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P.ac ISSN 2176-7521
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Órgão Oficial:
Departamento de Ortopedia e Traumatologia
da Associação Paulista de Medicina
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
Regional de São Paulo
CORPO EDITORIAL
Editor Chefe - Olavo Pires de Camargo Editor Emérito - Tarcísio Eloy Pessoa Barros Filho
Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP - DOT/FMUSP. São Paulo, SP, Brasil. Departamento de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP - DOT/FMUSP, São Paulo, SP, Brasil.
Editores associados
Akira Ishida - Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, São Paulo, SP, Brasil; Arnaldo José Hernandez - Departamento
de Ortopedia e Traumatologia da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil; Claudio Santili - Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia de São
Paulo, São Paulo, SP, Brasil; Gustavo Molina - Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Medellin, Colombia; Jack Zigler - Texas Back Institute, Texas, Estados Unidos;
Lawrence Menendez - Clínica de Los Angeles, Los Angeles, Estados Unidos; Luís Aponte - Hospital Italiano de Buenos Aires, Buenos Aires, Argentina; Ricardo Pietrobon
- Departamento de Cirurgia da Duke University Medical Center, Darhan, Estados Unidos; Wade Smith - University of Texas, Denver, Estados Unidos.
CONSELHO Editorial
• Alberto Tesconi Croci - Departamento de Ortopedia e Trau- topedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Reabilitação do Aparelho Locomotor – Hospital das Clíni-
matologia da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil; Paulo - Unifesp, São Paulo, SP, Brasil; cas – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – FMRP-
• André Mathias Baptista - Instituto de Ortopedia e Traumatolo- • Helton Luiz Aparecido Delfino - Departamento de Bio- USP, São Paulo, SP, Brasil;
gia do Hospital das Clínicas da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil; mecânica, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor • Osmar Avanzi - Departamento de Ortopedia e Traumato-
• Antonio Carlos Fernandes - AACD - Associação de As- (RAL), Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, FMRP- logia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, São
sistência à Crianças Deficientes, São Paulo, SP, Brasil; USP, Ribeirão Preto, SP, Brasil; Paulo, SP, Brasil;
• Caio Augusto de Souza Nery - Departamento de Ortopedia • Isanio Vasconcelos Mesquita - Universidade de São Paulo, • Osmar Pedro Arbix Camargo - Faculdade de Ciências
e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo, Teresina, PI, Brasil; Médicas da Santa de Misericórdia, São Paulo, SP, Brasil;
Unifesp, São Paulo, SP, Brasil; • João Mauricio Barreto - Departamento de Ortopedia e • Osvandré Luiz Canfield Lech – Instituto de Ortopedia e
• Carlo Milani – Departamento de Ortopedia e Traumatologia Traumatologia, Santa Casa de Misericórdia do Rio de Ja- Traumatologia de Passo Fundo, RS, Brasil;
da Faculdade de Medicina do ABC, Santo André, SP, Brasil; neiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; • Paulo César Schott - Universidade Federal Fluminense,
• Carlos Roberto Schwartsmann - Universidade Federal de • Jorge dos Santos Silva - Instituto de Ortopedia e Traumatolo- Rio de Janeiro, RJ, Brasil;
Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil; gia do Hospital das Clínicas da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil; • Patricia M. de Moraes Barros Fucs - Departamento de
• Cláudio Henrique Barbieri - Departamento de Biomecâni- • José Antonio Pinto - Departamento de Ortopedia e Trau- Ortopedia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia
ca, Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor – matologia da Universidade Federal de São Paulo - Unifesp, de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil;
Laboratório Bioengenharia – Faculdade de Medicina de São Paulo, SP, Brasil; • Pedro Péricles Ribeiro Baptista - Departamento de Orto-
Ribeirão Preto, FMRP-USP, São Paulo, SP, Brasil; • José Batista Volpon - Departamento de Biomecânica, pedia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia de
• Edgard dos Santos Pereira - Universidade de Santo Ama- São Paulo, São Paulo, SP, Brasil;
Medicina e Reabilitação do Aparelho Locomotor (RAL),
ro, São Paulo, SP, Brasil; • Rames Mattar Junior - Departamento de Ortopedia e Trau-
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, FMRP-USP, Ri-
• Edie Benedito Caetano - Departamento de Ortopedia e matologia da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil;
beirão Preto, SP, Brasil;
Traumatologia Faculdade de Medicina de Sorocaba - PUC, • Renato Graça - Universidade Federal Fluminense, Rio de
• José Sérgio Franco - Faculdade de Medicina da Universi-
Sorocaba, SP, Brasil; Janeiro, RJ, Brasil;
dade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil;
• Reynaldo Jesus Garcia Filho - Departamento de Ortopedia
• Eduardo Barros Puertas - Departamento de Ortopedia • Kodi Edson Kojima - Instituto de Ortopedia e Traumatologia
e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo,
e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo, do Hospital das Clínicas da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil;
Unifesp - São Paulo, SP, Brasil;
Unifesp, São Paulo, SP, Brasil; • Luiz Antonio Munhoz da Cunha - Universidade Federal do • Roberto Sergio de Tavares Canto - Centro Universitário do
• Fernando Antonio Mendes Façanha Filho - Departamento de Paraná, Santa Catarina, PR, Brasil; Triângulo, Uberlândia, MG, Brasil;
Ortopedia do Instituto Dr.José Frota, Fortaleza, CE, Brasil; • Luiz Aurelio Mestriner – Departamento de Ortopedia e Trau- • Rosalvo Zosimo Bispo Júnior - Universidade Federal de
• Fernando Baldy dos Reis - Departamento de Ortopedia matologia da Universidade Federal de São Paulo - Unifesp, Campina Grande - UFCG, João Pessoa, PB, Brasil;
e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo - São Paulo, SP, Brasil; • Sérgio Afonso Hennemann - Universidade Federal de
Unifesp, São Paulo, SP, Brasil; • Luiz Roberto Gomes Vialle - Universidade Católica do Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil;
• Flávio Faloppa - Departamento de Ortopedia e Trauma- Paraná, Curitiba, Santa Catarina, PR, Brasil; • Sergio Eduardo Vianna - Instituto Nacional de Traumatolo-
tologia da Universidade Federal de São Paulo, Unifesp, • Marcelo Tomanik Mercadante - Departamento de Ortope- gia e Ortopedia, INTO, Rio de Janeiro, RJ, Brasil;
São Paulo, SP, Brasil; dia e Traumatologia da Santa Casa de Misericórdia de São • Sérgio Luíz Checchia - Departamento de Ortopedia e Trau-
• Geraldo Rocha Motta Filho –Instituto Nacional de Trauma- Paulo, São Paulo, SP, Brasil; matologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo,
tologia e Ortopedia -INTO-MS, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; • Marco Antonio Percope de Andrade - Departamento de São Paulo, SP, Brasil;
• Gilberto Luis Camanho - Departamento de Ortopedia e Aparelho Locomotor da Faculdade de Medicina, Universi- • Sérgio Zylbersztejn - Universidade Federal de Ciências da
Traumatologia da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil; dade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil; Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, RS, Brasil;
• Gildásio de Cerqueira Daltro - Universidade Federal da • Marcos Antonio Almeida Matos - Escola Baiana de Me- • Túlio Diniz Fernandes - Departamento de Ortopedia e Trau-
Bahia, Salvador, BA, Brasil; dicina e Saúde Pública, Salvador, BA, Brasil; matologia da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil;
• Glaydson Godinho - Hospital Belo Horizonte, Belo Hori- • Maurício Etchebehere - Departamento de Ortopedia e • Walter Manna Albertoni – Departamento de Ortopedia e
zonte, MG, Brasil; Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo -
• Hamilton da Rosa Pereira - Universidade Estadual Paulista Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campi- Unifesp, São Paulo, SP, Brasil;
Júlio de Mesquita Filho, Botucatu, SP, Brasil; nas, SP, Brasil; • William Dias Belangero - Universidade Estadual de Campi-
• Helio Jorge Alvachian Fernandes - Departamento de Or- • Nilton Mazzer - Departamento de Biomecânica, Medicina e nas – Unicamp, Campinas, SP, Brasil;
Editor Consultivo – Arthur Tadeu de Assis Editora Administrativa – Atha Comunicação Editora
Editora Executiva – Fernanda Colmatti Logotipo Criação – Caio Augusto de Souza Nery
Departamento de Ortopedia e Traumatologia da APM Regional de São Paulo da SBOT. Diretoria biênio 2013/2014
Presidente: Dr. Edison Noboru Fujiki – Faculdade de Medicina do ABC – FMABC – SP, Brasil. 2º Secretário: Dr. Roberto Dantas Queiroz – Hospital do Servidor Público Estadual – HSPE –
São Paulo, SP, Brasil.
Vice-Presidente: Dr. João Baptista Gomes dos Santos – Escola Paulista de Medicina – UNIFESP –
São Paulo, SP, Brasil. 1º Tesoureiro: Dr. Alberto Naoki Miyazaki – São Paulo – Santa Casa de Misericórdia de São Paulo,
São Paulo, SP, Brasil.
1º Secretário: Dr. Marcelo Tadeu Caiero – Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital 2º Tesoureiro: Dr. João Damasceno Lopes Filho – Faculdade de Medicina São José do Rio Preto –
das Clínicas da FMUSP, São Paulo, SP, Brasil. FAMERP – SP, Brasil.
Coordenação editorial, criação, diagramação, tradução e produção gráfica Atha Comunicação e Editora - E-mail: 1atha@uol.com.br
ACTA ORTOPÉDICA BRASILEIRA
INSTRUÇÕES PARA AUTORES
(Revisado em setembro de 2012)
A Revista Acta Ortopédica Brasileira, Orgão Oficial da Sociedade Brasileira de Ortopedia e DESCRITORES: Deve conter no mínimo três palavras chaves baseadas nos Descritores de
Traumatologia – Regional São Paulo, é publicada bimestralmente em seis edições ao ano (jan/fev, Ciências da Saúde (DeCS) -http://decs.bireme.br. No inglês, apresentar keywords baseados no
mar/abr, maio/jun, jul/ago, set/out e nov/dez) com versão em português e inglês na forma impressa e Medical Subject Headings (MeSH) - http://www.nlm.nih.gov/mesh/meshhome.html, no mínimo três
formato online, é distribuída para médicos ortopedistas e principais Instituições do Brasil. A publica- e no máximo seis citações.
ção segue os requisitos de uniformização recomendados pelo Comitê Internacional de Editores de INTRODUÇÃO: Deve apresentar o assunto e objetivo do estudo, oferecer citações sem fazer uma
Revistas Médicas (www.icmje.org.br). Os artigos para serem aprovados são submetidos à avaliação revisão externa da matéria.
de uma comissão de revisores (peer review) que recebem o texto de forma anônima e decidem
por sua publicação, sugerem modificações, requisitam esclarecimentos aos autores e efetuam re- MATERIAL E MÉTODO: Deve descrever o experimento (quantidade e qualidade) e os procedimentos
comendações ao Editor Chefe. Os conceitos e declarações contidos nos trabalhos são de total em detalhes suficientes que permitam a outros pesquisadores reproduzirem os resultados ou darem
responsabilidade dos autores. A Acta Ortopédica Brasileira segue na íntegra a tendência internacio- continuidade ao estudo.
nal do estilo Vancouver, disponível (www.icmje.org.br). Desde já agradecemos a colaboração dos Ao relatar experimentos sobre temas humanos e animais, indicar se os procedimentos seguiram
autores no atendimento às instruções citadas. as normas do Comitê Ético sobre Experiências Humanas da Instituição, na qual a pesquisa foi
realizada ou de acordo com a declaração de Helsinki de 1995 e Animal Experimentation Ethics,
FORMATAÇÃO DE ARTIGOS respectivamente.
LIMITES POR TIPO DE PUBLICAÇÃO (Extensão): Os critérios abaixo delineados devem ser Identificar precisamente todas as drogas e substâncias químicas usadas, incluindo os nomes
observados para cada tipo de publicação. A contagem eletrônica de palavras deve incluir a página genéricos, dosagens e formas de administração. Não usar nomes dos pacientes, iniciais, ou
inicial, resumo, texto e referências. registros de hospitais. Oferecer referências para o estabelecimento de procedimentos estatísticos.
RESULTADOS: Apresentar os resultados em sequência lógica do texto, usando tabelas e
Recomendações para Artigos submetidos à Acta Ortopédica Brasileira. ilustrações. Não repetir no texto todos os dados constantes das tabelas e ou ilustrações. No texto,
enfatizar ou resumir somente as descobertas importantes.
DISCUSSÃO: Enfatizar novos e importantes aspectos do estudo. Os métodos publicados
Número
Tipo de anteriormente devem ser comparados com o atual para que os resultados não sejam repetidos.
Resumo Número de Palavras Referências Figuras Tabelas de Autores
Artigo
Permitido CONCLUSÃO: Deve ser clara e concisa e estabelecer uma ligação entre a conclusão e os objetivos
do estudo. Evitar conclusões não baseadas em dados.
AGRADECIMENTOS: Dirigidos a pessoas que tenham colaborado intelectualmente, mas cuja
2.500
Estruturado com contribuição não justifica coautoria, ou para aquelas que tenham provido apoio material.
Original Excluindo o resumo, 20 10 6 6
até 200 palavras
referências, tabelas e figuras REFERÊNCIAS: Referências: Citar até cerca de 20 referências, restritas á bibliografia essencial
ao conteúdo do artigo. Numerar as referências de forma consecutiva de acordo com a ordem em
que forem mencionadas pela primeira vez no texto, utilizando-se números arábicos sobrescritos,
Não é 4.000 no seguinte formato: (Redução das funções da placa terminal.1) Incluir os seis primeiros autores
Atualização /
estruturado com até Excluindo o resumo, 60 3 2 2 seguidos de et al.
