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Ernesto Agostinho Salustiano Ernesto

Curso
Licenciatura em Administração e Gestão Aduaneira
4º Ano

ANÁLISE DAS DIFICULDADES DE TRAMITAÇÃO DE


DOCUMENTOS DE CARGA (CASO DA FRONTEIRA DE
ZÓBUÈ 2019-2021)

UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE


BEIRA
2022
Ernesto Agostinho Salustiano Ernesto

ANÁLISE DAS DIFICULDADES DE TRAMITAÇÃO DE


DOCUMENTOS DE CARGA (CASO DA FRONTEIRA DE
ZÓBUÈ 2019-2021)

Monografia submetida a Comissão


Científica para o parecer como requisito
exigido e parcial para obtenção do grau de
Licenciatura em Administração e Gestão
Aduaneira.

A Supervisora: Dr. Selma Camal Latifo

UNIVERSIDADE ALBERTO CHIPANDE


BEIRA
2022
Índice
LISTA DE TABELA......................................................................................................................3

DECLARAÇÃO DE HONRA........................................................................................................4

DEDICATÓRIA.............................................................................................................................5

AGRADECIMENTOS....................................................................................................................6

LISTA DE ABREVIATURA.........................................................................................................7

RESUMO........................................................................................................................................8

ABSTRACT....................................................................................................................................9

CAPÍTULO 1-INTRODUÇÃO....................................................................................................10

1.1. Estrutura do trabalho......................................................................................................10

1.2. Justificativa.....................................................................................................................11

1.3. Delimitação do Tema.....................................................................................................12

1.4. Contextualização do Tema e Problema de Pesquisa......................................................14

1.5. Hipóteses........................................................................................................................15

1.5.1. Hipóteses Negativa.................................................................................................15

1.5.2. Hipóteses Positiva...................................................................................................15

1.6. Objectivos.......................................................................................................................15

1.6.1. Objectivo Geral.......................................................................................................15

1.6.2. Objectivos Específicos............................................................................................15

1.7. Relevância científica......................................................................................................15

1.8. Considerações Éticas do Trabalho.................................................................................16

CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................17

2.1. Comércio Internacional..................................................................................................17

2.1.1. Exportação..............................................................................................................18

2.1.2. Importação..............................................................................................................19

2.1.3. O Comercio Exterior Moçambicano.......................................................................20

2.2. Conceito e o Contexto das Importações.........................................................................23

1
2.3. Etapas do Desembaraço Aduaneiro de Importação........................................................32

2.4. A Legislação Aduaneira e a Tributação na Importação.................................................33

CAPÍTULO III. METODOLOGIAS............................................................................................36

3.1. Tipo de Pesquisa.............................................................................................................36

3.2. População/Universo de Pesquisa....................................................................................36

3.2.1. A amostra................................................................................................................36

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADADOS............................................37

CAPÍTULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................43

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA..............................................................................................46

ANEXOS......................................................................................................................................48

ANEXO 1: Guião de entrevistas...............................................................................................49

Anexo 2: Guião de entrevistas..................................................................................................50

ANEXO 3: Guião de entrevistas...............................................................................................51

2
LISTA DE TABELA

Tabela-1: Fonte 15

3
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Ernesto Agostinho Salustiano Ernesto, Declaro por minha honra que esta
monografia nunca foi apresentada, parcial ou integralmente, em nenhuma instituição de ensino
para a obtenção de qualquer grau académico e constitui resultado da minha investigação pessoal,
estando indicadas no texto e nas referências bibliográficas as fontes utilizadas.

Beira, Outubro de 2022


_____________________________________________
(Ernesto Agostinho Salustiano Ernesto).

4
DEDICATÓRIA

Em memória do meu irmão João que a sua alma descanse em paz! Dedico em
primeiríssimo lugar a minha Mãe Luciana Samissone Viola e Meu Pai Agostinho Salustiano
Ernesto, a minha irmãs Rosalina, Laura, Balbina e Manuela e meus irmãos Joaquim, Pedro,
Ismael e Seneta Que Deus continue os abençoando insensatamente na vida. Tanto que dedico
igualmente a Três pessoas: Gente de Tempo, Gente de Ideia e Gente de Companhia e o meu
muito obrigado!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar a Deus que me deu vida, saúde e forças de estudar para
que pudesse chegar aonde cheguei hoje. Aos meus colegas do grupo,…. pelos momentos em que
estivemos sempre juntos para trocar ideias ou impressões sobre academia, trabalhos em grupo,
quando nos reuníamos nas vésperas de uma avaliação. A tudo isso e outros momentos, o
meu’’Takhuta’’. Um agradecimento especial vai à minha supervisora, Doutora…., pelo
empenho e sacrifício que teve, no acompanhamento, conselhos e revisão do meu trabalho,
porque, sem os préstimos dela, não lograria hoje tamanha felicidade, bem-haja Docente.

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LISTA DE ABREVIATURA

ADE – Ato Declaratório Executivo


AFRF – Auditores Fiscais da Receita Federal
AFRF – Auditores Fiscais da Receita Federal
ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATM – Autoridade Tributária de Moçambique
DE – Declaração de Exportação
FCE – Faculdade de Ciências Económicas
FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
ICTAC – Instituto de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MIC-DTA – Manifesto Internacional de Carga Rodoviária/Declaração de
Trânsito Aduaneiro
POS – Plano Operacional e de Segurança
RC – Registro de Crédito
RE – Registro de Exportação
TIF-DTA – Carta de Porte Internacional/Declaração de Trânsito Aduaneiro
RV – Registro de Venda

7
8
RESUMO

Ernesto Agostinho Salustiano junta a Análise das Dificuldades de Tramitação de Documentos de


carga nas fronteiras moçambicanas caso da Fronteira de Zóbuè (2019-2021), a Análise do Processo de
Tramitação de Documentos de Carga que apresenta-se como uma importante ferramenta no auxílio à avaliação
de desempenho global do processo.

Este é o estudo de caso realizado no Posto Fronteiriço de Zóbuè. Como objectivo norteador do
mesmo, deve-se analisar o processo de importação de mercadorias aduaneira no Posto Fronteiriço de Zóbuè.
Quanto a metodologia aplicada este estudo caracteriza-se como teórico-empírico, qualitativo, exploratório,
descritivo e aplicado. Já quanto aos meios utilizados, classifica-se como: bibliográfico, documental, pesquisa de
campo e estudo de caso. A colecta de dados realizou-se por meio de pesquisa documental e de maneira mais
intensa, entrevistas semiestruturadas.

A análise de dados foi feita por meio do estabelecimento de relações, análise de conteúdo do discurso
das informações obtidas nas entrevistas, análise documental dos materiais colectados e correlacionando estas com a
teoria.

Como resultado deste estudo obteve-se a formalização dos processos, por meio de fluxogramas e
foram identificados os factores que na percepção de seus colaboradores, influenciam como limitadores ou
facilitadores a realização de suas actividades.

Como meio para a proposição de melhorias no processo de tramitação de documentos de carga, foi
realizado um plano de acções e um estudo de viabilidade para que tais sugestões sejam implementadas. Assim
sendo, verificou-se com este estudo a importância do mapeamento dos processos de importação, com intuito de
facilitar a identificação de pontos a serem trabalhados e possibilitar em um processo mais ágil e dinâmico que
possibilite as empresas despachantes a alcançar e atender com eficiência e eficácia e com maestria seus clientes.

Palavras-chave: Tramitação, Carga, Comércio Exterior. Processo e Importação.

9
ABSTRACT

Ernesto Agostinho Salustiano joins the Analysis of the Difficulties in Processing Cargo Documents at the
Mozambican borders in the case of the Zóbuè Border (2019-2021), the Analysis of the Process of Processing Cargo
Documents that presents itself as an important tool in aiding the evaluation overall process performance.

This is the case study carried out at the Zóbuè Border Post. As its guiding objective, the process of
importing customs goods at the Zóbuè Border Post should be analyzed. As for the methodology applied, this study
is characterized as theoretical-empirical, qualitative, exploratory, descriptive and applied. As for the means used, it
is classified as: bibliographic, documentary, field research and case study. Data collection was carried out through
documentary research and, more intensively, through semi-structured interviews.

Data analysis was carried out through the establishment of relationships, content analysis of the discourse
of the information obtained in the interviews, documental analysis of the collected materials and correlating these
with the theory.

As a result of this study, the processes were formalized through flowcharts and the factors that, in the
perception of its employees, influence as limiting or facilitating the performance of their activities were identified.

As a means of proposing improvements in the process of processing cargo documents, an action plan and
a feasibility study were carried out so that such suggestions can be implemented. Therefore, it was verified with this
study the importance of mapping the import processes, with the aim of facilitating the identification of points to be
worked on and enabling a more agile and dynamic process that allows forwarding companies to reach and serve
with efficiency and effectively and masterfully its customers.

Keywords: Processing, Cargo, Foreign Trade. Process and Import.

10
CAPÍTULO 1-INTRODUÇÃO

Em meio a pandemia da COVID-19, em uma situação de confinamento e


distanciamento social, optar-se a pelo levantamento de campo remoto como desafio
metodológico para se aferir a real situação das “Análise das Dificuldades de Tramitação de
Documentos de Carga Aduaneira nas Fronteiras Moçambicanas Caso da Fronteira de
Zóbuè (2019-2021) ”. Esta fronteira localiza-se no Posto de Travessia de Zóbuè, no do distrito
de Moatize, à 126km da cidade de Tete, com estrada asfaltada tendo a contra parte no Posto de
Muanza a Sul do vizinho Malawi.

No actual cenário comercial mundial o acirramento da competitividade em escala


mundial, faz com que diversas organizações e países se movimentem em busca de vantagens
competitivas. Desta forma, a intensa movimentação de capital proporciona diversas
oportunidades e ameaças a seus participantes. Como alternativa de crescimento e
sustentabilidade económica, actualmente, os países da região austral de África, travam batalhas
pelo montante de dinheiro movimentado mundialmente, a fim de manterem suas balanças
comercias em níveis que lhes possibilitem o crescimento interno e o atendimento às
necessidades de sua população. Assim sendo, o comércio internacional figura como importante e
decisivo mecanismo de geração de riquezas de um país, considerando-se o actual ambiente de
globalização e competitividade. Moçambique, ciente da necessidade de participar mais
activamente do mercado internacional, vem enfrentando e contornando diversas barreiras para se
tornar um pais realmente actuante e chegar a níveis significativos de participação no mesmo.
Assim, o comércio internacional, por sua própria dinâmica, sujeita seus participantes a um
constante aprimoramento de seus conhecimentos, rígido controle de suas operações e a uma
vigília constante sobre os acontecimentos nacionais e mundiais, para que se evite problemas que
possam resultar, as vezes em prejuízo financeiro ou de imagem cujos efeitos afectam
negativamente a performance empresarial de seu player (VAZQUEZ, 1998).

Este projecto visa essencialmente identificar as dificuldades na tramitação de


documentos de carga pelos utentes em relação as empresas de despacho aduaneiro que operam
neste posto fronteiriço.

1.1. Estrutura do trabalho

O trabalho em questão foi estruturado de forma a proporcionar aos leitores o


ordenamento lógico do conteúdo, permitindo assim, uma melhor compreensão do exposto. Para
isso o mesmo foi dividido em cinco capítulos. No primeiro capítulo, foi realizada a apresentação
11
em linhas gerais, do tema em estudo contextualizando-o com a actual conjuntura económica
mundial. A seguir, apresenta-se o tema problema de pesquisa, bem como o objectivo geral e os
objectivos específicos a serem atingidos na realização do estudo. Por ultimo, neste capítulo,
foram apresentadas a justificativa, Hipóteses, delimitação do Tema, Relevância Científica e
Considerações Éticas do Trabalho.

Para a realização deste trabalho e a forma como o mesmo foi estruturado. Já o


Segundo capítulo destina-se à fundamentação teórica, onde foram apresentadas as teorias
defendidas por diversos estudiosos dos temas abordados neste estudo. Este levantamento foi
realizado por meio de pesquisa bibliográfica.

O terceiro capítulo foi destinado a apresentação dos procedimentos metodológicos


utilizados neste estudo, onde apresenta-se a natureza da pesquisa, a delimitação do trabalho e
como foram levantados os dados que embasam a mesma. Na sequência, também são
apresentados os critérios de análise e tratamento dos dados e as limitações da pesquisa. No
quarto capítulo são apresentados e analisados os resultados obtidos na pesquisa realizada. Nesta
etapa há a conexão das teorias preconizadas pelos autores apresentadas no capítulo dois com os
dados obtidos na execução deste projecto.

