Você está na página 1de 2

Trabalho de Arquitetura e Urbanismo - Aluno: Valnei Montoro – RA: 96847

Acessibilidade em Ambientes Comerciais: Espaços em Supermercados.

Quando falamos em acessibilidade de uma forma geral, deve-se sempre estar “subentendido” os
estudos realizados com base na necessidade da dimensão humana.
Esse padrão de informações criado e mundialmente adotado baseia-se na vasta diversidade humana
e as suas diferentes necessidades. Criado e desenvolvido com esse fim deve ser adotado e aplicado em todos
os projetos arquitetônicos, projetos urbanísticos e ainda projetos mobiliários.
No Brasil, foi na década de 80 que movimentos organizados por pessoas com deficiência deram início
à discussão sobre acessibilidade. A história indica que, em resposta às manifestações sociais, ações
começaram a ser tomadas por parte do governo. Em 1988, dispositivos de acessibilidade em edificações e
nos transportes foram incluídos na Constituição Federal.
A importância da acessibilidade em estabelecimentos comerciais.
A acessibilidade aplicada à arquitetura comercial é feita segundo regras e normas que foram
instituídas à medida que a luta pela inclusão de PCDs se fortaleceu no país.
Em 1985, a Associação Brasileira de Normas Técnicas ( ABNT) publicou a Norma Técnica Brasileira
9050. A NBR 9050 aborda a acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos e traz
informações detalhadas sobre definições e medidas adequadas para cada ambiente.
Essas informações vão ao encontro do conceito de Desenho Universal. Essa ideia foi desenvolvida
por profissionais de Arquitetura e Urbanismo dos Estados Unidos para definir um projeto que cria espaços
que possam ser utilizados por todos.
A principal premissa do Desenho Universal é garantir que um ambiente, em sua máxima extensão,
seja usado por pessoas com deficiência sem a necessidade de adaptações.
Você já notou que há alguns anos bancos foram reformados para incluir rampas de acesso nas
calçadas? Este é um exemplo simples que livra a PCD de pedir ajuda ou de depender de rampas improvisadas
por cima da escada. Mas as pessoas não têm necessidades relacionadas apenas à sua mobilidade.
Deficiências auditivas, visuais, de fala, sensoriais ou intelectuais também devem ser consideradas ao se
pensar a acessibilidade em espaços comerciais. Sinalizações diversificadas, inclusive com base nas
características do piso e a inclusão do Braille, são exemplos de medidas que tornam um local adequado a
qualquer que seja a deficiência do indivíduo. E para que não haja dúvidas, a apresentação dos tipos de
deficiência que merecem a atenção da arquitetura comercial é devidamente feita no Capítulo II do decreto
n° 5296.
Popularmente reconhecido como Lei da Acessibilidade, o decreto foi publicado em dezembro de
2004 para a “aprovação de projeto de natureza arquitetônica e urbanística […] bem como a execução de
qualquer tipo de obra, quando tenham destinação pública ou coletiva”.
Os aspectos da arquitetura comercial que envolvem todos os tipos de acessibilidade têm por objetivo
cumprir o que diz a Lei n° 13.146/2015, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.
Em seu artigo 3°, a lei considera que acessibilidade é a “possibilidade e condição de alcance para
utilização, com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações […] bem
como de outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto
na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida”.
Normas que um estabelecimento comercial deve seguir.
Conhecer as leis de acessibilidade existentes não é o suficiente para que se saiba como aplicá-las em
seu estabelecimento comercial. Para facilitar, existe uma cartilha do Sebrae baseada nas Normas da ABNT
indicando questões que devem ser consideraras para tornar-se um estabelecimento acessível. São elas:
Sinalização ― A necessidade de aplicação de sinalizações de acessibilidade por meio do Símbolo
Internacional de Acesso (SIA) de forma visível nas entradas; sanitários, saídas de emergência, áreas
reservadas para PCDs e vagas de estacionamento; equipamentos de uso exclusivo de PCDs;
Comunicação ― o uso de relevos ou da linguagem em Braille para orientar cegos e deficientes visuais
é importante. Se possível, é recomendado contar também com intérpretes de Libras, a Língua Brasileira de
Sinais, para comunicação com pessoas com deficiência auditiva;
