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Biossegurança
Gerenciamento de Risco
Professor: Júlio César Bandeira Festa
O Programa Nacional de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH) está definido na Lei nº 9431 de 6 de
janeiro de 1977; dispondo de obrigatoriedade dos hospitais manterem um comissão de controle de
infecção hospitalar (CCIH). Diretrizes viabilizam o planejamento do programa, que são: Portaria GM
nº 2616 de 12 de maio de 1998; que diz que os membros da CCIH devem ser consultores e executores
e os do serviço de controle de infecção hospitalar (SCIH) executores e responsáveis pelas ações do
controle.
Conforme o PCIH foram estabelecidas prioridade, que são:
1. Realizado inquérito nacional da situação das infecções hospitalares. Refere-se a metas do
contrato de gestão, que especifica como elaborar diagnóstico sobre infecção hospitalar no
Brasil;
2. Mapeamento do cumprimento das exigências da Portaria GM nº 2616/98. Sobre a implantação
o PCIH em âmbito estadual, municipal e estabelecimentos de saúde;
3. Levantamento de dados visando à complementação de estudo citado no item 2, obtendo dados
para implantação do programa em território nacional;
4. Atualização constante de material técnico-científico com participação de equipe
multiprofissional especializada na área de CIH. O material técnico-científico de CIH
conduzido reduz em 30% a taxa de infecção hospitalar. Um PCIH, garante ação básica de
assistência a saúde prevenindo o uso indiscriminado de antibióticos (ATB) e germicidas
hospitalares, evitando resistência bacteriana e diminuindo custos hospitalares.
Quanto mais tempo de internação maior as chances de desenvolvimento da infecção hospitalar. Isso se
deve aos tipos de microrganismo hospitalares relacionado à imunodepressão (baixa imunidade) do
paciente.
Em sua maioria a principal invasão de infecção hospitalar é pelo trato urinário. A infecção do trato
urinário (ITU – 25% das infecções) se dá devido à manipulação do mesmo, com técnica asséptica mal
realizada, ou seja, a técnica de higienização das mãos. Porém há outras vias de infecção:
Feridas operatórias (FO – 25% das infecções e 12% em pacientes cirúrgicos – prolonga a
internação em quase 1 semana) nesta há questão de a infecção ser no ato cirúrgico
prolongando-se para a unidade de internação;
Trato respiratório devido a dispositivos invasivos ou não para estabilizar a respiração ou para
administração de medicamentos. A patologia mais recorrente é a pneumonia bacteriana, mas
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pode ser fúngica ou viral, invadindo pelas seguintes vias: aspiração da orofaringe, inalação de
aerossóis previamente contaminados e;
Disseminação infecciosa na corrente sanguínea.
A infecção hospitalar também é conhecida como Bacteremia, que é a presença de bactérias na corrente
sanguínea, sendo responsável por mais de 75% dos casos de infecção hospitalar, relacionado a
cateteres intravenosos. Pode ocorrer de forma espontânea, durante certas infecções teciduais, em
consequência do uso de cateteres geniturinários ou intravenosos, ou depois de procedimentos
dentários, gastrintestinais, geniturinários, cuidados com feridas, ou outros procedimentos. Sinais e
sintomas da Bacteremia: febre, frequência cardíaca rápida, calafrios, pressão arterial
baixa, sintomas gastrointestinais (como dor abdominal, enjoo, vômito e diarreia), respiração rápida
e/ou se tornarem confusas, elas provavelmente têm sepse ou choque séptico.
Os agentes patogênicos mais comuns são fungos e bactérias. O microrganismo invade a corrente
sanguínea a partir da pele, até a ponta do cateter que está inserido na luz (dentro) da veia ou artéria do
paciente.
Os índices de contaminação de cateteres são altos; e quanto mais baixo é a condição de saúde do
paciente maior é a chance de contaminação da corrente sanguínea. Devido a isto há a necessidade de
troca / substituição do cateter implantado de 72/72h ou a cada 3 dias.
GERENCIAMENTO DE RISCO
São ações, intervenções e condutas com objetivo de prevenir, minimizar, controlar ou eliminar os
riscos decorrentes da assistência à saúde; seja no coletivo ou hospitalar. Os riscos não são relacionados
ao profissional, mas sim ao paciente e meio ambiente.
O risco relacionado ao labor do profissional de saúde é:
1. Acidente: o profissional de saúde está vulnerável a acidente, por motivo físico ou psicológico.
Ex: acidente com perfuro-cortante;
2. Físico: acidente quando há exposição de energia. Ex: radiação, temperatura;
3. Ergonômico: decorrente ao desconforto físico ou devido a lesões por esforço repetitivo (LER).
Ex: postura corporal inadequada, ambiente com iluminação inadequada, jornada de trabalho
longa;
4. Químico: inalação, ingestão ou deposição na pele; de substância tóxica;
5. Biológico: relacionado a bactérias, vírus, fungos e outros, em relação a exposição que o
profissional de saúde está.