Por fim, no quinto capítulo apresentam-se as considerações finais do estudo


realizado, considerando o resgate dos objectivos previamente estabelecidos a confirmação.

1.2. Justificativa

Segundo Lakatos e Marconi (1992), a justificativa constitui uma exposição sucinta,


porém completa das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem pratica que tornam
importante a realização da pesquisa. As autoras ainda consideram este item do projecto de suma
importância, e geralmente este é o elemento que contribui mais directamente na aceitação da
pesquisa pelas pessoas ou por entidades que irão financiá-lo.

Para Castro (1978), os critérios para escolha de um tema são: importância,


originalidade e viabilidade. Assim o presente trabalho pode ser caracterizado como importante,
pois o mesmo proporcionou ao académico o resgate do conhecimento adquirido com o conteúdo
programático do curso, conhecimentos estes que o auxiliaram na execução deste estudo.
Salienta-se também a importância do mesmo, no que se refere a sua contribuição para a
academia, no momento que auxiliará como instrumento de consulta, a realização de trabalhos
futuros com temas correlatos E importante também, visto que o resultado final deste servirá de
orientação para a empresa analisada, na formalização de seus processos e na identificação de
12
oportunidades de aprimoramento nos mesmos, contribuindo assim, na melhoria de sua eficiência
operacional. Quanto ao critério de originalidade, Castro (1978) diz que um tema é original
quando os resultados do mesmo têm o potencial de nos surpreender. Em função da pequena
quantidade de trabalhos realizados para o mapeamento de processos de importação de uma
empresa, e em função dos benefícios que este pode trazer, o desenvolvimento deste trabalho
poder proporcionar a empresa foco deste estudo, uma oportunidade, no que tange a formalização
de seus processos, a identificação de possíveis gargalos e pontos fortes que devem ser mantidos.
A viabilidade de um projecto, de acordo com Castro (1978) é o conceito mais tangível dos
critérios apresentados, pois ao se considerar os prazos, os recursos financeiros, a competência do
autor, a disponibilidade de informações e o estado da teorização a respeito, percebe-se a
possibilidade de realização da pesquisa.

O motivo que influenciou a escolha do tema, está associado aos estudos feitos que
mostraram que o suborno é uma realidade típica, que se situa na polícia, escolas, alfândegas,
autoridades fiscais e nos hospitais, sob forma de venda e pagamento de favores (Mosse, 2004).

1.3. Delimitação do Tema

Este projecto denominado “Análise das Dificuldades de Tramitação de Documentos


de carga nas fronteiras moçambicanas caso da Fronteira de Zóbuè (2019-2021) ”, terá como
estudo de caso na fronteira que localiza-se no Posto de Travessia de Zóbuè, localizado no do
distrito de Moatize, à 126km da cidade de Tete, com estrada asfaltada tendo a contra parte no
Posto de Muanza a Sul do vizinho Malawi e enquadra-se no cumprimento de requisitos básicos
para a obtenção do grau de Licenciatura em Licenciatura em Administração e Gestão Aduaneira
pelo Instituto Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande da Beira. Neste, o autor
levanta um problema bastante discutido na actualidade, que é a corrupção, morosidade, a
COVID-19 dentre outros. De realçar que acções devem ser conduzidas com o intuito de
melhorar o processo de tramitação de documentos pelas agencias migratórias governamentais e
não-governamentais que operam neste Posto Fronteiriço no em particular e nos de Moçambique
em geral.

Por esta razão o autor busca com o tema, para perceber e adoptar estratégias por parte
de provedores de serviços aos utentes com vista a minimizar ou mesmo pôr fim as demais
dificuldades constatadas no processo.

Principais cargas autorizadas no Posto Fronteiriço de Zóbuè, Regra de Origem


Aplicável.
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A luz das seguintes resoluções são cargas autorizadas para o trânsito neste posto
fronteiriço:

 Produtos inteiramente obtidos: de origem animal, vegetal, mineral e marítima - artigo


3, a), Resolução nº10/2006 de 17 de Maio.
 Produtos com complemento de fabrico ou transformação suficientes - artigo3, b),
Resolução nº10/2006 de 17 de Maio.
 Cujo CIF da matéria-prima importada não exceda 60% ou (CIF= FOB +
Frete + Seguro)
 Cujo valor acrescentado seja igual ou superior a 25%; (Valor Acrescentado -
é a diferença entre o custo do produto acabado à porta da fábrica e o valor
CIF dos materiais importados utilizados na produção).
 Mudança de posição pautal.

Produtos Elegíveis

São os produtos que constam da Pauta Aduaneira excepto os que constam da Lista
Negativa.

Lista Negativa
 Açúcar; 17.01
 Cerveja; 22.03
 Refrigerantes produzidos sob licença da Coca-Cola e Schweppes Franchise; 22.09.90
 Tabaco manufacturado; 24.02; 24.03
 Óleo alimentar Refinado; 15.06; 15.07; 15.08; 15.11; 15.12; 15.13; 15.14; 15.15.16
 Frangos congelados; 02.07
 Ovos; 04.07.00.90
 Material de escritório - excepto cadernos: P.P 48
 Produtos petrolíferos; 27.10
 Armas de fogo, munições; 93.01
 Explosivos;36.02

Vantagens
 Taxa zero de Direitos Aduaneiros na Importação da mercadoria;
 Taxa zero de Direitos Aduaneiros no destino da exportação da mercadoria;

14
 Permite colocar os produtos em ambos Países a preços mais competitivos.

FONTE:

Moçambique Malawi
Posto Fronteiriço de Zobué Mwanza Border Post

1.4. Contextualização do Tema e Problema de Pesquisa

Com o crescimento expressivo tanto nas exportações como nas importações, e


sucessivas quebras de recordes favoráveis na balança comercial moçambicana, um montante
cada vez maior de empresas começam a se aventurar no mercado mundial, visando não somente
o aumento de suas receitas, mas também a sua sobrevivência no sector. Com isso, há o
surgimento de oportunidades para empresas actuantes nos processos que envolvem o comércio
internacional. Mais especificamente nas actividades de importação e exportação de mercadorias,
de acordo com a Folha On-line (2021) a compra de produtos importados em Moçambique
decresceu em 2021 a um ritmo superior ao das exportações. Facto que contribui para o constante
decrescimento das importações nos últimos anos e a desvalorização do metical que se assistiu
neste ano frente ao dólar, proporcionando as empresas importarem menos máquinas,
equipamentos e bens de consumo, modernizando com isso seu parque tecnológico.

O presente estudo consistirá da análise das dificuldades dos processos de importação


e exportação de cargas pelas empresas que actuam no Posto fronteiriço de Zóbuè. A s empresas
foco deste estudo, actualmente não possuem o mapeamento formalizado de seus processos,
sendo este, importante instrumento para a orientação de seus negócios e no auxílio para a
identificação de seus pontos fortes e pontos deficitários que necessitam, portanto, de uma
atenção especial e melhorias. Exposto isto, tem-se como perguntas de pesquisa:

 De que forma ocorre o processo de importação e exportação de cargas nas empresas


aduaneiras no Posto de Zóbuè?
 Quais os principais desafios para a realização das operações de importação e exportação
de cargas nas fronteiras moçambicanas?

Através de um estudo de caso nas empresas aduaneiras que operam neste posto
fronteiriço será possível identificar os principais desafios enfrentados para a realização das
importações e exportações destacando-se: a complexidade da legislação aduaneira; a elevada

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carga tributária sobre os produtos importados; a infra-estrutura ineficiente, e dificuldade para
gestão dos custos de aquisição devido à oscilação constante do câmbio.

1.5. Hipóteses
1.5.1. Hipóteses Negativa

 O excesso de burocracia para a obtenção dos documentos de trânsito de mercadorias


praticado pelas empresas aduaneiras no Posto Fronteiriço de Zóbuè pode justificar a
existência de focos de corrupção, mouros idade e fraca produtividade das empresas
viradas a importação e exportação.

1.5.2. Hipóteses Positiva

 Se os operadores aduaneiros reduzirem as barreiras comerciais, pode-se contribuir para a


melhoria nas infra-estruturas logísticas e melhorar a competitividade das empresas que
operam com o comércio intero e exterior.

1.6. Objectivos
A seguir apresenta-se o objectivo norteador deste trabalho e suas derivações, na
forma de objectivos específicos, que guiará o desenrolar deste estudo.

1.6.1. Objectivo Geral

 Análise do processo de tramitação de documentos de cargas no Posto Fronteiriço de


Zóbuè.

1.6.2. Objectivos Específicos

 Descrever as etapas do processo de importação e exportação de mercadorias;


 A importância do imposto, entre utentes e funcionários aduaneiros;
 Verificar a percepção dos colaboradores frente aos factores limitadores e facilitadores
em suas actividades na empresa;
 Sugerir melhorias na tramitação de processos de exportação e importação praticada pelas
empresas que serão analisadas.

1.7. Relevância científica

O tema em estudo é tão pertinente na área científica, porque procura responder a


crescente necessidade de melhorar a qualidade de prestação de serviço de importação e
exportação de cargas nas fronteiras moçambicanas no geral e a de Zóbuè em particular. É um
16
tema pouco abordado na esfera académica, pois muito fundamental para o desenvolvimento do
país. É um tema que suscita uma reflexão sobre a corrupção e os eventuais desafios diantes da
pandemia da COVID-19.
1.8. Considerações Éticas do Trabalho

Para a realização deste estudo fez-se um pedido de autorização a Agencia do Posto


Fronteiriço de Zóbuè e posteriormente as Outras Agencias Privadas que operam no despacho,
através da submissão de uma credencial fornecida pelo Instituto de Ciências e Tecnologia
Alberto Chipande (ICTAC) na Faculdade de Ciências Económicas (FCE). As entrevistas foram
antecedidas de um pedido de autorização e do consentimento de livre informado e, em casos de
indisponibilidade dos mesmos, por motivos ocupacionais de índole laboral, foi respeitado o seu
posicionamento até que se mostrassem disponíveis para o efeito.

No momento da realização das entrevistas, os entrevistados foram previamente


informados sobre os objectivos da mesma e sobre a importância da sua participação para a
efectivação do estudo. As informações sobre a tramitação de documentos de carga foram
facultadas oralmente por meio de um guião de entrevista (vide o apêndice A) e as respostas
foram codificadas e registadas em bloco de nota.

Aos participantes entrevistados foi salvaguardada a sua identidade pessoal no


tratamento dos dados fornecidos, assim como a observância da confidencialidade, por meio do
anonimato da sua identidade pessoal e explicado que a participação é exclusivamente para fins
académicos.

17
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A fundamentação teórica deste trabalho tem como objectivo apresentar uma revisão
teórica dos temas que serão abordados, servindo, portanto de base teórica ao mesmo. Os temas
abordados são aqueles ligados ao comércio exterior, como a apresentação do que se caracteriza
por exportação e importação. São apresentados também os órgãos intervenientes no comércio
exterior brasileiro, a actual situação do comércio exterior brasileiro por meio da apresentação de
dados recente e por Ultimo, é descrito o processo de importação na visão de alguns autores e
como se dá a análise dos processos de importação.

2.1. Comércio Internacional

O Comércio internacional para Maluf (2000) caracteriza-se pela troca de bens e


serviços entre países e entre empresas de diferentes países, e tem suas origens na
impossibilidade de um pais ser auto-suficiente o bastante para produzir todos os bens e serviços
que sua população precisa para sua sobrevivência. Isto é justificado em função das diversas
particularidades de cada nação, seja de clima, de recursos naturais e, actualmente, de nível
tecnológico. Keedi (2002) complementa dizendo que o comércio internacional significa o
intercâmbio de bens e serviços entre países, e é resultante das vantagens comparativas dos países
em função das especializações na divisão internacional do trabalho, visando sempre uma
integração económica mundial.

Para Werneck (2005) a grande diferença entre o comércio nacional e o comércio


exterior, é que os agentes envolvidos estão situados em países diferentes e a operação está
sujeita a normas internas de cada pais interveniente e as leis internacionais, e dependem
fundamentalmente da autorização desses países. Em função do nível de competição global é por
meio da participação no comércio mundial que um país pode buscar concentrar seus esforços
nas actividades mais alinhadas as suas características, buscando sempre a maximização de suas
potencialidades através do uso mais eficiente de seus recursos para a partir dai efectivar-se como
urn player efectivo nas trocas internacionais.

