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Foi noutro tempo.

Num tempo que já não recordo.

As águas turvaram os anos. No Mar, diluem-se as mágoas, as memórias, e os pesadelos antigos afogam-
se a cada nova tempestade.

Desde que me lembro fui um escravo. Pouco recordo da família da qual me separaram. Imagino que
terão ficado para escravos também. Não me interessam.

Não lamento. Não me interessam. Fiz-me muito mais do que me fizeram.

O que verdadeiramente sou foi forjado entre a Areia e o mar. A arena dos jogos, banhada a sangue, e a
Areia das praias, banhada pelas ondas, onde tantas vezes desembarquei para saquear e me alimentar.

Sou do Norte do Norte. Vindhelm, para mim, é Sul.

Tenho pele fria como o gelo, e o gelo é um cobertor para mim.

Nasci grande de corpo e pequeno de mundo. Cresci maior ainda, e o meu mundo cresceu comigo. Mas
fui escravo demasiado tempo. Com cinco anos, começaram a treinar-me com espada. Com seis já era
lanceiro. Aos sete, caço o meu primeiro lobo. Aos oito, o primeiro homem.

Desde os nove anos que me lançaram na Arena em Broken Chain. Foi aí que passei maior parte da vida.
E foi aí que criei, entre os que sobreviviam aos combates, a minha única família.

Juntos, nós os que venciam, iamos ficando como elite de entre a elite dos gladiadores de Lord Rhenius.
Tivesse ele a nossa lealdade, tinhamos nós uma vida de reis.

De reis enjaulados, no entanto. E digam-me. Que rei vive bem tendo um reino confinado por grades?

Conheci, no cativeiro, os sabores dos melhores repastos, do melhor vinho, das mais fogosas mulheres:
da minha e de outras espécies.

Nada me completava. Um dia, uma criança como eu havia sido, chegou à jaula para ser treinada.

Eu tomei-a como minha protegida. Os meus quatro irmãos de Armas: Thoran, o Ogre; Sylvan, o Elfo;
Jaerther, o Anão; e Gröttar, o Homem, disseram que não me devia apegar a criatura tão frágil.

Mas olhava para Tig, assim dizia ser seu nome... Tig... e sentia viajar-me no tempo. Rever-me nos seus
olhos quando tinha tido aquela idade. E que moral tinham eles para me demover? Eles que, em segredo,
haviam já amado e procriado com as escravas do palácio? Com os filhos escondidos nos campos longe
daquela cidade maldita...

Um dia, Tig fraquejou num exercício de combate e Lord Rhenius decidiu puni-lo.
Tig afrontou Rhenius e golpeou-o com a Espada de Pau. Lord Rhenius ordenou que o prendessem e
golpeou-o com o chicote de pontas de estrela até que se lhe vissem as costelas.

Tig morreu esvaíndo-se em sangue. A última palavra que lhe ouvi, foi Hal.

Nesse dia, decidi que não mais viveria escravo. E não mais deixaria que qualquer criatura que
encontrasse, seria escravizada.

Com os meus quatro irmãos de armas, liderámos a revolta. Deixámos Broken Chain a Ferro e fogo.
Arrastámos perante Lord Rhenius os cadáveres decepados das suas mulheres. Prendêmo-lo perante os
filhos que golpeámos nos pulsos, deixando-os esvaír-se em sangue perante ele.

E depois de deixar os seus cães sem comer durante uma semana, atirámo-lo vivo à jaula onde estavam.
Os gritos dele ainda os ouço hoje. Mas na altura foram música.

Pouco destes horrores chegaram aos ouvidos das guarnições das cidades vizinhas. Mas chegou o
suficiente para temerem que a revolta se alastraria a elas.

Os exércitos chegaram, cercaram-nos, e por muito fortes que fossem 200 gladiadores endurecidos pela
luta na arena, pouco podiam contra dois exércitos de 7000 homens.

Fui capturado e levado de volta para Broken Chain. E aí, os sobreviventes da cidade quiseram vingança.
Dou-lhes crédito: souberam aplicá-la.

Encontraram os filhos de Thoran, Sylvan, Jaerther e Göttar.

