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Quando visitei pela primeira vez os Açores, passei por uma aldeia que foi fundada há
séculos por compatriotas meus, chama-se Flamengos e fica no Faial. Foi lá que ouvi uma
das perguntas mais interessantes sobre a minha terra: perguntaram-me se a Flandres
também era uma ilha. Achei divertido que no pensamento ilhéu, a Flandres não passava de
algo imaginário, tão imaginário provavelmente como os próprios Açores para os meus
compatriotas antes de embarcarem. O que já não achei divertido, mas sim preocupante, foi
a constatação que até intelectuais das ilhas têm ideias bastante imaginárias sobre a Flandres.
No seu livro sobre o falar da ilha de São Jorge, Olímpia Soares de Faria julga que os
flamengos falam francês e tenta explicar os gritos dos camponeses quando levam o gado a
beber água como sendo de origem flamenga. Esta etimologia extremamente duvidosa
baseia-se no francês, enquanto os flamengos nunca falaram francês, muito menos os
camponeses no século XV. Achei por isso que valia a pena informar melhor os açorianos -
já que muitos (Dutra, da Silveira, Brum, de Bruges, etc.) ainda têm algumas gostas de
sangue flamengo nas veias - sobre o que é afinal a Flandres.
Para terminar, só uma pequena explicação etimológica dos nomes açorianos de origem
flamenga: