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ASSISTÊNCIA DO TÉCNICO EM

ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO
PRÉ - HOSPITALAR
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
DE NÍVEL MÉDIO EM ENFERMAGEM
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 03
1. ACIONAMENTO DOS SERVIÇOS DE ATENDIMENTO
04
PRÉ-HOSPITALAR
2. GESTÃO DO PACIENTE DO APH 08
3. RECONHECIMENTO DA SEGURANÇA DA CENA NO APH 10
4. PRINCÍPIOS DOURADOS 14
5. CINEMÁTICA DO TRAUMA 21
6. SUPORTE DE VIDA NO TRAUMA 28
7. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DO TRAUMA 31
8. TRAUMA DE TÓRAX 35
9. TRAUMA ABDOMINAL 38
10. TRAUMA GERIÁTRICO 40
11. GESTÃO DE DESASTRES: FUNÇÃO DO TÉCNICO EM
41
ENFERMAGEM
REFERÊNCIAS 42
CONTATOS 43
Ficha Técnica
Este material foi elaborado pela equipe do Programa Pós-Tec Enfermagem,
executado em parceria entre o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) e a
Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Presidente do Cofen
Profa.Dra. Betânia Maria Pereira dos Santos

Autoria
Prof. Dra. Khelyane Mesquita de Carvalho
Profa. Dra. Angela Amorim de Araújo
Profa. Dra. Verbena Santos Araújo
Profa. Dra. Anne Karoline Candido Araújo
Profa. Dra. Aurilene Josefa Cartaxo de Arruda Cavalcanti
Profa. Dra. Fabíola Fialho Furtado Gouvêa
Profa. Dra. Maria Soraya Pereira Franco Adriano

Colaboração
Profa. Dra. Andréa Mendes Araújo
Profa. Dra. Anna Cláudia Freire de Araújo Patrício
Profa. Dra. Fernanda Maria Chianca da Silva
Profa. Dra. Ivanilda Lacerda Pedrosa
Profa. Dra. Marcella Costa Souto Duarte
Profa. Dra. Márcia Rique Carício
Profa. Dra. Rebeka Maria de Oliveira Belo

Coordenação do Programa Pós-Tec Enfermagem


Profa. Dra. Anne Karoline Candido Araújo
Profa. Dra. Fabíola Fialho Furtado Gouvêa
Profa. Dra. Maria Soraya Pereira Franco Adriano
Profa. Dra. Aurilene Josefa Cartaxo de Arruda Cavalcanti

Coordenação do Curso Urgência e Emergência/APH


Profa. Dra. Angela Amorim de Araújo
Profa. Dra. Verbena Santos Araújo

Diagramação e Projeto Gráfico


Ruben Gabriel de Carvalho Fontes da Silva

Assessoria Pedagógica
Emília Cristina Ferreira de Barros

Revisão Textual
Isaac Newton Cesarino da Nóbrega Alves

Imagens
pexels.com | pixabay.com | unsplash.com | freepik.com
ASSISTÊNCIA DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Apresentação
Olá! Seja bem-vindo (a)!
Este é o e-book da disciplina “ASSISTÊNCIA DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM NO
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR”. O presente material tem por objetivo trazer
informações mais completas e atualizadas acerca de temas importantes para aprimorar
sua rotina de trabalho no contexto da urgência e emergência.
A partir de agora mergulharemos numa doce aventura para relembrar a importância
do Atendimento Pré-Hospitalar (APH), seus objetivos, seus princípios e sua
operacionalização.

Então vamos lá!


ASSISTÊNCIA DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM NO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

1. ACIONAMENTO DOS SERVIÇOS DE ATENDIMENTO


PRÉ - HOSPITALAR
Para iniciarmos o nosso conteúdo, precisamos entender o que é o serviço pré-
hospitalar. Este serviço refere-se ao atendimento que é feito antes mesmo do paciente
chegar ao hospital, ou seja, o atendimento fora do ambiente hospitalar. Isso ocorre
porque independente dos primeiros socorros já estarem sendo realizados ou não, faz-
se necessário a avaliação de um profissional especializado para excluir riscos locais,
possíveis sequelas e restabelecimento pleno da vítima.
No Brasil, existem órgãos e setores governamentais especializados em atender
situações de emergência. A seguir, citaremos quais são esses serviços e a atribuição
específica de cada um deles. Para todos os serviços abaixo a ligação é feita de forma
gratuita.

Temos que ter em mente que os nossos pacientes devem sempre receber uma
assistência livre de danos e com a máxima qualidade possível. Atuar como técnico em
enfermagem no APH é agir de forma que aumente a sobrevida da vítima e reduza o
risco da lesão secundária.

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Quadro 1. Setores governamentais especializados no atendimento a situações de emergência

ÓRGÃO No ATRIBUIÇÃO

Deve ser acionado em casos de emergências, incêndios de acidentes


Corpo de domésticos, de trânsito, resgate de vítimas em que não é possível
193 realizar os primeiros socorros, encarregados de realizar o transporte
Bombeiros da(s) vítima(s) a uma unidade de saúde especializada de acordo com
o caso específico.

Deve ser acionada para manter a ordem do fluxo de trânsito e


Polícia
190 de pessoas (curiosos), apurar circunstâncias do acidente e em
Militar eventualidades realizar o transporte de vítimas.

Deve ser acionada em casos de acidentes em rodovias mais isoladas


Polícia Rodoviária de grandes centros, pois é a instituição que provavelmente estará
Federal 191 mais próxima da ocorrência, é a polícia responsável por zelar pelo
bom fluxo em rodovias nacionais.

