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INTRODUÇÃO
A presente pesquisa analisou a implantação do engenho do Miriri, no período da História do
Brasil Colonial e sua contribuição para formação da Capitania da Paraíba, visto que, as fundações das
Capitanias Hereditárias fizeram parte da lógica empreendedora da Coroa Portuguesa na conquista dos
territórios Além-mar. Procuramos discutir a importância estratégica desse engenho para a criação das
Capitanias do Norte da Colônia. Ademais, enxergamos que os planos de utilização dos engenhos de
cana-de-açúcar às margens dos principais rios paraibanos estiveram dentro da dinâmica comercial dos
primeiros séculos de construção das Capitanias para ocupação do território, sendo que, nesse contexto
as ordens religiosas tiveram papel fundamental na sua implementação, o que, no caso do engenho do
Miriri, os religiosos de São Bento realizaram papel preponderante.
OBJETIVO
Analisar a implantação do engenho do Miriri, no período da História do Brasil Colonial e sua
contribuição para formação da Capitania da Paraíba, visto que, as fundações das Capitanias Hereditárias
fizeram parte da lógica empreendedora da Coroa Portuguesa na conquista dos territórios Além-mar.
METODOLOGIA
A pesquisa é de cunho bibliográfico e documental, aportada na teoria dos estudos decoloniais,
bem como se ampara na análise fontes por meio do Método Histórico, utilizando as etapas e
procedimentos, a saber: a heurística, a crítica e a interpretação, tanto na historiografia, como nos
relatórios sobre as Capitanias do Norte da América Portuguesa e toda a estrutura de exploração e
sulbaternização de Povos indígenas e africanos, para efetivação do projeto colonizador europeu.
DESENVOLVIMENTO
A pesquisa pretendida iniciou-se pelas inquietações em histórias contadas pelos meus avós,
memórias que falavam da luta pela terra, porém, também estava do lado dos trabalhadores dos canaviais
do engenho do Miriri. Não somente pela perspectiva do grande latifundiário, homem rico paraibano, o
senhor do engenho dos dias atuais, aquele cujas terras ultrapassavam os dois lados do rio Miriri. Como
também, pela ótica dos subalternos.
No entanto, a sensibilidade de aprender com o homem simples nos leva a perceber, assistir a
dor, a dor daquele que está integrado ao trabalho no canavial, sem estudo, sem qualificação profissional,
dependendo de um salário que, muitas vezes, não permite suprir as necessidades básicas da vida urbana
e rural.
Foi assim que procurei conhecer o curso de Especialização em História do Nordeste do Brasil da
Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP, em Recife. As discussões sobre os homens e as
mulheres escravizados – capturados do outro lado do Atlântico e trazidos para cá, sem direito
algum, sem vida nem feição, jogados em lugares desconhecidos, vivendo ao relento, sofrendo e
sendo violentados, tudo por causa da terra, do canavial – trouxeram a sensibilidade ao tema.
Assim, pretendemos discutir como foi sendo construída a importância estratégica da criação de
Capitanias no Norte da Colônia, no caso da Paraíba. Ao mais, discutiremos as estratégias de utilização
dos engenhos de cana-de-açúcar às margens dos principais rios paraibanos, que estiveram dentro da
lógica do comércio dos primeiros séculos de formação das Capitanias, sendo que, nesse contexto as
ordens religiosas tiveram papel fundamental na sua implementação, o que, no caso do engenho do
Miriri, a ordem de São Bento teve papel preponderante.
Para isso, traçamos os seguintes objetivos: analisar a construção do engenho do Miriri, no
período colonial, e sua contribuição para formação da Capitania da Paraíba. Além disso, discutir as
formações das Capitanias Hereditárias, como parte da lógica empreendedora da Coroa Portuguesa, na
conquista dos territórios além-mar. Bem como, perceber as estratégias de utilização dos engenhos de
cana-de-açúcar, às margens dos principais rios paraibanos, que estiveram dentro da dinâmica do
comércio dos primeiros séculos de implantação das Capitanias no Norte da Colônia, e por fim,
apresentarmos a Ordem religiosa de São Bento, no papel fundamental de empreender o engenho do
Miriri.