No entendimento de Maluf (2000, p.18) o "comércio internacional. O principal


instrumento com que o mundo capitalista busca implantar a ordem económica liberal, do ideal
de integração e internacionalização da economia mundial." Movimentando cifras gigantescas e
crescentes, o comércio internacional efectiva-se como um importante meio para alavancagem de
negócios tanto para empresas como para os países uma vez que estes se beneficiam directamente
desta prática o comércio internacional também figura como importante meio de alavancagem de
18
um pais, seja tornando-se um membro efectivo e de considerável participação no mercado
mundial, sejam o retomo interno que esta prática traz ao mesmo. Este comércio entre países vem
se intensificando muito nos últimos anos, para isso tanto países, como empresas, vem
procurando meios de se beneficiarem deste crescimento através de uma maior participação.
Visando uma maior inserção no mercado mundial, o Brasil vem valendo-se tanto da exportação
de seus produtos para a captação de divisas tão necessárias para o desenvolvimento do pais,
como também da importação de bens como mola propulsora para um maior desenvolvimento de
nossas empresas. Nas operações de comércio exterior, de acordo com Werneck (2005),
destacam-se quatro aspectos importantes: o negocial, o logístico, o cambial e o fiscal. O aspecto
negocial inclui a negociação de preço, prazo de entrega, condições de pagamentos, elaboração
de contrato e a emissão de factura comercial (conhecida como invoice). Para isto são
comummente utilizados os terem comuns do comércio internacional INCOTERMS
(WERNECK, 2005).

No aspecto logístico compreende-se as definições do que deve ser feito para que a
mercadoria negociada, chegue ao comprador. Para isto envolve a definição do tipo de transporte,
as operações de embarque e desembarque, as armazenagens entre outras (WERNECK, 2005) _
Já aspecto cambial abrange a definição das moedas a serem utilizadas, as operações de câmbio
envolvidas, e a transferência do dinheiro do pagamento do comprador para o vendedor
(WERNECK, 2005). Por último o aspecto fiscal, envolve a emissão dos documentos necessários
aos despachos de importação e de exportação, o pagamento dos impostos e taxas aplicáveis e os
desembaraços aduaneiros de exportação e de importação (WERNECK, 2005). Exportador
Despacho de Exportação Transporte Internacional Despacho de Exportação Despacho de
Exportação 20 Figura 1- Operação de Comércio Exterior Fonte: Wemeck (2005, p.15) A
exportação e importação possuem características específicas e proporcionam aos países
resultados e vantagens distintas, em razão disto a seguir são apresentados o que caracteriza cada
uma das modalidades de comércio internacional.

2.1.1. Exportação

A exportação que para Werneck (2005, p_14) é "asseidade mercadoria nacional ou


nacionalizada do território nacional, por um prazo limitado (exportação temporária) ou a título
definitivo", apresenta-se como importante meio para entrada de divisas a um país, permitindo a
ele recursos que o auxiliarão em seu desenvolvimento. Para Vieira (2005, p.41) as exportações
desempenham papel fundamental no comércio internacional de um país, pois dinamizam o
processo de desenvolvimento económico e social. As divisas provenientes da prática da
19
exportação permitem também ao país que sejam pagas as importações daquilo que não é
produzido no país, influenciando assim na balança comercial do mesmo. A participação no
mercado internacional, de acordo com Vieira (2005), proporciona que as empresas elevem sua
produtividade, melhorem seus níveis de qualidade através da percepção do nível de concorrência
no mercado mundial. Em decorrência disto a exportação acaba por dinamizar o mercado interno,
urna vez que aumenta o nível de emprego e renda e mobiliza recursos financeiros. Ainda
segundo Vieira (2005) a exportação proporciona o desenvolvimento de uma nova cultura para as
empresas, aprimorando seus métodos administrativos e organizacionais, possibilitando ao país
um maior dinamismo económico.

Desta forma como vantagens da actividade exportadora para as empresas Vieira


(2005, p.44) apresenta como as principais vantagens decorrentes da actividade exportadora a:

a) Diversificação de clientes;
b) Maior produtividade;
c) Aumento da rentabilidade global dos negócios;
d) Melhor utilização da capacidade instalada;
e) Aprimoramento da qualidade;
f) Redução do custo de produção;
g) Aperfeiçoamento de recursos humanos;
h) Incorporação de tecnológica;
i) Desenvolvimento de novos produtos;
j) Introdução da marca no mercado internacional; e k) imagem da empresa.

Para Vazquez (1998) um país que adopta uma política de incentivos a exportação
tem que atentar para vários factores, como trabalhar a imagem do pais no exterior, ampliar a
integração regional através de uma postura de efectiva cooperação, negociar acordos com poises
industrializados, aumentando assim a cooperação tecnológica, incentivar a exportação de
manufacturados com alto valor agregado, qualificar o exportador e o produto&

2.1.2. Importação

Wemeck (2005, p.13) apresenta como definição de importação "a entrada de


mercadoria estrangeira em território nacional. Essa entrada pode ser por um prazo limitado
(admissão temporária) ou a título definitivo". Complementando, Ratti (1997) diz que como
ocorre na exportação, a importação pode compreender também serviços ligados a. Aquisição de
produtos no exterior (fretes, seguros, serviços bancários, etc.).

20
A importação pode ser conveniente porque permite aos países compradores adquirir
mercadorias de alta tecnologia, obtidas por meio de caríssimas pesquisas e de muitos anos de
experiência, sendo, portanto, muitas vezes mais barato comprar do que produzir e atingir da
mesma forma o objectivo de suprir uma necessidade da nação (MAIA, 1999).

Influenciada principalmente pela taxa de câmbio, assim como a exportação, a


importação nos últimos dois anos vem crescendo substancialmente no país em função da
valorização do real. Comisso as empresas nacionais vêm podendo importar mais matéria-prima,
utilizando na fabricação de produtos de maior qualidade e menor custo com a finalidade de
exportação, uma vez que se beneficiam, neste caso, da isenção do pagamento de imposto.

Para Canner (1996) a importação possui aspectos mais importantes que a


exportação, pois representa um investimento directo no aumento da produção nacional, como
por exemplo, nos casos de aquisição de equipamentos e máquinas. As matérias-primas ou
componentes em geral, de origem estrangeira, constituem uma opção vantajosa, uma vez que a
aquisição daqueles insumos evita a importação do produto acabado, o que acarreta em uma
participação maior do agregado nacional sobre o produto final. Assim a absorção de novas
tecnologias e o incremento da produção são alguns dos pontos favoráveis da importação. Neste
sentido, tem-se que reconhecer os incentivos do governo para alavancar as exportações de
produtos de maior valor agregado, por meio de acções vinculadas a processo de importação e
industrialização, como é o caso do drawback. O drawback, segundo Vazquez (1998, p.80), "6
um incentivo à exportação relacionado directamente com a importação de mercadoria, que será
utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada". Este
mecanismo de isenção ou suspensão de impostos para insumos na importação, permite que o
produto a ser exportado tenha um preço mais competitivo e qualidade maior. O nível das
importações brasileiras vem contribuindo para regularizar a oferta de produtos não supridos pela
oferta nacional, reduzir custos, aumentar a produtividade e qualidade dos produtos nacionais e
principalmente contribuindo para um aumento da eficiência operacional da empresas brasileiras,
visto que em decorrência da competição por vezes predatória, de produtos estrangeiros, exige
criatividade e um melhor aproveitamento dos recursos disponíveis (LABATUT apud PAULI,
2006)

2.1.3. O Comercio Exterior Moçambicano

Autores: (LOPEZ e GAMA, 2013). O desempenho moçambicano no comércio


exterior cresceu 47% de 2020 a 2021 de acordo coma ATM (Autoridade Tributária de
Moçambique, 2021), Mesmo a exportação e importação apresentando um crescimento
21
acentuado ano pós ano respectivamente, este crescimento não aconteceu de forma constante e
conjunta, houve oscilações significativas entre as operações ao longo da história. No período
2010 a 2015 o comportamento das exportações e importações, pela primeira vez passaram a
seguir ritmos similares de crescimento, as exportações apresentaram crescimento de 38%,
enquanto as importações registaram crescimento de 15%, proporcionando recordes anuais
seguidos em ambas as operações (LOPEZ e GAMA, 2013).

A exportação é basicamente a saída da mercadoria do território aduaneiro, decorrente


de um contrato de compra e venda internacional, que pode ou não resultar na entrada de divisas.
Segundo o Sebraesp, 2008, nesta actividade, o produto exportado é isento do IPI e não ocorre a
incidência do ICMS. É permitida também a manutenção dos créditos fiscais incidentes sobre os
insumos utilizados no processo produtivo. A exportação pode ser de bens e serviços,
entendendo-se a de bens como a transferência de mercadorias entre os países, e os serviços
como sendo a venda de assessoria, consultoria, conhecimentos, transportes, turismo, etc. Toda
exportação de bens pode ser feita de forma directa ou indirecta, dependendo da conveniência,
possibilidade, capacidade de produção e outros factores. (KEEDI, 2004, p. 20)

É entendida por directa a operação de exportação em que o próprio


fabricante/produtor factura seu produto em nome do importador, no exterior. Nesta modalidade
o exportador vende directamente ao importador no exterior, sem qualquer intermediário.
(CASTRO, 2000).

A forma directa implica na sua exportação pelo próprio fabricante do produto, o que
quer dizer que ele não utiliza qualquer intermediário na operação, saindo esta com seu nome,
incluindo toda a documentação de comércio exterior em que aparece como exportador. Ele
poderá realizar essa operação por intermédio de pessoas ou empresas actuando como agentes ou
representantes, mas apenas servindo de elo entre ele e o comprador, o que significa que ele
continua, apesar dos intervenientes utilizados, sendo o exportador. (KEEDI, 2004, p. 20)
Segundo o MDIC (2008), a empresa que exporta adquire vantagens em relação aos concorrentes
internos, pois diversifica mercados, aproveita melhor sua capacidade instalada, aprimora a
qualidade do produto vendido, incorpora tecnologia, aumenta sua rentabilidade e reduz custos
operacionais. Além desses factores, a exportação também provoca o aumento da produção,
resultando no crescimento do emprego, ou seja, mais salários disponíveis na economia, podendo
provocar o aumento da capacidade de consumo da população como um todo, impulsionando a
economia do país exportador. 26 A empresa predisposta a esta empreitada não pode deixar de
levar em consideração que toda operação comercial tem como sustentáculo a definição precisa
22
do tripé: o que vender? como vender?, para quem vender?. (GARCIA, 2001, p. 29) A primeira
questão – o que vender – quase sempre estará implícita na linha normal de produção da empresa,
já que ao se propor alcançar o exterior, deve-se ter definido com precisão o produto ou produtos
que serão utilizados. A empresa, em grande número de casos, pode se deparar com um novo
problema, pois ao se decidir pela conquista de novos mercados, deve lembrar que dadas as
peculiaridades de cada um poderá se ver pressionada a promover adaptações nos produtos.
Vender pode representar questão de maior complexibilidade, se for levado em conta que está
intimamente ligado ao conhecimento prévio das diferentes alternativas que culminarão com a
possibilidade de colocação do produto no mercado alvo. O ‘como vender’, dada a importância
representada para a empresa, impõe uma análise das alternativas possíveis de se completar, pois
a decisão obriga a não apenas levar em conta o pessoal disponível para a execução da
exportação directa, como também o fato da operação comercial estar intimamente ligada à
actuação daqueles que dominam o produto em suas peculiaridades intrínsecas e, por outro lado,
reúnam habilidades para melhor destacá-lo em face à concorrência internacional a ser enfrentada
nos mais variados mercados. (GARCIA, 2001, p. 30) Solucionar a questão ‘para quem vender’,
implica na reflexão mais abrangente de um universo maior: quais os países interessados no
produto e, seus prováveis compradores em potencial. Existe uma complexidade de factores a
serem considerados para a solução desta questão. Estes envolvem tanto este aspecto em
particular como também outros integrantes deste contexto:

a) O preço pelo qual o produto poderá ser oferecido para a comercialização estará ligado ao
domínio de seus custos, os tratamentos fiscais a ele deferidos na exportação, a eventual
tributação a que se sujeita e outros possíveis benefícios ou encargos incidentes na
formação final do preço;
b) Definição dos mercados: delimitar os mercados-alvos da investida exportadora da
empresa – possíveis mercados e países – é de primordial importância;
c) Após a definição dos países-alvos, nos quais deverão ser concentradas as investidas
iniciais, a providência seguinte é a identificação dos possíveis compradores que, nesses
diferentes mercados, operam com o produto.

Já a exportação indirecta trata-se de uma alternativa disponível para empresas que


desejam iniciar seu processo de internacionalização, porém não possuem experiência suficiente
para fazê-lo de forma independente. A interveniência no comércio da exportação pode ser
praticada por diversos tipos de empresa, cujo objecto social tenha previsto a exportação. Dentre
elas destacam-se: -empresa comercial exclusivamente exportadora; -empresa comercial de

23
actividade mista (que opera tanto nas actividades de mercado interno como da importação e da
exportação); -cooperativas ou consórcios de fabricantes ou exportadores; -indústria cuja
actividade comercial da exportação seja desenvolvida com produtos fabricados por terceiros.
(GARCIA, 2007, p.36). As duas figuras básicas que estão ligadas directamente há esse processo
são: o fabricante e o interveniente. O fabricante é também denominado de produtor, quando,
além de produzir, encarrega-se de promover a comercialização de seus produtos no exterior. Já a
figura do interveniente é representada por aquela empresa estabelecida no mercado interno, que
compra com o fim específico de exportação. A alternativa da exportação indirecta é utilizada,
em sua maioria, por empresas industriais de pequeno e médio porte, as quais normalmente não
possuem estrutura suficiente para participar do mercado internacional. Entretanto, grandes
empresas produtoras, eventualmente, também utilizam esse canal de distribuição, mas
recorrendo a empresas intermediárias exportadoras de maior porte operacional, comercial e
financeiro. Castro (2000), aponta algumas vantagens e desvantagens na utilização desse canal de
distribuição, tais como: -redução de custos e racionalização das actividades; -a empresa
produtora pode decidir concentrar esforços por conta própria em determinados mercados,
terceirizando os demais; -o conhecimento do mercado-alvo externa pela empresa comercial
oferece perspectivas de antecipar o prazo para a concretização de exportações de produtos do
fabricante; 28 -ao vender à comercial exportadora, a empresa produtora perde o eventual ganho
financeiro proporcionado pelo ACC/ACE nas exportações directas, que passa a ser auferido pela
empresa comercial; -as vendas internas às empresas comerciais, a princípio, dificultam o acesso
directo das empresas produtoras ao mercado internacional, por não serem conhecidas e não
possuírem tradição exportadora. Porém, para que qualquer mercadoria possa deixar o país, ela
precisa passar por um processo de fiscalização, realizado pela Receita Federal, chamado de
despacho aduaneiro de exportação, onde alguns pontos como, tipo de carga, quantidade, valor
negociado, entre outros, são levados em conta para verificação de tributos.

2.2. Conceito e o Contexto das Importações

Despacho Aduaneiro de Exportação Toda mercadoria destinada ao exterior, inclusive


aquela admitida temporariamente e reexportada, está sujeita a despacho de exportação, que é
realizado com base em declaração apresentada à unidade aduaneira que jurisdicione o local de
conferência e desembaraço da mercadoria a ser exportada. Trata-se do procedimento fiscal de
desembaraço da mercadoria destinada ao exterior, com base nas informações contidas no
Registro de Exportação – RE, na Nota Fiscal (primeira via) e nos dados sobre a disponibilidade
da mercadoria para verificação das autoridades aduaneiras.
24
O Despacho Aduaneiro de Exportação é processado por intermédio do SISCOMEX.
No caso de exportações terrestres, lacustres ou fluviais, além da primeira via da Nota Fiscal, é
necessária a apresentação do Conhecimento de Embarque e do Manifesto Internacional de
Carga. (MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 2002, p.33) De acordo com a Receita
Federal, (2008), o despacho aduaneiro tem por finalidade verificar a exactidão dos dados
declarados pelo exportador ou importador em relação à mercadoria exportada ou importada, aos
documentos apresentados e à legislação vigente, com vistas ao desembaraço. Em virtude do
desembaraço, é autorizada a saída da mercadoria para o exterior, no caso de exportação, ou a
entrega da mercadoria ao importador, no caso de importação.

Em geral, o despacho aduaneiro de exportação é processado por meio de Declaração


de Exportação (DE), registada no Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), tendo a
si vinculado um ou mais Registro de Exportação (RE) nos termos da Instrução Normativa SRF
nº28/94. Entretanto, em algumas situações, o exportador pode optar pelo despacho aduaneiro
simplificado, que pode se dar por meio do Siscomex ou por formulários, conforme o caso. De
acordo com o site da RFB (2008), a formulação da DE inicia o despacho aduaneiro de
exportação, que é processado, na forma estabelecida na IN SRF no 28/94, por meio do
Siscomex. Nesse sentido, o Siscomex, que foi implantado em 1993, ao fim de facilitar a
operacionalização dos trâmites de exportação, é o sistema administrativo do comércio exterior
brasileiro que integra as actividades afins, da SECEX, SRF e o BACEN, onde acompanham e
controlam as diferentes etapas das operações de comércio exterior, tudo isso através de um
sistema computadorizado de informações (LIBOS; FELIPE, 2008). Por meio da DE o
exportador informa o RE, já efectivado, que será submetido a despacho e, consequentemente, as
mercadorias que ele pretende destinar ao exterior. Regra geral, os documentos que servem de
base para o Despacho de Exportação são (Receita Federal, 2008): - Primeira via da Nota Fiscal;
- Via original do Conhecimento e do Manifesto Internacional de Carga, nas exportações por via
terrestre, fluvial ou lacustre; - Outros indicados em legislação específica, como, por exemplo,
Certificado de Classificação, Certificado Fitossanitário, autorização expedida pelo Ibama.
Quando se trata de exportação para país-membro do Cone Sul (Uruguai, Argentina, Paraguai,
Chile, Bolívia e Peru), o Manifesto Internacional de Carga é substituído: - Pelo Manifesto
Internacional de Carga Rodoviária / Declaração de Trânsito - Aduaneiro – MIC-DTA, quando se
tratar de transporte rodoviário; - Pelo Conhecimento - Carta de Porte Internacional / Declaração
de Trânsito Aduaneiro – TIF-DTA, quando se tratar de transporte ferroviário. 30 Os documentos
de instrução da DE devem ser entregues à fiscalização da RFB sempre que solicitados e, por

25
essa razão, o importador deve mantê-los pelo prazo previsto na legislação, que pode variar
conforme o caso, mas nunca é inferior a 05 anos (RECEITA FEDERAL, 2008).

De acordo com a Receita Federal (2008), a operação de exportação, no Siscomex,


inicia-se pela fase administrativa/comercial, controlada pela Secretaria de Comércio Exterior
(Secex). Esse controle é composto de três operações principais realizadas no sistema: Registro
de Venda (RV); Registro de Crédito (RC); Registro de Exportação (RE). O Registro de Venda
(RV) é o conjunto de informações que caracterizam a operação de exportação de produtos
negociados em bolsas internacionais de mercadorias ou de commodities, por meio de
enquadramento específico. O preenchimento do RV é prévio ao Registro de Exportação (RE) a
que ele se vincula e, por consequência, anterior ao embarque da mercadoria (RECEITA
FEDERAL, 2008). O SISCOMEX fornece automaticamente ao operador (exportador ou
representante legal do exportador) um número referente a cada Registro de Venda preenchido.

O Registro de Venda (RC) representa o conjunto de informações de carácter


comercial, financeiro e cambial nas exportações realizadas a prazo e com incidência de juros
separadamente do principal (exportações financiadas), sendo obrigatório para operações com
prazo de pagamento superior a 360 dias e, para prazos iguais ou inferiores, sempre que houver
incidência de juros (APRENDENDO A EXPORTAR, 2008). O RC tem um prazo de validade
para embarque, dentro do qual devem ser efetuados os correspondentes RE a ele vinculados e
respectivas solicitações para desembaraço aduaneiro. Como regra geral, o exportador deve
solicitar o RC e obter o seu deferimento antes do RE e, por consequência, previamente ao
embarque da mercadoria. O RE é o conjunto de informações de natureza comercial, financeira,
cambial e fiscal que caracteriza a operação de exportação de uma mercadoria e define o seu
enquadramento. Deve ser obtido previamente à Declaração de Exportação (DE). É nesta fase
que é realizado o chamado tratamento administrativo da exportação. Obter o RE é o passo inicial
da grande maioria das operações de exportação. As tabelas com os códigos utilizados no seu
preenchimento estão disponíveis no 31 próprio Siscomex e no sítio na Internet do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Uma vez concluído o seu
preenchimento, o RE passará à situação ‘Efectivado’ ou, no caso de existência de tratamento
administrativo, ‘Pendente de Efetivação’, quando então será analisado pela Secex e/ou por
algum outro órgão governamental, até ser efectivado, estando então disponível para ser
vinculado a uma Declaração de Exportação (DE). Após o Registro da DE e iniciado o
procedimento de despacho aduaneiro, a declaração é submetida a análise fiscal e seleccionada
para um dos canais de conferência, conforme os critérios estabelecidos pela Administração

26
Aduaneira. Tal procedimento de selecção recebe o nome de parametrização, sendo os canais de
conferência: verde, a mercadoria é desembaraçada automaticamente sem qualquer verificação;
laranja, significa conferência dos documentos de instrução da DE e das informações constantes
na declaração e, vermelho, onde há, além da conferência dos documentos, a conferência física
da mercadoria (RECEITA FEDERAL, 2008).

Após adoptados os procedimentos correspondentes ao canal seleccionado para o


despacho, o funcionário da aduana registará no sistema, o desembaraço da mercadoria, ou seja,
ato pelo qual é registada a conclusão da conferência aduaneira, estando a mercadoria pronta para
embarque. A averbação do embarque consiste na confirmação da saída da mercadoria do País.
Concluída a operação de exportação, com sua averbação no sistema, “será fornecido ao
exportador, quando solicitado, o documento comprobatório da exportação, emitido pelo
SISCOMEX.” (APRENDENDO A EXPORTAR, 2008).

A emissão do comprovante de exportação caberá à unidade de despacho, mesmo no


caso em que a unidade de embarque seja diferente 32 5 REDEX Para que uma mercadoria possa
ser enviada ao exterior, ela deve ser submetida ao Despacho Aduaneiro, onde o exportador
recebe a permissão definitiva para enviá-la, e o importador obtém a autorização para recebê-la.
O Redex foi instituído através da IN SRF nº124, de 22 de Outubro de 1998, a qual foi revogada
pela IN SRF nº114, de 31 de Dezembro de 2001. Conforme a IN SRF 114/01, o Despacho
Aduaneiro de Exportação poderá ser realizado em recinto não-alfandegado de zona secundária,
de conformidade com o estabelecido nesta Instrução Normativa. Esta área é denominada
Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de Exportação (Redex).

O Redex facilita o processo de exportação, diminuindo os custos, agilizando os


procedimentos e desobstruindo os portos e aduanas, que, por falta de estrutura, estão
sobrecarregados, pois as cargas sairão prontas e liberadas pelos fiscais da Receita Federal, para
embarque e/ou para cruzar as fronteiras, eximindo os exportadores de problemas como greve
dos Auditores Fiscais da Receita Federal (AFRF) dos portos, atrasos nos despachos, perda de
embarque em navio, entre outros. Além da actuação da Receita Federal, o Redex também conta
com a parceria do Ministério da Agricultura e Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária). As cargas são enviadas aos portos, aeroportos ou fronteiras por Trânsito Aduaneiro e
ao chegar basta que seja verificada a integridade do lacre para que a carga siga para o destino. O
Redex pode estar localizado no estabelecimento do próprio exportador ou em endereço
específico para uso comum de vários exportadores.

27
A prestação de serviços aduaneiros, no Redex, fica condicionada ao cumprimento do
disposto nas normas gerais estabelecidas para o despacho aduaneiro de exportação. (IN SRF
114/01 art. 2). O Redex possibilita que o terminal passe a actuar também na prestação de
serviços de despacho aduaneiro de exportação, realizando todos os trâmites burocráticos
necessários para se fazer o desembaraço das mercadorias. 33 Porém, para que uma empresa
possa operar como Redex na região da DRF/ITJ, ela precisa cumprir com as exigências da
Portaria nº 20, de 16 de Fevereiro de 2007, sendo elas: - Não será autorizado Redex de empresa
cujos sócios ou administradores tenham sido condenados por crime contra a administração
pública ou administração da justiça, de sonegação fiscal, contrabando e descaminho, formação
de quadrilha, lavagem de dinheiro ou falimentar. - A área do Redex deverá estar segregada de
forma a permitir a definição de seu perímetro e oferecer isolamento e protecção adequados às
actividades nelas executadas. A entrada no recinto e a saída desse deverão ser feitas por um
único ponto no perímetro, guarnecido por portão, guarita ou outros meios de controle de acesso
de pessoas e veículos. As áreas para armazenagem também deverão estar segregadas dentro do
recinto. No caso de pátio descoberto, este deverá ser segregado por muro, cerca ou alambrado,
que podem coincidir com as estruturas de delimitação do próprio perímetro do recinto.

O Redex que receba mercadoria em contêiner ou transportada em carroceiras


rodoviárias fechadas do tipo baú deve reservar área coberta de, no mínimo, dez por cento de sua
área total, para verificação de mercadorias, sendo que essa área deverá ser demarcada e não
poderá ser inferior a quinhentos metros quadrados. - As áreas destinadas à armazenagem de
mercadorias desembaraçadas para exportação deverão ser segregadas no recinto, por meio de
armazéns isolados, muros, alambrados ou cercas. Tratando-se de armazém com paredes rígidas,
as referidas áreas podem ser localizadas dentro do mesmo armazém, sob as condições de:
separação, por meio de paredes rígidas de alvenaria ou divisões de grades ou alambrados, com
estrutura metálica - sendo que estas poderão ser deslocadas segundo a conveniência da
armazenagem, inclusive por meio de pontes rolantes, desde que seja preservada a efectividade
do controle aduaneiro sobre a movimentação interna de mercadorias - até a altura útil do
edifício; manutenção de áreas cobertas para verificação de mercadorias, convenientemente
situadas entre as áreas para mercadorias não desembaraçadas e desembaraçadas, tendo em vista
a optimização logística; e manutenção de portões internos para o controle de passagem das
mercadorias entre as áreas. A segregação entre as áreas para mercadorias desembaraçadas e não
desembaraçadas é dispensada para mercadorias volumosas 34 não embaladas, cuja
armazenagem normalmente é feita a descoberto, como minérios, madeiras, produtos
metalúrgicos, automóveis, veículos de transporte e tractores.
28
O administrador do Redex deve disponibilizar para a SRF área para escritório,
mobília e material permanente de escritório, estações de trabalho, fornecimento de energia
eléctrica, abastecimento de água, serviços de telefonia, acesso à Internet em banda larga,
instalação de rede exclusiva para os sistemas informatizados da SRFB e estacionamento de
veículos para os seus servidores. O escritório da SRFB, sempre que possível, deve ser instalado
em edifício de uso comum dos demais órgãos e agências da administração pública federal que
atuam no local e da própria administração do recinto, de modo a facilitar o atendimento ao
público e a comunicação pessoal directa. Deve-se ainda atender os seguintes requisitos:
isolamento interno em relação aos escritórios da administração do recinto e de outros órgãos e
agências da administração pública federal, por meio de paredes ou divisórias, e portas; áreas
próprias param servidores e equipamentos da rede exclusiva da SRF, arquivo de documentos,
almoxarifado, copa e sanitários masculinos e feminino.

A mobília e o material permanente compreendem mesas, cadeiras, poltronas, estantes


e gaveteiros; aparelhos de ar-condicionado, caso o escritório não seja servido por sistema central
de climatização; aparelhos para telefonia, fax e cópia de documentos; e persianas, lousas,
quadros de avisos, fichários, caixas ou pastas para arquivo, furadores, grampeadores, fogão e
geladeira. As especificações técnicas para as estações de trabalho, mobiliário e material
permanente obedecerão às utilizadas nas próprias aquisições da SRFB. - O administrador do
Redex deve disponibilizar para a SRFB os seguintes aparelhos e instrumentos para quantificação
de mercadorias: balança rodoviária; balança para pesagem de volumes, com capacidade de
quinhentos quilogramas e com divisões em duzentos gramas, no mínimo.

O recinto também deverá disponibilizar pessoal para operar os referidos aparelhos,


devendo contratar pessoal ou serviço qualificado ou capacitar pessoas para operá-los,
observando os requisitos profissionais legais e normas técnicas aplicáveis, inclusive em relação
à segurança laboral e protecção ambiental. As balanças deverão incorporar tecnologia digital e
estar integradas ao sistema informatizado de controle do recinto, de forma a prescindir da
digitação dos dados decorrentes das pesagens realizadas.

A capacidade de pesagem de balanças deverá ser compatível com a capacidade de 35


carga de noventa por cento, pelo menos, dos veículos e unidades de carga movimentados no
recinto. - O recinto que receba vegetais ou parte deles, movimente cargas frigorificadas, tóxicas,
explosivas ou quaisquer outras que exijam cuidados especiais no transporte, manipulação ou
armazenagem deverá dispor de armazém especial, câmara frigorífica ou área isolada especial,
conforme o caso, que permita a descarga e a verificação de uma unidade de transporte, pelo
29
menos, de acordo com os requisitos técnicos, condições operacionais e de segurança definidos
pelas autoridades competentes. - O Redex deverá dispor de rede de vigilância electrónica dotada
de Câmera para monitoramento e gravação de imagens: dos portões de acesso ao recinto; para
vigilância do recinto, cobrindo todas as áreas de armazenagem, cobertas e descobertas; das áreas
destinadas à unitização ou desunitização de mercadorias (estufamento e desova de unidades de
carga), e à verificação de mercadorias; das portas de acesso aos escritórios dos órgãos e agências
da administração pública federal que operem no recinto; das salas onde se encontrem servidores
de rede.

A operação desse sistema deve ser amparada por dispositivos de sustentação do


funcionamento para o caso de falta de energia eléctrica (geradores ou "no-breaks") capazes de
manter a operação do sistema por doze horas, pelo menos; os dispositivos de sustentação devem
manter também o funcionamento da rede de vigilância electrónica; o sistema informatizado
deverá gravar as imagens e as comunicações de áudio, referidas a data, hora e número da
Câmera ou canal de áudio, e ter capacidade para mantê-las armazenadas em meio
automaticamente acessível ao servidor da rede pelo prazo de, no mínimo, 60 dias; a guarda dos
arquivos de imagens deve ocorrer pelo prazo mínimo de dois anos; a gravação de imagens de
verificação de mercadorias e sua transmissão devem permitir correlacionar a imagem da
verificação aos correspondentes números de documento de transporte, fiscal, aduaneiro e
número do contêiner. - O Redex deve dispor de sistema informatizado que controle o acesso de
pessoas e veículos, movimentação de cargas e estocagem de mercadorias no recinto. Nos
portões de entrada e saída devem ser instaladas câmeras digitais integradas a sistema de leitura
digital, para registro automático das placas dos veículos e dos números dos contêineres que nele
entrem ou dele saiam. A identificação de veículos rodoviários também será feita por meio de
anotação no 36 sistema informatizado de suas placas de licenciamento e dos números dos
contêineres, caso o sistema de leitura digital não possa reconhecê-los.

O controle de movimentação de cargas e de estocagem de mercadorias no recinto


compreende o registro: das operações de unitização de mercadorias; da localização
tridimensional das cargas desembaraçadas para exportação; da entrada da carga no recinto,
disponibilização da mercadoria para verificação, conclusão da verificação e saída da carga do
recinto; e de outras ocorrências de interesse para o controle aduaneiro.

O sistema de controle informatizado não requer funções e registro quanto à:


movimentação e armazenagem de mercadorias não destinadas à exportação; e movimentação de
veículos e pessoas fora das áreas do Redex. - Os sistemas electrónicos de vigilância deverão
30
funcionar ininterruptamente, inclusive nas paradas programadas para manutenção dos sistemas. -
O administrador do REDEX deverá apresentar o Plano Operacional e de Segurança (POS),
compreendendo medidas e procedimentos específicos: para recrutamento e capacitação de
funcionários; de controle de acesso de pessoas e circulação interna; de controle de acesso de
veículos e circulação interna; para informar presença de carga; para carga e descarga de
unidades de transporte; para estufamento e desova de unidades de carga; para disponibilização
de carga para trânsito aduaneiro; rota e prazo para os trânsitos aduaneiros; para disponibilização
de carga para verificação da mercadoria; para extracção, guarda e remessa de amostras; para a
quantificação e identificação de mercadoria, e emissão dos respectivos relatórios, se for o caso;
para o monitoramento de segurança do local ou recinto; dos protocolos de segurança (qual o
procedimento a ser adoptado se); do plano para contingências por: a) falta geral de energia
eléctrica; b) inoperância do sistema informatizado de controle de acesso; c) inoperância do
sistema de vigilância electrónica; d) inoperância do sistema de controle de movimentação de
cargas e de armazenagem; e) e incêndio ou grave acidente.

O requerimento de autorização de Redex deverá ser protocolizado pelo interessado


na DRF, informando sua localização e os tipos de carga ou mercadorias que movimentará. Esse
requerimento deverá ser instruído com os seguintes documentos: ato constitutivo, estatuto ou
contrato social em vigor, devidamente 37 registado, em se tratando de sociedade comercial,
devendo, no caso de sociedade por acções, estar acompanhado dos documentos de eleição de
seus administradores; cópia do documento de identidade dos signatários do requerimento
referido no caput, acompanhado do respectivo instrumento de procuração, se for o caso;
designação do fiel depositário e documentação referente ao seu registro na Junta Comercial,
podendo ser mais de um critério do requerente; prova de regularidade no que se refere a tributos
e contribuições administrados pela SRFB e da Dívida Activa da União (matriz e estabelecimento
em questão), prova de regularidade com a Previdência Social e certificado de regularidade de
situação junto ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do estabelecimento;
declaração da pessoa jurídica responsável pelo estabelecimento de que seus sócios e
administradores não foram condenados por crime contra a administração pública ou
administração da justiça, de sonegação fiscal, contrabando e descaminho, formação de
quadrilha, lavagem de dinheiro ou falimentar; projecto do recinto a ser autorizado, contendo:

a) Croqui de situação, em relação à malha viária que serve ao local;


b) Croqui de locação, indicando arruamento, armazém, pátio, guaritas, muros, cercas,
portões, balanças, equipamentos para movimentação de mercadorias, área de verificação

31
de mercadorias, instalações da administração do recinto, da SRFB e, se for o caso, dos
demais órgãos e agências da administração pública federal;
c) Planta da rede de equipamentos do sistema de vigilância electrónica, com as respectivas
áreas de cobertura;
d) Croqui indicativo dos fluxos de movimentação de veículos e cargas;
e) Especificações técnicas das construções no recinto e, se for o caso, da pavimentação das
áreas descobertas;
f) Certificado de aferição das balanças, emitido por órgão oficial ou entidade autorizada.
g) Documentação técnica relativa aos sistemas informatizados A IN SRF 114/01 determina
que os serviços de fiscalização aduaneira, no Redex, serão prestados: - por equipe de
fiscalização deslocada, em carácter eventual, pelo chefe da unidade da Secretaria da
Receita Federal do Brasil (SRFB) que jurisdicione o recinto, quando as operações de
exportação forem eventuais; - por equipe de fiscalização designada, em carácter
permanente, quando, em instalações de uso colectivo, a demanda justificar a adoçam
dessa medida. 38 Na primeira hipótese, o titular da unidade da SRFB jurisdicionante
poderá fixar prazo diferente daquele estabelecido na norma geral de despacho aduaneiro
de exportação, para que o exportador apresente o pedido de realização do despacho no
referido local.

Na segunda hipótese, a situação será reconhecida em Ato Declaratório Executivo


(ADE) do Superintendente Regional da Receita Federal, com jurisdição sobre o Redex.
Conforme a Portaria DRF/ITJ nº20/07 para que o exportador tenha autorização para a realização
do despacho aduaneiro no Redex ele dever fazer a solicitação com a antecedência de 24 horas da
data pretendida para realização do despacho através do registro no sistema informatizado
denominado Tradex, informando os dados relativos aos RE, considerando-se o prazo mínimo de
24 horas antes do início do trânsito aduaneiro até o recinto alfandegado de embarque.

Vencido o prazo de 24 horas e não havendo manifestação expressa do servidor


competente, a realização dos respectivos despachos associados aos RE registados no Tradex
estarão automaticamente autorizados. Art. 14. Ficam dispensadas dos procedimentos especiais
de trânsito aduaneiro com registro no SISCOMEX, as operações controladas no sistema Tradex.
Parágrafo único. Serão consideradas como datas de início e conclusão do trânsito aduaneiro as
datas registradas no sistema Tradex. Art. 15. É beneficiária do Tradex a empresa administradora
do Redex. § 1.º Quando da opção pela utilização do Tradex, o fiel depositário do Redex assume
a responsabilidade pela mercadoria até o recebimento das mesmas pelo fiel depositário do

32
recinto de destino. § 2.º Aplicam-se ao Tradex, no que couber, todas as normas complementares
pertinentes ao regime de trânsito aduaneiro, especialmente as referentes a sanções
administrativas e à responsabilidade do beneficiário e do transportador. (Portaria nº20, de 16
Fevereiro de 2007).

O embarque de mercadorias submetidas a despacho de exportação realizada no


Redex somente poderá ocorrer após o seu desembaraço e a conclusão do trânsito aduaneiro no
sistema Tradex. Porém há algumas situações em que a legislação não permite que o exportador
faça uso do Redex. Art. 18. Não será autorizado no REDEX o despacho de mercadorias: I -
amparadas por Declaração Simplificada de Exportação (DSE); II - àquelas cuja declaração
aduaneira possa ser apresentada após o embarque da mercadoria para o exterior. (Portaria nº20,
de 16 Fevereiro de 2007). 39 É vedado o armazenamento de mercadorias desembaraçadas para
exportação em Redex. Em caso de armazenamento o despacho de exportação é cancelado.

A empresa que optar por essa alternativa deve atentar para alguns pontos como:
respeitar as particularidades previstas na Instrução Normativa no 114/01 da SRF; atender os
critérios, condições e requisitos para instalação do Redex, definidos pela unidade que
jurisdiciona o recinto; entender que, apesar de o Redex agilizar o processo de despacho
aduaneiro de exportação, os produtos estarão normalmente sujeitos à parametrização no
Siscomex, ou seja, encaminhados a um dos canais de conferência aduaneira (verde, laranja ou
vermelho), após liberada a mercadoria estará pronta para ser enviada ao exterior.

Autores: (ASSUMPÇÃO, 2007); Lopez e Gama (2013, p. 303); (KEEDI, 2012). A


importação pode ser definida como toda operação que propicia a entrada de mercadorias em um
território aduaneiro, depois de cumpridas as exigências legais e comercias, gerando uma saída
de divisas. Com variantes desse conceito existem as importações sem cobertura cambial, a título
de doação, amostras, testes etc. (ASSUMPÇÃO, 2007). De acordo com Lopez e Gama (2013, p.
303) “a importação nada mais que a entrada de produtos vindos de outros países, e perante a
legislação brasileira a importação se concretiza quando se configura o desembaraço aduaneiro”.
A importação pode ser feita de bens e serviços, tratando as mercadorias como bens e as
consultorias, assessorias, conhecimento, transporte e turismo como serviços. A importação pode
ser feita de maneira directa e indirecta.

2.3. Etapas do Desembaraço Aduaneiro de Importação

Autores: (PORTO SEM PAPEL, 2015); Lopez e Gama (2013, p. 303); (KEEDI,
2012). De acordo com Lopez e Gama (2013) à importação se configura no momento do
33
desembaraço. O desembaraço de mercadoria se dá em locais pré-estabelecidos com seus
respectivos documentos entregues em prazos também pré-estabelecidos. O território aduaneiro
divide-se em zonas primárias e secundárias. A zona primária caracteriza-se por ser a única, por
onde ocorrem entradas e saídas de mercadorias, e a zona secundária é o restante do território
aduaneiro, isto é, o território nacional, incluindo águas e o espaço aéreo nacional, hoje no Brasil
existe 64 unidades alfandegas de zona secundária, também conhecidos como Portos Secos.
Ambas as zonas alfândegas podem realizar as operações de importação e exportação. No caso da
importação a nacionalização é o ato administrativo e legal de incorporação de mercadorias
estrangeiras no activo nacional, sua finalização ocorre após a conclusão aduaneira, com o
pagamento dos direitos aduaneiros incidentes na importação, que são os impostos cobrados
pelas nossas autoridades (KEEDI, 2012).

2.4. A Legislação Aduaneira e a Tributação na Importação

O regulamento aduaneiro trata do conjunto de regras, de cumprimento obrigatório,


estabelecidas pelo governo brasileiro para assegurar: a segurança e a saúde para os
consumidores; a protecção contra práticas comerciais enganosas e a compra de produtos
inadequados ao uso de protecção do meio ambiente. Com base no sistema Harmonizado de
Designação e Codificação de Mercadorias, os Estados-Partes elaboraram a Nomenclatura
Comum do MERCOSUL (NCM), a qual constitui a base da Tarifa Externa Comum (TEC) para
os países membros. Vantagens na utilização do REDEX.

Uma vantagem logística e um diferencial competitivo destacam-se como os pontos


fortes que motivam os exportadores que utilizam o Redex. Ele possibilita às empresas uma
economia nos seus custos logísticos, uma vez que a carga destinada para exportação poderá ser
despachada directamente no Redex, estando pronta para ser embarcada, economizando tempo e
dinheiro, sem a necessidade de ficar aguardando a liberação junto ao porto, aeroporto, zona de
fronteira alfandegada ou outros locais onde seja possível realizar o Despacho Aduaneiro de
Exportação, os quais em geral, são mais morosos e caros.

O Redex é um conforto para o exportador, pois pode ser utilizado em todos os meios
de transporte, marítimo, aéreo e terrestre. No marítimo, por exemplo, enquanto o navio está
atracando, toda a parte burocrática já está sendo feita, pois o Redex conta com o auxílio da
Receita Federal e de outros órgãos intervenientes, como Ministério da Agricultura e Anvisa.
Assim, as cargas já saem desembaraçadas do Redex em poucas horas. A grande vantagem do
Redex é transferir a mercadoria para o porto, quando o navio já está operando. No caso do

34
transporte aéreo, a mercadoria também chega no aeroporto pronta para o embarque, sem perda
de tempo para liberação. O mesmo acontece no transporte rodoviário, onde as mercadorias
liberadas pelo Redex chegam nas zonas de fronteiras prontas para seguir viagem. As empresas
que optarem pela liberação de suas cargas através do Redex, além de dar maior velocidade e
agilidade ao processo, ainda economizarão em alguns custos como ‘detention 1 ’, armazenagem
e transporte rodoviário (diária

A centralização de todo o processo de exportação, juntamente com os processos


aduaneiros no mesmo local do despacho aduaneiro, proporciona uma redução nos custos
administrativos e operacionais aos embarques das empresas exportadoras. Uma das alternativas
que o Redex oferece é a localização no próprio estabelecimento do exportador. Com a
autorização concedida pela SRFB, para actuar dessa forma, todo o trâmite burocrático do
despacho aduaneiro de exportação será realizado nas próprias dependências do exportador,
liberando as cargas directamente para o embarque.

No caso dos portos, por exemplo, as empresas constantemente sofrem com a demora
para a liberação aduaneira e para a autorização do embarque, empecilhos burocráticos que
muitas vezes comprometem o embarque da mercadoria. As vantagens não são apenas para a
empresa exportadora, outro segmento, seriam empresas interessadas somente na
ar*m6azenagem das cargas de exportação para terceiros, isto é, teriam a autorização da Receita
Federal para actuar com o Redex, porém disponibilizariam tal benefício aos exportadores
*clientes, onde além de armazenar a mercadoria, também providenciariam a liberação e o
transporte até a zona primária.

Desta forma qualquer tipo de paralisação dos Auditores Fiscais da Receita Federal
(AFRF) na zona primária não comprometerá o embarque da mercadoria, uma vez que a mesma
já se encontra liberada. 42 Tratando-se de pequenas e médias empresas interessadas na
exportação, o Redex proporciona que cargas possam ser fraccionadas em um mesmo contêiner.
As mercadorias seguem aos Redex, onde são agrupadas a cargas de outras empresas para
completar um contêiner para exportação. Problemas como super lotação nas áreas portuárias,
são problemas que podem ser evitados com o Redex. Assim a logística de abertura dos gates
pode ser melhor administrada, possibilitando que os exportadores façam uma previsão para
envio das cargas, e consequentemente uma melhor logística dos embarques.

Os Despachos Aduaneiros de Exportação são realizados, em sua maioria, no litoral e


nas zonas de fronteira alfandegadas, onde estão localizados os órgãos da Aduana, devido à
localização dos portos e áreas de maior movimentação de cargas. O Redex, por sua vez,
35
proporciona a interiorização dessas operações, pois permite que o recinto esteja localizado
próximo ou até mesmo nas dependências da empresa exportadora. Desta forma, as mercadorias
chegam nos locais de embarque já liberadas, sem ter que gastar mais tempo para tal. Além das
vantagens para as empresas, o Redex trará benefícios também para a comunidade,
proporcionando um desenvolvimento regional através do aumento das exportações.

Um dos grandes problemas que o Brasil enfrenta é a falta de infra-estrutura,


principalmente nos portos. As empresas têm aumentado suas exportações e os portos por sua
vez, estão cada vez mais congestionados. Esse é um dos principais factores que vêm ameaçando
o crescimento das exportações brasileiras. Essa superlotação acaba causando a perda de muitos
embarques e consequentemente agravando o problema de espaço disponível dentro do porto.

Com isso muitas empresas acabam tendo prejuízos financeiros com ‘detention’, além
do desgaste junto aos seus clientes no exterior pelo não embarque da mercadoria. Com o Redex,
esses problemas são minimizados, pois as empresas têm outros recintos onde podem liberar a
mercadoria, e com isso o aumento na movimentação de contêiners e consequentemente das
exportações, proporcionando assim um maior desenvolvimento regional, através da geração de
empregos, excelência nos serviços prestados etc.

36
CAPÍTULO III. METODOLOGIAS

Escolher-se-á pesquisa qualitativa, na visão de Ludke e André (2012) o material


obtido nessas pesquisas é rico em descrições de entrevistas de pessoas, situações,
acontecimentos; inclui transcrições de entrevistas e de depoimentos, fotografias, desenhos e
extractos de vários tipos de documentos.

Nessa investigação é será considerado do tipo diagnóstica conforme as ideias de


Fiorentini e Lorenzato (2006). Na visão destes autores a pesquisa diagnóstica funciona como
uma sondagem e visa verificar se uma determinada ideia de investigação é viável ou não.

O instrumento de colecta de dados utilizado será um questionário com perguntas


abertas e fechadas, formuladas em consonância com o referencial teórico e os objectivos
traçados para a investigação. O questionário aplicado foi classificado por Fiorentini e Lorenzato
(2006) de questionário com perguntas mistas, combinando parte com perguntas fechadas e parte
com perguntas abertas e para a monografia prevê-se 2 formulários de questões para os utentes (8
questões) e para colaboradores das empresas aduaneiras um formulário (7 questões)
respectivamente). Na visão dos autores tais questionários servem para:

[...] caracterizar e a descrever os sujeitos do estudo, destacando algumas variáveis


como idade, sexo, estado civil, nível de escolaridade, preferências, número de
horas de estudo, número semanal de horas-aula do professor, matérias ou temas
preferidos etc. (FIORENTINI; LORENZATO, 2006, p. 117)

3.1. Tipo de Pesquisa

A pesquisa quanto aos objectivos é de tipo Exploratória. A pesquisa é do tipo


exploratória porque procura buscar um conhecimento através de um caso de estudo específico. E
de acordo com a forma de abordagem do tema em estudo da pesquisa é qualitativa e
quantitativa, por colher percepções de pessoas sobre a gestão de lixo e ao mesmo tempo usar
procedimentos estatísticos.

3.2. População/Universo de Pesquisa

A População ou Universo de Pesquisa será constituída por cerca de 10 utentes e 5


colaboradores das empresas aduaneiras que actuam no Posto Fronteiriço de Zóbuè.

