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RESUMO
O Conectivismo, uma teoria de aprendizagem proposta por George Siemens, tem como objetivo a
promoção da construção e produção de conhecimento interativo por cada indivíduo, por meio do
conceito de rede. Nessa perspectiva, a rede é entendida, de acordo com Siemens, como um
espaço, físico ou virtual, no qual ocorrem diversas conexões, em que cada indivíduo desempenha
o papel de um "nó" ou um elo para o acesso a novos conhecimentos e perspectivas.
A contribuição teórica de Siemens é notável pela maneira como integra elementos sócio-
interacionistas com uma perspectiva globalizada, que considera os novos padrões culturais da
sociedade contemporânea, muitas vezes denominada "Aldeia Global". É importante destacar que,
sob essa abordagem, o indivíduo não é concebido como um ser a ser moldado passivamente, mas
como um sujeito situado historicamente, ativo na construção do seu próprio conhecimento.
Do ponto de vista metodológico, esta pesquisa adota uma abordagem bibliográfica, que explora os
princípios da Teoria Conectivista e sua base conceitual, além de referências que elucidam os novos
paradigmas educacionais para o século XXI. A escolha por essa abordagem se justifica pela
escassez de obras acadêmicas, como teses e dissertações, dedicadas ao tema do Conectivismo
até o momento. Além disso, uma pesquisa empírica revelou que uma parcela significativa de
docentes da Educação Básica desconhece o conceito de Conectivismo, ressaltando a importância
de explorar e disseminar essa teoria na área educacional.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo tem como objetivo apresentar o arcabouço epistemológico da Teoria de Aprendizagem
Conectivista, centrando-se no pensamento de George Siemens. A primeira seção analisa as novas
construções sociais e identifica a necessidade de transformar o sistema educacional para atender
a um sujeito imerso em interações constantes com os outros e inundado por um mar de
informações. Isso resulta em um novo paradigma de ensino e aprendizado, que contrasta com o
modelo atual das escolas, que ainda dividem o conhecimento em disciplinas e fragmentam o todo
em partes, negligenciando a integração, interação e síntese.
Zuffo e Behrens (2009) argumentam que os aspectos históricos e culturais fornecem insights para
compreender os referenciais que sustentam cada paradigma e levam à renovação da cultura. A
cultura de uma sociedade abrange seu modo de vida, valores, crenças, instrumentos de trabalho,
sistemas de organização social e muito mais (Moraes, 2011). A cultura está intrinsicamente ligada
à educação, que orienta os membros da sociedade em um determinado caminho.
Paiva (2003) destaca que as mudanças nos padrões culturais são um componente essencial da
evolução da sociedade e que a educação desempenha um papel crucial na transição
paradigmática. Desde a Revolução Industrial, as sociedades estão se tornando cada vez mais
integradas em um contexto global, como apontado por Morin (2011).
Dada a importância da educação como elemento de coesão social, é fundamental refletir sobre os
processos educacionais, especialmente no contexto da sociedade da informação, onde a forma
como as pessoas obtêm informações mudou drasticamente. A geração atual cresceu em um
ambiente de informações instantâneas e acesso global à internet (Langaro, 2013).
O conectivismo também aborda o conceito de "caos", que se refere à maneira imprevisível como o
conhecimento é organizado na sociedade. Siemens argumenta que os significados já existem, e o
desafio dos aprendizes é reconhecer os padrões subjacentes (Siemens, 2004).
Para investigar o conhecimento teórico dos conceitos de conectivismo, uma pesquisa foi iniciada
por meio da distribuição de um formulário digital para cerca de 300 participantes, alcançados por
e-mail e redes sociais. Dentre esses participantes, 63 eram professores atuantes na Educação
Básica, abrangendo as esferas municipal, estadual e federal. O questionário visava avaliar o
conhecimento desses educadores acerca da teoria conectivista, bem como dos principais teóricos
associados a ela.
O termo "Conectivismo" foi utilizado como palavra-chave na busca, dada a falta de familiaridade
dos docentes participantes com esse conceito. A análise dessas produções acadêmicas revelou
um total de 34 trabalhos, englobando 8 teses e 26 dissertações, todos fundamentados no
Conectivismo Pedagógico de George Siemens. Siemens foi citado como a principal referência
teórica em todos esses trabalhos, e, em alguns casos, Stephen Downes também foi empregado
para embasar aspectos relacionados a comunidades de prática, MOOCs (Cursos Online Abertos e
Massivos) e ferramentas de e-learning. Além disso, em 9 desses trabalhos, foram incorporados
elementos da Teoria da Complexidade de Edgar Morin, que fornece bases para a própria teoria
conectivista, especialmente no que diz respeito aos conceitos de nós e redes de conhecimento,
que descrevem o funcionamento da sociedade complexa.
6. ALGUMAS REFLEXÕES
É crucial reconhecer que qualquer teoria pode ser objeto de questionamento e crítica, e o
conectivismo não é exceção. Algumas das críticas comuns levantadas em relação a essa teoria
incluem:
A crítica de que a aprendizagem é inerentemente um fenômeno humano e, portanto, não pode ser
adequadamente relacionada a mecanismos não-humanos.
Outra linha crítica aponta para a presença dos princípios do conectivismo em outras teorias de
aprendizagem, diferenciando-se apenas pelo seu enfoque tecnológico. Assim, argumenta-se que
o conectivismo não fornece uma base teórica única e distintiva.
Além disso, há desafios relacionados à ideia de que a aprendizagem pode ser alojada em
dispositivos não-humanos, suscitando questões sobre se isso realmente representa uma
transformação significativa no paradigma educacional ou simplesmente uma adaptação das formas
tradicionais de aprendizado, utilizando tecnologia.
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em resumo, o modelo educacional atual muitas vezes se mostra inadequado para atender às
demandas dos alunos na sociedade contemporânea. A abordagem centrada na memorização de
fatos e na aprendizagem mecânica já não é suficiente para preparar os estudantes para enfrentar
a complexidade do mundo atual.
O conectivismo surge como uma teoria que destaca a importância da interação e da conexão na
aprendizagem, refletindo a realidade da era digital em que vivemos. George Siemens, ao
desenvolver o conectivismo, enfatiza a necessidade de reconhecer o valor da informação e como
ela pode transformar a realidade e aprimorar as habilidades cognitivas individuais.
Embora o conectivismo ainda enfrente críticas e desafios em relação ao seu status teórico e
aplicação prática, ele oferece uma perspectiva que reconhece a importância das redes, da
tecnologia e da interconexão na educação. É essencial repensar as bases epistemológicas da
educação para melhor atender às necessidades dos alunos na sociedade contemporânea, e o
conectivismo representa uma abordagem que busca atender a essas demandas em constante
evolução.