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SOBRE DIFERENÇAS DE VISÕES DE GÊNERO ENTRE BUTLER E STEIN

Judith Butler é uma pensadora atual, autora da Teoria Queer sobre gênero e
sexualidade, como está em seu principal livro "Problemas de Gênero". Sua teoria é fruto
do contexto da filosofia da linguagem e do pós-estruturalismo a partir dos anos 70, de
filósofos como Foucault, Deleuze, Derrida, Lacan e autoras feministas. Proponho
contrapor suas principais idéias às concepções da pensadora fenomenologa judia-cristã
Edtih Stein em sua obra "Estrutura da Pessoa Humana".

Ideias e Conceitos:
1. Sujeito. Para Butler não há sujeito, nem preexistente nem permanente, mas em
constante construção. Para Stein, sujeito é a subjetividade subjacente cerne ôntico de
cada pessoa humana, o substrato interior que busca por ordem e fixidez.

2. Identidade de Gênero. Para Butler, se não há sujeito, não há identidade, mas


configurações de subjetividade feitas pela linguagem e experiências. Stein propõe a
existência de um Núcleo da Personalidade (si mesmo) que orienta e ordena toda
vivência e desenvolvimento, em torno do qual se constitui a estrutura da pessoa.

3. Performatividade. Em Butler, gênero é efeito de "sequencia de atos" (factidade ),


conforme os deslocamentos dos discursos e práticas. Em Stein, gênero se dá na
individuação como processo de sucessão e sobreposição de experiências da natureza
ontológica em torno da qual se constitui a pessoa.

4. Heteronormatividade. Butler corrobora a ideia feminista de que mulheres e homens


são "compulsados (forçados) a serem heterossexuais". Stein vê a pessoa a partir de uma
mesma "imagem" (gênero humano) mas que se desenvolve em uma "antropologia dual"
que se complementa através de dois sexos.

5. Corpo. Em Butler, o corpo é construído pelos discursos e práticas (performance)


sócio-culturais (linguagens e práticas). Em Stein, o corpo é "corpo vivo" (leib)
"animado" por uma natureza psíquica e uma atividade espiritual consciente.

6. Sexo. Butler supõe o sexo como inscrição na materialidade individual a partir de


linguagens, práticas e significados culturais (performático). Stein supõe o sexo como
experiência ôntica da natureza própria complementar da pessoa humana.

7. Subversão. Para Butler, como não é possível viver socialmente sem normas e já que
toda normatividade é constituída pelas estruturas de poder, só a subversão abre caminho
para o novo e o diferente. Stein, entretanto, propõe a transcendência pela singularidade
humana de busca de sentido, através do senso de infinitude que cada ser humano guarda
em si mesmo, condição pela qual busca "superação" e "sentido" para a existência
humana no mundo.
Finalmente penso que a Teoria Queer de Judith Butler é uma proposta de
liberdade que não se aplica ao contexto de nosso tempo.

Prof Dr Ocir Andreata, Curitiba, 2017.

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