Deve ser acionada na prevenção de acidentes e desastres naturais


Defesa ou de grandes proporções e trabalhos de resposta a esses
199 acontecimentos, como medidas de remoção de famílias em áreas
Civil
potencialmente de risco de desmoronamentos, deslizamentos etc.

Disque Deve ser acionado com o objetivo de esclarecer pessoas e profissionais


Intoxicação 0800 722.6001 de saúde quanto às ocorrências envolvendo intoxicações dos mais
(ANVISA) diversos tipos.

Deve ser acionado por ser um serviço específico de atendimentos


SAMU (Serviço de urgência e por realizar serviço de atendimento às vítimas de
de Atendimento acidentes e estados clínicos que necessitam de acompanhamento,
192
Móvel de realizando um atendimento prévio no próprio local ou dentro de
Urgência) ambulâncias, enquanto são transportadas a um hospital ou unidade
de saúde mais próximos.

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O SAMU dispõe de profissionais treinados para identificar condições de saúde das


vítimas, prevendo sequelas e recuperando vidas. No caso de pacientes graves, este
atendimento pode ser o diferencial entre a vida e a morte.

Funcionamento do SAMU

Há uma central de regulação, que funciona como uma rede de comunicação entre a
central, as ambulâncias e todos os serviços que podem receber pacientes em situações
de urgência. É um sistema fixo de triagem e controle.
O profissional médico regulador da central de regulação ouve o relato inicial, analisa-o
e indica o tipo de equipe que será deslocada para o atendimento (básica ou avançada).
Há unidades móveis que se deslocam até a área de socorro e prestam a assistência, cuja
complexidade depende da análise realizada, do material e das equipes disponíveis. Além
do atendimento especializado feito no local do acidente, o SAMU realiza o transporte
das vítimas e prevê riscos e sequelas. Trata-se de uma abordagem multidisciplinar,
pois envolve outros profissionais como médico, enfermeiro, técnico em enfermagem e
condutor da ambulância.

Figura 1: Funcionamento do SAMU

1. TARM 3. EMPENHO
Primeiro Rádio
Atendimento Operador
1

2. MÉDICO 4. ATENDIMENTO
Regulação Equipe de
Médica intervenção

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UNIDADES DE SUPORTE BÁSICO (USB) E UNIDADES DE SUPORTE AVANÇADO


(USA)

A USB é aquela onde a equipe está preparada para realizar procedimentos mais simples e
não invasivos como imobilização, controle de um foco hemorrágico externo, identificar
e auxiliar na recuperação de uma perda de consciência por exemplo. Composta pelo
técnico em enfermagem e condutor.
A USA é aquela onde a equipe conta com equipe apta para a realização de procedimentos
invasivos, como intubação traqueal e uso de drogas. Tripulada por médico, enfermeiro
e condutor. Nem toda a ocorrência é atendida por uma equipe avançada, vai depender
do tipo de ocorrência.

Figura 2: UNIDADES DE SUPORTE BÁSICO (USB)

Fonte: https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/noticia/samu-de-ribeirao-preto-recebe-nova-ambulancia-e-motolancias

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2. GESTÃO DO PACIENTE DO APH

Grande parte dos acidentes resultam em mortalidade prematura e


evitável.

O Atendimento Pré-Hospitalar (APH) objetiva prestar a assistência em um primeiro


nível de atenção, aos portadores de quadros agudos, de natureza clínica, traumática
ou psiquiátrica, que ocorrem fora do ambiente hospitalar. A agilidade no atendimento
visa reduzir ao máximo os riscos de sequelas e morte.
A assistência pré-hospitalar se refere aos procedimentos que são executados tanto
a caminho do hospital quanto na cena em que se deu o acidente. Todas as ações do
APH se concentram na avaliação, estabilização e transporte de vítimas que apresentam
distúrbios clínicos (neurológicos, cardíacos, psiquiátricos, etc) ou traumáticos
(acidentes automobilísticos, quedas, agressões etc).
A assistência pré-hospitalar se refere aos procedimentos que são executados tanto
a caminho do hospital quanto na cena em que se deu o acidente. Todas as ações do
APH se concentram na avaliação, estabilização e transporte de vítimas que apresentam
distúrbios clínicos (neurológicos, cardíacos, psiquiátricos, etc) ou traumáticos
(acidentes automobilísticos, quedas, agressões etc).

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O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR PODE SER DE DOIS TIPOS DISTINTOS: FIXO


OU MÓVEL.

O APH fixo é aquele que se dá em unidades de saúde de reduzida complexidade com o


intuito de oferecer ao indivíduo uma primeira assistência até que seja possível realizar
a sua transferência para um nível superior.
O APH móvel é representado pelo SAMU (Serviço de Atendimento Médico de
Urgência), embora essa categoria abarque também o corpo de bombeiros e outros
serviços móveis de urgência. Nesse caso, por meio de automóveis especializados, os
profissionais de saúde chegam até a vítima e atuam nos primeiros cuidados, que são
essenciais para manutenção da vida e estabilização do paciente. Em seguida, a vítima
é transportada para alguma unidade de saúde que disponha dos meios requeridos
para continuidade da assistência.

De forma bastante simples, o APH abrange três etapas:

Assistência ao paciente no local da ocorrência;


Transporte do paciente à unidade hospitalar;
Chegada do paciente ao hospital;

As intervenções do APH são realizadas por profissionais habilitados que devem seguir
ações básicas como avaliar cuidadosamente o cenário, acionar a equipe responsável
pelo resgate, sinalizar o lugar, utilizar barreiras de proteção, relacionar as testemunhas
e fazer a correta abordagem.

