CAPÍTULO 4
Depois do Desapontamento
Nos dias que se seguiram a 22 de ou-
tubro de 1844, uma gigantesca onda de
emoções negativas ameaçava afundar e
destruir os crentes do advento. Humi-
lhação, confusão, dúvida, desaponta-
mento — como poderia a fé sobreviver
em tal redemoínho? Em muitos, é claro,
não sobreviveu.
Contudo, havia centenas que decidi-
ram reter “a bem-aventurada esperança”.
Indispostos a enfrentar vizinhos zomba-
dores, eles permaneceram isolados em
seus lares. Ao estudarem cuidadosamente
a Bíblia, duas interrogações dominavam
seu pensamento: onde erramos” O que
devemos esperar em seguida” Gradual-
mente, eles começaram a se reunir para
animar e confortar uns aos outros, en-
frentando escármios do tipo “Quê! Você
anda não subiu?” Alguns descobriram
que a réplica mais eficaz a esse cruel des-
dém era olhar seus atormentadores nos
olhos e responder: “E se eu tivesse subi-
do, para onde você teria ido? ND)
Calma avaliação
Pelo final de outubro o Advent Herald
e The Midnight Cry tinham recomeçado a
publicação. No dia 30, Himes escreveu a
José Bates: “Nunca me senti mais feliz
e reconcilado com a vontade de Deus;
a recente obra me salvou — ela tem sido
uma bênção para todos nós. Continue-
mos firmes.” Por intermédio de jornais
do advento, Himes procurou acalmar
seus companheiros de fé. “Temos des-
coberto que a graça de Deus é suficiente
para nos suster, mesmo em tal tempo.”
E quanto a Guilherme Miller? “Em-
bora ... duas vezes desapontado, ainda
não estou abatido e desanimado”, afir-
mou ele calmamente; “rodeado de 1ni1-
migos e zombadores, todavia minha
mente está perfeitamente calma, e mr-
nha esperança na vinda de Cristo é tão
forte como sempre.” Ele afirmou que
havia feito apenas o que sentia que era
sua solene responsabilidade. O amor
por seus semelhantes o havia compelido
a adverti-los para que pudessem encon-
trar seu Redentor em paz. Aqueles que
haviam se unido em seus esforços, ele
apelou: “Mantende-vos firmes; que nin-
guém tome a vossa coroa. Tenho con-
centrado minha mente em outra data, e
aqui quero permanecer, até que Deus me
conceda mais luz — e esta é Hoje, Hoje e
HOJE, até que Ele venha”
 Em geral, a posição de Miller era a
mesma da maioria dos seus principais
associados nas semanas que se segui-
ram imediatamente a 22 de outubro.
Sua recente experiência tinha sido tão
preciosa que poucos podiam concor-
dar com George Storrs, que atributu
ao “mesmerismo” a convicção com
que ele havia pregado uma data espe-
cífica. Embora Storrs continuasse a
considerar o advento de Cristo como
iminente, ele estava certo de que o
poder do movimento do sétimo mês
viera de “uma influência não divina”.
Essa insinuação perturbou Miller. Ele
lembrou que Jonas havia pregado uma
data definida para a destruição de Ni-
nive em obediência à ordem direta de
Deus. Uma bênção adviera disso. Não
poderia o mesmo ser verdade quanto
ao mundo em 18447
Com o passar dos dias, a unidade
do movimento adventista começou a
desgastar-se. Muitos dos líderes con-
tinuaram crendo não somente que o
advento estava próximo, mas também
que era possível descobrir nas Escritu-
ras o seu tempo exato. Miller esperava
confiantemente que Cristo viria antes
do fim do ano judaico de 1844, isto é,
na primavera de 1845. Nisso se uniu a
ele Jostas Litch. H. H. Gross e Joseph
Marsh esperavam 1846. Quando esse
ano passou, (sross descobriu novos
motivos para esperar Cristo em 1847.
No início de 1845, reconhecen-
do que a repetida matcação de datas
e desapontamentos provavelmente
destruirtam toda a fé no advento, Hi-
mes e Miller começaram a aconselhar
contra a fixação de qualquer data de-
finida. Eles acharam conforto no fato
de que os sistemas desenvolvidos por
eminentes cronologistas nem sempre
estavam de acordo. Os adventistas es-
tavam certos em esperar ver o retorno
de Cristo no final do período proféti-
co de 2.300 dias, mas tinham errado
em declarar que esse período termina-
ria em 22 de outubro de 1844. Esses
dois líderes estavam também preocu-
pados com uma variedade de novas
crenças e práticas agora defendidas
por um ou outro de seus ex-colegas.
Em uma tentativa para manter harmo-
nia, unidade e ortodoxta, anunciaram
um congresso dos “conferencistas do
segundo advento, e irmãos que ainda
aderem à fé original do advento” a
reunir-se em Albany, Nova Iorque, em
29 de abril de 1845.
O que aconteceu em 1844?
Alguns adventistas discordaram de
Miller e Hímes, aceitando em vez disto
o ponto de vista de Joseph Marsh em
sua Voice of Irnth já em 7 de novembro
de 1844. Conquanto admitindo que
eles se equivocaram “quanto à nature-
za do evento” a ocorrer em 22 de ou-
tubro, Marsh escreveu: “Não podemos
anda admitir que nosso grande Sumo
Sacerdote não efetuou naquele mesmo
dia tudo o que o tipo nos justificaria a
esperar. Agora cremos que Ele o fez.”
Esses homens acreditavam que sua
contagem das datas proféticas estava
correta; eles tinham apenas compreen-
dido mal o que deveria ocorrer em 22
de outubro de 1844.
Retornando à Bíblia para descobrir
precisamente o que havia acontecido
em 22 de outubro, vários conferencis-
tas do advento estudaram cuidadosa-
mente a parábola das dez virgens, que
eles criam que refletia a experiência do
advento em cada detalhe. À ligação
dessa parábola com a argumentação
de Cristo sobre o Senhor voltando das
bodas ou festa de casamento, registra-
da em Lucas 12:36 e 37, convenceu
muitos de que as bodas não significa-
vam a união de Cristo com sua igreja
no segundo advento, mas se referia à
sua recepção do reino, a Nova Jerusa-
lém. A volta de Cristo à lerra ainda es-
tava no futuro. Entretanto, eles deviam
ser encontrados “vigiando”.
A teoria da “porta fechada”
Em janeiro de 1845, dois editores
adventistas, Apollos Hale do Advent
Herald e Joseph Turner de The Hope of
Israel [À Esperança de Israel], propuse-
ram o que veio a ser conhecido como
a teoria da “porta fechada”. Essa teo-
ria combinava o novo pensamento das
atividades de Cristo como Noivo com
a tradicional compreensão milerita de
Apocalipse 22:11, 12: que pouco antes
do advento o destino de cada homem
será para sempre fixado. Isso, sugeri-
ram Hale e Turner, havia acontecido
em 22 de outubro. Eles podiam citar
o próprio Miller: “Fizemos nossa obra
em advertir os pecadores, e tentando
despertar uma igreja formal. Deus, em
sua providência, fechou a porta; e nós
podemos apenas nos animar uns aos
outros a ser pacientes; e a ser diligen-
tes para confirmar a nossa vocação e
eleição”, ele havia declarado no Advent
Herald de 11 de dezembro de 1844.
Os defensores da “porta fechada” não
sentiam nenhuma responsabilidade pe-
los pecadores. Eles se encorajariam uns
aos outros até que Cristo viesse.
Muitos adventistas adotaram a bre os dois últimos pontos, alguns afir-
opinião da porta fechada; e alguns,
como Snow, com grande severidade.
Ele considerava todos os adventistas
que não aceitaram este ponto de vis-
ta como laodiceanos, a quem (Cristo
“vomitaria da sua boca”. Finalmente
a proclamou-se a st mesmo como sendo
o profeta Elias e declarou que rejeitá-
lo era equivalente a rejeitar a Cristo.
Como veremos, líderes da futura Igre-
ja Adventista do Sétimo Dia estiveram
temporariamente comprometidos com
uma ou mais das variações da teoria da
porta fechada.
A porta fechada era apenas uma,
embora provavelmente a mais difun-
dida, das novas interpretações que se
desenvolviam entre aqueles adventis-
tas que continuaram crendo que algo
importante havia acontecido em 22 de
outubro. Em Ohio, |. D. Pickands e J.
B. Cook propuseram a teoria de que
Cristo estava agora assentado em uma
nuvem branca esperando até que seus
seguidores “o trouxessem para baixo”
clamando dra e noite em oração. Pouco
depois, Pickands ensinou que Cristo de
fato tinha vindo espiritualmente. Todos
aqueles que permitissem sua entrada em
suas vidas eram agora “imortais e incor-
ruptíveis”; porque Cristo “vir em carne”
significa que Ele entraria na vida de seus
crentes. Segundo essa opinião, o erro de
Miller fot aguardar que um Cristo visível
retornasse em forma humana.
A renovada pesquisa da Bíblia con-
venceu alguns adventistas de que eles
deviam adotar praticas bíblicas longa-
mente ignoradas tais como a guarda do
sétimo dia como o sábado, engajando-
se na ordenança do lava-pés e saudando
os companheiros de fé com uma santa
saudação (um abraço e um beijo). So-
mavam que eles deviam ser praticados
somente entre pessoas do mesmo sexo;
outros não viam nenhuma necessidade
de tais limitações.
 Fanatismo
Provavelmente, a prática mais radi-
cal, finalmente promovida por Pickan-
ds e Enoch Jacobs, editor do Day Star
[Estrela do Dia] (o antigo Western Mid-
night Cry), era o “casamento espiritual”.
Afirmando que Cristo já tinha vindo,
eles asseveravam que estavam no Céu;
portanto, não deviam se casar ou dar-
se em casamento. Usavam a declaração
de Cristo de que o homem devia deixar
pai, mãe, esposa e filhos para justificar o
abandono de suas famílias e a formação
de uniões “espirituais”, desprovida de
Sexo, com novos parceiros. Jacobs final-
mente levou seus seguidores para uma
colônia shaker. Igualmente bizarra era a
crença, mantida por alguns, de que eles
tinham agora passado para o grande sá-
bado milenar de Cristo e não deviam fa-
zer trabalho secular de espécie alguma.
Himes, Miller e os outros grandes
promotores da Conferência de Albany,
estavam decididos a limpar seu movi-
mento dessas novas teorias e práticas.
Aqueles que assistiram em Albany vie-
ram em grande parte dos estados lito-
râneos orientais. Não havia nenhum
delegado do Ohio ou Maine, as regiões
pouco habitadas onde as novas idéias
e práticas eram muito prevalecentes.
Depois de dois dias de deliberação, os
delegados da conferência reafirmaram
os tradicionais ensinos mileritas, me-
nos o elemento tempo, e sugeriram a
organização de grupos adventistas do
tipo congregacional. Recomendaram
obra ininterrupta para a salvação dos
pecadores através da pregação e uma
distribuição mais vasta de lteratura.
Também foram aprovadas resoluções
condenando diretamente o lava-pés e a
saudação santa e, indiretamente, o sába-
do do sétimo dia.
Divisões
À enérgica posição tomada pela
Conferência de Albany praticamente
assegurou uma permanente divisão en-
tre os adventistas. Hímes, Lítch e Ga-
lusha deram início a uma série de con-
ferências do advento em Boston, Nova
Iorque, Filadélfia e Baltimore durante
maio de 1845. Esses homens, unidos
mais uma vez por Apolos Hale e J. B.
Cook, tentaram manter unido um trun-
cado movimento adventista, que achava
necessário se distanciar mais e mais do
ensino original de Miller sobre profecia.
Finalmente, eles abandonaram a crença
de que havia alguma conexão entre os
períodos proféticos das 70) semanas e
dos 2.300 dias. Progressivamente, eles
se tornaram líderes sem seguidores, à
medida que mais e mais adventistas ou
aceitavam as opiniões daqueles que se
apegavam à validade da data de 1844 ou
voltavam para suas antigas igrejas.
Miller tinha sido sempre sensível
à acusação de que ele estava tentando
iniciar uma nova seita religiosa. Essa
acusação continuou perturbando seus
associados ao longo da década de 1840.
Eles afirmavam constantemente que a
Conferência de Albany não devia ser
interpretada como uma tentativa pata
fundar uma denominação. Todavia, na
primavera de 1846 eles estavam clara-
mente se movendo nessa direção. Na-
quele ano, nomearam uma comissão
executiva encarregada de supervisionar
a distribuição de fundos e ministros.
Também enviaram Himes e vários
associados para estimular o crescente
interesse em um advento pré-milenial
na Grã-Bretanha. A despeito da expe-
riência milerita, a matorta dos mileritas
britânicos esperava o retorno de Cristo
em outubro de 1845. O interesse enfra-
queceu quando esse tempo passou; foi
pata renovar esse interesse que Himes e
seus companheiros chegaram à Inglater-
ra em julho de 1846. Grandes multidões
assistiram às conferências de Himes e
ele fot bem-sucedido em estabelecer vá-
rias congregações permanentes, mas em
seguida ao seu retorno pata a América,
o movimento na Inglaterra estagnou.
Por ocasião da morte de Miller em
dezembro de 1849, o adventismo frag-
mentou-se em vários grupos dissidentes.
Isso é exatamente o que Himes, Litch e
Hale tinham temido e tentado impedir
tateando em direção de uma organização
permanente. Eles sempre se defrontaram
com adventistas tais como Joseph Marsh,
que mantinham que a organização seria
não somente antibíblica, mas uma nega-
ção da fé em um advento iminente.
Além dos adventistas sabatistas com
quem estamos preocupados, três ou-
tros grupos adventistas muito coerentes
existiam por volta de 1852. O primeiro,
alegando ter mantido a fé adventista ort-
ginal, centralizava-se em torno de Bos-
ton e olhava para Himes, Bliss e Hale
em busca de liderança. Esses homens
favoreciam o desenvolvimento de uma
forte estrutura eclesstica congrega-
cional, mas foram incapazes de fazer
isto frutificar antes de 1859, quando
organizaram a Associação Evangélica
Adventista Americana. Com o Advent
Herald como seu porta-voz, os adventis-
tas evangélicos desenvolveram progres-
stvamente laços estreitos com algumas
das principais igrejas protestantes, mui-
tas das quais eram flexíveis à crença em
um advento pré-milenial. Como o único
grupo adventista que persistia em reter
a crença na imortalidade da alma, os ad-
ventistas evangélicos achavam cada vez
menos razões para separação das de-
nominações mais antigas gradualmente
perderam qualquer motivo para uma
existência separada.
Um segundo grupo adventista, que
se desenvolveu em Hartford, na região
de Connecticut-Nova lorque, aglutinou-
se em torno de Joseph Turner e seu Se-
cond Advent Watchman (A Sentinela do Se-
gundo Advento). Essas pessoas acredi-
tavam que o milênio estava no passado.
Todas aceitavam a idéia da morte como
um sono e da aniquilação final dos im-
pios conforme apresentada por George
Storrs durante o movimento de 1844,
mas mantinham opiniões divergentes
com relação a organização e disciplina
da igreja. Em 1862, Himes rompeu com
seus antigos colegas, aceitando a dou-
trna do “sono da morte” e finalmente
uniu-se a esse grupo para formar a Igre-
ja Cristã do Advento, o mator remanes-
cente não-sabatista do adventismo.
Um terceiro grupo centralizou-se
gtandemente em torno de Rochester,
Nova Iorque. Seus membros se reuniam
com o apoio do Advent Harbinger and Bible
Advocate (Arauto do Advento e Defensor
da Bíblia] de Joseph Marsh, mas se opu-
nham violentamente a qualquer organiza-
ção formal. Sua principal diferença em re-
lação aos cristãos do advento se referia ao
milênio, que eles viam como algo futuro.
Durante o milênio, eles esperavam um se-
gundo tempo de graça, quando os judeus
voltariam para a Palestina. Suas objeções
persistentes à organização impediram es-
ses adventistas da “era vindoura” de se
tornarem fortes e unidos.
Mesmo antes da conferência de Al-
bany, vários elementos do adventismo,
a princípio chamados de irmãos “do
sábado e da porta fechada”, começaram
a surgir. Espalhados pelo Maine, New
Hampshire, Massachusetts e oeste de
Nova lorque, esses crentes, na maioria
lesgos ou desconhecidos conferencistas
do advento, tinham apenas escasso con-
tato e nenhuma coesão. Entre eles, so-
mente José Bates tinha tido alguma pree-
minência nos círculos mileritas. Todavia,
gradualmente, através da oração, estudo
intensivo da Bíblia e do que eles viam
como encorajamento divino, desenvol-
veram uma série de doutrinas que ex-
plicavam seu desapontamento de 1844.
Eles finalmente se tornaram a maior de
todas as corporações adventistas.
O sábado
Foi provavelmente no início da pri-
mavera de 1844 que Frederick Whee-
ler, ministro metodista e fazendeiro de
Hillsboro, New Hampshire, começou a
guardar o sabado. Seu procedimento re-
sultou de um contato com uma mulher
leiga batista do sétimo dia. Como cren-
te no advento, Wheeler ocastonalmente
ministrava à pequena lereja Cristã nas
proximidades de Washington, onde
membros partilhavam de sua esperança
A igreja de Washington, New Hampshire,
adventista do sétimo dia.
do advento. Nesse povoado do sul de
New Hampshire, ele se encontrava fre-
quentemente com Raquel Oakes, que
chegara recentemente para morar com
sua filha, que era professora de escola
primária. Durante uma visita amigável,
a sta. Oakes desafiou Wheeler a guardar
todos os mandamentos de Deus como
ele havia indicado em um recente ser-
mão de que todos os homens eram obri-
gados a fazê-lo. Depois de um cuidadoso
estudo do quarto mandamento, Wheeler
convenceu-se de que Deus ainda queria
que seus filhos honrassem o sétimo dia e
começou a guardá-lo. Mais ou menos na
mesma ocasião, varios membros da con-
gregação de Washington tomaram deci-
são semelhante. (Os mais preeminentes
desses eram William e Cyrus Farnsworth.
Portanto, a primeira congregação perma-
nente adventista observadora do sábado
veto à existência em Washington, mesmo
antes do Grande Desapontamento.
Perto do final daquele mesmo ve-
os rão, um ministro mais preeminente do
advento, ex-batista, TI. M. Preble, de
geralmente considerada como o primeiro templo
East Weare, New Hampshire, que ti-
nha viajado com o próprio Miller, tam-
bém aceitou o sábado. Se ele aprendeu
isto de Wheeler ou diretamente de Ra-
quel Oakes não está claro. Sendo que
Wheeler e Preble esperavam a volta de
Cristo no prazo de algumas semanas,
eles evidentemente não sentiram ne-
nhuma responsabilidade de convencer
seus companheiros adventistas a mu-
dar de dia de adoração durante o pou-
co tempo restante.
Os batistas do sétimo dia estavam
suscitando o interesse dos protestantes
com relação ao assunto do sábado du-
rante esses dias de expectativas do ad-
vento. The Midnight Cry relatou o fato
várias vezes durante setembro de 1844.
Embora seus editores expressassem a
opinião de que “não há nenhuma parte
específica de tempo que, por lei, se exija
dos cristãos que a separe como tempo
sagrado”, eles admitiam que se depois
de cuidadoso estudo alguém decidisse
de outro modo, então eles também de-
veriam concluir que “a parte específica
de tempo que Deus requer que nós ob-
servemos como sagrado, é o sétimo dia
da semana, isto é, o sábado”.
O Grande Desapontamento não
conseguiu destruir a fé de Wheeler ou
de Preble na iminência do advento. Pre-
ble concluiu que havia chegado o tem-
po pata apresentar o assunto do sábado
aos companheiros adventistas. Isso ele
fez através das colunas do Hope of Isra-
el, de Joseph Turner, de 28 de fevereiro
de 1845. No mês seguinte, ele publicou
uma ampliada versão do seu ponto de
vista do sábado em forma de panfleto.
Em seus parágrafos iniciais, Preble ci-
tou Guilherme Miller afirmando que o
sabado foi designado “para ser um sinal
para sempre, e uma aliança perpétua”,
um fato que prova “sem sombra de dú-
vida, que ele é tão obrigatório para a
igreja cristã como para os judeus, e do
mesmo modo, e pela mesma razão”.
Os participantes da conferência de
Albany estavam cientes das opiniões
de Preble sobre o assunto do sábado,
mas preferiram “não ter nenhuma co-
munhão” com o que eles considera-
vam “fábulas judaicas e mandamentos
de homens ... ou qualquer uma das
características distintivas do judaísmo
moderno”. Ressentindo-se da zomba-
ria do público, eles estavam decididos
a não acrescentar nada que suscitasse
mais oposição e, como eles imagina-
vam, desacreditasse a verdade primor-
dial do advento que se aproximava.
As opiniões de Preble sobre o sá-
bado logo foram partilhadas por J. B.
Cook, outro preeminente pregador mi-
lerita, mas em menos de três anos am-
bos voltaram a observar o domingo.
Todavia, o artigo e o panfleto de Preble
caíram em terreno fértil. Eles convence-
ram dois homens que estavam entre os
país fundadores dos adventistas do séti-
mo dia: José Bates e John N. Andrews.
Esses homens, por sua vez, convence-
ram outras centenas, inclustve liago e
Ellen G. White e Hiram Edson.
José Bates
José Bates havia recentemente
completado 50 anos quando, com vi-
gor característico, decidiu guardar e
promover o sábado. Com a idade de
quinze anos ele havia deixado seu lar
em New Bedford, Massachusetts, para
uma profissão de carreira no mar. Os
anos subsequentes foram cheios de
aventura, inclusive naufrágio e recru-
tamento na Marinha Britânica. Após o
início da guerra de 1812, Bates, ainda

