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ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
Antes de conquistarmos a “era dos direitos”, a pessoa com deficiência passou um lon-
go período de segregaçã o e exclusã o. Sua histó ria nã o foi nada tranqü ila, vivendo mo-
mentos de exílio, torturas e mortes, sofrendo o peso de séculos de discriminaçã o e
mar- cada também por idéias errô neas e excludentes.
A histó ria da educaçã o brasileira mostra-nos que a educaçã o foi centro de aten-
çã o e preocupaçã o apenas nos momentos e na medida exata em que dela senti-
ram necessidade os segmentos dominantes da sociedade (JANNUZZI, 2004, p. 1).
Durante muito tempo, a elite educou seus filhos em outros países; traziam de
lugares distantes professores estrangeiros para cuidar do ensino das primeiras letras
dos mais abastados. Somente quando o sistema de produçã o exigiu mã o-de-obra quali-
ficada, as classes populares tiveram maior acesso à educaçã o escolar.
cessem com anomalias. A prá tica indígena de abandono, extermínio e segregaçã o con-
dizem com a realizada na Antigü idade Grega e Romana já citadas anteriormente.
Com a expulsã o dos Jesuítas pelo Marquês Pombal, em 1750, ocorreu o que
pode ser classificado como desorganizaçã o do ensino no Brasil pela falta de professo-
res e diretrizes pedagó gicas. Esta situaçã o perdurou até a chegada da família real.
Com a chegada da família real ao Brasil, em 1808, inicia-se uma nova visão
sobre a educaçã o escolar relativamente à deficiência. Formaliza-se o início do Para-
digma da Institucionalizaçã o, pois a política vigente passa a aderir parte da proposta
de atendimento à pessoa com deficiência.
Os médicos acreditavam que com o uso da pedagogia e com as prá ticas das
instituiçõ es escolares nos hospitais psiquiá tricos, poderia haver uma melhora do qua-
dro da deficiência mental. Defendiam a tese que o estado mental de algumas crianças
poderia melhorar se essas fossem tratadas em locais nos quais pudessem receber cui-
dados especiais.
Com a Proclamação da Repú blica, muitos brasileiros que foram estudar no ex-
terior retornam trazendo novas idéias para mudar o país. Concomitante à s vá rias idéi-
as para modernizar o Brasil, estava a proposta de expansã o das instituiçõ es de atendi-
mento especial de natureza privada e assistencial para pessoas com deficiência, isso
porque a educaçã o escolar ainda nã o havia sido assumida formalmente pelo Estado,
como explicitam as Constituiçõ es Brasileiras de 1824 e 1891.
Ressalta Mendes (2002, p. 63) que, no início do século XX, a escola passou a
ti- rar do ensino regular crianças que fracassavam surgindo, desse modo, as classes
espe- ciais nas escolas pú blicas. Há também um significativo aumento das escolas
especiali- zadas no atendimento educacional de pessoas com deficiência.
Nos anos 50, houve um significativo aumento das entidades assistenciais pri-
vadas que se conglomeraram em federaçõ es nacionais ou estaduais. Aumentou tam-
bém o atendimento ao aluno deficiente na rede pú blica com o oferecimento de
Serviços de Educaçã o Especial e as campanhas nacionais de educaçã o para esse
segmento popu- lacional. Esta década é marcada pela industrializaçã o e aumento da
urbanizaçã o no Brasil.
Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educaçã o Nacional, nº. 4.024/61, pela pri-
meira vez na histó ria da educaçã o do Brasil, prevê-se o compromisso do Estado com a
educaçã o das pessoas deficientes. No texto, há referência sobre a proposta de atendi-
mento do aluno com deficiência no contexto da educaçã o regular, desde que possível
(Título X, artigos 88º e 89º). Tal Lei garantia também apoio financeiro à s instituiçõ es
privadas, uma vez que estas estivessem credenciadas pelos Conselhos Estaduais de
Educaçã o. Desse modo, o governo incentivou o fortalecimento do setor privado para o
atendimento ao deficiente.
Para Romanelli (1978), entre os anos de 1930 a 1930, em relaçã o ao campo polí-
tico, há no campo educacional, Francisco Campos que renovou o Ensino Superior por
meio das suas reformas, o que levou ao estremecimento a relaçã o entre os pioneiros e
os conservadores. Entre 1937 e 1946, na educaçã o, com Gustavo Capanema, estabele-
cem-se as Leis Orgâ nicas e a criaçã o do SENAI e SENAC, reorganizam-se o ensino
primá rio e secundá rio, que passam a ser constituído pelas modalidades: giná sio, de
quatro anos, e colegial, de três anos, esse dividido entre clássico, científico e normal.