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3. RECONHECIMENTO DA SEGURANÇA DA CENA NO APH


Você já se perguntou qual a importância de se avaliar a cena na Assistência Pré-
hospitalar?
A avaliação prévia da cena é de fundamental importância, pois através dessa medida
é possível dimensionar os riscos existentes na cena, evitando até que a própria pessoa
que presta o socorro acabe se tornando também uma vítima.

Você sabia?
heróis mortos não salvam ninguém.

Portanto, é importantíssimo que sejam avaliadas todas as condições do local do acidente


e tudo à sua volta. Observar o que aconteceu, quantas vítimas estão envolvidas e que
riscos ainda existem no local. Esta avaliação te permitirá perceber e controlar os riscos
adicionais para que após isso você possa iniciar algum procedimento no local ou ainda
a avaliação da vítima Na avaliação da cena, você verifica se o local é seguro para todos
você, as vítimas e os terceiros.

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O protocolo SUS para o suporte básico de vida no APH sugere que o posicionamento
no local da cena se faça com base em três premissas que serão atendidas a partir de
três perguntas:

1. Qual é a situação?

Levar em consideração as informações repassadas pela central.

2. Para onde a situação pode evoluir?

Avaliar se há risco de acontecer algo que possa piorar a cena, como por exemplo uma
explosão, agressão, desmoronamento, inundação entre outros.

3. Como controlar a situação?

Importante identificar de quem você irá precisar para dar suporte na cena. Como por
exemplo, corpo de bombeiro, policiamento, companhia de energia elétrica ou outros.

Portanto, fique de olho!!!

É importante reavaliar a cena com frequência, pois os fatores podem se alterar com
rapidez. Somente após análise você definirá se a cena é SEGURA ou INSEGURA e se
agora você pode realizar seu trabalho.

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O que pode existir de risco cena?

Local de difícil visualização como curvas fechadas, estradas estreitas, tempo chuvoso
ou à noite. Colisão com poste de energia, fios caídos próximos ou em cima do veículo,
faíscas, presença do agressor, fumaça, cheiro de combustível, combustível escorrendo
no chão, risco de desmoronamento entre outros. Estas situações implicam em risco
de vida para o socorrista, portanto deve-se avaliar todos os riscos e eliminá-los ou
minimizar ao máximo.
Se houver algum perigo em potencial, deve-se aguardar a chegada do socorro
especializado (corpo de bombeiro, defesa civil, polícia militar). Nesta fase, verifica-se
também a provável causa do acidente, o número de vítimas e a gravidade das mesmas
e todas as outras informações que possam ser úteis para a notificação do acidente.

Para dimensionar os riscos na cena ou local do acidente deve-se seguir etapas que serão descritas a seguir:

1. Segurança

É necessário verificar se a cena é segura para ser abordada, e assim procure tornar o
ambiente adequado para o atendimento prévio.
Por exemplo, no caso de acidentes de trânsito, deve-se procurar improvisar um espaço
para desviar o fluxo de veículos, sinalizando aos carros que vêm no sentido do problema
ocorrido.

2. Cinemática

Verificar como se deu o acidente ou mal sofrido pela vítima, perguntando a ela, se
estiver plenamente consciente, ou a pessoas próximas que testemunharam o ocorrido.
Na carência das duas hipóteses, deve-se adotar procedimentos que serão abordados
mais adiante.

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3. Bio-proteção

Deve-se procurar maneiras de evitar possíveis infecções através do contato direto com
o sangue das vítimas, usando os EPIs necessários para abordar a vítima. Em nenhuma
hipótese deve-se desprezar o uso desses materiais.

4. Apoio

Procure o auxílio de pessoas próximas da cena, para ajudar a dar o espaço necessário
para o atendimento prévio, chamar imediatamente o socorro especializado, desviar o
trânsito de veículos, procurar manter a ordem e a calma entre as outras pessoas, etc.
No caso de não ter pessoas por perto, isso deve ser feito com o máximo de agilidade
e tranquilidade, pela própria pessoa que presta o socorro inicial.

5. Triagem

Contabilizar a quantidade de vítimas envolvidas no acontecido e o estado de cada


uma. Esta etapa será detalhada a unidade a seguir.

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4. Princípios Dourados
Olá! Vocês que já estão encaminhados na carreira poderão agora aprimorar os
conhecimentos para atender seus pacientes com mais excelência.
A partir de agora mergulharemos numa doce aventura para relembrar a importância
do Atendimento Pré-Hospitalar (APH), seus objetivos, seus princípios e sua
operacionalização.

Então vamos lá!

Ter acesso ao doente, identificar e tratar as lesões com risco à vida, acondicionar e
transportar o doente até a unidade de atendimento adequada mais próxima no menor
tempo possível é fundamental para o paciente.

É importante enfatizar que há ferimentos que caminham para a morte em minutos.


Portanto, é necessário atendimento adequado para que os pacientes traumatizados
tenham uma melhor chance de sobreviver.

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Os socorristas devem reconhecer e estabelecer as prioridades dos doentes com


lesões múltiplas, seguindo os “Princípios de Ouro” do atendimento pré-hospitalar ao
traumatizado.
Antes precisamos entender o que é um princípio e o que é uma preferência ou
prioridade. Princípios são imutáveis e se aplicam a qualquer situação, ninguém pode
discordar, ninguém pode modificar. Prioridade ou preferência pode mudar em função
do estado geral do paciente e das condições no atendimento. As prioridades colocam
em prática os princípios.

