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CLINICA CIRÚRGICA III – BIOSSEGURANÇA

Introdução

A palavra biossegurança é um neologismo que deriva de bio (vida) juntamente com


segurança. Os procedimentos da biossegurança são aplicados em hospitais, laboratórios e
qualquer outra organização que pode apresentar risco à saúde e à vida, seja ela humana, animal
ou riscos
iscos ao próprio meio ambiente.
A biossegurança, segundo Teixeira e Valle (1996), é um “conjunto de medidas que são
aplicadas
licadas na prevenção, eliminação ou diminuição de riscos relacionados às atividades de
produção, ensino, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços que podem
comprometer a qualidade dos trabalhos realizados ou a saúde dos animais,
animais, meio ambiente
a e do
homem”.
Uma das formas de atuação da biossegurança, num ambiente hospitalar, é através de medidas
que atuam prevenindo a contaminação, que é, inclusive, uma das principais causas de acidentes
dentro do âmbito hospitalar. Dentro do ambiente hospitalar,
hospitalar, os funcionários estão propensos a
acidentar-se
se e até mesmo a adoecerem por causa de algumas condições de trabalho erradas,
desde equipamentos/estrutura até ao contato com agentes
agentes que oferecem risco à saúde.
Uma situação que não ajuda o procedimento
procedimento da biossegurança é o mau costume que alguns
trabalhadores têm ao pensar que, por trabalharem por muito tempo em algum hospital, por
exemplo, estão isentos dos riscos e acabam adquirindo vícios que prejudicam todo o andamento
da prevenção
ão sugerida pela biossegurança.
bi
A biossegurança hospitalar funciona com a aplicação de medidas que podem ser simples,
como conscientizar os profissionais sobre higienização e técnicas assépticas, isso assegura o
profissional, o paciente e a família do paciente. Em alguns casos,
casos, a organização de um hospital é
tachada como impertinente por cobrar essas medidas, tanto dos funcionários quanto dos
pacientes e/ou visitantes, mas é de extrema necessidade.

CCIH – COMISSÃO DE CONTROLE DA INFECÇÃO HOSPITALAR


Comissão de Controle da Infecção
nfecção Hospitalar (CCIH) nasceu no ano de 1970 com o intuito de
se conhecer os índices de infecção hospitalar, visando controlar as infecções hospitalares através

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de ações objetivam prevenir e reduzir a incidência desse tipo de infecção. É composta por
profissionaiss da saúde que tem como função:

Detectar casos de infecção hospitalar, de acordo com critérios de diagnóstico


estabelecidos previamente;
Ter conhecimento das principais infecções hospitalares observadas no serviço
e saber reconhecer as taxas aceitáveis
aceitáveis de ocorrência de infecção hospitalar
para determinados serviços;
Responsável pela elaboração de normas de padronização para que os procedimentos
que forem feitos na instituição estejam dentro de um programa asséptico;
No que se refere à prevenção e controle das infecções hospitalares, essa comissão
deve colaborar no treinamento dos profissionais da saúde;
Controlar a prescrição de antibióticos, para evitar o uso descontrolado na instituição;
No caso de pacientes hospitalizados, recomendar medidas de isolamentos cabíveis à
situação;
Auxiliar a administração hospitalar na aquisição correta de materiais e equipamentos
e
Também, para o planejamento da área física das unidades de saúde.
Os profissionais que participam de uma CCIH devem, necessariamente, receber re
treinamento para atuarem nessa área. Um dos regulamentos do Ministério da Saúde, é
que é imprescindível a manutenção de, no mínimo, um médico e uma enfermeira na
CCIH de cada hospital. Outros profissionais da saúde também participam da CCHI
do hospital,
al, como: microbiologistas, epidemiologistas, farmacêuticos, representantes
médicos da área cirúrgica, clínica e obstétrica.

O HOSPITAL E A BIOSSEGURANÇA

hospital concentra hospedeiros mais suscetíveis e microrganismos mais resistentes.


Os micro-organismos
organismos contaminam artigos hospitalares, colonizam pacientes graves e
podem provocar infecções mais difíceis de serem tratadas. O risco de contraí-las
contraí
depende, no entanto, do número e da virulência dos microrganismos presentes e,
acima de tudo, da resistência anti -infecciosa
infecciosa local, sistêmica e imunológica do
paciente e da consciência do pessoal médico e da enfermagem que atuam no
estabelecimento.

Por ser o hospital um ambiente insalubre, as técnicas de assepsia, anti-sepsia


anti e de
esterilização são de extrema importância para reduzir os riscos de infecção. Aqui são
apresentados os principais anti-sépticos
anti e técnicas de esterilização.

Assepsia:: é o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a penetração de


microrganismosnum ambiente que logicamente
logicamente não os tem, logo um ambiente
asséptico é aquele que está livre de infecção.

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Antissepsia:: é o conjunto de medidas propostas para inibir o crescimento de
microrganismos ouremovê-los
ouremovê los de um determinado ambiente, podendo ou não destruí-
destruí
los e para tal fim utilizamos antissépticos ou desinfetantes.

Degermação:: Vem do inglês degermation,, ou desinquimação, e significa a


diminuição donúmero de microrganismos patogênicos ou não, após a escovação da
pele com água e sabão.

Fumigação:: é a dispersão sob forma de partículas,


partículas, de agentes desinfectantes como
gases,líquidos ou sólidos.

Desinfecção:: é o processo pelo qual se destroem particularmente os germes


patogênicos e/ou se inativa sua toxina ou se inibe o seu desenvolvimento. Os esporos
não são necessariamente destruídos.
des

Esterilização:: é processo de destruição de todas as formas de vida microbiana


(bactérias nas formas vegetativas e esporuladas, fungos e vírus) mediante a aplicação
de agentes físicos e ou químicos, toda esterilização deve ser precedida de lavagem e
enxaguadura do artigo para remoção de detritos.

Esterilizantes:: são meios físicos (calor, filtração, radiações, etc.) capazes de matar os
esporos e a forma vegetativa, isto é, destruir todas as formas microscópicas
microsc de vida.

Germicidas:: são meios químicos utilizados para destruir todas as formas


microscópicas de vida e são designados pelos sufixos "cida" ou "lise", como por
exemplo, bactericida, fungicida, virucida, bacteriólise, etc.
etc

CME – CENTRAL DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO

A Central de Material e Esterilização (CME) presta assistência à todos os setores,


disponibilizando materiais utilizados em variados procedimentos realizados pela
instituição. Todo processo é monitorado por um controle seguro, que conta com
indicadores que fiscalizam produtos e equipamentos para o preparo e esterilização de
artigo médico hospitalar.

Os produtos ofertados pelo setor são estéreis ou desinfectados, conforme sua


especificidade, garantindo a qualidade e contribuindo para
para a prevenção e controle da
infecção hospitalar. A missão é que todos os materiais sejam entregues com
segurança, através do processamento de qualidade para atendimento eficaz aos
clientes.

A CME é classificada como Classe II, distinguida pelo serviço prestado,


pr e possui
todos os requisitos exigidos, assim como rege a RDC nº15/2012. Realiza o
processamento de produtos para a saúde não-críticos,
não críticos, semicríticos e críticos de
conformação complexa e não complexa passíveis de processamento.

Estrutura física do setor:


s

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I - Sala de recepção e limpeza (setor sujo);

II - Sala de preparo e esterilização (setor limpo);

III - Sala de desinfecção química, quando aplicável (setor limpo);

IV - Área de monitoramento do processo de esterilização (setor limpo); e

V - Sala de armazenamento e distribuição de materiais esterilizados (setor limpo).

EQUIPAMENTOS

A CME possui autoclaves onde todos os processos de esterilização são realizados. Esses
equipamentos passam por processo de validação anualmente, garantindo a eficácia, efic
acoplando-asas ao sistema tecnológico, mostrando cada etapa do processo, limpeza,
desinfecção e esterilização, identificando ciclos, cargas, dia de esterilização e validade dos
materiais, o que apresenta um grande avanço na monitoração e acompanhamento dos ciclos.
E ainda, o processo de limpeza de canulados, além da limpeza manual, é submetido a
lavadora ultrassônica, onde toda a equipe recebeu treinamento do correto manuseio.

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Para garantir mais segurança e controle, é utilizado um sistema de gravação de plaquetas,
que rastreia todos os materiais conforme identificação dos mesmos cadastrados em
patrimônio.

TIPOS DE ESTERILIZAÇÃO

Esterilização é o processo que promove completa eliminação ou destruição de todas as


formas de micro-organismos
organismos presentes: vírus, bactérias, fungos, protozoários, esporos, para
um aceitável nível de segurança. O número, tipo e localização dos micro-organismos
micro
influenciam os processos de esterilização, bem como a presença de matéria orgânica,
concentração, tempo de exposição e fatores físicos, como temperatura e umidade relativa.
Abaixo, confira os principais métodos utilizados.
MÉTODOS FÍSICOS

Esterilização por vapor

O vapor quente sob pressão é o método mais usado para esterilização de materiais médico- médico
hospitalares do tipo crítico. É não tóxico, de baixo custo e esporicida. Por esses motivos, deve ser
usado para todos os itens que não sejam sensíveis ao calor e à umidade. O calor úmido destrói os
micro-organismos
organismos por coagulação e desnaturação irreversíveis de suas enzimas enzim e proteínas
estruturais. Este tipo de processo é realizado em autoclaves. As autoclaves podem ser divididas
segundo os tipos abaixo:

Gravitacional

O vapor é injetado forçando a saída do ar. A fase de secagem é limitada uma vez que não
possui capacidade
de para completa remoção do vapor. Sua desvantagem é que pode apresentar
umidade ao final pela dificuldade de remoção do ar. As autoclaves verticais são mais indicadas
para laboratórios. Na venturi, o ar é removido através de uma bomba. A fase de secagem é
limitada uma vez que não possui capacidade para completa remoção do vapor. Sua desvantagem é
que pode apresentar umidade pelas próprias limitações de remoção do ar do equipamento.

Alto vácuo

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Introduz vapor na câmara interna sob alta pressão com ambiente em vácuo. É mais seguro que o
gravitacional devido a alta capacidade de sucção do ar realizada pela bomba de vácuo.

Esterilização por calor seco

Este método é reservado somente aos materiais sensíveis ao calor úmido. Guarda suas vantagens
na capacidade de penetração do calor e na não corrosão dos metais e dos instrumentos cortantes,
sendo, porém, um método que exige maior tempo de exposição

para alcançar
lcançar seus objetivos, por oxidação dos componentes celulares. Abaixo, alguns exemplos
de temperatura e respectivo tempo de exposição necessário:

QUÍMICOS
MÉTODOS FÍSICO-QUÍMICOS

De forma geral, os métodos físico-químicos


físico químicos são processos realizados com baixas temperaturas.
A esterilização a baixa temperatura é requerida para materiais termo sensíveis e/ou
sensíveis à umidade. O método ideal não existe e todas as tecnologias têm limitações.

Óxido de etileno

É quase que exclusivamente utilizado para esterilização


esterilização de equipamentos que não podem ser
autoclavados. A efetividade do processo depende da concentração do gás, da temperatura, da
umidade e do tempo de exposição. Age por alcalinização de proteínas, DNA e RNA. As
desvantagens para sua aplicação são o tempo necessário
necessário para efetivar o processo, o custo
operacional e os possíveis riscos aos pacientes e aos profissionais envolvidos. Apresenta potencial
carcinogênico e mutagênico, genotoxicidade, podendo alterar sistema reprodutor e nervoso e,
ainda, causar sensibilização
ilização aos profissionais envolvidos no processo, devendo haver supervisão
médica constante nos mesmos.

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Radiação ionizante

Método extremamente caro de esterilização, tendo sido usado para tecidos destinados a
transplantes, drogas, entre outros. Para outros artigos, perde para o óxido de etileno, justamente
devido a seu custo. As vantagens do processo estão em permitir aos produtos serem tratados na
sua embalagem de transporte e também no fato dos prestadores de serviço possuírem irradiadores
de grandee porte, onde pallets inteiros são processados ao mesmo tempo sem a necessidade de
desconfigurar a carga, e os produtos não necessitam retornar ao fabricante inicial para serem
reembalados. Nesta condição, podem ser despachados diretamente para o consumidorconsumido final
reduzindo substancialmente os custos de logística.

CLASSIFICAÇÃODOS MATERIAIS

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• Artigos críticos - são aqueles que penetram nos tecidos sub-epiteliais
sub epiteliais da pele e mucosa,
sistema vascular ou outros órgãos isentos de microbiota própria. Ex.: instrumentos de corte
ou ponta; outros artigos cirúrgicos (pinças, afastadores, fios de sutura, catéteres, drenos
etc.); soluções injetáveis.
• Artigos semicríticos - são aqueles que entram em contato com a mucosa íntegra e/ou pele
não íntegra. Ex.: material para exame clínico (pinça, sonda e espelho); condensadores;
moldeiras; porta-grampos.
grampos. Processo: esterilização ou desinfecção de alto nível.
• Artigos não críticos - são aqueles que entram em contato com a pele íntegra ou não entram
em contato direto com o paciente. Ex.: termômetro; equipo odontológico; superfícies de
armários e bancadas; aparelho de raios X. Processo: esterilização de nível intermediário.

LIMPEZA DO INSTRUMENTAL

Primordial para qualquer tipo de processo de esterilização escolhido, a limpeza eficaz do material.
No caso do instrumental, a lavagem através de escovação com detergente neutro líquido ou a
utilização de detergentes enzimáticos (que dispensam a escovação), ou, idealmente, a limpeza em
aparelho de ultrassom.