Prenderam-nos na arena, ainda meio desfeita e chamuscada da revolta. E obrigaram-me a enfrentar os


meus quatro amigos um por um. Se eu desistisse de lutar: Pais e filhos morriam. Se eles desistissem de
lutar: Pais e filhos morriam. Se eu não matasse cada um dos meus quatro amigos: Pais e filhos morriam.

Não tive escolha.

Dei-lhes uma morte rápida. Thoran primeiro, Sylvan e Jaerther a seguir. Gröttar por fim. Recordo as suas
últimas palavras: "Estás vivo. Faz por merecer isto."

Desmaiaram-me então, e nunca mais vi os filhos deles.

Mas por artes do destino, consegui libertar-me nessa mesma noite. Recolhi da sala de armas todas as
espadas e lâminas dos meus quatro amigos. Da minha única família.

Fugi. Corri para a costa. Eu que nunca havia mareado, escondi-me num navio... quando a cidade acordou
e deu pela minha falta, já eu navegava no mar alto.

Creio que até hoje temem o meu regresso... mas tão cedo não desejo voltar a Broken Chain. Tenho de
fazer por merecer a minha vida. E quando voltar a Broken Chain, há de ser para a libertar, ou morrer.
No Navio, rapidamente tentaram fazer de mim prisioneiro. Mas o comandante era homem astuto, e
percebeu que guerreiro como eu não era talento para desperdiçar. Siggurd, era seu nome. E
reconhecera-me dos tempos em que assistira a combates em Broken Chain. Tive a sorte de ele ser
pirata, e de não ter morto ninguém da sua família. Fui acolhido como membro da tripulação.

Nessa mesma noite castiguei-me para sempre: abri quatro feridas profundas nas minhas costas. Pedi a
ajuda do contramestre do navio para nelas colocar quatro longos aneis em brasa. E fundi em 4 lanças as
armas dos meus irmãos. São agora quatro dardos que levo comigo cravados na pele para onde quer que
vá.

No navio, fui crescendo a cada saque e a cada raide. A cada navio abordado e a cada tempestade
sobrevivida. Vi muitos caírem ao mar. Salvei muitos, falhei outros tantos. Mas fiz do Mar meu chão
durante duas décadas, até que acabei por ser eu mesmo o Capitão do Saarlak.

Tudo aconteceu no dia em que Siggurd quis cometer um erro que para mim era inadmissível: fazer dos
prisioneiros escravos.

Acabámos por lutar. Ele acabou por morrer. Eu tornei-me mestre do Navio e, por fim, do meu destino.

Naveguei até às rochas de Vindhelm ao fim de mais de um ano seguido no mar sem rumo certo.
Saqueando e vivendo. Acumulando tesouro chorudo.

E um dia, ao passar junto aos rochedos frios que me pareciam lembrar o lugar remoto no Norte do
Norte de onde eu viera, mergulhei... sem mais nem menos... com pouco mais que as minhas armas, as
calças e capuz de pele curtida de inimigos que ainda hoje trago, e um quinhão humilde do saque.

Disse aos meus marinheiros antes: "O tesouro neste barco vai comprar-vos a vida. Façam por merecê-
la".

E agora, vivo eremita por entre estes rochedos. Numa cabana onde nada me falta de essencial, e faltam
todos os luxos.

Passaram muitos anos. Mas preparo-me... Preparo-me.

Sei que morrerei um dia, em Broken-Chain.

They all know in Broken-Chain

As sure as the night is Black

They all sleep in fear and pain

For they know that HAL BIBAAKH


Hal Bibaakh - idade e descrição física?

Thoran - pequena descrição física e idade com que faleceu e nome do filho(a)

Sylvan - pequena descrição física e idade com que faleceu e nome do filho(a)

Jaerther - pequena descrição física e idade com que faleceu e nome do filho(a)

Göttar - pequena descrição física e idade com que faleceu e nome do filho(a)

Siggurd - pequena descrição física e idade com que faleceu

Extras:

Pelo menos uma pequena descrição física e idade de um ou mais dos captores (pode ser quem manda e
capangas que te possam ter ficado na cabeça)

Pequena descrição física e idade de dois membros da tripulação que deixaste para trás

Mudar as menções de Broken Chain para Glaive's Landing

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