Sendo assim, iniciaremos a pesquisa traçando alguns conceitos e perspectivas sobre a temática,
que principiaram a história e a implantação da economia açucareira na Capitania da Paraíba. Regina
Gonçalves (2007) possibilita-nos demonstrar que, a expansão da economia açucareira para a capitania
da Paraíba (1585-1630), via processo de conquista, foi consequência do contexto pelo qual passava
Pernambuco. Esta capitania encontrava-se extenuada em termos fundiários, faltavam terras para
aumento da produção – e sociais – era necessária uma área na qual os filhos da “nobreza da terra”
pudessem se instalar.
Desta forma, destacam-se que os serviços prestados por essa “nobreza”, dentro da economia de
mercês, eram retribuídos pela Coroa com terras, ofícios militares e burocráticos. Nesse sentido, existiu a
instalação de conflitos entre integrantes dessa elite, que, no entanto, foram abafados pela necessidade
de consolidação da conquista, posto que se receassem os índios Potiguares que ocupavam a região
anteriormente e, por isso, estabeleceram uma aliança. Tal aliança será desfeita somente em 1634,
momento em que a região será invadida pelos batavos e/ou flamengos (GONÇALVES, 2007).
Outro conceito adotado para pesquisa, a qual ancorou à abordagem, dar-se-á ao termo cunhado
para Capitanias do Norte, extraído do título das obras de João Fernando Almeida Prado, publicado em
quatro volumes entre 1939 e 1942, o qual discute, entre outros temas, os primeiros povoadores da região
no período até 1630.
A este período em trama, propõe que a colonização basicamente foi feita no litoral de
Pernambuco e Itamaracá, com pequenos núcleos na região costeira da Paraíba e Rio Grande.
Certamente, nesse momento, Olinda foi o grande centro difusor das expedições de conquista para o
litoral Norte. Porém, como discutiremos adiante, como houve mudança na conformação das próprias
Capitanias, com criação de uma nova e redução territorial de outras duas, não havia uma percepção de
certo conjunto do que pretendemos chamar de Capitanias do Norte (ALMEIDA PRADO, 1932-1942).
Dado a isso, temos no trabalho clássico de Vera Lúcia Costa Acioli (1997), que analisa os
conflitos de domínio, que mencionam as disputas do Governo de Pernambuco em subordinar as
Capitanias do Norte. Temos ainda, a pesquisa de Evaldo Cabral de Mello (2003) que discute os
conflitos intraelites da própria Capitania de Pernambuco, e apesar de fazer pouca relação com as
capitanias vizinhas, utiliza o termo Capitanias do Norte.
Este trabalho versa sobre a história às margens do rio Miriri e a construção do seu engenho de
mesmo nome entre os séculos XVI e XVII, dentro do processo formador da Capitania Hereditária da
Paraíba. Nesse rio, encontramos menções em vários trabalhos de importância para a historiografia
brasileira do caminho do açúcar, como os de Adrian van der Dussen (1947) e Gilberto Freyre (1969),
todos aqui serão utilizados para demonstrar sua relevância na construção da história da Paraíba.
Nisso a escrita do texto recorrerá à historiografia do lugar chamado Paraíba para discorrer sobre
as questões que envolveram a construção do Engenho do Miriri. Assim, utilizaremos os trabalhos de
Evaldo Cabral de Mello (2012), contextualizando trechos dos documentos mais importantes sobre a
presença batava no Nordeste, a obra constitui um instrumento valioso para o estudo da história
socioeconômica do período.
Em a obra “O bagaço da cana”, do autor analisa aspectos da atividade canavieira nordestina
entre o início da colonização portuguesa e a definitiva retirada dos holandeses, e defende que, mesmo
no momento da sua maior expansão durante os anos do governo Nassau, o cultivo açucareiro não
chegou a alcançar o patamar da fase anterior a 1630. O bagaço da cana é fruto de uma pesquisa
exaustiva baseada em documentações de origem neerlandesa e luso-brasileira, e uma obra essencial para
entender o primeiro boom econômico do Brasil Colônia.