Revisão*
200 palavras referências, tabelas e figuras Os títulos de periódicos deverão ser abreviados de acordo com o Index Medicus.
a) Artigos: Autor(es). Título do artigo. Título do Periódico. ano; volume: página inicial - final
Editorial* 0 500 0 0 0 1 Ex.: Campbell CJ. The healing of cartilage deffects. Clin Orthop Relat Res. 1969;(64):45-63.
b) Livros: Autor(es) ou editor(es). Título do livro. Edição, se não for a primeira. Tradutor(es), se for
*Serão publicadas a critério dos Editores, com a respectiva réplica quando pertinente.
o caso. Local de publicação: editora; ano. Ex.: Diener HC, Wilkinson M, editors. Drug-induced
headache. 2nd ed. New York: Spriger-Verlag; 1996.
PREPARAÇÃO DE MANUSCRITO: A Revista Acta Ortopédica Brasileira recebe para publicação c) Capítulos de livros: Autor(es) do capítulo. Título do capítulo Editor(es) do livro e demais dados
os seguintes tipos de manuscritos: Artigo Original, Artigo de Atualização e Revisão. Os artigos de sobre este, conforme o item anterior.Ex.: Chapman MW, Olson SA. Open fractures. In: Rockwood
Atualização e Revisão, somente serão aceitos a convite do Corpo Editorial. CA, Green DP. Fractures in adults. 4th ed. Philadelphia: Lippincott-Raven; 1996. p.305-52.
Os manuscritos enviados deverão estar em padrão PC com arquivos TXT ou DOC, espaço duplo, d) Resumos: Autor(es). Título, seguido de [abstract]. Periódico ano; volume (suplemento e seu
com margem larga, devendo o autor inserir carta assinada, autorizando sua publicação, declarando número, se for o caso): página(s) Ex.: Enzensberger W, Fisher PA. Metronome in Parkinson’s
que o mesmo é inédito e que não foi, ou está sendo submetido à publicação em outro periódico. disease [abstract]. Lancet. 1996;34:1337.
Certifique-se de que o manuscrito se conforma inteiramente às instruções. e) Comunicações pessoais só devem ser mencionadas no texto entre parênteses
f) Tese: Autor, título nível (mestrado, doutorado etc.), cidade: instituição; ano. Ex.: Kaplan SJ.
ENSAIOS CLÍNICOS: O periódico Acta Ortopédica Brasileira apóia as políticas para registro de
Post-hospital home health care: the elderley’s access and utilization [dissertation]. St. Louis:
ensaios clínicos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Comitê Internacional de Editores de
Washington Univ.; 1995.
Diários Médicos (ICMJE), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação
g) Material eletrônico: Título do documento, endereço na internet, data do acesso. Ex: Morse SS.
internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, somente serão
Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis. [online] 1995 Jan-Mar [cited
aceitos para publicação, a partir de 2007, os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido
1996 Jun 5];1(1):[24 screens]. Available from: URL: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm
um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios
estabelecidos pela OMS e ICMJE. Os endereços para esses registros estão disponíveis a partir do TABELAS: As tabelas devem ser numeradas por ordem de aparecimento no texto com números
site do ICMJE (www.icmje.org). O número de identificação deve ser declarado no final do resumo. arábicos. Cada tabela deve ter um título e, se necessário, uma legenda explicativa. Os quadros e
tabelas deverão ser enviados através dos arquivos originais (p.e. Excel).
CONFLITO DE INTERESSES: Conforme exigências do Comitê Internacional de Editores de Diários
Médicos (ICMJE), grupo Vancouver e resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1595/2000 os FIGURAS (FOTOGRAFIAS E ILUSTRAÇÕES): As figuras devem ser apresentadas em páginas
autores têm a responsabilidade de reconhecer e declarar conflitos de interesse financeiros e outros separadas e numeradas sequencialmente, em algarismos arábicos, conforme a ordem de apareci-
(comercial, pessoal, político, etc.) envolvidos no desenvolvimento do trabalho apresentado para mento no texto. Para evitar problemas que comprometam o padrão da revista, o envio do material
publicação. Devem declarar e podem agradecer no manuscrito todo o apoio financeiro ao trabalho, deve obedecer aos seguintes parâmetros: todas as figuras, fotografias e ilustrações devem ter
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após o seu recebimento. O envio e o retorno das provas gráficas por correio eletrônico visa agilizar utivamente em algarismos arábicos. Figuras em preto e branco serão reproduzidas gratuitamente,
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b) o título completo em português e inglês com até 80 caracteres deve ser conciso, porém SUBMISSÃO DE ARTIGOS: A partir de janeiro de 2008 iniciamos o processo de adoção do Sistema
informativo; SciELO de Publicação e Submissão on line. O acesso a página do sistema deverá ser feito através
b) o nome completo de cada autor (sem abreviações); e a instituição a que pertence cada um deles; de:http://submission.scielo.br/index.php/aob/index, seguindo as instruções, de cadastro e inclusão
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d) nome, endereço, telefone e e-mail do autor responsável para correspondência.
Caso ocorra a necessidade de esclarecimentos adicionais, favor entrar em contato com a Atha
RESUMO: O Resumo deve ser estruturado em caso de artigo original e deve apresentar os objetivos Comunicação e Editora - Rua: Machado Bittencourt, 190, 4º andar - Vila Mariana - São Paulo
do estudo com clareza, dados históricos, métodos, resultados e as principais conclusões em inglês Capital CEP 04044-000 - E-mail: actaortopedicabrasileira@uol.com.br - telefone 55-11-5087-9502
e português, não devendo ultrapassar 200 palavras. Deve conter o Nível de Evidência, conforme com Fernanda Colmatti/Arthur T. Assis
tabela de classificação anexada no final das normas.
Acta Ortopédica Brasileira
Níveis de evidência de perguntas de pesquisa primáriaa
[Este quadro foi adotado de material publicado pelo Centro de Medicina baseada em Evidência, Oxford, Reino Unido.
Para obter mais informações, visite www.cebm.net.]
Tipos de estudo
Nível Estudos terapêuticos - Estudos prognósticos- Estudos diagnósticos - Análises econômicas e de decisão
Investigação dos resultados Investigação do efeito Investigação de um exame para -Desenvolvimento de modelo
do tratamento de característica de diagnóstico econômico ou de decisão
um paciente sobre o
desfecho da doença
I • Estudo clínico • Estudo prospectivo • Teste de critérios • Custos e alternativas lógicos;
randomizado de alta de alta qualidaded diagnósticos desenvolvidos valores obtidos de muitos
qualidade com ou sem (todos os pacientes anteriormente em pacientes estudos; com análises de
diferença estatisticamente foram inscritos consecutivos (com padrão de sensibilidade de múltiplas vias
significante, mas com no mesmo estágio referência “ouro” aplicado) • Revisão sistemáticab de
intervalos de confiança da doença, com > • Revisão sistemáticab de Estudos de Nível I
estreitos 80% dos pacientes Estudos de Nível I
• Revisão sistemáticab inscritos)
de ECRC (Estudos • Revisão sistemática b
clínicos randomizados e de Estudos de Nível I
controlados) de Nível 1
(e resultados do estudo
foram homogêneosc)
II • ECRC de menor • Estudo retrospectivo f • Desenvolvimento de • Custos e alternativas lógicos;
qualidade (por exemplo, < • Controles não critérios diagnósticos em valores obtidos de muitos
80% de acompanhamento, tratados de um pacientes consecutivos (com estudos; com análises de
sem mascaramento do ECRC padrão de referência “ouro” sensibilidade de múltiplas vias
código de randomização • Estudo prospectivo aplicado) • Revisão sistemáticab de
ou randomização de menor qualidade • Revisão sistemáticab de Estudos de Nível II
inadequada) (por exemplo, Estudos de Nível II
• Estudod prospectivo pacientes inscritos
comparativoe em diferentes
• Revisão sistemáticab de estágios da doença
Estudos de Nível II ou ou <80% de
Nível I com resultados acompanhamento)
discrepantes • Revisão sistemáticab
de Estudos de Nível II
III • Estudo de caso-controleg • Estudo de caso- • Estudo de pacientes não- • Análises baseadas em
• Estudo retrospectivof controleg consecutivos; sem padrão de alternativas e custos limitados;
comparativoe referência “ouro” aplicado e estimativas ruins
• Revisão sistemáticab de uniformemente • Revisão sistemáticab de
Estudos de Nível III • Revisãob sistemática de Estudos de Nível III
Estudos de Nível III
• Estudo de caso-controle
• Padrão de referência ruim
IV Série de casosh Série de casos • Análises sem análises de
sensibilidade
V Opinião do especialista Opinião do especialista Opinião do especialista Opinião do especialista
a
Avaliação completa da qualidade de cada estudo requer aquilatação de todos os aspectos do desenho do estudo.
b
Combinação de resultados de dois ou mais estudos anteriores.
c
Estudos proporcionaram resultados coerentes.
d
Estudo iniciou antes de o primeiro paciente ser inscrito.
e
Pacientes tratados de um modo (por exemplo, artroplastia cimentada de quadril) comparada com um grupo de pacientes tratados de outra maneira
(por exemplo, artroplastia não-cimentada de quadril) na mesma instituição.
f
O estudo iniciou depois da inscrição do primeiro paciente.
g
Os pacientes identificados para o estudo com base em seu desfecho clínicos, chamados de "casos", por exemplo falha da artroplastia total, são
comparados com os pacientes que não tiveram desfechos, chamados "controles", por exemplo, artroplastia total do quadril bem-sucedida.
h
Pacientes tratados de uma maneira sem grupo de comparação de pacientes tratados de outro modo.
Artigo Original
Cláudia dos Santos Borges1, Luciane Fernanda Rodrigues Martinho Fernandes1, Dernival Bertoncello1
Resumo Abstract
Objetivo: Avaliar provável correlação entre arco plantar, curvatura Objective: Evaluate the probable relationship among plantar arch,
lombar e dores lombares. Métodos: Foram avaliadas 18 mulhe- lumbar curvature, and low back pain. Methods: Fifteen healthy wo-
res com queixa de dor lombar, submetidas a uma avaliação que men were assessed taking in account personal data and anthropo-
constava de dados pessoais e de um exame físico com medidas metric measurements, photopodoscopic evaluation of the plantar
antropométricas, avaliação do arco plantar por meio fotopodos- arch, and biophotogrammetric postural analysis of the patient (both
copia, avaliação da postura do paciente por meio do biofotogra- using the SAPO software), as well as evaluation of lumbar pain
metria, ambos utilizando o programa SAPO, além de avaliação da
using an Visual Analog Scale (VAS). The average age of the par-
dor lombar pela escala visual analógica (EVA). A idade média dos
ticipants was 30.45 (±6.25) years. Results: Of the feet evaluated,
participantes era de 30,45 (±6,25) anos. Resultados: Na avaliação
dos pés foram observadas oito pessoas com pés planos, seis there were six individuals with flat feet, five with high arch, and four
com pés cavos e quatro com pés normais. Todas relataram qua- with normal feet. All reported algic syndrome in the lumbar spi-
dro álgico em coluna lombar, com valores mais elevados na EVA ne, with the highest VAS values for the volunteers with high arch.
nas voluntárias com pés cavos. Verificou-se correlação do arco Correlation was observed between the plantar arch and the angle
plantar com a angulação da coluna lombar: (r) = -0,71, p=0,004. of the lumbar spine (r = -0.6859, p = 0.0048). Conclusion: High
Conclusão: O pé cavo pode estar correlacionado com quadro arch was correlated with more intense algic syndrome, while there
álgico mais intenso, havendo correlação positiva moderada entre was moderate positive correlation between flat foot and increased
pé plano e aumento na curvatura lombar e pé cavo com retificação lumbar curvature, and between high arch and lumbar correction.
da lombar. Nível de evidência IV. Série de casos. Level of Evidence IV. Case series.
Descritores: Pé chato. Deformidades do pé. Coluna vertebral. Keywords: Flatfoot. Foot deformities. Spine.
Citação: Borges CS, Fernandes LFR, Bertoncello D. Correlação entre alterações Citation: Borges CS, Fernandes LFR, Bertoncello D. Relationship between lumbar
lombares e modificações no arco plantar em mulheres com dor lombar. Acta Ortop changes and modifications in the plantar arch in women with low back pain. Acta
Bras. [online]. 2013;21(3):135-8. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob. Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):135-8. Available from URL: http://www.scielo.br/aob.
INTRODUÇÃO
Durante as atividades diárias, alterações da mecânica articular
Ao longo da evolução, a postura e suas anomalias estão ligadas ao ho- modificam essas cargas impostas sobre aos tecidos músculo-
mem, que paga alto preço por sua posição bípede, embora tenha suas -esqueléticos, aumentando o risco de aparecimento de disfunções
ações diárias dependentes desta condição. As desvantagens incluem ortopédicas. Desta forma, considerando a interdependência entre
sobrecarga sobre a coluna vertebral e membros inferiores, dificuldades as articulações dos membros inferiores (MMII) e a coluna, altera-
comparáveis na respiração e também no transporte do sangue para o ções presentes em uma dessas estruturas têm consequência no
cérebro.1,2 As curvaturas fisiológicas da coluna vertebral são adaptações funcionamento da outra.3 A literatura sugere ainda que as alte-
que permitem a bipedestação e a deambulação. Essas são influencia- rações posturais tenham contribuições na dor lombar, causada
das por fatores hereditários, condições patológicas, estado mental do pela sobrecarga aplicada ou sustentada por um longo período,
indivíduo e a forças às quais a coluna está sujeita diariamente.2 resultando em estresse acumulativo dos tecidos.4
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
Trabalho realizado no Laboratório de Análise do Movimento Humano, Departamento de Fisioterapia Aplicada da Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Uberaba, MG, Brasil.
Correspondência: Dernival Bertoncello. Departamento de Fisioterapia Aplicada. Rua Capitão Domingos, 309, Abadia. 38025 010. Uberaba, MG.Brasil.
