua colaboração é fundamental
para permitir um rápido e eficaz socorro às vítimas, pelo que é fundamental que faculte toda a
informação que lhe seja solicitada.

Ao ligar 112 deverá estar preparado para informar:


- A localização exata da ocorrência e pontos de referência do local, para facilitar a chegada dos meios de
socorro;
- O número de telefone de contacto;
- O que aconteceu (ex. acidente, parto, falta de ar, dor no peito etc.);
- O número de pessoas que precisam de ajuda;
- Condição em que se encontra (m) a (s) vítima (s);
- Se já foi feita algum procedimento (ex. controlo de hemorragia);
- Qualquer outro dado que lhe seja solicitado (ex. se a vítima sofre de alguma doença
ou se as vítimas de um acidente estão encarceradas).

Ao ligar 112, esteja preparado para responder a:

- O Quê? Onde? Como? Quem?

Siga sempre as instruções que lhe derem, elas constituem o pré-socorro e são fundamentais para ajudar
a(s) vítima(s).
Desligue apenas o telefone quando lhe for indicado e esteja preparado para ser contactado
posteriormente para algum esclarecimento adicional.

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Os CODU têm à sua disposição diversos meios de comunicação e de atuação no terreno, como sejam as
Ambulâncias INEM, os Motociclos de Emergência, as VMER e os Helicópteros de Emergência Médica.
Através da criteriosa utilização dos meios de telecomunicações ao seu dispor, têm capacidade para
acionar os diferentes meios de socorro, apoiá-los durante a prestação de socorro no local das
ocorrências e, de acordo com as informações clínicas recebidas das equipas no terreno, selecionar e
preparar a receção hospitalar dos diferentes doentes.

Os CODU coordenam:

- Ambulâncias de socorro dos Bombeiros e da CVP;


- Ambulâncias Suporte básico vida (SBV ;
- Ambulância Suporte Imediato de Vida (SIV);
- Motociclos de Emergência;
- UMIPE – Unidade Móvel Intervenção Psicológica em Emergência
- VMER- Viatura Médica Emergência e Reanimação
- Helicópteros.

O INEM presta também orientação e apoio noutros campos da emergência tendo, para tal, criado vários
sub-sistemas:

CODU MAR

O Centro de Orientação de Doentes Urgentes Mar (CODU MAR) tem por missão prestar aconselhamento
médico a situações de emergência que se verifiquem em inscritos marítimos. Se necessário, o CODU
MAR pode acionar a evacuação do doente e organizar o acolhimento em terra e posterior
encaminhamento para o serviço hospitalar adequado.

CIAV - Centro de Informação Anti Venenos

O Centro de Informação Antivenenos (CIAV) é um centro médico de informação toxicológica. Presta


informações referentes ao diagnóstico, quadro clínico, toxicidade, terapêutica e prognóstico da
exposição a tóxicos em intoxicações agudas ou crónicas

O CIAV presta um serviço nacional, cobrindo a totalidade do país. Tem disponíveis médicos
especializados, 24 horas por dia, que atendem consultas de médicos, outros profissionais de saúde e do
público em geral.

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Transporte de Recém-Nascidos e Pediatria de Alto Risco

O Subsistema de Transporte de Recém-Nascidos de Alto Risco é um serviço de transporte inter-


hospitalar de emergência, permitindo o transporte e estabilização de bebés prematuros, recém-
nascidos e crianças em situação de risco de vida, para hospitais com Unidades de Neonatologia,
Cuidados Intensivos Pediátricos e/ou determinadas especialidades ou valências.

As ambulâncias deste Subsistema dispõem de um Médico especialista, um Enfermeiro e um TAE,


estando dotadas com todos os equipamentos necessários para estabilizar e transportar os doentes
pediátricos.

Em 2010 foi concluído o processo de alargamento do âmbito deste serviço ao transporte de todos os
grupos etários pediátricos. Este serviço funciona 24 horas por dia, todos os dias do ano.

Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC)

Também desde 2004, o INEM dispõe de Psicólogos que permitem melhorar a resposta dada em diversas
situações de emergência. Para atingir este objetivo, foi criado o Centro de Apoio Psicológico e
Intervenção em Crise (CAPIC).

Os psicólogos do CAPIC garantem, 24 horas por dia, o apoio psicológico das chamadas telefónicas
recebidas nos CODU que o justifiquem e, através das UMIPE (Unidades Móveis de Intervenção
Psicológica de Emergência) podem ser acionados para o local das Ocorrências onde seja necessária a sua
presença.

O CAPIC assegura ainda a prestação de apoio psicológicos aos operacionais do SIEM, em todas as
situações em que estes são confrontados com elevados níveis de stress.

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FASES DO SIEM

Tendo como base o símbolo da „Estrela da Vida‟, a cada uma das suas hastes corresponde
uma fase do SIEM.

Deteção

Corresponde ao momento em que alguém se apercebe da existência de uma ou mais vítimas de doença
súbita ou acidente.

Alerta

É a fase em que se contactam os serviços de emergência, utilizando o Número Europeu de Emergência -


112.

Pré-socorro

Conjunto de gestos simples que podem e devem ser efetuados até à chegada do socorro.

Socorro

Corresponde aos cuidados de emergência iniciais efetuados às vítimas de doença súbita ou de acidente,
com o objetivo de as estabilizar, diminuindo assim a morbilidade e a mortalidade.

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Transporte

Consiste no transporte assistido da vítima numa ambulância com características, tripulação e carga bem
definidas, desde o local da ocorrência até à unidade de saúde adequada, garantindo a continuação dos
cuidados de emergência necessários.

Tratamento na Unidade de Saúde

Esta fase corresponde ao tratamento no serviço de saúde mais adequado ao estado clínico da vítima.
Em alguns casos excecionais, pode ser necessária a intervenção inicial de um estabelecimento de saúde
onde são prestados cuidados imprescindíveis para a estabilização da vítima, com o objetivo de garantir
um transporte mais seguro para um hospital mais diferenciado e/ou mais adequado à situação.

INTERVENIENTES NO SIEM

- O público;
- Operadores das Centrais de Emergência 112;
- Técnicos dos CODU;
- Agentes da autoridade;
- Bombeiros;
- Tripulantes de ambulância;
- Médicos e enfermeiros;
- Pessoal técnico hospitalar;
- Público em Geral.

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PRINCÍPIOS GERAIS DO SOCORRISMO (PAS)

Como procedimento adequado, o socorrista deve adoptar os princípios gerais do socorrismo, cujas
iniciais formam o acrónimo P.A.S. (Prevenir, alertar e socorrer):

REVENIR

LERTAR

OCORRER

O objectivo primordial da prevenção é a diminuição do número de acidentes ou, na sua impossibilidade,


minimizar as suas consequências.