Guilherme Gomes da Silveira d‟Avila (2019) em: “Uma contribuição para os primórdios da
História dos Beneditinos na Paraíba” com edição ilustrada em gravuras do século XVII e fotografias
atuais. Mostra a Ordem que chegou nesta terra Brasilis, desde o final do século XVI, quando aportaram
na Cidade do Salvador, Capitania da Bahia, em 1581. Daí, foram para São Sebastião do Rio de Janeiro,
em 1586; em seguida, para Olinda, em 1592, datando de 1595, a chegada à Cidade Filipeia de Nossa
Senhora das Neves, “cabeça da Capitania da Paraíba”. Só, então, fazem pouso em São Paulo, no ano de
1598 (2019, p. 37).
O relatório de Elias Herckmans (1596 - Recife, 1644) como um geógrafo, cartógrafo e escritor
neerlandês. Enquanto diretor da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais, governou a capitania da
Paraíba de 1636 a 1639. Desse período, legou-nos um detalhado relatório sobre a capitania, intitulado
“Descrição Geral da Capitania da Paraíba” (“Generale Beschrjvinge van de Capitania Paraíba”),
datado de 1639. A sua primeira parte é dedicada à capital, a segunda aos engenhos do vale do rio
Paraíba e a terceira aos costumes dos Tapuias. Posteriormente envolveu-se na expedição neerlandesa ao
Chile, com o fim de determinar a localização das minas de ouro, estabelecer uma colónia em Valdivia,
explorar a ilha de Santa Maria e fazer uma aliança com os indígenas. De volta ao Recife, Herckmans
foi responsabilizado pelo fracasso da expedição onde, amargurado pelo fracasso e pelas acusações,
veio a falecer (MELLO, 2004).
Partimos, em um primeiro momento, das doações de terras feitas pela Coroa Portuguesa aos
beneditinos e utilizamos da História do Brasil Colonial, que nos permitiu descobrir que há vasta
documentação nos mosteiros dessa ordem no Nordeste, mais especificamente em Pernambuco. Quanto
a essa documentação, não vamos trabalhar com fontes primárias – o tempo não permite a pesquisa
monográfica em questão – pois as citações dos tomos dos monges, em que se encontra a fazenda Miriri,
estão descritos em d‟Avila (2019), o que contribuirá para fundamentar as questões que envolveram a
construção do engenho por meio da historiografia.
No campo da teoria, utilizaremos as perspectivas dos estudos decoloniais na história. Desta
maneira, é importante salientarmos que, devido às construções dos conceitos históricos terem sido
diluídos por muito tempo em resultados da tradição colonial, em que à percepção branca e europeia,
estivera preenchida como superioridade excepcional. Entretanto, para Mignolo (2014, p. 11) “a opção
decolonial não é um projeto historiográfico, mas antes epistêmico-político e ético”. Sendo assim, a
herança igualmente operou criando e impondo subjetividades aos colonizados, por meio da construção
de discursos narrativos oficializados em uma visão monocular, a qual legitima as desigualdades e
dominações por parte dos europeus (BARBOSA, 2012).
Quanto à teoria, compreendemos que:
A “teoria” remete a uma maneira de ver o mundo ou de compreender o campo de fenômenos
que estão sendo examinados. Remete aos conceitos e categorias que serão empregados para
encaminhar uma determinada leitura da realidade, à rede de elaborações mentais já fixada por
outros autores (e com as quais o pesquisador irá dialogar para elaborar o seu próprio quadro
teórico). A “teoria” remete a generalizações se destinem a serem aplicadas em um objeto
específico ou a um estudo de caso delimitado pela pesquisa. Já a “metodologia” remete a uma
determinada maneira de trabalhar algo, de eleger ou constituir materiais, de extrair algo destes
materiais, de se movimentar sistematicamente em torno do tema definido pelo pesquisador. A
metodologia vincula-se a ações concretas, dirigidas à resolução de um problema; mais do que ao
pensamento, remete à ação. Assim, enquanto a “teoria” refere-se a um “modo de pensar” (ou de
ver), a “metodologia” refere-se a um “modo de fazer”, ou ao campo de atividades humanas que
em filosofia denomina-se práxis (BARROS, 2005, p. 77-78).
Um dos grandes problemas que os historiadores enfrentam é fazer com que se compreenda o
passado. Compreender é também interpretar, o que pode resultar na generalização das experiências, e
um emaranhado de dados e confusas informações. Pode-se considerar que o notável acervo de qualquer
ciência se deve a sua própria evolução porque todas as disciplinas desenvolvem-se em instituições
influídas pelas circunstâncias, tradições, necessidades e personagens que constituem a sua
vértebra (MACHADO, 2011).
É tarefa dos historiadores desenredarem esse processo mitificador sem cair numa historiografia
prolixa com demasiadas explicações ou sínteses excessivas, pois à investigação histórica interessa
esclarecer o passado, liberando-se das contribuições dos interessados e das adições poéticas, e isto se
pode alcançar fazendo uso de uma prosa bem escrita, representativa de um perfeito sistema de
comunicação social, de antigas e prestigiosas ciências complementadas com as novas ciências,
tecnologias e métodos de análises e processos instrumentais na construção de um novo saber histórico
(MACHADO, 2011).
No que se refere à relação desta abordagem com o presente estudo, cabe indicar que esta é uma
pesquisa informada por uma perspectiva histórica, a qual refere-se ao estudo das relações particulares
do Período Colonial do Brasil. Neste sentido, esta assertiva, linha-mestra da investigação que
pretendo seguir, norteará meu olhar de pesquisador na medida em que busco estudar a construção do
engenho do Miriri e sua contribuição para formação da Capitania da Paraíba.
Tais elementos são postos em relação a partir de suas conexões com o eixo do tempo-espaço,
utilizando-se como referência os séculos XVI e XVII. Tornando mais específica a indicação das opções
teórico-metodológicas realizadas para a composição desta pesquisa, deve ser mencionado ainda que este
estudo se propõe a ser calcado nos aportes teóricos da História Colonial do Brasil (WÄTJEN, 1938;
NOVAIS, 1979; ALENCASTRO, 2000).
Partindo destas premissas, pode-se dizer que outro conceito-chave desta pesquisa é o de
historiografia. Sobre tal conceito, Justino Magalhães indica que: “A produção historiográfica, enquanto
construção e representação discursiva da realidade, visa o conhecimento da relação, ou melhor, das
relações, num contexto de multidimensionalidade” (MAGALHÃES, 1996, p. 53), ao realizar um
apontamento metodológico que dá conta de uma ênfase nos estudos do Período Colonial do Brasil.
Neste raciocínio, pode-se afirmar que o autor entende a historiografia como uma forma
particular relacional de trabalhar a História. Na presente pesquisa este conceito se mostra muito útil, na
medida em que, por vários momentos me deparo com diferentes perspectivas historiográficas.
Para tanto, conforme se discute em Damázio (2011), o projeto decolonial é mais bem
compreendido em como os saberes tradicionais dos Povos subalternizados elaboram metodologias e
teorias plurais, deslocando-se dos pilares colonizadores, passando a apontar para o fim da eternização
das dominações de poderes e saberes produzidos pelas relações coloniais.
Sobre isso, Damázio propõe:
Assim sendo, questionamos que tradicionalmente a História, elaborou, criou discursos e saberes
hegemônicos. Sendo que, a decolonialidade, não se traduz na repetição de uma História nos arquétipos
coloniais, mas procura relatar a História, a partir da perspectiva dos subalternizados e suas
mundividências, modos de ver o mundo, na concepção e visão de mundos outros. Ou seja, romper com
os mutismos historiográficos e reconhecer os elementos que lhes são distintivos e apreciativos antes aos
dominados. Não arranjando da mesma forma, nem cessando as evidências da colonização, mas antes a
corroborando e trazendo a possibilidade crítica e teórica de irromper e conceber o seu espaço comum
epistemológico frente ao cenário eurocêntrico presente nas ciências (NASCIMENTO; SANTANA,
2020).
Desta forma, afirmamos que os estudos decoloniais como rede de pesquisadores que busca
sistematizar conceitos e categorias interpretativas, tem uma existência bastante recente. Para, além
disso, a decolonialidade consiste também numa prática de oposição e intervenção, que surgiu no
momento em que o primeiro sujeito colonial do sistema mundo moderno/colonial reagiu contra os
desígnios imperiais que se iniciou em 14922 (BERNARDINO-COSTA & GROSFOGUEL, 2016, p. 17).
Portanto, localizar o início do sistema-mundo capitalista, patriarcal, cristão, moderno, colonial,
europeu de 1492, tem repercussões significativas para os teóricos da decolonialidade. A mais evidente
é o entendimento que a modernidade não foi um
projeto gestado no interior da Europa a partir da Reforma, da Ilustração e da Revolução Industrial, às
quais o colonialismo se adicionou.
Contrariamente a essa interpretação que enxerga a Europa como um contêiner no qual todas as
características e os traços positivos descritos como modernos se encontrariam no interior da própria
Europa, argumenta-se que o colonialismo foi à condição sine qua non de formação não apenas da
Europa, mas da própria modernidade. Em outras palavras, sem colonialismo não haveria modernidade,
conforme fora articulado na obra de Enrique Dussel (1994). A partir dessa formulação tornou-se
evidente a centralidade do conceito de “colonialidade do poder”, entendido como a ideia de que a raça e
o racismo se constituem como princípios organizadores da acumulação de capital em escala mundial e
das relações de poder do sistema-mundo (WALLERSTEIN, 1990, p. 289).
Dentro desse novo sistema-mundo, a diferença entre conquistadores e conquistados foi codificada a partir
da ideia de raça (WALLERSTEIN 1983; 1992: p. 206-208; QUIJANO, 2005, p. 106). Esse padrão de poder não se
restringiu ao controle do trabalho, mas envolveu também o controle do estado e de suas instituições, bem como a
produção do conhecimento.
Ao mais, a “colonialidade do poder” é elaborada nesta pesquisa, seguindo a discussão teórica, na
qual aponta para o sentido dos estudos decoloniais, os quais compartilham de um conjunto sistemático
de enunciados teóricos que revisitam a questão do poder na modernidade.
Nesse sentido, os procedimentos conceituais são: a localização das origens da modernidade na
conquista da América e no controle do Atlântico pela Europa, entre o final do século XV e o início do
XVI, e não no Iluminismo ou na Revolução Industrial, como é comumente aceito; ênfase especial na
estruturação do poder por meio do colonialismo e das dinâmicas constitutivas do sistema-mundo
moderno/capitalista e em suas formas específicas de acumulação e de exploração em escala global.
Além disso, temos a compreensão da modernidade como fenômeno planetário constituído por
relações assimétricas de poder, e não como fenômeno simétrico produzido na Europa e posteriormente
estendido ao resto do mundo; assimetria das relações de poder entre a Europa e seus outros representa
uma dimensão constitutiva da modernidade e, portanto, implica necessariamente a subalternização das
práticas e subjetividades dos povos dominados; subalternização da maioria da população mundial se
estabelece a partir de dois eixos estruturais baseados no controle do trabalho e no controle da
intersubjetividade; designação do eurocentrismo/ocidentalismo como a forma específica de produção de
conhecimento e subjetividades na modernidade (QUINTERO, et al, 2019, p. 5).
Refletindo ainda a teoria, para posteriormente falarmos dos aspectos metodológicos da pesquisa,
um dos princípios básicos que define a prática historiográfica moderna é a distinção entre fontes
primárias e fontes secundárias. As fontes primárias são os relatos dos testemunhos oculares, os
documentos e os vestígios materiais que são contemporâneos aos eventos em questão. As fontes
secundárias, por sua vez, dizem respeito aos relatos posteriores, como crônicas e relatos que tratam dos
eventos dos quais não foram testemunhas diretas, mas cujo acesso foi possível somente através de
outros relatos, ou seja, um dos elementos que definiria a identidade da disciplina histórica moderna seria
essa distinção rigorosa entre indícios contemporâneos e relatos posteriores aos eventos (TEIXEIRA,
2014).
Esta diferença entre fontes primárias e fontes secundárias foi erigida pela comunidade de
historiadores como o critério fundamental que possibilitaram o estabelecimento da veracidade do relato
histórico, “estabelecimento da factualidade”, como afirmou Berheim em seu texto clássico da
metodologia histórica, “o que garante o critério de verossimilhança para o relato histórico” (BERHEIM,
2010, p. 56). Quanto à metodologia, temos as seguintes operações processuais. O que de acordo Rüsen
(2007), divide-as em três etapas: heurística, crítica e interpretação.
Para a heurística, Rüsen, vai agurmentar que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS