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DIABETES MELLITUS

Conceito histórico
Diabetes Mellitus

Do grego: Sifão (passar através) Do latim: Doce

(CASTRO; TOIMIL; VIVOLO, 2016)


Conceito histórico
Claud Bernard:
Relatos de indivíduos Constatou aumento na
com sangue glicemia dos
adocicado e portadores de DM,
presença de açúcar caracterizando um sinal

1500 AC 1776 1788 1850 1889

Aretaeus: Relação entre Von Mering &


Observou doença pâncreas e diabetes Minkowski:
com poliuria, sugerida pela Verificaram a
chamou de diabetes primeira vez pancreactomia em
Comparado à água cães provocava sinais
que passa por um semelhantes ao DM
sifão
Permitiu o reconhecimento das
ilhotas de Langerhans
(CASTRO; TOIMIL; VIVOLO, 2016)
Conceito histórico
1921 Frederick Banting & Charles Best
Comprovaram que a administração de
insulina de porco e boi era capaz de
beneficiar na redução de insulina em cães
pancreactomizados

Neste mesmo ano, foi


feita a primeira
aplicação de insulina
em humanos com fins
terapêuticos

Prêmio Nobel de Medicina


(CASTRO; TOIMIL; VIVOLO, 2016)
para Frederick Banting
Epidemiologia

463
Milhões 9,3% da população

Mais de
$760 bilhões
investidos
(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2019)
Epidemiologia

463
Milhões

700 Estimativa para


2045

Milhões 10,9% da população


(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2019)
Epidemiologia

(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2019)


Definição
Conjunto de distúrbios metabólicos caracterizados pela
hiperglicemia

Incapacidade de
levar a glicose
plasmática para
dentro das células

Defeitos na secreção de insulina


Ou
Defeitos na ação da insulina

As duas ao mesmo tempo


Maior parte dos casos

(SHAN et al., 2015; CASTRO; TOIMIL; VIVOLO, 2016; PORTH; GROSSMAN, 2016)
Classificação
3 PRINCIPAIS
(ADA,1997)

Tipo 1 Tipo 2 Gestacional


(DM1) (DM2) (DMG)
(PORTH; GROSSMAN, 2016)
Diabetes Mellitus - Tipo 1
Principal causa Destruição progressiva das células beta
da Produção de insulina afetada
hiperglicemia

Uso de
insulina
exógena ?

SIM!

Casos
5 a 10 % do total
de casos de DM
(PORTH; GROSSMAN, 2016)
Diabetes Mellitus - Tipo 2
Principal causa Resistência à ação da insulina
da
hiperglicemia

Uso de
insulina
exógena ?

Apenas em casos em que NÃO!


houve comprometimento do
pâncreas

Casos
90 a 95 % do total
de casos de DM
(PORTH; GROSSMAN, 2016)
Diabetes Mellitus - Gestacional

Qualquer grau de
intolerância à glicose ou
hiperglicemia que ocorre
inicialmente durante a
gestação

Afeta cerca de 7%
das gestantes

(PORTH; GROSSMAN, 2016)


Diabetes Mellitus - Outros tipos
Secundários a defeitos genéticos em função das células
beta
Diabetes da maturidade no jovem
(MODY)

Gene do fator nuclear do hepatócito 4a (HNF4A) — MODY 1

Gene da glicoquinase (GCK) — MODY2

Gene do fator nuclear do hepatócito 1a (HNF1A) — MODY 3

Gene do homeobox I pancreático e duodenal (PDX1) — MODY4

Gene do fator nuclear do hepatócito 1b (HNF1B) — MODY5

Gene do fator 1 de diferenciação neurogênica (NEUROD1) — MODY6

(AMEDICAN DIABETES ASSOCIATION, 2010; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013; PORTH; GROSSMAN, 2016)
Diabetes Mellitus - Outros tipos
Secundários a defeitos genéticos na ação da insulina

Mutações nos
receptores
insulínicos

(PORTH; GROSSMAN,
(AMEDICAN DIABETES2016)
ASSOCIATION, 2010; KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013; PORTH; GROSSMAN, 2016)
Sinais e Sintomas

3 POLIS

Poliúria Polidipsia

Polfagia

Relacionados principalmente à hiperglicemia, independentemente do tipo do


DM
(KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013; PORTH; GROSSMAN, 2016)
Sinais e Sintomas

Outros sintomas

Emagrecimento
Borramento visual
Fadiga
Infecções cutâneas

Infecções por cândida – queixa inicial


frequente em mulheres

(KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013; PORTH; GROSSMAN, 2016)


DIABETES MELLITUS
TIPO 1
Epidemiologia
Incidência
5 a 10 % do
15 a cada 100.000 pessoas
total de casos
de DM
Prevalência

9,5%

É o tipo mais comum em


casos de crianças e
adolescentes (80 a 90%)

DIABETES DE CRIANÇA
(KHARROUBI, 2015; MOBASSERI et al., 2020)
Desenvolvimento

A destruição das células beta começa


Insulina muitos anos antes que a doença se torne
(KUMAR; ABBAS; ASTER, 2013) evidente
Destruição das células Beta
Tipo 1A Tipo 1B

Mediado imunologicamente Idiopático


Não relacionado ao sistema imune

Mais comum – normalmente referido apenas como DM1

Doença autoimune onde há hipersensibilidade mediada por


linfócitos T contra algum antígeno das células beta.

(PORTH; GROSSMAN, 2016)


Autoanticorpos
Presentes meses ou anos antes dos primeiros sinais

OU
Os testes para estes anticorpos podem
detectar mais de 85% dos casos de DM1

Contra a insulina Contra as células das ilhotas


(AAI) (DAG ou IA-2)
(PORTH; GROSSMAN, 2016)
Lua de Mel
Período curto de regeneração das células
beta após diagnóstico inicial de DM1

Pode durar dias, semanas ou meses

Mais frequente em crianças menores

Sintomas reduzem e injeções podem ser


reduzidas ou desnecessárias

Após este período, ocorre a completa


(PORTH; GROSSMAN, 2016)
destruição das células beta
Fatores de risco associados ao DM1

SUSCETIBILIDADE FATORES
GENÉTICA AMBIENTAIS

(PORTH; GROSSMAN, 2016)


SUSCETIBILIDADE GENÉTICA

Complexo de histocompatibilidade
principal (MHC)

Risco 10x maior Antígenos leucocitários humanos


entre os parentes
dos pacientes (HLA)

Apenas 3 a 4% com pais DM1


desenvolvem a doença
(PORTH; GROSSMAN, 2016)
Fatores ambientais

Ausência de
Infecções virais Baixos níveis de Vit.D aleitamento materno

Obesidade/crescimento Higiene excessiva Exposição pré-natal


acelerado a poluentes
(KHARROUBI, 2015; PORTH; GROSSMAN, 2016)
Existe algo que possa
relacionar todos estes
fatores?
Alterações na microbiota
intestinal
Microbiota
Estabelecimento de microrganismos vivendo em simbiose com o hospedeiro

Trato
Pele Sistema respiratório Sistema urinário
gastrointestinal

Regiões onde o corpo se encontra em contato com o meio externo


(BOERNER; SARVETNICK, 2011; DURAZZO; FERRO; GRUDEN, 2019)
Microbiota Intestinal
Vem ganhando cada vez mais atenção

Conjunto de microrganismos presentes no intestino

Parte integral do corpo, promovendo funções importantes


relacionadas ao controle do desenvolvimento e progressão
de condições patológicas

(BOERNER; SARVETNICK, 2011; DURAZZO; FERRO; GRUDEN, 2019)


Disbiose Intestinal
Desregulação da
microbiota
intestinal

Perda dos microrganismos benéficos

Aumento dos microrganismos prejudiciais

Baixa diversidade microbiana

(BOERNER; SARVETNICK, 2011; DURAZZO; FERRO; GRUDEN, 2019)


Hipótese da Disbiose no DM1

Mecanismo ainda não é claro

(BOERNER; SARVETNICK, 2011; DURAZZO; FERRO; GRUDEN, 2019)


Hipótese da Disbiose no DM1

(BOERNER; SARVETNICK, 2011; DURAZZO; FERRO; GRUDEN, 2019)


Parto por cesárea e DM1
Risco

Primeiro contato do bebê não é com a


microbiota vaginal e gastrointestinal da mãe

Alteração da microbiota!

