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FUNDAMENTOS – CADEIA EPIDEMIOLÓGICA

ESTRUTURAS CONCETUAL DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL SOBRE SEGURANÇA DO


DOENTE:

CLASSES: tipo de incidente, consequência para o doente, características do doente e do


incidente, perigos, consequências organizacionais, deteção, fatores de dano, ação de melhoria
e ações para reduzir o risco.

CONCEITOS:

SEGURANÇA: é a redução de risco de danos desnecessários para um mínimo aceitável.

PERIGO: é uma circunstância, agente ou ação com potencial para provocar danos.

CADEIA EPIDEMIOLOGICA (EPI’S)

Representa um conjunto de elementos (fontes de infeção, via de eliminação, via de


transmissão, porta de entrada) relacionados, que demonstra o processo de propagação de
doenças transmissíveis.

Agentes causadores de doença: físicos, químicos, biológicos e ergonómicos.

CONCEITOS:

Infeção: é a presença de microrganismos no tecido ou fluidos do organismo com replicação e


efeitos adversos.

Colonização: a presença de microrganismos nos tecidos orgânicos com crescimento e


multiplicação, mas sem efeitos adversos e sem reação imunitária detetável.

Portador: é um individuo colonizado com um microrganismo específico em que, apesar do


agente ser isolado, não há doença (mas pode ter história anterior) poder ser transitório,
intermitente ou persistente.

Contaminação: refere-se à presença transitória de microrganismos na superfície do corpo sem


invasão de tecidos ou reação fisiológica. Também se refere à presença de microrganismos
sobre ou em objetos.

Disseminação: movimento de microrganismos a partir da pessoa para o ambiente. Não é


frequente, por vezes é secundária a outra infeção, é maios nos indivíduos infetados do que
que na infeção subclínica ou nos colonizados.

Infeção da comunidade: é a infeção que já estava em incubação na altura da admissão


hospitalar. Não deve ser menosprezada porque pode ser um reservatório/fonte de infeção
para os outros doentes ou profissionais.
Infeção nosocomial- é a infeção que não estava presente ou em incubação na altura da
admissão. Inclui também, outros indivíduos que contatam com o hospital (profissionais de
saúde, visitas, trabalhadores, voluntários e fornecedores).

Infeção iatrogénica – é uma consequência indesejada da prestação de cuidados de saúde onde


quer que sejam prestados. Infeção muito relacionada com cirurgia ou procedimentos
invasivos.

IACs – infeção associada aos cuidados de saúde – todas as infeções surgem em consequência
da prestação de cuidados de saúde, onde quer que o cliente se encontre (lar, cuidados
continuados, domicílio, etc.)

Agente casual: um agente é um fator que está presente para a ocorrência de uma doença, de
modo geral, um agente é considerado uma causa necessária porem não suficiente para a
produção da doença.

Reservatório de agentes infeciosos: é qualquer ser humano, animal, artrópode, planta, solo ou
matéria inanimada, onde normalmente vive e se multiplica um agente infecioso e do qual
depende para a sua sobrevivência, reproduzindo-se de forma que possa ser transmitido a um
hospedeiro suscetível.

Modo de transmissão do agente- o modo de transmissão é a forma em que o agente infecioso


se transporta do reservatório ao hospedeiro.

1 – Transmissão direta – é a transferência direta do agente por uma porta de entrada para que
se possa efetuar a infeção. É denominada também de transmissão pessoa para pessoa.

2- Transmissão indireta – mediante veículos de transmissão: através de objetos ou materiais


contaminados. Ou por meio de um vetor.

Portas de eliminação ou de saída do agente – o caminho pelo qual o agente sai do seu
hospedeiro é, geralmente, denominado como porta de saída.

Portas de entrada do hospedeiro – as portas de entrada de um agente no novo hospedeiro são


basicamente as mesmas usadas para a saída do hospedeiro prévio.

Hospedeiro suscetível- o hospedeiro foi definido como um individuo ou animal vivo, que em
circunstâncias naturais permite a subsistência e o alojamento de um agente infecioso. Para
produzir uma doença infeciosa no individuo, deve ser reunida uma serie de aspetos
fundamentais e funcionais do próprio individuo.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA:

Conjunto de medidas que permitem um acompanhamento rigoroso da ocorrência e


distribuição das infeções de forma a agilizar a sua prevenção e controlo.

Registo continuo e sistemático com analise a interpretação de informação.

HELICS- hospitals in europe link for infection control surveillance system.

INFEÇÃO ASSOCIADA AOS CUIDADOS DE SAÚDE (IACS)


Infeção nosocomial – adquirida no meio hospitalar por um cliente que foi internado por outra
razão que não essa infeção. Ocorre no doente internado em hospital ou noutra instituição de
cuidados de saúde, e que não estava presente, nem em incubação, á data da admissão. Estão
incluídas as infeções adquiridas no hospital que se detetam após a alta.

O contato com o individuo e o microrganismo não resulta, obrigatoriamente no


desenvolvimento da doença. A probabilidade de que a sua exposição conduza a uma infeção
depende:

Das características do microrganismo, incluindo a resistência aos agentes antimicrobianos.

Da sua patogenicidade e virulência intrínseca e a quantidade de material infecioso.

Da suscetibilidade do hospedeiro.

CONTROLO DE INFEÇÃO

Reconhecimento – documentos de auto-relato e de registos de incidentes críticos –


importante contributo a considerar na redução do risco- congruência dos profissionais com as
políticas da instituição.

Envolvimento dos gestores no desenvolvimento e sustentação de programas de controlo de


infeção, nomeadamente:

Financiamento adequado

Implementação de mudanças na comunicação interna

Alterações estruturais (lavatórios, soluções antissépticas alcoólicas)

Níveis seguros de dotações profissionais/cliente.

O PLANO DE CONTROLO DE INFEÇÃO ENGLOBA:

Áreas de prestação direta de cuidados e áreas de apoios que se orientam por:

Vigilância epidemiológica de estruturas.

Procedimentos e resultados.

Recomendações de boas praticas (uso racional de antimicrobianos; limpeza; desinfeção e


esterilização; serviços hoteleiros)

Formação continua definida em função das necessidades identificadas.

PPCIRA – programa de prevenção e controlo de infeções e de resistência aos antimicrobianos.

PROTEÇÃO PADRÃO:

PBCI- precauções básicas de controlo de infeção.

PBVT- precauções básicas baseadas nas vias de transmissão

PRINCIPIOS QUE FUNDAMENTAM AS PRECAUÇÕES BÁSICAS DE CONTROLO DE INFEÇÃO – PBCI

São medidas universais, aplicadas em todos os doentes, em todos os níveis cuidado.


Cumprimento das PBCI reduz a transmissão cruzada de microrganismos.

Adoção de cada componente deve basear-se na avaliação do risco individual à cabeceira


(tarefa a desempenhar, situação clínica do doente, ambiente de prestação e nível de cuidados.

Tanto os doentes sintomáticos como colonizados/assintomáticos podem constituir-se


reservatórios/fontes importantes na transmissão cruzada de microrganismos/patologias
infeciosas.

Vem reforçar a importância do cumprimento das PBCI sempre e em todos os níveis de


cuidados.

HIERARQUIA DAS MEDIDAS DE CONTROLO

Instalações/engenharia – isolamento/ventilação – CA (conselho de administração)

Administrativas- políticas, procedimentos, praticas de limitar exposição/transmissão – chefias


de serviço.

EPI (equipamento de proteção individual) – é o nível mais visível, mas é o elo mais fraco –
depende dos utilizadores: os profissionais de saúde.

PRECAUÇÕES BÁSICAS DE CI (PBCI)

Minimizam o risco de infeção cruzada de:

Profissional de saúde para o doente

Doente para o profissional de saúde

Doente para doente

Utilizam-se em todos os doentes, independentemente do seu estado infecioso ou fo risco


percetível.

Componentes das precauções básicas:

Higienização das mãos;

Colocação/isolamento dos doentes;

Utilização de EPI;

Etiqueta respiratória;

Tratamento do equipamento clínico;

Controlo ambiental;

Manuseamento seguro da roupa;

Recolha segura de resíduos;

Praticas seguras de injetáveis, incluindo transfusões;

Exposição de risco no local de trabalho/saúde ocupacional;

PRINCIPAIS PRESSUPOSTOS DAS PBCI


Recomendação de boa pratica para serem adotadas por todos os profissionais de saúde na
prestação de cuidados.

Aplicam-se a todos os utentes, independentemente do seu diagnostico ou estado infecioso.

A sua implementação constitui uma estratégia primaria de eficácia comprovada, na


minimização do risco de infeção.

Princípio: todo o sangue, fluidos orgânicos, secreções, excreções (exceto suor), pele não
intacta, e membranas mucosas podem conter agentes infeciosos transmissíveis.

O uso das PB durante a prestação de cuidados de saúde é determinado pela avaliação de risco:

a) O objetivo.
b) A interação antecipada.
c) O nível de exposição esperado.

Medidas de precaução (não há doente de risco, mas há procedimentos de risco.

PRECAUÇÕES ADICIONAIS DA PBVT – PRINCÍPIOS BÁSICOS

A aplicar ao cliente, quando se sabe, ou se presume, que seja infectado ou colonizado com
microrganismos que não podem ser contidos, usando apenas as PBCI.

A aplicação das PBVT baseia-se:

1- Na cadeia epidemiológica da infeção (os microrganismos envolvidos nas infeções; as


fontes/reservatórios; as portas de saída e de entrada dos microrganismos; e a
suscetibilidade individual de cada doente);
2- Nos conceitos de infeção/colonização/contaminação;
3- Nas definições de infeção por localizar;
4- Na aplicação de medidas de proteção e de contenção, mediante a situação clinica de
cada doente e os procedimentos a efetuar.

VIAS DE TRANSMISSÃO

a) Gotículas: partículas geradas pela fala, tosse, espirro, aspiração, broncoscopia com
alcance de 1 metro;
b) Aérea: núcleo de gotículas ressequidas, suspensas no ar, podendo circular até longas
distâncias e permanecer por horas no ar;
c) Contato:
1- Direto (pele com pele)
2- Indireto (objecto intermediário – modo mais frequente de transmissão)

AVALIAÇÃO DO RISCO DE EXPOSIÇÃO DOS PROFISSIONAIS

Contaminação da pele ou fardamento por microrganismos do ambiente do doente;

Exposição a sangue, outros fluidos orgânicos, secreções e excreções;

Exposição a pele não intacta;

Exposição a mucosas;

Exposição a superfícies ou equipamentos contaminados;


Resumindo:

As PBCI são a boa pratica que garante a segurança dos doentes e dos profissionais; ~

A falta de tempo não pode justificar a sua não aplicação;

A sua adoção implica opções e prioridade, em função dos procedimentos a efetuar;

As PBVT são adicionais às PBCI, pelo que devem ser aplicas para além das P. básicas- não as
substituem.

A decisão de usar ou não EPI e quis os equipamentos a usar em cada momento da prestação
de cuidados devem ser baseados na avaliação do risco de transmissão cruzada e
microrganismos, no risco de contaminação do fardamento, pele ou mucosas da pessoa de
saúde com sangue, líquidos orgânicos, secreções e excreções do doente.

Que EPI usar:

Luvas;

Bata/avental;

Máscara;

Óculos;

Touca

Calçado;

LUVAS:

Usar para impedir a contaminação das mãos com fluidos orgânicos, mucosa, pele não integra e
para diminuir a transmissão de microrganismos de profissionais de saúde para o doente e vice-
versa;

Devem ser trocadas após o manuseio de cada doente;

O uso de luvas não substitui a lavagem das mãos;

MÁSCARAS:

Usadas durante ações com risco de salpicos de materiais orgânicos para as mucosas de nariz e
boca no contato com o cliente portadores de doenças transmitidas pelo ar ou gotículas.

O objectivo é por um lado proteger o cliente da libertação potencial de partículas contendo


microrganismos e por outro proteger o profissional de saúde contra a exposição mucocutânea
de gotículas e salpicos.

AVENTAL:

Uso geral em que não há necessidade de proteger os membros superiores, protegendo a


roupa do profissional.

Deverão ser utilizados em procedimentos em que seja previsível a contaminação da roupa por
fluidos orgânicos.
Barreiras de transmissão:

Óculos de proteção- usar em procedimentos com risco de salpicos de material orgânico para a
conjuntiva ocular;

Avental – usados para prevenir a contaminação de roupas e pele dos profissionais quando há
risco de exposição de material orgânico. Devem ser retirados antes da saída do quarto do
doente.

Socas – fechadas, apropriado para os riscos contra os quais se protege: mecânicos, químicos,
elétricos e de queda.

Tocas – o uso de tocas descartáveis proporciona uma barreira efetiva para o profissional de
saúde, contra gotículas ou aerossóis, ou ainda, queda de fios de cabelo sobre superfície de
trabalho.

CONTROLO DE INFEÇÃO: ~

Preconiza a higiene das mãos como medidas de redução das IACS, a diminuição das
resistências aos antimicrobianos e a redução dos custos associados.

Existem 5 momentos:

1- Antes de contatar o doente;


2- Antes de realizar os procedimentos assépticos;
3- Após riscos de exposição a fluidos corporais;
4- Após contato com o doente;
5- Após contato com as áreas próximas ao doente.

Higienização das mãos:

A pele das mãos alberga principalmente duas populações de microrganismos:

Microrganismos residentes: é constituída por microrganismos de baixa virulência, como


estafilococos, pouco associados às infeções veiculadas pelas mãos;

Microrganismos transitórios: colonizam a camada mais superficial da pele, o que permite a sua
remoção mecânica pela higienização das mãos com água – eliminada mais facilmente quando
se utiliza uma solução antissética. É representada tipicamente pelas bactérias Gram-negativas,
como enterobactérias , bactérias não fermentadoras, além de fungos e vírus.

Lavagem das mãos é igual a higienização das mãos.

É a medida individual mais simples e menos dispendiosa, e um dos procedimentos mais


significativos pra a prevenção e o controlo da infeção hospitalar.

É lhe atribuída a redução acentuada da carga microbiana.

A seleção dos métodos e matérias a usar na higienização das mãos é regularmente pela
comissão de higiene hospitalar e respeitada por toda a equipa.

Reconhecem-se 3 níveis na lavagem das mãos:

Higienização (simples ou com antimicrobiano)


Fricção alcoólica;

Antissepsia ou desinfeção cirúrgica das mãos;

Princípios gerais:

Retirar joias e adornos das mãos e antebraços, antes de iniciar o turno de trabalho.

Manter unhas limpas, curtas e sem verniz.

Ter atenção especial aos espaços interdigitais e polegar, respeitando a técnica e os tempos de
contacto.

Evitar recontaminar as mãos após a lavagem.

Lavar sempre as mãos antes e após utilizar luvas.

Higienização simples é a ação da água e sabão sem antimicrobiano, com pH compatível com a
pele e com emoliente, para remover a sujidade, e grande parte da flora transitória. Sendo
realizada correctamente , é uma técnica que demora cerca de 60 segundos.

Fricção antisséptica é o ato de higienizar as mãos com preparações alcoólicas. Reduz a carga
microbiana das mãos, porem não remove a sujidade. Deve ser por isso praticada apenas
quando as mãos estão visivelmente limpas. Duração recomendada 30 segundos.

MEDIDAS DE ISOLAMENTE:

O conceito de isolamento relaciona-se com serviços ou enfermarias especializadas ou a


quartos individuais em serviços hospitalares não específicos.

As diferentes modalidades são definidas de cordo com as fontes e vias de transmissão e são
categorizadas por: isolamento protetor, entérico, de contato, aéreo, sanguíneo, etc.

O objectivo desta técnica de barreira é proteger a equipa prestadora e cuidados das infeções
dos doentes, mas também os doentes com doenças altamente infeciosas de espalhar os seus
patógenos para indivíduos não infetados.

Sistema de barreiras físicas- quarto de isolamento, bata, luvas, que permita os cuidados aos
doentes em hospitais gerais.

Conceito de isolamento – conjunto de medidas adotadas para impedir a transmissão cruzada


da infeção/colonização.

Colocação dos doentes conforme a cadeia epidemiológica da infeção – as patologias e as vias


de transmissão previstas (isolamento estrito, por cortes e de contato.

Os isolamentos podem ser de proteção e de contenção.

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