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IMAGINAÇÃO E DIMENSÃO

SIMBÓLICA DA IMAGEM
IMAGINATION AND SYMBOLIC DIMENSION OF THE IMAGE
IMAGINACIÓN Y DIMENSIÓN SIMBÓLICA DE LA IMAGEN

Malena Segura Contrera


Malena Segura Contrera é professora titular do PPGCOM da Universidade
180 Paulista (UNIP). Doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP e pós-
doutora pela UFRJ. Seus trabalhos mais importantes são: Mídia e Pânico (2004)
e Mediosfera – meios, imaginário e desencantamento do mundo (2017). Pes-
quisadora Pq do CNPq.

E-mail: malenacontrera@uol.com.br.
RESUMO
O presente artigo propõe uma reflexão acerca da relação entre imagem simbólica,
narratividade e imaginação, tratando das consequências do esvaziamento simbólico
da imagem na sociedade mediática. A partir de uma discussão bibliográfica e teórica,
aponta para as relações existentes entre narratividade e imagem nas sociedades arcaicas,
analisando esse processo de esvaziamento e propondo o resgate da imaginação como uma
poderosa estratégia de resistência e criatividade emancipadora.
PALAVRAS-CHAVE: IMAGEM; NARRATIVIDADE; SÍMBOLO; IMAGINAÇÃO.

ABSTRACT
This article proposes a reflection on the relationship between symbolic image, narrativity
and imagination, dealing with the consequences of the emptying of the symbolic image in
the media society. From a literature and theoretical discussion, points to existing relations
between narrativity and image archaic societies, analyzing this process of emptying and
proposing the rescue of imagination as an powerful resistance strategy and creativity
liberator.
KEYWORDS: IMAGE; NARRATIVITY; SYMBOL; IMAGINATION.

RESUMEN 181
El artículo propone una reflexión sobre la relación entre la imagen simbólica, la
narratividad e la imaginación, pensando en las consecuencias de lo vaciamiento simbólico
de la imagen en la sociedad de los medios de comunicación. Partiendo de una discusión
teórica de la literatura del tema, apunta a las relaciones existentes entre narratividad e
imagen en las sociedades arcaicas, analizando este proceso de vaciamiento y proponiendo
el rescate de la imaginación como una poderosa estrategia de resistencia y creatividad
emancipadora.
PALABRAS CLAVE: IMAGEN; NARRATIVIDAD; SÍMBOLO; IMAGINACIÓN.
Pensamento mítico e narratividade pela consciência da mortalidade, e com a capa-
cidade da prospecção, passamos a conviver não
A busca das raízes culturais a partir das quais se só com o medo (animal, instintivo), mas também
possa mergulhar na complexa natureza da ima- com o que Boris Cyrulnik chama de angústia:
gem, remete-nos necessariamente ao que pode-
mos saber, por meio de registros arqueológicos Ao evoluir do significante para o significa-
e de estudos antropológicos, sobre o surgimento do, passei do mundo percebido do medo ao
do processo da consciência humana. Essa esca- mundo despercebido da angústia... O medo
vação da genealogia das imagens, longe de ser leva à ruína, à imobilidade que protege ou à
um detalhe meramente histórico, é fundamen- fuga desenfreada que, quando termina pon-
tal frente a uma visão de cultura que considera do o predador fora do jogo, provoca uma eu-
essencial o reconhecimento e a consideração de foria. Ao passo que o fato de viver num mun-
seu caráter cumulativo, ou seja, nossa memória do despercebido obriga o organismo a uma
está toda presente no aqui e agora, não apenas adaptação representacional. Para se sentir
em forma de lembranças, mas essencialmente na seguro, tem de ir à procura de um objeto de
constituição sistêmica do que somos. Nosso pas- angústia a fim de o transformar em objeto de
sado é a matriz que moldou parte do que somos. medo, perante o qual conhece uma estratégia
Edgar Morin ocupou-se longamente dessas ori- de ruína ou de fuga (CYRULNIK: 1999,101).
