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“Quis procurar, depois disso, outras verdades, e tendo-me proposto o objeto dos geômetras, que eu concebia como
um corpo contínuo, ou um espaço infinitamente extenso em comprimento, largura e altura ou profundidade, divisível
em diversas partes que podiam ter diferentes figuras e grandezas, e ser movidas ou transpostas de demonstrações. E,
tendo notado que essa grande certeza, que todo mundo lhes atribui, se funda apenas no fato de serem concebidas
com evidência, segundo a regra que há pouco expressei, notei também que nada havia nelas que não me assegurasse
a existência de seu objeto. Pois, por exemplo, eu via muito bem que, supondo um triângulo, cumpria que seus três
ângulos fossem iguais a dois retos; mas, apesar disso nada via que garantisse haver no mundo qualquer triângulo. Ao
passo que, voltando a examinar a ideia que tinha de um Ser perfeito, verificava que a existência estava aí inclusa, da
mesma forma como na de um triângulo está incluso serem seus três ângulos iguais a dois retos, ou na de uma esfera
serem todas as suas partes igualmente distantes do seu centro, ou mesmo, ainda mais evidente; e que, por
conseguinte, é pelo menos tão certo que Deus, que é esse Ser perfeito, é ou existe, quanto sê-lo-ia qualquer
demonstração de Geometria”. (Descartes, Discurso do Método, Quarta Parte)
Proposições: