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Psicologia e Educação

Inclusiva
Educação Inclusiva: Aspectos
Históricos e Conceituais

Professora Dra. Janaína Gaia


Psicóloga / Neuropsicóloga CRP 15/3365
Introdução ao tema
Questionamentos prévios:

O que compreendemos por educação inclusiva?

Já tivemos alguma experiência na área através de aluno/paciente com


necessidades especiais?

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Primeiros grupos de humanos na
Terra
• Não há indícios de como se
comportavam em relação aqueles
com algum tipo de deficiência.
• Sobrevivência em ambiente hostil.
Fonte: Ampid, 2015.
Grécia e Roma
• Institucionalização do abandono
da pessoa com deficiência e do
direito a eliminação das crianças
após o parto, mediante aval do
próprio Estado, que tinha o direito
de não permitir “cidadãos
disformes” (AMARAL, 1995).
Fonte: Ampid, 2015.

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A descoberta de restos mortais de 450 crianças (sobretudo bebês
recém-nascidos) em um poço na Ágora de Atenas revela questões
relevantes sobre a infância na época.

As crianças só eram incorporadas à


sociedade depois de um ritual ocorrido
até 10 dias após o nascimento.

Alta taxa de mortalidade infantil na


Antiguidade.
Fonte: American School of Classic Studies
in Athens, 1931.

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Egito Antigo e a pessoa com deficiência

• Evidências arqueológicas evidenciam: há mais de cinco mil anos, a


pessoa com deficiência integrava-se nas diferentes e
hierarquizadas classes sociais (faraó, nobres, altos funcionários,
artesãos, agricultores, escravos).

• A arte egípcia, os afrescos, os papiros, os túmulos e as múmias estão


repletos dessas revelações.

• Os estudos acadêmicos baseados em restos biológicos, de mais ou


menos 4.500 a.C., ressaltam que as pessoas com nanismo não
tinham qualquer impedimento físico para as suas ocupações e
ofícios, principalmente de dançarinos e músicos (Gugel, 2007).

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Os especialistas revelam que os
anões eram empregados em casas de
altos funcionários, situação que lhes
permita honrarias e funerais dignos. A
múmia de Talchos, da época de Saíta
(1.150 a 336 a. c.), em exposição no
Museu do Cairo, traz indicações de
que era uma pessoa importante, já os
papagaios contendo ensinamentos
morais na Antigo Egito, ressaltam a
necessidade de se respeitar as
pessoas com nanismo e com outras
deficiências.

Músico anão – V Dinastia . Oriental Institute Chicago.

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Papiro médico, contendo procedimentos para curar os olhos – Museu Britânico.

O Egito Antigo foi por muito tempo conhecido como a Terra dos Cegos,
porque seu povo era constantemente acometido de infecções nos
olhos, que resultam em cegueira.
Os papiros contêm fórmulas para tratar de diversas, dentre elas a dos
olhos.

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A pessoa com deficiência física, tal como
o Porteiro de Roma de um dos templos
de deuses egípcios, exercida
normalmente suas atividades, conforme
revela a Estela votiva da XIX Dinastia e
originária de Menphis, que pode ser visita
No Museu Ny Carlsberg Glyptotek, em
Copenhagen, Dinamarca.
Essa pequena placa de calcário traz a
representação de uma pessoa com
deficiência física, sua mulher e filho,
fazendo uma oferenda à deusa Astate,
da mitologia fenícia. A imagem indica,
segundo os médicos especialistas, que
Roma teve poliomielite.

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A China contemporânea e os contextos
culturais no lidar com a inclusão

Fonte: Liy (2017).

A intolerância da sociedade chinesa frente às pessoas com deficiência;


O abandono de crianças em orfanatos chineses: mais de 95% são portadoras
de alguma deficiência (física, intelectual, p.ex.).
Cultura chinesa: até o fim do século passado, pessoas com deficiência eram
chamadas de canfei (deficientes e inúteis): sendo percebidos como sofredores
de algum castigo divino ou um tipo de marca moral.
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A rejeição intrínseca na sociedade;

Orfanatos chineses: é comum encontrar adultos que foram abandonados


quando crianças e não passaram pelo processo de adoção (Sakamoto, 2017).

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Declaração de Salamanca: Princípios, Políticas e
práticas na Àrea das Necessidades Educativas
Especiais (1996)

Fonte: ONU, 1996.


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Não utilizar o termo: “deficiente”, mas sim a expressão “pessoa com
deficiência”.

Lei nº 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: preconiza


que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos o currículo, os
métodos e recursos específicos para atender às suas necessidades.

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Fonte: G1, 2016.

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Escolaridade e inclusão

• Grau de instrução: as diferenças


educacionais são evidentes, em
que 33% da população sem
instrução ou com menos de três
anos de estudo são portadores de
deficiência (IBGE, 2010).

• Disparidade ocorre quanto maior


é o nível de instrução: aqueles
com mais de 11 anos de estudo,
somente 10% são pessoas com
deficiência.

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Crianças e adolescentes com
deficiências matriculados em escolas
no nível fundamental
Necessidade urgente de providências quanto à
inclusão das crianças com deficiência nas
escolas regulares e, principalmente, de preparar
este espaço pedagogicamente, espacial e
organizacionalmente, para inclusão real das
crianças.
População de crianças com deficiência (7-14
anos): taxa de escolarização em 88,6%, seis pontos
percentuais abaixo da taxa de escolarização de
crianças na mesma faixa etária, com 94,5% (Kasper
et al., 2008).

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Não faz sentido estudantes com deficiências participarem
efetivamente apenas da educação básica. Quando concluírem o
ensino médio, encontrarão espaços sociais para além dos muros
escolares, prontos para a exclusão (CAMARGO, 2017).

Inclusão, portanto, é uma prática social que se aplica no trabalho, na


arquitetura, no lazer, na educação, na cultura, mas, principalmente,
na atitude e no perceber das coisas, de si e do outrem.

Na área educacional, o trabalho com identidade, diferença e


diversidade é central para a construção de metodologias, materiais e
processo de comunicação que atendam o que é comum e o que é
específico entre os estudantes.

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IBGE (2005): o percentual total de pessoas com deficiência no Brasil é similar ao de
outros países que utilizam os mesmo parâmetros (Áustria, Espanha, Inglaterra e
Noruega, p.ex.), com variações entre 12,2% a 15%.
Aspectos comuns: desigualdade de oportunidades, exclusão, segregação (FGV,
2003).
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Classificação internacional de doenças

Classificação de Transtornos Mentais e de


Comportamento - CID-10 (1992) atual CID – 11 (2022):
• Elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS);
• adotado no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS);
• abrange todas as doenças, incluindo os transtornos
mentais.
Codificação CID 10
A00-B99: Doenças infecciosas e parasitárias
(Tuberculose, hepatite viral).
D50-D89: Doenças do sangue e de seus órgãos
formadores (Anemias).
G00- G99: Doenças do sistema nervoso (Alzheimer,
Parkinson).

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Classificação internacional de doenças

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos


Mentais

-DSM-5 (2013):

• Elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria.


• Abrange apenas os transtornos mentais.
• Utilizado amplamente em ambientes de pesquisa,
porque possui itens mais detalhados (tópicos).

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✔ 18 de junho de 2018: OMS divulgou a nova Classificação
Internacional de Doenças (CID-11).

✔ Há mais de uma década em desenvolvimento, a CID-11 fornece


melhorias significativas em relação às versões anteriores.

Pela primeira vez, é completamente eletrônica e possui um formato


que facilita seu uso.

✔ Houve um envolvimento de profissionais de saúde, que se uniram


em reuniões colaborativas e submeteram propostas. A equipe da
CID na sede da OMS recebeu mais de 10 mil propostas de revisão.
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Maio de 2019: a CID-11 foi apresentada durante a Assembleia Mundial
da Saúde:

✔ Uma pré-visualização que permitiu aos países planejar seu uso,


preparar traduções e treinar profissionais de saúde.

✔ Entrou em vigor no ano de 2022.

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Referências
Ferreira, A.; Souza, V. Significações de alunos de inclusão e de seus professores sobre as relações que
estabelecem na escola. In: XXV Encontro de Iniciação Científica Puc-Campinas, 2020. Anais do XXV
Encontro de Iniciação Científica.

GUGEL, Maria aparecida Gugel. Pessoas com Deficiência e o Direito ao Trabalho. Florianópolis: Obra
Jurídica, 2007.

LIY, Macarena. As crianças que a China não quer ver. In: El País. Internacional, 2017. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2017/06/23/internacional/1498220111_078271.html>

MEC. Ministério da Educação. A consolidação da inclusão escolar no Brasil 2003 a 2016. Brasília:
MEC, 2016.

SILVA, Otto Marques da. A Epopéia Ignorada: a pessoa deficiente na história do Mundo de ontem e de
hoje. São Paulo: CEDAS, 1986.

ONU – Organização Nacional das Nações Unidas. DECLARAÇÃO DE SALAMANCA: Sobre Princípios,
Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. 1996. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf>

PROSPED – PUC. Pesquisa do IBGE revela dados sobre inclusão. 2021. Disponível em:
<https://prosped.com.br/noticias/pesquisa-do-ibge-revela-dados-sobre-inclusao/>

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