E-mail: bertoncello@fisioterapia.uftm.edu.br
REFERÊNCIAS
1. Magee DJ. Coluna Lombar.In: Avaliação musculoesquelética. São Paulo: músculo diafragma e as curvaturas da coluna vertebral em crianças respira-
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Mauro Emilio Conforto Gracitelli1, Arnaldo Amado Ferreira Neto1, Eduardo Benegas1, Eduardo Angeli Malavolta1,
Edwin Eiji Sunada1, Jorge Henrique Assunção1
Resumo Abstract
Objetivo: Avaliar a segurança do procedimento de Latarjet artroscópico Objective: To evaluate the safety of arthroscopic Latarjet procedu-
em cadáveres. Métodos: Doze ombros foram submetidos ao proce- re in cadavers. Methods: Twelve cadaveric shoulders underwent
dimento de Latarjet artroscópico em nosso laboratório de artroscopia, arthroscopic Latarjet procedure in our laboratory for arthroscopy,
por quatro cirurgiões diferentes. Após a cirurgia os espécimes foram by four different surgeons. Following surgery, the specimens were
submetidos a exames radiográficos e avaliados por um examinador subjected to radiographic examination and evaluated by an inde-
independente. Dezenove parâmetros foram avaliados, incluindo a fi- pendent examiner. Nineteen parameters were evaluated, including
xação do enxerto do coracoide, o posicionamento e a angulação dos the coracoid graft fixation, positioning and angulation of the screws,
parafusos, lesões neurológicas e a integridade dos tendões. Resulta- neurological damage and integrity of tendons.. Results: Four proce-
dos: Quatro dos procedimentos foram considerados satisfatórios, sem dures were considered to be satisfactory, with no difference among
diferença entre os cirurgiões. A angulação média dos parafusos foi de the surgeons. The mean angulation of the screws was 27.2º. The
27,2°. A incisão no tendão do subescapular foi, em média, a 17,8mm subscapularis splitting was, on average, 17,8mm from the upper
da sua borda superior. O enxerto coracoide foi corretamente posicio- edge. The coracoid graft was properly positioned relative to equator
nado em relação ao equador da glenoide em 11 casos. Não houve of the glenoid in 11 cases. There were no injury to the axillary or
lesão no nervos axilar ou musculocutâneo. As principais complicações musculocutaneous nerves. The main complications were: interpo-
encontradas foram: interposição de tecidos moles, lesão do nervo sition of soft tissue, suprascapular nerve injury, articular deviation
supraescapular, desvio articular do enxerto, diastase e lesão do tendão of the graft, diastasis and conjoined tendon injury. Conclusion: The
conjunto. Conclusão: O procedimento de Latarjet artroscópico é uma arthroscopic Latarjet procedure is a complex technique in which
técnica complexa, em que cada etapa deve ser precisa para diminuir each step must be precise to reduce the risk of complications.
o risco de complicações. Nosso estudo demonstrou um alto risco de Our study showed a high risk of failure of the procedure. Level of
insucesso do procedimento. Nível de Evidência, IV, Série de Casos. Evidence IV, Case Series.
Descritores: Luxação do ombro. Procedimentos cirúrgicos ope- Keywords: Shoulder dislocation. Surgical procedures, operative.
ratórios. Artroscopia. Arthroscopy.
Citação: Gracitelli MEC, Ferreira Neto AA, Benegas E, Malavolta EA, Sunada EE, Assun- Citation: Gracitelli MEC, Ferreira Neto AA, Benegas E, Malavolta EA, Sunada EE, Assun-
ção JH. Procedimento de Latarjet artroscópico: avaliação da segurança em cadáveres. ção JH. Arthroscopic latarjet procedure: safety evaluation in cadavers. Acta Ortop Bras.
Acta Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):139-43. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob. [online]. 2013;21(3):139-43. Available from URL: http://www.scielo.br/aob.
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
1. Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Trabalho realizado no LIM 41 – Laboratório de Investigação Médica do Sistema Músculo-Esquelético do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Correspondência: Rua Ovídio Pires de Campos, 333.Instituto de Ortopedia e Traumatologia - Diretoria Clínica, São Paulo, SP, Brasil – 11 2661-7812. mgracitelli@gmail.com
Resultados
Quatro cirurgias foram consideradas satisfatórias (25%). O tempo
médio do procedimento foi de 137 minutos (60 a 180 minutos).
Cada cirurgião realizou um procedimento de forma adequada e
não houve variação entre os critérios considerados satisfatórios
(p = 1,00). O número de casos com complicações também não
variou entre os cirurgiões (p = 0,986). Dois cirurgiões realizaram
com sucesso o primeiro procedimento e os outros o terceiro.
Figura 1. Guia utilizado para transferência e fixação do enxerto do coracoide
As medidas realizadas estão descritas na Tabela 2 e as complica-
na glenoide.
ções encontradas na Tabela 3.
Tabela 3. Complicações.
Complicações n %
Contato com o nervo axilar 0 0
Contato com o nervo musculocutâneo 0 0
Contato ou lesão do nervo supra-escapular 2 16.7
Lesão do tendão conjunto 3 25
Lesão da inserção do tendão do subescapular (borda superior) 1 8.3
Liberação incompleta do tendão do peitoral menor 2 16.7
Interposição de tecidos moles entre o enxerto do
3 25
coracoide e a glenoide
Figura 4. Divulsão do tendão do subescapular e mensuração da espessura
Diastase entre o enxerto do coracoide e a glenoide 5 41.7 das porções superior e inferior do tendão.
Protrusão dos parafusos na parede posterior
5 41.7
do colo da glenoide
O posicionamento do coracoide em relação ao equador da gle-
Desvio lateral do enxerto do coracoide 3 25
noide foi considerado apropriado em 11 casos (91,7%). O limite
inferior do enxerto estava, em média, na posição de cinco horas
Resultados radiográficos (três a seis horas) e o limite superior na posição de três horas
A avaliação radiográfica na incidência de perfil axilar mostrou que (uma a quatro horas).
a angulação média dos parafusos em relação à linha articular da A distância média entre o enxerto e a superfície articular foi descrita
glenoide foi de 26,1º (2° a 66°) para o parafuso superior e 28,3º como positiva quando posicionado medialmente à articulação
(2° a 70°) para o parafuso inferior. (Figura 3) e negativa quando posicionado lateralmente. (Figura 5) Desvio
lateral do processo coracoide ocorreu em três casos (25%), nos
Dissecção quais parte do enxerto ficou proeminente sobre a borda articular
O comprimento médio do enxerto do processo coracoide foi de da glenoide. Em quatro casos (33,3%), o coracoide foi colocado
23,8 mm (18 a 32 mm). A altura total do tendão subescapular medialmente. Em cinco casos (41,7%), o enxerto estava paralelo à
foi de 37,8 mm (31 a 45 mm). (Figura 4) A divulsão do tendão borda anterior da glenoide, sem desvio articular lateral ou medial.
subescapular foi realizada, em média, a 17,8 mm (12 a 24 mm) a Excluindo-se os três casos posicionados lateralmente, a distância
partir da sua borda superior e 20 mm (7 a 27 mm) a partir da sua média foi de 1,22mm (0 a 6mm).
borda inferior. Lesão da borda superior do tendão subescapular Interposição de tecido mole entre o coracoide e a glenoide (labrum
ocorreu em um caso (8,3%). ou cápsula) foi observada em três casos (25%). A diastase entre
Acta Ortop Bras. 2013;21(3):139-43
141
o enxerto e a parede anterior da glenoide ocorreu em cinco casos A análise descritiva de cada parâmetro e complicação foram des-
(41,7%). A distância média foi de 2,7mm (2 a 3 mm). critos. Uma definição categórica de sucesso do procedimento foi
Em cinco casos (41,7%) os parafusos ultrapassaram a parede utilizada para aumentar a generalização do estudo, e parâmetros
posterior da glenoide, com uma distância média de 7 mm (varia- rigorosos foram usados para determinar o sucesso do procedi-
ção: 0 a 21 mm) do nervo supra-escapular. Num caso, o parafuso mento. A escolha desses parâmetros foi baseada em estudos de
superior ficou em contato com o nervo, e em outro houve um longo prazo que definiram os princípios da cirurgia de Latarjet.4,9-12
estiramento do nervo (16,7%). (Figura 6) Entre os principais fatores relacionados com o posicionamento
Não houve lesões do nervo axilar ou do musculocutâneo. As dis- adequado, os mais importantes são: o posicionamento do co-
tâncias médias entre a divisão medial do subescapular e os nervos racoide abaixo do equador glenoide, mínimo desvio medial do
axilar e musculocutâneo foram de 8,7 mm (0 a 18 mm) e 10,8 mm enxerto, fixação com parafusos em uma inclinação máxima de
(3 a 20 mm), respectivamente. 15º em relação à linha articular da glenoide e fixação estável do
Lesão parcial transversa da origem do tendão conjunto ocorreu coracoide, sem diastase.4,10 Incluímos também a ausência de le-
em dois casos, estendendo-se por mais de 50% (16,7%). Em um sões neurológicas ou tendíneas como parâmetros importantes.
caso, houve uma lesão mínima (8,3%). Nenhum caso apresentou Como resultado desta definição, apenas quatro casos puderam
lesão completa. Em dois casos (16,7%), a liberação do músculo ser definidos como adequados.
peitoral menor da borda medial do processo coracoide estava Diastase do enxerto e desvio articular foram os problemas mais
incompleta. Em um caso (8,3%), o processo coracoide sofreu uma comuns nos casos de insucesso, presentes em cinco (62,5%) e
fratura em sua base quando a osteotomia foi realizada. três casos (37,5%), respectivamente. Ambos os problemas foram
a causa de três dos oito casos de insucesso. O desvio lateral do
coracoide poderia ser resolvido através de ressecção parcial com
o “shaver”, mas isso não foi feito para evitar o viés da avaliação
anatômica.
Inclinação inadequada dos parafusos estava presente em sete
(87,5%) dos procedimentos inadequados e em todos os casos
com diastase e desvio lateral. Ocorreu também em todos os casos
com contato do nervo com os parafusos salientes.
Obter a inclinação correta dos parafusos (inferior a 15°) é neces-
sário para permitir uma posição adequada do coracoide e uma
fixação estável,4,10 e foi o passo mais complexo na nossa casuísti-
ca. Lafosse e Boyle7 demonstram através da análise de tomografia
computadorizada que a inclinação média dos parafusos foi de 29º
(2 a 50º). No nosso estudo, a inclinação média dos parafusos foi
de 27,2°. Posicionar os parafusos paralelos à superfície articular
da glenoide na cirurgia aberta é possível pelo afastamento do
músculo peitoral maior medialmente através da abordagem delto-
peitoral. Este afastamento não é possível no Latarjet artroscópico,
Figura 5. Posição do enxerto do coracoide em relação ao eixo sagital e o portal inferior “I” descrito por Lafosse et al.5 não deve ser
da glenoide. medial à superfície da glenoide para evitar lesão do nervo axilar.
Conforme estudo de Marsland e Ahmed13 o posicionamento de
um fio paralelo à porção anterior da glenoide têm um alto risco de
lesão das estruturas neurovasculares. Boileau et al.6 descreveram
uma técnica alternativa para a fixação do coracoide, na qual um
guia especial foi posicionado através do portal posterior, utilizando
a superfície da glenoide como referência para o posicionamento
do parafuso. Além disso, os autores utilizaram um portal mais
medial (“east portal”) através do músculo peitoral maior para inserir
o enxerto do coracoide e fixá-lo à glenoide. Este método permitiu
um bom posicionamento do enxerto ósseo em 89% da pacientes.6
A posição vertical do coracoide foi adequada em nosso estudo
em 11 casos (91,7%), semelhante ao observado por Nourissat et
al.8 e Lafosse e Boyle7 e Hovelius et al.14 relataram que 36% dos
enxertos nos procedimentos abertos estavam em posição alta, e
que isso deve ser evitado.
Figura 6. Lesão do nervo supraescapular pelo parafuso de fixação do
Num estudo anatômico semelhante ao nosso, Nourissat et al.8
coracoide (seta).
realizaram o procedimento de Bristow por mini-incisões, auxiliado
pela artroscopia, utilizando cinco cadáveres e posicionando o co-
Discussão racoide numa posição vertical. Em contraste com nosso estudo,
O procedimento de Latarjet artroscópico é uma técnica nova e os resultados mostraram posição satisfatória e fixação adequada
complexa que está em desenvolvimento.5-7 Nosso estudo anatômico do coracoide em todos os casos, sem lesões neurovasculares. A
demonstra as complicações potenciais deste procedimento quando inserção de um único parafuso, previamente perfurado por uma
realizadas por cirurgiões sem experiência prévia com esta cirurgia. incisão aberta, e o uso de um dispositivo para posicionar o enxerto
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Cintia Pereira de Oliveira1, Luciano Miller Reis Rodrigues2, Maria Vitória Ventura Dias Fregni1, Alberto gotfryd
3
,
Ana Maria Made4, Maria Aparecida da Silva Pinhal1
Resumo Abstract
Objetivo: Avaliar a remodelação da matriz extracelular na dege- Objective: To evaluate the remodeling of the extracellular matrix in
neração do disco intervertebral através do modelo experimental intervertebral disc degeneration through the experimental model
degeneração do disco intervertebral. Métodos: O modelo de in- of intervertebral disc degeneration. Methods: The model of disk
dução da degeneração discal, utilizando agulha 20G e rotação de degeneration induction, using needle 20G and 360o rotation, was
360o, foi aplicado por 30 segundos entre a sexta/sétima e oitava applied for 30 seconds between the 6th/7th, and 8th/9th coccygeal
/ nona vértebras coccígeas de ratos machos da linhagem Wistar. vertebrae of Wistar rats. The intermediary level, between the 7th and
O nível intermediário, entre a sétima e oitava vértebras, foi tomado 8th vertebrae, was taken as control, not being subjected puncture.
como controle, não sendo submetido à punção. A distribuição de The distribution of the extracellular matrix components involved in
constituintes da matriz extracelular envolvidos com mecanismos the remodeling and inflammation process, such as proteoglycans
de remodelamento e inflamação, como proteoglicanos (agrecam, (aggrecan, decorin, biglycan), growth factors (TGFβ), heparanase
decorim, biglicam), fatores de crescimento (TGFβ), isoformas de isoforms (HPSE1, HPSE2), metaloprotesasis-9 (MMP9) and inter-
heparanase (HPSE1, HPSE2), metaloprotease-9 (MMP9) e interleu- leukins (IL-6, IL-10) was analyzed during the pos-injury period (15
cinas (IL-6, IL-10) foram avaliadas no período pós-lesão (15 e 30
to 30 days) and in the control group (discs collected immediately
dias) e no grupo controle (discos coletados imediatamente após
after the puncture, day zero). On the 15th day, acute phase of the
a punção, dia zero). No 15o dia, fase aguda da doença, notou-
disease, a reduced expression of extracellular matrix components
-se redução da expressão dos constituintes da matriz extracelular,
had been observed, whilst there were no differences in the in-
porém não houve diferenças na expressão de interleucinas. Aos
30 dias, as moléculas seguiram um padrão de expressão muito terleukins expression. At 30 days, the molecules followed a very
similar ao grupo controle (não acometido por degeneração discal). similar pattern of expression in the control group (not affected by
Resultados: Os resultados mostram que na fase aguda ocorrem disc degeneration). Results: The results show that during the acute
alterações significativas na matriz extracelular e, na fase tardia, o phase significant alterations in the extracellular matrix components
disco intervertebral retorna a um perfil semelhante ao tecido não occur and in the late phase intervertebral disc returns to a profile
acometido por degeneração, provavelmente devido a um intenso similar to noninvolved tissue, probably due to extensive remodeling
processo de remodelamento da matriz extracelular que é capaz de process of the extracellular matrix that is capable of regenerating the
regenerar o tecido lesionado. Conclusão: O modelo experimental damaged tissue. Conclusion: The experimental model used dem-
utilizado demonstrou a ocorrência de alterações significativas da onstrated the occurrence of significant changes in the extracellular
matriz extracelular durante o período analisado após a indução matrix during the period analyzed after induction of intervertebral
da degeneração do disco intervertebral. Trabalho experimental. disc degeneration. Laboratory Investigation.
