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1.

Assistência de enfermagem
no trauma em gestantes

DEFINIÇÕES

 Os principais mecanismos de lesão envolvidos no trauma da gestante são: colisão de


veículos automotores, quedas, agressão, ferimentos perfurantes por projétil de arma
de fogo e queimaduras;
 Caso a mãe venha a ter uma parada cardiorrespiratória, está indicado uma cesariana
post-mortem, ainda na sala de emergência, com a intenção de salvar a vida do feto;
 A viabilidade fetal deve ser avaliada por um profissional especialista, evitando
procedimentos desnecessários;
 O melhor tratamento inicial para o feto é o melhor tratamento inicial para a mãe!

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

A lateralização da paciente em prancha, cerca de 15°, vai melhorar o retorno venoso,


proporcionando um resultado correto da pressão arterial;

Esta conduta deve ser orientada pelo Enfermeiro, pois ao mesmo tempo que melhora as
condições hemodinâmicas também dificulta os procedimentos de uma forma geral.

RESUMO

O trauma na gestante pode ocorrer com mecanismo de pequenas forças, como por exemplo
a queda da própria altura;
Não devemos subestimar pequenos mecanismos de trauma e também permitir que nosso
emocional dê prioridade ao atendimento de uma gestante pelo simples fato de estar gesta;

Atentar-se para a possibilidade de eventos traumáticos de natureza de violência doméstica,


comunicando qualquer suspeita ao Enfermeiro.

Assistência de Enfermagem no
trauma cranioencefálico

PRIORIDADE DE ATENDIMENTO

Na sequência da avaliação primária, nossa matriz de avaliação do trauma, as condições


neurológicas são abordadas depois de realizados os seguintes procedimentos:

 Identificação e contenção de hemorragia exsanguinante;


 Avaliação da via aérea e estabilização da coluna cervical;
 Avaliação e abordagem respiratória;
 Controle de hemorragia interna.

Complicações decorrentes de lesões cerebrais traumáticas graves, como por exemplo,


obstrução de via aérea, insuficiência respiratória ou mesmo apneia, devem ser tratados na
sua ordem original de avaliação, ou seja, sempre respeitando o X–A–B–C ...

Se necessário for, o acesso venoso periférico deve ser realizado, com o objetivo de sedar um
paciente para intubação, por exemplo.

DEFINIÇÕES

A calota craniana é formada por vários ossos, os quais nas crianças são separados,
deixando-as mais vulneráveis aos traumas.

Apesar desta calota proteger o encéfalo de agressões externas sua base é irregular e dura,
podendo ocorrer contusões ou lacerações quando do deslizamento interno do parênquima
cerebral.
 Encéfalo – todas as estruturas que se encontram dentro do crânio:
Cérebro, Cerebelo e Tronco Encefálico

 Cérebro – parte do encéfalo. É dividido em Telencéfalo


(hemisférios cerebrais) e Diencéfalo (Tálamo, Hipotálamo)

A LCT pode ser dividida em 02 categorias. Clique sobre elas e saiba mais:

Lesão Cerebral Primária

Lesão Cerebral Secundária

O principal papel da equipe da Emergência é impedir ou diminuir a progressão da lesão


neural, através da identificação precoce na avaliação primária.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 Prevenir a hipóxia é fundamental para um bom prognóstico em LCT


 O único instrumento que dispomos para avaliar a condição de O2 circulante é
através da Oximetria Capilar, não podendo ficar abaixo de 92%;

 Os principais responsáveis pela hipóxia é a hipotensão, por não conseguir manter


um FSC adequado e as alterações dos padrões respiratórios em LCT.Máscaras de
oxigenoterapia preferencialmente não reinalante e com reservatório, o que
garante perto de 100% de FiO2, são as preferíveis;
 Em pacientes com suspeita de fratura de base de crânio está contraindicada a
aspiração nasal;
 A sondagem gástrica deve ser realizada com o objetivo de esvaziamento gástrico
para proteção à via aérea;
 Sondagem nasogástrica está contraindicada em vítimas com suspeita de fratura
de base de crânio;
 Se necessário a ventilação bolsa-valva-máscara deve ser utilizada,
principalmente em pacientes com trismo;
 Em pacientes com ECG < 8 tem indicação absoluta de IOT;
 O TE deve estar com o material preparado para uma intubação;
 Será necessário um acesso venoso periférico, se ainda não tiver sido puncionado.
Devemos manter uma saturação de O2 igual ou acima de 95%, lembrando que valores
inferiores trazem danos.

 O acesso venoso com cateter de médio/grosso calibre é mandatório;


 Não se deve, em hipótese alguma, permitir que a Pressão Arterial Sistólica caia
abaixo de 100 mmHg, pois estas quedas, mesmo que rápidas, são suficientes
para a instalação de lesões cerebrais irreversíveis;
 Trauma de crânio associado a choque hipovolêmico são responsáveis por cerca
de 75% de mortes.

A utilização do colar cervical deve ser criteriosa nos seguintes sentidos:

 Não colocá-lo muito apertado, pois pode pressionar a região do


pescoço e restringir o retorno venoso, aumentando a Pressão
Intracraniana.
 FC, PA, ECG, Sat.O2, Pupilas, FR, devem ser monitorados
seguidamente.

RESUMO
 A deterioração do paciente com trauma de crânio é muito rápida;
 Sinais vitais devem ser mensurados frequentemente;
 Qualquer alteração de sinais vitais deve ser comunicada
imediatamente ao Enfermeiro.

A tríade de Cushing:

 BRADICARDIA
 BRADIPNEIA OU RESPIRAÇÃO IRREGULAR
 HIPERTENSÃO

São sinais de deterioração do estado neurológico!

3. Assistência de Enfermagem no
trauma pediátrico

PRIORIDADE DE ATENDIMENTO

 Toda criança traumatizada deve se submeter à avaliação primária;

 Por mais que uma criança traumatizada chame a atenção pelo clamor público ou
pela sensibilidade que cause na equipe, a avaliação primária deve ser realizada em
sua íntegra;

 Quando existe mais de uma vítima do mesmo incidente em uma sala de emergência
é normal que toda equipe se direcione ao atendimento da criança, o que configura
um erro clássico;

 A avaliação primária é a chave para a melhor escolha de qual paciente deve receber
os primeiros cuidados, em razão das suas necessidades clínicas e não pela idade.
ANATOMIA

 Quanto menor a criança maior a desproporção da cabeça em relação à face, o que


obriga toda a equipe a uma atenção especial no momento do acesso à via aérea;

 Como o esqueleto da criança não está completamente calcificado, lhe


proporcionando uma elasticidade maior, a ocorrência de lesões em órgãos internos
ocorre sem que haja fraturas em ossos contíguos;

 Os ossos das crianças tem uma característica mais maleável, cujas fraturas
normalmente não são completas. Essas fraturas são chamadas de “fraturas em galho
verde”.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Essa desproporção da cabeça é também verificada em relação ao corpo, devendo-se manter


uma plano elevado de todo o corpo em relação à cabeça, utilizando-se de um coxim.

ACS COT - American College of Surgeons Committee on Trauma. Advanced Trauma


Life Support (ATLS) - Student Course Manual. 10 ed. Chicago: American College of
Surgeons; 2018a. 420 p. ISBN 78-0-9968262-3-5. Versão em português impressa no
Brasil.
RESUMO

 Quanto menor a criança, mais diferenças nos sinais vitais;

 Um choque hemorrágico pode ser mascarado por essas diferenças e, por esse
motivo, a aferição deve ser contínua e toda e qualquer mínima alteração deve ser
comunicada ao Enfermeiro;

 Atentar-se para situações de abuso infantil e maus tratos, principalmente com


traumas desproporcionais à história contada pelos pais ou cuidadores;

 Orienta-se que todos os materiais de uso em crianças esteja separado em kits para
facilitar o atendimento.

4. Assistência de Enfermagem no trauma


penetrante: ferimento por arma de fogo
e arma branca
PRIORIDADE DE ATENDIMENTO

 A prioridade no atendimento ao paciente vítima de ferimento penetrante está


relacionada aos elementos da avaliação primária;

 Independente da característica do ferimento penetrante, sempre devemos aplicar


a avaliação primária para nos direcionar ao tratamento adequado;

 Independente do ferimento ser causado por arma de fogo, arma branca,


vergalhões, pedaços de caibros, entre outros; a avaliação sempre deve respeitar o
X A B C D E do trauma!

DEFINIÇÕES

 Um ferimento penetrante é todo aquele que causa a perfuração do organismo.

 Podem ocorrer em orifícios naturais (boca, ânus, narinas, vagina) cuja


denominação mais adequada é empalamento.

 Pode ser causado por um objeto que venha de encontro ao corpo do paciente,
como por exemplo, projéteis de armas de fogo, armas brancas (facas, estiletes,
chaves de fenda, etc.) ou por qualquer outro que tenha a capacidade de penetrar
no organismo humano.

 Também pode ocorrer quando o corpo do paciente se choca contra um objeto,


que normalmente estão fixos em alguma estrutura, como por exemplo,
vergalhões de construções, guidão de bicicleta, partes de um veículo, entre
outros.

LESÕES E NÍVEIS DE ENERGIA

Armas de baixa energia


 Incluem aquelas conduzidas pela mão, como faca ou chave de fenda. Investigar
conforme trajetória da arma no corpo.

Se já retirada, identificar o tipo de arma e sexo do agressor:

 Homens: o golpe é dado de baixo para cima, com o corte na


lateral voltado para o polegar.

 Mulheres: o golpe é dado de cima para baixo com o corte


voltado para o dedo mínimo.

Se ainda penetrada no corpo do paciente, não remover em hipótese alguma,


mesmo se solicitado por outro profissional!
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 Ferimentos penetrantes, principalmente aqueles causados por armas brancas, podem


levar à evisceração;
 A evisceração caracteriza-se pela exposição das vísceras abdominais em ferimentos
abertos;
 Provoca uma imagem impactante; contudo, não necessariamente está associada à
uma condição de instabilidade hemodinâmica (hipotensão, taquicardia, alteração do
nível de consciência);
 Deve ser protegido com material estéril, preferencialmente um material não
absorvível (plástico), e depois coberto com campo cirúrgico estéril;
 Contenção de hemorragia externa, aporte de oxigênio, acesso venoso periférico,
reposição volêmica, curativo valvulado, imobilização de objeto encravado, entre
outros procedimentos, vão depender do tipo de ferimento;
 Descrever como o doente chegou à Sala de Emergência e tudo o que foi feito para
seu melhor atendimento, deve constar nos registros ou em prontuário;
 Não se deve descartar objetos ou projéteis que vieram juntos com o pacientes, nem
as roupas, pois podem guardar evidências de crime;
 Deve ser feito um relatório dos achados e entrega-los ao responsável, segundo a
rotina de cada instituição.

RESUMO

 Ferimentos penetrantes com ou sem objetos encravados podem causar grandes


hemorragias, externas ou internas.
 Nunca devemos nos ancorar na imagem impactante que esses ferimentos causam,
mas sim na avaliação estruturada, ou seja, na avaliação primária do trauma.
 Objetos empalados ou encravados nunca devem ser retirados em Sala de
Emergência. Se solicitado à Enfermagem, ela deve se recusar a fazê-lo.
 Ferimentos penetrantes podem estar associados a uma grande quantidade de sangue
cujo risco de acidentes com sangue são frequentes, utilize sempre EPIs!

5. Assistência de Enfermagem no
trauma de tórax e pelve
PRIORIDADE DE ATENDIMENTO

 Tanto no trauma de tórax quanto no trauma de pelve, os riscos de mortalidade nos


primeiros minutos de atendimento são muito altos;

 Sempre pensando na sequência do atendimento da avaliação primária, primeiro


avaliamos a respiração do paciente na letra B, procurando por lesões torácicas
graves, e na sequência a pelve na letra C;

 Tanto no trauma torácico como pélvico, o paciente pode morrer por hemorragia não
detectadas na avaliação primária;

 Ambas serão tratadas em Centro Cirúrgico; conduto, algumas condutas devem ser
feitas ainda na Sala de Emergência, com o objetivo de manter a vida do paciente até
seu encaminhamento para o tratamento definitivo.

ASSITÊNCIA DE ENFERMAGEM

 São muitas as lesões que podem ocorrer no interior do tórax, a começar pelas
fraturas de arcos costais, lesões pulmonares, do coração e dos grandes vasos,
podendo levar a morte em poucos minutos;
 O Técnico de Enfermagem deve estar atento aos sinais e sintomas associados a
essas lesões, como por exemplo, frequência respiratória, esforço respiratório,
profundidade dos movimentos respiratórios, não expansibilidade da caixa torácica;
 Quando consciente, o paciente queixa-se de muita dor na região torácica, o que lhe
causa restrição dos movimentos respiratórios;
 O paciente com pneumotórax hipertensivo, quando consciente vai apresentar
dispneia, agitação pela falta de ar, dor no tórax pelo trauma que causou a lesão, o
tórax não vai expandir do lado da lesão;
 Tem sinais vitais parecidos com o choque hipovolêmico, como por exemplo,
taquicardia, hipotensão e agitação pela hipóxia;
 Contudo, o que causa os sinais semelhantes ao choque hemorrágico é o
deslocamento dos grandes vasos (aorta e veia cava) para o lado contra lateral ao da
lesão, diminuindo a quantidade de sangue que chega ao coração, causado pelo
aumento da pressão na caixa torácica do lado afetado;
 Um dos principais problemas no trauma de tórax com lesão do espaço pleural é o
pneumotórax hipertensivo, cujos tratamentos são a descompressão torácica por
agulha e a drenagem de tórax;
 O Técnico de Enfermagem deve estar preparado e conhecer os materiais
relacionados à estes procedimentos, à saber: cateteres sobre agulha de grosso calibre
e longos, dreno de tórax, sistema de drenagem de tórax, material cirúrgico para
drenagem.

ANATOMIA – PELVE
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

 A principal consequência de um trauma pélvico é a lesão dos grandes vasos


sanguíneos que fazem a circulação local, podendo levar o doente à morte em
minutos, pois na cavidade pélvica pode ser armazenado até 4 litros de sangue;
 O paciente pode apresentar hematomas locais, dor espontânea ou à palpação leve,
ou movimentação ao procedimento de lateralização;
 Se presente uma fratura de pelve, com lesões internas de grandes vasos, o paciente
vai apresentar taquicardia, hipotensão, pele fria, pegajosa e palidez cutânea;
 O acesso venoso é prioritário e a reposição volêmica por fluídos e sangue dependem
do grau de hipotensão.

O principal tratamento na Sala de Emergência é a imobilização da pelve com material pré-


fabricado ou com lençóis, cujo procedimento deve ser realizado sob orientação do
Enfermeiro.
6. Avaliação e Atendimento
Iniciais no trauma

AVALIAÇÃO INICIAL

 A avaliação é a base de todo o cuidado do paciente.

 Quando se identificam condições potencialmente fatais, devem ser iniciadas


intervenções imediatas de reanimação.

 É na avaliação primária que se encontram as lesões que podem matar o paciente em


poucos minutos.

AVALIAÇÃO PRIMÁRIA

Antes mesmo de tocar o paciente:


 Visualizar se há sangramento grave (pulsante, em jato);
 Visualizar se o paciente respira ou não;
 Visualizar se o paciente se move espontaneamente;
 Visualizar deformidades grosseiras.

Já ao lado do paciente:

 Perguntar o nome do paciente;


 Perguntar ao paciente se ele sabe o que aconteceu;
 Se apresentar confusão mental ou agitação, pode se tratar de lesões graves.

Não subjugar pacientes alcoolizados!

SEQUÊNCIA DA AVALIAÇÃO PRIMÁRIA


7. Manejo de via aérea superior

ANATOMIA DA VIA AÉREA


LESÕES EM VIA AÉREA SUPERIOR

Obstrução de via aéra

Trauma de face

Fratura de mandíbula

Lesões no pescoço

TRATAMENTO DE COMPLICAÇÕES NA VIA AÉREA

 A grande maioria dos pacientes vítimas de trauma vai necessitar de oxigênio


suplementar por máscara não reinalante (MNR);
 A aspiração pode ser necessária em muitos casos (procedimento privativo do
Enfermeiro);
 O posicionamento da cervical com abertura da via aérea (Jaw Trust) é
imprescindível e pode ser feita pelo Técnico de Enfermagem;
 Nunca tente alinhar fraturas ou alinhar a coluna cervical de pacientes que tem
resistência, pois pode ocorrer lesão cervical ou piorar a condição de passagem do ar
pela via aérea superior;
 Outros tratamentos avançados podem ser necessários, chamados de via aérea
avançada;
 Intubação traqueal;
 Dispositivos extraglóticos (máscara laríngea/tubo laríngeo);
 Cricotireoidostomia por punção ou cirúrgica;
 A competência ético-legal é do Enfermeiro ou outros profissionais;
 Todo o material deve ser de conhecimento de todos.

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