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Para que os riscos no atendimento em saúde sejam minimizados, se faz necessário as observações das
normal de biossegurança. Normas que auxiliam na segurança do profissional reduz a recorrência de
acidente e doença ocupacional, reduz infecção hospitalar e melhora a segurança do paciente. O
descumprimento das normas de biossegurança é de inteira responsabilidade do profissional, onde se
faz necessário a consciência do mesmo em relação aos riscos. É de responsabilidade das empresas:
programa de gerenciamento de risco, capacitação e treinamento para os profissionais de saúde além de
disponibilizar os equipamentos de proteção individual (EPI).
O comprometimento das instituições de saúde em gestão hospitalar deve ser de qualidade, segurança,
eficiência e eficácia no serviço prestado.
SEGURANÇA DO PACIENTE
Danos: pode ser física, social ou psicológica. São lesões na estrutura orgânica ou efeito
decorrente, podendo provocar sofrimento, incapacidade parcial ou total, disfunção ou óbito
do paciente.
Risco: possível ocorrência de incidente;
Incidente: fato ou circunstância que leva ao dano desnecessário;
Circunstância notificável: ocorrência de incidente com dano;
Near miss: (quase acidente) ocorrência de incidente em que não atingiu o paciente;
Incidente sem lesão: ocorrência de incidente em que atingiu o paciente, porém sem danos;
Evento adverso: ocorrência de incidente em que atingiu o paciente, provocando danos e/ou
lesões.
PRECAUÇÕES
Mecanismo de transmissão: é a forma que o agente infeccioso passa para o hospedeiro. As cadeias
de infecção são 6: agente infeccioso, fonte, porta de saída, forma de transmissão, porta de entrada e
hospedeiro suscetível. Sendo que pode ser transmitida por: contato, ar, veículo e vetor.
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Fig.1
Transmissão por contato: O contato entre as pessoas é a forma de transmissão mais comum em
instituições de saúde. Ela é dividida em:
Contato direto: transmissão de um indivíduo para outro pelo contato direto. Os micro-
organismo são transferidos durante a assistência de saúde (banho, curativo ou introdução de
dispositivo invasivo), sem luvas ou com luvas contaminadas;
Contato indireto: o indivíduo suscetível entra em contato com um objeto contaminado
(termômetro, seringa, estetoscópio, soluções de irrigação, cateter urinário e intravascular,
fralda, brinquedo e equipamento respiratório.
Transmissão por gotículas (perdigotos): são secreções respiratórias contaminadas, onde o indivíduo
infectado transmite através de tosse, espirro ou conversa; liberando secreções que se espalham pelo ar
chegando à mucosa nasal ou oral de outro indivíduo. Os micro-organismos são transmitidos até 1
metro de distância, ficam suspensos por um pequeno período e após se depositam sobre uma
superfície.
Transmissão por veículo: veículo é uma substância que mantém o micro-organismo vivo, até que
seja inoculado em um hospedeiro suscetível. Ex.: água, sangue, plasma, soro, fármacos, alimentos e
fezes. Este tipo de transmissão ocorre em comunidades e não em hospitais.
Transmissão por vetor: quando um intermediário transfere o patógeno para outro ser vivo (Ex.:
mosquito). É de regiões tropicais. As portas de entrada para os micro-organismos por transmissão por
vetor são: causadores de tuberculose, resfriado comum, difteria, influenza e coqueluche (todos entram
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pelo trato respiratório). Hepatite B e HIV (entram pelo sangue e fluido corporal), Salmonela (trato
gastrointestinal), gonorreia e sífilis entram pela mucosa (trato geniturinário) e raiva e tétano (feridas
perfurantes).
Precaução padrão: aplicada em todos os pacientes, não importando a condição de saúde em que o
mesmo se encontra no momento de sua internação hospitalar. É independente de presença ou ausência
de líquidos corporais, excreções, secreções e lesões de pele e/ou mucosa; de todo e qualquer paciente.
A precaução padrão inclui:
Higiene das mãos: antes e após contato com o paciente, entre 2 procedimentos realizados no
mesmo paciente, após o contato com material biológico, imediatamente após a retirada de
luvas;
Uso de luvas: utilizar sempre que tiver contato com sangue e líquidos corporais, excreções,
secreções de pele e/ou mucosa, pele com lesão e superfície com material biológico. Usar
sempre quando há risco de sangue e fluídos corporais. Troca de luvas entre procedimentos.
Calçar luvas limpas e integras para manipulação; e retira-las imediatamente após o uso e
lavando as mãos;
Descarte correto: em recipientes apropriados, dos materiais infectantes biológicos e perfuro-
cortantes, é proibido o reencape de agulhas, não desconectar agulha da seringa e caixas de
descarte devem estar visíveis e de fácil acesso;
Utilização de outros EPI’s, como: máscaras cirúrgicas, N95 ou PFF2 (para os ambientes
certos e apropriados, este material serve para a possibilidade do risco de respingos, gotículas e
partículas microscópicas), avental (utilizado como barreira física, quando há a possibilidade
de contaminação do profissional), óculos de proteção e/ou faceshield (protetor facial) (tanto o
óculos como o faceshield devem ser higienizados após cada uso com álcool etílico a 70%).
