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Desafios do combate ao trabalho análogo à escravidão no Brasil do

século XXI
No livro Prostituição à Brasileira, do professor e escritor brasileiro José Carlos
Sebe, um jovem é entrevistado sobre sua jornada desde que recebeu uma
promessa de emprego na Espanha. Miro, como é tratado na entrevista, foi enganado
e forçado a se prostituir, vivendo e trabalhando em ambientes insalubres rodeados
de violência. Assim como Miro, diversos brasileiros enfrentam condições trabalhistas
semelhantes à escravidão. Nesse sentido, é mister analisar a inefetividade dos
direitos pétreos e a desigualdade regional como empecilhos ao combate desse
impasse.
A princípio, é precípuo destacar que, assim como no livro O Cidadão de Papel
do jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein, as garantias constitucionais presentes no
artigo 5º da Constituição Federal de 1988, como o direito à educação, são inefetivas
e dificultam o combate à problemática, visto que a falta de acesso a uma boa
educação impede que até mesmo os explorados tenham consciência do problema.
Isso é evidenciado por Italvar Medina, vice-coordenador da Coordenadoria Nacional
de Erradicação do Trabalho Escravo, ao afirmar que as vítimas dessa ‘‘nova
escravidão’’ possuem baixa escolaridade.
Ademais, tal qual a desigualdade regional e social presente no livro Morte e
Vida Severina, do escritor brasileiro João Cabral de Melo Neto, o desequilíbrio
econômico existente entre as regiões brasileiras prejudica o combate ao trabalho
análogo à escravidão, posto que, assim como Severino, herói do poema modernista,
muitos brasileiros se veem obrigados a se retirar para outras regiões em busca de
melhores condições de vida, porém acabam em empregos precários. Reflexo desse
cenário, conforme dados do Ministério do Trabalho, em 2013 a maioria dos casos de
exploração do trabalho ocorreu em ambiente urbano.
Portanto, indubitavelmente, medidas são necessárias para minimizar os
desafios do enfrentamento à escravidão contemporânea. Para tal, o Ministério da
Educação, em parceria com os ministérios do Trabalho e da Economia, deve
elaborar um projeto de educação financeira e trabalhista o qual venha ser
implantado em escolas de ensino fundamental através de aulas online com
professores especializados e materiais didáticos necessários. Outrossim, a mídia
deve propagandear o plano de forma tenaz, contínua e persistente, corroborando,
assim, com a efetividade do mesmo. Destarte, casos como o de Miro serão
minorados na sociedade brasileira.

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