José Bates (1792-1872), reformado capitão
do mar cujo interesse em assuntos bíblicos e
várias iniciativas de reforma no seu tempoo
levaram a unir-se ao movimento milerita.
Aprendeu acerca do sábado lendo um arti-
go doutrinário e, posteriormente, conversando
com Frederick Wheeler em New Hampshire.
nas mãos dos ingleses, insistiu em ser
feito prisioneiro de guerra. Ele passou
os dois anos e meio seguintes na pri-
são, os últimos seis meses na infame
Dartmoor. Por volta de 1820, Bates
possuía experiência suficiente para ca-
pitanear um navio mercante. Dentro
de oito anos, ele acumulou uma mo-
desta fortuna e preferiu reformar-se.
Durante seus últimos anos no mar, ele
renunciou ao uso da bebida alcoólica e
do fumo e usufrutiu um despertamento
espiritual que ele atribusu à Bíblia e à lt-
teratura religiosa que sua esposa havia
colocado junto com seu equipamento.
O afastamento do mar não signi-
ficava inatividade para José Bates; ele
foi ativo em movimentos antiescravis-
tas e de temperança, além de participar
da Igreja Cristã, a qual ele se uniu em
1827. Então, em 1839, depois de anos
de cuidadosa reflexão, ele aceitou e co-
meçou a proclamar ativamente as opi-
niões de Miller de uma segunda vinda
iminente. Bates participou da comuis-
são que emitiu o chamado para a pti-
meira conferência geral do advento e,
posteriormente, presidiu a importan-
te conferência de maio de 1842. Em
1843, depois de dispor da maior par-
te de sua propriedade, acompanhado
pelo ferreiro H. S. Gurney, ele levou
a mensagem do advento para o leste
de Maryland. Ali suas opiniões anties-
cravistas o fizeram sofrer ameaças de
violência. Mas Bates fo1 salvo por sua
ativa disposição de espírito e sua evi-
dente dedicação em preparar todos os
homens para o encontro de um Salva-
dor prestes a vir.
Embora duas vezes amargamente
desapontado durante 1844, Bates não
renunciou nem à sua esperança do ad-
vento, nem à sua crença de que algo
importante havia acontecido em 22 de
outubro de 1844. Um fervoroso estu-
do da Bíblia rapidamente o convenceu
da lógica do artigo de Preble quanto
ao sábado. Sabendo que havia adven-
tistas guardadores do sábado em New
Hampshire, Bates foi dominado pelo
desejo de visitá-los e trocar idéias. De
alguma maneira — pois nessa ocasião
Bates estava praticamente sem dinher-
ro — ele seguiu para a casa de Frederi-
ck Wheeler no início de maio de 1845.
Chegando sem ser anunciado às dez
da noite, Bates logo estava envolvido
em uma reunião de estudos que dutou
a noite inteira. No dia seguinte ao seu
retorno para casa, Bates encontrou-se
com um amigo de longa data, vizinho
e companheiro de fé adventista, James
Hall, que perguntou-lhe: “Qual é a no-
vidade, capitão Bates?” “A novidade é
Material com direitos autarais
que o sétimo dia é o sábado do Senhor
nosso Deus”, respondeu Bates rapida-
mente. Hall concordou em estudar a
Bíblia sobre o assunto e logo se uniu a
Bates como guardador do sábado.
J. N. Andrews
Provavelmente foi quase um ano
depois de Preble ter lançado seu panfle-
to sobre o sábado que uma cópia caiu
nas mãos de Marian Stowell, de 15 anos
de idade. lendo vendido sua fazenda
na expectativa do advento, a família
de Stowell estava então morando no
lar acolhedor de Edward Andrews, em
Paris, Maine. Tanto Martan quanto seu
mão mais velho, Oswald, foram con-
vencidos pelo folheto de Preble. Alguns
dias depois, Marian partilhou o folheto
com o filho do seu anfitrião, John N.
Andrews, na ocastão com 17 anos de
idade. John era um jovem sincero cujos
talentos para o estudo e o pensamento
lógico o haviam levado a cogitar uma
carreira em direito e política. Agora,
a lógica do sábado o tinha cativado, e
logo ambas as famílias estavam unidas
como adventistas guardadores do sába-
do. Posteriormente, John N. Andrews
escreveria em forma de livro a primeira
defesa adventista do sábado, combinan-
do-a com uma pesquisa histórica sobre
como os cristãos tinham mudado sua
observância para o domingo.
Nova luz sobre o santuário
Ao mesmo tempo em que o sábado
estava recebendo atenção entre vários ad-
ventistas da Nova Inglaterra, um grupo
de lesgos do oeste de Nova Iorque come-
çou a formular uma nova interpretação
do santuário a ser purificado no final da
profecia dos 2.300 dias. Alto personagem
central era Hiram Edson, fazendeiro me-
todista de Port Gibson, Nova Iorque, que
havia se tornado adventista por volta de
1843. À primeira reação de Edson na not-
te do Desapontamento de 22 de outubro
foi pôr em dúvida a Deus e a Bíblia. De-
pois de uma pequena reflexão, porém, ele
se lembrou de que seus dias aguardando
o advento tinham sido “os mais esplêndi-
dos e mais brilhantes de toda a minha ex-
periência cristã”. Com vários companher-
ros adventistas, Edson teve uma semana
improvisada de oração em seu celeiro.
Saindo dessa reunião convencido de que
viria luz para explicar seu desapontamen-
to, Edson e um companheiro, provavel-
mente O. R. L. Croster, saíram na manhã
de 23 de outubro a fim de confortar ams-
gos adventistas.
Enquanto os dois homens cruzavam
um milharal, “o Céu pareceu abrir-se à
minha visão”, relembrou Edson pos-
terrormente, “e vt distinta e claramente
que em vez de nosso Sumo Sacerdote
sair do lugar santísssmo do santuário ce-
lestial para vir a este mundo ... no final
dos 2.300 dias, naquele dia ele entrava
pela primeira vez no segundo comparti-
mento do santuário; e que ele tinha uma
obra a realizar no lugar santíssimo antes
de vir à lerra”. Sua mente foi também
“dirigida” a Apocalipse 10, com seu
relato do livro que era doce na boca e
amatgo no ventre. O capítulo termina-
va, lembrou ele, com a instrução do anjo
para profetizar outra vez.
Sacudido de sua visão pelo chama-
do de seu companheiro, Edson reco-
nheceu imediatamente que Deus estava
começando a responder às suas fervo-
rosas petições por mais luz. Pouco de-
pois, enquanto os dois homens estuda-
vam mais, a Bíblia de Edson se abriu
involuntariamente em Hebreus 8 e 9,
onde ele achou a confirmação do con-
certo de que o santuário a ser purifica-
do não era nem a lerra nem a igreja,
mas, em vez disso, o templo celestial,
do qual o terrestre tinha sido um tipo.
Durante os meses seguintes Edson,
Croster e o dr. F. B. Hahn, com quem
os dois tinham anteriormente publi-
cado um pequeno jornal milerita, The
Day Damn, levaram avante um estudo
abrangente do santuário e do sistema
sacrifical de Hebreus. Ali eles se con-
venceram, estava a chave para a com-
preensão do que havia acontecido em
22 de outubro de 1844.
Cheios de entustasmo, Edson e plano da salvação, com cada tipo tendo
Hahn concluíram que suas descober-
tas eram “justamente do que necessi-
tava o remanescente disperso”. Eles
concordaram em financiar mais alguns
exemplares do [he Day Damn, se o mais
jovem e mais bem-instruído Croster,
então com cerca de 25 anos, “escreves-
se sobre o assunto do santuário”. Por
volta de abril de 1845, algumas cópias
do The Day Damn [O Amanhecer] fo-
ram enviadas, provavelmente para im-
portantes líderes do advento e edito-
res de jornais mileritas. Enoch Jacobs,
editor do The Day Star, em Cincinnaty,
demonstrou-se o mais disposto a con-
siderar as explicações de Crosier. Ele
concordou em publicar uma ampliada
e aperfeiçoada versão das novas opi-
niões do santuário como um número
extra do The Day Star, com data de 7 de
fevereiro de 1846. Assim, os conceitos
sobre o santuário celestial eram expos-
tos pela primeira vez a um amplo nú-
mero de adventistas. Parte da prata de
casamento da Sra. Edson for vendida
para ajudar a financiar a iniciativa.
O extenso artigo de Croster no The
Day Star Extra, cujo título era um tan-
to ambíguo, “A Lei de Moisés”, desen-
volvia muitos conceitos, alguns novos
tanto para adventistas quanto para ou-
tros cristãos. O mais importante pode
ser resumido como segue: (1) existe no
Céu um santuário real e literal; (2) em
22 de outubro de 1844, Cristo mudou-
se do primeiro compartimento des-
se santuário para o segundo (o lugar
santíssimo); (3) antes de voltar à Ter-
ra, Cristo tem uma obra a realizar no
lugar santísssmo que difere da que Ele
estivera fazendo desde sua ascensão;
(4) o sistema do santuário hebraico era
uma completa representação visual do
seu antítipo; (5) a verdadeira finalidade
do dia da expiação (que se iniciou para
os cristãos em 22 de outubro de 1844)
é preparar um povo purificado; (6) a
purificação do santuário celestial por
Cristo também envolve a purificação
do coração do seu povo; (7) o “bode
emissário” típico não representa a Cris-
to, mas a Satanás; (8) como o “autor
do pecado”, Satanás receberá a culpa
final pelos pecados que ele levou Isra-
el (o povo de Deus) a cometer; (9) a
expiação pelo pecado não começou até
que Cristo entrou no santuário celestial
em seguida à sua ressurreição.
Talvez já no outono de 1845 (po-
rém, mais provavelmente em 1846),
José Bates tornou-se familiarizado
com as idéias de Croster. Depois de
cuidadoso estudo independente e
correspondência com Edson, Bates
aceitou o convite para visitar Port
Gibson para uma troca de idéias. Ed-
son estivera ciente, por algum tempo,
dos argumentos de Preble em prol do
sábado do sétimo dia, mas não fora
anda impressionado pelo dever de
guatrdá-lo. Enquanto Bates partilhava
suas convicções do sábado com o gru-
e -] o
Materta! Orr Girano ato!
a Arara
té
po de Port Gibson, Edson subitamen-
te exclamou: “Isto é luz e verdade! O
sétimo dia é o sábado, e eu estou com
você para guardá-lo!” Embora Crosier
tomasse uma posição mais cautelosa,
ele também, posteriormente, aceitou
a doutrina do sábado, apenas para
renunciá-la alguns meses depois. Por
sua vez, Bates concordou que o ponto
de vista de Edson e Croster sobre o
santuário era correto. Assim, estavam
unidas duas das doutrinas que deve-
riam se tornar distintivas da emergen-
te fé adventista do sétimo dia.
O pequeno grupo de adventistas
sabatistas achou fácil e reconfortante
aceitar a idéia de que Cristo havia mu-
dado sua posição e obra no santuário
em 22 de outubro. Isso reforçava sua
convicção de que eles compreenderam
corretamente o tempo profético. Para
eles, porém, foi mais dificil compreen-
der qual era exatamente a nova obra de
Cristo e como 1sso se relacionava com
eles e com o advento. Ainda convic-
tos de que o retorno de Cristo estava
apenas a alguns meses ou, no máximo,
alguns anos adiante, muitos acharam
desnecessário abandonar suas idéias
da “porta fechada”, embora fizessem
algumas modificações. Parece que por
algum tempo José Bates havia acredi-
tado que a porta da salvação se fechara
para todos os cristãos em 22 de outu-
bro, mas que a misericórdia poderia se
prolongar para os judeus, alguns dos
quais ainda aceitaram a Cristo como
Salvador. Outros sustentavam que a
porta que havia se fechado não era a
porta da salvação, mas a de “acesso ao
povo”. Não mais o coração dos ho-
mens estava aberto para ouvit; assim,
Cristo não podia ministrar para eles
no lugar santísssmo, mas somente para
aqueles cujos nomes Ele “tinha levado
em seu peitoral”. Eles identificavam
esse último grupo com os crentes leais
do movimento de 1844.
O dom de profecia
Enquanto os grupos do advento luta-
vam para reter sua fé e compreender seu
desapontamento, uma nova evidência de
que Deus interveio nesse movimento e
continuaria com eles veio na forma de
visões proféticas recebidas por uma jo-
vem de Portland, Maine. À pessoa assim
favorecida não era um notável editor ou
conferencista milerita, mas apenas uma
frágil menina de 17 anos, Ellen Har-
mon, que, com sua família, tinha sido
excluída da Igreja Metodista por causa
de suas crenças acerca do advento. Um
acidente na infância tinha-lhe negado
tudo, menos os rudimentos da educação
formal. Embora de saúde débil, ela usu-
fruía uma sólida experiência cristã.
Um dia, em dezembro de 1844, en-
quanto orava com quatro irmãs adven-
tistas, Ellen sentiu “o poder de Deus
. sobre mim como nunca o havia sen-
tido antes”. Perdendo de vista o am-
biente, ela parecia arrebatada acima da
Terra. Voltando-se para ver o povo do
advento, ela finalmente o vtu em “um
caminho reto e estreito” que termina-
va na Jerusalém celestial. Atrás desse
povo, no início do caminho, havia uma
luz brilhante. Um anjo disse a Ellen que
esse era o “clamor da meta-noite”, cuja
luz brilhava em toda a extensão do ca-
minho. Enquanto ela observava, alguns
adventistas ficaram desanimados ao
longo do caminho, ou “negavam a luz
por tras deles”. Achando-se em trevas,
“tropeçavam ... e caíam do caminho”
Ao continuar a visão, Ellen viu o se-
gundo advento e a entrada triunfal dos
santos na Jerusalém celestial. Termina-
da a visão, o mundo lhe parecia escuro,
mas logo ela e aqueles a quem relatou
sua experiência ficaram convencidos de
“que Deus escolhera esse meio ... para
consolar e fortalecer seu povo”.
Cerca de uma semana depois, Ellen
Harmon recebeu uma segunda visão
instruindo-a a “1r relatar a outros o que
Ele me havia revelado”. For também
avisada de que muitas provações acom-
panhartam seus labores, mas recebeu a
certeza de que a graça divina a susteria.
À incumbência parecia grande demais.
Ellen hesitou; estava dolorosamente
consciente de sua saúde precária, sua
juventude e natural timidez e do fato
de que ninguém de sua familia estava
disponível para acompanhá-la de um
gtupo do advento a outro. Talvez, ela
também tenha conhecido a profunda
suspeita com que os líderes muileritas
consideravam “visões, sonhos ou teve-
lações particulares”. Afligidos pelo fa-
natismo que havia seguido as atividades
de Starkweather e o fracasso da suposta
visão do dr. C. R. Gorga antes de 22 de
outubro, esses líderes consistentemente
se negavam a depositar qualquer con-
fiança em manifestações sobrenaturais.
A oposição a revelações partíicula-
res tinha ajudado a impedir dois outros
crentes adventistas de aceitar o encargo
divino posteriormente oferecido a Ellen
Harmon. No início de 1842, William Foy,
um batista de Boston que estava estudan-
do para o ministério episcopal, recebeu
duas visões que tratavam do breve retor-
no de Cristo e da recompensa dos justos.
Foy demonstrou relutância em relatar as
visões em público, parcialmente porque,
sendo pardo, estava ciente do preconceito
mostrado aos homens afro-descendentes.
Vencendo sua relutância inicial, ele aceitou
a proximidade do advento e relatou a vi-
são a grandes auditórios através da Nova
Inglaterra. No entanto, posteriormente as
pressões financeiras e uma terceira visão,
que ele não pôde compreender, o levaram
a parar de relatar suas experiências.
Pouco antes do Grande Desaponta-
mento, Hazen Foss, de Poland, Maine,
recebeu uma visão, ao que tudo indica,
muito semelhante à primeira posterior-
mente dada a Ellen Harmon. Mostrada
a oposição que ele encontraria se rela-
tasse as visões e advertências conforme
instruído, Foss recusou aceitar o encar-
go. Então, subitamente impressionado
de que havia ofendido o Espírito San-
to, reuniu um grupo para ouvit a visão,
porém descobriu que não podia mais se
lembrar dela. Semanas depois, Foss teve
a oportunidade de ouvir Ellen Harmon,
cuja irmã mais velha havia se casado
com seu irmão, descrever o que tinha
visto. Foss advertiu Ellen a não recusar
o chamado divino; quanto a st mesmo,
não demonstrou mais interesse em as-
suntos religiosos.
Testemunhando
A relutância de Ellen Harmon em
relatar as visões não fo1 facilmente ven-
cida. Além de ser muito jovem e de saú-
de deficiente, havia o temor de que pu-
desse tornar-se orgulhosa e exaltada, se
aceitasse a incumbência divina. Um anjo
assegurou-lhe que, se esse perigo ame-
açasse, Deus preservaria sua humildade
por meio da aflição. Então, durante uma
reunião especial de oração pot Ellen, um
dos mais antigos crentes do advento que
estava presente viu uma bola de fogo
atingi-la precisamente acima do coração.
Quando ela voltou a st, John Pearson lhe
disse: “De agora em diante nós lhe aju-
daremos, e não a desanimaremos:”
 Logo depois disso, abriu-se o camt-
nho para Ellen dar o seu testemunho
durante uma visita à sua irmã nas pro-
ximidades de Poland. Por três meses,
ela fora capaz de falar apenas em tom
baixo e enrouquecido. Todavia agora,
quando ela começou a falar, sua voz
tornou-se clara e forte e permaneceu
assim durante as quase duas horas em
que falou. Essa for apenas uma das no-
táveis manifestações físicas que acom-
panhavam suas revelações. Durante
visões em público, que poderiam vir
enquanto ela estava orando ou falan-
do, Ellen, a princípio, perdia toda for-
ça física; em seguida, recebia tal força
sobrenatural que nem mesmo a pessoa
mais forte podia controlar seus movi-
mentos corporais. Durante uma visão
que durou quase quatro horas não ha-
via nenhuma evidência de respiração,
contudo seu batimento cardíaco e cor
facial continuavam normais. Ao come-
çar uma visão, Ellen geralmente excla-
mava várias vezes: “Glória!” ou “Glória
a Deus!”. Embora seus olhos perma-
necessem abertos, ela parecia inteira-
mente inconsciente do que se passava
ao seu redor. Podia mover-se graciosa-
mente em volta da sala e ocastonalmen-
te falava palavras ou frases indicativas
do que ela estava vendo. Uma longa e
profunda inalação indicava que a visão
estava terminando. À princípio, ela di-
ficilmente podia ver, como se tivesse
estado olhando para uma luz brilhante.
Gradualmente, as coisas mais uma vez
se tornavam distintas e sua vista não
sofria nenhum dano permanente.
Surge uma óbvia interrogação: por
que esses fenômenos físicos? Um motivo
lógico pode ser que aqueles que estavam
familiarizados com a sólida experiência
religiosa de Ellen Harmon podertam fa-
cilmente aceitar o seu testemunho, mas
o mesmo não era verdade no caso da-
queles que ouviam essa desconhecida
adolescente pela primeira vez. Os fenô-
menos reasseguravam a muitos, mas não
a todos, que as mensagens eram enviadas
por Deus. Alguns se recusavam a crer,
afirmando que as visões eram auto-hip-
nose ou “mesmerismo”, como eram cha-
madas tais manifestações naquela época.
Tiago e Ellen G. White
O pastor Tiago White, que obser-
vou Ellen Harmon durante uma vi-
sita que ela fez a Orrington, Maine,
no início de 1845, convenceu-se ime-
diatamente. À medida que chegavam
os convites, Ellen viajava para mais e
mais longe de casa, visitando grupos
de adventistas em New Hampshire e
Massachusetts, sempre acompanhada
por sua irmã Satah ou por Louisa Foss,
uma fiel amiga. Percebendo a necesst-
dade, Tiago White começou a 1r à en-
contros com elas. Isso inevitavelmente
levou ao surgimento de fofocas, apesar
de que nem Tiago nem Ellen parecem
ter entretido pensamentos românti-
cos nessa ocasião. Ambos esperavam
a iminente volta de Cristo; tratar de
casamento poderia ser interpretado
como uma negação da fé. Todavia, o
amor cresceu ao mesmo tempo em que
Tiago ficou convencido de que nada
que trouxesse reprovação a Ellen e sua
obra deveria ser permitido. Assim, no
verão de 1846, ele propôs casamento.
Ellen acertou. Em 30 de agosto, como
jovens que não tinham ligação formal
com nenhuma igreja na condição de
membros, eles foram casados em Por-
tland por um juiz de paz.
As primeiras visões de Ellen G.
White e suas subsequentes viagens
Tiago White (1821-1881) foi apenas um personagem secundário no movimento milerita, mas
tornou-se um dos fundadores e dos poderosos líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia de-
pois de aceitar a doutrina do sábado.

Ellen G.White (1827-1915), esposa de Tiago White. Suas visões e mensagens divinamente inspi-
radas proveram orientação especial para os adventistas do sétimo dia, tendo início logo após o
Grande Desapontamento de 1844 e continuando até a sua morte em 1915.

não tiveram a finalidade de introduzir Um assunto mais sensível com

doutrinas novas e distintivas; sua fun-
ção era mais exatamente animar e re-
novar a confiança daqueles que tinham
esperado a vinda de Cristo em 1844.
Se eles se apegassem com firmeza à
sua fé, finalmente trtunfariam. Muitos
tinham caído em posturas extremistas,
que Ellen sentia-se chamada a corrigir.
Entre esses estavam os “espiritualiza-
dores”, que afirmavam que Cristo ti-
nha vindo a eles “espiritualmente” em
22 de outubro; e agora eles estavam
completamente santificados e não
podiam mais pecar. Outros desenvol-
veram violento emocionalismo com
muita excitação, barulho e atividade
corporal. Um grupo chegou ao ponto
de defender que se deveria arrastar no
chão de mãos e joelhos para tornar-se
“como criancinhas”.
que eles tiveram de lidar era a conti-
nua esperança no iminente retorno
de Cristo, o que levou Tiago White e
José Bates a ensinar que isso ocorreria
m 22 de outubro de 1845, ou antes
dessa data. O assunto era embaraçoso
porque Ellen também queria que Cris-
to voltasse logo; ela não desejava de
modo algum desencorajar o preparo
para esse evento. Alguns dias antes da
data esperada, ela compreendeu em
visão que suas esperanças não seriam
realizadas, e assim advertiu aqueles
com quem tinham contato. Advertên-
cia semelhante veio posteriormente,
quando Hiram Edson ensinou que o
tempo findaria em 1850 e José Bates,
através de uma interpretação um tanto
fantastosa de parte do ritual levítico,
fixou 1851 como o ano do advento.

Matertal com direros autarais

 Encorajando o rebanho
Provavelmente foi na primavera an-
terior ao seu casamento, que Ellen Har-
mon encontrou José Bates pela primeira
vez. Ele tratou-a com a máxima cortesia,
mas era francamente cético quanto às
suas visões como revelações diretas de
Deus. Por sua vez, Lago e Ellen G. Whi-
te, a princípio, discordavam da posição
de Bates em favor do sábado do sétimo
dia; acreditavam que ele enfatizava des-
necessariamente o quarto mandamento.
Tanto Bates quanto os White logo mu-
daram de opinião. Durante os meses do
outono de 1846, os recém-casados Whi-
te estudaram cuidadosamente o pan-
fleto de Bates, The Seventh-day Sabbath, a
Perpetual Sign [O Sábado do Sétimo Diua,
um Sinal Perpétuo], e foram convenci-
dos por ele. À aceitação das visões por
Bates veto depois de observar Ellen pas-
sar pela experiência de várias delas. Uma
especialmente o impressionou. Nessa
visão, ela viu e descreveu alguns dos
corpos celestes. Fascinado pela astrono-
mia desde seus dias no mar, Bates havia
anteriormente tentado conversar com
Ellen sobre esse assunto e a encontrou
completamente desinformada. Como,
de outra forma, poderia ser explicado
seu súbito esclarecimento senão pela luz
do Céu? No início de 1847, Bates pôde
testificar de sua crença de que as visões
eram de Deus “para animar e fortalecer
o seu “povo disperso, desgarrado e sa-
queado”, desde o encerramento da obra
no mundo em outubro de 1844”.
Embora as primeiras visões de Ellen
G. Wlute tivessem sido de natureza prá-
tica e encorajadora, destinadas a conser-
var a atenção dos crentes focalizada na
volta de Cristo, em 1846 ela começou
a receber confirmação das novas desco-
bertas doutrinárias que outros estavam
fazendo. Algumas semanas depois da
longa exposição de Crosier no [he Day
Star Extra, foi mostrado a Ellen em vi-
são que ele “tinha a verdadeira luz, so-
bre a purificação do santuário, etc.; e
que era vontade do Senhor que o irmão
C. escrevesse a revelação que ele deu”.
Ellen continuou: “Sinto-me plenamente
autorizada pelo Senhor a recomendar
aquele Extra a cada santo.”
As conferências do sábado
For em abril de 1847, varios meses de-
pois que ela e Tiago começaram a guar-
dar o sábado do sétimo dia, que Ellen re-
cebeu uma visão confirmando essa nova
crença. Em uma visão do lugar santisst-
mo, Ellen observou o decálogo dentro
da arca. Uma auréola especial de glória
parecia circundar o quarto mandamento.
Ela foi instruída de que a observância do
verdadeiro sábado desempenharia um
papel vital nos tempos penosos pelos
quais o povo de Deus passaria pouco an-
tes do segundo advento. À conexão entre
o sabado e a mensagem do terceiro anjo
de Apocalipse 14 for também salientada.
José Bates, igualmente, havia notificado
essa relação na segunda edição do seu
panfleto sobre o sábado.
Embora José Bates, os White e Hi-
ram Fdson tomassem a iniciativa em
promover as novas verdades bíblicas
descobertas depois do desapontamento,
dezenas de outros adventistas da Nova
Inglaterra e oeste de Nova Llorque esta-
vam também se convencendo de uma
ou mais das mesmas doutrinas. Já em
1848, esses crentes dispersos sentiram
grande necessidade de se reunirem em
pequenos congressos, como tinham
festo em seus dias de mileritas. Em tais
reuniões, eles não apenas poderiam con-
firmar uns aos outros na fé, mas tam-
nda a nd na as E
teria ota agireatios ! Hat
bém elaborar detalhes mais completos
das profecias dos últimos dias e corrigir
erros em suas crenças religiosas.
E. L.H. Chamberlasm, de Middletown,
Connecticut, tomou a iniciativa de con-
vocat a primeira das que, posteriormente,
seriam chamadas “Conferências do Sába-
do”. Essa primeira conferência se reuniu
de 20 a 24 de abril de 1848 na casa de
Albert Belden, em Rocky Hill, Connec-
ticut. Cerca de 50 pessoas assistiram, ten-
do Bates e liago White apresentado os
principais discursos. Longas horas foram
passadas em oração e fervoroso estudo
da Bíblia. lão proveitosa for essa reunião
que planos logo estavam em andamento
para que alguns dos crentes do leste acer-
tassem o convite para se reunirem numa
conferência semelhante em Nova Iorque.
Não havendo nenhuma organiza-
ção central para financiar tais reuniões,
os participantes eram dependentes de
seus próprios recursos. Tiago White
cortou feno por cinco semanas a fim
de ganhar dinheiro suficiente para que
Ellen e ele mesmo pudessem viajar
para Volney e Port Gibson, Nova Ior-
que, onde a segunda e a terceira con-
ferências foram realizadas em agosto.
Embora a frequência na segunda con-
ferência fosse um tanto menor do que
na primeira, uma ampla diversidade de
opinião estava representada; cada pat-
ticipante parecia decidido a se apegar
firmemente a alguma interpretação
predileta. Essa discórdia oprimiu tão
gravemente Ellen G. White que ela
desmaiou. Alguns temiam que ela esti-
vesse morrendo. Ao serem oferecidas
orações em seu favor, ela reantmou-se
e logo se achou em visão. Foram-lhe
mostrados muitos dos erros que esta-
vam sendo promovidos e ela foi 1ns-
truída a apelar para todos os presen-
tes a deixarem de lado assuntos sem
importância e se unirem em torno das
verdades básicas que constituem as
três mensagens angélicas. Seus apelos
foram ouvidos, e a reunião “se encer-
rou triunfantemente”.
Luz sobre doutrinas
A experiência de Volney esclarece
sobre a maneira como os adventistas
sabatistas chegaram às suas posições
doutrinárias. Elas foram elaboradas
como resultado de estudo da Bíblia, dis-
cussão e oração. Na maioria das vezes,
testificou Ellen G. White, ela não podia
compreender os textos em discussão
e os problemas envolvidos. Contudo,
ela posteriormente se lembrou de que
quando os irmãos que estavam estu-
dando, “chegavam ao ponto ... onde dr-
z1am: “Não podemos fazer mais nada”,
o Espírito do Senhor se apoderava de
mim, eu era arrebatada em visão e me
era dada uma clara explicação das pas-
sagens que estavam sendo estudadas,
com instruções sobre como devíamos
trabalhar e ensinar eficientemente?
Sendo que os participantes “sabiam
que quando eu não estava em visão não
podia compreender esses assuntos, ...
eles aceitavam como luz direta do Céu
as revelações dadas”.
Uma quarta conferência do sábado
foí realizada em setembro, outra vez em
Rocky Hill. Mais duas naquele outono,
em lopsham, Maine, e Dorchester,
Massachusetts, completaram o ciclo.
As conferências do sábado produziram
acordo geral entre os adventistas saba-
tistas (que provavelmente nesse tempo
anda contavam apenas algumas cente-
nas) em oito pontos específicos: (1) o
segundo advento iminente, pessoal e
pré-milenial, (2) o duplo ministério de
Cristo no santuário celestial, cuja purt-
ficação havia começado em 1844; (3) o
sábado do sétimo dia; (4) a iluminação
especial e sobrenatural de Deus por
meio de Ellen G. White; (5) a respon-
sabilidade de proclamar todas as três
mensagens angélicas; (6) a imortalida-
de condicional e morte como um sono
sem sonhos; (7) o tempo certo das sete
últimas pragas; e (8) a final e completa
extinção dos ímpios depois do milênio.
Muitos detalhes e ramificações dessas
doutrinas precisavam ser elaborados,
mas os conceitos básicos tinham sido
formulados perto do final de 1848.
Durante esses anos de formação, os
adventistas sabatistas lentamente redefi-
ntam seus conceitos de “porta fechada”.
Bates e os White tinham originalmente
considerado que a idéia da porta fecha-
da estava inseparavelmente ligada à pre-
servação da confiança na integridade da
data de 1844. Por algum tempo, Ellen
G. White interpretou sua primeira visão
como uma confirmação disso. Contudo,
ao mesmo tempo, ela reconhecia que
pessoas que não haviam “consciente-
mente rejeitado” as verdades das men-
sagens do primeiro e do segundo anjo
não estavam excluídas da salvação.
Gradualmente, aqueles que estavam
se unindo sobre a plataforma doutri-
nária combinada nas conferências do
sábado vieram a compreender a por-
ta fechada sob uma nova luz. Isso for
particularmente verdade nos dias que
se seguiram às duas visões de Ellen
G. White. Na primeira delas, dada em
meados de novembro de 1848, Ellen
viu uma mensagem em expansão indo
“como torrentes de luz ... a circun-
dar o mundo”. Isso certamente não se
ajustava ao conceito de que o tempo
da graça havia terminado para todos
em 22 de outubro de 1844.
A porta aberta e a porta fechada
À segunda visão, dada em 24 de mar-
ço de 1849, relacionava a porta aberta e
a porta fechada com o santuário celes-
tiale as diferentes expectativas de Deus
para o seu povo durante as diferentes
fases do ministério de Cristo nos dois
compartimentos. Quando Cristo abriu
a porta pata o interior do lugar santís-
ssmo, Ellen viu que a luz resplandecia
sobre os mandamentos; o sábado era,
a partir de então, uma prova especial
de lealdade dos cristãos professos. Ao
mesmo tempo, Cristo fechou a porta
para o lugar santo. Enquanto Ele ali ser-
via, o sábado não tinha sido uma prova
do mesmo modo como agora se tor-
nava. Foi mostrado a Ellen que alguns
quertam retornar a esses primeiros dias
mais fáceis, mas que isso era impossível;
aquela porta estava fechada “e ninguém
pode abri-la”.
Ao iniciar-se uma nova década, a
mensagem dos adventistas sabatistas
começou a ser ouvida em outros cir-
culos que não eram adventistas. Pro-
gresstvamente, por meio de suas teste-
munhas, pessoas que não tinham tido
nenhuma ligação com o movimento
milerita eram convertidas a Cristo e
aceitavam as doutrinas do seu iminen-
te retorno, do santuário celestial e do
sábado. Isso salientava dramaticamen-
te aos White e a José Bates que suas
velhas opiniões da porta fechada eram
insustentáveis. Já em 1854, eles esta-
vam prontos a aceitar o novo significa-
do do termo que Ellen G. White, à luz
das ampliadas revelações que lhe eram
dadas, estivera desenvolvendo. Do-
ravante, eles aceitaram o fato de que
Deus fechava a porta da salvação para
um indivíduo somente quando este,
pessoalmente havia rejeitado a luz das
três mensagens angélicas. Ninguém
podia ser culpado de rejeitar luz que
não tinha visto. Essa compreensão não
viera rápida ou facilmente. À velha ter-
minologia estava retida para descrever
novos conceitos. Em anos posteriores,
a falha em compreender os conceitos
gradualmente mutáveis da porta fe-
chada dos White, José Bates e outros
adventistas sabatistas demonstrar-se-ia
uma pedra de tropeço para muitos.

Leitura temática sugerida:

Funções desempenhadas hor pessoas no período bós-desapontamento:

Arthur White, The Early Years (1985), vol. 1 de Ellen G. White, p. 53-162, foca-
liza a função de Tiago e Ellen G. White durante os anos de 1844 a 1850.
Godfrey I. Anderson, Ountrider of the Apocalypse (1972), inclus um relato infor-
mativo da experiência de José Bates como adventista sabatista.
E. N. Dick, Founders of the Message (1938), p. 105-247, provê traços biográficos
dos White e Bates.

Relatos gerais:

A. W. Spalding, Origin and History of Seventh-day Adventists, vol. 1 (1961), p. 97-

170, apresenta uma interessante e detalhada narrativa do período.
L. E. Froom, Prophetic Faith of Our Fathers, vol. 4 (1954), p. 827-1048, é uma
descrição erudita do adventismo pós-desapontamento.
George Knight, 1844 and the Rise of Sabbatarian Adventism (1994), é uma atraen-
te coleção de documentos e artigos datados de 1832 a 1850, traçando a evolução
do movimento milerita para o adventismo sabatista.
Millennial Fever and the End of the World (1993), caps. 12-14, é um
relato bem-escrito do Grande Desapontamento e as consequências.
Russel L. Staples, “Adventism”, em Varety of Amencan Evangelism, Donald W.
Dayton e Robert K. Johnston, ed., (1991), contrasta os adventistas com os evangé-
licos e nega que os participantes do movimento milerita eram fanáticos.
Ruth Alden Doan, The Mz/kr Heresy, Millennialism, and American Culture, (1987),
p. 202-228, é uma descrição compreensível do Adventismo pós-desapontamento.
Ronald Numbers e Jonathan Butler, ed., The Disappointed (1993), caps. 10 eli,
provê uma boa descrição do Grande Desapontamento. Recordações dos partici-
pantes do movimento são encontradas em dois apêndices.

Materia! com direros autorais

 CAPÍTULO 5
O uso da página impressa
Era natural que os adventistas sa-
batistas se inspirassem em sua experi-
ência milerita enquanto se esforçavam
para difundir seus conceitos de verdade
religiosa em continua expansão. Con-
tudo, tanto a época quanto seus recut-
sos eram fatores limitados. A zombaria
que acompanhou o Grande Desapon-
tamento impedia a atração de vastas
assistências pata as conferências pú-
blicas; nem eles tinham os recursos fi-
nanceiros para alugar salões e procurar
as multidões por meio de anúncios. Os
White vinham de famílias pobres; Bates
e Edson tinham usado a maior parte de
suas modestas posses para promulgar o
“clamor da meia-noite”.
Os periódicos mileritas que reapare-
ceram depois do Desapontamento eram
um meio natural de alcançar outros ad-
ventistas. Todavia, a posição conserva-
dora adotada pela conferência de Albany
impedia os principais jornais do advento
de aceitar as exposições da “nova luz”.
Por intermédio do Day-Star de Enoch
Jacobs, as visões de Ellen Harmon e a
explanação do santuário celestial de R.
L. Croster puderam atingir uma audiên-
cia substancial. Mas à medida que Jacobs
adentrava mais e mais em uma floresta
de extravagâncias teológicas, essa via de
acesso também fo1 fechada.
Durante algum tempo, Ellen Har-
mon e aqueles que estavam intimamente
associados a ela tentaram copiar à mão
e enviar pelo correio relatos das visões.
Todavia, eram óbvios os limites de tais
métodos, e na primavera de 1846 um
relato da primeira visão fot impresso
como volante, intitulado “Ao remanes-
cente disperso”. O custo das 250 cópias
publicadas foi pago por Tiago White e
H. S. Gurney, o ferreiro-cantor que havia
acompanhado Bates em sua missão do
advento a Maryland em 1844.
José Bates, editor
José Bates também sentiu a necessi-
dade de publicar as novas verdades que
ele havia descoberto e corrigir alguns dos
erros pelos quais seus colegas adventis-
tas estavam se desviando. Em maio de
1846, ele preparou um panfleto de 40
páginas intitulado [he Opening Heavens
[Céus Abertos], em parte para se opot
aqueles “espiritualizadores”, que esta-
vam ensinando que Cristo viera espiritu-
almente em 1844. Bates acreditava que o
santuário a ser purificado estava no Céu
e recomendava entustasticamente o Day-
Star Extra de Croster. Os fundos para
publicar esse primeiro panfleto foram
supridos por uma irmã adventista que
recentemente havia tecido um grande ta-
pete de retalhos para seu lar. Afirmando
que poderia tecer outro quando necesst-
tasse, a senhora tomou o novo tapete e
o vendeu, entregando o dinheiro a Bates
pata pagar sua conta de impressão.
Sem se deixar intimidar pela falta de
fundos, Bates, em seguida, decidiu pre-
parar um panfleto sobre o sábado. Ao
assentar-se diante de sua mesa de traba-
lho absorto no estudo da Bíblia e con-
cordância, a sra. Bates o interrompeu
para informar-lhe que necessitava de
alguma farinha para terminar a fornada
do dia. Ciente de que todo o seu capital
liquido consistia de um simples xeltm
York (cerca de 12 centavos e meio), Ba-
tes cautelosamente perguntou:
— Quanta farinha está lhe faltando?
— Cerca de dois quilos — respondeu
Prudência Bates.
Aliviado, o capitão dirigiu-se a uma
mercearia da vizinhança e comprou os
dois quilos juntamente com alguns ou-
tros pequenos artigos que sua esposa
havia adicionado à lista de comestíveis.
Ao voltar, a sta. Bates estava horro-
rizada.
— Você, um homem de posição em
New Bedford, alguém que, como ca-
pitão de um navio, negociou com dis-
tantes regiões do mundo, realmente foi
comprar apenas dois quilos de farinha”
— Isso mesmo — respondeu Bates —
e posso assegurar-lhe que nesta compra
acabo de gastar o meu último centavo.
O descontentamento de Prudência
Bates transformou-se em pavor.
— O que iremos fazer? — lamentou
ela.
O vigoroso capitão declarou o seu
plano de escrever um livreto que ajudas-
se a propagar a verdade do sábado.
— (Quanto às nossas necessidades
pessoais, o Senhor abrirá o caminho.
— Oh, sim! Isso é o que você sem-
pre diz — Prudência respondeu entre
soluços.
Alguns minutos depois, enquan-
to trabalhava, Bates for subitamente
impressionado de que uma carta o es-
tava aguardando no correio. Como al-
guém que nunca hesitava em acreditar
que Deus o estava guiando, Bates saiu
imediatamente para procurar o agente
do correio. Conforme previsto, a im-
pressão estava correta, mas a carta não
trazia nenhuma selagem! Capitão Bates
teve de confessar que lhe faltava alguns
centavos para reclamar a carta. Embo-
ra Drew, o agente do correio, estivesse
disposto a entregar-lhe a carta e receber
depois, Bates não aceitou. “Tenho a im-
pressão de que hã dinheiro na carta”,
disse ele. “Por favor, abra-a, e se for este
o caso, tire primeiro a tarifa do correio e
depois entregue-me o restante.”
Sob protesto, o agente do correio
concordou e encontrou uma nota de
dez dólares! O correspondente de Bates
indicava que o Senhor o havia impres-
sionado de que seu amigo necessitava de
dinheiro; de sorte que ele tinha manda-
do algum imediatamente. Com o dinhei-
ro, capitão Bates comprou um barril de
farinha, batatas, açúcar e outros artigos
domésticos e ordenou que os entregas-
sem em sua casa. Ele então dirigiu-se ao
impressor a fim de providenciar a im-
pressão do seu panfleto sobre o sábado,
convicto de que Deus também proveria
fundos pata 1sso.
Voltando para casa, encontrou sua
esposa grandemente agitada.
— De onde — interpelou ela — tinha
e -] o
Materta! Orr Girano ato!
a Arara
té
vindo a carga de provisões”
— O Senhor as enviou — respondeu
o capitão.
— Isto é o que você sempre diz — re-
trucou Prudência.
A seguir, seu esposo entregou-lhe a
carta recebida tão recentemente. Depois
de a ler, lágrimas correram mais uma vez,
lágrimas de penitência e alegria.
O dinheiro para pagar o impressor
chegou da mesma forma misteriosa-
mente, em pequenas quantias em oca-
siões inesperadas. (Quando Bates foi
fazer o pagamento final, o impressor
informou-lhe que sua conta tinha sido
paga. O capitão jamais descobriu que
o seu último benfeitor for seu velho
companheiro, H. S. Gurney, que ines-
peradamente havia recebido o paga-
mento de uma dívida que alguém lhe
devia havia muito tempo.
À medida que José Bates prosseguia
vigorosamente em fé, parecia que sem-
pre havia alguém para ajudá-lo. Depois
de revisar e ampliar seu panfleto sobre o
sábado em 18477, o capitão preparou uma
resenha da experiência milerita destinada a
edificar a confiança na direção divina. Es-
tando pronto seu Second Advent Wiaymarks
and High Heabs [Marcos e Sinais Indicado-
res do Segundo Advento] de 80 páginas,
uma viúva vendeu sua humilde casa de
campo, foi morar com parentes e deu a
Bates o suficiente para publicar o panfleto.
E assim fot com os panfletos subsequen-
tes durante os três anos seguintes.
Foi no final da primavera de 1847 que
apareceu a primeira publicação conjunta
de Tiago e Ellen G. White e José Bates. 4
Word to the “Lzttle Flock” [Uma Palavra ao
“Pequeno Rebanho” era claramente diri-
gida aos adventistas. Incluía relatos de vá-
rias visões de Ellen, um endosso das visões
por Bates e artigos de Tiago White dedica-
dos principalmente às sete últimas pragas
e eventos em torno da segunda vinda. O
principal incentivo desse pequeno panfle-
to de 24 páginas era animar os crentes do
advento a apegar-se à sua experiência de
1844, enquanto buscavam maior luz sobre
o caminho a seguir.
A necessidade de algum periódico
como meio de comunicação com os ad-
ventistas sabatistas, cujo número crescia
pouco a pouco, tornou-se espectalmen-
te evidente durante as conferências do
sábado de 1848. Futuras conferências
deveriam ser anunciadas para que mais
pessoas pudessem assistir, a luz que vi-
nha durante esses dias de estudo e oração
deveria ser comunicada a outros. Dutran-
te a conferência de outubro em Top-
sham, Maine, os participantes fizeram da
publicação de seus pontos de vista am-
pliados um assunto de oração especial.
Não obstante, as dificuldades pareciam
sobrepujar as oportunidades. Os crentes
resolveram orar e estudar mais o assunto
no mês seguinte na casa de Otis Nichols
em Dorchester, Massachusetts.
Present Truth
Um destaque da conferência de Dor-
chester foi uma visão recebida por Ellen Gs.
White relacionada ao sábado e sua função
durante o selamento do povo de Deus. Na
mesma ocasião, ela viu que havia chegado
o tempo para se iniciar “um pequeno jor-
nal” e “enviá-lo ao povo”. Deus, indicava
Ellen, estava lançando a responsabilidade
de imictar esse projeto diretamente sobre
seu esposo. Embora Tiago não recusasse,
seus recursos financeiros eram pratica-
mente inexistentes. Quando ela e Tiago
permaneciam em uma cidade por algumas
semanas, lago trabalhava em uma ferro-
via ou como peão agrícola a fim de que
eles não fossem um fardo muito pesado
pata seus generosos amigos. Todavia, o
que ele podia ganhar deste modo era do-
lorosamente inadequado. Às vezes, Ellen
enfrentava uma verdadeira luta em decidir
se deveria usar Os poucos centavos dispo-
níveis para comprar leite para st mesma
e seu filho, Henry, nascido em agosto de
1847, ou usar esses fundos a fim de com-
prar tecido para vestir o bebe.
No verão de 1849, a preocupação
de Tiago White para iniciar um peque-
no jornal “em defesa da verdade” era
tão grande que ele resolveu cortar feno
para ganhar as despesas de impressão.
Nesse tempo, os White estavam mo-
rando com Albert Belden em Rocky
Hill, Connecticut. No momento em
que líago estava partindo para a cr-
dade a fim de comprar uma segadeira,
foi informado de que Ellen desmaiara.
Ele voltou rapidamente e após a oração
Ellen recuperou a consciência, sendo
em seguida arrebatada em visão. Nes-
sa ocasião ela foi instruída de que não
era dever de liago trabalhar no campo
de feno; ele deveria escrever e publicar.
Ao avançarem em fé, os fundos seriam
providos para fazer frente às necessida-
des de publicação.
A 13 quilômetros de distancia, na
vila de Middletown, um impressor
concordou em imprimir a crédito, mil
cópias de um jornal de oito páginas,
intitulado Present Truth [A Verdade
Presente). O primeiro número, dedi-
cado principalmente à verdade do sá-
bado, ficou pronto em julho. Então, as
preciosas folhas foram levadas para a
casa dos Belden, onde foram dobra-
das, embrulhadas e mandadas para
pessoas que se poderia esperar que as
lessem com mente receptiva. Depois
de fervorosa oração, liago carregou
os jornais em sua bolsa de viagem e
caminhou 13 quilômetros para des-
pachá-los no correio de Middletown.
Esta cena se repetiu mais três vezes
antes do final de setembro, e vieram
fundos suficientes para financiar os
custos. Encorajado, o pastor White
decidiu continuar a publicação.
Entretanto, as instalações disponií-
veis em Connecticut deixavam muito
a desejar. Naquele outono, os White
decidiram mudar o seu lar e o negócio
da impressão para Oswego, Nova lor-
que. Não mais sertam necessárias as
fatigantes caminhadas de 13 quilôme-
tros, e também seria mais fácil enviar
pelo correio os jornais para o velho
Noroeste, onde José Bates já estava
propagando as verdades do sábado e
do santuário entre ex-mileritas. Duas
edições do Present Truth saíram em de-
zembro de 1849, e, então, o periódico
desapareceu por vários meses porque
o editor, desanimado pela escassez de
doações e pela oposição do capitão
Bates à idéia de publicar um jornal,
quase abandonou o projeto. Bates ar-
razoava, curiosamente, que nenhum
jornal deveria ser publicado, porque
isso era o que aqueles adventistas que
haviam renunciado a maior parte de
sua experiência de 1844 estavam fa-
zendo. Ele também preferia ver prega-
dores capazes, como o pastor White,
proclamando ativamente a mensagem
em pessoa, em vez de assentado atrás
de uma mesa de editor.
Ellen G. White não queria que seu
esposo abandonasse o jornal. “Vi que
Deus não queria que Tiago parasse
anda”, ela assegurou, “mas ele deve
escrever, escrever, escrever, escrever,
e espalhar a mensagem, e deixar de
preocupat-se.”Consequentemente,
naquela primavera mais quatro núme-
e -] o
Materta! Orr Girano ato!
a Arara
té
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"| CHRISTIAN EXPERIENCE