Princípio da Segurança

Garanta a segurança dos socorristas e da vítima.


Quando se trata de segurança, estamos falando tanto da segurança de uma equipe
(que vai realizar procedimentos) quanto a segurança do paciente. Este é o princípio de
maior prioridade. Sempre em um atendimento pré-hospitalar de base deve-se levar em
consideração a segurança da cena. Segurança é a análise da cena desde a presença de
um produto químico, a presença de um agressor a sinalização de uma BR.

Princípio da cena

Avaliar a situação para determinar a necessidade de recursos adicionais.


Falamos da avaliação da segurança para observar os possíveis riscos para garantir
que esteja segura. É necessário o estudo da cena e a situação da cena. Qual o evento
traumático, o que provocou o acidente? Quais os recursos necessários? Quantas
vítimas. Qual transporte será feito? Ex: necessidade de USA ou USB, equipamentos de
combate a incêndio, equipes especiais de resgate vertical ou em espaço confinado,
equipe da companhia de eletricidade, helicópteros médicos, e médicos para auxiliar
na triagem de muitos doentes. A necessidade desses recursos deve ser analisada com
antecedência e solicitada o quanto antes.

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Princípio da cinemática e ou biomecânica

Reconhecer a cinemática que produziu as lesões. Considera-se a metade do atendimento.


A cinemática oferece informações da energia envolvida no evento traumático que leva a
suspeitar as possíveis lesões que possam ter ocorrido. Orienta a forma do atendimento
e transporte.

Princípio do exame primário

Reconhecer as lesões com risco de vida já no exame primário.


É o primeiro momento que encosta-se no paciente. Identificar as lesões potenciais que
elevam o risco de morte e os recursos disponíveis. Isso ocorre por meio da organização
do atendimento através da abordagem mnemônica do XABCDE (Consideramos X –
Controle de hemorragias, A – Via aérea e controle da coluna cervical, B – Boa condição
ventilatória, C – Circulação, verificar hipoperfusão, D – Condição neurológica e E –
Exposição para exame).

Em crianças, gestantes e nos idosos, as lesões devem ser consideradas da seguinte


forma:
1. São mais graves do que aparentam
2. Têm um impacto sistêmico mais profundo
3. Têm grande potencial de levar à rápida descompensação

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Princípio da via aérea

Manter a coluna cervical estabilizada, enquanto se faz o atendimento adequado das


vias aéreas, avaliar obstrução e qual procedimento realizar para melhorar a condição
do paciente

Princípio da ventilação

Providenciar suporte ventilatório e oferecer oxigênio para manter


a Sa02 acima de 95%.
A avaliação e o tratamento da ventilação é outro aspecto fundamental do atendimento
ao doente gravemente ferido. As vítimas com bradipneia precisam de suporte
ventilatório com dispositivo conectado à fonte de oxigênio.

Princípio da hemorragia

Controlar toda a hemorragia externa significativa.


Como o sangue não está disponível para administração no ambiente pré-hospitalar, o
controle da hemorragia torna-se uma grande preocupação para os socorristas.

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A maioria das hemorragias externas são controladas pela aplicação de pressões diretas
no ponto de sangramento ou, se os recursos forem limitados, pelo uso de curativo
compressivo feito com gaze e atadura.
Se a pressão direta ou um curativo compressivo não conseguirem controlar a
hemorragia externa de uma extremidade, o próximo passo é limitar o fluxo sanguíneo
na extremidade pelo uso de um torniquete devidamente aplicado.

Princípio do choque

Tomar as medidas iniciais para o tratamento do choque, incluindo a restauração e


a manutenção da temperatura normal do organismo e a imobilização adequada das
lesões musculoesqueléticas Ao final da avaliação primária, o corpo do doente é exposto
de forma que o socorrista possa verificar rapidamente outras lesões que gerem risco à
vida. Uma vez concluído esse exame, o doente deve ser novamente coberto porque a
hipotermia pode ser fatal para um doente traumatizado grave. O doente em choque já
está comprometido por uma redução acentuada de energia resultante de uma perfusão
tecidual inadequada.

Princípio do Restrição de Movimento da Coluna (RMC)

Manter a estabilização manual da coluna até que o paciente esteja imobilizado em


prancha longa.

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Após o contato com a vítima traumatizada, a estabilização manual da coluna vertebral


deve ser iniciada e mantida até que o mesmo esteja imobilizado no dispositivo
apropriado ou isento da indicação de imobilização da coluna.
O colar cervical já não é mais utilizado em todos os traumas. A imobilização da coluna
após um trauma é indicada se a vítima apresentar um nível de consciência alterado, dor
no pescoço, queixas neurológicas, sensibilidade na coluna, anomalia anatômica ou um
déficit motor ou sensorial identificado durante exame físico. Para a vítima de trauma
penetrante, a imobilização da coluna é feita somente se o doente apresentar queixas
neurológicas relacionadas à coluna ou se o déficit motor ou sensorial foi observado no
exame físico.

Princípio do transporte da vítima

Quando se tratar de pacientes traumatizados graves, iniciar o transporte para o hospital


apropriado o mais rápido possível. O hospital mais próximo pode não ser o mais
adequado para muitos dos doentes com trauma. Esses doentes que preenchem certos
critérios fisiológicos, anatômicos ou de mecanismos de trauma serão beneficiados ao
encaminhá-los para um centro de trauma – unidade com equipe e recursos especiais
para tratar o traumatizado.

Princípio da fluidoterapia

A caminho do hospital, iniciar a reposição de volume com soluções aquecidas. Ver a


temperatura dos fluidos, verificar o tipo de fluido necessário e quantidade do fluido
para manter o mínimo da pressão arterial. A vítima tem que ser transportada para local
adequado.
Princípio do exame II – verificar lesões que podem ter passado despercebidas. Exame
físico céfalo-caudal. Uma vez adequadamente tratadas ou descartadas as lesões
com risco de vida, obter a história médica do paciente e fazer o exame secundário.
O histórico SAMPLE (sintomas, alergias, medicamentos, passado médico, líquidos
e alimentos ingeridos pela última vez, eventos que precederam o trauma) é obtido
também durante a avaliação secundária.

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Princípio da analgesia

A administração de analgésicos para aliviar a dor é indicada, desde que não existam
contraindicações para a administração. Os doentes não devem sentir dor durante o
transporte. Os socorristas devem administrar analgésicos para o alívio adequado da
dor.

Princípio da comunicação ocorre em diversos níveis

Comunicar de forma minuciosa e precisa as informações sobre o doente e as


circunstâncias do trauma ao serviço médico de destino

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5. CINEMÁTICA DO TRAUMA

A cinemática do trauma nos permite presumir a transferência de energia


que desenvolve o mecanismo da lesão.

Além de ser um processo de avaliação da cena do acidente para que, por meio dela,
seja possível determinar as lesões resultantes das forças e movimentos envolvidos,
bem como estimar a gravidade das mesmas.

Tipos de trauma

As lesões traumáticas podem ser classificadas em contusões, lesões penetrantes e por


explosão. Ao obter a história clínica da fase do impacto algumas leis físicas devem ser
consideradas:

A energia nunca é criada ou destruída; ela pode entretanto mudar de forma.


Um corpo em movimento ou em repouso tende a permanecer neste estado até que
uma fonte de energia externa atue sobre ele.
A energia cinética é igual à massa multiplicada pelo quadrado da velocidade, dividida
por dois.
Uma força é igual à massa multiplicada pela desaceleração (ou aceleração).

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Trauma Contuso x Penetrante

Diferem-se pela penetração da pele.


O trauma penetrante pode ser explicado como um princípio que aborda a área de
contato entre o objeto (faca, arma de fogo) e o corpo. Se a área de contato do objeto
é pequena com relação ao corpo, e a força de aplicação do objeto excede a resistência
da pele, o objeto é forçado a atravessar o tecido. Se a força é disseminada em uma
área maior, e a pele não é penetrada, então se trata de um trauma contuso.
Em todas as duas situações (trauma penetrante e trauma contuso), a cavidade é
formada pela força do objeto impactante. A diferença é que, no trauma contuso, a
lesão é interna, e no penetrante, a lesão é interna e externa.

Forças de Cisalhamento e Compressão

1. Cisalhamento: resultado da mudança de velocidade de um órgão ou estrutura.

2. Compressão: resultado da compressão de um órgão ou estrutura.

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Colisão Automobilística

Garanta a segurança dos socorristas e da vítima


Quando se trata de segurança, estamos falando tanto da segurança de uma equipe
(que vai realizar procedimentos) quanto a segurança do paciente. Este é o princípio de
maior prioridade. Sempre em um atendimento pré-hospitalar de base deve-se levar em
consideração a segurança da cena. Segurança é a análise da cena desde a presença de
um produto químico, a presença de um agressor a sinalização de uma BR.

1. Colisão Frontal

Pode ocorrer o deslocamento do tripulante para cima ou para baixo.

Consequências a depender da posição:

Para cima:

- Traumatismo Craniano, Traumatismo cervical, Trauma tóraco abdominal;


- Observar “olho de boi”.

Para baixo:

- Trauma de Face, trauma no quadril, fratura de fêmur.

OBSERVAÇÃO:

Efeito de saco de papel


A lesão por compressão pode ocorrer com os pulmões ou com as vísceras abdominais.
Os pulmões e a cavidade abdominal podem estar sujeitos a uma variante peculiar
deste tipo de lesão. Se insuflarmos um saco de papel, o fecharmos e o comprimirmos
abruptamente, ele se romperá.

23 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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2. Colisão Traseira
Efeito “chicote” = lesão em cervical.

3. Colisão Lateral
Lataria do automóvel, Trauma cervical, Trauma torácico.

OBSERVAÇÕES:

Capotamento e ejeção do veículo há risco de vários traumas


Uso de Contenção: pode ocorrer trauma em decorrência do uso do cinto de segurança
Deve-se estar atento aos Air Bags e número de vítimas

24 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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Atropelamento

Diferem-se pela penetração da pele.


O trauma penetrante pode ser explicado como um princípio que aborda a área de
contato entre o objeto (faca, arma de fogo) e o corpo. Se a área de contato do objeto
é pequena com relação ao corpo, e a força de aplicação do objeto excede a resistência
da pele, o objeto é forçado a atravessar o tecido. Se a força é disseminada em uma
área maior, e a pele não é penetrada, então se trata de um trauma contuso.
Em todas as duas situações (trauma penetrante e trauma contuso), a cavidade é
formada pela força do objeto impactante. A diferença é que, no trauma contuso, a
lesão é interna, e no penetrante, a lesão é interna e externa.
1. Criança
Trauma de tórax, TCE, queda no chão.

2. Adulto

Tórax, Fratura nas pernas, TCE e queda no chão.