gens da imagem, da questão da irrupção da consci-
ência e da linguagem humanas e sua contribuição Essa angústia resultante de um mundo desper-
foi efetiva para pensarmos a natureza da simbólica cebido, que existe apenas como potencialidade
da imagem a partir de sua origem arcaica. imaginária, é exatamente fruto da consciência
Ao tratar do processo de irrupção da consciên- de um porvir, da capacidade de antecipação, de
cia, Morin propôs que ela irrompeu no homem imaginar uma realidade para além da percepção
182 concomitantemente a dois processos: o da aqui- imediata do mundo, e de que, ao final e ao cabo,
sição da noção de temporalidade (tempo/espa- teremos de nos confrontar com o irremediável
ço) e o da representação simbólica por meio de e o incontornável da morte: “assim, há todo um
registros, sinais, mobilizada pela consciência da aparato mitológico-mágico que emerge no sapiens
morte: “A ligação de uma consciência de trans- e que se encontra mobilizado para enfrentar a
formações, de uma consciência de imposições, de morte” (MORIN: 1988a, 95).
uma consciência do tempo, indicam no sapiens a Com isso inaugura-se o melhor de nós – o
emergência de um grau mais complexo e de uma sonho, a imaginação criadora e a esperança - e
qualidade nova do conhecimento consciente (MO- também as principais fontes de sofrimento – a
RIN: 1988a, 94)”. ansiedade, a insegurança pelo desconhecido que
Para os primórdios da vida do sapiens-demens virá, as fantasias de catástrofes. Não à toa Morin
no planeta, a imagem visual não era um mero (1998a) se refere à capacidade imaginativa que
resultado de uma operação técnica da inscrição advém desse salto cognitivo como o melhor e o
mecânica de um objeto sob uma superfície, mas pior do humano. Somos sapiens-demens, e nos-
sim um acontecimento envolto em profunda so lado demens (mental) terá sobre nós e sobre
significação, gerador de tudo aquilo no qual nos todo o desenvolvimento posterior da espécie hu-
transformamos a partir de então. Com a aquisi- mana uma ação decisiva e radical. Somos seres
ção da noção de temporalidade, fomos atingidos imaginantes, para o bem e para o mal, e sermos
imaginantes nos transformou também em seres “...é preciso distinguir o golpe que acontece
imaginários, retroativamente. no mundo real e a representação desse gol-
Nos campos da História e da Literatura muito pe que é elaborada no mundo psíquico... e a
se investigou sobre a centralidade dos processos representação simbólica do nosso golpe em
mnemônicos, mas a pós-modernidade recoloca nosso mundo interior é uma coprodução da
essa questão para além do âmbito da arte ou do narrativa íntima construída pelo ferido e da
registro, tornando-a novamente central para se história que seu contexto cultural elabora so-
pensar o humano e suas produções simbólicas. bre ele” (CYRULNIK: 2005, 181).
A destruição programada da memória faz parte
de uma espécie de “magia negra” operada pela Ao afirmar serem as produções narrativas, a
sociedade tecnológica e mediática, como sabe- forma como narramos nossa própria história,
mos1, e que ocasionou a destruição sistemática o processo central de atribuição de sentido das
do sentido, o esvaziamento do simbólico, como situações que vivemos, e ao reforçar a ideia de
pontuou G. Durand (1995). que essas narrativas são sempre uma construção
As representações simbólicas arcaicas atestam coletiva4, Cyrulnik recoloca a validez e a atua-
para a formação de processos cognitivos dife- lidade de pensarmos nos processos narrativos.
renciados em relação aos demais primatas. O Ainda hoje e sempre somos reféns das histórias
homem primevo2, frente ao desenvolvimento de que contamos juntos sobre nós mesmos e sobre o
seus processos cognitivos, teve a necessidade de mundo. A Psicanálise entendeu isso muito bem,
organizar suas percepções e as significações que a telenovela e o telejornalismo também.
a partir delas foram sendo geradas, e para isso As primeiras narrativas que inventamos para
utilizou a mais fundamental forma de organiza- compreendermos nosso lugar no mundo, e para
ção do pensamento, até hoje a essência de nossos nos inserirmos nesse mundo foram os mitos.
processos cognitivos de memória e atribuição de Mito é narrativa e as narrativas míticas são habi-
significado: a narratividade3. tadas pelas imagens arcaicas, primordiais, a par- 183
Cyrulnik, a partir dos estudos da Etologia Hu- tir de um processo de representação que Morin
mana e da Psicologia, recoloca magistralmente designa de duplo.
a importância e a centralidade da narratividade
para os humanos, ao apresentar os resultados de As imagens arcaicas5
pesquisas realizadas com pessoas que passaram
por traumas profundos, observando sua capaci- As narrativas míticas são comumente objetos
dade e estratégias de resiliência: de atenção de nossa sociedade, seja no ambiente
educacional, seja nas recriações e releituras que
1 Tratamos desse processo no livro Mediosfera: 2017.
2 O termo “primevo” é preferido nas traduções para a língua por- delas realizam constantemente o teatro, o cine-
tuguesa, ao invés do termo “primitivo”, nas obras de Mircea Eliade, ma, os quadrinhos, a televisão, a publicidade, e
para ressaltar a conotação arcaica que se pretende dar ao termo e não 4 Sobre a construção coletiva da memória, temos a contribuição fun-
gerar margem a uma interpretação pejorativa que o termo primitivo damental de M. Halbwacks.
poderia sugerir a partir do senso comum. 5 Segundo Morin: “Em primeiro lugar, o campo gráfico da humani-
3 Quando falamos em “narratividade” é importante lembrar que es- dade pré-histórica é muito vasto e muito variado: nele coexistem o
tamos tratando de um princípio central de organização cognitiva, e sinal convencional, o símbolo mais ou menos analógico, a figuração
não do gênero literário denominado “narrativa”. Essa diferenciação extremamente precisa das formas vivas, e, finalmente, a representa-
é fundamental para não incorrermos no erro de subjugarmos toda a ção de seres quiméricos ou irreais. Portanto, não se trata de nos inter-
complexidade do pensamento às linguagens verbais, muito embora rogarmos sobre uma arte, a pintura, mas de tentar fazer a grafologia
saibamos de suas interpenetrações. do sapiens” (MORIN: 1988a, 97).
delas não nos ocuparemos aqui, embora sempre bramento do ser vivo, da experiência mesmo, a
tenhamos de considerar que a imagem arcaica imagem não se separava do original, não se distin-
anda de mãos dadas com a narrativa. guia dele. A imagem não era o outro, era o mesmo,
O nascimento da imagem é um mistério, e, mais replicado; e por isso agir sobre a imagem era agir
do que buscar por uma história precisa de suas sobre a sua origem, e isso justifica o enorme dis-
origens, o que nos ajuda hoje a pensar a imagem pêndio físico que as culturas arcaicas tinham para
é perguntarmo-nos por aquilo que, da imagem a produção de imagens em lugares tais como as ca-
e na imagem, sobrevive ao tempo. A busca por vernas, e em condições tão adversas, desenhando
uma genealogia da imagem se justifica pela cons- em lugares escuros, no topo da parede de algumas
ciência de que, na cultura, nada se apaga, nada cavernas. Tamanho esforço permitiu que se com-
se elimina, tudo se constrói cumulativamente, preendesse que a imagem possuía para o homem
como num encaixe de bonequinhas russas. Se arcaico uma relevância que estava muito além do
formos desconstruindo as camadas mais recen- mero impulso decorativo.
tes da imagem, veremos surgir em seus subterrâ- Essa imensa produção de imagens por parte do
neos, pulsante, conteúdos e sentidos milenares. homem arcaico que hoje temos registrada dá tes-
Daí a validade de nos perguntarmos pelos modos temunho da profunda intuição desse homem de
como o homem arcaico concebia a imagem. que há uma relação invisível entre a imagem e o
Sobre essa concepção, sabemos, a partir de E. que a motiva (seja objeto, pessoa, animal).
Morin, que a imagem era concebida como “duplo”: Sabemos que as primeiras imagens de que se
tem registro arqueológico apontam para situ-
A existência do duplo é atestada pela sombra ações rituais, relacionadas à sepultura, ou ain-
móvel que acompanha cada um, pelo desdo- da inscritas nas paredes das cavernas, útero da
bramento da pessoa no sonho e pelo desdo- terra-mãe nutriz. E os bisões e demais animais
bramento do reflexo na água, quer dizer, a dos quais também temos registros nas pinturas
184 imagem. Desde então, a imagem não é só uma rupestres são animais que forneciam o alimento
simples imagem, mas contém a presença do central de um grupo, capaz de garantir sua sobre-
duplo do ser representado e permite, por seu vivência, e, por isso, cercados de sacralidade. De
intermédio, agir sobre esse ser; é esta ação que que uma espécie animal vivesse, dependia muitas
é propriamente mágica: rito de evocação pela vezes a vida de toda uma tribo, por isso a caça era
imagem, rito de invocação à imagem, rito de cercada de ritos, e neles a imagem sempre ocupa-
possessão sobre a imagem (enfeitiçamento). É va um papel central.
aqui que podemos compreender a ligação en- Não se produziam imagens aleatoriamente ou
tre a imagem, o imaginário, a magia e o rito” com fins instrumentais, as imagens arcaicas não
(MORIN: 1988a, 98-99). eram da esfera do homo-faber, mas sim da esfera
do homo-sapiens-demens, ou seja, sua natureza
Para compreendermos o duplo necessitamos de era simbólica, elas eram duplos que cumpriam
um enorme esforço de alteridade histórica, já que uma função mágica no contexto do ritual e frente
ele não pode ser compreendido a partir do pensa- a elas estava-se sempre frente a uma aparição, e
mento lógico. Antes que nossa cognição fosse ca- não a uma mera aparência. E as aparições guar-
paz de compreender a imagem como representa- davam seu parentesco com as divindades.
ção de um objeto ou tradução de uma experiência, É neste sentido que a epifania é a herdeira di-
a imagem era potencialmente viva, era um desdo- reta da hierofania, ou seja, a revelação do sentido
é sempre, de algum modo, a revelação do sagra- espaço ao tempo das imagens endógenas.
do, daquilo que transcende a esfera instrumen- Essa distinção proposta por H. Belting - acerca
tal da vida. A imagem é a coisa viva que nos liga da dupla identidade de uma imagem, sua dimen-
ao mundo dos seres do espírito, chamado por E. são exógena, aparente, sensorial, e sua dimensão
Morin de Noosfera, noção que se aproxima mui- endógena, imaginativa, mental -, é fundamental
to do que entendemos por Imaginário Simbólico, porque enquanto as imagens técnicas tratam qua-
seguindo os passos de Gilbert Durand. se que exclusivamente dessa dimensão exógena,
Se para o homem arcaico o duplo é desdobra- que fetichiza as condições técnicas da produção
mento e assombro, é fonte de medo, reverência e da imagem - reduzindo a imagem a signo, a có-
até mesmo fonte de contágio, o homem contem- digo, inscrição, aparência -, a dimensão simbóli-
porâneo é afetado por ele através da manifesta- ca da imagem carece do processo da consciência
ção da vida que pulsa na imagem, de sua poten- imaginante, do tempo lento necessário para que
cialidade transcendente, de sua ação como ponte o sentido se manifeste por meio do sonho, da
entre o mundo concreto e perceptível pelos sen- imaginação. O ruído exterior tem de deixar es-
tidos e o universo simbólico do espírito. O duplo, paço para que o simbólico se manifeste. É claro
concebido pelo homem arcaico, deu origem à efi- que o simbólico pode também ser bem veemente
cácia simbólica da imagem. e gritar mais alto, mas, nesses casos, corre-se o
Acerca da imagem simbólica talvez muito já risco de que isso ocorra por meio de sintomas,
tenha sido dito, mas certamente os desdobra- de acidentes, de rupturas bruscas e normalmente
mentos tecnológicos das últimas décadas nos dolorosas.
recolocam a necessidade de pensar novamente a A origem arcaica da imagem nos remete a isso:
natureza simbólica da imagem, frente à produção ao núcleo de sentido que a imagem evoca, não
desenfreada e instrumental-econômica do que apenas representa. A imagem arcaica, por ser
V. Flusser chamou de imagem técnica. A ima- uma imagem simbólica, era portadora de uma
gem técnica (e aqui consideraremos apenas as enorme energia psíquica. O que a imagem sim- 185
imagens visuais) é fruto da produção tecno-bu- bólica revela é que algo aconteceu, há uma altera-
rocrática das sociedades modernas capitalistas ção no campo da energia psíquica - como propôs
e primam pela superexposição, pela circulação C. G. JUNG -, uma brecha na consciência huma-
desenfreada de visibilidades, pelo elogio da apa- na se abriu e que por essa brecha algo surgiu. Esse
rência como acontecimento central da imagem. algo, ao surgir, causa uma alteração no campo
O importante para nossa sociedade, cujo imagi- energético. Não é mera aparência, é aparição, e
nário foi devidamente colonizado pelas imagens aponta para uma transfiguração potencial.
técnicas, é produzir e consumir imagens visuais Sobre a imagem simbólica, G. Durand afirma:
ininterruptamente. Ao que desenvolveu no sé-
culo XX acerca de nossa relação com as imagens “Não podendo figurar a infigurável transcen-
N. Baitello Jr chamou de Iconofagia (2014). Se dência, a imagem simbólica é transfiguração
você precisa dormir algumas horas, conte com as de uma representação concreta através de
máquinas de imagens para permanecerem acor- um sentido para sempre abstrato. O símbolo
dadas cuspindo imagens na órbita do imaginário é, pois, uma representação que faz aparecer
(cf. D. KAMPER); seu celular estará ligado, seu um sentido secreto, é a epifania de um misté-
computador pessoal também, tudo para que as rio” (DURAND, pg. 11-12, 1995).
emissões ininterruptas não silenciem, não abram
É neste sentido que a capacidade simbolizado- trínseca entre imagem, imaginário e imaginação
ra da consciência humana está no fundamento para nos aprofundarmos na reflexão acerca da
do pensamento humano, está no mito, por meio imagem simbólica. Seguindo o pensamento de Ja-
das imagens arquetípicas, e de lá não pode ser re- mes Hillman, temos que “uma imagem é dada pela
tirada a não ser que coloquemos em questão a perspectiva imaginativa e só pode ser percebida pelo
própria concepção de humano. Penso que só seja ato de imaginar” (HILLMAN, pg. 28, 1992).
possível discutir os rumos do pós-humanismo a Posso então suspeitar da natureza de uma ima-
partir desse ponto de vista da problematização gem pelos seus efeitos, tal qual afirma a Psicologia
acerca da atual crise do pensamento simbólico, acerca do inconsciente. A dimensão endógena da
do avanço das literalidades e do domínio do im- imagem se apresenta por meio da imaginação,
pério tecnológico das imagens mediáticas. dos espaços que a acolhe (o sonho, a arte, o de-
Resgatar o que nos definiu como humanos por vaneio criativo, a inspiração), dos efeitos trans-
milênios de História e auto-regulação antropo- formadores e quase sempre inconvenientes de
lógica passa, antes de mais nada, por resgatar o sua ação, inconvenientes, sobretudo, do ponto de
pensamento simbólico, por recolocar a questão da vista do establishment.
imagem simbólica e dos processos de consciência A ação das imagens simbólicas na psique hu-
que se mobilizam (ou não) frente às imagens. mana é sempre imprevisível e, não raras vezes,
transgressora, já que o simbólico rompe o pro-
grama do aparelho (FLUSSER, 1985), traz con-
O que distingue uma imagem simbólica? teúdos e gestos que se originam não na caixa
preta dos aparatos tecnológicos economicamente
Frente a uma imagem, devemos nos perguntar programados (e programadores), mas de outras
sobre o que distingue uma imagem simbólica de caixas pretas, as das cavernas ancestrais, dos so-
uma imagem técnica. Não é a imagem propria- nhos esquecidos, dos equilíbrios quebrados, das
186 mente dita que define sua natureza, mas sim a funduras do inconsciente pessoal e coletivo.
relação estabelecida entre homem e imagem. É o A noção mesmo de inconsciente coletivo foi
tipo de processo de consciência que faz com que, desenvolvida por C. G. Jung a partir do estudo
frente a uma imagem, possamos ser tocados por atento dos mitos e das imagens arcaicas. Em sua
ela a ponto de que nossa consciência se abra para a teoria, ele trata do potencial integrador dos mi-
sua dimensão endógena, ou que nosso olhar a de- tos e das imagens, falando sobre uma “magia por
vore rapidamente numa busca frenética pela pró- analogia”, referindo-se a esses conteúdos como
xima imagem, até que nossa consciência se crista- “formas imemoriais do espírito humano que nós
lize nesse movimento compulsivo de consumo e próprios não adquirimos, mas herdamos desde
autoconsumo, por meio de automatismos. épocas que se perdem nas brumas do passado”
A mesma imagem presente na vinheta de um (JUNG, 1986, 87). Ao afirmar isso Jung não con-
programa televisivo pode servir para estimular sidera que essa herança se dê por meios genéti-
processos de reflexão e motivar um processo de cos, biológicos, mas pela cultura, ou, se empres-
imaginação criativa. A prova dos nove de uma ima- tamos a proposição de Morin, pela Noosfera.
gem é ela ser ou não capaz de motivar a imagina- A plasticidade e a densidade energética que a
ção. E isso depende da consciência imaginante, de imagem simbólica potencialmente abriga extra-
que relação uma pessoa estabelece com a imagem. pola toda a tentativa de controle tecno-burocrá-
Neste sentido, será preciso encarar a relação in- tico do mundo, e por isso nunca veremos gran-
des investimentos econômicos promovendo o Não é a natureza em si da imagem técnica que
sonho genuíno, o silêncio, o vazio criador, a arte a define, mas o contexto no qual ela se origina e
não comercial. o pensamento técnico-instrumental a que serve.
