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MENSAGEM Nº.

005/2023

A Sua Excelência o Senhor

PAULO EDUARDO DA COSTA FREIRE

Presidente da Câmara Municipal de Natal

Em 19 de Janeiro de 2023.

Senhor Presidente,

Em cumprimento ao disposto no art. 43, §§1º e 7º, da Lei Orgânica do Município de


Natal, encaminho a Vossa Excelência e aos seus ilustres Pares, as conclusões sobre alteração
por emenda parlamentar do Projeto da Lei Orçamentária Anual – LOA para o exercício de
2023.

Após proceder à análise do Projeto de Lei nº 477/2022 – oriundo da Mensagem nº


116/2022 que “Estima Receitas e Fixa as despesas do Município de Natal para o exercício
financeiro de 2023”, enviado pela Câmara Municipal do Natal por meio do Ofício nº
006/2023-RF –, expomos a seguir as razões sobre a nossa decisão em vetar o art. 9º do
projeto em questão, proveniente de emenda parlamentar.

PALÁCIO FELIPE CAMARÃO

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Telefone: (84) 3232-8984. Website: http://www.natal.rn.gov.br


RAZÕES DE VETO PARCIAL

A Emenda nº 1218 modificou o art. 9º do projeto de lei em estudo por meio da


seguinte forma:

“Art. 9º. Fica o Poder Executivo obrigado a


destinar 20% (vinte por cento) dos recursos
previstos na dotação orçamentária
04.131.162.2043 – Divulgação das Ações do
Governo Municipal – com a divulgação e
promoção do turismo.”

A alteração parlamentar, obrigando o Executivo a dispender 20% (vinte por cento)


relativos à publicidade institucional com turismo, afigura-se materialmente inconstitucional.
Essa emenda usurpa a chamada Cláusula de Reserva de Administração e ainda desrespeita o
princípio da tripartição dos poderes estatais, positivado no art. 16 da Lei Orgânica do
Município c/c art. 2º da Constituição da República. A respeito do assunto, o Supremo
Tribunal Federal já se pronunciou, concluindo que há inconstitucionalidade material destas
proposições parlamentares por infringir a separação dos poderes. Infra:

“Ação direta de inconstitucionalidade. Lei


14.235/2003, do Estado do Paraná. Proibição
ao Poder Executivo Estadual de iniciar,
renovar, manter, em regime de exclusividade
a qualquer instituição bancária privada, as
disponibilidades de caixa estaduais. 2.
Reserva da Administração. (...) A Lei
14.235/00, ao afirmar, em seu art. 3º, que

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‘caberá ao Poder Executivo revogar,
imediatamente, todos os atos e contratos
firmados nas condições previstas no art. 1º
desta lei’, viola o princípio da separação dos
Poderes e da segurança jurídica.
Inconstitucionalidade material. 5. Ação direta
de inconstitucionalidade julgada procedente.
(STF, ADI 3075, Rel. Min. GILMAR
MENDES, Pleno, Acórdão Eletrônico, j.
24/09/2014, DJe-217 04/11/2014, Pub.
05/11/2014).

EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO


- EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
RECEBIDOS COMO RECURSO DE
AGRAVO - DECISÃO QUE SE AJUSTA À
JURISPRUDÊNCIA PREVALECENTE NO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL -
CONSEQÜENTE INVIABILIDADE DO
RECURSO QUE A IMPUGNA -
SUBSISTÊNCIA DOS FUNDAMENTOS
QUE DÃO SUPORTE À DECISÃO
RECORRIDA - RECURSO DE AGRAVO
IMPROVIDO. - O princípio constitucional da
reserva de administração impede a ingerência
normativa do Poder Legislativo em matérias
sujeitas à exclusiva competência

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administrativa do Poder Executivo. É que, em
tais matérias, o Legislativo não se qualifica
como instância de revisão dos atos
administrativos emanados do Poder
Executivo. Precedentes. Não cabe, desse
modo, ao Poder Legislativo, sob pena de
grave desrespeito ao postulado da separação
de poderes, desconstituir, por lei, atos de
caráter administrativo que tenham sido
editados pelo Poder Executivo, no estrito
desempenho de suas privativas atribuições
institucionais. Essa prática legislativa, quando
efetivada, subverte a função primária da lei,
transgride o princípio da divisão funcional do
poder, representa comportamento heterodoxo
da instituição parlamentar e importa em
atuação ‘ultra vires’ do Poder Legislativo, que
não pode, em sua atuação político-jurídica,
exorbitar dos limites que definem o exercício
de suas prerrogativas institucionais. (STF, RE
427574 ED, Rel. Min. CELSO DE MELLO,
2ª Turma, Acórdão Eletrônico, j. 13/12/2011,
DJe-030 10/02/2012, Pub. 13/02/2012, RT V.
101, nº 922, 2012, p. 736-741).”

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Deste modo, pelas razões acima expostas, Senhor Presidente e Senhores Vereadores,
com base nas razões jurídicas e de interesse público, VETO o art. 9º do Projeto de Lei nº
477/2022.

Atenciosamente,

ÁLVARO COSTA DIAS

Prefeito

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