Queda de Moto

1. Fratura de Fêmur

2. Queda no chão

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Explosão

1. Onda de pressão

2. Fragmentos

3. Queda no chão

Queda

1. Estimar altura: superior a 3 vezes a própria altura é grave!

2. Investigar superfície sobre a qual a pessoa caiu

3. Investigar qual parte do corpo bateu em 1° lugar

4. Síndrome “Don Juan”: Queda em pé =fratura bilateral de calcanhar, de


tornozelo, de tíbia e fíbula estão associados a essa síndrome. Pode ocorrer
fratura de joelho, de ossos longos e de quadril.

26 ESPECIALIZAÇÃO TÉCNICA
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Ferimento por Arma Branca

Os ferimentos perfurocortantes são ferimentos que, além de cortar, geram danos


pela perfuração, assim perfurando o tecido interior e exterior. Os riscos relacionados
a este tipo de ferimento são a perfuração de tecidos internos, hemorragia externa e
sangramentos internos. Alguns aspectos da cinemática vão interferir nas consequências
e condutas da equipe.

1. Tipo de arma

2. Trajetória

3. Mobilização

4. Sexo do Agressor (define a força do trauma)

Ferimento por Arma de Fogo

Lesão aberta no tórax com franca comunicação entre o ar ambiente e a cavidade


pleural, evidenciada pela visível passagem do ar através do ferimento.

1. Tipo de arma

2. Trajetória

3. Orifício de Entrada e Saída

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6. SUPORTE DE VIDA NO TRAUMA

Você sabia que saber manejar paciente traumatizado é fundamental?

Os princípios do atendimento são imutáveis mas as prioridades no atendimento são


mutáveis e precisam ser colocadas em prática com cuidado para melhor assistir o
paciente. As prioridades vão mudar de um paciente para outro. Vocês nunca encontrarão
a mesma cena. Todas as cenas serão únicas e tudo na cena é importante porque ela vai
definir conduta e as condutas terão que respeitar os princípios.

Princípio: É o que precisa ser feito adequadamente para salvar uma vida.
É universal e imutável.
Prioridade: é mutável e indica como você vai aplicar o princípio

Acompanhe o exemplo a seguir para melhor entender as situações abaixo:


Como proceder no atendimento pré-hospitalar para um trauma grave com sangramento
e outro trauma igualmente grave sem a presença de sangramento?
As ilustrações a seguir servem para demonstrar que as prioridades modificam de
acordo com a necessidade, porem os princípios são fundamentalmente seguidos para
salvar vidas. Na presença de um sangramento é importante que em primeiro lugar ele
seja o ponto de partida. Porque os estudos mostram que embora a via aérea obstruída
mate mais rápido o que mais leva as vítimas de trauma ao óbito é o sangramento.

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Você já se perguntou o que fazer quando:


Na cena você se depara com uma vítima de trauma que fica presa no veículo com
lesões e sangramento? Que tipo de técnica utilizar? Retirada rápida? Punção de acesso
dentro do veículo? São muitos questionamentos, não é mesmo?
Forçamos você aluno a refletir porque essas variáveis são referências e elas podem
mudar. O que não muda são os princípios. Exemplo:

Paciente sangrando – parar sangramento

Paciente com via aérea obstruída - tenho que desobstruir

Fonte: UFPE, 2016 - Disponível em https://moodle.unasus.gov.br/vitrine29/mod/page/view.php?id=2899

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Paciente em PCR – reanimar

1. Condição do doente – Dentro de um veículo preso nas


ferragens, dependendo da situação da vítima tudo pode
mudar. Será se ele consegue sair?
A preferência na
cena pode mudar 2. Situação – Precisa de um outro profissional que precise
em razão de cinco penetrar em uma zona quente (segurança da cena)
elementos: 3. Qualificação da equipe – Se é uma equipe de suporte
básico de vida ou avançado porque existem profissionais
com diferentes níveis de qualificação e domínio de diferentes
técnicas, diferentes procedimentos.
4. Recursos disponíveis – Os instrumentos podem não estar
disponíveis para todos os serviços.
5. Protocolos locais – De fato a depender do protocolo
as prioridades também podem mudar. A depender da
cultura da formação da equipe. Ex Podemos citar como
exemplo a estrutura dos Estados Unidos. No Brasil alguns
atendimentos precisam ser adaptados quando comparados
a outra realidade levando em consideração os centros de
trauma, as estradas, os equipamentos. A depender da
realidade, a recomendação poderá ser modificada.

A abordagem sistematizada evita lesões despercebidas, melhora o prognóstico e


diminui mortes evitáveis. Algumas situações podem mudar a preferência na cena de
atendimento. Alguns questionamentos são essenciais!!!
Quando atender no local da cena? Quando levar para dentro da ambulância para iniciar
atendimento?

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7. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA DO TRAUMA

VOCÊ SABIA?

O trauma grave é uma das causas de morte mais expressivas no mundo,


chegando a ser responsável por 10% das causas de morte entre adultos jovens.

Por outro lado, quando o paciente recebe o manejo inicial do trauma de maneira
adequada, as chances de mortalidade diminuem consideravelmente.
Com isso, fica claro que é de suma importância que você como técnico em enfermagem
esteja familiarizado com o manejo inicial do paciente vítima de trauma. Essa abordagem
visa avaliar lesões que oferecem risco iminente de morte.
Caros estudantes vocês devem estar se perguntando agora…e como saberemos
priorizar o atendimento?

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É necessário utilizar a sequência mnemônica das letras em cumprimento ao protocolo


XABCDE do Trauma que padroniza o atendimento inicial e
identifica lesões potencialmente fatais ao indivíduo. O protocolo é aplicável a todas as
vítimas com quadro crítico, independentemente da idade.
Os significados das letras são:

(X) Exsanguinação: a contenção de hemorragia externa grave deve ser feita antes mesmo
do manejo das vias aérea;

Pressão direta sobre o ferimento

Torniquete (opção de última escolha)

(A) Vias aéreas e proteção da coluna vertebral: avaliação das vias aéreas e proteção da coluna
cervical. Se tiver indicação colocar em prancha rígida.