PREVENÇÃO:

PRIMÁRIA SECUNDÁRIA

Acções a realizar antes de


ocorrer o acidente, tendentes Acções a realizarem após a
a diminuir ou anular a ocorrência do acidente para
probabilidade de ocorrência que este não se agrave.
do mesmo.

O socorrista deve tornar-se O socorrista deve actuar de


num elemento activo na acordo com o tipo de
prática da prevenção acidente, prevendo, ainda, os
eventuais riscos decorrentes
do mesmo.

AFASTAR O PERIGO DA VÍTIMA


OU
AFASTAR A VÍTIMA DO PERIGO

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ALERTAR:

A eficácia da acção depende de duas fases distintas:

DETECÇÃO

Corresponde ao momento em que alguém se apercebe da existência da ocorrência

ALERTA

Corresponde à fase de contacto dos serviços de emergência normalmente através


do 112

OBSERVAR: O local; a vítima


INTERROGAR: Vítima (s); testemunhas HIPÓTESE DE DIAGNÓSTICO

O socorrista deve ter sempre presente que a sua acção, embora fundamental, é
restrita e temporária, devendo ser complementada por socorros especializados.

De forma SIMPLES e CLARA, forneça toda a informação solicitada:

 Qual o tipo de ocorrência;

 O nº de telefone do qual está a ligar;

 A localização exacta e eventuais pontos de referência;

 O número, sexo e idade aproximada das vítimas;

 Alterações e eventuais queixas que observa;

 A possível existência de outras situações que requerem meios de ajuda especiais.

DESLIGUE O TELEFONE APENAS QUANDO O OPERADOR O INDICAR

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SOCORRER

SOCORROS ESSENCIAIS SOCORROS SECUNDÁRIOS

Situações prioritárias, quer na Situações não contempladas pelos


prestação de primeiros socorros quer socorros essenciais; devem ser
na evacuação das vítimas, pois o risco socorridas numa fase posterior, pois
de vida é muito elevado. não aparentam risco de vida. No
São 4 as situações referidas, cujas entanto, as vítimas continuam em
iniciais formam o acrónimo ACHE. vigilância pois o seu estado pode
agravar-se (choque).

Situações Prioritárias:

LTERAÇÕES CÁRDIO-RESPIRATÓRIAS

HOQUE (Ou qualquer outra Inconsciência)

EMORRAGIAS

NVENENAMENTO

SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV)

O SBV traduz-se num conjunto de procedimentos bem definidos e com metodologias padronizadas, ou
seja, um conjunto de atitudes e manobras que contribuam para a preservação da ventilação e
circulação, o tempo necessário para que se possa aplicar o SAV – sistema avançado de vida, efectuado
apenas por pessoal especializado.

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O SBV inclui as seguintes etapas:

 Avaliação inicial
 Manutenção da via aérea permeável
 Ventilação com ar expirado
 Compressões torácicas

A Avaliação das vítimas:

O primeiro passo ao avaliar uma vítima é a procura de condições de risco de vida que exijam cuidados
de emergência:

Observar a Vítima: S Socorrer a vítima e


- Está consciente? I ligar o 112 se
- Responde a questões ou reage? M necessário

NÃO

- Abrir as vias respiratórias S Colocar a vítima em


- Verificar a respiração I PLS e ligar para o 112
- A vítima respira? M para pedir auxílio

NÃO

LIGAR 112

Começar a reanimação
- Adulto: alternar 30 compressões do peito com duas
ventilações.

(continuar até chegar ajuda)

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Abordagem prática da vítima:

Verificação da vítima

Havendo condições de segurança, aproxime-se e verifique se a vítima


responde. Para tal, abane suavemente os ombros e pergunte em voz
alta:

"Está bem? Sente-se bem?".

Se a vítima responde pergunte o que se passou, se tem dores ou ferimentos e se for necessário vá pedir
ajuda. Se a vítima não responde peça ajuda em voz alta. Não abandone a vítima e prossiga a avaliação.

Verificar se a vítima respira

Para verificar se a vítima respira deverá em primeiro lugar colocar a


vítima de costas e fazer a extensão da cabeça e elevação do queixo,
de forma a desobstruir as vias aéreas. Esta manobra deve ser feita
colocando a palma da mão na testa da vítima e dois dedos da outra
mão no queixo, fazendo em simultâneo, extensão da cabeça e
elevação do queixo

Há situações em que a vítima poderá ter feito traumatismo da coluna cervical e nesses casos não deverá
ser feita a extensão da cabeça.

As situações que podem causar traumatismo da coluna cervical são:

 Acidente de viação;
 Quedas, acidentes de mergulho;

 Agressão por arma de fogo.

Depois de "abrir" a via aérea deverá então verificar se a vítima respira. Aproxime-se e procure:

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VER se o tórax da vítima mexe;

OUVIR junto da boca da vítima se há sons provocados pela


respiração;

SENTIR algum ar a sair da boca da vítima;

(Durante 10 segundos)

Quando a vítima respira mas está inconsciente, deve ser colocada numa posição que mantenha a
permeabilidade da via aérea. A esta posição chama-se Posição Lateral de Segurança (PLS).

Se a vítima não respira, peça a alguém que estiver por perto para ligar 112, informando que a vítima se
encontra inconsciente e não respira, indicando também o local correcto onde se encontra a vítima.

Se está sozinho, o reanimador deverá de imediato abandonar a vítima para ligar 112.

São excepções a esta regra:

Nestes quatro casos deverá prosseguir a avaliação e o


 As situações de traumatismos, suporte básico de vida durante um minuto e só depois,
 Afogamento, se estiver sozinho, abandonar a vítima para LIGAR O

 Intoxicação, 112.

 No caso de a vítima se tratar de uma criança.

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Posição Lateral de Segurança

Ajoelhar ao lado da vítima e estender-lhe as duas pernas


Colocar o braço mais próximo do reanimador dobrado ao
nível do cotovelo de forma a fazer um ângulo recto com o
corpo da vítima, ao nível do ombro e com a palma da mão
voltada para cima.

Dobrar o outro braço sobre o tórax de forma a encostar a


face dorsal da mão à bochecha da vítima, do lado do
reanimador. Manter a mão da vítima encostada à
bochecha, com a palma da mão do reanimador, de forma
a controlar o movimento da cabeça.

Ajustar a perna que fica por cima, para que a anca e o joelho
dobrem em ângulo recto.