VIEWS

ELLEN G WHITE

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CULTO DT LAMTE WEITE
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First “Aduesnt Ranew

Publushed im November, 1850

A primeira edição da Review saiu do prelo em novembro de 1850. Desde aquele tempo, ela tem
transmitido notícias, discussões doutrinárias e idéias que têm dado aos adventistas um senso de
coesão. Têm tido vários nomes oficiais, mas os adventistas a têm consistentemente chamado de
Review. Sua primeira edição trazia um artigo de primeira página sobre o sábado do sétimo dia.
Esboço da Experiência Cristã e Visões de Ellen G. White, publicado em 1851, tinha em
vista estabelecer a função de Ellen como uma mensageira divinamente inspirada para o
povo de Deus.

ros de Present Truth foram preparados 16 páginas da Advent Reviem foram publi
e enviados antes que os White achas- cadas em Auburn, Nova Iorque, durante
sem necessário suspender a publicação o verão e outono de 1850.
para a viagem de verão entre os cren- No início do outono, os White senti-
tes dispersos. ram a preocupação de visitar os crentes
de Paris, Maine. Nessa região, as famií-
Advent Review las Wiliam Andrews e Stockbridge Ho-
Em meados do verão, Tiago White wland davam estabilidade ao pequeno
estava trabalhando arduamente em uma grupo do advento. Tendo Tiago desco-
nova iniciativa de publicação. Afligido berto uma acessível e conveniente im-
pela crítica das principais fileiras dventis- pressora em París, decidiu permanecer
tas, lago e Ellen resolveram publicar uma e levar avante suas iniciativas de publi-
revista que contívesse grandes trechos da cação onde amistosos irmãos estavam
imprensa milerita pré-Desapontamento, dispostos a ajudá-lo em sua obra. Al as
a fim de mostrar que somente os adven- edições finais do Present Truth e da Advent
tistas sabatistas continuavam confiando Reviey foram publicadas em novembro
que o movimento milerita era dirigido e de 1850. Naquele mesmo mês, nascia
designado por Deus. Quatro edições de uma nova revista que combinava as fi-

Materta! com direitos autorais

nalidades das duas precedentes. Deno-
minada Second Advent Review and Sabbath
Herald [Revista do Segundo Advento e
Arauto do Sábado], o pertódico tornou-
se a revista oficial da Igreja Adventista
do Sétimo Dia. Teve seu nome mudado
várias vezes, a última para Adventist Re-
mem. Historicamente, os adventistas co-
mumente a têm chamado de Revzem.
Assistentes de publicação
A obra de publicação de Tiago White
anda não estava pronta pata lançar raí-
zes permanentes; Paris estava demasiado
longe do centro do adventismo sabatista.
No verão de 1851, lago estava mais uma
vez olhando para Nova Iorque. Contudo,
quando ele deixou Paris, partiu com um
valioso recruta, John Andrews, jovem de
21 anos de idade. Vários meses antes, uma
conferência de crentes adventistas em Pa-
ris tinha formado uma comissão para aju-
dar o pastor White nos encargos de pu-
blicação. Além do veterano José Bates, ela
incluía Samuel Rhodes e J. N. Andrews.
Rhodes tinha sido um evangelista mile-
rita bem-sucedido que fugira para o re-
condito da floresta Adirondack, de Nova
Iorque, em seguida ao Desapontamento.
Com o encorajamento de Ellen G. White,
ele foi procurado por Hiram Edson, que
lhe explicou o Desapontamento de 1844
e a nova luz da terceira mensagem angé-
lica. Rhodes mais uma vez se tornou um
eficiente ministro, pregando primeiro em
toda a Nova Inglaterra e Nova Iorque e
posteriormente sendo o pioneiro em Mi-
chigan, Indiana e Illinois.
Foi o jovem Andrews, porém, quem
ajudou Tiago White de forma imediata
em suas atividades de publicações. Aos 21
anos, ele se tornou um dos principais es-
critores da Reziem and Herald. Seu artigo de
cinco páginas, da edição de maio de 1851,
foi a mais antiga e detalhada exposição
adventista de Apocalipse 13 a interpre-
tar a besta de dois chifres, ali apresentada
como os Estados Unidos. Posteriormen-
te, ele preparou uma série respondendo
aos ataques de O. R. L. Crosser contra o
sábado. Durante o inverno de 1850/1851,
Andrews visitou e ministrou aos crentes
do norte da Nova Inglaterra e leste do
Canadá. Mas quando os White se muda-
ram de volta para Nova Iorque, Andrews
também seguiu na direção oeste, indo
além deles para procurar e encorajar os
crentes de Ohio, Indiana e Michigan.
Pouco antes de partir de Maine,
Tiago Wiute mais uma vez quase aban-
donou a idéia de continuar um jornal.
Enfraquecido pelo excesso de trabalho
e nutrição inadequada, oprimido pela cri-
tica de correspondentes, Tiago escreveu
uma nota pata o jornal declarando que
iria cessar sua publicação. Outra vez, El-
len G. White interveio. Suas palavras de
encorajamento, baseadas em uma visão
mostrando-lhe que “devemos continuar
publicando, e o Senhor nos susterá”, foi
o ponto decisivo. Tiago não publicou sua
nota conforme planejava. Nunca mais ele
se mostraria tão desanimado por causa
das provações nesse empreendimento.
Em meados do verão de 1851, as
atividades de publicação dos White fo-
ram transferidas para Saratoga Springs,
Nova lorque. Durante os nove meses
passados ali apareceu o primeiro pe-
queno livro de Ellen, 4 Sketch of the
Christian Experience and Views of Ellen
G. White [Esboço da Experiência Cris-
tã e Visões de Ellen G. White]. Além
dos breves dados biográficos, esse vo-
lume incluía relatos de várias visões de
Ellen que anteriormente haviam apa-
recido como volantes ou como artigos
em Present Truth.
 Esse não foi o primeiro livro publica-
do por ligo. No final de 1849 ou início
de 1850, ele havia publicado um minús-
culo hinário encadernado com o título
de Hymns for Pecnliar People God5 [Hinos
pata o Povo Pecular de Deus], contendo
a letra (mas não a música) de 53 hinos. O
diácono John White, professor de canto,
havia transmitido aos seus filhos o amor
à música. Com frequência, Tiago inicia-
va uma reunião cantando vigorosamente
um hino bem-conhecido e batendo pal-
mas enquanto caminhava a passos largos
para o púlpito. Seu reconhecimento da
função vital desempenhada pela música
na vida cristã o levou a publicar cinco di-
ferentes hinários, com quatro suplemen-
tos, entre 1849 e 1861. Parece que, cada
vez que uma edição se esgotava, lago
editava uma nova coleção. Os leitores da
Review eram convidados a enviar seus hi-
nos favoritos para inclusão no próximo
hinário. Em 1861, o hinário de White ha-
via crescido, incluindo 468 seleções.
Em Saratoga Springs, aos White
uniram-se Sarah, irmã de Ellen, e seu
esposo Stephen Belden. Os talentos de
Stephen (ele entendia muito de meca-
nica) demonstraram-se especialmente
úteis a ligo à medida que aumenta-
vam suas iniciativas de publicação. Ali
também, chegou Annie Smith, de New
Hampshire, para servir como redatora e
revisora. As experiências adventistas da
família Smith remontavam aos dias do
milerismo, mas quando Annie e Uriah,
seu irmão mais novo, se aproximaram
da idade adulta, os valores religiosos se
desvaneceram e ambos se apaixonaram
por uma carreira literária. À fim de con-
tentar sua piedosa mãe, Annie assistiu
a uma conferência do pastor Bates. Na
noite anterior, ela e Bates sonharam
com seu encontro nesse culto. Anme fi-
cou tão impressionada que logo aceitou
a verdade do sábado e começou a enviar
poemas para a Rezze». lendo apenas 23
anos, ela atendeu ao chamado de Tiago
White para 1r a Satratoga Springs e aju-
dar no jornal. (Quatro anos depois ela
morreria de tuberculose. Durante sua
breve existência, ela contribuiu com 45
poemas para a Kerem e para a incipiente
Youths Instructor. Um século e mero de-
pois de sua morte, os adventistas ainda
cantam seus hinos proclamando o se-
gundo advento de Jesus.
Os novos assistentes liberaram Tãa-
go e Elen G. White para dedicar mais
tempo a escrever e a encorajar o reba-
nho disperso através de visitas pessoais.
Tiago também começou a refletir sobre
o estabelecimento de uma imprensa ad-
ventista independente; ele via muitas van-
tagens em tal projeto. O trabalho sarria
mais barato e serta supervisionado mais
eficientemente. Além disso, a consciência
deles não precisava preocupá-los com a
impressão da Rezzey no sábado. Em 12
de março de 1852, Bates, Rhodes, Edson,
Andrews e outros se reunitam com os
Wiute na casa de Jessé Thompson ao sul
de Saratoga Springs. Depois de estudo e
oração, decidiram comprar uma impres-
sora e tipos. Edson vendeu sua fazenda a
fim de emprestar ao pastor White os 650
dólares necessários para comprar uma
prensa manual Washington e mudar-se
para Rochester, Nova Iorque, uma cidade
melhor situada para distribuição eficiente
do jornal. Por volta de outubro, eles ti-
nham recebido doações suficientes para
cobrir as despesas da fundação da Oficina
Gráfica Review and Herald.
Os três anos em que o “Office”,
como ela logo foi chamada, permaneceu
em Rochester foram anos de expansão
e progresso. Em agosto de 1852, liago
White lançou [he Youth5 Instrnctor, publi
cação mensal de oito páginas destinada
a prover lições semanais da Escola Sa-
batina sobre assuntos doutrinários e ou-
tro material de leitura “para interessar e
instruir” as crianças, ao custo de 25 cen-
tavos por ano. Durante o inverno, mil
exemplares eram expedidos cada mês.
Nesse mesmo tempo, dois mil exem-
plares da Rezzem estavam saindo a cada
duas semanas. Ao contrário da Instructor,
a Reviem anda estava sendo distribuída
gratuitamente. Contudo, alguns me-
ses depois, Ligo Wiute sugeriu que se
os crentes que pudessem arcar com as
despesas para a continuação do empre-
endimento pagassem um dólar por ano,
os não-adventistas ainda poderiam ser
providos com assinaturas gratuitas. Em-
bora os White estivessem ansiosos para
tornar a Rerrey uma publicação semanal,
as pressões financeiras ocastonalmente
tornavam necessário omitir uma edição.
J. N. Loughborough
A mudança para Rochester coincidiu
com a adição as fileiras adventistas saba-
tistas de vários que deveriam tornar-se fi-
guras de destaque no crescimento da de-
nominação. Em Rochester, vivia o jovem
John N. Loughborough, que pintava casas
durante a semana e aos domingos pregava
pata vários grupos adventistas. Um mem-
bro de uma de suas congregações, que
se tornara interessado nas verdades que
estavam sendo ensinadas pelos adventis-
tas sabatistas, sugeru que Loughborou-
gh assistisse com ele a uma conferência.
Embora com apenas 20 anos de idade,
Loughborough já estivera pregando por
mais de três anos e estava confiante de
que poderia derrotar os sabatistas com
alguns textos mostrando que a ler moral
tinha sido abolida. Chegando à reunião,
Loughborough ficou impressionado ao
reconhecer o orador como o homem que
ele tinha visto em um sonho algumas noi-
tes antes. Ficou ainda mais confundido
quando esse orador, J. N. Andrews, usou
os mesmos textos que ele estivera prepa-
rando para usar contra a lei, mostrando
a contínua obrigação do ser humano em
relação a ela. Dentro de três semanas
Loughborough havia decidido unir-se aos
sabatistas. Logo ele acompanhou Hiram
Edson em uma viagem itinerante para
encorajar os crentes do oeste de Nova
Iorque e Pensilvânia. Posteriormente, ele
tornou-se o pioneiro da obra em Michi-
gan, Califórma e Inglaterra, e tornou-se o
primerro historiador da denominação.
Abrindo o caminho em Michigan
No ínicio de 1849, José Bates come-
çou a se afastar para lugares mais distan-
tes à procura de adventistas com quem
ele pudesse partilhar a luz recentemente
descoberta. No verão de 1849, ele en-
trou em contato com o ferreiro Dan R,
Palmer, líder de um grupo adventista em
Jackson, Michigan. Bates apresentou seu
primeiro sermão a um homem não muito
interessado ao som da melodia do marte-
lo na bigorna de Palmer. Os argumentos
do capitão atingiram seu objetivo. Con-
vencido de que o que ouviu era a verda-
de, Palmer convidou Bates a falar para o
grupo adventista no domingo seguinte.
Antes de Bates partir de Jackson, todo o
grupo adventista tinha se decidido pela
observância do sábado.
Três anos depois, Bates voltou a
Jackson a fim de antmar seus conver-
sos. Nessa ocastão, um enérgico jovem
pregador adventista da “era vindoura”,
Merritt E. Cornell e sua esposa relutan-
temente concordaram em ouvir Bates
falar na casa de Dan Palmer. Cornell
estava confiante de que poderia rapida-
mente mostrar os erros na apresentação
de Bates. Mas dentro de duas semanas,
ele havia levado a mensagem de Bates
pata seu sogro, Henry Lion, e pata John
P Kellogg, um vizinho adventista que
ele procurou em um campo de feno. Por
quase 25 anos, Cornell seria um dos mais
preeminentes evangelistas adventistas
do sétimo dia. Embora mais tarde as di-
ficuldades pessoais interrompessem seus
labores, ele merece a maior parte do cré-
dito pela rápida propagação da doutrina
adventista do sétimo dia em Michigan.
Durante sua segunda visita a Jack-
son, o capitão Bates soube da existência
de varias famílias adventistas em India-
na e decidiu visitá-las. Enquanto viajava,
sentiu-se dirigido pelo Espírito Santo a
descer do trem na pequena vila de Battle
Creek. Dirigindo-se à agência do correio,
ele perguntou pelo “homem mais hones-
to da cidade”. Alguns minutos depois, ele
estava descendo a tua Van Buren em dire-
ção ao lar do presbiteriano David Hewrtt.
Era cedo de manhã, quando Bates bateu
a porta de Hewitt e declarou que tinha
importante verdade a apresentar. Cortes-
mente convidado a participar primeiro do
desjejum e, então, dirigir o culto da família,
a Bates for dada, depois, a oportunidade
de apresentar suas crenças. Toda a manhã
os Hewitts escutaram uma apresentação
da esperança do advento, incluindo ilus-
trações do sempre acessível gráfico do
capitão. O assunto era novidade para eles,
bem como a doutrina do sábado do sé-
timo dia, que Bates discutiu à tarde. Os
Hewnitts foram convencidos. Guardaram
o sábado seguinte e formaram o núcleo
de uma congregação que se reunia em seu
lar até que a primeira capela adventista foi
construída em Battle Creek. A conversão
do presbiteriano Hewitt, que jamais tivera
ligações adventistas, exterminou efetiva-
mente qualquer uma das crenças persis-
tentes de Bates de que a porta da misert-
córdia estava fechada.
Nem sempre eram necessários dias ou
semanas de esforços para despertar o 1n-
teresse dos homens no adventismo saba-
tista. Um dia, em dezembro de 1851, doss
conferencistas fazendo apenas uma breve
parada em Baraboo, Wisconsin, gastaram
apenas cerca de uma hora para fazer uma
rapida apresentação das mensagens dos
três anjos de Apocalipse 14, dos grandes
períodos proféticos, do sábado bíblico
e da besta de dois chifres de Apocalipse
13. Assentado em seu auditório, estava O
batista Joseph H. Waggoner, editor e pu-
blicador de um jornal político local. Wa-
ggoner ficou tão deslumbrado que passou
cada minuto disponível estudando os as-
suntos que tão brevemente lhe chamaram
a atenção. Dentro de vários meses, ele
estava firmemente estabelecido na fé do
advento, embora alguns dos seus novos
colegas indagassem se a sua falta de uma
experiência milerta poderia admiti-lo pela
“porta fechada”. A curiosidade deles não
durou muito. Waggoner abandonou sua
cadeira de editor pela função de evangelis-
ta itinerante através do Wisconsin, Iowa,
Illinois, Indiana e Michigan. Como per-
suastvo escritor, ele preparou algumas das
mais competentes respostas sabatistas aos
adventistas da “era vindoura” que flores-
ctam em seu território.
No interior do Estado de Nova
Iorque, foi a influência de um simples
exemplar da Kerem que fez com que
o fazendeiro-pregador John Byington
iniciasse um estudo da verdade do sá-
bado. Embora Byington não tivesse
sido especialmente impressionado por
uma conferência milerita que ele ouvi-
ra em 1844, agora ele aceitou as opini-
des dos adventistas sabatistas em 1852.
Três anos depois, ele construiu um dos
primeiros templos adventistas do sé-
timo dia, perto de sua casa em Bucks
Bridge, Nova lorque. Byington pos-
teriormente se tornaria um pregador
autônomo em Michigan e o primeiro
presidente da Associação Geral Ad-
ventista do Sétimo Dia.
For uma combinação da lestura da Re-
vem e uma visita pessoal de José Bates que
levaram Roswell F. Cottrell a unir-se aos
adventistas sabatistas, em 1851. Cottrell
procedia de uma antiga família hugueno-
te que tinha longas raízes na fé batista do
sétimo dia. Ele tinha ouvido a pregação
milerita, mas não fora impressionado a se-
gui-la, porque aqueles que a pregavam não
observavam toda a lei de Deus. À con-
vicção veio-lhe após a uma comparação
dos ensmos da Rezzey com os da Bíblia.
Cottrell tornou-se um frequente colabo-
rador da Rezzem, e também preparou uma
longa série de estudos bíblicos para serem
usadas como lições da Escola Sabatina da
revista Yonths Instrutor. Estas foram, pos-
teriormente, reunidas em forma de livro
como The Bible Class [A Classe Bíblica].
Uriah Smith
Durante o outono de 1852, um jovem
que deveria desempenhar, depois de Tia-
go White, a parte mais importante no de-
senvolvimento da Rezzem and Herald, lutava
com a doutrina do sábado. Uriah era um
menino de 12 anos quando passou pelo
Grande Desapontamento com sua mãe
adventista. Em anos subsequentes, ele de-
cidiu seguir uma carrera literária. Então,
em setembro de 1852, ele assistiu a uma
conferência dos adventistas sabatistas em
Washington, New Hampshire. Os assun-
tos que ouviu ali começaram a convencê-lo
de que o quarto mandamento ainda exigia
a observância do sétimo dia como o sába-
do. Depois de 12 semanas de estudo, ele
decidiu tornar-se um adventista observa-
dor do sábado. No mês de maio seguinte,
logo depois de completar 21 anos, Uriah
juntou-se à sua irmã Annie no escritório
da Kerem em Rochester. Nesse tempo, seu
poema de 35 mil palavras, “A voz de ad-
vertência do tempo e da profecia”, estava
circulando em série no períódico. Smith
tornou-se um editor geral razoável, hbe-
rando Tiago White para viajar e pregar
Smith fazia mais do que escrever
e editar cópias. O escritório da Revzey
estava começando a publicar núme-
ros substanciais de folhetos, alguns es-
critos expressamente para circulação
dessa forma, algumas reimpressões de
artigos do periódico. Como faltavam
as ferramentas adequadas, o quadro de
funcionários tinha de usar o que estava
disponível. Uriah Smith passava muitas
horas aparando as extremidades ásperas
dos panfletos com seu canivete, o que
frequentemente deixava suas mãos com
bolhas, mas ele recordou, isso tornava
disponíveis panfletos que eram “direi-
tos” na doutrina, mesmo que suas pági-
nas não fossem.
Stephen Haskell
Em 1853, a Rez7e começou a publicar
um pequeno panfleto intitulado simples-
mente “Elhu on the Sabbath” [Elú no
Sábado]. Esse folheto deveria desempe-
nhar um papel importante em tornar Ste-
phen N. Haskell um adventista guardador
do sábado. Haskell tinha 19 anos quando
ouviu o primeiro sermão sobre o segundo
advento apresentado por um desconhe-
cido adventista evangélico. Ele ficou tão
emocionado com o assunto, que falava
sobre 1sso a todos com quem se encontra-
va. Desafiado por um amigo a pregar, Ste-
phen jocosamente prometeu fazer 1sso, se
os seus amigos providenciassem um salão
e audiência. Para seu espanto, eles concor-
daram. Indisposto a voltar atrás, Haskell
cumpriu sua promessa, e daquela ocasião
em diante combinou a pregação do ad-
vento em tempo parcial com a venda do
sabão que ele fabricava.
De volta para casa, vindo de uma teu-
não campal adventista em Connecticut,
no verão de 1853, Haskell decidiu visitar
um grupo de crentes adventistas que ele
havia formado no Canadá no ano ante-
rior. Enquanto trocava de trem em Sprin-
gfield, Massachusetts, decidu guardar sua
mala até o retorno. Dirigindo-se à oficina
de Willam Saxby, funileiro da ferrovia,
ele foi cortesmente hospedado. Logo a
conversação voltou-se para o sábado do
sétimo dia, visto que Saxby era adventista
observador do sábado. Embora Haskell
evitasse um convite para uma reunião dos
sabatistas, ele dirigiu-se à casa de Saxby
a fim de ali passar a noite e lhe for dado
um rápido resumo das verdades que Sa-
xby havia abraçado. Na manhã seguinte,
enquanto Haskell partia, seu anfitrião deu-
lhe alguns pequenos folhetos, inclusive
“Elhu on the Sabbath”. Antes de chegar
ao seu destino canadense, o jovem prega-
dor estava convencido de que “segundo a
melhor luz que eu tinha, o sétimo dia era
o sábado, e eu o guardaria até que pudesse
obter mais luz”.
O sábado parecia tão claro para
Haskell que ele tinha certeza de que seus
amigos adventistas também o aceitartam
prontamente. Mas ao tentar apresentar
o assunto em uma conferência adven-
tista em Worcester, Massachusetss, en-
controu poucos que estavam dispostos
a ouvir; e foi-lhe negado o privilégio de
falar a todo o grupo. Ao findar a con-
ferência, Haskell foi convidado a hospe-
dar-se com Thomas Hale, de Hubbards-
ton. Ali durante os meses seguintes, ele
persuadtu o grupo adventista a tornar-
se sabatista. Algum tempo depois, José
Bates subitamente apareceu à porta de
Haskell anunciando-se como um amigo
de Willam Saxby. Antes da partida de
Bates, os Haskell haviam aceito todas as
doutrinas que o capitão tinha apresen-
tado e enviou com ele uma encomenda
de cada folheto e jornal publicado pelo
escritório da Revzeyy.
Avançando para a unidade
Serta difícil superestimar o papel de-
sempenhado pela Rerzem and Herald em
trazer coesão, ânimo e unidade doutri-
nária à corporação de adventistas saba-
tistas que se expandia lentamente. Du-
rante seus primeiros anos, o periódico
era dedicado primariamente a artigos
que promoviam as principais doutrinas
distintivas desenvolvidas nos anos pós-
1844. Quase dois terços do espaço dos
iniciais dois volumes lidavam com o sá-
bado ou a perpetuidade da lei de Deus.
Também dava-se destaque a artigos
sobre profecia bíblica, especialmen-
te as que se referiam aos eventos dos
últimos dias. À doutrina do santuário
celestial continuou recebendo atenção
regular. Em meados da década de 1850,
os artigos que tratavam dos perigos da
origem do espiritualismo e da crença
na mortalidade natural do ser humano
tornaram-se preeminentes.
No início, a Rezrey tinha sido, em
grande parte, produto da pena de Tia-
go White, mas no decorrer da década de
1850, as contribuições de J. N. Andrews,
J. H. Waggoner, R. F. Cottrell e Uriah
Smith tornaram-se mais e mais frequen-
tes. Depois de vários volumes, uma se-
ção de “comunicações”, que às vezes
constituía quase um quarto do periódi-
co, for adicionada. Ela incluía cartas de
misstonários itinerantes como José Ba-
tes, e também de adventistas dispersos e
isolados que frequentemente discutiam
suas experiências religiosas. Essa seção
satisfazia, deste modo, a muitas das fina-
dades da antiga “reunião social?. A Re-
vem também transmitia informação dos
movimentos dos ministros itinerantes e
anunciava a data e o local dos congres-
sos gerais dos crentes.
Embora a adição de jovens assistentes
ajudasse a aliviar Tiago White de muitos
serviços técnicos, um crescente quadro
de funcionários apresentava problemas
de um tipo diferente. O principal des-
ses envolvia finanças. Por volta de 1854,
de 15 a 20 obreiros necessitavam de ali-
mento e abrigo enquanto trabalhavam
nos periódicos, panfletos e pequenos
livros que chegavam em quantidades
crescentes da pequena prensa manual de
Washington. Frequentemente, comida e
alojamento eram tudo o que os funcio-
nários recebiam por meses. Apesar de
trabalhar 14 a 18 horas por dia, White
achava cada vez mais difícil satisfazer os
compromissos financeiros. Mais e mais
ele estava sendo forçado a desempenhar
as funções de administrador e financis-
ta. À crescente pressão mental e física
parecia ameaçar-lhe a própria vida. Ele
precisava de auxílio para suportar esses
fardos.
Marchando para o oeste
Duas possibilidades se apresenta-
ram. Em sua primerra viagem a Michi-
gan, em 1853, os White tinham sido im-
presstonados pelo vigor e generosidade
demonstrados por alguns dos novos
membros desse estado. Em uma visita
semelhante no ano seguinte, os White
ousaram especular que em mais um ano
eles precisariam comprar uma tenda
para acomodar as crescentes multidões
que vinham ouvir “a mensagem do ter-
cetro anjo”. “Por que esperar um ano?”,
perguntou M. E. Cornell. Ele achava
que havia uma tenda milerita guardada
em Detroit. Por que não comprá-la ime-
diatamente” (Quando essa possibilidade
foi mencionada a vários dos crentes de
Sylvan e Jackson, eles rapidamente con-
tribuíram com o dinheiro necessário,
e Cornell for enviado para comprar a
tenda. Achando-a já vendida, ele seguru
para Rochester, Nova lorque, e, em 8 de
junho, estava de volta com uma tenda
circular de mais de 18 metros que foi
depressa armada em Battle Creek. Ali
Cornell e J. N. Loughborough iniciaram
a primeira experiência adventista saba-
tista em evangelismo de tenda. Poderia
Michigan ser um bom lugar para onde
mudar o escritório da Rever”
Vermont parecia outra possibilida-
de. Os crentes daquele estado pareciam
mais vigorosos e inovadores do que os
de qualquer outro lugar da Nova In-
glaterra. Consultas com os irmãos de
ambos os estados finalmente confir-
maram a decisão dos White em aceitar
a oferta de Dan Palmer, ). P. Kellogg,
Henry Lyon e Cyrenius Smith em que
cada um adiantaria 300 dólares para a
construção de uma tipografia em Bat-
tle Creek, Michigan. Os três últimos
desses leigos venderam suas fazendas
a fim de arrecadar o dinheiro necessá-
rio. Em vista do crescente interesse no
adventismo demonstrado em Illinois,
Wisconsin e Iowa, certamente Michr-
gan estaria mais adequadamente loca-
lizado do que Vermont para servir os
interesses de uma igreja que estava se
esforçando para nascer.
Depois da mudança para Battle Creek, Michigan, os adventistas instalaram uma prensa tipográ-
fica em uma pequena estrutura. Posteriormente, eles erigiram este novo edifício como o escritó-
rio da Review and Herald Publishing. Fotografia do edificio por volta de 1865.