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(A) Vias aéreas e proteção da coluna vertebral

(B) Boa Ventilação e Respiração: análise da respiração, para verificar se está adequada e atenção
para: frequência respiratória, inspeção dos movimentos torácicos, cianose, desvio de traquéia e
observação da musculatura acessória;

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(C) Circulação com Controle de Hemorragias: a circulação e a pesquisa por hemorragia são os
principais parâmetros de análise.
A diferença entre o “X” e o “C” é que o X se refere a grandes hemorragias externas. Já o “C”, a
hemorragias internas, onde deve-se investigar perdas de volume sanguíneo não visível;

(D) Disfunção Neurológica: análises do nível de consciência, tamanho e reatividade das pupilas e
a possível ocorrência de lesão medular;

(E) Exposição Total do Paciente: análise da extensão das lesões e o controle do ambiente com
prevenção da hipotermia. O socorrista deve analisar, entre outros pontos, sinais de trauma,
sangramento e manchas na pele.

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8. TRAUMA DE TÓRAX
O traumatismo torácico nos dias atuais assume grande importância devido, em parte, à
sua incidência e, por outro lado, pelo aumento da gravidade e da mortalidade das lesões.
Isto se deve pelo aumento do número, poder energético e variedade dos mecanismos
lesivos, como por exemplo, a maior velocidade dos automóveis, a violência urbana, e
dentro desta, o maior poder lesivo dos armamentos, além de outros fatores.
A abordagem inicial deve ser de qualidade e o mais precoce possível, pois na maioria
das vezes, para salvar a vida de um traumatizado torácico, antes mesmo da abordagem
cirúrgica faz-se necessário efetivo controle das vias aéreas, manutenção da ventilação,
da volemia e da circulação. Isso o técnico em enfermagem tem que saber fazer.
O trauma torácico se classifica quanto ao tipo de lesão, agente causal e manifestação
clínica. Na avaliação inicial das lesões traumáticas torácicas
Quanto ao Tipo de Lesão:

Aberto: São, grosso modo, os ferimentos. Os mais comuns são os causados por
arma branca (FAB) e os por arma de fogo (FAF).

Fechado: São as contusões. O tipo mais comum dessa categoria de trauma é


representado pelos acidentes automobilísticos.

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Quanto ao Agente Causal

FAF
FAB
Acidentes Automobilísticos
Outros

Quanto à Manifestação Clínica

Pneumotórax (hipertensivo ou não)

É importante destacar uma conduta simples para pneumotórax aberto como a realização
do curativo valvulado de três pontas.

Fonte: UFPE, 2016 - Disponivel em https://moodle.unasus.gov.br/vitrine29/mod/page/view.php?id=2899

Hemotórax
Tamponamento Cardíaco
Contusão Pulmonar
Lesão de Grandes Vasos (aorta, artéria pulmonar, veias cavas)
Outros

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O atendimento do paciente deve ser orientado inicialmente segundo os critérios de


prioridade, comuns aos vários tipos de traumas (XABCD do trauma, que tem por
objetivo conter a hemorragia exsanguinante, manter a ventilação e perfusão adequados,
evitando, assim, as deficiências respiratórias e circulatórias, respectivamente, pelo
mecanismo de parada cardíaca anóxica.).

Vias aéreas – Aqui se deve certificar a permeabilidade das vias aéreas (a sensação
tátil e ruidosa pelo nariz e boca do paciente nos orienta sobre ela e também sobre
distúrbios na troca gasosa). Também pode ser notado sinais de insuficiência respiratória,
como tiragem de fúrcula, batimento da asa do nariz, etc. A orofaringe sempre deve ser
examinada à procura de obstrução por corpos estranhos, particularmente em pacientes
com alterações da consciência.
Respiração – Fazer uma rápida inspeção no tórax, avaliando o padrão respiratório,
através da amplitude dos movimentos torácicos, presença de movimentos paradoxais
(afundamento torácico), simetria da expansibilidade, fraturas no gradeado costal,
enfisema de subcutâneo, etc.
Circulação – Para sua avaliação faz-se a monitorização da pressão arterial, do pulso
(qualidade, frequência, regularidade, etc. Ex: os pacientes hipovolêmicos podem
apresentar ausência de pulsos radiais e pediosos), bem como de estase jugular
e perfusão tecidual. Estes parâmetros são muito úteis para uma avaliação geral do
sistema cardiocirculatório.

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9. TRAUMA ABDOMINAL
A gravidade dos traumatismos abdominais baseia-se especialmente na possível
existência de uma lesão visceral, capaz de produzir alterações gerais graves como são
as peritonites ou as hemorragias. Portanto, o mecanismo de trauma, a localização da
lesão e o estado hemodinâmico do paciente determinam as condutas no momento da
avaliação do abdome.
O trauma abdominal pode ser fechado ou aberto.
O trauma abdominal fechado direto refere-se às lesões por impacto contra o cinto de
segurança nos acidentes e os indiretos são consequência das lesões por mecanismo
de aceleração/desaceleração também nos acidentes de trânsito. Este tipo de trauma,
também conhecido como contusão do abdômen, ocorre quando há transferência de
energia cinética, através da parede do abdômen, para os órgãos internos, lesando-os.
Os traumas abdominais abertos do tipo penetrante afetam o peritônio, comunicando a
cavidade abdominal com o exterior. É quando ocorre solução de continuidade, ou seja,
a penetração da parede abdominal por objetos, projéteis, armas brancas, ou a ruptura
da parede abdominal provocada por esmagamentos. A penetração limita-se à parede
do abdômen sem provocar lesões internas.
Já os perfurantes referem-se ao envolvimento visceral (de víscera oca ou maciça). É
quando o objeto que penetra na cavidade abdominal atinge alguma víscera, lesando
órgãos e estruturas. Lembrar sempre que o projétil de arma de fogo ou a arma branca
podem lesar estruturas do tórax associadas ao abdômen.