3.2.1. A amostra

Amostra será constituída por 5 utentes dos quais, 3 serão do sexo feminino
correspondente a 30%, 2 do sexo masculino a corresponder 20 %.Em relação aos colaboradores,
participar o 5 correspondendo 100%.
37
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADADOS

Neste capítulo, temos como objectivo, apresentar os dados recolhidos no campo e


analisá-los. Portanto, aqui, incluímos 4 tópicos ou secções que perfazem os propósitos deste
capítulo. Primeiro, apresentar e analisar os dados sobre práticas e estratégias do despacho
aduaneiro tendo em vista as práticas de suborno entre utentes e funcionários aduaneiros.
Segundo, dados sobre factores que influenciam a manutenção e perpetuação do suborno.
Terceiro, dados sobre percepções da importância do imposto e, quarto, dados sobre percepções
de regulamentos ou lei anticorrupção.

1) Práticas e estratégias do despacho aduaneiro tendo em vista as práticas de suborno.

Nesta secção, temos como objectivo apresentar e analisar as práticas e estratégias que
os utentes e funcionários aduaneiros utilizam para a manutenção e perpetuação de suborno,
quotidianamente, na Fronteira de Zóbuè. Isto porque defendemos, neste trabalho, que são essas
práticas e estratégias que, imbuídos de significados para os funcionários e utentes aduaneiros,
perpetuam a corrupção entre os actores.

No entanto, quando nos referimos ao suborno entre actores, utentes e funcionários


aduaneiros, como objecto de reflexão sociológica, é que ele, antes de ser uma realidade
objectiva, é uma actividade prática, no sentido etnometodológico, antecedido de um raciocínio
prático dos mesmos actores, num contexto isolado, específico de produção dessa realidade. A
etnometodologia, como nos referimos, é, segundo Garfinkel, uma pesquisa empírica dos
métodos que os indivíduos utilizam para dar sentido e, ao mesmo tempo, realizar acções de
todos os dias (1980:20).

Portanto, de acordo com esta percepção, faz sentido o trabalho de campo efectuado
na Fronteira de Zóbué, em busca de dados para análise da manutenção e perpetuação de
suborno, no quotidiano das relações entre utentes e funcionários aduaneiros. Por conseguinte,
pelo trabalho de campo, verificamos, pela observação directa, conjugada com as entrevistas aos
funcionários e utentes, a confirmação e a confissão dos actores em relação às práticas
corriqueiras de dar e receber suborno naquele contexto, nomeadamente, utentes comerciantes e
funcionários. Existem diferentes estratégias ou métodos de viabilizar o raciocínio prático de dar
e receber o suborno, por parte de diferentes utentes e diferentes funcionários.

As práticas do suborno compreendem desde aliciamentos, por parte do utente, e


extorsões, por parte dos funcionários, negociação dos valores entre o utente que suborna o seu
colaborador (funcionário), assinatura por parte do funcionário subornado do "gate pass"
38
(documento de controlo e verificação dos bens e mercadorias que atravessam pelas Alfândegas),
e o acompanhamento da viatura por parte do funcionário subornado até o utente atravessar a
cancela, em direcção ao interior do País.

O utente, enquanto se dirige à cancela, tem a obrigação de acompanhar e seguir


atentamente as instruções do seu acompanhante, para que nada dê errado nesse processo, que
pode culminar com a descoberta e apreensão das mercadorias ou simplesmente bens desse
utente, pelos funcionários estranhos a essa operação, mas àqueles que nessa altura estiverem
afectos á cancela. Mas isso só acontece caso não tenham sido contactados pelo funcionário que
assinou o gate pass, que depois, tem a obrigação de dividir o dinheiro recebido, com os homens
da cancela depois destes, terem garantido a saída da mercadoria. Pelas entrevistas, verificamos
haver duas ideias generalizadas de dois grupos que viabilizam a prática de suborno. Uma ideia
emitida pelo grupo de utentes, e outra, do grupo de funcionários entrevistados. Realçamos em
relação a isto que há um denominador comum e distinto, que norteia a estratégia de realização
contínua do suborno entre utentes e funcionários aduaneiros, na Fronteira. Por exemplo, para os
utentes, o suborno é geralmente significativo, na medida em que lhes ajuda a minimizar os
custos de importação regular ou oportuna das suas mercadorias e bens, e poderem com isso
ganhar algum lucro ou mesmo poupar algum que se podia gastar se tivessem que pagar
oficialmente. O depoimento abaixo é ilustrativo:
“Às vezes, pago aos funcionários aduaneiros devido aos altos custos ou taxas que se
cobram dos produtos importados, é por isso que somos levados a subornar, para
podermos ficar com alguns lucros, pois, pagando oficialmente sinceramente ninguém
conseguiria vender os produtos ” (Entrevista: 01).

Por conseguinte, em relação aos funcionários, receber subornos é significativo,


geralmente, porque oportunamente, ajudam os mesmos, como indivíduos, a satisfazer
materialmente despesas pessoais cada vez mais crescentes. Olha o caso de uma das entrevistas:

“Olha meu caro, o homem é por natureza insatisfeito materialmente, antes de ser o
que sou, é mais eu, despido desta farda, eu individualmente ou como homem simples
sem estas vestes institucionais sou propenso a fazer coisas que não devia fazer, porque
as minhas necessidades crescem cada vez mais em conformidade com as
oportunidades, isto é, quanto mais posso, mais necessito. Dai que a minha atitude de
receber ofertas só é irracional na medida em que acontece investido deste poder e
destas fardas, ou seja enquanto fardado (Entrevista: 02).

Portanto, em relação a estas constatações de subornar os funcionários, como forma


de rentabilizar o negócio por parte dos utentes, ou de receber dinheiro para minimizar
necessidades materiais cada vez mais crescentes por parte dos funcionários, são percepções que
39
confirmam o que Husserl (1979), no âmbito da fenomenologia, designou de consciência de uma
experiência imbuída de significado, para se referir a todas atitudes assumidas pelos actores
sociais. Portanto, o suborno é uma prática significativa porque é uma atitude ou experiência
assumida pelos actores, pelos utentes e funcionários aduaneiros. O suborno confirma, ainda
mais, o sentido de uma acção motivada por ganhos privados, pessoais, familiares, de riqueza e
de status (Colin Nye 1947). Veja o caso da seguinte entrevista:

A corrupção acontece por causa da ganância de alguns oficiais das Alfândegas que,
quando sabemos que são eles a trabalhar nesse dia, ganhamos forca de ir ‘’guevar’’
as nossas coisas, porque sabemos que vão nos facilitar (Entrevista: 03)

Portanto, a ideia de considerar as redes sociais ou capital social em Fukuyama, como


um dos factores que influenciam a corrupção entre utentes e funcionários aduaneiros, partiu de
constatações desta índole. Isso torna o acto norma que lhes permite partilhar virtudes, por
exemplo, de falar a verdade, de cumprir obrigações e de exercer a reciprocidade numa relação
de corrupção. Estes atributos existem segundo Fukuyama em qualquer cultura ou sociedade.

2) Factores que influenciam a manutenção e perpetuação do suborno

Nesta secção, vamos apresentar e analisar os factores que influenciam a manutenção


e perpetuação do suborno entre utentes e funcionários aduaneiros. Portanto, em relação a isto,
resumimos em três os factores analisados: a relevância do contexto local, o contexto político
económico e do capital e as redes sociais dos actores.

De acordo com o trabalho de campo, notamos que o contexto ou o local onde se


desenvolvem as actividades de cobrança e pagamento de imposto, é determinante por si só, para
envolvimento dos actores em práticas ilícitas, isto porque, é um local onde se movimenta
dinheiro.

Aqui verificamos que, quem trabalha com dinheiro facilmente pode ser tentado a
infringir as normas, principalmente, quando o proprietário desse dinheiro for abstracto.

Portanto, os utentes e funcionários aduaneiros na Fronteira de Ressano Garcia,


desviam o dinheiro do Estado para fins particulares porque o local permite, é um local que,
segundo eles, de busca de oportunidades, que os funcionários não teriam, por exemplo, caso
estivessem colocados num posto como pedra, um posto onde, segundo eles, não há serviços
subornáveis, como, direcções centrais da Autoridade Tributária e outros departamentos não
operacionais.

40
Ou seja, dar e receber suborno, na Fronteira de Zóbuè, é um modo de vida criado
pelo sistema, como se referiu um dos nossos entrevistados:

“Há um esquema invisível montado que directa ou indirectamente leva às vezes a


receber subornos. Isto porque mesmo não querendo, obrigo-me a receber porque
alguns dos nossos superiores precisam desse algum no fim da jornada. Pessoalmente,
recebo suborno por questões de oportunidades geradas pelo sistema, quando ele
permite, existem essas chances, mas quando há vigilância institucional como agora
que oficiais superiores não comprometidos vieram até aqui em Ressano, para
supervisionar os processos de desembaço aduaneiro, consideramos que o sistema está
fechado e, portanto, não há muitas manobras para essas práticas” (Entrevista: 04)

Em relação ao contexto político e económico, há um dado extraído dum Relatório


sobre o Estado geral de corrupção em Moçambique que refere que o problema de corrupção na
função pública é influenciado pelo facto de Moçambique ser um País de fortes contrastes, isto é,
um País democrático, por um lado, e, por outro, um País com um regime monopartidário virtual,
com um quadro legal sofisticado, mas que é implementado selectivamente, um País que
transitou de uma economia socialista para um regime de economia em que os interesses
empresariais e políticos estão estreitamente interligados. Esta dinâmica política e económica é
paradoxal num Estado de direito, produz sempre, segundo Spector et al (2005), um País
profundamente ameaçado pela corrupção a todos níveis.

3) Percepções sobre importância do imposto entre utentes e funcionários aduaneiros.

Neste ponto, temos como finalidade, analisar as percepções dos utentes assim como
dos funcionários aduaneiros sobre a importância do imposto, uma vez que a importância
atribuída ao imposto pelos utentes e funcionários aduaneiros, pode ser crucial em termos
fenomenológicos, para viabilizar a consciência de cobrança efectiva e ou não dos impostos por
parte dos funcionários, e o pagamento também efectivo ou não dos mesmos, por parte dos
utentes aduaneiros.

Sobre este assunto, notamos que, de todas entrevistas realizadas, tanto de


funcionários, utentes e dos líderes das associações do sector informal, existe uma percepção
geral de que, o imposto é importante para o País, na medida em que é através dele que o Estado
Moçambicano sobrevive, financiando serviços públicos diversos, construção de diversas infra-
estruturas de utilidade pública.

Ainda sobre isto, verificamos que, embora exista esta percepção positiva em termos
de fundamento que viabiliza a cobrança dos impostos pelo Estado, na prática, os cidadãos

41
emitem uma ideia de desconforto quando chega o momento de pagá-los porque consideram que
os impostos colectados não são devidamente aplicados. Vejamos o depoimento seguinte:

“O imposto para a Amukhero tem importância, na medida em que financia infra-


estruturas públicas, como escolas, hospitais e, enfim, embora haja desvios de
aplicação dessas nossas contribuições por parte dos governantes” (Entrevista: 05).

Portanto, percepções como estas, por parte de uma associação que alberga 1025
membros em todo País, de contribuintes ou potenciais contribuintes, levam a que o País perca
mais em impostos que estes cidadãos pagariam, caso o imposto fosse devidamente aplicado para
o bem de todos.

Assim, notamos que o fundamento de pagar impostos pelos cidadãos é simplesmente


viável para os contribuintes, pelo uso individual ou colectiva que eles atribuem, de correcta
aplicação pelos gestores da coisa pública, em benefício dos próprios contribuintes e daqueles
que, por alguma contingência, não podem gerar renda para si e nem para os seus dependentes.

4) Percepções sobre regulamentos ou lei anticorrupção entre utentes e funcionários


aduaneiros.

Nesta secção, vamos analisar o conhecimento dos utentes e dos funcionários


aduaneiros em relação aos regulamentos ou leis de combate à corrupção em Moçambique, ou
seja, dispositivos legais que proíbem práticas de suborno na função pública, um assunto que, por
sinal, norteou o trabalho desta pesquisa, por ser o nosso objecto de estudo. No que tange a esta
preocupação, consideramos ser de suma importância realçar que a corrupção em Moçambique é,
segundo CIP (2008: 04), crime previsto na lei 6/2004, nos artigos 7 a 9.