Descritores: Degeneração do disco intervertebral. Proteoglicanos. Keywords: Intervertebral disc degeneration. Proteoglycans. Inter-
Interleucinas. Ratos Wistar. leukins. Rats, Wistar.
Citação: Oliveira CP, Rodrigues LMR, Fregni MVV, Gotfryd A, Made AM, Pinhal MAS. Re- Citation: Oliveira CP, Rodrigues LMR, Fregni MVV, Gotfryd A, Made AM, Pinhal MAS.
modelamento da matriz extracelular em degeneração experimental do disco intervertebral. Extracellular matrix remodeling in experimental intervertebral disc degeneration. Acta
Acta Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):144-9. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob. Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):144-9. Available from URL: http://www.scielo.br/aob.
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
primário anti-TGFβ1(sc-146).
Dia 0
(controle)
HPSE1 HPSE2 MMP-9
Dia 0
(controle)
15 dias
15 dias
30 dias
30 dias
Figura 3. Reações de imunohistoquímica para análise de expressão Figura 5. Reações de imunohistoquímica para análise da expressão de
de isoformas de heparanase (HPSE1 e HPSE2) e metaloproteinase-9 interleucinas (IL-6 e IL-10). (A, B e C), tecidos marcados com anticorpo
(MMP-9). (A, B e C), tecidos marcados com anticorpo primário anti- primário anti-interleucina-6 (sc-130326); (D, E e F), tecidos marcados
-HPSE1 (HPA1 L-19); (D, E e F), com anticorpo primário anti-interleucina-10 (H-160).
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Wei Wang1, Wen Zhi Bi1, Jing Yang2, Gang Han1,Jin Peng Jia1
Resumo Abstract
Objetivos: A reconstrução pélvica após excisão de tumor é um Objectives: Pelvic reconstruction after tumor resection is challen-
desafio. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo para com- ging. Methods: A retrospective study had been performed to com-
parar os desfechos entre pacientes submetidos a cirurgia de re- pare the outcomes between patients undergoing reconstructive
construção da pelve com aloenxerto ósseo após excisão em bloco surgery of the pelvis with allogeneic bone graft after en bloc re-
de tumores pélvicos e pacientes submetidos apenas à excisão. section of pelvic tumors and patients undergoing en bloc resection
Resultados: Os pacientes sem reconstrução tiveram escores fun- only. Results: Patients without reconstruction had significantly lower
cionais significantemente menores 3 meses (10 vs. 15, P = 0,001) functional scores at 3 months (10 vs. 15, P = 0.001) and 6 months
e 6 meses após a cirurgia (18,5 vs. 22, P = 0,0024), menor tempo after surgery (18.5 vs. 22, P = 0.0024), a shorter duration of hospi-
de hospitalização (16 dias vs. 40 dias, P < 0,001) e menor custo talization (16 days vs. 40 days, P < 0.001), and lower hospital costs
hospitalar (97.500 vs. 193.000 yuans, P < 0,001) do que os que (97,500 vs. 193,000 RMB, P < 0.001) than those undergoing pelvic
foram submetidos a reconstrução pélvica. Os escores funcionais reconstruction. Functional scores were similar after 12 months of
foram similares 12 meses depois da cirurgia (21,5 vs. 23, P = 0,365) surgery (21.5 vs. 23, P = 0.365) with no difference in the rate of
sem diferença na taxa de complicações entre os dois grupos (P > complications between the two groups (P > 0.05). Conclusions:
0,05). Conclusões: A reconstrução pélvica com aloenxerto ósseo Pelvic reconstruction with allogeneic bone graft after surgical ma-
depois de cirurgia de tumores pélvicos é associada a desfechos nagement of pelvic tumors is associated with satisfactory surgical
cirúrgicos e funcionais satisfatórios. Outros estudos clínicos são and functional outcomes. Further clinical studies are required to
necessários para explorar como selecionar o melhor método de explore how to select the best reconstruction method. Level of
reconstrução. Nível de Evidência IV, Séries de Casos. Evidence IV, Case Series.
Descritores: Neoplasias pélvicas. Reconstrução. Transplante ho- Keywords: Pelvic neoplasms. Reconstruction. Transplantation,
mólogo.Estudos retrospectivos. homologous. Retrospective studies.
Citação: Wang W, Bi WZ, Yang J, Han G, Jia JP. Reconstrução pélvica com aloenxerto Citation: Wang W, Bi WZ, Yang J, Han G, Jia JP. Pelvic reconstruction with allogeneic
ósseo após excisão de tumor. Acta Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):000-00. Disponível bone graft after tumor resection. Acta Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):000-00. Available
em URL: http://www.scielo.br/aob. from URL: http://www.scielo.br/aob.
Introdução
vação de um membro com ou sem reconstrução pós-operatória.2-6
O osteossarcoma, o sarcoma de Ewing e tumores ósseos de célula Os estudos constataram que a taxa de sobrevida aos 5 anos não
gigante ocorrem com frequência na pelve. Schwameis et al.1 relata- é estatisticamente diferente entre a cirurgia reconstrutiva e a radio-
ram que entre 340 casos de tumores malignos primários registrados terapia e quimioterapia e a amputação não-reconstrutiva; contudo,
no Vienna Bone Tumor Center, 9% eram pélvicos. Os tumores pélvi- os pacientes submetidos a cirurgia reconstrutiva com radioterapia e
cos têm início oculto e, em geral, envolve uma grande área. Esses quimioterapia têm melhor prognóstico funcional.7,8 Portanto, os pro-
fatores, em combinação com a estrutura anatômica complexa da cedimentos de preservação do membro e de reconstrução funcional
pelve, tornam o tratamento, especialmente o cirúrgico, complexo e depois de excisão de tumores pélvicos estão sendo realizadas com
desafiante. O tratamento cirúrgico dos tumores pélvicos consiste mais frequência.1,6,9 Obviamente, são necessárias outras pesquisas;
principalmente métodos ablativos (excisão hemipélvica ou excisão contudo, é melhor determinar os resultados com os procedimentos
hemipélvica modificada e amputação) e o procedimento de preser- de preservação do membro.
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
Referências
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Gustavo Gonçalves Arliani1, Ricardo Kim Fukunishi Yamada1, Gabriel Peixoto Leão Almeida1, Ciro Veronese dos Santos2,
André Manrique Venturini1, Diego da Costa Astur1, Moises Cohen1
Resumo Abstract
Objetivo: Analisar os efeitos do esforço físico de partida de futebol na Objective: Analyze the effects of physical exertion during a soc-
capacidade funcional e estabilidade dos membros inferiores em jovens cer match on the functional capacity and stability of the lower
jogadores de futebol. Métodos: Foram analisados 10 atletas jogadores de limbs of young soccer players. Methods: We analyzed 10 soccer
futebol submetidos a avaliação da capacidade funcional dos membros players who underwent functional capacity assessment of the
inferiores através de um protocolo de Hop Test e avaliação do nível de lower limbs by a Hop Test protocol and evaluation of the level
estabilidade postural através do Biodex Stability System (Biodex, Inc., of postural stability in the Biodex Stability System (Biodex, Inc.,
Shirley, Nova Iorque), antes e imediatamente após um tempo de jogo Shirley, NY) before and immediately after a friendly game lasting
amistoso de futebol de campo com duração de 45 minutos. Resultados: 45 minutes. Results: After the match, there was a decrease in
Após a partida, ocorreu uma diminuição no índice de estabilidade global overall stability index (F (1,23) = 7.29 P = .024) and anterior
(F(1,23) = 7,29 P = .024) e índice anteroposterior (APSI) (F(1,23) = 5,53 P posterior index (APSI) (F(1,23) = 5.53 P = .043). Fatigue in the
= .043). A fadiga no membro dominante foi a responsável pelo déficit dominant limb was responsible for the significant deficit in OSI
significativo no OSI (F(1,23) = 3.16, P = .047) e APSI (F(1,23) = 3.49, P = (F(1,23) = 3.16, P = .047) and APSI (F(1,23) = 3:49, P = .029),
.029), enquanto o membro não-dominante não gerou qualquer alteração while the non-dominant limb did not cause any change in the
na condição pré e pós- jogo. Conclusão: Uma partida de futebol pode pre and post-game. Conclusion: A football match can cause
causar diminuição da estabilidade e capacidade funcional dos membros decreased stability and functional capacity of the lower limbs in
inferiores em jovens jogadores. Nível de Evidência III e Estudo do tipo young players. Evidence Level: III; Study Type: pre-test and
pré-teste e pós-teste (Caso-Controle). post-test study (case-control).
Descritores: Futebol. Fadiga. Traumatismos em atletas. Postura. Keywords: Soccer. Fatigue. Athletic injuries. Posture.
Citação: Arliani GG, Yamada RKF, Almeida GPL, Santos CV, Venturini AM, Astur DC, Co- Citation: Arliani GG, Yamada RKF, Almeida GPL, Santos CV, Venturini AM, Astur DC,
hen M. O efeito do esforço na estabilidade postural em jovens jogadores de futebol. Acta Cohen M. The effects of exertion on the postural stability in young soccer players. Acta
Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):155-8. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob. Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):155-8. Available from URL: http://www.scielo.br/aob.
INTRODUÇÃO
este aumento temos um incremento nas lesões em jovens atletas
O futebol é indubitavelmente o esporte mais popular do mundo. relacionadas a este esporte. Aproximadamente 44% das lesões do
Esta modalidade conta atualmente com cerca de 200.000 atletas futebol ocorrem em participantes com idade inferior a 15 anos.4 Sen-
profissionais e 240 milhões de jogadores amadores, dos quais do que, nos Estados Unidos, as lesões no futebol entre jovens atle-
aproximadamente 80% são do sexo masculino.1,2 tas apresenta pico de duas lesões para cada 1000 participantes.5
A participação da população jovem no futebol é de grande impor- A maior incidência de lesões ocorridas nos últimos 15 minutos
tância nos programas atuais de saúde pública. Isto na medida em de cada tempo de uma partida de futebol sugerem que o esforço
que aumenta o nível de exercício e atividade física entre os jovens, físico possa influenciar na alteração do controle neuromuscular e
sendo nos dias atuais arma fundamental no combate aos elevados na capacidade de estabilização das articulações dos membros
índices de obesidade e sedentarismo infantil.3 inferiores. Uma possível hipótese para esta mudança seria a al-
O futebol está entre os esportes com maior crescimento no número teração na estabilidade postural dos membros inferiores devido
de praticantes na população jovem em todo o planeta. Junto com ao esforço físico.6,7
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
1. Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo – São Paulo, SP, Brasil.
2. Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte – São Paulo, SP, Brasil.
Trabalho realizado no Centro de Traumatologia do Esporte - Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo – São Paulo, SP, Brasil.
Correspondência: Rua Borges Lagoa, 783, 50 andar, São Paulo, SP, Brasil. 04038-032. E-mail: ggarliani@hotmail.com
MATERIAL E MÉTODOS
Single hop for distance Timed hop
O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da
nossa instituição.
Foram analisados 12 atletas jogadores de futebol de campo mascu-
lino da equipe do Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães
(16,3 ± 0,83 anos de idade; 1,71 ± 0,8 cm de altura; 64,4 ± 9,25
Kg de peso; 21,94 ± 2,09 de IMC; 6,6 ± 2,95 anos de prática; mé-
6 Meters
dia ± desvio padrão). Como critério de inclusão para este estudo
foram selecionados atletas de futebol sub-18, do sexo masculino,
com uma frequência de treino superior a 3 vezes por semana, carga
horária de treinamento semanal de no mínimo 9 horas e prática
Total distance
Total distance
DISCUSSÃO
O achado principal deste estudo foi a diminuição da estabilidade
global e anteroposterior e da capacidade funcional dos membros
inferiores após partida em jovens jogadores de futebol.
Estudos prévios sobre o tema realizados nas mais diversas popu-
lações apresentam resultados controversos.12-14
Em idosos, alguns estudos mostraram que a fadiga muscular nos
membros inferiores altera o senso de posição articular e o equilí-
brio nesta população.13 Já outro estudo com amostra semelhante
demonstrou não haver relação entre estabilidade postural e realiza-
ção de atividades físicas moderadas.12 Estes resultados mostram a
importância da intensidade do esforço imposto a musculatura dos
membros inferiores na avaliação da estabilidade após exercício.
Em jovens jogadores de futebol, Gioftsidou et al.15 demonstraram
não existir diferença no equilíbrio destes atletas após treinamento
ou partida de futebol. Desta forma, concluiu que a fadiga mus-
cular nos membros inferiores provavelmente não é a causa para
Figura 2. Atleta durante realização de avaliação na plataforma Biodex. a maior incidência de lesões no final de treinamentos e partidas
de futebol. Neste estudo, no entanto, não é especificado o tempo
dos treinamentos ou jogos e os autores justificam a manutenção
Análise estatística do equilíbrio após esforço à ausência de grande fadiga muscular
Inicialmente, foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para ve- após treinamentos. Em contrapartida, o presente estudo encontrou
rificar a normalidade dos dados. Em seguida, foi utilizado ANOVA diferenças na estabilidade global destes atletas após esforço.
com dois fatores e medidas repetidas nos dois fatores (2x2) para Talvez os resultados tenham sido diferentes devido a cargas dife-
examinar as diferenças entre os membros (Dominante e Não- rentes aos quais os atletas foram expostos e as diferentes condi-
Dominante) e a Condição (Pré e Pós-partida) no OSI, APSI, MLSI ções climáticas locais. Neste estudo todos os jovens jogadores
e nos quatro Hop-Tests. Quando identificadas interações signi- foram avaliados antes e depois do primeiro tempo de uma partida
ficantes foi utilizado o teste post hoc de Bonferroni. O nível de amistosa de futebol de 45 minutos de duração, não treinamentos,
significância aceito para essa pesquisa foi de 5% (P < .05).Foi e o estudo foi realizado na cidade de São Paulo, Brasil onde a
utilizado o software SPSS 17.0 para Windows (Statistical Package temperatura média costuma ser superior a encontrada na Grécia
for the Social Sciences Inc., Chicago, IL, USA). (20°X16°), local onde foi realizado o outro estudo.
Acta Ortop Bras. 2013;21(3):155-8
157
Outros estudos prévios também concluiram que a fadiga muscu- Single Hop Test pode ser utilizado isoladamente como preditor da
lar das extremidades inferiores, principalmente dos grupamentos funcionabilidade do joelho.20
musculares proximais, afetam a estabilidade postural.8,15 Um dos pontos fracos do nosso estudo foi a pequena amostra e
Em relação a estabilidade do membro dominante quando compa- a ausência de avaliação isocinética para determinação do grau de
rado ao não dominante não encontramos diferença na estabilidade fadiga imposto a musculatura dos membros inferiores dos atletas
global. Mesmo resultado obtido por Thorpe et al.16 e Teixeira et pós-esforço. Outra limitação do estudo foi a falta de padronização
al.17, que em um estudo com 12 e 11 jogadores de futebol, res- dos jogadores por posição no esporte. Visto que o esforço reali-
pectivamente, não encontraram diferenças no equilibrio entre os zado pelos atletas varia bastante em função da posição (lateral,
membros dominante e não-dominante. zagueiro, meio-campo, atacante) o que pode ser considerado um
Outro achado importante do estudo foi a diferença da capacidade viés, visto que os jogadores não foram expostos ao mesmo des-
funcional entre o membro dominante e não dominante na condição gaste físico. No entanto, optamos pela utilização de uma partida
pré e pós-jogo no Single Hop Test e Triple Hop Test. Swearingen de futebol e avaliação de jogadores de diferentes posições com a
et al.18 demonstraram achados semelhantes em um estudo com intenção de aproximarmos ao máximo as características do estudo
pacientes saudáveis de ambos os sexos e média de 24 anos de com o que é realizado efetivamente no esporte.
idade. Entretanto, van der Harst et al.19, em um estudo com indiví-
duos saudáveis e praticantes de esportes, não encontrou diferença CONCLUSÃO
entre o membro dominante e não dominante na avaliação do Os resultados deste estudo mostram que ocorre uma diminuição da
Single Hop Test e no Timed Hop Test. No entanto, em ambos os estabilidade e da capacidade funcional dos membros inferiores após
estudos não foram realizados testes pré e pós exercício. partida em jovens jogadores de futebol. Estes resultados podem
Apesar de termos utilizado 4 avaliações de Hop test, um estudo posicionar a fadiga muscular dos membros inferiores como possível
recente realizado com pacientes tratados não- cirurgicamente fator na presença de uma maior incidência de lesões ocorridas nos
após ruptura do ligamento cruzado anterior, demonstrou que o últimos 15 minutos de cada tempo de uma partida de futebol.
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Fernando Augusto Freitas Fuso1, André Luiz Natálio Dias1, Olavo Biraghi Letaif1, Alexandre Fogaça Cristante1,
Raphael Martus Marcon1, Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho1
Resumo Abstract
Objetivo: O objetivo primário deste estudo é analisar as caracte- Objective: The primary purpose of this study was to determinate
rísticas e desfechos dos casos internados por síndrome da cauda the characteristics and outcomes of the patients admitted at our
equina (SCE) em nosso serviço. Secundariamente, este trabalho clinics diagnosed with cauda equina syndrome (CES). Secondarily,
servirá de base para outros estudos comparativos visando um en- this study will serve as a basis for other comparative studies aiming
tendimento maior da doença e de sua epidemiologia. Métodos: the better understanding of this condition and its epidemiology.
Estudo retrospectivo dos prontuários das internações por SCE no Methods: We conducted a retrospective study by reviewing the
IOT-HCFMUSP no período de 2005 a 2011 com diagnósticos de SCE medical records of patients diagnosed with CES and neurogenic
e bexiga neuropática. As seguintes variáveis foram analisadas: sexo, bladder between 2005 and 2011. The following variables were
idade, etiologia da doença, nível topográfico da lesão, tempo de analyzed: gender, age, etiology, topographic level of the lesion,
história da lesão até o diagnóstico, presença de bexiga neurogênica, time between disease onset and diagnosis, presence of neurogenic
tempo entre o diagnóstico da SCE e a cirurgia, reversão do déficit bladder, time between diagnosis and surgery, neurological damage
ou da bexiga neurogênica. Resultados: Por tratar-se de uma doença and neurogenic bladder persistence. Results: Considering that CES
rara, não conseguimos estabelecer correlações estatisticamente is a rare condition, we were not able to establish statistic correlation
significativas entre as variáveis analisadas e os desfechos da doen- between the analyzed variables and the outcomes of the disease.
ça. Porém, este estudo evidenciou deficiências do nosso sistema However, this study brought to light the inadequacy of our public
público de saúde quanto ao manejo desses pacientes. Conclusão: O health system in treating that kind of patient. Conclusion: The study
trabalho mostra que apesar de bem definidas as bases para conduta shows that despite the well-defined basis for managing CES, we
da SCE, observamos um número maior de sequelas causadas pela noted a greater number of patients with sequels caused by this
patologia, do que visto na literatura. O atraso no diagnóstico e, a condition, than it is seen in the literature. The delayed diagnosis
partir deste, do tratamento definitivo, foi a causa para o alto número and, consequently, delayed treatment, were the main causes for the
de sequelas. Nível de evidência IV, Série de casos. results observed. Level of Evidence IV, Case series.
Descritores: Cauda equina. Deslocamento do disco intervertebral. Keywords: Cauda equina. Intervertebral disc displacement. Urinary
Bexiga urinaria neurogênica. bladder, neurogenic.
Citação: Fuso FAF, Dias ALN, Letaif OB, Cristante AF, Marcon RM, Barros Filho TEP. Citation: Fuso FAF, Dias ALN, Letaif OB, Cristante AF, Marcon RM, Barros Filho TEP. Epi-
Estudo epidemiológico da síndrome da cauda equina. Acta Ortop Bras. [online]. demiological study of cauda equina syndrome. Acta Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):159-
2013;21(3):159-62. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob. 62. Available from URL: http://www.scielo.br/aob.
INTRODUÇÃO para 100000 habitantes,² suas sequelas ainda geram altos custos
A síndrome da cauda equina (SCE) classicamente caracteriza- para a saúde pública.
-se pela compressão das raízes nervosas lombares, sacrais e Os sinais clínicos característicos da patologia são: dor lombar
coccígeas distais ao término do cone medular na altura das intensa frequentemente acompanhada de ciática, anestesia em
vértebras L1 e L2.¹ Apesar de se tratar de uma doença de baixa sela,1-3 disfunção esfincteriana e sexual e fraqueza de membros
incidência na população, girando em torno de 1 para 33000 a 1 inferiores.1,4 Para o diagnóstico, não é obrigatória a presença de
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
1. Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IOT-HCFMUSP).
Trabalho realizado no LIM 41 – Laboratório de Investigação Médica do Sistema Músculo-Esquelético do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP. Brasil.
Correspondência: Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 333 – 1º. Andar. Cerqueira Cesar 05403-010. São Paulo, SP. Brasil. fusoortop@gmail.com
B
Figura 2 A e B. Ressonância magnética (T1) evidenciando hérnia discal
extrusa L4-L5 em paciente do sexo feminino de 49 anos.
B
Figura 1 A e B. Ressonância magnética (T1) mostrando hérnia discal Figura 3. Fratura patológica de L1 em paciente do sexo masculino de
protrusa L5-S1 em paciente do sexo feminino de 37 anos, internada por 55 anos, internado com história de lombalgia iniciada há três meses e há
síndrome da cauda equina. uma semana com déficit neurológico e perda esfincteriana.
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Vinicius Machado de Oliveira1, Guilherme Cesca Detoni1, Cristhian Ferreira1, Bruno Sergio Portela1,
Marcos Roberto Queiroga2, Marcus Peikriszwili Tartaruga1,3
Resumo Abstract
Objetivo: Investigar a influência do gradiente de inclinação na máxima Objective: To investigate the slope influence on the maximal sub-
pronação subtalar em velocidade submáxima de corrida. Métodos: De- talar pronation in submaximal running speeds. Methods: Sixteen
zesseis corredores de rendimento participaram de um teste de Economia endurance runners participated of a running economy (RE) test
de Corrida (ECO) em esteira rolante composto de quatro gradientes de in a treadmill with different slopes (+1%, +5%, +10%, +15%).
inclinação (+1%, +5%, +10%, +15%). Para cada gradiente de inclinação For each slope a 4-minute run was performed with no rest break
foi realizada uma corrida de 4 minutos, sem intervalo entre os mesmos, for the purpose of measuring the magnitude of kinematic varia-
com proposito de mensurar as magnitudes das variáveis cinemáticas bles by means of a high frequency video camera positioned in
através de uma filmadora de alta frequência, posicionada no plano frontal- a frontal-posterior plane of the individual. Results: No significant
-posterior do indivíduo. Resultados: Não foram verificadas diferenças
differences were verified in maximal subtalar pronation between
significativas nos valores de máxima pronação subtalar entre as pernas e
legs and between the slopes adopted, showing that changes of
entre os gradientes de inclinação adotados, demonstrando que prováveis
alterações na técnica de corrida, resultantes das mudanças no gradien- running technique due to modifications of slope aren’t enough to
te de inclinação, não são capazes de modificar o comportamento da modify the behavior of maximum subtalar pronation. Conclusion:
máxima pronação subtalar. Conclusão: A pronação subtalar independe The subtalar pronation is independent of slope, which may be
do gradiente de inclinação, podendo esta ser influenciada por outras influenced by other intervening variables. Level of evidence II,
variáveis intervenientes. Nível de Evidência II, Estudo Diagnóstico. Diagnostic Study
Descritores: Pronação. Articulação subtalar. Locomoção. Corrida. Keywords: Pronation. Subtalar joint. Locomotion. Running.
Citação: Oliveira VM, Detoni GC, Ferreira C, Portela BS, Queiroga MR, Tartaruga MP. Citation: Oliveira VM, Detoni GC, Ferreira C, Portela BS, Queiroga MR, Tartaruga MP.
Influência do gradiente de inclinação na pronação subtalar em corrida submáxima. Acta Influence of slope on subtalar pronation in submaximal running performance. Acta Ortop
Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):163-6. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob. Bras. [online]. 2013;21(3):163-6. Available from URL: http://www.scielo.br/aob.
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
Trabalho realizado na Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná – UNICENTRO no Departamento de Educação Física de Guarapuava - DEDUF/G. Guarapuava, PR, Brasil e
no Laboratório de Biomecânica e Ergonomia – LABIER da UFRGS de Porto Alegre, RS, Brasil.
Correspondência: Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná - UNICENTRO - Rua Simeão Camargo Varella de Sá, 03 - Bairro Cascavel, 85040-080, Guarapuava, PR, Brasil.
oliveira_vm@hotmail.com
Material e Método
A amostra foi composta por 16 corredores, com experiência em cor-
ridas de meia e longa distância, selecionados de forma não aleatória,
por voluntariedade, isentos de problemas físicos e de tratamento
farmacológico. O número amostral, definido com base nos estudos
de Tartaruga et al.12 e Williams & Cavanagh,13 foi determinado através
do programa Computer Programs for Epidemiologic Analyses (PEPI)
adotando-se um nível de significância de 0,05 e um poder de 90%. O
estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (No 415238)
e está de acordo com a declaração de Helsinki de 1995.
Para as coletas de dados utilizou-se uma balança e um estadiômetro
(WELMY-110, Santa Bárbara d’Oeste/SP, Brasil), um compasso de
dobras cutâneas (CESCORF-científico, Porto Alegre/RS, Brasil), uma
fita métrica (STARRETT-510, Itu/SP, Brasil), uma esteira rolante (MO-
VEMENT-RT350, Pompéia/SP, Brasil) e uma filmadora digital (CASIO-
Figura 2. Movimento da parte posterior do pé durante a fase de suporte. -EXFH25, Tóquio, Japão) com frequência de amostragem de 240 Hz.
Inicialmente, os indivíduos preencheram a ficha de dados pessoais,
a anamnese e assinaram o termo de Consentimento Livre e Esclare-
principalmente, pela velocidade linear de corrida, pela intensidade cido. Em seguida, foi realizada a mensuração dos dados de massa
de esforço, pelo desequilíbrio muscular e/ou lassidão ligamentar corporal, estatura, comprimento de perna e percentual de gordura
e pela técnica de corrida imposta pelo corredor.3,5 corporal (%G), com base no protocolo adotado por Siri.14 Para a reali-
Diversos estudos têm relacionado a máxima pronação subtalar zação dessas medidas, os indivíduos estavam descalços e trajando,
com a velocidade linear de corrida. Entretanto, alguns estudos têm apenas, um calção. A medida do comprimento de perna, realizada
associado o comportamento desta variável, principalmente, à in- em ambas as pernas, consistiu da distância correspondente entre
tensidade de esforço físico.8 Segundo Tartaruga et al.5 a máxima o trocanter maior do fêmur e o solo. Indivíduos que apresentaram
pronação subtalar apresenta fortes correlações com a economia de diferenças superiores a 1 centímetro entre as pernas foram des-
corrida (ECO) e, consequentemente, com a intensidade de esforço. considerados do estudo. Todas as medidas foram realizadas por
Entende-se como ECO o consumo submáximo de oxigênio em uma um profissional de Educação Física com experiência em avaliações
determinada velocidade submáxima de corrida.1,9 Tartaruga et al.5 antropométricas.
verificaram que com o aumento da velocidade linear de corrida (14 Os indivíduos foram submetidos a um teste de máximo esforço
kmh-1 para 16 kmh-1 em homens e 11 kmh-1 para 13 km.h-1 em mu- progressivo para a determinação do VO2máx15 para fins de carac-
lheres - velocidades diferentes, mas intensidades semelhantes entre terização amostral. Após uma semana foi realizado um teste de
homens e mulheres referentes ao consumo máximo de oxigênio - ECO composto de quatro corridas de 4 minutos em diferentes
VO2máx) a máxima pronação subtalar aumentou significativamente gradientes de inclinação, sem intervalos entre estas. Foram fixa-
de 6,79 para 9,69 graus nos homens e de 5,87 para 9,44 graus nas dos 4 pontos reflexíveis em cada perna, (Figura 3) com base nos
mulheres, ou seja, aumentos semelhantes para ambos os sexos. protocolos adotados por Ferrandis et al.16 e Tartaruga et al.3
Em diversas situações na vida diária, o ser humano depara-se Posteriormente a fase de preparação, a esteira foi ligada e, após 3
com locais de acesso em plano inclinado, como rampas, aclives e minutos de aquecimento (caminhada em velocidade confortável),
declives de diversos tipos. O sistema musculoesquelético é capaz a velocidade foi aumentada até à velocidade ótima de corrida,
de detectar e responder prontamente às alterações da superfície, que foi auto selecionada por cada indivíduo, e mantida a mesma
por meio de mudanças no tempo de ativação e na magnitude da durante 4 minutos em cada um dos gradientes de inclinação ado-
atividade neuromuscular. Para manutenção do equilíbrio corporal, tados no estudo (+1%,+5%, +10%, +15%). Todos os indivíduos
tronco, cintura pélvica e membros inferiores se adaptam constan- tinham experiência em corrida em esteira rolante. No último minuto
temente através de vários mecanismos, dentre os quais, a proje- de cada gradiente de inclinação era realizada uma filmagem de
ção do centro de gravidade para frente durante o aclive. Por meio 10 segundos através do uso da filmadora digital posicionada a
de estudos que avaliaram as adaptações locomotoras ocorridas na 2 metros do plano frontal-posterior da esteira rolante. (Figura 4)
transição do plano horizontal para o inclinado sabe-se que diversas Foi solicitado que todos os corredores utilizassem seus próprios
alterações posturais são observadas, como flexão aumentada das calçados de treino, emborrachados e sem pregos, não sendo
articulações do quadril, joelho e tornozelo,3 apesar de Scholz et al.10 permitidos calçados esportivos e anti-pronantes.
acarretarem as mudanças posturais e a ECO a questões relaciona- Para o tratamento de dados foram analisados três ciclos de passadas
das a adaptações neuromusculares. No plano inclinado é necessário para cada perna. Os registros cinemáticos foram digitalizados de forma
Resultados
Na Tabela 1 são apresentados os resultados referentes a carac-
terização da amostra.
Não foram verificadas diferenças significativas nos valores de má-
xima pronação (MP) entre as pernas (Figura 5) e entre os gradien- Figura 7. Média e desvios-padrões dos valores de máxima pronação da
perna esquerda nos gradientes de inclinação +1%, +5%, +10% e +15%.
tes de inclinação em ambas as pernas. (Figuras 6 e 7)
Acta Ortop Bras. 2013;21(3):163-6
165
Discussão Os autores justificam esse curioso achado a uma melhor técnica de
É de consenso na literatura que a excessiva pronação subtalar (hi- corrida por parte dos corredores. Tartaruga et al.5 constataram que a
máxima pronação subtalar aumentou significativamente, da velocidade
perpronação) é uma das principais causas de lesões nos membros
de 14 km.h-1 para 16 km.h-1 (6,79 ± 4,01 graus para 9,69 ± 3,14 graus)
inferiores, principalmente de corredores, onde esse mecanismo
em um grupo de homens, da mesma forma como ocorreu em um
passa a ser constantemente acionado durante a corrida a fim de
grupo de mulheres, da velocidade de 11 km.h-1 para 13 km.h-1 (5,87 ±
minimizar os efeitos lesivos da força resultante (força normal) advin-
4,66 graus para 9,44 ± 5,15 graus). As velocidades de 11 e 14 km.h1 e
da do contato do pé com o solo, bem como da excessiva rotação
13 e 16 km.h-1 corresponderam a 70 e 75% da velocidade do VO2máx,
interna da Tíbia. Segundo Snook17 a rotação interna da tíbia, quando
respectivamente, para ambos os sexos. Esses resultados demonstram
feita em demasia, pode resultar em hiperpronação da articulação
a importância da intensidade de esforço no comportamento da máxima
subtalar e, com isso, em diversas complicações ósseo-articulares. pronação subtalar, como já demonstrado por Gheluwe e Madsen8. Da
As causas das patologias nos membros inferiores também parecem mesma forma, autores têm pontuado a importância do condicionamen-
ser decorrentes das forças de impacto que sobrecarregam o me- to físico e da experiência profissional como variáveis aliadas a uma boa
canismo de pronação oferecendo riscos às estruturas articulares. técnica de corrida e, consequentemente, a uma menor probabilidade
Dessa forma, quando verificamos uma hiperpronação da articulação de desenvolvimento de hiperpronação subtalar.12,13,20
subtalar é bem provável que esta esteja associada, também, a uma Em relação à comparação entre os valores máximos de pronação
situação de grande impacto, durante a fase de contato do pé com subtalar das pernas direita e esquerda, não foram encontradas
o solo, já que a pronação é entendida como sendo um mecanismo diferenças significativas. Os resultados obtidos no nosso estudo
de atenuação do impacto resultante do contato do pé com o solo estão de acordo com os achados de Tartaruga et al.3 que também
e, consequentemente, de proteção ósseo-articular.18 não encontraram diferenças significativas nos valores desta vari-
As forças de impacto parecem ser mais proeminentes no primeiro con- ável, determinados metodologicamente de forma diferente (com
tato do pé com solo, e equivalem a duas ou três vezes o peso corporal o uso de 2 pontos de referência, apenas). Os nossos resultados
em uma frequência média de passada de 70 a 100 passos por minuto.5 também corroboram com os resultados de Wit et al.18 cujo a técni-
A força de impacto é influenciada pela velocidade linear de corrida, ca de determinação da máxima pronação subtalar foi semelhante.
pela técnica de movimento, pelo tipo de calçado utilizado durante a Entretanto, embora no nosso estudo não tenhamos verificado diferenças
locomoção e pelo plano em que o individuo está se deslocando.5,11,18 significativas na máxima pronação subtalar entre as pernas, houve uma
Em relação ao gradiente de inclinação, no nosso estudo esta variável tendência da perna esquerda apresentar valores de máxima pronação
não influenciou de forma significativa no comportamento da máxima subtalar maiores que a perna direita. Segundo Tartaruga et al.12 essa ten-
pronação subtalar. Também não foram constatados valores de hi- dência pode estar relacionada a uma leve inclinação lateral do tronco, re-
perpronação. Como consequência, acredita-se que o gradiente de sultante de uma imperceptível inclinação existente nas pistas de atletismo
inclinação, entre +1% e +15%, além de não influenciar nos valores e ao treinamento contínuo sem alteração de sentido de deslocamento.
de máxima pronação subtalar, provavelmente não é capaz de alterar
a força de impacto do pé com o solo. Gottschall e Kram11 verificaram Conclusão
que as forças impacto são mais influenciadas a alterações de gra-
dientes de inclinação negativos devido a maior utilização de energia O gradiente de inclinação não influencia no comportamento da arti-
elástica em comparação a alterações de gradientes positivos durante culação subtalar durante a corrida submáxima e, consequentemente,
a locomoção. Além disso, no nosso estudo, a velocidade de corrida foi no surgimento de lesões articulares advindas desta variável. Provavel-
mente a pronação subtalar é dependente de outras variáveis interve-
mantida constante em situação confortável, o que, provavelmente, não
nientes como, por exemplo, a velocidade de corrida e, principalmen-
foi suficiente para resultar em fadiga muscular e, consequentemente,
te, a intensidade do esforço físico. Futuros estudos relacionando a
em mudanças no comportamento articular.
máxima pronação subtalar ao trabalho mecânico total e a eficiência
Muitos autores justificam as alterações nos valores de máxima pro-
de corredores de rendimento são sugeridos para uma melhor com-
nação subtalar principalmente a técnica de corrida.9 Ortega et al.19
preensão das causas da hiperpronação e, consequentemente, do
comparando corredores e caminhantes, encontram diferenças nos
valores máximos de pronação subtalar, onde o grupo dos caminhantes surgimento de lesões decorrentes no quadril, joelho e tornozelo.
apresentaram uma maior pronação (16,27 graus na perna direita e
Agradecimentos
18,60 graus na perna esquerda) em relação aos corredores (9,73 graus
na perna direita e 10,13 na perna esquerda), mesmo os caminhantes Os autores agradecem a Fundação Araucária pelo apoio financeiro
apresentando velocidades de locomoção menores que os corredores. dado a pesquisa.
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Fernanda de Marchi Bosi Porto1, Marcelo Wiltemburg Alves1, André Luis Lugnani de Andrade2
Resumo Abstract
Objetivo: Avaliar clinicamente pacientes que foram submetidos a Objective: The purpose of this study was to clinically evaluate pa-
reparo artroscópico do manguito rotador (MR), pela técnica de sutura tients who underwent Arthroscopic Rotator Cuff Repair (MR) using
Mason-Allen modificada. Métodos: Foram avaliados 79 pacientes the Modified Manson-Allen technique. Methods: We evaluated 79
submetidos à artroscopia de ombro. As lesões foram reparadas patients who underwent shoulder arthroscopy. The lesions were
com a sutura Mason-Allen modificada entre os anos de 2003 e 2009, repaired using the modified Mason-Allen suture between 2003 and
divididos pela classificação de Cofield e avaliados clinicamente pelo 2009, divided by Cofield classification and clinically evaluated by
Sistema de Pontuação da Universidade de Los Angeles (UCLA) no the scoring system of the University of Los Angeles (UCLA) in the
pré e pós-operatório. Resultados: A avaliação do tamanho da lesão pre-and postoperative periods. Results: the evaluation of lesion
mostrou 7 lesões pequenas (<1cm), 55 lesões médias (de 1 a 3 sizes showed 7 small lesions (<1cm), 55 average lesions (1-3cm)
cm) e 17 lesões grandes (3 a 5 cm), sendo que nestas houve 5 and 17 large lesions (3-5cm), and in this last group there were 5
re-rupturas e os pacientes foram re-operados pela mesma técnica. reruptures and the patients were reoperated by the same tech-
Comparando os valores da UCLA no pré (14,1) e pós-operatórios nique. Comparing the pre (14.1) and postoperative (32.6) values
(32,6) houve melhora significante da pontuação (142,3 %,) inde- by UCLA system there was a significant improvement of score
pendente do tamanho da lesão. A sutura Mason Allen modificada (142.3%), regardless of lesion size. The modified Mason-Allen
proporcionou resultados clínicos satisfatórios independentemente do suture provided satisfactory clinical results, regardless of lesion
tamanho da lesão, similares aos encontrados na literatura. O índice size, similar to those found in literature. The rerupture rate was
de re-ruptura foi elevado nas lesões grandes. Novas técnicas de su- high in large lesions. New suture techniques have been developed
tura tem sido experimentadas com o objetivo de diminuir a incidência with the aim of reducing the incidence of rerupture. Conclusion:
de re-ruptura. Conclusão: A sutura Mason-Allen modificada propor- The modified Mason-Allen suture technique provided clinical im-
cionou melhora clínica, independentemente do tamanho da lesão. provement, regardless of lesion size.
Descritores: Manguito rotador. Artroscopia. Articulação do ombro. Keywords: Rotator cuff. Arthroscopy. Shoulder joint.
Citação: Porto FMB, Alves MW, Andrade ALL. Avaliação de pacientes submetidos à Citation: Porto FMB, Alves MW, Andrade ALL. Evaluation of patients undergoing ro-
sutura do manguito rotador com a técnica de Mason-Allen modificada. Acta Ortop Bras. tator cuff suture with the modified Mason-Allen technique. Acta Ortop Bras. [online].
[online]. 2013;21(3):163-6. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob. 2013;21(3):163-6. Available from URL: http://www.scielo.br/aob.
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
1. Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Fundação Centro Médico de Campinas, Campinas, SP, Brasil.