TEMPO E TEMPERATURA DE ESTERILIZAÇÃO

AUTOCLAVE

Usar exposição por 30 (trinta) minutos a uma temperatura de 121ºC, em autoclaves convencionais
conve
(uma atmosfera de pressão). Usar exposição por 15 (quinze) minutos a uma temperatura de
132ºC, em autoclaves convencionais (uma atmosfera de pressão). Usar exposição por 04 (quatro)
minutos a uma temperatura de 132ºC, em autoclave de alto vácuo.

CALOR SECO

O tempo e temperatura utilizados na Central de Esterilização, e recomendados para esterilização

À seco são: 2 horas à 170ºC, respectivamente. Isto foi estabelecido devido ao grande porte de
nossas estufas e a grande variedade na dimensão das caixas
caixas de instrumentais. A Res. SS - 374
recomenda 1 hora a 170º C e 2 horas a 160º C.

PRAZO DE VALIDADE

O prazo de validade para materiais embalados com tecido de algodão é de 30 dias, papel Kraft

14 dias e para os outros invólucros de 6 meses. O prazo de validade para os outros


invólucros não está determinado na literatura e o fabricante deve ser consultado. Estes prazos
podem ser alterados de acordo com uma melhor definição da literatura. A permanência do
material esterilizado nos setores deve ser a menor
me possível.

CONTROLE DA ESTERILIZAÇÃO

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Um programa de controle de esterilização, incluindo métodos físicos, químicos e biológicos deve
ser utilizado para demonstrar a eficiência do processo. Todos os itens esterilizados devem contero
nome do material, identificação
dentificação do esterilizador usado, o número da carga, a data de validade da
esterilização, horário da esterilização, nome do responsável pelo empacotamento. Devem ser
registrados todos os testes realizados. A supervisão de todas as cargas por um responsável
responsá é uma
pratica obrigatória para que os materiais sejam liberados com maior segurança.

TESTES FÍSICOS

Testes de desempenho do equipamento envolvem a observação dos parâmetros apresentados pelo


mesmo durante o processo de esterilização. Recomenda-se
Recomenda a leitura
eitura da temperatura e pressão
regularmente durante a fase de esterilização propriamente dita em autoclaves. Manômetros e
registradores do equipamento devem ser validados periodicamente.

TESTES QUÍMICOS

Constam de tiras de papel impregnadas com tinta termocrômica


termocrômica que mudam de cor quando
expostas à temperatura por tempo suficiente. Podem ser classificados como indicadores
específicos de temperatura ou indicadores de múltiplos parâmetros do processo (tempo,
temperatura e vapor), os últimos denominados de integradores. Estes indicadores não devem ser
utilizados como critério único de eficiência de esterilização. A sua utilização rotineira fornece
leitura imediata de falhas no equipamento com relação à penetração do vapor ou concentração do
óxido de etileno. Existem diferentes tipos de indicadores internos, de acordo com o processo de
esterilização. Devem ser utilizados dentro dos pacotes, em locais de difícil acesso à penetração do
vapor ou dificuldade de remoção do ar em autoclaves. Os indicadores externos são fitas auto-
adesivas utilizadas unicamente para diferenciar os pacotes processados dos não processados.

TESTE DE BOWIE ANDDICK

É um teste utilizado para determinar a eficácia do sistema de vácuo na autoclave


pré -vácuo.
vácuo. Este teste deve ser realizado a cada
cada dia em que a autoclave será usada, antes
da primeira carga processada. Em pacotes preparados pelo hospital podem ser utilizados
campos recentemente lavados e dobrados, um em cima do outro, de modo a formar uma
pilha de 25-28cm
28cm de altura. Várias fitas com
com indicador químico são aderidas em papel
não encerado em forma de cruz ou diagonais e o papel inserido dentro do pacote de
campos, o qual deverá ser colocado no centro da câmara interna, acima do dreno, com a
autoclave vazia. O ciclo recomendado é de 3,5 – 4 minutos a 134°C, podendo ser
omitida a secagem. Após o processo, este papel é examinado a fim de verificar se há
homogeneidade na revelação das fitas químicas. Se apresentar área não revelada indica
que há formação de bolsões de ar e que o equipamento deve ser revisto.

TESTES BIOLÓGICOS

Um indicador biológico é uma preparação padronizada de esporos bacterianos contendo em torno


de 10 esporos por unidade de papel de filtro. O uso de indicadores biológicos é o único meio de

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assegurar que o conjunto de todas as condições de esterilização está adequado, porque os
microrganismos são diretamente testados quanto ao seu crescimento ou não após a aplicação do
processo. Comumente encontram-se
encontram se indicadores biológicos preparados paracomercialização,
para
porém também podem
odem ser preparados no laboratório hospitalar, desde que esteja gabaritado para
isto.

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