Cão-guia ― cães devidamente treinados para permanecer na companhia de deficientes visuais
devem ter a permissão para acessar todos os locais públicos e privados de modo a orientar seus donos;
Estacionamento ― vagas exclusivas e com espaço de circulação para a cadeira de rodas (largura
mínima de 1,20m) devem ser oferecidas às PCDs no estacionamento do estabelecimento;
Balcões ― se não em sua totalidade, os balcões da loja para atendimento ao público devem
apresentar ao menos uma parte (extensão mínima de 0,90 metros) em altura acessível a PCDs ou mobilidade
reduzida.
Para complementar o projeto de adaptação e arquitetura comercial, é interessante conhecer as
principais regras existentes para esse tipo de ambiente. Algumas equivalem àquelas já apresentadas pela
cartilha do Sebrae, enquanto outras oferecem informações adicionais relevantes.
- Sua loja deve ter estrutura e sinalização apropriadas para aqueles que se movem com o auxílio de
equipamentos como muletas e andadores. Desníveis no piso, por exemplo, precisam ser alertados;
- A ABNT prevê que uma cadeira de roda ocupa uma área de piso de 0,80×1,20m, precisa de uma
largura de 0,90m para se deslocar em linha reta e prevê áreas de manobras para mudança de percurso. Por
isso, as áreas de circulação na loja deve respeitar esses espaços, tornando-se apropriada para que os
cadeirantes manobrem para se locomover;
- É determinado que as vagas de estacionamento para PCDs sejam devidamente sinalizadas, além de
estarem localizadas mais próximas da entrada da loja do que as demais. O objetivo é facilitar o acesso direto
ao local mais simples;
- A loja precisa ter uma rota acessível, ou seja, um trajeto contínuo, sem obstáculos e devidamente
sinalizado, que conecte o ambiente interno ao externo. Essa rota deve ser projetada para que todos, inclusive
as pessoas com deficiências, possam usá-la com autonomia;
- As portas da loja devem ter vão livre de pelo menos 0,80 metros de largura e 2,10 metros de altura.
Ainda, suas maçanetas devem ser colocadas entre 0,90 e 1,10 metros de altura, serem de fácil operação (em
um só movimento), não apresentando qualquer dificuldade de manuseio;
- Junto às rotas de acesso da loja, é necessária a instalação de sanitários que contem com áreas
acessíveis (toaletes de dimensões mais amplas, portas de fácil operação e pias em alturas mais baixas);
- Caso o estabelecimento seja de grande porte, a recomendação é de que existam à disposição
telefones que transmitam mensagens (TDD) para que deficientes auditivos se comuniquem;
- Pelo menos 5% das mesas de trabalho ou de refeições devem ser acessíveis a pessoas em cadeiras
de rodas. A altura estipulada fica entre 0,75 e 0,85 metros, considerando ainda que a mesa deve permitir
avanço de até 0,50 metros;
- Equipamentos e serviços de acessibilidade do estabelecimento devem ser indicados conforme o
Símbolo Internacional de Acesso (SAI);
- O estabelecimento deve ter sinalização tátil adequada para pessoas cegas ou com algum tipo de
deficiência visual. Para tanto, a representação pode ser feita por meio de relevos ou em Braille;
- Uma sinalização sonora para deficientes visuais deve ser emitida em casos de emergência ou perigo
na loja;
- Caso o estabelecimento tenha elevadores, é necessário que sistemas de proteção e reabertura de
portas sejam instalados nesses equipamentos para evitar sua obstrução. Tal sistema deve proteger entre 5 e
120 centímetros acima do piso das cabinas dos elevadores com um mínimo de 16 feixes de luz.

Pensar em acessibilidade na arquitetura comercial é necessário para criarmos uma sociedade mais
inclusiva, permitindo a todos o exercício de sua autonomia e liberdade.
Regras de acessibilidade para ambientes comerciais existem e dependem de orientação profissional
de arquitetos para serem devidamente implementadas. A ideia é garantir tanto que as leis sejam cumpridas
quanto que o projeto do ambiente mantenha viva a personalidade do estabelecimento e favoreça seu
sucesso.
Aos proprietários de empreendimentos comerciais, a adequação às normas de acessibilidade para
PCDs ou mobilidade reduzida faz mais do que assegurar o cumprimento da legislação. A disposição em
abraçar esse público, que inclui ainda gestantes, idosos e obesos, contribui para melhorar a imagem do local
e aumentar sua clientela.

Você também pode gostar