Descontaminação de superfície: a limpeza concorrente deve ser feita a cada troca de plantão,
diariamente. Em caso de suspeita de material biológico deve ser usado desinfetantes, para a
limpeza;
Artigos e equipamentos: os que são de uso único, devem ser descartados imediatamente após
o uso no paciente e em local apropriado. Os materiais médico-cirúrgico, após o uso devem ser
encaminhados para a área de limpeza (expurgo) do centro de materiais e esterilização para
serem reprocessados (limpos – higienizados) embalados e identificados corretamente,
esterilizados e acondicionados em estoque apropriado.
Precaução de contato: quando há a possibilidade de contaminação por agente infeccioso, seja ele
direto ou indireto (de paciente para paciente, entre objetos e/ou pelo profissional). Podem ser divididas
em:
Quarto: quarto comum quando o micro-organismo é comum para mais de um paciente. Ou
privativo quando o micro-organismo é único na unidade de internação.
Luvas: obrigatório o uso, quando em contato com o paciente. Assim como a troca em
diferentes procedimentos em mesmo paciente. E após a imediata higienização das mãos com
antisséptico degermante apropriado;
Avental: uso obrigatório em caso de contato da roupa do profissional com o paciente. O
avental é individual e é descartado no final do plantão;
Transporte: no transporte do paciente deve ser evitado. Em caso de material infectante, este
deve ser contido com curativo apropriado, seguindo as precauções de contato durante todo o
trajeto;
Artigos e equipamentos: utensílios individuais do paciente, como termômetro, estetoscópio e
esfigmomanômetro. Devem ser limpos, higienizados ou esterilizados após alta hospitalar.
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Fig. 2
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Fig. 3
1. Degermante (clorexidina a 2% ou PVPI a 10%): utiliza-se estes produtos para a higiene das
mãos previamente para procedimentos invasivos, como: cirurgias e instalação de cateteres
vasculares e urinários. Quando o paciente está colonizado por patógenos multirresistentes.
Após manipulação de secreção purulenta. Usa-se para degermar a pele do paciente e quando
há instalação de procedimento invasivo. Não usar em curativos e mucosas.
2. Alcoólico (clorexidina a 0,5% ou PVPI a 10%): preparo pré-operatório após degermação ou
para procedimento invasivo percutâneo (que atravessa a pele – agulha), ou antes, de coleta de
material biológico, quando na realização de curativo ou inserção de cateter vascular. Não usar
em mucosas, não usar para degermar as mãos de profissional de saúde e não usar para curativo
de FO, úlcera de decúbito ou em qualquer região da pele lesionada.
3. Aquoso – tópico (clorexidina a 0,2% ou PVPI a 10%): utiliza-se na mucosa para procedimento
cirúrgico. Em região genital para instalação de cateter urinário. Procedimentos odontológicos.
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Não usar para preparo pré-cirúrgico, não usar para degermação das mãos de profissional de
saúde e não usar para curativos de FO ou lesões da pele.
LIMPEZA HOSPITALAR
O meio ambiente hospitalar e/ou instituição que presta assistência de saúde está constituído por: ar,
água e superfícies inanimadas horizontais e verticais; tornando-se assim foco de transmissão de
patógenos. É de responsabilidade do serviço de higienização hospitalar as ações para o cuidado com o
ambiente, e este setor tem estreita relação com o SCIH, onde cabe-lhes o seguinte:
Padronização dos produtos utilizados para a limpeza;
Normatização ou indicação de germicidas para áreas críticas e demais, se necessário;
Participar de treinamento e orientar tecnicamente a equipe de higienização;
Elaborar e/ou atualizar manuais sobre o assunto.
Superfícies: é o piso, parede, teto, portas, janelas, mobiliários, equipamentos e demais instalações
físicas.
A etapa mais importante para a melhoria das condições higiênicas de todas as áreas que compreende
uma instituição de assistência à saúde é a etapa de prevenção do crescimento e da disseminação de
todo e qualquer agente infeccioso. O saneamento ambiental é realizado pela limpeza mecânica. A
manutenção de condições higiênicas está diretamente relacionada com a limpeza e ambiente
arrumado, lavanderia, preparo de alimentos e manutenção da estrutura física do prédio. Porém é
primordial a conscientização do descarte correto dos resíduos provenientes da assistência em saúde, ou
seja, material contaminante, biológico, perfuro-cortantes; descartados em recipientes adequados e
corretos.
Pela ordem de remoção de germes patogênicos temos: saneamento (que pode ser usado germicidas),
após desinfecção e por fim a esterilização.
Classificação de risco das áreas críticas de um hospital são divididos da seguinte forma:
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Referências:
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