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Os sinais indicativos de lesão abdominal podem ser dor abdominal difusa, rigidez de
abdome, fratura de costelas inferiores, equimoses, hematomas, ferimentos na parede
do abdômen. A mesma energia que provoca fratura de costela, pelve, coluna faz lesão
interna do abdômen. O abdômen escavado, como se estivesse vazio, é sinal de lesão
do diafragma, com migração das vísceras do abdômen para o tórax.
Em caso de evisceração (saída de vísceras por ferimentos abdominais), limpar essas
vísceras de detritos grosseiros com soro fisiológico e cobrir com plástico esterilizado
próprio para esse fim ou com compressas úmidas a fim de isolá-las do meio ambiente.
Em hipótese alguma, tentar reintroduzir as vísceras no abdômen, porque o sangramento
se agrava ou propicia o extravasamento de fezes.
Em casos de objetos que penetrem no abdômen, como pedaços de ferro, madeira ou
outros, nunca retirá-los. Corte-os, se necessário, e proteja-os para que não se movam
durante o transporte. Esses corpos estranhos só podem ser retirados em centro
cirúrgico, onde haja condições de controlar o sangramento.

Trauma abdominal fechado direto refere-se às lesões por impacto contra o cinto de segurança

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10. TRAUMA GERIÁTRICO


Os pacientes idosos têm piores desfechos após o trauma por causa das mudanças
fisiológicas que ocorrem com o envelhecimento. Eles são mais suscetíveis às lesões
graves por mecanismos de baixa energia e menos capazes de compensar o estresse de
lesões e apresentam maior probabilidade de sofrer complicações durante o tratamento
e a recuperação.
As principais causas de traumas em idosos são quedas, acidentes com veículos
automotores e atropelamento. Vale ressaltar que o atendimento nessas situações deve
seguir os mesmos parâmetros do paciente adulto porém deve-se considerar algumas
possíveis peculiaridades, como alterações decorrentes da senescência, alterações
anatomofuncionais, presença de múltiplas comorbidades e polifarmácia.

Trauma no idoso o que muda?

As peculiaridades do idoso funcionam como barreiras para a avaliação. Portanto,


considere o relato da família, mas se o idoso estiver consciente na cena seu relato
deve ser considerado. Ninguém melhor que o próprio idosos para dizer o que está
sentindo. Dadas as possíveis alterações é importante que a equipe saiba diferenciar
uma manifestação de sinais do envelhecimento com uma condição grave do trauma.
Portanto, não perder tempo na transferência é importante.
O uso da prancha rígida deve priorizar o uso também de coxins para ficar com o princípio
de cabeça, pescoço e tronco alinhados. A equipe deve estar atenta à presença de sinais
de abuso e maus tratos como equimose no antebraço.

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11. GESTÃO DE DESASTRES: FUNÇÃO DO TÉCNICO EM ENFERMAGEM


Os Desastres são considerados o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados
pelo homem, causando danos humanos, materiais e ambientais e consequentes
prejuízos econômicos e sociais. A intensidade de um desastre depende da interação
entre a magnitude do evento adverso e a vulnerabilidade do meio onde ele ocorre.
Os desastres muitas vezes são ocasionados pelo aumento do número de pessoas
circulantes em determinada área que aumentam o risco e a exposição das pessoas.
Os eventos em massa representam grandes desafios para o sistema público de saúde
por envolver muitas vítimas. A exemplo disso, temos as manifestações em massa que
podem se tornar alvos devido ao grande número de pessoas.
Os acidentes ou incidentes com múltiplas vítimas são aqueles que apresentam
desequilíbrio entre os recursos disponíveis e as necessidades, e que, apesar disso,
podem ser atendidos com eficiência desde que se adote protocolos.
A regra fundamental é proporcionar o melhor atendimento para o número máximo
de vítimas. Nestas situações o atendimento em saúde dependerá muito da atuação
sincronizada de uma equipe multidisciplinar.
Dentro do contexto destacamos o técnico em enfermagem como profissional
capacitado para realizar intervenção imediata com equipamentos adequados.

É importante que você entenda que a atuação do técnico em enfermagem no APH não
é um tratamento definitivo, mas sua realização é primordial para a sobrevida da vítima,
evitando o risco de lesão secundária. Para gerenciar esses eventos o técnico tem que
estar apto a fazer o atendimento com segurança, avaliando sempre a cena, assistindo
corretamente as vítimas, seguindo à risca os princípios e definindo corretamente as
prioridades além de realizar transporte seguro.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Protocolos de Suporte


Básico de Vida para o SAMU 192 – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Brasília:
Ministério da Saúde, 2a edição, 2016.

PHTLS. Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 9° ed. Rio de Janeiro: Elsevier.


2020.

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PROMOÇÃO DA SAÚDE

‘‘ Não há nada nesse mundo que


recompense uma vida salva!
Enf. Eduardo Fernando de Souza

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