Estes artigos preconizam que os dirigentes, funcionários ou empregados do Estado


ou das autarquias locais, das empresas públicas e privadas participadas pelo Estado e de
empresas concessionárias de serviços públicos que, com ou sem consentimento ratificarem,
solicitarem ou receberem dinheiro ou promessa, ou qualquer vantagem patrimonial que não lhes
sejam devidos, para praticar ou não praticar acto que implique violação dos deveres do seu
cargo, serão punidos com pena de prisão maior de dois a oito anos e uma multa até um ano.

Em relação a este assunto, verificamos, nas entrevistas, que os funcionários assim


como utentes, têm consciência de que o que fazem é considerado crime de corrupção pelo
sistema político no País. Mas eles preferem arriscar e arriscar sempre, porque os ganhos que daí
provêm, justificam o risco de o fazer. Veja o exemplo da seguinte entrevista:

42
“Claramente que eu sei da ilegalidade dos meus actos em relação aos funcionários,
mas saiba que, quem não arrisca na verdade não petisca. Isto porque oferecer
dinheiro aos 43. Funcionários aduaneiros é para mim, a única alternativa ou fonte
neste momento de poder importar e colocar o produto no mercado e poder vender”
(Entrevista: 06).

Portanto, em argumentos como estes e de outros entrevistados, constatámos que o


problema de corrupção entre utentes e funcionários aduaneiros, não ocorre por falta de
conhecimento de que suas práticas são proibidas pela lei em Moçambique. Eles só
negligenciaram o conhecimento de códigos e das respectivas molduras penais, que regulam e
punem os actos de corrupção na função pública. Em relação a isto, verificamos de facto que
corrupção em Moçambique, é um crime, previsto nos artigos 318 e 321 do código penal em
vigor.

Contudo, Mosse (2004), assim como nós, entendemos que o problema de corrupção
em Moçambique não existe por ausência de lei, mas por falta de aplicação dessa lei para punir
os prevaricadores, por parte do governo. Isto é, o governo não utiliza esses dispositivos como
instrumentos de responsabilização, o que incentiva os agentes a continuar a transgredir as
normas de isenção e transparência.

Segundo Mosse, é um incentivo de clientelismo, nepotismo e da delapidação dos


cofres de estado e dos dinheiros da cooperação internacional. Contrariamente à visão de Mosse,
nós reiteramos que a responsabilização, penalização ou sancionamento dos agentes de
corrupção, não encerra o problema de corrupção de que Moçambique padece, porque ela existe
em todos sectores de actividade pública e privada, isto é, em todos contextos formais e informais
da sociedade moçambicana (Spector et al 2005).

43
CAPÍTULO V: CONSIDERAÇÕES FINAIS

No sistema aduaneiro moçambicano, em regra, toda mercadoria destinada à


exportação precisa ser devidamente despachada e desembaraçada, liberando-a para embarque.
Esse processo burocrático é realizado através do Despacho Aduaneiro de Exportação, que vem
se tornando cada vez mais complexo devido aos problemas de infra-estrutura do comércio
exterior moçambicano.

As práticas e estratégias sobre suborno são tantas e compreendem aliciamentos,


extorsões aos utentes não regulares e não esclarecidos, negociações de montantes do suborno
entre funcionários e importadores, assim como utentes eventuais esclarecidos, assinatura por
parte do funcionário do "gate pass" e acompanhamento da viatura por parte deste, até atravessar
a cancela em direcção ao interior do País. Portanto, entre utentes e funcionários aduaneiros,
verificamos haver duas grandes ideias ou estratégias mães de viabilização do suborno entre os
actores. No entanto, para os utentes, essa estratégia baseia-se, geralmente, na percepção comum
de que o suborno os ajuda a minimizar os custos de importação regular ou oportuna dos seus
bens e mercadorias, podendo com isso ganhar algum lucro ou poupar algum gasto em impostos.
Por conseguinte, para os funcionários, a grande ideia que viabiliza a estratégia do suborno, é a
percepção geral de que ele, oportunamente os ajuda como indivíduos, a satisfazer materialmente
despesas privadas cada vez mais crescentes, despesas que, a título de exemplo, nenhum salário
suportaria. 46. Em relação ao nosso segundo objectivo, específico, concluímos, de acordo com o
trabalho de campo e da bibliografia consultada, serem o contexto local, político e económico e
ainda a contingência do capital ou redes sociais dos actores, os factores que influenciam a
manutenção e perpetuação do suborno entre utentes e funcionários aduaneiros. No entanto, em
relação ao primeiro factor, verificamos que os utentes assim como os funcionários aduaneiros,
desviam dinheiro do Estado para fins individuais na Fronteira de Zóbuè, porque o local permite.
Este é visto por eles, como um local de busca de oportunidades, que, a título de exemplo, não
teriam, caso estivessem colocados num posto de pedra, um posto que pela sua natureza não
oferece serviços subornáveis, caso de direcções ou departamentos centrais da Autoridade
Tributária e outros departamentos não operacionais.

Em relação ao contexto político e económico, verificamos que um Estado com uma


dinâmica política e económica contrastante a um Estado de direito produz sempre um País
profundamente ameaçado pela corrupção a todos níveis. O monopólio do poder detido pelo
partido no poder desde a independência nacional, do poder executivo, legislativo e judicial, só
contribuiu para escamotear a distinção entre o partido e o governo e minou desde sempre o
44
controlo e fiscalização no seio do governo. Ainda sobre isto, esta situação gerou uma cultura de
impunidade. Isto faz com que os funcionários do governo e partido, geralmente, não sejam
punidos nem pelos tribunais, nem pelos processos eleitorais pela sua má governação ou pelo seu
comportamento corrupto. No entanto, este clima político em Moçambique foi capturado pelos
cidadãos espertos e usam-no para incentivar o seu agir desonesto, porque eles têm a percepção
de que em termos políticos, não haveria moral que fizesse sentido para punir suas práticas,
porque quem o deveria fazer, também é corrupto. No que tange à ideia de capital ou redes
sociais, como um dos factores por nós considerados, para a manutenção e perpetuação de
suborno entre utentes e funcionários aduaneiros, prevaleceu por termos constatado no campo
que os actores, nas suas relações contínuas, criam mutuamente laços de amizade, de confiança,
de reciprocidade e de previsibilidade de comportamento, quanto ao agir informal dos outros
membros, daí que as relações regulares de corrupção entre utentes e funcionários aduaneiros,
tenham sempre uma tendência de acontecer entre actores que partilham valores de mútua
confiança e reciprocidade de ideias e mesmo comportamento.

Em relação ao nosso Segundo objectivo específico (a importância do imposto,


entre utentes e funcionários aduaneiros), verificamos que o nível de conhecimento sobre a
importância do imposto, entre utentes e funcionários aduaneiros, é positivo, porque, tanto os
utentes, tanto os funcionários percebem de igual forma que, o Estado Moçambicano recorre
sempre aos impostos para suportar o seu funcionamento, como seja, financiar serviços públicos
diversos, como construção de estradas, escolas, hospitais, etc. Embora esta percepção seja
positiva e generalizada sobre a importância do imposto, na prática, concluímos que os cidadãos,
utentes e funcionários aduaneiros mostram um certo desconforto quando chega a hora de pagar
impostos, pois acham que o governo não vai aplicar essas contribuições a devidamente. Daí,
concluímos que o fundamento para que os cidadãos paguem impostos, seria a correcta aplicação
dos mesmos, em benefício dos seus contribuintes, ou daqueles que, por alguma contingência,
não podem gerar renda nem para si, nem para os seus dependentes. Contudo, no que concerne ao
nosso último objectivo específico, concluímos que, de acordo com trabalho de campo, os utentes
assim como os funcionários têm consciência de que o suborno é crime de corrupção em
Moçambique.

Já o Terceiro objectiva Específico (verificar a percepção dos colaboradores frente aos


factores limitadores e facilitadores em suas actividades na empresa). Apesar dessa consciência, o
praticam, tendo em conta os ganhos daí provenientes. Daí que, a corrupção em Moçambique, de
acordo com estas constatações devia ser considerada um problema de combate social e não de

45
lei, cujo combate devia ser feito a partir da sociedade. Por conseguinte e em relação às nossas
respostas provisórias, colocadas em jeito de hipóteses, realçamos terem sido confirmadas tanto
pela fundamentação teórica, tanto pela fundamentação do trabalho de campo.

Em teoria, concluímos que todas relações face a face, como relações de corrupção,
não teriam como desenvolver-se, se não por meio da capacidade activa, mútua e ou consentida
dos actores dessa relação. Portanto, uma relação desta, só tem espaço quando os membros
partilham mutuamente os ganhos, significados e ainda os objectivos e linguagens dessa relação
para os mesmos. Em relação à fundamentação prática, observamos e concluímos, pelos dados da
pesquisa, que a corrupção se mantém e se perpetua entre funcionários e utentes, porque eles,
como se referia uma das nossas hipóteses, partilham expressões linguísticas e ideológicas de
corrupção para os actores. No entanto, enquanto uns pensam que a corrupção ajuda a maximizar
os lucros ou poupar os gastos pelos impostos, os funcionários aduaneiros.

46
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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ANEXOS

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ANEXO 1: Guião de entrevistas
Perguntas para utentes:
1. Sabe dizer qual é a importância do imposto para si e para o Pais?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

2. Consciente da importância do imposto, porquê prefere dar dinheiro ao funcionário em vez


de pagá-lo?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

3. Sabe que oferecer dinheiro aos funcionários públicos como forma de pagamento de favores
por si prestados é ilegal ou corrupção?

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

4. Acha ser possível ou não acabar com a corrupção entre utentes e funcionários aduaneiros?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

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Anexo 2: Guião de entrevistas
Perguntas para funcionários:
1. Como funcionário aduaneiro, qual é a sua percepção em relação à importância dos impostos
que vocês cobram, para o País ou mesmo para si?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

2. Portanto, consciente desta importância do imposto, porque recebe suborno em detrimento


de cobrá-lo para esses fins?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

3. Porque esse risco, mesmo sabendo que receber suborno é ilegal para os funcionários? Acha
então ser possível acabar ou não com a corrupção entre vocês e utentes dos vossos serviços?
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________

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ANEXO 3: Guião de entrevistas
Perguntas para funcionários Aduaneiros:
Identificação do Entrevistado Grupo Alvo: Funcionário da

Entrevistas
Entrevista nº 01, Data: 28/01/2013, Hora: 15h00,Tradução: N/J, Equipa: Flávio Firmino
Grupo Alvo: utentes dos serviços aduaneiros

1. Identificação do entrevistado Respostas obtidas


1.1. Idade: 31 Anos
1.2. Sexo: Masculino
1.3. Estado civil: Casado
1.4. Nível académico Básico
1.5. Tempo de actividade 08

2. Sabes me dizer qual é a importância do pagamento do imposto para si e para o Pais?


O imposto tem importância no financiamento das despesas públicas. E para mim, directa ou
indirectamente o imposto, por servir para financiar a construção de infra-estruturas públicas,
como estradas, hospitais, escolas ete, é importante porque uso estes bens.

3. Consciente da importância do imposto, porque prefere dar dinheiro ao funcionário em


vez de paga-la?
Prefiro dar dinheiro ao funcionário porque é através disso ou desse meio que eu consigo
suportar o lucro das mercadorias que importo, uma vez que actualmente o mercado é
exigente. Olha, há uma concorrência desleal no fornecimento do produto ao consumidor
final, isto porque há quem por exemplo, sai da fronteira e por não ter sido cobrado
taxativamente os direitos, tem mais chances de colocar o seu produto no mercado a preços
aliciantes, do aquele importador que prefere pagar ou é cobrado exemplarmente.

4. Sabe que oferecer dinheiro aos funcionários públicos como forma de pagamento de
favores por si prestados é ilegal ou corrupção?

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Olha, eu sei que o acto é ilegal sim, mas eu pessoalmente fico sem alternativa de não optar
nesses actos, porque a tal coisa da concorrência desleal do mercado acaba-me deixando sem
essa alternativa de não praticar esses actos. Eu acho que vale a pena correr o risco de ir preso
em vez de pagar todos direitos e não conseguir vender os produtos.

5. Acha que é possível ou não, acabar corrupção entre utentes e funcionários aduaneiros?
Pessoalmente acho que é possível, desde que haja justiça na cobrança dos impostos ou
direitos aduaneiros para todos os importadores. Se estado pudesse controlar a prática dos
preços em cada série semelhante de produtos colocados ao mercado, eu não preferia passar
tantos riscos, como é o caso de as vezes prenderem a mim e a minha mercadoria pelas
brigadas de fiscalização móvel.

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