Relevante aqui é perceber que a questão deslo- Seus usos históricos e econômicos é que nos pa-
ca-se da imagem para a consciência imaginante, recem ser os agentes que operam a despotenciali-
para a possibilidade de ser possuído pela imagem zação simbólica da imagem. Potencialmente sim-
e para o potencial psíquico de acolher essa ima- bólica, a imagem, reduzida a produto, reduz-se
gem, de deixá-la imaginar-se através de nós. a mera ocorrência, sem impacto, age como mais
A possibilidade de sermos possuídos pela ima- uma fonte de alimento do que podemos conside-
gem nos faz refletir sobre os processos de recepção rar o ethos de nossa época: a compulsão. Consu-
e de como, imersos na Mediosfera, estamos imer- mir compulsivamente, interagir compulsivamen-
sos numa contínua emissão de imagens, que se so- te, falar, comer, beber... a lista é imensa e faz parte
brepõem umas às outras, ininterruptamente, sem do fenômeno que C. Mellman (2008) chamou do
a possibilidade dos silêncios e dos vazios geradores imperativo do gozo, gerado por uma cultura de
de uma ressonância que torne possível que as ima- excessos, e que se traduz no fim do gozo gerado
gens nos afetem, e mais, que elas nos emocionem. pelo seu paroxismo, no sofrimento da alma – e
As emoções são processos profundamente corpo- isso quer dizer corpo também - sem imaginação.
rais, emocionar-se nunca é algo que se faz apati- Lembramos ainda de J. Hillman (1993), afir-
camente, como sabemos (De Waal, 2010), muito mando que a crise das capacidades simbólicas e de
menos apressadamente porque outras imagens imaginação equivale à literalização e à paranoia.
disputam nossa atenção. Essa possibilidade de ser- Basta uma breve olhada na produção cinema-
mos convocados pelas imagens é o que distingue tográfica e nos seriados americanos, por exem-
nossa relação com elas: como consumidores6, ou plo, para entendermos como uma sociedade que
como imaginadores. Na contemporaneidade, se tem no consumo desmesurado sua bandeira, tor-
não formos cúmplices das imagens, seus amantes, na-se paranoica, tomada por uma pobreza imagi- 187
seremos devorados por elas. nativa, presa em criar ininterruptamente várias e
Sem essa penetrabilidade da imagem, sem ser- mesmas versões do seu próprio7.
mos penetrados e revirados por ela, seu potencial
simbólico se perde, a possibilidade de imaginar- De volta ao mito
mos se restringe, a imaginação se torna mais um
produto, pronta, como se tudo isso acontecesse Há um passado que nunca passou, e é neces-
fora de nós, não em nós. Essa é uma eficiente es- sário que compreendamos isso se quisermos
tratégia de despotencialização do espírito huma- desenvolver uma atitude mais consciente frente
no, desconectar imagem de imaginação. Como aos fenômenos da cultura e da comunicação con-
potente força transgressora e criadora, a imagi- 7 Quando analisamos processos relativos ao Imaginário, é preciso
nação não interessa às intenções de controle, ve- considerar como mais relevante as produções culturais de maior au-
diência, ou seja, as que mais encontram a adesão junto a públicos
nham de onde vier.
maiores, já que esse é um fator indicativo de impacto e significativo
6 Sabemos que os estudos sobre consumo nos mostraram ser esse um para considerar válidos processos imaginários reveladores de movi-
processo complexo, e que não há um consumo, mas diferentes rela- mentos sociais. Quanto maior a reverberação, mais estamos tratando
ções de consumo que devem ser consideradas. Na presente reflexão, de conteúdos comuns e, portanto, relativos a camadas mais profun-
utilizamos a noção de consumo dentro dos contextos comerciais das das do inconsciente. Nesse sentido, a palavra é de fato ressonância;
sociedades capitalistas; o tipo de consumo que nos torna usuários, quanto maior a ressonância de um fenômeno, mais representativo ele
como apontamos em outro momento (2017). é para a compreensão de sua ação no Imaginário Cultural.
temporânea. Por isso JUNG se volta ao passado, às não pode, no entanto, ser atribuído apenas ao
narrativas míticas e ao pensamento mágico para primitivo, e que o homem civilizado também
entender o que acontece com o homem moderno. pode reagir assim, sob o efeito de uma forte co-
JUNG utiliza o termo magia para se referir à moção ou ao ter um núcleo afetivo ou complexo
força das imagens simbólicas a partir de sua de- psíquico tocado. Estamos frente ao que temos
rivação etimológica, já que é a raiz “mag”, do in- estudado como processos de contágio psíquico
do-europeu, que dá origem ao termo “imagem”, (CONTRERA e TORRES, 2017), centrais para
como nos apresenta N. Baitello Jr. (2014). Magia entendermos as novas formas de contágio na so-
seria então, a seguir sua raiz etimológica, o traba- ciedade das redes.
lho e a ação das imagens. Nossos processos de consciência possuem uma
Para Jung esses processos mágicos ainda são linha tênue que os separam do inconsciente, e as
reveladores do estágio de consciência próprio imagens simbólicas são uma ponte de ligação en-
do homem arcaico (e ainda presente no homem tre esses mundos, sendo as narrativas míticas um
contemporâneo em certas situações) no qual este grande passeio de ir e vir por essa ponte.
não registrava meramente suas percepções acer- Voltando à natureza narrativa do pensamento
ca dos processos naturais e de suas vivências, mítico, ou seja, ao processo cognitivo de organi-
mas sim as fantasias que produzia a partir des- zação a partir de noções espaço-temporais que
sas percepções. É preciso, no entanto, entender a narrativa propicia, sabemos que a narrativa
que o estado mental do homem arcaico é próprio prevê uma teia de relações entre as personagens
de uma visão encantada de mundo, na qual tudo e uma sequência no desenrolar da ação que cria
tem vida e está de certo modo inter-relacionado: uma rede relacional entre os elementos que a
compõem, organizando-os a partir de um deter-
Se nos transportarmos para a mente do pri- minado padrão. Esse “padrão”, apresentado por
mitivo, imediatamente compreenderemos a Morin, aproxima-se do que Jung propôs décadas
188 razão pela qual isto acontece. Com efeito, ele antes como arquétipo, dando a esse termo uma
vive num tal estado de participation mysti- concepção específica:
que, como Lévy-Bruhl chamou este fato psi-
cológico, que entre o sujeito e o objeto não Os arquétipos são formas de apreensão, e
há aquela distinção absoluta que se encontra todas as vezes que nos deparamos com for-
em nossa mente racional. O que acontece mas de apreensão que se repetem de maneira
fora, acontece também dentro dele, e o que uniforme e regular, temos diante de nós um
acontece dentro dele, acontece também fora arquétipo, quer reconheçamos ou não o seu
(JUNG, 1986, 91). caráter mitológico. O inconsciente coletivo
é constituído pela soma dos instintos e dos
Nesse sentido, podemos compreender que seus correlatos, os arquétipos. Assim, como
esse estado mental leva o homem a vivências nas cada indivíduo possui instintos, possui tam-
quais o dentro e o fora não apenas se interpene- bém um conjunto de imagens primordiais
tram, afetam-se mutuamente, mas basicamente (JUNG, 1986, 73).
se con/fundem.
Se a participação mística do homem arcai- E essas imagens primordiais não podem ser in-
co já é bastante conhecida, não tão conhecida é terpretadas literalmente. A linguagem do mito é
a afirmação de Jung de que esse estado mental essencialmente metafórica, e metáfora é dizer que
isto é aquilo, como bem lembrou Rubem Alves tam. Os mitos são as histórias nas quais vivem e
(in MORAIS, 1988). Não é dizer simplesmente revivem a energia e a força expressiva das ima-
que isto se parece com aquilo, mas apontar para a gens simbólicas, dos arquétipos.
profunda identidade secreta entre as coisas, entre E as narrativas têm corpo. Essa relação entre
o sujeito e o objeto. A metáfora agride a separa- corpo e psique, proposta por Jung, é tratada tam-
ção cartesiana clássica com a qual ainda estamos bém pela mitologia e pelas teorias do imaginário
acostumados a pensar nas Ciências Sociais. por meio da relação entre o meio ambiente natu-
Conceber a metáfora para além de sua possibi- ral habitado e os mitos gerados por uma cultura,
lidade meramente estilística é fundamental para e é tratado por E. Morin (1991) por meio das re-
a compreensão do mito. A metáfora é a estratégia lações entre a Biosfera e a Noosfera (a esfera dos
representativa pela qual o inconsciente expressa a seres do espírito), numa reflexão declaradamente
vivência da profunda interconexão entre os seres. inspirada pelo pensamento de Jung.
O físico Fritjot Capra, por exemplo, redimen- É por este motivo que podemos constatar, como
siona sua importância, a partir dos estudos do apresenta M. Eliade (1991), a forte presença de
biólogo e antropólogo Gregory Bateson (1980) narrativas, motivos mitológicos e imagens sim-
sobre o tema: bólicas relacionados ao mar em culturas que se
desenvolveram à beira-mar, tendo a pesca como
A metáfora expressa a similaridade estrutural, uma das principais fontes de alimento. Também é
ou, melhor ainda, a similaridade de organiza- evidente o papel central que desempenha o Olim-
ção. A metáfora assim concebida era o aspecto po, que quer dizer, “a montanha mais alta”, na mi-
fundamental da obra de Bateson. Qualquer tologia grega, fruto de uma Grécia montanhosa e
que fosse o campo que estudasse, sempre pro- repleta de ilhas. Também o papel que desempe-
curava as metáforas da natureza, sempre bus- nham a Lua e os ciclos lunares nas mitologias dos
cava o “padrão que une”. A metáfora, então, povos que sobreviviam centralmente da pecuária
é a lógica sobre a qual todo o mundo vivo é é tão evidente como o é a importância do Sol e 189
construído (CAPRA, 1993, 67). dos ciclos solares para as mitologias nascidas em
sociedades que sobreviviam basicamente da agri-
O que F. Capra e G. Bateson viam no cultura (ELIADE, M.: 1991).
universo da Física e da Biologia, o que E. Morin O mundo, enfim, pela ótica do mito e das ima-
viu pela lente da Antropologia, Jung viu na psi- gens arcaicas, é um lugar de encantamento, de
que, inspirando-o a buscar nos mitos e em sua terror sim, mas também de hierofania. J. Cam-
natureza metafórica as relações simbólicas pre- pbell, ao falar dos Upanixades, foi um dos que,
sentes no arquétipo. Relações, aliás, parece ser com sua escrita poética, nos presenteou com
a ideia-chave para a compreensão do mito e do uma linda imagem desse processo:
arquétipo. Capra chamou a atenção para as re-
lações ao dizer: “como as relações são a essência A vida de uma mitologia vem da vitalidade
do mundo vivo, Bateson sustentava que seria de seus símbolos como metáforas transmis-
melhor usarmos uma linguagem de relações para soras não apenas da ideia, mas de um sen-
descrevê-lo. É isso que as histórias fazem. As his- so de participação real nessa realização de
tórias, dizia ele, são um caminho excelente para o transcendência, infinidade e abundância, de
estudo das relações” (CAPRA, 1993, 65). que nos falam os autores upanixádicos. Na
Histórias – é disso justamente que os mitos tra- verdade, o primeiro e mais essencial serviço
de uma mitologia é este, o de abrir a mente e a Terra, por meio das pautas ecológicas, passou a
o coração à maravilha total de todo ser. E o significar apenas o problema central do Capita-
segundo serviço é cosmológico: representar lismo contemporâneo. E o olhar perdido, conti-
o universo e todo o espetáculo da natureza, nua à deriva.
tanto como o conhece a mente como o vê o A imaginação – tal qual fazem as narrativas mí-
olho, como uma epifania, de tal modo que ticas -, nesse contexto, reivindica esse olhar per-
quando o relâmpago lampeja, ou o sol poente dido, convida-o a olhar para dentro, a um gesto
inflama o céu, ou se vê um gamo de pé, aler- de conhecer sem olhar, a um deixar-se ver pelas
ta, a exclamação “Ah!” possa ser pronuncia- imagens, invertendo a direção do conhecimento,
da como um reconhecimento da divindade abrindo outras janelas que não as das telas.
(CAMPBELL, 1991, 9). Nem todo passado pode passar. Algumas coi-
sas passaram, mas se transformaram no que so-
Nossa época perdeu o olhar para as divindades mos. E nem todo futuro vem pela frente, alguns
presentes na terra, nos mares, nos relâmpagos, futuros vêm de dentro.
nas conchas, na Lua, nas sementes8. De repente,

8 Ainda há resistências, aqui e ali. M. R. da Silva (2018) tem pes-


quisado sobre a ressonância e a resistência do imaginário religioso
da Umbanda na sociedade contemporânea, uma religião que ainda
abriga a proposição de um mundo encantado (em pesquisa atual de
pós-doutoramento desenvolvida junto à UFRJ).

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