2. Departamento de Medicina Esportiva do Instituto Nova Campinas, Campinas, SP, Brasil.
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Marcelo Wajchenberg1, Rafael de Paiva Luciano1, Ronaldo Carvalho Araújo2, Délio Euláio Martins 1,
Eduardo Barros Puertas1, Sandro Soares Almeida2
Resumo Abstract
Objetivo: O polimorfismo da enzima conversora de angiotensina Objective: The I/D polymorphism of angiotensin-converting enzyme
(ECA) I/D e da α-actinina 3 (ACTN3) R577X está relacionado a varia- (ACE) and R577X of the α-actinin-3 (ACTN3) is related to changes
ções na função do musculoesquelético. O objetivo deste trabalho foi in skeletal muscle function. The aim of this study was to evaluate
avaliar a distribuição destes polimorfismos em uma família com múl- the distribution of these polymorphisms in a family with multiple
tiplos membros com escoliose idiopática do adolescente. Métodos: members with adolescent idiopathic scoliosis (AIS). Methods:
Avaliação de 25 indivíduos de uma família, com múltiplos membros Evaluated 25 subjects from a family with multiple members with
com escoliose idiopática, por meio da coleta de 10 ml de sangue AIS, by collecting 10mL of blood for DNA isolation. The genotyping
para extração de DNA. A genotipagem do polimorfismo I/D do gene of the I/D polymorphism of the ACE gene and the R577X of the
da ECA e R577X do gene da ACTN3 foi realizada utilizando sistema ACTN3 gene was performed using two specific primers to classify
de 2 iniciadores (‘‘primers’’) específicos, para classificar os indivídu- individuals as homozygous or heterozygous. Results: Regarding
os em homozigotos ou heterozigotos. Resultados: Em relação ao the ACE polymorphism it was found that 19 (76%) subjects were
polimorfismo da ECA encontrou-se 19 indivíduos DD (76%) e 6 ID DD and 6 (24%) ID. The prevalence of the D allele was 88% and
(24%). A prevalência do alelo D foi de 88% e do alelo I foi de 12%. the I allele was 12%. Regarding the ACTN3 polymorphism there
Quanto ao polimorfismo da ACTN3 observou-se seis indivíduos RR were 6 subjects RR (24%), 11 RX (44%) and 8 XX (32%). The
(24%), 11 RX (44%) e 8 XX (32%). A prevalência do alelo R foi 23 prevalence of the R allele was 23 (46%) and the X allele was 27
(46%) e do alelo X foi 27 (54%). Conclusão: Observou-se diferença (54%). Conclusion: There was a difference between the distribution
entre a distribuição do polimorfismo da ECA e da ACTN3 na família of the polymorphism of ACE and ACTN3 in the family studied. When
estudada. Ao avaliar o polimorfismo da ECA notou-se maior pre- assessing the ACE polymorphism a higher prevalence of the D allele
valência do alelo D em relação ao alelo I. Nível de Evidência III, was observed as compared with the I allele. Level of Evidence III,
Estudo Clinico, Transversal. Cross-sectional, Clinical trial
Descritores: Escoliose. Polimorfismo genético. Coluna vertebral. Keywords: Scoliosis, Polymorphism, genetic, Spine.
Citação: Wajchenberg M, Luciano RP, Araújo RC, Martins DE, Puertas EB, Almeida SS. Citation: Wajchenberg M, Luciano RP, Araújo RC, Martins DE, Puertas EB, Almeida SS.
Polimorfismo do gene da ECA e da α-actinina 3 na escoliose idiopática do adolescente. Polymorphism of the ace gene and the α-actinin-3 gene in adolescent idiopathic scoliosis.
Acta Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):170-4. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob. Acta Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):170-4. Available from URL: http://www.scielo.br/aob.
Introdução
categorias, de acordo com a idade em que a deformidade é no-
A escoliose idiopática é uma das mais freqüentes doenças da tada: infantil antes dos três anos, juvenil entre três e dez anos (ou
coluna vertebral, havendo relatos de sua incidência na população início da puberdade) e do adolescente quando aparece após os
mundial de 0,5% a 10%.1 É definida como desvio lateral na coluna dez anos ou após a puberdade.4,5
vertebral, associado à rotação, sem que haja causa conhecida, A prevalência da escoliose idiopática em estudos radiográficos, com
em indivíduos que não apresentam distúrbios neurológicos, mus- populações escolares variou entre 0,3% a 15,3%, porém quando se
culares ou outras doenças.2 O estudo radiográfico não demonstra consideraram apenas curvas maiores do que dez graus, as taxas
alterações vertebrais e apresenta curvas com mais de 10 graus, caíram para valores entre 1,5% e 3%. Em curvas maiores do que
mensuradas pelo método de Cobb.3 A deformidade progride du- 20 graus Cobb, a prevalência está entre 0,3% e 0,5% e em curvas
rante a fase de crescimento, podendo ser classificada em três maiores do que 30 graus a taxa é de 0,2% a 0,3%.5
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
1. Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP/EPM, São Paulo, SP, Brasil.
2. Departamento de Biofísica da Universidade Federal de São Paulo UNIFESP/EPM, São Paulo, SP, Brasil.
Trabalho realizado no Grupo de Coluna Vertebral do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Universidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Correspondência: Rua Borges Lagoa 783, 5º andar, Vila Clementino, São Paulo , SP, Brasil. CEP 04038-002. marcelow@einstein.br
MÉTODOS
Estudo transversal, da análise do polimorfismo da ECA e da ACTN 3
Figura 1. Radiografia em PA de coluna vertebral do pós-operatório da
em indivíduos de uma família com múltiplos membros com escoliose
paciente IBF 1.
idiopática relacionados a uma paciente (probanda) operada pelo Gru-
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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 13 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34
Para a PCR utilizou-se a seguinte condição: Início a 95ºC por 5 curvas maiores do que 15 graus, mensuradas pelo método de
minutos, seguindo 95ºC por 45 segundos, 60ºC por 45 segun- Cobb. Os membros com curva entre 5 e 14 graus foram conside-
dos, 72ºC por 45 segundos, retornando a 95ºC por 45 segun- rados suspeitos (S) e normais (N) quando tinha curva até 4 graus,
dos 35 vezes, 72ºC por 7 minutos e terminando com 4ºC por ou ausência de rotação.
tempo indeterminado. Em relação ao polimorfismo da ECA encontrou-se 19 indivíduos
A genotipagem dos alelos do polimorfismo R577X do gene da DD (76%) e 6 ID (24%). A prevalência do alelo D foi de 88% e do
ACTN3 foi realizada com sistema de dois iniciadores (‘‘primers’’) alelo I 12%. Quanto ao polimorfismo da ACTN3 observou-se 6
específicos (Primer Actn3f - 5’-CAG CTG GAGGA TGG CCT GG- 3’), indivíduos RR (24%), 11 RX (44%) e 8 XX (32%). A prevalência do
(Primer Actn3r - 5’-GTC CAG GTA TTT CTC TGC CAC C- 3’) que alelo R foi 23 (46%) e do alelo X foi 27 (54%).
franquearam a sequência onde ocorre o polimorfismo no gene, na fi- As características de cada membro da família e sua localização
nalidade de amplificá-los e classificar os indivíduos em RR, RX e XX. dentro da família estão descritos na Tabela 1.
Os reagentes que foram utilizados na PCR para identificação dos
genótipos depois de extraídos 10 µL do DNA foram: 2,5 µL de Tampão DISCUSSÃO
de PCR (10x), 1,25 µL de MgCl2 (50 mM), 1,0 µL de dNTPs (10 mM), A etiologia da escoliose idiopática do adolescente permanece
0,5 µL de primer Actn3f , 0,5 µL de primer Actn3r, 0,5 µL de Taq DNA desconhecida. Atualmente diferentes fatores têm sido sugeridos,
polimerase (5 U/µL), 5µL de H2O milli-Q autoclavada, 25 µL total. como o desvio do padrão do crescimento, as alterações neuro-
Para a PCR utilizou-se a seguinte condição: Início a 95ºC por 7 musculares ou do tecido conjuntivo, o crescimento assimétrico dos
minutos, seguindo 95ºC por 45 segundos, 60ºC por 45 segun- membros e tronco, alterações da configuração sagital da coluna
dos, 72ºC por 45 segundos, retornando a 95ºC por 45 segundos vertebral e fatores ligados ao meio ambiente.4,6,7
35 vezes, 72ºC por 10 minutos e terminando com 4ºC por tempo Em 1997 Meier et al.18, analisaram a reação muscular em pacientes
indeterminado.O fragmento amplificado nas reações foram analisa- que utilizaram colete para o tratamento da escoliose idiopática
dos por eletroforese em gel de agarose 4% contendo SYBR® Safe do adolescente, por meio de biópsias musculares.Estes auto-
DNA gel stain (Invitrogen) (0,2µg/mL). Após a verificação da integri- res citaram que a distorção da coluna vertebral seria causada
dade do DNA e da amplificação do gene na PCR, foram promovidas por desequilíbrio da musculatura paravertebral e relataram que a
as digestões pela enzima de restrição DdeI, e foi incubada a 37ºC convexidade da curva, na região dorsal, a distribuição das fibras
por 2 horas, sendo utilizado 8µL de DNA (≈6µg) da amostra, 1µL musculares segue o padrão de normalidade, com predominância
de tampão REACT 3 (10X), 1 µL de DdeI (10 U/µL) para um volume de fibras do tipo I. Na concavidade notou-se a diminuição das
final de 10µL. Novamente, o resultado foi analisado por eletroforese, fibras tipo I, com substituição por fibras do tipo IIC. Também foi
sendo desta vez visualizado em gel de agarose 3% contendo SYBR® referido que os pacientes que tinham curvas mais acentuadas
Safe DNA gel stain (Invitrogen) (0,2µg/mL). tinham menos fibras musculares do tipo I, tanto na convexidade
como na concavidade em relação aos pacientes com curvas me-
RESULTADOS nos severas. Concluiu-se neste trabalho que a utilização do colete
Entre os 25 membros da família 22 tinham algum grau de escolio- tornou a alteração muscular notada no ápice da deformidade,
se e nove tinham curvas com 15 ou mais graus de deformidade. distribuída pela região da escoliose, sugerindo que as alterações
Foram considerados afetados (A) pela doença os indivíduos com musculares encontradas na escoliose seriam secundárias.
O padrão de herança para a transmissão da escoliose idiopática do uma diferença de apenas dois graus (um com nove e outro com
adolescente ainda não é totalmente conhecido. Já foram sugeridas 11 graus) são classificados de forma diferente.3
heranças multifatorial, ligadas ao cromossomo X e autossômicas Outra alternativa para estudos genéticos é a utilização de marca-
dominantes.1,2,4,7,9 A partir de 2000 estudos de ligação genética, dores moleculares, previamente escolhidos e com posicionamento
em famílias com múltiplos membros afetados, sugeriram possíveis conhecido no genoma humano, como os SNPs. Autores como
regiões cromossômicas relacionadas à etiologia da escoliose idio- Chen et al.13 e Aulisa et al.14 realizaram estudos de polimorfismos
pática do adolescente. Utilizando esta técnica, Wise et al.8 em 2000, genéticos para tentar relacionar a escoliose idiopática do adoles-
descreveram as primeiras regiões relacionadas a escoliose idiopá- cente com alterações em determinados genes.
tica do adolescente, nos cromossomos 6p, 10q e 18q, ao estudar Neste trabalho procurou-se relacionar os polimorfismos da ECA e
uma extensa família com sete membros afetados por esta doença da ACTN3 com a EIA. O gene ECA está localizado no cromossomo
Alguns autores encontraram regiões ligadas a escoliose idiopática 17q23, próximo a região 17q25, descrita por Ocaka et al.,2 em
do adolescente ao cromossomo 17.2,9,11 Salehi et al.9 investigaram 2008 e o polimorfismo de I/D do gene da ECA permanece sendo
três gerações de uma família de origem italiana com 11 membros um dos marcadores genético mais estudados. Estudos recentes
afetados, que apresentavam curvas entre 10 e 20 graus e padrão mostram que o alelo I é mais frequente em atletas de resistência,
de herança autossômica dominante com penetrância completa. enquanto que o alelo D em atletas de força e explosão muscular.
Esse trabalho mapeou uma região de aproximadamente 20 cM no Desta forma, a variabilidade deste polimorfismo pode afetar o
cromossomo 17p11 ligada à escoliose idiopática. Outro estudo desempenho de determinados grupos musculares que agem na
realizado por Clough et al.,11 em 2010 confirmou, por meio do es- sustentação da coluna vertebral.16
tudo de ligação, a relação da região descrita por Salehi et al.,9 com A musculatura paravertebral tem função de sustentação e mo-
escoliose idiopática familiar, ao estudar 17 famílias que tinham um vimentação do tronco, sofrendo alterações significativas em pa-
membro (probando) afetado, do sexo masculino, que necessitou cientes com EIA, que tem deformidade do tronco nos três planos
tratamento cirúrgico para correção da deformidade . Ocaka et al. e significativa rotação. Os músculos multifídios são rotadores da
encontraram regiões cromossômicas nos cromossomos 9q34 e coluna vertebral e assim como o músculo longuíssimo da coluna
17q25.2 Wajchenberg et al.12 não encontraram ligação ao estudar tem como padrão histoquímico, em indivíduos normais (20 a 30
uma família do interior da Paraíba, com nove membros afetados. anos), predomínio de fibras do tipo I (57-62%).As fibras do tipo
A maior dúvida ao realizar estudos de ligação genética, para a II-A apareceram de 20 a 22% e as do tipo IIB estão presentes na
escoliose idiopática do adolescente, ocorre ao indicar quais pa- proporção de 18 a 22%.19 Esses músculos, assim como o músculo
cientes são afetados, pois a mensuração da curva, pelo método sóleo, tibial anterior, adutor do polegar, diafragma e musculatura
de Cobb, descrita em 1948 é dependente do examinador e pe- extraocular, necessitam de maior demanda de energia do que os
quenas variações na medida podem interferir na classificação do outros, com metabolismo fundamentalmente aeróbico, relacionado
indivíduo como afetado ou normal. Desta forma indivíduos com a fibras do tipo I.
Acta Ortop Bras. 2013;21(3):170-4
173
A redução da atividade da ECA, associado ao alelo I, tem sido poderia influenciar o desempenho muscular oposto a muscula-
relacionada com melhor eficiência muscular e consequentemente tura paravertebral, ou seja, com predomínio de fibras do tipo II
maior capacidade de resistência muscular em indivíduos saudáveis. (metabolismo anaeróbico).
Zhang et al. em 2003 associa a eficiência muscular com a presença Estudou-se então o polimorfismo da ACTN3, sabendo de sua
superior de fibra tipo I, por influência do alelo I, enquanto o genótipo influência sobre as fibras musculares do tipo II. Os indivíduos ho-
DD estaria relacionado a presença de fibras do tipo II, proporciona- mozigotos para o alelo 577X (XX) não expressam a α-actinina 3,
do força máxima nos músculos que tenham a predominância deste no entanto a deficiência desta proteína não resulta num fenótipo
tipo de fibra, como o quadríceps. Além disso, a ECA é responsável patológico como distrofia muscular ou miopatias, sugerindo
pela gênese do peptídeo vasoconstritor, a angiotensina II e pela que a isoforma ACTN2 (81% de homologia na sequência de
degradação da bradicinina. Desta forma concentrações elevadas aminoácidos) poderia compensar a ausência da α-actinina 3.17
de ECA (relacionadas ao alelo “D”) estariam vinculadas a reduzidos Sabe-se, no entanto, que indivíduos que expressam o gene ACTN3
níveis de bradicinina, proporcionado menor captação de glicose (genótipos RR ou RX) podem apresentar vantagem em atividades
e diminuição do fluxo sanguíneo muscular e consequentemente que exigem explosão e força muscular quando comparados com
prejudicando grupos musculares que tenham predominância de indivíduos com genótipo XX.
fibras musculares do tipo I, como os músculos multifídios e eretores Na referida família, diferentemente do polimorfismo da ECA, encon-
da coluna vertebral.20 trou-se maior equilíbrio na distribuição entre os homozigotos RR
Na família estudada notou-se a predominância do alelo D (88%). (24%), XX (32%) e os heterozigotos RX (44%), assim como os alelos
Tal fato pode afetar de forma negativa a musculatura paravertebral, R (46%) e X (54%), com distribuição similar a população controle.
principalmente os multifídios, que, conforme relatado anteriormen- Estas observações podem ser um indício de que haja relação entre
te tem maior quantidade de fibras musculares do tipo I, com ca- o polimorfismo da ECA e a EIA, devido à prevalência do genótipo
racterísticas aeróbicas, e função antigravitacional de resistência. DD e do alelo D, conforme os dados encontrados.
A distribuição destas variações na população é de 25% II, 50%
ID e 25% DD.Na referida família não se encontrou membros do CONCLUSÃO
genótipo II, havendo predominância de homozigotos para o alelo Neste estudo foi observada uma diferença entre a distribuição do
D (76%). Este resultado poderia ser explicado pelo fato de es- polimorfismo da ECA em relação a ACTN3 em uma família com
tudarmos apenas uma família, onde a variabilidade genética é múltiplos membros com diagnóstico de escoliose idiopática do
menor, assim decidiu-se estudar o polimorfismo de outra proteína adolescente. Ao avaliar o polimorfismo da ECA não encontrou-se
para avaliar a sua distribuição nesta família, além disso, podería- indivíduos homozigotos para o genótipo II entre os membros o que
mos também observar à prevalência de outro polimorfismo que levou a uma maior prevalência do alelo D em relação ao alelo I.
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Resumo Abstract
As fraturas proximais do fêmur em idosos representam um sério proble- The proximal femoral fractures in the elderly is a serious public health
ma de saúde publica. O tratamento cirúrgico dessa fratura serve para problem.. Surgical treatment of this fracture are used to reduce
reduzir as morbidades, juntamente com a fisioterapia pós-operatória. morbidity, together with postoperative physical therapy. The objective
O objetivo foi realizar uma revisão sistemática sobre protocolos de was to conduct a systematic review of physical therapy protocols in
fisioterapia no pós-operatório de fraturas proximais de fêmur em idosos.
postoperative for fractures of the proximal femur in elderly. We selected
Foram selecionados ensaios clínicos controlados e randomizados, em
idosos, dos últimos 10 anos, nos idiomas português e inglês. Resulta- randomized controlled trials in elderly in the past 10 years, in Portuguese
dos: Foram encontrados 14 artigos na literatura. A fisioterapia tem um and English. Results: There were 14 articles in the literature. Physical
papel importante na recuperação funcional desses idosos. therapy has an important role in functional recovery of the elderly.
Descritores: Idoso. Fraturas do quadril. Reabilitação. Keywords: Aged. Hip fractures. Rehabilitation.
Citação: Carneiro MB, Alves DPL, Mercadante MT. Fisioterapia no pós-operatório de Citation: Carneiro MB, Alves DPL, Mercadante MT. Physical therapy in the post-ope-
fratura proximal do fêmur em idosos. Revisão da literatura. Acta Ortop Bras. [online]. rative of proximal femur fracture in elderly. Literature review. Acta Ortop Bras. [online].
2013;21(3):175-8. Disponível em URL: http://www.scielo.br/aob. 2013;21(3):175-8. Available from URL: http://www.scielo.br/aob.
INTRODUÇÃO
preferência o cirúrgico, com colocação de material de osteossín-
A sobrevida da população mundial tem aumentado globalmente tese, por gerar estabilidade e um retorno funcional mais precoce,
nas últimas décadas. Este aumento da longevidade associa- de forma que o idoso não fique acamado por longo período de
do ao estilo de vida mais ativo dos idosos, da atualidade e tempo, agravando seu estado de saúde, podendo levá-lo a um
as comorbidades presentes nesta população como redução declínio funcional severo e até a morte.5
da força muscular, do equilíbrio, dos reflexos e da densidade Dentre os materiais de osteossíntese disponíveis para a aborda-
mineral óssea, resultando em osteopenia e osteoporose, tem gem cirúrgica destas fraturas têm-se as hastes cefalomedulares,
levado ao aumento dos casos de trauma e consequentemente placa e parafuso deslizante e próteses do quadril.5,6
fraturas na população geriátrica.1 Estas fraturas são a principal Após a fixação da fratura a fisioterapia se torna de extrema im-
causa de deficiência, comprometimento funcional e morte em portância para estes pacientes, visando à mobilização precoce,
pessoas idosas.2 o treino de marcha e outros métodos de tratamento para manter
As fraturas proximais do fêmur são comuns nesta faixa etária, ou restaurar possíveis déficits.7
destacam-se entre elas as intracapsulares (do colo do fêmur) e Portanto, este estudo tem como objetivo realizar uma revisão sis-
extracapsulares (transtrocantéricas e subtrocantéricas).2 temática da literatura sobre protocolos de tratamento fisioterapêu-
Há estudos que citam que após seis meses de uma fratura tico após fraturas proximais de fêmur tratadas cirurgicamente em
proximal do fêmur, menos da metade dos indivíduos recu-
pacientes idosos.
peram a função física que apresentavam antes da fratura. 3
Limitações de mobilidade são muito comuns e podem ser
parcialmente relacionadas à falta de força e potência muscu- MATERIAIS E MÉTODOS
lar. A perna fraturada pode ser 20% mais fraca do que a não O método utilizado foi uma revisão sistemática da literatura. Para a
fraturada entre 3 a 36 meses.4 busca utilizou-se as bases de dados Medline e Pubmed. As pala-
O tratamento preconizado para esses pacientes, atualmente, é de vras chaves tiveram como referência os descritores do DECs nos
Todos os autores declaram não haver nenhum potencial conflito de interesses referente a este artigo.
1. Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil.
Trabalho realizado na Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo – São Paulo, SP, Brasil.
Correspondência: Rua João Ramalho, 586, Perdizes. São Paulo, SP. Brasil. 05008-001. mfisioterapeuta@hotmail.com
Tabela 2. Tipo de fratura e osteossíntese usada na cirurgia. Um dado importante apontado em outro estudo, que também usa o
Autor/ano Tipo de fratura Osteossíntese treinamento de força como intervenção, é que em 83% dos partici-
Colo femoral (35%) pantes, a perna fraturada apresentou-se mais fraca. Esse déficit de
Mitchell et al.20, 2001 Não informado força e potência muscular assimétrico pode complicar a transferên-
Extra-capsulares (65%)
Colo femoral (41,7%) Artroplastia (41,7%)
cia de peso durante a fase de apoio da marcha onde apenas uma
Lamb et al.10, 2002 Extra-capsulares (33,3%) perna está sustentando o peso corporal, gerando um desequilíbrio,
Fratura cominutiva (25%) DHS e placa (58,3) principalmente lateral, onde se é relatado o maior índice de quedas.3
Colo femoral (52,2%) Artroplastia (41,1%) Há estudos que afirmam que o fortalecimento de músculos abdu-
Binder et al.9, 2004 Trocantérica (43,3%) tores e adutores do quadril aumentam essa estabilidade laterola-
Outras(4,4%) RAFI (58,9%) teral durante caminhadas, influenciando na melhora do equilíbrio
Scherrington et al.13, 2004 Não informado Não informado dinâmico do paciente.3
Artroplastia (27,3%) Os exercícios realizados com descarga de peso, certamente se-
Mangione et al.16, 2005 Não informado DHS (54,5%) guindo as restrições de descarga de peso dadas pelo médico
Haste intramedular (18,2%)
Colo femoral (64%)
responsável, se mostraram vantajosos e aumentaram também o
Artroplastia (72%)
Tsauo et al,19, 2005 Trocantérica (28%) equilíbrio dinâmico, além do desempenho funcional. Os idosos
Outras (8%) Fixação interna (28%) que participaram deste estudo realizaram exercícios na posição
Oldmeadow et al.11, 2006 Não informado Não informado bípede e foram comparados ao um grupo de exercícios em supino,
Gorodetskyi et al.18, 2007 Trocantérica (100%) DHS (100%) além de um grupo controle sem intervenção, durante 4 meses. O
Colo femoral (70%) Artroplastia (50%) autor justifica os ganhos, por conta de um melhor controle do cen-
Mendelsohn et al.8, 2008 Trocantérica (25%) tro de massa, possivelmente porque os exercícios em pé propor-
Subtrocantérica (5%) DHS (50%) cionaram um desafio maior para o sistema de controle postural.13
4
Portejigs et al. , 2008
Colo femoral * Artroplastia (46%) Um trabalho similar, porém realizado no domicílio do paciente relatou
Trocantérica * RAFI (54%) que apenas 3 semanas foram suficientes para os idosos obterem
Colo femoral (52,9%) maior confiança, equilíbrio, função física e melhor desempenho nas
Zidén et al.14, 2008 Trocantérica (37,3%) Não informado AVD’s e AIVD’s, quando comparados com indivíduos submetidos à fi-
Subtrocantérica (9,8%) sioterapia convencional em uma clínica. O autor justifica este achado,
Colo femoral (50%) Artroplastia (60%)
Moseley et al.12, 2009 pelo fato de ser incluso na fisioterapia domiciliar treino de atividades
Trocantérica (50%) DHS (40%)
do dia a dia do paciente tanto de autocuidado, como de ir a padaria
Colo femoral (42,3%) Artroplastia (30,8%)
Mangione et al.17, 2010
Trocantérica (57,7%) RAFI (69,2%)
ou comprar jornal na banca, por exemplo.14 Em outro trabalho de
Bischoff-Ferrari et al.15, 2010 Não informado Não informado
fisioterapia domiciliar, o número de quedas reduziu em 36%, isso tam-
DHS: Dynamic Hip Screw; RAFI: Redução Aberta com Fixação Interna. bém deve-se ao aumento da confiança, equilíbrio e funcionalidade.15
* Não informado porcentagem de tipos de fratura. Além disso, a reabilitação domiciliar tem que ser considerada
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nessa população, visto a dificuldade de acessibilidade, como falta de estimulação motora e analgesia, entre outras.14
de transporte, incapacidade ou medo de sair de casa.16,17 Há uma alta taxa de abandono da terapia por parte dos pacientes
Devemos também levar em conta um fator de extrema impor- idosos,19 isso se deve a intensidade dos exercícios que as vezes
tância que pode influenciar em nosso tratamento, a dor. Esta se tornam intoleráveis ou desmotivantes; a dificuldade de loco-
pode atrasar a recuperação, o nível elevado de dor no pós- moção, seja está por fator físico ou cognitivo e outras comorbi-
-operatório foi associado com um maior tempo de internação, dades que acabam interferindo na frequência do tratamento.17,20
uma menor adesão aos protocolos de tratamento fisioterapêu- O difícil acompanhamento dos idosos, citados por diversos arti-
tico e reduzida capacidade de deambulação até três dias após gos dificultam as pesquisas nesta área, pois reduz o número da
o procedimento. Em um estudo com Neuroestimulação Elétrica amostra, reduzindo assim a confiabilidade no estudo.
Transcutânea (TENS), a dor reduziu e a funcionalidade melhorou
significantemente.18 CONSIDERAIS FINAIS
Portanto, estudos têm demonstrado que pacientes com fratura de
quadril que participaram de algum tipo de fisioterapia, tendem a Na literatura não existe um tratamento fisioterapêutico específico
recuperar sua função física e qualidade de vida mais rápido quan- e detalhado para pacientes idosos no pós-operatório das fraturas
do comparados ao grupo controle. Como visto, diversas são as proximais de fêmur. Há uma tendência de que os exercícios de forta-
técnicas e modalidades fisioterapêuticas plausivéis no tratamento lecimento seriam a chave para melhora funcional destes pacientes.
de um paciente com este tipo de fratura, a reabilitação pode ser As evidências mostram que a fisioterapia tende a acelerar a recu-
domiciliar ou em clínica, pode-se usar técnicas manuais, fortale- peração do idoso, mas ainda não é garantia o retorno deste ao
cimento, treino de propriocepção, de marcha, AVD’S, aparelhos seu estado funcional pré-fratura.
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