As escolas técnicas do sistema oficial de ensino nã o conseguiram acompanhar o
desenvol- vimento tecnoló gico e acabaram com poucos alunos; havia, portanto, um
sistema dual de ensino, ou seja, uma escola para a elite e uma escola para as classes
populares. A educaçã o possuía cará ter enciclopédico e carregado de disciplinas.
Entre os anos de
1946 e 1961, há conflitos ideoló gicos marcantes entre a esquerda e a direita e a oposiçã o
entre escola pú blica e privada.
Nos anos 80, o país viveu uma efervescência de novas tendências com relação
à sociedade e a pessoa deficiente. Kassar (1999) afirma que nesse período o país
estava em processo de reconstruçã o da sociedade democrá tica, já que havia
permanecido por vinte e um anos sob o regime da ditadura militar. Vários debates
foram realizados, na época, relacionados aos direitos humanos e das minorias. Com
relação aos deficientes, a discussã o gerava em torno dos seus direitos e da
possibilidade de uma vida integra- da em sociedade.
específico do art. 175º: §4º Lei especial sobre assistência à maternidade, à infâ ncia e à
adolescência e sobre a educaçã o de excepcionais (ASSIS; POZZOLI, 2005).
Para Assis e Pozzoli (2005, p. 203), a Constituiçã o de 1988, vigente até os dias
atuais, foi escrita sob a forte influência dos pressupostos políticos do neoliberalismo.
As normas genéricas estabelecem os princípios que garantem a dignidade da pessoa
humana, a cidadania, a liberdade e a igualdade. Os autores especificam as normas
constitucionais em relaçã o à s pessoas com deficiência:
pú blico começava a assumir seu papel na educaçã o escolar do aluno com necessidade
educacional especial, porém o setor privado continuava atuante na á rea.
sem fins lucrativos. Além disso, podemos citar que tal lei favoreceu a descentralizaçã o
do poder na gestã o educacional, proporcionado as bases para a construçã o do sistema
educacional inclusivo.
Em 1998, com a publicaçã o dos Parâ metros Curriculares Nacionais, houve por
parte do governo federal o estabelecimento de diretrizes curriculares para o desenvol-
vimento de um processo educacional mais significativo e eficaz.
Em 1999, o Decreto 3.298 regulamentou a Lei nº. 7.853 (1989) que dispõ e sobre
a Política Nacional para Integraçã o da Pessoa Portadora de Deficiência. Estabelece, em
seu art. 1º, que “a Política Nacional para a Integraçã o da Pessoa Portadora de Deficiên-
cia compreende o conjunto de orientaçõ es normativas que objetivam assegurar o
pleno exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de
deficiência”. Es- tabelece, como objetivo, no art. 7º, “o acesso, o ingresso e a
permanência da pessoa por- tadora de deficiência em todos os serviços oferecidos à
comunidade”.
Enfim, estamos num momento civilizató rio importante, em que de um lado fica-
mos perplexos com a crise em relaçã o ao trabalho, subvalorizados em vista de
uma economia fincada no enriquecimento à base do monetarismo; em que o des-
respeito aos direitos humanos inspira as mais cruéis agressõ es; porém, de outro
lado, há grande avanços em relaçã o ao conhecimento em diversas á reas,
inclusive operacionalizado por tecnologias que sã o capazes de substituir ó rgã os,
prolongar a vida, minorar sofrimentos etc. Será preciso repensar em conjunto
todos esses caminhos promissõ es, que apontam novos rumos educacionais;
continua, porém o grande desafio de modificar a organizaçã o social para que seja
possível a apro- priaçã o de benefícios a todos os brasileiros. (JANNUZZI, 2004, p.
199).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Salete F. Reconhecimento da diversidade humana: essê ncia da escola
inclusiva. Conferê ncia. Texto digitado. UNESP-Bauru. Bauru, SP, 2005.
ASSIS, Olney Queiroz; POZZOLI, Lafayette. Pessoa portadora de deficiê ncia: direitos e
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Salamanca e Linhas de Açã o sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília, 1994.
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