Tiago White estava certo de que o
escritório da Rezzew deveria ser reconhe-
cido como a propriedade e responsabi-
lidade de toda a corporação de crentes
adventistas. Sua atitude procedia apenas
parcialmente da necessidade de parti-
lhar as responsabilidades financeiras e
administrativas que ele conduzia. Isso
fo1 influenciado também pela fofoca de
que Tiago estava auferindo lucros do
negócio de publicações. Como resultado
de várias deliberações em Battle Creek,
a última das quais incluía representan-
tes de vários estados, foi formalizado o
compromisso de publicação da igreja no
outono de 1855. Nessas deliberações,
Palmer, Lyon e Cyrentus Smith foram
nomeados como um comitê de publica-
ções para supervisar o financiamento e
promoção da Rerzemy. Eles deveriam ser
assistidos por delegados de vários esta-
dos. Aos 23 anos, Uriah Smith foi eleito
editor residente, com Tiago White, ]. N.
Andrews, J. H. Waggoner. R. F. Cottrell,
e Stephen Pierce, de Vermont, como
editores correspondentes. Em dezem-
bro de 1855, o primeiro número da Re-
vem foi publicado em Battle Creek.
Uma comissão investigativa, nomea-
da em uma assembléia, absolveu o pastor
White das acusações de mercantilismo e
concordou em pagar as dívidas que ele
tinha contraído em favor do escritório.
A mudança para Battle Creek hbe-
rou os White da responsabilidade de
moradia e alimentação dos empregados
da Reizem. Em sua própria e modesta
casa, e estando Tiago recebendo um
salário pequeno mas regular, os White
foram liberados pela primeira vez de al-
gumas das pressões que tinham seguido
seus passos por uma década.
 Consolidação
Não que Tiago Wiite agora se acal-
masse em uma vida de ociosidade; tal pro-
cedimento era inconcebível para ele. Con-
tinuando como uma espécie de gerente
geral do escritório da KRezzem, ele estava
logo envolvido em planejar literatura em
alemão e francês e em expandir a publi-
cação de livros e panfletos. Já em 1854,
ele tinha sugerido a Loughborough a pos-
sibilidade de vender literatura adventista
aqueles que assistiam às reuniões na tenda.
Loughborough achou prática essa idéia.
Em 1857, o pastor White inciou a
campanha para a compra de uma pren-
sa acionada a vapor para lidar com o
crescente volume de atividades. Por este
tempo, eram necessários três dias por se-
mana para imprimir apenas a Revzey, que
em 1856 tinha se tornado uma publica-
ção semanal, na velha prensa manual. A
arrecadação de aproximadamente 2.500
dólares para uma prensa a vapor durante
um tempo de depressão nacional não era
pequena tarefa. Todavia, White solicitou
doações para esta finalidade, e tão vital
tinha se tornado a Rerzem que dezenas de
crentes corresponderam. Alguns con-
tribuíram com até 100 dólares; Richard
Godsmatrk, um fazendeiro perto de Bat-
tle Creek, vendeu sua junta de bois para
ajudar na expansão necessária. Frequen-
temente, em suas viagens pata a cidade,
Godsmark fazia uma breve visita à sede
da Review e escutava o ruído do prelo.
Ele sorria de satisfação enquanto mur-
mutava: “Os velhos Buck e Bright estão
se retirando; eles estão se retirando!”
E Tiago White também estava “se
retirando”. (Quase sozinho, ele havia
criado um comércio de publicação, a
despeito de enormes obstáculos. Várias
vezes, apenas os estímulos baseados na
visão de sua esposa o tinham levado a
prosseguir. Com o escritório operando
satisfatoriamente, White pôs-se a criar
uma organização eclestástica. Isso iria
exigir ainda maior esforço.

Leitura temática sugerida:

Relatos de participantes:

Ellen G. White, Lzfe Sketches (1915), p. 125-129, é uma valiosa reminiscência

do período entre o Grande Desapontamento e a era da organização.
J. N. Loughborough, Rise and Progress of Seventh-day Adventists (1892), é uma
história pessoal do adventismo antes de 1892.
Obras biográficas:
E. Robinson, S. N. Haskell, Man of Action (1967), é uma biografia substancial
de um ministro adventista pioneiro.
E. N. Dick, Founders of the Message (1938), p. 251-53, abrange as experiências
de J. N. Loughborough e J. N. Andrews.
Virgil Robinson, James White (1976), p. 54-134, intercala considerável informa-
ção acerca dos primeiros esforços de publicação nesta biografia de Tiago White.
Arthur White, [he Early Years (1985), vol. 1, acerca de Ellen G. White, p. 163-
210, compreende melhor a história do início da publicação adventista.