Renda não tão

fixa assim

Entenda como a marcação

a mercado afeta seus
investimentos
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levanteideias.com.br
Olá, investidor! Tudo bem?
A renda fixa é frequentemente
associada a investimentos mais
seguros, previsíveis e defensivos,
que não oferecem um risco tão
alto quando os ativos de renda
variável.
Entretanto, muitos investidores
se surpreendem na hora de
resgatar investimentos de renda
fixa quando se deparam com um
valor disponível para resgate
inferior à quantia inicialmente
investida. Da mesma maneira, o
inverso também pode acontecer,
e o investidor pode resgatar
um valor ainda maior do que a
soma do valor aportado no ativo
e os rendimentos pagos no
período.
Isso acontece devido a um
fenômeno conhecido como
marcação a mercado, que
funciona como uma atualização
diária dos preços de uma série de
ativos tanto de renda fixa quanto de
renda variável, como alguns títulos
públicos e fundos de investimento.
Mesmo entre os investidores mais
experientes, a marcação a mercado
pode gerar confusão, uma vez que são
poucos aqueles que a compreendem
por completo. Entretanto, é
importante entender como esse
fenômeno afeta seus investimentos
para que você possa se planejar para
evitar perdas em caso de resgate
antecipado – ou até mesmo lucrar
quando o momento for oportuno.
Neste relatório, explicaremos o que é a
marcação a mercado, como ela
funciona e de que forma ela pode
impulsionar seus ganhos com
investimentos em renda fixa.
1. O que é a marcação a
mercado?
2. Definindo preços da renda
fixa
3. Marcação a mercado no
Tesouro Direto
4. Conclusão
O que é a marcação a mercado?

Se você nunca ouviu falar em marcação
a mercado ou se a conhece apenas pelo
nome, ela pode soar como mais um
conceito complicado do mercado
financeiro – mas calma, na verdade é
bem simples de entender.
A marcação a mercado nada mais é do
que a atualização, normalmente diária,
dos preços de algumas classes de
ativos. Essa atualização diz respeito ao
“valor presente” do ativo em questão,
ou seja, representa o preço pelo qual
esse ativo poderia ser vendido naquela
data específica.
privado que tem seu valor presente
definido dessa forma, o valor do resgate
será correspondente ao preço do ativo
de acordo com a marcação a mercado.
Vale ressaltar que nem todos os ativos
estão sujeitos à marcação a mercado,
mas boa parte dos títulos públicos,
títulos de dívida privada e fundos de
investimentos têm seus preços
definidos dessa maneira.

O cálculo da marcação a mercado pode

variar a depender da classe de ativos
em questão, mas pode-se dizer que a
precificação dos ativos por esse
método depende principalmente da
oferta e da demanda pelo ativo, da
variação da inflação e dos juros e das
expectativas do mercado para o futuro
da economia. Caso essa explicação
tenha soado um pouco vaga, fique
tranquilo, exemplificaremos como
isso funciona na prática ao longo do
texto.

Assim, quando um investidor vai

resgatar antecipadamente uma
aplicação em um título público ou
 Definindo preços da renda fixa
Ao aplicar seus recursos em um
investimento de renda fixa, você
consegue ter uma noção de quais serão
os rendimentos obtidos na data de
vencimento do título em questão.
No caso dos títulos prefixados, a
rentabilidade fica definida já na data
do investimento, sendo possível
calcular com precisão quanto você
receberá na data do vencimento da
aplicação.
Já no caso de títulos de renda fixa
pós-fixados, ou seja, aqueles cuja
rentabilidade está atrelada a um
indicador como a taxa básica de juros
ou a inflação, não é possível prever
com certeza quanto você receberá,
mas ainda assim você consegue ter uma
noção da rentabilidade do ativo ao
longo do tempo.
Contudo, na maioria dos casos, o
investidor só recebe o valor acordado
no momento da aplicação se mantiver
o dinheiro investido até a data do
vencimento. Caso decida resgatar
antes dessa data, o preço levado em
consideração não será o preço pago no
momento do investimento, mas sim o
preço estipulado pela marcação a
mercado.
Como o valor presente do ativo definido
pela marcação a mercado está sujeito a
inúmeros fatores que fogem do
controle do investidor, o preço do
resgate pode ser tanto menor quanto
maior do que o preço pago no momento
da contratação, o que cria não somente
riscos de perdas com investimentos em
renda fixa, mas também
oportunidades de ganhos que
superam a rentabilidade oferecida
pelo título em questão na data do
vencimento.
A seguir, utilizaremos um dos títulos
disponíveis para compra no Tesouro
Direto para exemplificar como isso
acontece.
Marcação a mercado
no Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa da

Secretaria do Tesouro Nacional que
permite que pessoas físicas comprem
títulos da dívida pública pela internet,
de maneira simples e transparente.

Na plataforma do Tesouro Direto,

existem três categorias de títulos
públicos disponíveis para compra:
Tesouro Prefixado, Tesouro IPCA+ e
Tesouro Selic. O que diferencia esses
títulos uns dos outros é a forma como
sua rentabilidade é calculada.

Os títulos dos tipos Tesouro Prefixado e

Tesouro IPCA+ têm sua precificação
diária definida pela marcação a
mercado, enquanto o Tesouro Selic, por
ter a taxa básica de juros como
indexador, é de certa forma imune a
esse fenômeno. Enquanto a Selic estiver
em terreno positivo, a rentabilidade dos
títulos do tipo Tesouro Selic também
será positiva – mesmo em caso de
resgate antecipado.

Sendo assim, utilizaremos um título do

tipo Tesouro Prefixado para
exemplificar como a marcação a
mercado pode afetar a rentabilidade
dos investimentos em renda fixa.

Nos títulos prefixados, existe uma

relação inversamente proporcional
entre o movimento da taxa de juros e o
preço do ativo de acordo com a
marcação a mercado. Falando de
maneira mais simples, quando você
compra um título e a taxa de juros cai,
a tendência é que seu ativo se valorize.
Já em caso de alta dos juros, a
tendência é que seu título diminua de
preço.
Imagine que no dia 7 de junho de 2022
você investiu R$ 1.000,00 no Tesouro
Prefixado com vencimento em 2029, a
uma taxa de 12,73% ao ano e com valor
unitário por título de R$ 456,53. No
momento do resgate, o valor total
bruto a ser recebido será de R$
2.168,91, que após o pagamento de
Imposto de Renda e taxas ficará em R$
1.966,15 líquidos.
Nota-se que a taxa oferecida pelo título
estava bem próxima da Selic na mesma
data, que estava em 12,75% ao ano no
momento. Isso acontece porque os
títulos prefixados do Tesouro tendem
a acompanhar as taxas de juros,
refletindo não apenas a taxa básica de
juros no momento, como também a
expectativa do mercado para os juros
no curto prazo.
Assim, imagine um cenário no qual a
situação econômica do país melhore
significativamente e a inflação volte a
convergir para o centro da meta,
fazendo com que a taxa de juros recue
para 6,00% ao ano em um intervalo de 2
anos.
Nesse cenário hipotético, você teria em
mãos um título que ainda paga 12,73%
ao ano – mais de duas vezes maior do
que a taxa básica de juros –, uma
rentabilidade bastante atrativa nesse
cenário. Quando você possui um ativo
que paga mais do que a média do
mercado em um determinado
momento, mais pessoas terão interesse
em comprar esse ativo de você, e a
tendência é que esse título se valorize.
Dessa forma, ao vender o título
antecipadamente, você poderia
receber uma quantia ainda maior do
que os R$ 1.966,15 que seriam pagos na
data do vencimento.
Contudo, caso a situação econômica
siga se deteriorando em ritmo
acelerado e o Banco Central se veja
obrigado a elevar os juros ainda mais,
chegando ao patamar de, digamos,
16,75% ao ano, seu título estaria
oferecendo uma rentabilidade
significativamente menor do que a
Selic, tornando-se menos atrativo.
Nesse cenário, igualmente hipotético,
diminui o interesse do mercado no seu
título, que estaria oferecendo uma
remuneração anual inferior à média.
Assim, você poderia até mesmo perder
dinheiro ao tentar resgatar o
investimento antecipadamente, uma
vez que o mercado poderia estar
disposto a pagar ainda menos do que
os R$ 1.000,00 investidos inicialmente
pelo seu título.
Conclusão
Invista de acordo com seus objetivos

Na hora de investir em renda fixa, não basta olhar apenas

para a rentabilidade oferecida pelo título em questão, há
uma série de outros fatores que devem ser levados em
consideração.

Em primeiro lugar, é preciso saber se você pode precisar do

dinheiro investido antes da data do vencimento do título
em questão. Caso exista esse risco, é importante buscar
títulos que não sejam suscetíveis ao efeito da marcação a
mercado, como o Tesouro Selic, que, à exceção de casos
absolutamente atípicos, como a Selic negativa, pode ser
resgatado antes do vencimento sem ocasionar prejuízo para
o investidor.

Caso sua intenção seja deixar os recursos aplicados durante

todo o prazo previamente estipulado, a marcação a
mercado não interferirá em seu investimento, uma vez que
você receberá exatamente o valor investido mais os
rendimentos correspondentes ao período da aplicação na
data do vencimento, estando esses valores sujeitos à
cobrança de Imposto de Renda.

Por fim, caso sua intenção seja se aproveitar de uma

tendência econômica para se beneficiar da valorização do
título adquirido e vendê-lo antecipadamente, é preciso
analisar cuidadosamente o cenário macroeconômico e as
tendências para a inflação e os juros no curto e no médio
prazo para não cair em uma armadilha.

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