Hipótese similar à teoria da higiene

“O excesso de higiene e consequente menor


exposição a infecções é capaz de levar ao
desenvolvimento de doenças autoimunes”
(BEGUM et al., 2019)
Parto por cesárea e DM1

Paciente passou por cesárea,


devo me preocupar?
Parto por cesárea e DM1

Risco Nem tanto

E mesmo assim...
Existem estratégias para restaurar a microbiota
intestinal depois de um parto cesáreo

(MOYA-PÉREZ et al., 2017)


Estratégias para restaurar a microbiota

Pré e probióticos

Semeadura vaginal
Aleitamento materno

Ambiente microbiano Formulas especificas


(MOYA-PÉREZ et al., 2017)
Prevenção
Até o momento, não existe consenso sobre maneiras efetivas e seguras de
intervenção que possam prevenir o DM1

}
Sobrepeso
Fatores de risco
associados
Crescimento
acelerado

Estilo de vida saudável, sem ingestão


excessiva de alimentos e sem sedentarismo

(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2019)


Prevenção
Outras possíveis formas

Parto vaginal

Aleitamento materno exclusivo até 6 meses

Aleitamento complementar até 2 anos

Modulação da microbiota intestinal

Evitar deficiência de nutrientes imunomoduladores

(INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2019)


Insulina em pacientes DM 1

Normal

Diabetes tipo 1
Tratamento com insulina exógena

Aplicação de injeções
subcutâneas
Objetivo

Manipular os níveis de insulina ao longo do dia

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019; LUCIER; WEINSTOCK, 2020)


Tratamento com insulina exógena
Antigamente Atualmente

Insulina de boi ou porco Insulina produzida por técnica de DNA


recombinante (Quase inteiramente humana)

(RANG et al., 2016)


Tratamento com insulina exógena
Basal Bolus

Evitar lipólise e liberação hepática de Corrigir hiperglicemias pré e pós-prandiais


glicose no período entre as refeições ou no período entre as refeições

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019)


Estratégias e doses de aplicação
Estratégias devem ser feitas de forma individualizada

Estado puberal

Fase do DM1
Peso
Fatores
considerados

Idade
Rotina
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019) Alimentação
Estratégias e doses de aplicação
Dose inicial 0,5 a 1 U/kg/dia

Período de Lua de Mel Pode chegar abaixo de 0,3 U/kg/dia

Imitar o
comportamento
normal da
30 a 50% - Insulina
bas al insulina humana
Restante – Bolus

1 unidade (U) é igual à quantidade necessária para reduzir o


nível de glicemia de um coelho em jejum para 45mg/dl
Análogos de insulina
Insulina basal exógena
Início Pico Duração
Lenta
(semelhante à humana) NPH 1-4h 6-10 10-16h

{
Detemir 1-4h - 20-24h
Ultra Lenta
(Análogos)
Glargina 1-4h - 22-24h

Desvantagem dos
Vantagens dos análogos
análogos
Menor frequência de hipoglicemia (Sem pico de ação – concentração constante) R$30,00 – NPH
Maior duração (mais estabilidade e menor metabolização)
R$300,00 – Análogos
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019)
Insulina basal exógena

Administração
NPH
1 a 2 x ao dia
Os análogos de insulina possuem perfil mais
(manhã/noite)
estável, maior duração menor variabilidade
glicêmica e maior previsibilidade

Análogos de insulina
1 x ao dia
Menos aplicações
*Fracionar caso paciente
apresente resistência necessárias

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019)


Insulina bolus exógena
Início Pico Duração
Rápida
(semelhante à humana) Regular 30-60 min 2-3 h 4-6 h

{
Asparte 20 min 0,5-1,5 h 3-4 h
Ultra rápida
(Análogos) Lispro 20 min 0,5-1,5 h 3-4 h

Glulisina 20 min 0,5-1,5 h 3-4 h

11 minutos menos
Fiasp 15 min que Asparte 3-4 h
Asparte
+
Nicotinamida
(Vitamina B3)
Nos 15 primeiros minutos, disponibiliza mais insulina na circulação,
sendo superior no controle da hiperglicemia pós-prandial
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019)
Insulina bolus exógena
Administração
Contagem de CHO
Para adultos:
1 U cobre 15g de CHO

Para crianças:
1 U cobre 20-30g de CHO

Horário
Análogos de insulina:
15 min antes das refeições

Regular:
30 a 45 minutos antes das Aplicações próximas à refeição podem
refeições contribuir para hiperglicemia pós-prandiais
ou no período entre as refeições
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2019)

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