JEJUNOCECOSTOMIA E SUAS COMPLICAÇÕES: RELATO DE CASO
Jejunocecostomy and its complications: case report
Grad. Débora B. P. Pacheco¹, Grad. Beatriz A. Pungirum¹, Grad. Pedro M. Fátima¹, Grad. Matheus C. V. Santos¹, MV. Diego D. Varela², MV Lara N. Sousa ³, MV. MSc. Santiago J. Colorado 4, MV. MSc. Antônio C. P. Neto 4, MV. Dra. MSc. Andressa B. S. Xavier5 [1] Estudante de Medicina Veterinária na Universidade Federal de Minas Gerais. [²] Pós-graduando em Ciência Animal na Universidade Federal de Minas Gerais. [³] Mestrando em Ciência Animal na Universidade Federal de Minas Gerais [4] Doutorando em Ciência Animal na Universidade Federal Minas Gerais. [5] Professor Doutor, Departamento de Clínica e Cirurgia na Universidade Federal de Minas Gerais. * Rua Platina, 56, CEP:30411092, Belo Horizonte, MG. E-mail: deborabarcelosvet@gmail.com As afecções do trato gastrointestinal (TGI) equino representam uma das principais patologias da hipiatria, visto que esses animais possuem características anatômicas e fisiológicas que os predispõem a alterações graves, como abdômen agudo e cólica equina (PEIRÓ & MENDES, 2004). Um dos procedimentos utilizados como tratamento cirúrgico dessas afecções é a Jejunocecostomia (JC), que consiste na anastomose entre jejuno e ceco visando a progressão da ingesta no intestino delgado. Essa técnica é realizada quando não é possível a Enteroanastomose Jejunoileal (JI) (FREEMAN, D. E, 2015), porém pode gerar complicações principalmente pela alteração da válvula ileocecal (VI). Este trabalho objetiva descrever a Jejunocecostomia realizada em equino, avaliando benefícios e possíveis complicações decorrentes da intervenção cirúrgica. Uma égua de 5 anos de idade foi atendida no Hospital Veterinário da UFMG, apresentando desconforto abdominal agudo e não responsiva a analgesia, histórico de 10 cólicas recorrentes e procedimento de laparotomia exploratória feito há 3 anos. Optou-se pela relaparotomia. Durante o procedimento, haviam áreas com aderência e compactação da cirurgia anterior, além de locais de isquemia na serosa do jejuno e do íleo. Por isso, foi realizada a enterectomia do delgado, retirando 3,57m. Em seguida a JC, que consistiu na sutura do jejuno, de forma dorso medial do ceco, por meio da sutura simples e invaginante nas duas bordas. Em seguida, houve passagem do fio na face interna entre ceco e jejuno para promover abertura do estroma e, por fim, tração do fio para criar abertura entre as alças e evitar contaminação. No pós-operatório, a égua apresentou refluxo enterogástrico (4L/hora), cessado após quatro dias, e íleo adnâmico, solucionado espontaneamente. Além de hipertermia e diarreia, sugerindo um quadro de colite, tratada eficientemente com probiótico. Esse animal obteve alta três meses depois, apresentando-se clinicamente estável com completa cicatrização da ferida. Apesar da alta com melhora clínica a sobrevida foi a curto prazo e o animal veio a óbito um ano depois. Isso pode ocorrer pois a VI controla a passagem do conteúdo do ceco para jejuno e com a perda da sua condição anatomofisiológica existe maior chance de refluxo entre esses segmentos, alterando pH e microbiota, podendo culminar em obstrução funcional (FREEMAN, D. E, 2015). Conclui-se que a JC é uma cirurgia com complicações, devido principalmente a alteração na VI, porém possui alta taxa de sobrevida a curto prazo e é ideal para enterectomias com lesão extensa em intestino delgado e íleo. Palavras-chave: equino; jejuno; enterectomia Keyword: horse; jejunum; enterectomy