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Teoria Quântica de Campos - Lista 2

Victor Felipe Cruz Vieira


October 31, 2023

1 Questão 1
Para deduzir a uma forma generalizada das equações de Euler-Lagrange para um campo ϕ(x) e suas n
primeiras derivadas, começamos com a ação S, que é definida como:

Z
S[ϕ(x)] = L(x, ϕ, ∂µ ϕ, ∂µ ∂ν ϕ, . . . , ∂µ1 ∂µ2 . . . ∂µn ϕ)dn x, (1)

onde L é a densidade lagrangeana, e estamos integrando em um espaço n-dimensional. Vamos considerar


variações δϕ(x) que se anulam na fronteira Σ, ou seja, δϕ(x) = 0 e δ(∂µ ϕ) = 0 para todas as derivadas de ϕ
até a ordem n − 1.
A variação da ação δS é dada por:

Z
δS = δL(x, ϕ, ∂µ ϕ, ∂µ ∂ν ϕ, . . . , ∂µ1 ∂µ2 . . . ∂µn ϕ) dn x. (2)

Expandindo L em série de Taylor até a primeira ordem, temos


∂L ∂L ∂L
L = L(ϕ, ∂µ ϕ, ∂µ ∂νϕ, . . .) + δϕ + (∂µ δϕ) + (∂µ ∂ν δϕ) + ..., (3)
∂ϕ ∂∂µ ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ

Tendo em vista que podemos escrever o termo


   
∂L ∂L ∂L
∂µ δϕ = (∂µ δϕ) + ∂µ δϕ. (4)
∂∂µ ϕ ∂∂µ ϕ ∂∂µ ϕ

E da mesma forma,
     
∂L ∂L ∂L
∂µ ∂ν δϕ = ∂µ (∂µ δϕ) + ∂ν δϕ = (5)
∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ
     
∂L ∂L ∂L ∂L
= (∂µ ∂ν δϕ) + (∂ν δϕ) ∂µ + (∂µ δϕ) ∂ν + ∂µ ∂ν δϕ. (6)
∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ

Podemos isolar o primeiro termo após a igualdade da equação (4) e (6) e substituı́-lo em (3). Dessa forma,
teremos
     
∂L ∂L ∂L ∂L
L=L+ δϕ + ∂µ δϕ − ∂µ δϕ + ∂µ ∂ν δϕ
∂ϕ ∂∂µ ϕ ∂∂µ ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ
   
∂L ∂L
−2∂µ δϕ ∂ν − ∂µ ∂ν δϕ + . . .
∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ

1
Substituindo a densidade lagrangiana acima na equação (2)
Z   Z      
∂L ∂L ∂L ∂L
δS = dn x − ∂µ δϕ − dn x 2∂µ δϕ ∂ν − ∂µ ∂ν δϕ +
∂ϕ ∂∂µ ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ

Z     
n ∂L ∂L
+ d x ∂µ δϕ + ∂µ ∂ν δϕ . (7)
∂∂µ ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ
Para prosseguir com a resolução da integral, precisamos notar que os termos na ultima integral da equação
(7) se anulam, tendo em vista o Teorema de Gauss. E vamos considerar que variações δϕ(x) se anulam na
fronteira, ou seja, δϕ e suas derivadas se anulam em Σ.
   
Abrindo os termos 2∂µ δϕ ∂ν ∂∂∂L µ ∂ν ϕ
e ∂ µ ∂ ∂L
ν ∂∂µ ∂ν ϕ δϕ , encontraremos δS dado por
Z   Z        
n ∂L ∂L n ∂L ∂L ∂L
δS = d x − ∂µ δϕ − d x 2∂µ ∂ν δϕ − 2 ∂µ ∂ν δϕ + ∂µ ∂ν δϕ
∂ϕ ∂∂µ ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ

Z   Z  
∂L ∂L ∂L ∂L
= dn x − ∂µ + ∂ν ∂µ δϕ − 2 dn x . (8)
∂ϕ ∂∂µ ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂ν ∂µ ϕ
Levando em conta que a segunda integral da equação (8) é nula. Vamos obter, finalmente
     
∂L ∂L ∂L ∂L
− ∂µ + ∂µ ∂ν − . . . + (−1)n+1 ∂µ1 ∂µ2 . . . ∂µn = 0. (9)
∂ϕ ∂∂µ ϕ ∂∂µ ∂ν ϕ ∂∂µ1 ∂µ2 . . . ∂µn ϕ

2 Questão 2
2.1 Para o campo escalar Neutro
Para demonstrar que a corrente de Noether para um campo escalar é dada por Θµν = ∂ µ ϕ∂ ν ϕ − g µν L, onde
L é a densidade Lagrangiana do campo escalar neutro, vamos começar com a expressão geral para a corrente
de Noether:
∂L
Θµν = ∂ ν ϕ − g µν L, (10)
∂(∂µ ϕ)

onde δϕ é a variação do campo devido à transformação e δ0µ é o delta de Kronecker que é 1 se µ = 0 e 0 caso
contrário. Temos que a densidade lagrangiana para este campo é dada por
1
L= ∂µ ϕ∂ µ ϕ − V (ϕ), (11)
2
onde V (ϕ) = 21 m2 ϕ2 .
Agora, vamos calcular os termos na expressão da corrente de Noether:
 
∂L ∂ 1 ν
= ∂ ϕ∂ν ϕ − V (ϕ) = ∂ µ ϕ. (12)
∂(∂µ ϕ) ∂(∂µ ϕ) 2
Agora, podemos montar a corrente de Noether:
1
Θµν = ∂ µ ϕ∂ ν ϕ − g µν ∂ µ ϕ∂µ ϕ − m2 ϕ2 .