Mantendo uma mão a apoiar a cabeça puxar a perna, ao


nível do joelho, rolando o corpo da vítima para o lado do
reanimador.

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Se necessário ajustar a mão sob a face da vítima de modo a
manter a cabeça em extensão, confirmando se a vítima
respira bem, isto é, sem fazer ruído.

Posição Lateral de Segurança (PLS), no bebé:

- Pegar no bebé ao colo, com a cabeça inclinada para baixo (evita o engasgamento
com a própria língua bem como a inalação do próprio vómito;
- Verificar os sinais vitais (consciência, pulsação e respiração).

Respiração boca a boca

Se a vítima não respira deverá ser ventilada com ar expirado. Assegure


que a cabeça da vítima está em extensão e o queixo levantado.

Tape o nariz da vítima, pinçando-o entre o polegar e o indicador,


mantendo com a outra mão a elevação do queixo sem fechar a boca da
vítima, Encha o peito com ar, coloque os lábios à volta da boca da
vítima assegurando que não há fugas de ar, e sopre para o interior da
boca da vítima de forma a fazer mover o peito da mesma com a
entrada de ar. A insuflação de ar deve ser lenta (cerca de dois
segundos).

Mantendo sempre o posicionamento da cabeça da vítima, o


reanimador deverá afastar-se da boca da vítima para permitir a saída
do ar. Depois de esperar cerca de quatro segundos, deve repetir-se o
procedimento da insuflação de ar.

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Se houver resistência à entrada de ar ou o tórax da vítima não se elevar com a insuflação de ar poderá
ser por mau posicionamento da cabeça ou existência de um obstáculo à entrada do ar. Reposicionar a
cabeça e retirar objectos visíveis de dentro da boca da vítima e voltar a insuflar o ar. Podem ser feitas
até cinco tentativas para conseguir duas ventilações eficazes, isto é, em que seja observada a expansão
do tórax da vítima.

sinais de circulação

Considera-se que a vítima tem sinais de circulação se apresentar alguns dos seguintes sinais:

 Movimentos,incluindo deglutição, isto é, engolir;


 Respiração;
 Tosse;
 Pulso

Compressões torácicas

Na ausência de sinais de circulação deverá iniciar compressões


torácicas. Para tal confirme se a vítima está deitada sobre uma
superfície plana e dura.

Colocar a base de uma mão no centro do tórax, entre os mamilos;


colocar a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos;

Entrelaçar os dedos, para que a pressão se exerça só com a base das


mãos e não com os dedos sobre as costelas.

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Depois, deverá debruçar-se sobre a vítima mantendo os braços bem
esticados e exercer pressão na vertical sobre o esterno (osso que une a
grelha costal esquerda com a direita, onde tem as mãos apoiadas) de
forma a causar uma depressão de cerca de 5-6 cm.

Aliviar a pressão, sem retirar as mãos, e volte a comprimir. O ritmo das


compressões torácicas deverá ser de 100 por minuto. É essencial
coordenar a ventilação com as compressões, pelo que ao fim de 30
compressões deverá fazer duas ventilações, voltando depois a fazer
mais 30 compressões e assim sucessivamente.

As hipóteses de a vítima de Paragem Cardíaca e Respiratória recuperar a actividade cardíaca só com


técnicas básicas (sem ajuda de técnicas de Suporte Avançado de Vida) são muito reduzidas ou nulas,
sendo essencial que tenha pedido ajuda (112) antes de iniciar SBV.

Se, no entanto, a vítima fizer um movimento ou esboçar movimentos respiratórios, deverá procurar
sinais de circulação, não demorando mais do que dez segundos. Caso contrário não deverá interromper
as manobras de reanimação até à chegada de ajuda especializada.

SBV NA CRIANÇA/ LACTENTE

Criança: 1 ano de idade até à puberdade.


Lactente: do 28º dia de vida até ao 1 ano de idade.

Os socorros a ministrar as crianças devem estar de acordo com as respectivas características anatómicas
e fisiológicas.
Lactentes e crianças que desenvolvem PCR apresentam, frequentemente, doenças respiratórias que
reduzem o nível de O2, o que origina a PCR.
As primeiras assistências devem obedecer a um critério semelhante às indicadas para os adultos com
algumas alterações a nível do algoritmo de suporte básico de vida (SBV), sobretudo a adequação da
técnica ao tamanho menor da criança, com o tórax a dever ser deprimido pelo menos em 1/3 da sua
altura.

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As crianças podem ser reanimadas com sucesso utilizando o algoritmo de adultos.

Técnicas de Ventilação

Realizar Ventilação “Boca-a-boca-e-nariz” (método preferível) e/ou “Boca-a-boca”.


Insuflações iniciais: devem ser efetuadas 5 insuflações (cerca de 1 segundo cada) mantendo a VA
permeável.
Quantidade de ar para as ventilações (fornecer somente o ar suficiente para elevar o tórax da vítima).

Compressão torácica

Devem estar de acordo com o tamanho e características do corpo (deprimir 1/3 a ½ da altura do tórax).
Compressões torácicas com apenas uma das mãos em crianças muito pequenas.
Em lactentes utilizar a técnica do abraço com dois polegares (as mãos do reanimador são posicionadas
de modo a envolver o tórax do lactente e apoiar o dorso), ou técnica com dois dedos (trace uma linha
imaginária entre os mamilos, posicionando 2 dedos sobre o esterno, imediatamente abaixo dessa
“linha”).

Criança Lactente

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SBV PEDIATRICO

Pôr em primeiro lugar


CONDIÇÕES DE SEGURANÇA NÃ a segurança do
Início
O socorrista e afastar
possíveis perigos

SIM

Observar a Vítima: S Socorrer a vítima e


- Está consciente? I ligar o 112 se
- Responde a questões ou reage? M necessário

NÃO

- Gritar e pedir ajuda


- Abrir as vias respiratórias S Colocar a vítima em
- Verificar a respiração I PLS e ligar para o 112
- A vítima respira normalmente? M para pedir auxílio

NÃO

5 Insuflações iniciais

Pesquisar sinais de vida

NÃO

SBV (1 MINUTO)

SBV

15 : 2

(continuar até chegar ajuda)

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DESOBSTRUÇÃO NA VIA AÉREA

A Obstrução da Via Aérea – OVA, é uma emergência absoluta que se não for reconhecida e resolvida
leva à morte em minutos.

Uma das formas mais frequentes de obstrução da via aérea é a resultante de uma causa “extrínseca‟ à
via aérea alimentos, sangue ou vómito.

A água não actua como corpo estranho‟ pelo que não estão indicadas manobras de desobstrução da via
aérea em vítimas de afogamento.

Podem ocorrer situações de obstrução da via aérea por edema (inchaço) dos tecidos da via aérea como
por exemplo no caso de uma reacção alérgica ou uma inflamação da epiglote (epiglotite) sendo esta
última mais frequente nas crianças - obstrução patológica.

Obstrução Ligeira

Na obstrução ligeira ainda existe a passagem de algum ar a vítima começa por tossir, ainda consegue
falar e pode fazer algum ruído ao respirar.
Enquanto a vítima respira e consegue tossir de forma eficaz o socorrista não deve interferir, devendo
apenas encorajar a tosse, vigiar se a obstrução é ou não resolvida e se a tosse continua a ser eficaz.
Obstrução Grave

Na obstrução grave já não existe passagem de ar na via aérea (geralmente obstrução total), a vítima não
consegue falar, tossir ou respirar, nem emite qualquer ruído respiratório.
Poderá demonstrar grande aflição e ansiedade e agarrar o pescoço com as duas mãos. É necessário
actuar rapidamente, se a obstrução não for resolvida a vítima poderá ficar inconsciente e morrer.

No caso de obstrução grave da via aérea causada por corpo estranho, deve começar por tentar a
desobstrução da via aérea com aplicação de pancadas inter-escapulares e, no caso de insucesso, tentar
então compressões abdominais (manobra de Heimlich)

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Técnica para aplicação de pancadas inter-escapulares:

 Coloque-se ao lado e ligeiramente por detrás da vítima, com uma das pernas encostadas de
modo a ter apoio;
 Passe o braço por baixo da axila da vítima e suportá-la a nível do tórax com uma mão,
mantendo-a inclinada para a frente, numa posição tal que se algum objecto for deslocado com
as pancadas possa sair livremente pela boca;
 Aplique pancadas com a base da outra mão, na parte superior das costas, ao meio, entre as
omoplatas, isto é, na região inter-escapular;
 Cada pancada deverá ser efectuada com a força adequada tendo como objectivo resolver a
obstrução;
 Após cada pancada deve verificar se a obstrução foi ou não resolvida, aplicando até 5 pancadas
no total.

X5

Se a obstrução não for resolvida com a aplicação das pancadas inter-escapulares, deve passar à
aplicação de compressões abdominais - Manobra de Heimlich.

Esta manobra causa uma elevação do diafragma e aumento da pressão nas vias aéreas, com a qual se
consegue uma espécie de “tosse artificial‟, forçando a saída do corpo estranho.

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Técnica para Execução da Compressões Abdominais (Manobra de Heimlich):

 Coloque-se por trás da vítima, com uma das pernas entre as pernas daquela;
 Coloque os braços à volta da vítima ao nível da cintura;
 Feche uma das mãos, em punho, e coloque a mão com o polegar encostado ao abdómen da
vítima, na linha média um pouco acima do umbigo e bem afastada do apêndice xifóide;
 Com a outra mão agarre o punho da mão colocada anteriormente e puxe, com um movimento
rápido e vigoroso, para dentro e para cima na direcção do reanimador;
 Cada compressão deve ser um movimento claramente separado do anterior e efectuado com a
intenção de resolver a obstrução;
 Repita as compressões abdominais até 5 vezes, vigiando sempre se ocorre ou não resolução da
obstrução e o estado de consciência da vítima.

A manobra de Heimlich só deve ser aplicada a vítimas de obstrução da via aérea conscientes.

Deve repetir alternadamente 5 pancadas inter-escapulares e 5 compressões abdominais até à


desobstrução ou até a vítima ficar inconsciente.

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Existem duas excepções à aplicação da manobra de Heimlich na vítima adulta:

 Grávidas no final da gravidez;


 Vítimas francamente obesas.

Nestas duas situações aplica-se a técnica de compressões torácicas.


Vítima Inconsciente

No caso de uma vítima de obstrução da via aérea ficar inconsciente durante a tentativa de desobstrução
da via aérea o reanimador deve iniciar SBV, pesquisando a cavidade oral antes de efectuar as insuflações

Obstrução da Via Aérea no bebé:

 Observar a boca do bebé (nunca varrer);


 Deitar o bebé para baixo (ao longo do braço);
 Apoiar o corpo e a cabeça;
 Dar 5 palmadas nas costas do bebé (entre as omoplatas).

No caso de a obstrução persistir, verificar a boca do bebé:

 Virar o bebé para cima (pousado no braço);


 Remover eventual obstrução evidente.

Se continuar o engasgamento:

 Colocar dois dedos sobre a metade inferior do esterno do bebé (abaixo da linha dos mamilos);
 Efectuar 5 compressões para dentro e para cima (ao ritmo de uma para casa 3 segundos);
 Voltar a observar a boca do bebé.

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Mantendo-se a situação inicial de engasgamento, repetir o processo três vezes. Se a obstrução se
mantiver, levar o bebé e ligar para o 112.
Continuar a sequencia até à chegada de ajuda, a obstrução sair ou o bebé ficar inconsciente, neste caso,
inicie SBV.

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EMERGÊNCIAS MÉDICAS

Dificuldade Respiratória /Asma:

Sendo uma doença comum, a asma encontra-se cada vez mais disseminada na população jovem como
consequência da deterioração das condições ambientais. Caracteriza-se por uma afecção do aparelho
respiratório e pode ser desencadeada por vários estímulos, caso das reacções alérgicas ou infecções. A
asma constitui uma preocupante emergência médica, uma vez que há uma redução na oxigenação da
vítima.

Sintomas e Sinais:
- Dificuldade em falar e respirar;
- Expiração sibilante e ruidosa;
- As mucosas e pele apresentam cor azulada ou acinzentada;
- Veias do pescoço distendidas;
- Tosse persistente;
- Ansiedade e agitação.

Como actuar:

 É fundamental que quem presta auxílio mantenha a calma;


 Retirar o doente do ambiente que originou a crise;
 Procurar utilizar uma bomba para asmáticos;
 Colocar a vítima numa posição cómoda, sentado ou semi-sentado, de modo a facilitar
a respiração;
 Ligar o 112;
 Em caso de melhorias, providenciar para que vítima seja sempre vista por um médico.

Hemorragias

As lesões com subsequente hemorragia requerem uma atenção especial; uma perda de sangue é
sempre uma situação de risco que pode resultar na morte da vítima. As hemorragias ocorrem quando se
dá uma ruptura de algum vaso sanguíneo e podem classificar-se de diferentes formas consoante a sua
localização e origem.

Quanto à proveniência, podem ser:

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 Hemorragia Arterial: resultante da ruptura de uma artéria, muito abundante e de
difícil controlo. O sangue é vermelho vivo e sai em jactos conforme as contracções do
coração.
 Hemorragia Venosa: resultante da ruptura de uma veia, com fluxo contínuo e lento,
sendo mais fácil de controlar. O sangue é de cor vermelho-escuro.
 Hemorragia Capilar: resultante da ruptura de minúsculos vasos capilares. É de fácil
controlo e pode parar por si só.

Quanto à localização:

 Hemorragia Externa: podem ser observadas, identificadas e acompanhadas, evidente


saída de sangue para o exterior.
 Hemorragia Interna visível: Saída de sangue por orifícios naturais do organismo, nariz,
ouvidos, cavidade oral, etc.
 Hemorragia Interna Invisível: o reconhecimento e identificação é muito difícil,
correndo-se o risco da sua progressão até ao estado de choque, normalmente
resultante de acidentes, quedas.

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Sinais de hemorragia interna:

LOCAL ASPECTO DO SANGUE CAUSA DA PERDA DE SANGUE


Expectoração de sangue vermelho vivo Hemorragia nos pulmões
e espumoso
BOCA
Vómito de sangue vermelho escuro, Hemorragia no sistema digestivo
género “borras de café”

Lesão do ouvido interno ou externo; perfuração do


Sangue fresco vermelho vivo
tímpano
OUVIDOS
Derrame de líquido cefalorraquidiano após
Sangue fino e aguado
traumatismo craniano

Ruptura de vaso sanguíneo na narina


Sangue fresco vermelho vivo
NARIZ
Derrame de líquido cefalorraquidiano após
Sangue fino e aguado
traumatismo craniano

Hemorróidas
Sangue fresco vermelho vivo
Lesão no ânus ou no intestino grosso
ANUS
Fezes negras, com cheiro desagradável Doença ou traumatismo no estômago ou no intestino
(melena) delgado.

Urina avermelhada ou turva e por Hemorragia na bexiga, nos rins ou na uretra


URETRA
vezes com coágulos

Menstruação; aborto espontâneo, gravidez ou parto


VAGINA Sangue fresco ou escuro
recente; doença ou lesão na vagina ou no útero

Actuação nas Hemorragias Externas:

O controlo das hemorragias pode ser obtido através da aplicação das seguintes técnicas:
 Compressão manual directa;
 Aplicação fria;
 Elevação do membro
 Compressão manual indirecta ou à distância;
 Garrote.

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Compressão manual directa

Fazer compressão directamente sobre a lesão que sangra, utilizar compressas ou um pano limpo para
auxiliar. Caso o primeiro pano ou primeiras compressas fiquem cheias de sangue, colocar outras por
cima sem nunca retirar as primeiras.

Esta técnica, apesar de eficaz, não deve ser aplicada quando se está perante as seguintes situações:

• Ferida com objecto empalado;


• Ferida associada a fracturas.

Compressão manual indirecta ou à distância

Esta técnica aplica-se quando não é possível efectuar a compressão manual directa e consiste em fazer
compressão num ponto entre o coração e a lesão que sangra.
Exemplo: para uma hemorragia no membro inferior fazer pressão na artéria femoral, na região da
virilha.

29
MUITO IMPORTANTE – a opção pela compressão femoral vem limitar a actuação do socorrista:

 Se estiver acompanhado - manter a pressão até à chegada de assistência médica, entretanto


solicitada por terceiros;
 Se estiver sozinho – o socorrista está limitado: não pode largar a compressão nem efectuar o
necessário alerta.

A possibilidade do garrote:

A utilização do garrote será a solução mais viável para a situação em que o socorrista está sozinho, e
será usada em ultimo recurso. No entanto, a adopção desta solução requer cuidados especiais, quer em
termos de aplicação quer de situação:

O garrote é autorizado quando:

 O socorrista tem de ir dar o alerta;


 No caso de haver numerosas vítimas;
 Quando um membro está completamente seccionado.

Cuidados ao aplicar o garrote:

Aplica-se acima do joelho ou do cotovelo (nunca noutro sítio)

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O socorrista deve:

 Utilizar uma ligadura larga e sólida e nunca estrita ou elástica que possa provocar o
rasgar da carne;
 Apertar até à paragem da hemorragia.

ATENÇÃO: o garrote corta completamente a circulação pelo que se não for retirado ao cabo de 4 horas,
o membro garrotado corre o risco de ser amputado. O ideal será marcar a hora do garrote num papel ou
mesmo no vestuário da vítima, nunca tapando o garrote no caso cobrir a vítima com um cobertor.

Para se obter resultados mais rápidos podem associar-se às técnicas referidas anteriormente os
seguintes procedimentos:
 Aplicação de frio – A aplicação de frio vai fazer com que os vasos se contraiam reduzindo a
hemorragia. No entanto, a sua aplicação requer cuidados. Por isso deve proceder-se da
seguinte forma:
 Quando se utilizar gelo, envolvê-lo num pano limpo ou em compressas e depois
colocá-lo sobre a lesão;
 Fazer aplicações por períodos de tempo não superiores a 10 minutos.
 Elevação do membro – Este método consiste em utilizar a força da gravidade para reduzir a
pressão de sangue na zona da lesão.

No caso da hemorragia interna devem ser aplicados, os seguintes cuidados:

 Não deixar o doente efectuar qualquer movimento;


 Se o sangue sai pelos ouvidos, neste caso particular, colocar somente uma compressa para
embeber;
 Aplicar frio sobre a zona da lesão;
 Manter o doente quente;

31
Intoxicações:

Em caso de potencial intoxicação, o socorrista deve dar toda a atenção aos pormenores que possam
indiciar o tipo de tóxico, o tipo de vítima e das condições de intoxicação. A recolha de dados deve ser
efectuada tendo em conta as seguintes questões:

 Quem?
 Quando?
 O quê?
 Onde?
 Quanto?
 Como?

A identificação da substância tóxica é fundamental para que o socorro possa ser efectuado de forma
adequada e também para que, ao ligar o 112, os profissionais de emergência possam indicar qual a
melhor forma de agir até à chegada do pessoal médico.

Formas de entrada do tóxico no organismo:


- Via Respiratória: geralmente ocorre com a inalação de gases ou de vapores;
- Via Digestiva: acontece com a ingestão de produtos tóxicos;
- Via Ocular: geralmente por acidente, quando um jacto atinge os olhos;
- Via Parentérica: a forma mais comum é a injecção, causado por erro terapêutico,
- Via Cutânea: geralmente por contacto com a pele.

Para um socorro imediato a uma intoxicação, convém ter um conhecimento da provável quantidade de
tóxico envolvido, do tipo de tóxico e da provável hora em que aconteceu a intoxicação.

Como actuar:

A actuação irá depender da forma de contacto da vítima com o tóxico:

 Via Respiratória:
- Remover o intoxicado do ambiente contaminado;
- Retirar as roupas contaminadas;
- Manter a vítima aquecida;
- Até chegada de pessoal especializado, seguir as indicações da central de
emergência (112).

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 Via Digestiva:
- Colocar a vítima em posição confortável;
- Nunca provocar o vómito;
- Manter a vítima aquecida;
- Até chegada de pessoal especializado, seguir as indicações da central de
emergência (112) ou do CIAV.

 Via Ocular:
- Colocar a vítima em posição confortável;
- Manter a vítima aquecida;
- Lavar o olho (olhos) com água corrente, mantendo as pálpebras afastadas
durante 10 a 20 minutos,
- Até chegada de pessoal especializado, seguir as indicações da central de
emergência (112) ou do CIAV.

 Via Parentérica:
- Neste caso, a actuação baseia-se essencialmente na recolha de informação
acerca do tóxico e da evolução do estado da vítima.

 Via Cutânea:
- Retirar eventuais roupas contaminadas;
- Lavar a zona do corpo atingida, com água corrente, durante 15 a 20 minutos;
- No caso de pesticidas, óleos, petróleos ou derivados, lavar abundantemente
a zona atingida com água e sabão.
- Colocar a vítima em posição confortável;
- Até chegada de pessoal especializado, seguir as indicações da central de
emergência (112) ou do CIAV.

33
QUEIMADURAS

As queimaduras são lesões da pele resultantes do contacto com o calor, agentes químicos ou radiações.
Podem, em alguns casos, ser profundas, atingindo músculos ou mesmo estruturas ósseas.
Devido à sua particularidade, será apenas abordada a queimadura provocada pelo calor.

Classificação das queimaduras

As queimaduras classificam-se em relação a:

• Extensão – dimensão da área atingida (quanto maior for a área atingida maior será a gravidade);
• Profundidade – grau de destruição dos tecidos.

a) Avaliação da queimadura em relação à profundidade

A classificação das queimaduras em relação à profundidade é efectuada em graus.

1.º Grau – Trata-se de uma queimadura sem gravidade em que apenas foi atingida a primeira camada
da pele. Trata-se de uma queimadura em que a pele apresenta-se vermelha, sensível e dolorosa.

2.º Grau – Trata-se de uma queimadura em que já é atingida a primeira (epiderme) e segunda (derme)
camada da pele. Caracteriza-se por ser dolorosa e apresenta flictenas (bolhas).

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3.º Grau – Trata-se de uma queimadura em que existe a destruição da pele e de outros tecidos
subjacentes. Caracteriza-se por se apresentar com uma cor castanha ou preta (tipo carvão). O doente,
na maioria dos casos, não refere dor devido ao facto de existir destruição dos terminais nervosos
existentes na pele , responsáveis pela transmissão de informação de dor ao cérebro.

Actuação

Os perigos de uma queimadura são a infecção e a dor. Por este motivo, a actuação é condicionada a este
dois factores. Quando na presença de uma queimadura provocada pelo calor, actuar da seguinte forma:
• Acalmar o doente;
• Ter em atenção a via aérea;
• Limpar a zona queimada, retirando a roupa existente. A roupa que se encontrar agarrada deve ficar;
• Lavar a zona queimada com soro fisiológico ou água;
• Tapar a zona com um penso humedecido e esterilizado;
• Nas zonas articulares (mãos, pés, etc.) proteger as zonas de contacto.

ATENÇÃO
• Aquando do tratamento das queimaduras utilizar somente material esterilizado;
• Quando na presença de uma queimadura provocada por um agente químico, lavar abundantemente a
zona atingida e nunca tapar.
• Não utilizar qualquer tipo de gorduras. Estas contribuem para o aumento da temperatura e da
infecção.

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Traumatismos:

Os traumatismos resultam da acção de grandes forças, típicas de quedas,


pancadas, ou outras situações semelhantes.

Principais lesões:

a) Lesões da cabeça;
b) Lesões dos dedos;
c) Lesões dos tecidos moles;
d) Lesões do nariz;
e) Cortes e arranhões;
f) Lesões com Hemorragia

A) Lesões na cabeça:

Normalmente as lesões da cabeça são bastante frequentes, sendo que as pancadas fortes carecem
de atenção especial, pois os sintomas de uma lesão deste tipo podem manifestar-se apenas
algumas horas mais tarde.

Deve-se ligar o 112 sempre que:


- Exista perda de consciência (mesmo que pouco tempo);
- Haja vómitos;
- A vítima apresente respiração ruidosa ou ressonar estranho;
- A vítima estiver sonolenta ou com falta de coordenação;
- Tiver dores de cabeça, muito tempo depois da pancada;
- Sangrar muito ou existir saída de sangue ou líquido do nariz, boca ou ouvidos.

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Como actuar:

 No caso de apresentar equimoses na cabeça, aplicar compressas ou pano limpo,


embebidos em água corrente, ou um saco com gelo embrulhado num pano limpo;
 - No caso de existir sangue, efectuar pressão sobre
o ferimento, utilizando uma compressa ou pano
limpo, até parar de sangrar;
 - Controlar a fluxo sanguíneo e eventuais sintomas
 estranhos nas 24 horas subsequentes.

B) Lesões nos tecidos moles:

As lesões dos tecidos moles referem-se à pele e camadas musculares adjacentes. As lesões podem ser
de dois tipos:

1 - Lesões Abertas:
- Escoriações: lesões superficiais (arranhões e esfoladelas) que sangram pouco mas são
dolorosas e costumam conter sujidade;
- Feridas incisivas: lesões geralmente provocadas por objectos cortantes (golpes e
feridas);
- Feridas perfurantes: lesões geralmente provocadas por instrumentos que actuam em
profundidade (balas, agulhas, paus, etc.).

Este tipo de lesão (aberta) costuma estar associado a uma hemorragia, a qual deve ser previamente
controlada.

Como actuar:

 Lavar toda a zona com água ou soro fisiológico;


 Tapar a ferida com compressas ou pano limpo para estancar eventuais hemorragias;
 Existindo objectos empalados, nunca retirar e optar pela sua imobilização;
 Ligar o 112.

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2 - Lesões Fechadas:
- Equimoses: vulgarmente conhecidas por nódoas negras;
- Hematomas: ocorrem quando existe uma lesão em vasos sanguíneos de maior
calibre.

Este tipo de lesão é muito dolorosa, causam edema (inchaço) e hemorragias internas.

Como actuar:

 Nas equimoses deve aplicar-se frio (gelo) para diminuir o inchaço, a hemorragia e a dor;
 Nos hematomas, além da aplicação do frio, é fundamental a imobilização da zona afectada.

Ligar o 112 sempre que:


- Exista um corte profundo ou irregular;
- Hemorragia abundante;
- Corpo estranho alojado no ferimento;

Aplicação de ligadura em volta de um corpo estranho:

 Nunca retirar o corpo estranho;


 Colocar uma compressa em volta do corpo estranho;
 Nunca efectuar qualquer tipo de pressão no corpo estranho;
 Fixar a compressa com a ligadura, dando voltas acima e abaixo do corpo estranho;
Continuar a aplicar as ligaduras com voltas cruzadas, afastando-a gradualmente do corpo estranho, de
dentro para fora

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Fracturas:

Uma fractura é uma ruptura na continuidade de um osso, resultante de uma força exterior. As fracturas
podem ser:

Fechadas – neste tipo de fractura a pele mantém-se intacta;


Expostas – este tipo de fractura caracteriza-se pelo rompimento da pele com exposição do
osso.
As mais graves são as expostas, pelo que requerem cuidados imediatos e transporte urgente para o
hospital.

Sintomas e Sinais:
- Dor muito forte no local da lesão;
- Inchaço e pele arroxeada;
- Grande dificuldade de movimentos;
- Falta de força;
- Deformação ou encurtamento do membro lesionado.

Como actuar:

 Expor a zona afectada, retirando vestuário, calçado, etc.;


 Colocar a vítima numa posição confortável;
 Evitar mexer demasiado no local lesionado;
 Controlar eventuais hemorragias;
 Imobilizar a articulação ou osso afectado (se houver segurança na acção);
 Aplicar gelo de forma a diminuir o inchaço e a dor.

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Para além do referido anteriormente, existem procedimentos que o socorrista nunca deve efectuar em
presença de fracturas:

 Encaixar extremidades de osso partido;


 Tentar recolocar o osso no lugar;
 Empurrar para dentro os ossos de uma fractura exposta;
 Apertar demasiado eventuais imobilizações, dificultando a circulação;
 Mexer demasiado a vítima antes da imobilização da fractura.

Entorses e Luxações:

Entorse: ruptura ou distensão que ocorre nos ligamentos das extremidades ósseas das articulações.

Luxações: deslocação permanente das superfícies articulares, ou seja, a deslocação de um ou vários


ossos para fora da posição normal, dentro da articulação.

Sintomas e sinais:
- Dor gradual com perda de força;
- Incapacidade de movimento;
- Inchaço da zona afectada;
- Equimose na zona do traumatismo (cor azulada);
- Possível deformação da articulação.

Como actuar:

 Controlar eventuais hemorragias;


 Prevenir a imobilização da vítima;
 Colocar a vítima numa posição confortável;
 Colocar o membro afectado em repouso;
 Envolver, com cuidado, a zona lesionada;
 Aplicar gelo (por cima da ligadura);
 Ligar o 112, ou levar a vítima ao hospital

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Dor Torácica

Sinais e sintomas que podem indicar uma dor de origem cardíaca


Dor torácica tipo:
• «Facada»;
• Opressão;
• Esmagamento;
• Aperto.
Dor que pode irradiar para o membro superior esquerdo, pescoço e
mandíbula. Esta dor pode ainda ser acompanhada de:
• Náuseas ou vómitos;
• Alterações do ritmo cardíaco;
• Sensação de desmaio;
• Dificuldade em respirar.

Perante estes sinais e sintomas:

• Não deixar o doente efectuar qualquer esforço;


• Colocar o doente numa posição confortável;
• Identificar se é o primeiro episódio, se existem doenças anteriores e se faz medicação;
• Ligar 112 e responder com calma às perguntas que são feitas, fornecendo as informações recolhidas
anteriormente;
• Aguardar pelo socorro.
CONVULSÕES

A convulsão deve-se a uma alteração neurológica que pode ter várias causas. As mais frequentes estão
associadas a epilepsia ou a febre, no caso das crianças.
A epilepsia é uma doença neurológica crónica que provoca, ao nível do cérebro, descargas eléctricas
desorganizadas. Estas provocam, em alguns casos, movimentos musculares involuntários e exuberantes,
normalmente descritos como um «estrebuchar», ou seja, uma convulsão. As crises convulsivas
normalmente são de curta duração (1 ou 2 minutos) e, devido ao facto de serem em alguns casos
violentas, podem provocar ferimentos no doente já que este pode embater descontroladamente em
objectos existentes em seu redor.
Os sinais e sintomas que podem ajudar a identificar uma convulsão podem ser organizados em três
fases:

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1.º Antes da convulsão o doente pode ficar parado, como ausente, começando a ranger os dentes.
Muitos doentes referem sentir um cheiro ou ver luzes coloridas;

2.º Normalmente o doente grita e cai subitamente, começando a cerrar com força os dentes e
mexendo-se descontroladamente. Neste caso, o doente poderá ficar cianosado (cor azulada/cinzenta da
pele) devido ao facto de ocorrerem períodos curtos em que ocorre a suspensão da respiração e poderá
salivar abundantemente, o que pode ser identificado
pelo «espumar pela boca»;

3.º A crise termina e o doente apresenta-se inconsciente, recuperando lentamente a consciência.


Normalmente apresenta-se confuso e agitado e não se lembra do que aconteceu. É normal ocorrer
mordedura da língua, mas na generalidade sem gravidade.

A actuação para estas situações deve passar pelas seguintes fases:

1.º Fase de pré-crise:


• Deitar o doente;
• Afastar os objectos em redor do doente.

2.º Durante a crise convulsiva:


• Manter a calma;
• Não segurar o doente nem tentar prender os seus movimentos;
• Não colocar nada na boca do doente;
• Proteger a cabeça do doente e afastar possíveis objectos a fim de evitar o contacto;
• Esperar que a crise passe.

3.º Após a crise convulsiva:


• Colocar o doente deitado de lado;
• Ligar 112 e transmitir a informação recolhida:
• Aguardar pelo socorro.

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ASPECTOS PRÁTICOS

DESLOCAR VÍTIMAS ACIDENTADAS/ TRAUMA

Como um primeiro impulso de um popular improvisado em socorrista é o querer agir de imediato, a


tomada de atitudes e procedimentos visando o auxílio, frequentemente termina em agravamento das
vítimas.

Regra geral, e de acordo com os princípios gerais de primeiros socorros, existem apenas 4 situações de
emergência em que a vítima deve ser rapidamente afastada do perigo:

 Quando a vítima se encontra dentro de água e em risco eminente de afogamento;


 Quando a vítima está numa área a arder ou a encher rapidamente de fumo;
 Quando uma vítima está perto ou no interior de um edifício ou estrutura em risco de ruir;
 Quando a vítima está em perigo de bombardeamento ou tiroteio.

Nos casos em que se afigura necessário deslocar algumas das vítimas, em segurança, o socorrista terá
sempre de ponderar três aspectos práticos fundamentais:

 Avaliação do risco inerente ao deslocar;


 Planear cuidadosamente a operação;
 Adoptar o método correcto.

Casos Práticos:

Existem algumas situações de socorro em que a atitude a tomar e respectivos procedimentos


subsequentes de remoção de acidentados devem estar presentes na acção de um eventual socorrista,
muito para além dos sentimentos imediatos.

Deslocação de vítimas em caso de incêndio:

Vejamos o caso característico quando existe a possibilidade de um veículo arder:


A própria situação de possibilidade de incêndio com vítimas dentro do veículo, origina uma grande
disparidade de sentimentos, algo muito próximo entre o desespero e a vontade de ajudar. Convém que
o potencial socorrista tenha em atenção a determinados pormenores antes de agir:

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 Se da capota do veículo estiver a sair fumo branco, não se deve ficar alarmado pois é tão-
somente o resultado de uma fuga no circuito de refrigeração, o que não representa risco
algum;
 Um cheiro a queimado, o acender desordenado dos indicadores do tablier, fumo negro no
habitáculo ou chamas provenientes do motor, indiciam um começo de incêndio;
 Se não possuir extintor, então verifica-se a situação em que é permitido a remoção da vítima
pois de facto decorre uma situação iminente de risco de vida.

Para retirar o ferido deve:

- Desligar o veículo, soltar o cinto de segurança e os pés da vítima, frequentemente presos nos
pedais.

Desligue a ignição mesmo


que o motor não esteja a
trabalhar

Se sentir resistência ao
puxar a vítima verifique se
os pés estão presos.

- Bloquear a cabeça segurando os maxilares, pegando pela cintura;

- Retirar o ferido do veículo mantendo o mais direito possível o eixo cabeça/tronco.

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Posição Correcta:

Poderá ainda existir a possibilidade de incêndio e as vítimas se encontrarem demasiado perto do


veículo, ou em casos excepcionais, debaixo dele. Neste caso a remoção está autorizada por se
considerar existir perigo iminente, tendo o cuidado de:

Pegar pelos calcanhares da vítima e depois arrastá-la mantendo-lhe as pernas, o mais perto possível do
chão, sempre com atenção ao eixo cabeça/tronco.

Técnicas de remoção de vítimas:

Como tem sido referenciado, apenas em casos excepcionais se deve remover uma vítima de acidente.
Existem, porém, situações em que a vítima se encontra demasiado abalada e tenha de ser ajudada a
deslocar-se, ou situações de auxílio e apoio solicitado pelo pessoal de emergência médica. Nestes casos,
o socorrista deve colaborar tornando-se fundamental o conhecimento de algumas técnicas de
transporte. Uma vítima deve ser deslocada preferencialmente em maca; em caso de situações menos
gravosas, pode ser utilizada outra técnica, com um ou dois socorristas:

Transporte com um socorrista:

- A braços: - Às costas: - À salva-vidas

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- À bombeiro: - Encosto e prisão: - Por rastejamento:

Transporte com dois socorristas:

- A braços: - A dorso e pernas:

- Com cadeira: - Cadeirinha de mãos:

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RISCOS PARA O SOCORRISTA:

A tomada de decisão de prestar auxílio é caracterizada, por norma, pela inobservância da tomada de
precauções decorrentes da solicitude do próprio acto; o ajudar pressupõe rapidez mas também a
consciencialização do risco.

RISCOS

Ambientais Tóxicos Infecciosos

Riscos Ambientais:

Corrente De Alta Voltagem

O contacto com cabos de alta tensão é, geralmente, fatal: para além de queimaduras
graves, o espasmo muscular subsequente projecta a vítima, causando lesões e fracturas
adicionais.

A electricidade de alta
voltagem pode saltar
em arco até uma
distância de 18 metros
18 m 18 m

A vítima ficará inconsciente pelo, logo que seja seguro, deve-se abrir as vias aéreas e verificar a
respiração.

Em caso de relâmpago, afastar eventuais vítimas do local o mais rapidamente possível.

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Corrente De Baixa Voltagem

No caso de baixa voltagem, o importante é quebrar o contacto entre a vítima e a fonte de electricidade,
tendo sempre em atenção:

 Não mexer na vítima se ainda estiver em contacto com a corrente eléctrica, pois existe o risco
de ficar electrocutado;
 Não usar nenhum objecto metálico para afastar a fonte de corrente; use um objecto de
madeira e apoie-se num material isolante e seco;
 No caso da vítima não respirar, estar a postos para efectuar reanimação.

Riscos Tóxicos:

Estes riscos têm predominantemente a ver com a presença de produtos químicos ou matérias perigosas.
Algumas medidas de precaução devem ser tomadas, nomeadamente:

 Evitar o contacto com essas substâncias.


 Tentar identificar o produto e sua forma de apresentação.
 Cumprir as medidas universais de protecção, isto é, actuar apenas com luvas, bata, máscara e
óculos.

Identificação de Símbolos:

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Riscos Infecciosos:

Com as recentes preocupações relacionadas com a contaminação e possibilidade de


transmissão de infecções entre as vítimas e os socorristas, quer pelo vírus do HIV
quer pela hepatite B, torna-se imperioso o cumprimento de todas as medidas de
protecção.

Atendendo a que o sangue é o principal veículo de contágio, os cuidados específicos


reportam-se à utilização de luvas e nalguns casos de máscaras.

Estes riscos têm predominantemente a ver com a presença de produtos químicos ou matérias perigosas.
Algumas medidas de precaução devem ser tomadas, nomeadamente:

 Evitar o contacto com essas substâncias;


 Tentar identificar o produto e sua forma de apresentação;
 Cumprir as medidas universais de protecção, isto é, actuar apenas com luvas, bata, máscara e
óculos.

TENHA SEMPRE PRESENTE:

LIGUE

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