(13)
2
Dessa forma, a corrente de Noether para um campo escalar sob a transformação de translação espaço-
temporal. Ela descreve a conservação da quantidade de movimento associada ao campo escalar neutro:

Θµν = ∂ µ ϕ∂ ν ϕ − g µν L. (14)

2
2.2 Para o campo escalar carregado
Para demonstrar que a corrente de Noether para um campo escalar complexo é dada por

Θµν = ∂ µ ϕ∗ ∂ ν ϕ + ∂ µ ϕ∂ ν ϕ∗ − g µν L, (15)
Fazemos o mesmo procedimento do caso anterior. Partimos da densidade lagrangiana
L = ∂ µ ϕ∗ ∂µ ϕ − V (ϕ∗ , ϕ), (16)
∗ 2 ∗
onde V (ϕ , ϕ) = m ϕ ϕ.
Vamos substituir a densidade lagrangiana dada pela equação (16) na corrente geral de Noether descrita
pela equação
∂L ∂L
Θµν = ∂ν ϕ + ∂ ν − g µν L, (17)
∂(∂µ ϕ) ∂(∂µ ϕ∗ )
Com isso, vamos calcular os termos na expressão da corrente de Noether.
A derivada de L em relação a ∂µ ϕ é:
∂L ∂
(∂ ν ϕ∗ )∂ν ϕ − m2 ϕ∗ ϕ = ∂ µ ϕ∗ .

= (18)
∂(∂µ ϕ) ∂(∂µ ϕ)
Da mesma forma, a derivada de L em relação a ∂µ ϕ∗
∂L ∂
(∂ ν ϕ∗ )∂ν ϕ − m2 ϕ∗ ϕ = ∂ µ ϕ.

= (19)
∂(∂µ ϕ) ∂(∂µ ϕ)
Agora, podemos montar a corrente de Noether,

Θµν = ∂ µ ϕ∗ ∂ ν ϕ + ∂ µ ϕ∂ ν ϕ∗ − g µν ∂ µ ϕ∗ ∂µ ϕ − m2 ϕ∗ ϕ .

(20)
Simplificando, obtemos
Θµν = ∂ µ ϕ∗ ∂ ν ϕ + ∂ µ ϕ∂ ν ϕ∗ − g µν L (21)
que é a expressão para a corrente de Noether para um campo escalar complexo sob a transformação de
translação espaço-temporal.

2.3 Para um campo de Dirac

3 Questão 3
Levando em consideração que c = ℏ = 1, podemos construir uma análise a respeito da dimensionalidade dos
objetos. Primeiramene, temos que
[L]
[c] = = 1. (22)
[T ]
Isso implica que temos uma igualdade em relação a dimensionalidade de comprimento e tempo para este
caso.
Por outro lado,
1 1
[E] = [ℏ][ω] = = . (23)
[T ] [L]
E a análise dimensional atribuı́da à energia de repouso é dada por
[E] = [M ][c2 ] = [M ]. (24)
Neste sistema de unidades a ação é admensional, ou seja,
[T ]
[E][T ] = =1 (25)
[T ]

3
3.1 Para o campo escalar
A dimensão do campo escalar ϕ(x) pode ser obtida examinando a densidade Lagrangiana do campo escalar,
a qual é dada por
1 1
L= ∂µ ϕ∂ µ ϕ − m2 ϕ2 . (26)
2 2
Para que a equação (25) seja verdadeira, a densidade lagrangiana do sistema deve possuir possuir dimensão
[L]−D . Como consequência disso, temos que

[L] = [M ]D (27)

Pela equação (26), temos que o termo associado ao potencial terá dimensões dadas por

[M 2 ]2 [ϕ]2 = [M ]D (28)

Pela Equação anterior, temos que


D−2
[ϕ] = [M ] 2 (29)

3.2 Para o campo de Dirac


Seguindo o mesmo procedimento, dada a densidade lagrangiana para o campo de Dirac,
i ← →
L= ψ̄ ∂ µ γ µ ψ − M ψ̄ψ, (30)
2
Podemos fazer a seguinte análise dimensional partindo do termo de massa

[M ψ̄ψ] = [M ][ψ̄][ψ] = [M ]D . (31)

Assim, temos que


D−1
[ψ] = [ψ̄] = [M ] 2 (32)

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